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Estudo da Influência da Exposição de Resinas Compostas sob Diferentes Tempos de Fotopolimerização por LED (Diodo Emissor de Luz)

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Academic year: 2021

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ISSN 1517-7076 http://www.materia.coppe.ufrj.br/sarra/artigos/artigo10661Revista Matéria, v. 10, n. 2, pp. 290 – 297, Junho de 2005

Estudo da Influência da Exposição de Resinas Compostas sob Diferentes

Tempos de Fotopolimerização por LED (Diodo Emissor de Luz)

Lúcio Roberto da Silva Santana 1, Carlos Eduardo Dorigatti Cruz 2, Rodrigo Eduardo Catai 3, Eduardo Carlos Bianchi 4, Michele Paoline de Marins Ulhoa 5, César Antunes de Freitas 6, Paulo Roberto de Aguiar 7,

Manoel Henrique Salgado 8, Márcia Furtado Antunes de Freitas 9

1 Graduando em Engenharia Mecânica - UNESP - Campus de Bauru - Departamento de Engenharia Mecânica, CEP: 17033-360, SP, Brasil, Fone: +55 14 3103 6109.

e-mail: salmone@feb.unesp.br

2 Graduando em Engenharia Mecânica - UNESP - Campus de Bauru - Departamento de Engenharia Mecânica, CEP: 17033-360, SP, Brasil.

e-mail: cedc@feb.unesp.br

3 Doutorando em Engenharia Mecânica - UNESP - Campus de Guaratinguetá - Departamento de Materiais e Tecnologia, CEP: 17033-360, SP, Brasil,

e-mail: rcatai@zipmail.com.br

4 Prof. Dr. do Depto de Engenharia Mecânica, UNESP, Campus de Bauru, SP, Brasil. e-mail: bianchi@feb.unesp.br

5 Pós-graduanda em Ciência e Tecnologia dos Materiais - UNESP - Campus de Bauru. e-mail: michelepaoline@yahoo.com.br

6 Prof. Dr. do Depto de Materiais Dentários, USP, Campus de Bauru, SP, Brasil. e-mail: cfreitas@fob.usp.br

7 Prof. Dr. do Depto de Engenharia Elétrica, UNESP, Bauru, SP, Brasil. e-mail: aguiarpr@feb.unesp.br

8 Prof. Dr. do Depto de Engenharia de Produção, UNESP, Bauru, SP, Brasil. e-mail: henri@feb.unesp.br

9 Mestranda em Dentística, opção Materiais Dentários, na área de Dentística, opção Materiais Dentários, Faculdade de Odontologia Bauru /USP, Campus de Bauru, SP, Brasil.

e-mail: mafurts@zipmail.com.br

RESUMO

Esta pesquisa científica tem por objetivo analisar características de algumas resinas compostas, materiais amplamente utilizados em clínicas e consultórios odontológicos para a restauração funcional e estética dos dentes. As resinas utilizadas foram Charisma, Durafill, Suprafill e Tetric Ceram, as quais pertencem ao grupo das mais usadas por profissionais da área odontológica. Examinou-se o comportamento das mesmas após a exposição a tempos diferentes à luz polimerizante emitida pelo “LED (Light Emitting Diode – Diodo Emissor de Luz)”, tecnologia que chegou recentemente ao Brasil e é ainda pouco conhecida. Sabe-se que estas resinas após polimerizadas continuam seu enrijecimento, mesmo após a retirada da luz devido à reação que por esta foi desencadeada. Como clinicamente é muito difícil fazer com que este tempo seja aguardado pelo paciente, buscou-se descobrir quais as implicações do uso de tempos de polimerização diferentes daqueles indicados pelos fabricantes. Foram avaliados os tempos de polimerização de 10s, 20s e 40s. Foi utilizado um banco de ensaios, onde um disco dinâmico revestido com porcelana desgasta um disco estático revestido com a resina, construído com o apoio da FAPESP. Com a aplicação dos equacionamentos matemáticos desenvolvidos para o sistema, foi possível determinar a resistência ao desgaste do material. A classificação das resinas mais resistentes ao desgaste foi diferente para cada tempo de polimerização e o melhor tempo pode variar de acordo com a resina.

Palavras chaves: Resina composta, desgaste abrasivo, métodos de avaliação, agressividade.

Influence of Light Emitting Diode (LED) Under Different Curing Times

Upon the Wear of Composite Resins

ABSTRACT

This scientific research has aimed to analyze characteristics of some composed resins; materials widely used in dental clinics for functional and aesthetic teeth restorations. Charisma, Durafill, Suprafill and Tetric Ceram

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were the types of resins used in this work, which belongs to the group of the most used ones for professionals of this area, and can be found in the national market. The behavior of them was examined after the exposition of different times under the curing light emitted by an LED (Light Emitting Diode), technology that has recently arrived in Brazil and it is still a little known. These resins continue their hardening process after being cured and even taken out of the light due to the chemical reaction started by the latter. This work has searched for which implications are brought by using different polymerization times compared with those indicated by the manufacturers. The times of polymerization of 10s, 20s and 40s have been evaluated. A setup was developed, where a porcelain coated dynamic disc wears a resin coated static disc, whose financial support was given by FAPESP. By applying the mathematical equations developed for the system, it was possible to determine the abrasive wear resistance of the material. The classification of the most resistant resins to the wearing was different for each curing time and the best time can vary depending on the resin employed.

Keywords: Composite resin, abrasive wear, evaluation methods, aggressiveness.

1 INTRODUÇÃO

As resinas compostas servem para a reparação de perdas de material dentário do ser humano. Comparando-se com os materiais existentes que poderiam ser utilizados para este fim, as resinas compostas apresentam menor desgaste, maior facilidade de manuseio e possuem uma grande gama de cores, possibilitando-se alcançar a semelhança com a coloração dos dentes humanos, tornando-se praticamente imperceptível após sua aplicação.

O ideal seria que esses materiais restauradores odontológicos se desgastassem de modo semelhante ao esmalte dentário - o que não ocorre. Entre as várias razões que conduzem à substituição de restaurações confeccionadas com resinas compostas, encontra-se o desgaste abrasivo, que pode ser proveniente das escovações e da mastigação. Assim, o estudo deste fenômeno se faz necessário para prever o tempo de duração das resinas compostas, pois sua substituição, quando gasta, é necessária. Dentre os vários fatores determinantes do processo de desgaste abrasivo, encontram-se, genericamente, as características da própria resina e do preparo cavitário, assim como da restauração confeccionada e das condições das agressões a que ela for submetida.

Neste trabalho de pesquisa, o objetivo é fazer comparações entre resinas de diferentes marcas fotopolimerizadas a tempos diferentes com o uso de um aparelho de fotopolimerização baseado em “LED (Light Emitting Diode – Diodo Emissor de Luz)”

As resinas utilizadas neste estudo foram CHARISMA, DURAFILL, SURAFILL E TETRIC CERAM. Essas resinas são encontradas no mercado nacional e pertencem ao grupo das mais utilizadas por profissionais da área odontológica. Os tempos de fotopolimerização avaliados foram 10s, 20s e 40s.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

De acordo com a literatura, para a análise do desgaste de resinas compostas são apresentados dois métodos distintos: o clínico (“in vivo”) e o laboratorial (“in vitro”).

O método clínico consiste em se realizar restaurações em um determinado número de pacientes e após um certo período de tempo, normalmente bastante longo (mínimo de 2 e máximo de 6 anos), analisar qual foi o desgaste sofrido pelas resinas. Na literatura específica são apresentados métodos clínicos diretos e indiretos (de complexos planejamento e execução), que requerem longos períodos de tempo para sua efetivação [1, 2, 3].

Um dos principais problemas enfrentados pelos pesquisadores é que, ao obterem os dados sobre o desgaste das resinas ensaiadas, após este longo intervalo de tempo outras resinas já haviam sido lançadas e as antigas já haviam sofrido variações em sua composição.

Encontram-se também, além dos métodos clínicos, outros laboratoriais (alguns destes mais simples e outros às vezes tão complexos quanto os clínicos), que fornecem resultados de forma mais rápida.

Condon&Ferracani [4] concluem em trabalho realizado que para se prever o desgaste das resinas compostas, deve-se analisar o desgaste abrasivo, pois este é responsável pela remoção gradual das partículas da resina. Foram feitos estudos no sentido de se encontrar um método laboratorial de avaliação de desgaste abrasivo que garantisse resultados satisfatórios. Um dos métodos desenvolvidos consistia na vibração de uma cápsula contendo uma esfera confeccionada com material de restauração e material abrasivo, de acordo com Dickson [5]. Outros métodos de simulação do desgaste de materiais restauradores odontológicos foram desenvolvidos. Contudo, foi reconhecida a necessidade de melhorá-los, segundo De Gee et al. [6] e Pallav et

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Esses métodos consistem de uma simulação do que ocorre realmente no desgaste de resinas usadas em restaurações dentárias. Existem vários parâmetros a serem considerados quando se quer efetuar essa simulação. Um parâmetro que se mostrou importante é a área de contato entre os materiais, como exposto no estudo de Willems et al. [8]. Quando se considera uma área de contato oclusal muito pequena, para um carregamento suposto constante, a tensão pode causar danos no material restaurador. Outro fator importante é a característica do material antagonista. Krejci [9] constatou que, para os trabalhos de pesquisa, a substituição do esmalte pela cerâmica como material agente de abrasão mostrou ser adequada.

Coelho [10], realizou uma pesquisa onde se estudaram as propriedades de dressagem dos rebolos, em operações de retificação de precisão. Em linhas gerais, o método por ele desenvolvido consistia em se manter um disco estático (confeccionado com o material da peça cilíndrica que seria retificada e que seria o agredido), estando imobilizado no eixo horizontal de uma extremidade de uma balança própria, pressionado em sua superfície curva externa contra a superfície similar de um determinado rebolo (agressor), sob ação de uma força normal constante, com este girando por um tempo determinado, para se verificar quanto de desgaste sofria o agressor e/ou o agredido. Era continuamente registrado o deslocamento sofrido pelo disco estático, em direção ao rebolo contra o qual se mantinha pressionado por aquela força normal constante, para que os cálculos desejados pudessem ser efetuados. Embora este trabalho não tivesse, até o momento, nenhuma previsão de utilização para desgastar resina, este foi o propulsor de um método desenvolvido posteriormente para este fim.

Dias [11], em seu trabalho de graduação, apresentou as razões matemáticas que nortearam o desenvolvimento de um método para avaliar o desempenho de resinas restauradoras, assim como seu respectivo banco de ensaios, que incluía um software, entre outros detalhes.

Bianchi et al. [12], modificou o método do disco retificado de Coelho [10], adaptando-o para a avaliação de materiais restauradores odontológicos. As modificações naquele método introduzidas, basicamente, consistiram na:

• substituição dos discos agressor e agredido (respectivamente, rebolo e material da peça a ser retificada) por discos metálicos revestidos de um mesmo material restaurador odontológico, sendo que nestes primeiros ensaios foram utilizadas duas resinas compostas;

• alteração da localização do disco agressor, agora girando preso ao eixo árvore de um cabeçote de testes;

• alteração dos diâmetros destes discos, que passaram a ser iguais.

Salientou que os dados existentes sobre desgaste de resinas, nos métodos de avaliação clínicos, são puramente experimentais, apesar de existir fatores interferentes e indesejáveis como hábito alimentar, variação na forma de mastigação, influência do pH da cavidade bucal, dentre outros. E que isto dificulta uma análise imparcial do desgaste da resina composta. Então, para otimizar e fornecer uma maior credibilidade aos resultados já existentes, e a outros, foi proposto neste trabalho o desenvolvimento de um banco de ensaios e de uma metodologia para a avaliação do desgaste em restaurações dentárias, em laboratório; portanto isenta de ações secundárias como pH, hábito alimentar, dentre outros, considerando-se apenas a soma de duas características diferentes de um mesmo material: a resistência ao desgaste e a capacidade de um material em desgastar o outro.

Bianchi et al. [13], apresentaram a otimização da metodologia e o estudo do desgaste de cinco resinas compostas, as mais utilizadas pelos cirurgiões dentistas. Para a realização da análise estatística dos resultados obtidos foi utilizado o método estatístico One Way ANOVA (que consiste da análise de variâncias) e o Teste de Tukey (empregado para comparar médias), para as comparações entre os grupos de resinas testadas. Estabeleceu-se o nível de significância de 5 % (p<0,05). Dessa forma, a probabilidade de a análise estar correta é de 95%. Pôde-se classificar as resinas avaliadas quanto à resistência ao desgaste, em ordem crescente, da seguinte forma: Charisma (menos resistente ao desgaste), Tetric, TPH, Herculite e Z-100 (mais resistente ao desgaste). Dos resultados obtidos, pôde-se verificar que o método proposto foi o que apresentou menor coeficiente de variação.

Ora, todos estes métodos têm sofrido críticas, não só pela sua complexidade de planejamento (principalmente) e de execução, como pela dificuldade de comparação de seus resultados, dadas as variações metodológicas extremamente diferentes.

Devido aos vários fatores citados, dentre outros, surge a necessidade do desenvolvimento de um padrão laboratorial confiável, que forneça os resultados almejados em curtos períodos de tempo.

O tipo de aparelho usado na fotopolimerização também é um dos fatores importantes na determinação das propriedades de uma restauração odontológica feita com resinas compostas. Um dos tipos de instrumentos consiste num aparelho com luz incandescente, ou de bulbo, ou de lâmpada halógena. Nos últimos anos, vem-se desenvolvendo instrumentos de fotopolimerização baseados em “LED (Light Emitting Diode – Diodo Emissor de Luz)”, que com um maior desenvolvimento podem tornar-se dispositivos mais eficientes que as lâmpadas convencionais, segundo Kurachi et al. [14].

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Em seu trabalho, Kurachi et al. [14] desenvolveram um estudo, cujo objetivo foi a avaliação da dureza de uma resina composta polimerizada por dispositivos baseados em LED (diodo emissor de luz), avaliando também as conseqüências de diferentes tempos de fotopolimerização. O teste de dureza foi usado para comparar a eficácia da fonte de luz. Os dispositivos baseados em LED foram feitos empregando uma matriz de LEDs (Nichia Chem. Ind., Japão) emitindo pico de luz em 470 nm. A resina composta (Z100, cor A3) foi polimerizada por 20, 40, 60, 120 e 180 s com cada dispositivo baseado em LED. As amostras de compostos foram preparadas com 0,35, 1,25 e 1,8 mm de espessura. Cinco amostras de cada configuração de parâmetros foram feitas. A avaliação da dureza foi executada na superfície não iluminada com três indentações para cada amostra.

O L6 (dispositivo composto de seis LEDs) foi o mais eficiente dos dispositivos baseados em LED. A irradiação obtida foi de 72 mW/cm2. Para o dispositivo L6 apresentado, tempos de exposição longos ou uma camada de resina mais fina são necessários para conseguir valores razoáveis da dureza.

Em 2003, Tsai et al. [15] concluíram em seu trabalho que as luzes de polimerização LED disponíveis comercialmente usadas no estudo oferecem profundidade de polimerização e microdureza adequadas para espessuras de resinas que são recomendadas para uso no método de construção incremental (2mm ou menos). Para espessuras de resinas maiores que esta, suas performances não são iguais àquelas de outras luzes de polimerização; contudo este sistema apresenta-se como apropriado para aplicação clinica de rotina para polimerização de resinas. Burgess et al. [16] divulgaram um artigo de revisão do desempenho e limitações de 4 tipos de luzes fotopolimerizantes, onde prevêem que os aparelhos do futuro utilizarão LED, embora atualmente esse tipo de luz não seja tão eficiente como arco do plasma (PAC) ou luzes de halogênio.

3 METODOLOGIA

Nesse estudo busca-se avaliar o comportamento de quatro resinas diferentes marcas quando fotopolimerizadas com o uso de um aparelho de fotopolimerização baseado em LED a tempos diferentes, utilizando o método do disco retificado de Coelho [10] com as modificações e adaptações desenvolvidas por Dias [11] e Bianchi et al. [13, 14]. Assim, a avaliação do desgaste de resinas compostas se baseia no estudo do comportamento da agressividade (capacidade de um material desgastar o outro) da superfície de restaurações dentárias confeccionadas com essas resinas.

3.1 Banco de Ensaios

Este método utiliza um banco de ensaios acoplado a um cabeçote de testes que possui um eixo para fixação de um disco agressor, que gira a uma rotação pré-estabelecida e proporcionada por um motor elétrico. O disco revestido com a resina (disco estático) a ser avaliada é fixado numa parte do banco de ensaios, na qual também são fixadas a mangueira por onde flui o líquido refrigerante e a carga aplicada. Nesta parte do banco de ensaios se tem um apoio, onde se coloca em contato o dispositivo que mede deslocamento. Este conjunto (apresentado na figura 1) é posicionado sobre a mesa de uma retificadora tangencial plana, necessária à uniformização dos discos.

3.2 Confecção dos Discos Empregados nos Ensaios

3.2.1 Disco Dinâmico.

Esse disco foi confeccionado a partir da fundição de um tarugo de liga metálica de Níquel-Cromo (NiCr). Depois de usinado para adquirir as formas e dimensões requeridas (espessura de 16mm, diâmetro interno de 8mm e diâmetro externo de 18mm), fez-se um revestimento com porcelana (marca Duceram), por um protético experiente até atingir um diâmetro externo superior a 26mm.

Posteriormente, o disco foi submetido a um processo de retificação com rebolo diamantado, visando atingir o diâmetro necessário.

3.2.2 Disco Estático

Um anel de aço ABNT 1020 foi usinado até se chegar nas seguintes dimensões: 1,53mm de espessura, diâmetro interno e externo de aproximadamente 8mm e 20mm respectivamente. Este anel foi recartilhado em sua superfície externa e as faces laterais foram retificadas. Depois realizou-se o revestimento destes discos com as resinas a serem estudadas. Para isso, utilizou-se uma matriz confeccionada para esse fim, que permite manter fixa a distância entre a ponta do fotopolimerizador e os discos estáticos. A umidade e a temperatura no interior do laboratório foram controladas.

A fotopolimerização das resinas foi feita com o aparelho fotopolimerizador LED Biolux Standard II com intensidade de luz de aproximadamente 100 mW/cm2. Os corpos de prova foram feitos,

(5)

fotopolimerizando-se a resina a seus respectivos tempos. Os tempos avaliados foram 10s, 20s e 40s. A figura 2 mostra um disco estático sendo fotopolimerizado utilizando-se o fotopolimerizador e a matriz empregados no trabalho. Após o processo de fotopolimerização, os discos estáticos foram mantidos submersos em água deionizada por cerca de uma semana.

Para a regularização da superfície, foram submetidos a um processo de retificação antes de serem ensaiados. A retificação foi realizada usando-se um rebolo convencional de óxido de alumínio.

3.3 Funcionamento do Método

O funcionamento do método consiste em manter posicionado um disco fixo com a resina a qual se deseja analisar (fotopolimerizadas com seus respectivos tempos), contra um disco dinâmico revestido de cerâmica.

O disco fixo foi pressionado contra a superfície do disco dinâmico, sob uma força normal constante, através de uma carga pré-estabelecida de 16N. A figura 3 apresenta o posicionamento dos dois discos citados. Durante o período em que o disco dinâmico gira a uma velocidade periférica de 18m/s, ocorre também o desgaste dos materiais.

3.4 Aquisição dos Dados

O deslocamento do disco fixo contra o disco dinâmico (δ), à medida que ocorre o desgaste da resina, pode ser registrado em função do tempo, através de um medidor eletrônico de deslocamento conectado a uma placa de aquisição de dados presente em um computador.

Com o desgaste da resina, o medidor registra o deslocamento do dispositivo, em μm, e envia esses dados, em forma de sinais de tensão elétrica, à placa. Através da equação de calibração, implementada no programa de aquisição de dados, desenvolvido através do software LabView, para cada sinal de tensão tem-se o respectivo deslocamento real do dispositivo, utilizado na confecção dos gráficos do deslocamento em função do tempo.

Então se aplicou a metodologia proposta por Coelho [10] e Dias [11]. Com os dados coletados no experimento, obteve-se, para cada ensaio, um gráfico do deslocamento do dispositivo (desgaste sofrido pela resina) em função do tempo de ensaio, o qual tem a forma mostrada nafigura 4.

Nota-se, pelo gráfico, que inicialmente há um período de tempo em que não há deslocamento do dispositivo. E isso se deve ao tempo transcorrido entre o acionamento do programa de aquisição de dados e o instante de acionamento do motor do cabeçote de ensaios. Ressalta-se que o pequeno deslocamento observado nesta região, mostrada em detalhe no gráfico, não é o deslocamento real do dispositivo, mas sim uma pequena variação de tensão da rede que acaba sendo registrada pelo software, sendo que este, como já foi dito, recebe sinais de tensão elétrica do medidor de deslocamento. Desta forma, este é um período que pode ser desconsiderado, sendo que não faz parte do ensaio propriamente, mas constitui o tempo ocioso antes do início do mesmo.

A partir daí, inicia-se o desgaste da resina, ou seja, o ensaio de fato, e isso é percebido pela curva crescente mostrada no mesmo gráfico. Este desgaste ocorre até um determinado ponto, cessando-se (isso é notado pelo comportamento constante final da curva), devido a um dispositivo de parada ajustado para um certo deslocamento máximo.

A única parte do gráfico que interessa para este tipo de ensaio é a parte curva, na qual há o real desgaste. O tempo de ensaio, então, deve ser considerado a partir do ponto que começou a ocorrer tal desgaste, até o momento em que o mesmo cessou-se.

De acordo com a metodologia proposta por Coelho [10] e Dias [11], ao se elevar o tempo de ensaio a 2/3 obtém-se um novo gráfico, mostrado na figura 5. Executando-se a regressão linear, obtém-se a coeficiente angular da reta de aproximação. Aplicando-se a equação (1), dados os parâmetros utilizados no ensaio (largura do disco estático (b = 1,53mm), raio do disco estático para o respectivo ensaio (r) e força normal aplicada (Fn = 16N)), obtém-se a agressividade (k) da resina em questão,

2 3 1

)

(

3

4

2

a

F

r

b

k

n

=

(1)

na qual: k [mm3/N.s] representa a agressividade de uma resina contra a porcelana (cerâmica); Fn [N] a força normal necessária para efetuar-se a remoção de material num determinado tempo; b [mm] a largura dos discos fixos; r [mm] o raio dos discos; e a1 o coeficiente angular da reta de regressão linear.

Dessa equação temos que a1 maiores implicam k maiores, mantendo os valores dos outros fatores. À

(6)

coeficiente angular maior. Logo maiores desgastes correspondem a maiores k, desde que os demais fatores sejam inalterados.

4 RESULTADOS

Para cada corpo de prova foram efetuados cinco ensaios para cada tempo e resina estudados.

Assim, os valores de agressividade calculados de acordo com a equação (1) estão expostos nas tabelas de 1 a 4. Também se encontram nestas tabelas, a média e o desvio padrão para cada série de valores correspondentes a um corpo de prova.

Tabela 1: Resultados para a resina CHARISMA Tempos de fotopolimerização 10 s 20 s 30 s 0,028202 0,03542 0,035645 0,029167 0,034327 0,037578 0,026725 0,032601 0,031339 0,027889 0,033109 0,031304 Valores de agressividade 0,030096 0,03485 0,032453 Média 0,028416 0,034061 0,033664 Desvio padrão 0,001281 0,001181 0,002814

Tabela 2: Resultados para a resina DURAFILL Tempos de fotopolimerização 10 s 20 s 30 s 0,039477 0,031187 0,014896 0,04501 0,029909 0,020485 0,043521 0,03352 0,049856 0,046392 0,039626 0,026525 Valores de agressividade 0,046478 0,039634 0,026525 Média 0,044175 0,034775 0,027658 Desvio padrão 0,00289 0,004617 0,013319

Tabela 3: Resultados para a resina SURAFILL Tempos de fotopolimerização 10 s 20 s 30 s 0,045468 0,045358 0,04227 0,041632 0,046229 0,041855 0,045052 0,046747 0,043626 0,049144 0,044778 0,042937 Valores de agressividade 0,040862 0,043193 0,04704 Média 0,044432 0,045261 0,043546 Desvio padrão 0,003326 0,001384 0,002066

Tabela 4: Resultados para a resina TETRIC CERAM Tempos de fotopolimerização 10 s 20 s 30 s 0,028827646 0,045657697 0,041647135 0,040331947 0,045657697 0,04293729 0,043051402 0,045587249 0,043021363 0,043732152 0,040408402 0,042664432 Valores de agressividade 0,045241664 0,042766311 0,046969043 Média 0,040236962 0,044015471 0,043447853 Desvio padrão 0,006621291 0,002368314 0,00204314

(7)

5 DISCUSSÃO

A partir dos resultados mostrados nas Tabelas de 1 a 4, foi construído o gráfico da figura 6, onde são apresentados os valores de agressividade média das resinas. A partir desta figura, consegue-se atribuir uma classificação às das segundo sua resistência ao desgaste abrasivo para cada tempo e verificar a diferença de agressividade para corpos de prova revestidos com a mesma resina, mas polimerizados a tempos diferentes.

A agressividade é inversamente proporcional à resistência ao desgaste abrasivo. Então, a resina com maior agressividade é a que sofreu maior desgaste, sendo, portanto a menos resistente; e a que obteve a menor agressividade, é a que sofreu menor desgaste, sendo, então, a mais resistente.

Foram realizadas análises estatísticas (ANOVA e Teste de Tukey) com nível de significância de 5%.

6 CONCLUSÃO

A classificação das resinas mais resistentes ao desgaste foi diferente para cada tempo de polimerização e o melhor tempo variou de acordo com a resina.

Segue abaixo a classificação decrescente (da mais resistente para a menos resistente) das resinas, segundo o critério de resistência mecânica.

Para o tempo de 10 s, a CHARISMA foi a melhor, seguida pelas demais, entre as quais não se obteve diferença estatisticamente significativa, na seguinte ordem: TETRIC CERAM, DURAFILL e SURAFILL.

Para o tempo de 20 s, não se obteve diferença significativa entre as resinas. De acordo com as médias, se obtém a seguinte classificação: CHARISMA, DURAFILL, TETRIC CERAM e SURAFILL.

Para o tempo de 40 s, a DURAFILL foi a mais resistente, seguida por SURAFILL e TETRIC CERAM – entre as quais não se obteve diferença estatisticamente significativa.

Apenas para a DURAFILL se obteve diferença significativa entre tempos distintos de polimerização: Obteve-se que o tempo de 40 s confere maior resistência que o tempo de 10 s.

Contudo, analisando apenas as médias, é possível classificar tempos de acordo com a resistência que conferem às resinas, em ordem decrescente (da mais resistente para a menos resistente).

Para a CHARISMA, 10, 40 e 20 s; DURAFILL: 40, 20 e 10 s; SURAFILL: 40, 10 e 20 s; TETRIC CERAM: 10, 40 e 20 s.

7 AGRADECIMENTOS

Manifestamos nossos agradecimentos a todos que contribuíram para que esse trabalho fosse realizado, principalmente à FAPESP (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo) pelo apoio financeiro (auxílio à pesquisa) e pela Bolsa de Iniciação Científica concedida para a realização do mesmo.

8 REFERÊNCIAS

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Referências

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