Nota à imprensa - ENDA Coimbra 2016
O movimento associativo estudantil nacional, reunido na Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Coimbra, nos dias 10 e 11 de dezembro, no Encontro Nacional de Direções Associativas (ENDA) com o intuito de debater e definir a posição do movimento associativo sobre diversos assuntos relevantes do ensino superior, tomou as posições que abaixo se elencam:
Ação Social e Abandono Escolar
- No seguimento das alterações que o Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior tem vindo a sofrer ao longo dos últimos tempos, o movimento associativo vem novamente apresentar sugestões ao mesmo para que haja simplificação do diploma e inclusão de uma maior justiça social nesta área. Desta forma o movimento associativo vem requerer a todos os agentes envolvidos o cumprimento da alínea c) do no 2 do artigo 31o do Regulamento de Atribuição de Bolsas de Estudo a Estudantes do Ensino Superior, que prevê a prestação da informação num prazo não superior a dez dias úteis após a inscrição do estudante, que atualmente não tem sido cumprido de forma rigorosa arrastando-se assim a comunicação da situação académica por parte das Instituições de Ensino Superior;
- O movimento associativo em sede de ENDA, alertam para a falta de financiamento estatal destinado à manutenção das residências e para a necessidade do Orçamento de Estado de forma a garantir que os Serviços de Ação Social conseguem garantir as condições indispensáveis ao bem-estar dos estudantes; - No seguimento das alterações registadas no Programa +Superior, o movimento
associativo solicita ao Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, o prolongamento do prazo de candidatura previstos para o programa + Superior até ao dia 26 de dezembro, permitindo aos candidatos que apenas regressam a casa nessa época do ano, possam reunir todos os documentos para a sua candidatura ao programa +Superior; e ao Diretor-Geral do Ensino Superior o lançamento do calendário de pagamento das prestações do programa +Superior, previsto no artigo 17º do Despacho n.o 14447-A/2016.
Acesso ao Ensino Superior
Considerando os novos desafios e as várias alterações que se têm verificado nos percursos básicos e secundário, profissionais e de aprendizagem e as lacunas que advém destas mudanças, o movimento associativo considera:
- Positiva a vontade de enfrentar as deficiências existentes no sistema de acesso, nomeadamente através da criação de uma via de acesso ao ensino superior para os diplomados com cursos secundários profissionalizantes. Concordando com a definição de um percurso natural e coerente para estes estudantes, rejeitamos qualquer afunilamento no acesso destes estudantes ao ensino superior, nomeadamente vedando-lhes o acesso ao ensino universitário;
- No caso dos estudantes que concluíram cursos secundários artísticos especializados: concordamos com a criação de uma via específica de acesso ao ensino superior artístico, mas discordamos de qualquer limitação ao acesso a qualquer outro curso do ensino superior;
- No que diz respeito ao concurso de maiores de 23, consideramos que o modelo em vigor é adequado, em virtude da autonomia que fornece às Instituições de Ensino Superior. O referido concurso permite às Instituições de Ensino Superior optarem pela abertura do concurso referido e as condições de apreciação de candidaturas e respetivos mecanismos de avaliação. Tal realidade, semelhante à verificada nas candidaturas de 2o ciclo, não deverá ser alvo de alteração da metodologia existente, pois reflete a especificidade formativa das Instituições, salvaguardando a autonomia das mesmas;
- É contra quaisquer mecanismos que adulterem as classificações obtidas nas provas nacionais, sem prejuízo de defender que deve ser garantida uma harmonização da dificuldade dos exames, bem como alterações nas classificações internas, seja através de mecanismos de preferências e prioridades regionais ou habilitacionais, seja através da alteração de alterações nas classificações efetivamente obtidas, ditas “calibrações das classificações”;
- Relativamente às caraterísticas do processo do concurso nacional de acesso, considerando as várias melhorias que têm vindo a ser introduzidas ao longo dos anos, nomeadamente com a informatização de todo o processo, entendemos que a limitação existente de cada candidato apenas poder
indicar 6 pares estabelecimento-curso deve ser alterada para pelo menos 10, aumentando a eficácia de colocação num processo que tem numerus clausus;
- No que diz respeito a prazos de comunicação de resultados, entendemos que os mesmos devem ser antecipados, devendo o prazo de comunicação dos resultados da primeira fase ser divulgado imediatamente após o último prazo da 2.a reapreciação, possibilitando que as IES, todos os estudantes, e especialmente os estudantes deslocados, possam com mais tempo e calma preparar o início do ano letivo, melhorando as condições em que as aulas se iniciam;
- Por fim, consideram positivo trabalhar-se nacionalmente na atração de novos públicos para o ensino superior através da flexibilização da oferta, organização da formação, calendários e através da criação de concursos específicos para profissionais procederem à renovação de conhecimentos na sua respetiva área.
Financiamento das Instituições de Ensino Superior
- No seguimento da discussão tida recentemente em sede de Assembleia da República acerca do valor da propina aplicada pelas Instituições de Ensino Superior, e no seguimento da medida tomada pela Assembleia da República, tendo deliberado o congelamento do valor da propina mínima e máxima legais para o ano letivo 2017/18 nos mesmos valores do ano letivo 2016/17, o movimento associativo vem defender que o congelamento do valor das propinas para o ano 2017/18 deve ser efetivo para todos os estudantes e não apenas para alguns, exigindo assim, como medida imediata, a fixação do valor praticado em cada instituição no ano letivo 2016/2017, como valor máximo a praticar pelas mesmas no ano letivo 2017/2018. É ainda consideração do movimento associativo durante que deve ser feita uma discussão séria sobre as propinas e a repartição de esforços financeiros do ensino superior.
Outros assuntos
- O movimento associativo reunido em sede de ENDA, considera de extrema
relevância que seja feita a revisão da alínea c do ponto 4.6 do Regulamento
estudante possa beneficiar de estatuto trabalhador-estudante enquanto frequenta estágio profissional independentemente de o momento em que inicia o ciclo de estudos ser anterior ou posterior ao início do estágio;
- Em virtude das noticias, difundidas pela comunicação social no passado dia 21 de outubro, o movimento associativo nacional teve conhecimento de que os resultados das candidaturas iriam ser conhecidos, não após os 90 dias úteis previstos, mas sim no dia 28 de fevereiro de 2017. O alargamento do prazo para divulgação dos resultados da avaliação do Concurso, previsto no n.o 1 do art.o 18.o do Regulamento de Bolsas de Investigação da FCT, foi considerado necessário em razão da complexidade do processo de análise de admissibilidade que se encontra em curso, o qual tem repercussões no processo de avaliação científica das propostas submetidas, legitimando a Direção da FCT a decisão pelo previsto no n2 do artigo 128oº do Código de Procedimento Administrativo. Assim o movimento associativo, pronuncia-se criticamente face à situação suprarreferida, por considerar que a mesma implica graves consequências para os candidatos, institucionalizando a precariedade na atividade cientifica e limitando o trabalho nas instituições. Defende ainda que o tal falto anteriormente exposto, não poderá produzir impactos no número de bolsas atribuídas, exigindo-se a atribuição da totalidade das bolsas previstas ou seja, caso um candidato desista antes da assinatura do contrato, a bolsa deverá ser atribuída ao candidato seguinte da seriação final. Exorta-se ainda o Ministro da tutela e o Presidente da FCT a tomarem todas as diligências para que o alargamento de prazos em concursos a bolsas de investigação não volte a suceder, nomeadamente e através da reformulação do Regulamento de Bolsas de Investigação da FCT, introduzindo um artigo que expresse a impossibilidade do mesmo poder ser adiado;
- Relativamente à Rede de Ensino Superior, o movimento associativo, reforça a necessidade de se definir e afirmar a binariedade do ensino superior através da coordenação e articulação da oferta formativa tendo em conta as necessidades regionais e a repetição de oferta formativa em Instituições próximas geograficamente disponibilizando-se ainda, se a tutela entender proveitoso, a fazer parte de um grupo de trabalho de reflexão e discussão acerca da temática;
- Foi também tema de discussão, a Regulamentação do Regime de Prescrições, devido ao facto da legislação em vigor não prever um nível máximo de rigidez deste regime, o que poderá traduzir-se em grandes discrepância entre as várias Instituições de Ensino Superior. Assim, é proposta do movimento associativo que
seja criado um diploma regulamentar adequado à aplicação dos regimes de prescrições aplicados pelas instituições tendo em conta os seguintes parâmetros:
a) Objetivos e âmbito de atuação – Necessidade de regulamentar sobre que aspetos do percurso académico dos estudantes poderão incidir os regimes de prescrições adotados pelas instituições;
b) Balizamento entre os critérios mínimos e máximos passiveis de serem adotados de forma a não o tornar demasiado rígido e difícil de cumprir para os estudantes.
- Após discussão, em sede de ENDA, sobre o Suplemento ao Diploma, o movimento associativo considera que existe uma ausência de um reportório que centralize a informação incluída no Suplemento ao Diploma e que permitisse a criação de um historial focado na construção de um percurso académico, no âmbito curricular e complementar e desta forma reivindicam:
1. Implementação do limite máximo para entrega de documentação comprovativo da atividade complementar equivalente à data de término da formação curricular na Instituição de Ensino Superior;
2. Agregação do Suplemento ao Diploma no âmbito do Simplex+.
- Considerando que é essenvial que as Instituições de Ensino Superior estejam capacitadas para dar resposta às necessidades dos estudantes, garantindo condições para o sucesso dos mesmos, de forma a assegurar a identificação de situações fraudulentas e eliminando a precariedade crescente nestes casos, o movimento vem incitar o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, em articulação com as Instituições de Ensino Superior, a implementar Gabinetes de Apoio Jurídico, de carácter consultivo, de forma transversal às Universidades e Institutos Politécnicos portugueses. Este serviço, na dependência dos Serviços de Ação Social e de natureza gratuita, deverá ser desenhado tendo como base conceptual o aconselhamento legal dos estudantes, designadamente em matérias de alojamento e estágios curriculares e profissionais, bem como todas as matérias que mereçam similar atenção em função do contexto regional, sem que o mesmo se sobreponha a outros órgãos já previstos no enquadramento legal das Instituições de Ensino Superior.
No decorrer do ENDA Coimbra foi ainda eleito o estudante Rodrigo Teixeira como representante dos Estudantes do Ensino Superior no conselho Consultivo do Instituto
Português do Desporto e Juventude (CCIPDJ) e no Conselho Consultivo da Juventude (CCJ) . O próximo ENDA acontecerá no Porto, nos dias 11 e 12 de março de 2017.
Por fim, em virtude da posição que tem vindo a ser apresentada pela Comunicação Social no decorrer do dia de hoje em relação à defesa da gratuitidade do Ensino Superior, o Secretariado do Encontro Nacional de Direções Associativas esclarece que a mesma surgiu de uma forma autónoma, através de um grupo alargado de estruturas associativas, durante o mesmo Encontro, não sendo uma posição afeta a todas as estruturas estudantis do ENDA.
