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Universidade de São Paulo Escola de Artes, Ciências e Humanidades

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Academic year: 2021

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Universidade de São Paulo

Escola de Artes, Ciências e Humanidades

Gestão de Processos e Tecnologia da Informação

Relatório do seminário: Utilização da internet para transparência da

administração pública

Aline Vieira Tavares Bruno Pedroso de Moraes Caique Silva Coelho Regiane Harada

Profº Dr. José Carlos Vaz

São Paulo, 2010

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Utilização da internet para transparência da administração pública

Introdução

O relatório a seguir é baseado no seminário “Utilização da internet para transparência da administração pública”, apresentado no dia primeiro de junho de 2010. Ele está estruturado em três partes: teoria e debate sobre o tema; exemplos internacionais e nacionais sobre a internet como ferramenta para transparência da administração pública; discussão apresentada pelo grupo; e conclusão.

A primeira parte trata de como a teoria propõe o uso da internet como ferramenta a fim de prover transparência na administração pública, divulgando informações pertinentes sobre a sua gestão (já que a publicidade é considerada a condição necessária para a transparência); assim como promover um debate mais participativo, caso seja utilizada de maneira eficiente. Já o debate fala sobre a incongruência entre a teoria apresentada e a realidade mostrada, sobre o tema em questão.

Já os exemplos irão mostrar como a transparência na administração pública está caminhando, seja em âmbito nacional ou internacional; assim como os seus avanços, as suas inovações e contribuições, e seus limites.

A discussão é sobre como a internet deverá caminhar a fim de tornar real o controle cidadão, e assim, promover uma nova etapa de debates, levando para uma democracia participativa a utilização de ferramentas advindas das inovações tecnológicas.

Teoria e debate

A disseminação da internet através do tempo começou a gerar idéias de espaços de cidadania, pelo seu uso. Especificamente, a transparência por meio das TICs (Tecnologias de Informação e Comunicação) está sendo cada vez mais discutida e, com isso, procura-se propor soluções e aplicações para melhorá-la, e permitir o controle cidadão, dentro do setor público (FARIA e OLIVEIRA, 2008). Assim, nesse conjunto de ações e discussões acerca do tema, está a premissa de que a transparência por meio eletrônico garante o direito dos cidadãos de controlar o governo, e exige do governo a prestação de contas e atividades para que tal controle seja possível. No Brasil, em 1995,a prefeitura municipal de Recife foi pioneira na divulgação do andamento das obras públicas em seu sítio na internet.

No aspecto normativo, que justifica o estímulo para a participação cidadã por meio da internet, VAZ (2005: 17) apresenta a informação sendo:

“um direito do cidadão, um bem público e fundamento para o acesso a uma série de outros direitos (...). A participação e o controle social dependem fundamentalmente da circulação de informação”

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Para complementar, TINOCO (2001: 13), citado por TRISTÃO (2002), entende que “o acesso à informação de boa qualidade é um pré-requisito para o exercício da cidadania (...). Sem informação, o indivíduo exerce mal seus direitos, sobretudo o mais importante deles, que é o voto”.

Alguns autores defendem que a internet deve ser somente um canal a mais entre o cidadão e o governo, e não o único canal existente, pois este meio apenas complementa a comunicação entre ambos (DINIZ, 1997). Além disso, ROBINSON et al. (2000) argumenta que os cidadãos que utilizam a internet para participação e controle social já o fazem por outros meios.

As informações mais comuns que os governos disponibilizam para consulta são demonstrativos financeiros, relatórios de atividades de órgãos públicos, planos de governo, andamentos de obras e divulgação de licitações.

Os limites mais encontrados para a consolidação do uso da internet como controle cidadão do governo são as dificuldades de universalização de acesso; falta de infra-estrutura governamental para sustentar a interatividade com os cidadãos, o que compreende não somente a disponibilidade de recursos técnicos, mas também administrativos e gerenciais; falta de regulamentação e de práticas de simplificação do fornecimento de informação; e qualidade da informação divulgada. Há também mudanças institucionais a serem feitas, na prática das organizações públicas, para que se consolide tal planejamento. Os principais são o fato de que o cidadão é tratado apenas como cliente. Assim, deve-se evitar tal ação, e o cidadão ser visto como um agente influenciador de decisões. Não deve somente receber serviços do governo, mas auxiliar na sua construção para satisfazê-lo a seu modo. E também há a promoção de informações sem submergir o cidadão em um oceano de dados. As informações devem estar organizadas e explicadas, para que não sejam apenas dados jogados sem nenhuma relevância.

Exemplos – Internacional

Para exemplificar como está a questão da transparência na administração pública no mundo, analisaremos brevemente o caso escandinavo e o sul-africano. Os países escandinavos são considerados como uns dos mais avançados na questão da utilização da internet na transparência pública. Nesses países, constam nos sites oficiais dos governos registros detalhados das atividades governamentais, agendas ministeriais, orçamentos e dados de concorrências públicas. Na Suécia, inclusive, durante uma concorrência pública, é possível ver os autores das ofertas, em tempo real, e os termos que eles oferecem.

O caso Sul-Africano também é um caso exemplar de transparência da administração pública. Em pesquisa realizada pelo International Budget Partnership (IPB), a África do Sul foi considerada o 2° país mais transparente entre os 85 países analisados (atrás apenas da Grã Bretanha e o melhor desempenho entre os emergentes), ficando no grupo dos países que “fornecem informações abrangentes” sobre como o dinheiro público é recolhido e como é gasto. O sistema de transparência sul-africano difere dos demais, pois engloba não apenas o setor público, mas também atores não-estatais que recebem recursos públicos ou

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benefícios, que exercem funções públicas, como o provimento de serviços públicos e que exploram recursos públicos, inclusive recursos naturais.

O caso brasileiro

O Brasil ficou na 8ª posição no estudo do International Budget Partnership sobre transparência do setor público. Esta colocação deixa o Brasil no grupo dos países que “provêem informações substanciais” e “concedem aos cidadãos algumas ferramentas para monitorar e cobrar responsabilidade do governo na administração do dinheiro público”. Esta posição deixa o Brasil atrás apenas da África do Sul, entre os emergentes, como o melhor latino-americano e como o melhor colocado entre os BRICs.

A principal ferramenta de transparência do governo Brasileiro é o Portal da Transparência. O Portal da Transparência foi criado em 2004, pela Corregedoria Geral da União, e tem como objetivos melhorar a fiscalização social sobre os gastos públicos, para aumentar a eficiência destes e para combater a corrupção;

O Portal apresenta uma interface de fácil compreensão, para ajudar o cidadão comum que, geralmente, não está acostumado com a linguagem dos orçamentos públicos. Além disso, não exige o uso de senhas, tornando o acesso a todas as seções do site abertas a todos os cidadãos.

No portal encontramos dados sobre os recursos federais transferidos a estados, municípios, DF e diretamente aos cidadãos, como, por exemplo, os repasses do SUS e os gastos com o Bolsa Família. Também encontramos dados sobre os gastos diretos do governo, com obras e serviços ou com os Cartões de Pagamento do Governo (cartões corporativos), por exemplo. A responsabilidade pelos dados divulgados no portal é do ministério responsável pela área do gasto. Por exemplo, o Mistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome é o responsável pela aplicação dos recursos do Programa Bolsa Família, logo o Ministério deve repassar esses dados para a Controladoria Geral da União que, por sua vez, organiza e divulga os dados no Portal da Transparência.

Existem duas formas de consultar os dados no Portal da Transparência: a consulta por Gastos Diretos e por Transferências de Recursos. Na consulta por gastos diretos é possível obter informações sobre como são realizados os gastos diretos do governo, como, por exemplo, gastos com obras e serviços. A pesquisa pode ser feita por órgão ou por tipo de despesa. É nesse tipo de pesquisa que se pode ver os gastos com os Cartões de Pagamento do Governo Federal, e foi justamente usando esse tipo de consulta do portal, que foi descoberto o escândalo dos cartões corporativos, em 2008.

Na outra forma de consulta, por transferências de recursos, é possível conferir as transferências de recursos do governo federal para os estados, municípios, DF e diretamente ao cidadão. É possível conferir os repasses do Fundeb, por exemplo, e também quem recebe e quanto recebe no Programa Bolsa Família.

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Vê-se, entretanto, que os dados disponíveis para consulta nos sites brasileiros não dispõem de plataforma de buscas que possam criar comparativos ou gráficos muito sofisticados, ou até mesmo a impossibilidade da simples busca de valores de gastos unitários específicos, por causa da agregação de determinados campos, por exemplo :

em novembro de 2001 a Secretaria do Meio Ambiente gastou R$ 102.691,12 em “Locação de veículos, aeronaves e outros”, sendo que R$ 87.691,12 de responsabilidade de um tal de Gab. Secr. Assessor e R$ 15.000,00 de um certo A.C.L.A.P.R.N.(ABRAMO,2002:A3).

Discussão e conclusão

Percebe-se então que a transparência não é um mero sinônimo para a publicidade dos atos da administração pública, sendo mais do que isso, é a explicação de seus atos. A demanda, entretanto, vai além; é demandada a disponibilização de um banco de dados devidamente organizado, registrado com os detalhamentos necessários e de forma fácil para a busca de informações, além de busca mais complexas com agregações de informações a fim de construir comparativos históricos e ou entre objetos de mesmo padrão (como por exemplo, a busca de dados históricos dos valores da vacina de sarampo, o seu custo unitário e comparativo entre outras vacinas). Além disso, as informações devem ser constantemente atualizadas e acessíveis, além de possuir cartilhas ou similares para que todos compreendam as ferramentas de busca.

Conclui-se que os próximos avanços do uso da internet como ferramenta para a transparência na administração pública deverá ser focada na melhoria da disponibilização de seus dados, não simplesmente como meros dados para consulta, mas como dados que podem e devem ser agrupados a fim de criar indicadores, gráficos, e interrelações entre eles, aumentando a complexidade a fim de gerar análises – tanto para a pesquisa quanto para diagnósticos de políticas públicas.

Bibliografia:

ABRAMO,Cláudio Weber. Transparência, Essa tolice. Folha de São Paulo. 20 de março de 2002, p.A3

BBC, Brasil é 8º em ranking de transparência do orçamento público .BBC

Brasil.com. 2 de fereveiro de 2009. Disponível em : <http://www.bbc.co.uk/

portuguese/reporterbbc/story/2009/02/090202_brasilorcamentotpml.shtml> Acessado em maio de 2010.

BROWN, Tom. Internet revoluciona transparência pública, diz Bill Gates.Tecnologia

UOL.4 de Abril de 2008.Disponível em <http://tecnologia.uol.com.br/ultnot/reuters/

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DINIZ, N. Vagner. “Internet e cidadania”. In: PREFEITURA MUNICIPAL DE CURITIBA. Informação: Estado e sociedade. Curitiba: IMAP, 1997.

FARIA, Denilda Caetano; OLIVEIRA, Rita de Cássia Alves. A internet como

potencial interativo para a transparência na gestão pública. Tocantins: 2008.

Tristão, G. Transparência na administração pública. VII Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Lisboa, Portugal, 8-11 Oct. 2002

VAZ, J. C. Governança eletrônica: para onde é possível caminhar? Mobilização

cidadã e inovações democráticas nas cidades. São Paulo, Edição especial para

o Fórum Social Mundial 2005, p. 14-19, 2005. Disponível em http://www.polis.org.br . Acessado em: maio de 2010

Referências

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