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PROCESSO Nº TST-RR A C Ó R D Ã O (1ª Turma) GDCMP/hmc/fbe

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Firmado por assinatura digital em 14/06/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP

A C Ó R D Ã O (1ª Turma) GDCMP/hmc/fbe

RECURSO DE REVISTA. DANOS MORAIS. FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. 1. Diante da ausência de critérios objetivos norteando a fixação do

quantum devido a título de indenização

por danos morais, cabe ao julgador arbitrá-lo de forma equitativa, pautando-se nos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, bem como nas especificidades de cada caso concreto, tais como: a situação do ofendido, a extensão e gravidade do dano suportado e a capacidade econômica do ofensor. Tem-se, de outro lado, que o exame da prova produzida nos autos é atribuição exclusiva das instâncias ordinárias, cujo pronunciamento, nesse aspecto, é soberano. Com efeito, a proximidade do julgador, em sede ordinária, com a realidade cotidiana em que contextualizada a controvérsia a ser dirimida habilita-o a equacionar o litígio com maior precisão, sobretudo no que diz respeito à aferição de elementos de fato sujeitos a avaliação subjetiva, necessária à estipulação do valor da indenização. Conclui-se, num tal contexto, que não cabe a esta instância superior, em regra, rever a valoração emanada das instâncias ordinárias em relação ao montante arbitrado a título de indenização por danos morais, para o que se faria necessário o reexame dos elementos de fato e das provas constantes dos autos. Excepcionam-se, todavia, de tal regra as hipóteses em que o quantum indenizatório se revele extremamente irrisório ou nitidamente exagerado, denotando manifesta inobservância aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, aferível de plano, sem necessidade de incursão na prova. 2.

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No caso dos autos, o Tribunal Regional, ao fixar o valor atribuído à indenização devida por danos morais em R$ 10.000,00 (dez mil reais), levou em consideração a gravidade do dano sofrido pela reclamante – assédio moral relacionado à condição de gestante -, o grau de culpa do reclamado, a capacidade econômica do ofensor e o caráter pedagógico e punitivo da indenização, resultando observados os critérios da proporcionalidade e da razoabilidade. Hipótese em que não se cogita na revisão do valor da condenação, para o que se faria necessário rever os critérios subjetivos que levaram o julgador à conclusão ora combatida, à luz das circunstâncias de fato reveladas nos autos. 3. Recurso de Revista não conhecido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Recurso de Revista n° TST-RR-2-18.2012.5.09.0666, em que é Recorrente TANIA MARA SANTANA BRONKHORST e Recorrido BANCO BRADESCO S.A.

O egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 9ª Região, por meio do acórdão prolatado às fls. 636/659 dos autos físicos; pp. 638/661 do Sistema de Informações Judiciárias (eSIJ), aba “Visualizar

Todos (PDFs)”, deu provimento parcial ao recurso ordinário interposto

pelo reclamado, para: “a) determinar o abatimento global dos valores

pagos sob os mesmo títulos; e b) reduzir o valor da indenização por danos morais para o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais), mantendo incólume a sentença por meio da qual se julgara procedente em parte a pretensão obreira.”

Irresignada, interpõe a reclamante o presente recurso de revista, mediante as razões que aduz às fls. 677/682 dos autos físicos, pp. 678/683 do eSIJ. Busca a reforma do julgado quanto ao tema “quantum indenizatório – danos morais”, esgrimindo ofensa a dispositivo de lei, bem como divergência jurisprudencial.

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O recurso de revista foi admitido por meio da decisão proferida às fls. 712/715 dos autos físicos; pp. 714/716 do eSIJ.

Foram apresentadas contrarrazões às fls. 750/757 dos autos físicos; pp. 751/757 do eSIJ.

Autos não submetidos a parecer da douta Procuradoria-Geral do Trabalho, à míngua de interesse público a tutelar.

É o relatório. V O T O

CONHECIMENTO

Observada a cláusula constitucional que resguarda o ato jurídico (processual) perfeito (artigo 5º, XXXVI, da Constituição da República), o cabimento e a admissibilidade deste Recurso de Revista serão examinados à luz da legislação processual vigente à época da publicação da decisão recorrida.

1 - PRESSUPOSTOS EXTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL.

O recurso é tempestivo (acórdão publicado em 7/6/2013, sexta-feira, conforme certidão lavrada à fl. 675 dos autos físicos, p. 677 do eSIJ, e razões recursais protocolizadas em 14/6/2013, à fl. 677 dos autos físicos, p. 678 do eSIJ). As custas foram recolhidas pelo reclamado à fl. 601 dos autos físicos, p. 603 do eSIJ. A reclamante está regularmente representada nos autos, consoante procuração acostada à fl. 164 dos autos físicos, p. 166 do eSIJ e substabelecimento à fl. 683 dos autos físicos, p. 684 do eSIJ.

2 – PRESSUPOSTOS INTRÍNSECOS DE ADMISSIBILIDADE RECURSAL.

DANOS MORAIS. FIXAÇÃO DO QUANTUM INDENIZATÓRIO. O Tribunal Regional deu provimento parcial ao Recurso Ordinário interposto pelo reclamado, para reduzir o valor da indenização por danos morais para o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

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Valeu-se, para tanto, dos seguintes fundamentos às fls. 653/658 dos autos físicos; pp. 655/660 do eSIJ:

Rescisão Indireta

A despedida indireta se origina de falta grave praticada pelo empregador na relação de trabalho, prevista na legislação, como justo motivo para rompimento do vínculo empregatício por parte do empregado. Estes motivos estão dispostos no artigo 483 da CLT, os quais prevêem esta possibilidade em razão de o empregador não cumprir com as obrigações legais ou contratuais ajustadas entre as partes.

Para reconhecimento da rescisão indireta, forma peculiar e rara de desfazimento unilateral do contrato de trabalho, torna-se indispensável prova robusta e, indene de dúvidas, de que o cenário que gerou a justa causa torne insuportável e impossível a manutenção da relação com o empregador, por incúria ou inadimplemento deste ou mesmo, diante de condições que afrontem a dignidade pessoal ou profissional do trabalhador.

Em depoimento, a Reclamante aduziu que fora assediada moralmente pelos gerentes Carmo e Marcus (fl. 485).

O MM. Juízo reputou não comprovado qualquer assédio moral praticado por Carmo, não havendo recurso quanto a este ponto, de sorte que a análise ficará adstrita ao suposto assédio moral causado por Marcus.

A testemunha da Reclamante confirmou o tratamento desrespeitoso e com rigor excessivo por parte de Marcos em relação à Reclamante, ao relatar os seguintes episódios: "Marcos determinou que a faxineira lavasse o piso

com ácido, sendo que a autora, grávida, não estava se sentindo bem e pediu que não o fizesse. 10) a reclamante pediu para que Marcos suspendesse a ordem à faxineira e ele disse que "um pouquinho de ácido não lhe faria mal". 11) a depoente interveio e determinou que a faxineira retirasse o produto. 12)presenciou discussão entre Marcos e a reclamante na qual Marcos queria que a autora cancelasse consulta médica em Curitiba, pois Marcos precisaria também viajar para reunião, o que impossibilitaria a ausência da autora. 13) viu Marcos pegar a bolsa da autora, que estava aberta, e pegar papéis de dentro da bolsa e sua intenção era conseguir o telefone do médico para cancelar a consulta da autora. 14) a depoente também interveio no episódio para resolver a situação. 15) após a 2ª gestação da autora, Marcos

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Firmado por assinatura digital em 14/06/2017 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP passou a fazer "mais cobrança" do que fazia anteriormente, e também em relação aos demais empregados" (fl.486).

A testemunha do Reclamado afirmou não ter notado que Marcus tenha passado a tratar a Reclamante de forma diferente a partir da segunda gestação. Contudo, em posterior momento, relatou não ter presenciado discussão entre Marcos e outro empregado "que não a Reclamante". Outra contradição aparece quando relata que presenciou discussões entre Tânia e Marcos. Assim, diante das evidentes contradições, tais declarações declarações não merecem credibilidade.

Sendo assim, reputa-se correta a r. sentença que reconheceu a justa causa do Reclamado ao permitir o assédio moral praticado pelo Preposto Marcos. Isso porque, consoante bem destacado na r. sentença, a própria gerente da agência (testemunha Fraya) tinha plena ciência dos fatos e, ainda assim, nada ou pouco fez para evitar a continuidade da conduta, já que não há qualquer informação de que tenha aquele sido advertido formalmente ou suspendido.

Não há que se falar em ofensa ao princípio da imediaticidade, já que, quando se trata de justa causa do empregador, deve ele ser mitigado, uma vez que o trabalho é a fonte de subsistência do empregado. Logo, a escolha por permanecer no emprego deve-se a um estado de necessidade, e, não, ao perdão tácito.

Ademais, o assédio moral teve início a partir da segunda gestação, em abril/2010, não tendo tido prestação de serviços no período de 01/09/2011 a 30/05/2012, em decorrência da concessão de benefícios previdenciários. Não configurada qualquer inércia por parte da Reclamante. Afastada, então, a existência de culpa recíproca por esse motivo.

Mantido o reconhecimento de rescisão indireta por culpa do empregador, continuam devidas as parcelas disso decorrentes, o que inclui a multa do FGTS.

Nega-se provimento. (...)

Indenização por Danos Morais - Pedido Sucessivo

O assédio moral deflagrado em ambiente de trabalho é prática extremamente nociva, na medida em que fragiliza um dos mais nobres valores do trabalhador, qual seja, sua dignidade. Salvaguardar a dignidade

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humana significa preservar a própria ordem constitucional, vez que constitui fundamento da República (artigo 1º, III, da CF).

Sem dúvida, houve abuso no exercício do poder diretivo. O desconforto e o sentimento de frustração provocaram abalo à esfera moral da Reclamante.

A fixação do valor para fins de indenização por dano moral é tarefa árdua, na medida em que se utiliza da indenização pecuniária para recompor um dano extrapatrimonial, sem valor monetário. Na verdade, o que se busca a partir da indenização não é propriamente a reparação do dano, mas, na medida do possível, a compensação do abalo emocional sofrido e a punição do responsável pela conduta odiosa.

Como parâmetros a auxiliar na aferição da quantia suficiente a cumprir as finalidades acima alinhadas, considera-se a situação econômica e social das partes, as circunstâncias de modo e lugar em que foi praticado o ato, a finalidade pretendida com o ilícito, a necessidade de induzir ao desestímulo da reiteração da conduta repreendida, entre outros.

É certo que a conduta ilícita provada nos autos reveste-se de considerável repulsa social, a fragilizar os elementares pressupostos da relação de emprego, a exigir que a indenização apresente robustez suficiente a cumprir seu mister, não podendo ser inócua.

No entanto, o valor arbitrado é excessivo, a ultrapassar a recomposição que lhe oferece as bases de fundamento. Assim, sob as balizas dos parâmetros acima descritos, o valor da indenização há de ser reduzido para a monta de R$ 10.000,00.

Reforma-se, em parte, para reduzir o valor da indenização por danos morais para o montante de R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Pugna a recorrente pela reforma do julgado, sob o argumento de que, embora não exista critério objetivo para fixação da indenização por danos morais, deve ser levado em conta o porte econômico do reclamado. Assevera que o valor arbitrado pela Corte de origem não serve à finalidade de desestimular a prática da conduta ilícita. Indica violação do artigo 944 do Código Civil e transcreve aresto para cotejo de teses.

Ao exame.

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Diante da ausência de critérios objetivos norteando a fixação do quantum devido a título de indenização por danos morais, cabe ao julgador arbitrá-lo de forma equitativa, pautando-se nos princípios da razoabilidade e proporcionalidade, bem como nas especificidades de cada caso concreto, tais como a situação do ofendido, a extensão e gravidade do dano suportado e a capacidade econômica do ofensor. Deve o julgador, portanto, buscar o equilíbrio entre o dano sofrido e o valor arbitrado à indenização, de modo que o quantum fixado revele-se apto a constituir punição efetiva ao ofensor sem, no entanto, ocasionar o enriquecimento sem causa do ofendido.

Tem-se, de outro lado, que o exame da prova produzida nos autos é atividade restrita às instâncias ordinárias, soberanas no seu exame. Com efeito, a proximidade do julgador, em sede ordinária, com a realidade cotidiana em que contextualizada a controvérsia a ser dirimida habilita-o a equacionar o litígio com maior precisão, sobretudo no que diz respeito à aferição de elementos de fato sujeitos a avaliação subjetiva, necessária à estipulação do valor da indenização.

Conclui-se, num tal contexto, que não cabe a esta instância superior, em regra, rever a valoração emanada das instâncias ordinárias em relação ao montante arbitrado a título de indenização por danos morais, para o que se faria necessário o reexame dos elementos de fato e das provas constantes dos autos. Excepcionam-se, todavia, de tal regra as hipóteses em que o quantum indenizatório se revele extremamente irrisório ou nitidamente exagerado, denotando manifesta inobservância aos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, aferível de plano, sem necessidade de incursão na prova.

Cumpre destacar que nesse exato sentido tem-se manifestado a egrégia SBDI-I desta Corte superior, consoante se vê do seguinte precedente, transcrito a título exemplificativo:

INDENIZAÇÃO. Não prevendo a legislação brasileira critérios de aferição do dano moral, cabe ao Juiz do Trabalho arbitrá-lo, levando em conta as peculiaridades do caso, a condição econômica do lesante e a situação do lesado, estando limitado apenas, ao montante ali declinado. Recurso de Embargos não conhecido.

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(TST-E-ED-RR-36.614/2002-900-12-00.8, Relator Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, DEJT de 6/2/2009).

No caso dos autos, tem-se que o Tribunal Regional, ao fixar o valor atribuído à indenização devida por danos morais em R$ 10.000,00 (dez mil reais), levou em consideração a gravidade do dano sofrido pela reclamante – assédio moral relacionado à condição de gestante -, o grau de culpa do reclamado, a capacidade econômica do ofensor e o caráter pedagógico e punitivo da indenização, resultando observados os critérios da proporcionalidade e da razoabilidade. Não se cogita, portanto, na revisão do valor da condenação, para o que se faria necessário rever os critérios subjetivos que levaram o julgador à conclusão ora combatida, à luz das circunstâncias de fato reveladas nos autos.

Resulta incólume o artigo 944 do Código Civil.

Inviável ainda o processamento do apelo por divergência jurisprudencial, visto que a fixação do quantum indenizatório, na hipótese de danos morais, pauta-se, em regra, nas peculiaridades de cada caso concreto e em relação a cada ofensor e ofendido, o que não se coaduna com a especificidade exigida no item I da Súmula n.º 296 desta Corte superior.

Ante o exposto, não conheço do Recurso de Revista. ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Primeira Turma do Tribunal Superior do Trabalho, por unanimidade, não conhecer do Recurso de Revista.

Brasília, 14 de junho de 2017.

Firmado por assinatura digital (MP 2.200-2/2001)

MARCELO LAMEGO PERTENCE Desembargador Convocado Relator

Referências

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