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Risco de queda: capacitar para prevenir

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Academic year: 2021

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Risco de Queda: Capacitar para Prevenir

Estágio e Relatório

Mestrado em Enfermagem Comunitária

Sónia Isaura Lela dos Santos Lameirão

Orientadores:

Professora Doutora Maria da Conceição Alves Rainho Soares Pereira Professor Coordenador José Luís Correia Ribeiro

Vila Real, 2017

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Risco de Queda: Capacitar para Prevenir

Estágio e Relatório

Mestrado em Enfermagem Comunitária

Sónia Isaura Lela dos Santos Lameirão

Orientadores:

Professora Doutora Maria Conceição Alves Rainho Soares Pereira Professor Coordenador José Luís Correia Ribeiro

Composição do Júri:

Presidente: Professora Doutora Maria João Filomena dos Santos Pinto Monteiro

Profª Coordenadora da Escola Superior de Enfermagem de Vila Real/UTAD Arguente: Professora Doutora Ana Paula Gato R. Polido Rodrigues

Profª Adjunta da Escola Superior de Saúde do Instituto Politécnico de Setúbal Arguente: Professora Isabel Maria Antunes Rodrigues da Costa Barroso

Profª Adjunta da Escola Superior de Enfermagem de Vila Real/UTAD

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Este trabalho foi expressamente elaborado como Estágio e Relatório original para efeito de obtenção do grau de Mestre em Enfermagem Comunitária, sendo apresentado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

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“Se não puder voar, corra. Se não puder correr, ande. Se não puder andar, rasteje,

mas continue em frente de qualquer jeito”.

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Ao Diogo, por toda a ajuda prestada e entendimento nos momentos difíceis e stresse vivido.

Ao Tiago, pela força incondicional e pelas palavras de incentivo.

À Filipa, por toda a sua alegria e beleza, espelhada na face e pela doce exigência de um simples carinho.

Ao Rui, companheiro de sempre… capaz de compreender as minhas ausências e desalentos.

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O meu agradecimento especial à Professora Doutora Conceição Rainho e ao Professor Coordenador José Luís Ribeiro, pelo privilégio da vossa orientação e pela dedicação, apoio, paciência e confiança depositada, essencial na realização deste trabalho.

A todos os profissionais da Unidade de Cuidados na Comunidade Mateus, em particular à Enfermeira Andreia Cigre, orientadora do estágio, pelo apoio em momentos cruciais.

Aos Idosos, pela sua amabilidade e disponibilidade em me receberem nos centros de dia e aceitarem responder aos formulários aplicados nos vários momentos de recolha de dados e sessão de educação para a saúde efetuada.

Às Ajudantes de Ação Direta, por toda a sua simpatia, disponibilidade e dedicação, contribuindo para uma resposta atempada aos questionários aplicados e sessão de formação realizada.

À minha prima Rosário Anjos, por ter aceitado fazer a revisão deste documento e pelas sugestões de melhoramento.

Aos meus amigos, que nunca duvidaram que eu chegasse ao fim da meta.

À D. Teresa Carvalho, pelo profissionalismo exemplar demonstrado na revisão do documento que agora se apresenta.

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O presente relatório tem como finalidade realizar a análise das atividades desenvolvidas no âmbito da Unidade Curricular Estágio e Relatório realizado no Agrupamento de Centros de Saúde do Douro I – Marão e Douro Norte na Unidade de Cuidados na Comunidade Mateus, integrada no Centro de Saúde Vila Real 2 e na Unidade de Saúde Pública de Vila Real.

A área pela qual optámos para o desenvolvimento do estágio, foi a prevenção de quedas em idosos. As quedas são, de facto, a principal causa de lesão e de morte acidental nos idosos. São uma ameaça real à capacidade de viver de modo autónomo, logo constituem um problema de saúde pública, com implicações diretas para a qualidade de vida e bem-estar das pessoas idosas, com impactos e complicações, com custos a nível individual, familiar e dos serviços de saúde. Não menos importante, é a possibilidade de prevenção, justificando-se intervir nesta área.

No âmbito do estágio concebemos, planeámos e implementamos um projeto de intervenção que designámos “Risco de queda: Capacitar para Prevenir”, utilizando a metodologia do planeamento em saúde, que decorreu no período compreendido entre outubro de 2015 e janeiro de 2016.

O objetivo deste projeto foi capacitar as ajudantes de ação direta, bem como sensibilizar os idosos, para a prevenção de quedas. Foi desenvolvido nos centros de dia dos centros sociais e paroquiais de Constantim e de Mateus, com sede na área de influência da Unidade de Cuidados na Comunidade Mateus.

No âmbito do projeto de intervenção foi realizado um estudo descritivo, longitudinal e fundamentado numa abordagem quantitativa, no qual participaram a totalidade (33) das ajudantes de ação direta que desempenhavam funções nos centros paroquiais e também uma amostra de idosos (25) que frequentavam os centros de dia dos referidos centros paroquiais.

O atendimento dos idosos pelas ajudantes de ação direta, nos centros sociais e paroquiais (centro de dia), permite aliviar a sobrecarga dos familiares no sentido de proporcionar períodos de descanso, o que aumenta a disponibilidade da família para atender o idoso, no regresso a casa. As ajudantes de ação direta constituem as colaboradoras de excelência na transmissão de informação aos idosos e suas famílias, alertando para os fatores de risco e modo de prevenção de quedas, pelo que se torna importante e necessário capacitá-las para a

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prevenção. A informação foi recolhida através de um questionário aplicado às ajudantes de ação direta, que integrava questões sobre conhecimentos relativos à prevenção de quedas: em que 10 questões permitem obter informação sobre fatores de risco de queda; três questões sobre impactos e complicações das mesmas e duas questões sobre precauções de segurança. Aos idosos foi aplicado um formulário, que integrava as mesmas questões sobre conhecimentos relativos à prevenção de quedas e também o índice de Barthel, escala de Morse e o Mini Nutritional Assessment.

Os resultados encontrados, permitem-nos concluir que se verificou um processo de capacitação parcial no que concerne aos conhecimentos das ajudantes de ação direta para a prevenção de quedas, uma vez que foram atingidas duas das três metas definidas. A meta 1 foi atingida, verificando-se que, em 30,0% das questões, obtiveram-se ganhos em conhecimentos sobre os fatores associados às quedas em idosos, verificada pelo aumento significativo na proporção de respostas corretas após o processo formativo. Quanto à meta 2, sobre os impactos e complicações das quedas em idosos, esta foi amplamente atingida, uma vez que se verificou um aumento significativo na proporção de respostas corretas em 33,3% das questões, o mesmo percentual foi observado (33,3%) na manutenção de conhecimentos após o processo formativo, o que perfaz 66,6% de ajudantes de ação direta detentoras de conhecimentos sobre os impactos e complicações das quedas em idosos.

Quanto aos idosos, verificou-se que estes não ficaram sensibilizados para a prevenção de quedas, dado que nenhuma das metas definidas para os mesmos foi atingida após o processo formativo.

Palavras-chave: Envelhecimento; independência funcional; risco de queda; prevenção controlo de queda; desnutrição.

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This report aim to do the analysis of the activities carried out under the Professional Nature Stage held at the Community Care Unit Mateus, Vila Real 2 and USP Vila Real.

The area we chose for the development stage, was the prevention of falls in the elderly. The falls are in fact the main cause of injuries in the elderly and the leading cause of accidental death within people with more than 65 years.

The falls are a real threat to the ability to live independently, and they are a public health problem. Since the falls have direct implications for the quality of life and well-being of the elderly, due to impacts and complications of falls in older people, with all the costs that affect the person, family level, health services and not least the possibility of prevention, just ifying our intervention in this area.

During the practicum which took place between October 2015 and January 2016, it was conceived, planned and implemented an intervention project that we named "Risk of Fall: Empower to Prevent", in this project we had use the methodology of health planning.

The objective of this project was to train care assistant, as well as to sensitize the elderly, for the prevention of falls. It was developed in the social and parochial centers of Constantim and Mateus, these centers are including in the geodemographic area of the Mateus Health Center (Community Care Unit).

This is a descriptive study, longitudinal and based on a quantitative approach, which was attended by all the 33 helpers direct action that played roles in parish centers and a sample of 25 elderly attending day centers of the parish centers.

The care of the elderly by the direct action of helpers, social and parish centers (day care) of Constantim and Mateus involving the family, is able to help the family in order to provide them with rest periods, increasing the family's availability to spend time with the elderly. The AAD are the collaborators of excellence in the transmission of information to seniors and their families, warning of the risk factors and how to prevent falls in the elderly, and it is therefore important and necessary to enable them to prevent falls.

The health planning methodology was adopted. The information was collected through a survey applied to the direct action of helpers, integrated issues of knowledge about the prevention of falls: in which 10 questions allow information about fall risk factors; a question

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on impact and complications of falls and four questions about safety precautions. The elderly was applied a form, which included the same questions on knowledge about the prevention of falls also integrated Barthel Index, Morse scale and the Mini Nutritional Assessment.

The results of this study allow us to conclude that the care assistant, was a partially empower, regarding the knowledge to prevent falls, since two of the three goals were achieved. After the intervention project, regarding the goal 1 was reached, as it was verified that in 30.0% of the questions there were gains in knowledge about factors associated with falls, since there was a significant increase in the proportion of correct responses; in terms of goal 2, this was largely achieved, as there was a significant increase in the proportion of correct answers in 33.3% of the questions, the same percentage was observed in the maintenance of knowledge, which sum 66.6% of correct answers, that means that they has knowledge about the impacts and complications of falls in the elderly.

As for the elderly, it was verified that they were not sensitized for the prevention of falls, since none of the goals were reached after the intervention project.

Keywords: Ageing; functional independence; risk of falls in the elderly; preventing falls in the elderly; malnutrition in the elderly.

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Pensamento ... v

Dedicatória ... vii

Agradecimentos ... ix

Resumo ... xi

Abstract... xiii

Índice de Figuras ... xvii

Índice de Tabelas ... xix

Lista de Abreviaturas e Siglas ... xxi

1.INTRODUÇÃO ... 1

2.ANÁLISE E REFLEXÃO CRÍTICA DO DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS ... 5

2.1. No contexto da Unidade de Cuidados na Comunidade de Mateus ... 5

2.2. No contexto da Unidade de Saúde Pública ... 13

3.ENQUADRAMENTO TEÓRICO ... 17

3.1. Envelhecimento e independência funcional ... 17

3.2. Quedas nos idosos ... 20

3.2.1. Consequências das quedas ... 21

3.2.2. Epidemiologia das quedas ... 23

3.2.3. Fatores de risco ... 25

3.2.4. Prevenção de quedas nos idosos... 29

3.3. Capacitação e empowerment das ajudantes de ação direta ... 32

3.3.1. Literacia para a saúde e autocuidado ... 34

4. PREPARAÇÃO OPERACIONAL DO PROJETO DE INTERVENÇÃO COMUNITÁRIA “RISCO DE QUEDA:CAPACITAR PARA PREVENIR” ... 37

4.1. Projeto de intervenção “Risco de queda: capacitar para prevenir” ... 38

4.2. Do diagnóstico de situação de saúde à definição de prioridades ... 41

4.3. Definição de objetivos e metas ... 43

4.4. Tipo de estudo ... 48

4.5. População alvo e amostra ... 48

4.6. Instrumento de recolha de dados ... 49

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4.8. Definição de atividades e estratégias de intervenção ... 56

4.8.1. Seleção e organização dos conteúdos teóricos ... 59

4.8.2. Definição de objetivos da formação ... 60

4.9. Desenvolvimento das atividades do projeto... 61

4.10. Definição da avaliação ... 62

4.11. Calendarização e previsão de recursos ... 65

5. DA PREPARAÇÃO OPERACIONAL À EXECUÇÃO DO PROJETO DE INTERVENÇÃO “RISCO DE QUEDA:CAPACITAR PARA PREVENIR” ... 67

5.1. Apresentação e discussão dos resultados ... 67

5.1.1. Caracterização sociodemográfica das ajudantes de ação direta ... 67

5.1.2. Caracterização sociodemográfica dos idosos ... 68

5.1.3. Independência funcional e desnutrição dos idosos ... 69

5.1.4. Caracterização do risco de queda ... 70

5.1.5. Conhecimentos das ajudantes de ação direta sobre prevenção de quedas ... 71

5.1.6. Conhecimentos dos idosos sobre prevenção de quedas... 74

6.AVALIAÇÃO DO PROJETO “RISCO DE QUEDA:CAPACITAR PARA PREVENIR” ... 77

7.SÍNTESE CONCLUSIVA ... 83

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 89

APÊNDICES ... 97

Apêndice A – Instrumento de Recolha de dados - AAD ... 99

Apêndice B – Instrumento de Recolha de dados - Idosos ... 105

Apêndice C – Abbreviated Mental Test Score ... 113

Apêndice D – Pedido de autorização às diretoras dos centros de dia de Constantim e de Mateus, para o desenvolvimento do projeto de intervenção ... 117

Apêndice E – Consentimento livre e esclarecido ... 121

Apêndice F – Sessão de formação “Quedas em idosos: dos fatores de risco à prevenção” . 125 Apêndice G – Planeamento das sessões ... 135

Apêndice H – Convite para a sessão de formação e sessão de educação para a saúde ... 139

Apêndice I – Certificados de presença ... 143

Apêndice J – Resultados não significativos do conhecimento das AAD ... 147

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Figura 1. Etapas do projeto de intervenção “Risco de queda: capacitar para prevenir” ... 12 Figura 2. Intervenção multifatorial ... 30 Figura 3. Modelo estruturante para a conceção e operacionalização da LpS ... 36 Figura 4. População de AAD dos centros sociais e paroquiais de Constantim e Mateus .... 49 Figura 5. Amostra de idosos dos centros sociais e paroquiais de Constantim e Mateus ... 49 Figura 6. Calendarização de atividades do projeto de intervenção “Risco de queda:

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Tabela 1. Fatores fisiológicos do envelhecimento ... 26

Tabela 2. Patologias do envelhecimento ... 26

Tabela 3. Medicamentos ... 27

Tabela 4. Critérios e pesos atribuídos aos problemas identificados, segundo o método de Hanlon ... 43

Tabela 5. Metas estabelecidas para as AAD, sobre conhecimentos dos fatores associados às quedas em idosos ... 45

Tabela 6. Metas estabelecidas para as AAD, sobre conhecimentos dos impactos e complicações das quedas em idosos ... 45

Tabela 7. Metas estabelecidas para as AAD, sobre conhecimentos sobre precauções de segurança das quedas em idosos ... 46

Tabela 8. Metas estabelecidas para os idosos, sobre conhecimentos dos fatores associados às quedas ... 46

Tabela 9. Metas estabelecidas para os idosos, sobre conhecimentos sobre impactos e complicações das quedas em idosos ... 47

Tabela 10. Metas estabelecidas para os idosos, sobre conhecimentos sobre precauções de segurança ... 47

Tabela 11. Pontos de corte da escala de Morse ... 53

Tabela 12. Pontos de corte do MNA ... 55

Tabela 13. Indicadores de atividade e de resultado do projeto de intervenção ... 63

Tabela14. Testar a significância de mudanças no teste de McNemar ... 64

Tabela 15. Caracterização sociodemográfica das AAD ... 67

Tabela 16. Caracterização sociodemográfica dos idosos... 68

Tabela 17. Caracterização da independência funcional dos idosos ... 69

Tabela 18. Caracterização do risco de desnutrição ... 70

Tabela 19. Risco de queda ... 70

Tabela 20. Questão nº 4 “os idosos do sexo feminino sofrem lesões ósseas mais graves do que os idosos do sexo masculino... 72

Tabela 21. Questão 5 “a alimentação dos idosos em nada interfere com o risco de sofrer lesões ósseas mais graves em consequência de uma queda” ... 73

(22)

Tabela 22. Questão 9 “o espaço habitacional descuidado com objetos espalhados no

chão e fios elétricos à vista, pouco ou nada interfere no risco de queda dos idosos” ... 73

Tabela 23. Questão 7 “idosos que já caíram uma vez têm tendência a cair no ano

seguinte” ... 73

Tabela 24. Questão 14 “em resultado das quedas, os idosos ficam muitas vezes

incapacitados, imobilizados e acamados, exigindo tratamentos cirúrgicos dispendiosos e sofridos, como a colocação de placas, parafusos, talas e gesso ósseo” ... 74

Tabela 25. Questão 3 “o ambiente físico onde o idoso se encontra deve ter fraca

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L

ISTA DE

A

BREVIATURAS E

S

IGLAS

AAD - Ajudantes de Ação Direta

ABVD - Atividades Básicas da Vida Diária ACeS - Agrupamento de Centros de Saúde ADL - Acidentes Domésticos e de Lazer AVDs - Atividades da Vida Diária

CDP - Centro de Diagnóstico Pneumológico DDO - Doenças de Declaração Obrigatória DGS - Direção-Geral da Saúde

ECCI - Equipa de Cuidados Continuados Integrados

EEECSP - Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública EpS - Educação para a Saúde

INE - Instituto Nacional de Estatística LpS - Literacia para a Saúde

MNA - Mini Nutritional Assessment OMS - Organização Mundial de Saúde p.p. - pontos percentuais

PNPA - Programa Nacional de Prevenção de Acidentes PNPSO - Programa Nacional de Promoção da Saúde Oral PNS - Plano Nacional de Saúde

PNSE - Programa Nacional de Saúde Escolar QV - Qualidade de Vida

SPSS - Statistical Package for the Social Science TOD - Toma Observada

UCC - Unidade de Cuidados na Comunidade

UCSP - Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados USP - Unidade de Saúde Pública

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(25)

1.

I

NTRODUÇÃO

Nas últimas décadas tem-se assistido a alterações da estrutura populacional como o envelhecimento da população, que é uma das maiores conquistas e também um dos maiores desafios para a sociedade moderna e para a saúde pública contemporânea.

O fenómeno do envelhecimento ocorreu inicialmente em países desenvolvidos, no entanto, mais recentemente é nos países em desenvolvimento que se tem feito sentir de forma mais acentuada. Em Portugal, acompanhando as tendências mundiais, verifica-se um crescente envelhecimento da população, entre 2009 e 2014 verificou-se o decréscimo do volume de população jovem (dos 0 aos 14 anos de idade) e da população em idade ativa (dos 15 aos 64 anos de idade), em simultâneo com o aumento da população idosa (com 65 e mais anos de idade). A proporção de jovens, face ao total de população residente, passou de 15,3% para 14,4%; a proporção de pessoas em idade ativa também diminuiu de 66,4% para 65,3%; em contrapartida, a proporção de pessoas idosas aumentou 2,0 p.p. (de 18,3% para 20,3%) (Instituto Nacional de Estatística [INE], 2015). O índice de envelhecimento amentou em todas as regiões do país entre 2009 e 2014, no norte do país, apresenta predomínio da população idosa relativamente à população jovem, com um índice de envelhecimento de 104 idosos em 2009 para 132 em 2014, significando que existem por cada 100 jovens, 132 idosos. Apenas as regiões do Centro e Alentejo superam este índice de envelhecimento demográfico (INE, 2015).

De acordo com o INE (2015), Portugal apresenta um envelhecimento demográfico bastante marcado, onde o índice de envelhecimento passou de 119 para 141 pessoas idosas por cada 100 jovens, o que significa que por cada 100 jovens há 141 idosos, indicando que a população idosa supera a jovem.

A evolução técnico-científica, a diminuição da natalidade e o aumento da emigração têm conduzido à modificação e inversão da pirâmide etária e, consequentemente, ao envelhecimento da população em Portugal, que mantém assim a tendência de envelhecimento demográfico colocando aos governos, famílias e sociedade novos desafios (INE, 2015; Marques, Teixeira & Souza, 2012).

Com o avançar da idade e à medida que se envelhece vão surgindo alterações na pessoa, nomeadamente alterações fisiológicas, na funcionalidade física e intelectual, no desempenho

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de papéis sociais e nas relações interpessoais. Os idosos com maior frequência necessitam de apoio para o autocuidado o que leva à sobrecarga familiar e do sistema de saúde (Vieira, Nobre, Bastos & Tavares, 2012). As alterações decorrentes do envelhecimento originam um risco aumentado de queda, o que torna este acontecimento um dos grandes problemas de saúde pública (Buskman, Vilela, Pereira, Lino & Santos, 2008; Skelton & Todd, 2004).

Perante este contexto, e de acordo com a literatura, podemos afirmar que as quedas são os acidentes domésticos mais graves e mais frequentes entre as pessoas mais velhas. Entre os idosos a viver na comunidade, aproximadamente 30% sofre pelo menos uma queda por ano, valores que aumentam a partir dos 75 anos. Das pessoas idosas que caem, 20% a 30% apresentam algum tipo de lesão que lhes reduz a mobilidade, a independência e aumenta o risco de morte prematura (Buskman et al., 2008; Skelton & Todd, 2004).

As quedas e as suas consequências, quando ocorrem em pessoas idosas, são uma causa importante de morbilidade, incapacidade, dependência e mortalidade. A nível nacional, e de acordo com o Plano Nacional de Saúde Revisão e Extensão a 2020 (Direção-Geral de Saúde [DGS], (2015), é reconhecido, entre outros, dois grandes desígnios de intervenção, nomeadamente a redução da mortalidade prematura (abaixo dos 70 anos), e a melhoria da esperança de vida saudável (aos 65 anos), permitindo obter ganhos em saúde, integrando projetos e intervenções focadas em resultados, onde formar e desenvolver os recursos humanos, valoriza a competência e a qualidade profissional. A prevenção de quedas em idosos poderá contribuir para o sucesso do indicador, que estabelece a redução da taxa de mortalidade prematura (%) antes dos 70 anos de idade, fixada em 2012 em 22,8%, para uma taxa entre 20,5 e 22,0%, em 2020.

No mesmo sentido, o Programa Nacional de Prevenção de Acidentes (PNPA) - Projeto: COM MAIS CUIDADO - Prevenção de acidentes domésticos com pessoas idosas (von Amann, 2012) propõe uma abordagem de saúde pública para a promoção da segurança, a redução dos acidentes e das suas consequências, apoia iniciativas de promoção da segurança e atividades de prevenção dirigidas a grupos ou segmentos da população identificados como de maior risco, como são as pessoas idosas. De acordo com o referido, é nossa pretensão atuar na prevenção e assim desenvolver um projeto de intervenção nesta área, que permita capacitar as ajudantes de ação direta (AAD) e sensibilizar os idosos para a prevenção de quedas.

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As AAD, no seu desempenho profissional, nos centros sociais e paroquiais (centro de dia), detêm um papel preponderante no relacionamento e no cuidar dos idosos, uma vez que deles cuidam diariamente, permitindo aliviar a sobrecarga dos familiares no sentido de proporcionar períodos de descanso, o que aumenta a disponibilidade da família para atender o idoso, no regresso a casa. Se mais não fosse e atendendo ao tempo despendido no cuidar dos idosos, as AAD são colaboradoras de excelência na transmissão de informação aos idosos e suas famílias, alertando para os fatores de risco e modo de prevenção de quedas, pelo que se torna importante e necessário capacitá-las para a prevenção, de modo a tornarem-se veículos facilitadores de mudança de comportamentos ou atitudes de risco.

Após a realização do diagnóstico de situação de saúde, consideramos pertinente e necessário a intervenção junto das AAD e dos idosos e construímos um projeto de intervenção designado: “Risco de Queda: capacitar para prevenir”, de modo a contribuir para ganhos em conhecimentos nesta área.

A realização deste relatório que agora apresentamos, procura contribuir para o desenvolvimento de competências no âmbito da intervenção especializada em enfermagem comunitária e tem como objetivos: i) Realizar a reflexão crítica sobre as atividades desenvolvidas tendo como referência as competências específicas do Enfermeiro Especialista em Enfermagem Comunitária e de Saúde Pública (EEECSP); ii) Descrever a metodologia do planeamento em saúde aplicada ao projeto de intervenção “Risco de queda: capacitar para prevenir”; iii) Analisar e discutir os resultados do projeto de intervenção.

De modo a dar resposta aos objetivos delineados e tornar compreensível este trabalho, o presente documento será constituído pelos seguintes capítulos: i) análise e reflexão crítica do desenvolvimento de competências, que inclui a descrição das atividades realizadas na Unidade de Cuidados na Comunidade (UCC) Mateus e Unidade de Saúde Pública (USP) do Agrupamento de Centros de Saúde (ACeS), tendo como referência as competências do EEECSP; ii) enquadramento teórico, no qual se desenvolve o marco teórico do estudo a realizar, com revisão da literatura pertinente no âmbito da temática em estudo; iii) seguindo-se a preparação operacional do projeto de intervenção Risco de queda: capacitar para prevenir, apresentando-se as diferentes etapas de planeamento do projeto de intervenção; iv) sucedendo-se a execução do projeto de intervenção, na qual se apresentam os resultados obtidos; v) avaliação do projeto, para avaliar em que medida foram atingidas as metas delineadas; vi) e, por fim, as reflexões críticas em que se evidenciam os principais resultados

(28)

do projeto de intervenção e se salientam as competências do EEECSP desenvolvidas no estágio.

A metodologia utilizada na elaboração deste relatório foi a descritiva, analítica e crítico-reflexiva com recurso a pesquisa bibliográfica em bases indexadas e disponibilizadas pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro e pela Ordem dos Enfermeiros e recorrendo ao serviço de documentação e bibliotecas.

(29)

2.

A

NÁLISE E

R

EFLEXÃO

C

RÍTICA DO

D

ESENVOLVIMENTO DE

C

OMPETÊNCIAS

Neste capítulo, pretendemos fazer uma análise crítica e reflexiva das competências desenvolvidas no decorrer do Estágio, inserido na unidade curricular Estágio e Relatório, que estabelece, entre outros, como objetivos, i) Consolidar a intervenção especializada em enfermagem comunitária e ii) Participar em atividades desenvolvidas pelas diferentes unidades funcionais do ACeS. Neste sentido, faremos uma análise retrospetiva das atividades que contribuíram para o crescimento pessoal, enquanto futura EEECSP, adquirindo competências especializadas na prestação de cuidados especializados em enfermagem comunitária e de saúde pública.

O estágio em enfermagem comunitária decorreu em diferentes unidades funcionais do ACeS Douro I – Marão e Douro Norte, nomeadamente na UCC Mateus e na USP Vila Real, num total de 750 horas. Tendo em conta a distribuição dos campos de estágio e tempo de permanência no mesmo (1º UCC Mateus, 2º USP Vila Real), começamos por fazer uma breve apresentação da UCC Mateus, assim como uma análise crítico-reflexiva das atividades e competências desenvolvidas, o que exige uma apreciação de todo o trabalho realizado. Abordaremos todas as atividades que se enquadram nas competências comuns aos enfermeiros especialistas, mas daremos especial enfoque para as atividades que permitiram um maior desenvolvimento de competências enquanto futura EEECSP.

2.1. No contexto da Unidade de Cuidados na Comunidade de Mateus

A UCC Mateus está inserida no ACeS Douro I - Marão Douro Norte, sediada no Centro de Saúde de Vila Real nº 2, é composta por uma equipa multidisciplinar que pretende tornar esta unidade numa referência a nível do norte e do país. Tem como área de abrangência, 11 freguesias: União das Freguesias de Constantim e Vale de Nogueiras; União das Freguesias de Mouçós e Lamares; União das Freguesias de Nogueira e Ermida; União das Freguesias de São Tomé do Castelo e Justes; União das Freguesias de Vila Real (Nossa Senhora da Conceição, São Pedro e São Dinis) e ainda Abaças, Andrães, Arroios, Folhadela, Guiães, Mateus, distribuídas por uma superfície de aproximadamente 182 Km2 com uma população inscrita de 27 844 utentes.

(30)

É uma unidade que tem como finalidade, prestar cuidados de saúde e apoio psicológico e social, de âmbito domiciliário e comunitário, às pessoas, famílias e grupos mais frágeis ou em circunstâncias de maior risco ou dependência física e funcional ou situação de doença, que necessitem de apoio próximo. Estas unidades atuam também na educação para a saúde (EpS), na integração em redes de apoio à família e na implementação de unidades móveis de intervenção (Despacho n.º 10143/2009, de 16 de abril).

Decorrente destas necessidades, surge uma equipa multidisciplinar cuja finalidade é contribuir para a melhoria continuada da qualidade dos cuidados de saúde, ou seja, torná-los mais acessíveis, adequados, efetivos, eficientes e, ainda, responder às expectativas dos cidadãos e dos profissionais, oferecendo e prestando melhores cuidados e melhor saúde.

Para dar resposta ao desafio de constituir e dinamizar esta unidade funcional com características específicas e inovadoras, surge a equipa de saúde multidisciplinar, constituída por 12 profissionais, três enfermeiros especialistas em enfermagem comunitária, uma enfermeira especialista em enfermagem de saúde materna e obstétrica, dois enfermeiros especialistas em enfermagem de reabilitação (e que em simultâneo um é coordenador da UCC), um fisioterapeuta, um enfermeiro graduado, um médico, um assistente social, uma nutricionista e uma psicóloga.

Apresenta uma carteira básica de serviços, que é constituída por projetos e programas que têm em conta a realidade de saúde e social da área em que intervém, nomeadamente: i) Programa Nacional de Saúde Escolar (PNSE); ii) Programa Nacional de Promoção de Saúde Oral (PNPSO); iii) Programa Nacional Saúde Reprodutiva (PNSR); iv) Promoção de Saúde e Prevenção da Doença na Comunidade integrando o Projeto Equipa Cuidados Continuados Integrados (ECCI) e Unidade Móvel de Saúde; v) Outros Programas e Projetos, Núcleos e Comissões de Trabalho como: Núcleo de Apoio a Crianças e jovens em Risco, Intervenção Precoce, Famílias de Acolhimento, Núcleo Local de Inserção, Projeto Reabilitar a pessoa com AVC, Projeto à conversa com a Saúde, Saúde no Ar (em parceria com a USP), Saúde entre linhas (em parceria com a USP), Programa de Desenvolvimento Profissional e Formação, Produção Científica posters, artigos, publicações, workshops, Comemorações dos dias temáticos. A UCC Mateus, tem como referência o plano de ação do ACeS e funciona em articulação com as outras unidades funcionais, como as unidades de saúde familiares (USFs), as unidades de cuidados saúde personalizados (UCSPs), a unidade de recursos assistenciais partilhados (URAP) e a USP.

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O estágio desenvolvido na UCC Mateus permitiu desenvolver um conjunto de competências especializadas no âmbito do EEECSP definidas pela Ordem dos Enfermeiros, com um conhecimento aprofundado no domínio específico de enfermagem comunitária, que implica a mobilização do conhecimento, capacidades e atitudes, e é um processo em permanente construção, o que nos permitirá gerir situações profissionais mais complexas, com níveis elevados de julgamento clínico e tomada de decisão (Regulamento n.º 122/2011, de 18 de fevereiro).

Serão analisadas, em primeiro lugar, as competências comuns a todos os enfermeiros especialistas (Regulamento n.º 122/2011, de 18 de fevereiro), de A1 a D2, seguindo-se as competências específicas do EEESCSP (Regulamento n.º 128/2011, de 18 de fevereiro), de G1 a G4, associando-as com os programas e projetos que tivemos oportunidade de intervir.

“A1 - Desenvolve uma prática profissional e ética no seu campo de intervenção”

Participámos na tomada de decisão, juntamente com a equipa da UCC, identificando e avaliando as respostas mais apropriadas para situações específicas.

Fizemos parte integrante da ECCI da UCC Mateus, participando no processo de planeamento, execução e avaliação das atividades, tivemos o cuidado de efetuar os devidos pedidos de autorização aos participantes, respeitando um exercício seguro, profissional e ético, que nos proporcionou destreza nas habilidades de tomada de decisão ética e deontológica.

“A2 - Promove práticas de cuidados que respeitam os direitos humanos e as responsabilidades profissionais”

Juntamente com a ECCI, desenvolvemos toda a nossa atividade respeitando os direitos humanos, a segurança, a privacidade e a dignidade do cliente, tendo por base os conhecimentos e as técnicas adequadas, organizando eficazmente o trabalho e atuando em prol dos clientes.

“B1 - Desempenha um papel dinamizador no desenvolvimento e suporte das iniciativas estratégicas institucionais na área da governação clínica”

Organizámos e apresentámos uma sessão de formação alusiva ao tema “PNSE 2014”, apresentada e divulgada a toda a equipa multidisciplinar da UCC Mateus, aos profissionais das USFs de Mateus e a professores das escolas da área geográfica da UCC Mateus, tendo como objetivos: identificar as principais alterações do PNSE 2014 face ao 2015; e reconhecer

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a importância da aplicação deste programa enquanto instrumento orientador para a promoção de saúde em meio escolar, contribuindo para a disseminação necessária à sua aplicação.

Enquadrado no Programa Nacional para a Promoção da Alimentação Saudável (PNPAS), divulgado pelo Projeto à Conversa com a Saúde, Saúde no Ar, projeto de intervenção comunitária, apresentámos uma temática subordinado ao tema “Alimentação saudável” na Rádio “Universidade FM”, com o intuito de informar a comunidade sobre os benefícios de uma alimentação saudável nas crianças, fornecendo informação relevante para atingir níveis ótimos de saúde, cuja finalidade última é melhorar o estado nutricional das crianças. Foram abordadas várias temáticas, entra as quais se destaca a importância de um padrão alimentar saudável e o incentivo ao consumo diário de alimentos saudáveis.

Colaborar na realização destas atividades e em protocolos da qualidade, permitiu-nos melhorar a qualidade da prática.

“B2 - Concebe, gere e colabora em programas de melhoria contínua da qualidade”

Desenvolvemos várias atividades já descritas anteriormente (ação de formação PNSE 2014, programa de rádio), e tivemos oportunidade de participar ativamente, enquanto membro efetivo em reuniões multidisciplinares da UCC Mateus, onde se delinearam as estratégias a ter em conta para o ano de 2016, colaborando na conceção e concretização de projetos institucionais, efetuando a análise e revisão das práticas em relação aos seus resultados, avaliando a qualidade, planeámos e liderámos programas de melhoria contínua, nomeadamente o PNPSO.

O PNPSO assenta numa estratégia de promoção da saúde, prevenção e tratamento das doenças orais ao longo de todo o ciclo de vida e nos ambientes onde as crianças e jovens vivem e estudam. Participámos ativamente, pondo em marcha o PNPSO, realizando sessões de EpS em todos os jardins de infância, escolas e centros escolares da área geográfica da UCC Mateus, num total de 910 crianças, com a finalidade de promover a saúde oral.

Foi ainda possível fazer o despiste de doenças orais; sinalizar as crianças com doenças orais, para o médico de família e finalmente podemos distribuir Kits de escovagem para criar nas crianças o hábito da lavagem dos dentes. Nesta atividade foi também lançado o alerta para a importância da utilização do cheque dentista.

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“B3 - Cria e mantém um ambiente terapêutico e seguro”

Como membro integrante da ECCI, promovemos um ambiente seguro, envolvendo a família e clientes no processo terapêutico, adequando os recursos para a prestação de cuidados seguros e controlo de infeção, protegendo dados e registos, atuando numa perspetiva proativa, utilizando a comunicação, a avaliação e as estratégias de garantia de qualidade, de gestão do risco e promovendo a envolvência adequada ao bem-estar do cliente.

“C1 - Gere os cuidados, otimizando a resposta da equipa de enfermagem e seus colaboradores e a articulação na equipa multiprofissional”

Integrados na ECCI, colaboramos no processo da tomada de decisão, realizando a gestão dos cuidados e agindo de acordo com os princípios de segurança e qualidade das tarefas delegadas, promovendo um ambiente de cuidados seguro, orientando e supervisionando os cuidados prestados.

“C2 - Adapta a liderança e a gestão dos recursos às situações e ao contexto visando a otimização da qualidade dos cuidados”

Numa perspetiva de responder às necessidades que os cuidados exigiam, foram utilizados os recursos, de forma eficaz e eficiente para promover a qualidade, organizando e coordenando a equipa de prestação de cuidados, decidindo em equipa quais os recursos adequados à prestação de cuidados de qualidade, avaliando os riscos para a prestação de cuidados associados aos recursos, reconhecendo a importância de todos os membros da equipa numa perspetiva de promoção de um ambiente favorável à prática. Soubemos adaptarmo-nos às situações e às pessoas, moldando assim o nosso estilo de liderança.

“D1 - Desenvolve o autoconhecimento e a assertividade”

Desenvolvemos a capacidade de identificação de fatores que podem interferir no relacionamento entre cliente e equipa multidisciplinar. Solicitamos colaboração de outros profissionais sempre que a situação o exigia e evidenciamos a nossa opinião face a determinadas situações, que requerem conhecimento de enfermagem, interferindo no estabelecimento de relações terapêuticas e multiprofissionais. Na presença de conflitos, atuamos eficazmente na sua resolução, fomos sensíveis à presença de clientes e familiares mais apelativos, gerindo sentimentos e emoções.

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“D2 - Baseia a sua práxis clínica especializada em sólidos e válidos padrões de conhecimento”

Enquadrado no PNPSO, participámos na promoção e implementação do programa em todos os jardins de infância, escolas e centros escolares da área geográfica da UCC Mateus, realizando várias sessões de EpS, com a finalidade de promover a saúde oral, prevenir e sinalizar doenças orais, sensibilizar nas crianças o hábito da escovagem dos dentes.

Enquanto membros integrantes da ECCI, responsáveis pela sessão de formação sobre “PNSE 2014” e enquadrado no PNPAS, divulgado pelo programa “saúde no ar” desenvolvemos uma prática baseada no conhecimento científico e ético como formador oportuno em contexto de trabalho. Tivemos o cuidado de intervir com conhecimentos válidos, atuais e pertinentes.

A UCC Mateus tem como missão “contribuirpara a melhoria do estado de saúde da população da sua área geográficade intervenção, visando a obtenção de ganhos em saúde” (Despacho n.º 10143/2009, de 16 de abril, p.15438) e foi neste âmbito que enquanto futuros EEECSP desenvolvemos a nossa práxis, adquirindo competências científicas, técnicas e humanas para prestar, além de cuidados de enfermagem gerais, cuidados de enfermagem especializados.

Sendo a UCC Mateus, uma unidade funcional ao nível dos cuidados de saúde primários diferenciada e com uma carteira de serviços de destaque em relação às restantes, nomeadamente as USFs, impera a diferenciação pela especialização. Ao EEECSP também é requerido que seja capaz de identificar soluções e que atue de forma inovadora se a situação o exigir.

Responsabiliza-se por identificar as necessidades dos clientes, famílias e grupos e assegurar a continuidade dos cuidados, estabelecendo as articulações necessárias, desenvolvendo uma prática de complementaridade com a dos outros profissionais de saúde e parceiros comunitários num determinado contexto social, económico e político. Assume uma elevada capacidade para responder de forma adequada às necessidades dos diferentes clientes (pessoas, grupos ou comunidade), proporcionando efetivos ganhos em saúde. (Regulamento n.º 128/2011, de 18 de fevereiro, p.8667)

É neste sentido que passamos a descrever as atividades realizadas no estágio na UCC Mateus, que permitem desenvolver competências específicas do EEECSP.

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“G1 - Estabelece, com base na metodologia do planeamento em saúde, a avaliação do estado de saúde de uma comunidade”

Num primeiro estágio, realizámos as duas primeiras fases do planeamento em saúde, nomeadamente o diagnóstico de situação (unidade de competência G1.1), efetuado através da aplicação de um questionário às AAD e de um formulário aos idosos, cuja finalidade foi obter dados sobre os conhecimentos em prevenção de quedas em idosos, aplicado nos centros sociais e paroquiais de Constantim e de Mateus (centro de dia).

Através do método de Hanlon (1950), estabelecemos as prioridades em saúde de uma comunidade (unidade de competência G1.2), nas quais se verificou que a prioridade de intervenção se centrava nos conhecimentos das AAD, logo seguida dos conhecimentos dos idosos. Neste estágio pudemos por em prática as restantes etapas do planeamento em saúde (unidade de competência G1.3 - Formula objetivos e estratégias face à priorização das necessidades em saúde estabelecidas), (unidade de competência G1.4 - Estabelece programas e projetos de intervenção com vista à resolução dos problemas identificados) e

(unidade de competência G1.5 - Avalia programas e projetos de intervenção com vista à

resolução dos problemas identificados).

Planeámos, concebemos e executámos o projeto de intervenção “Risco de queda: Capacitar para prevenir”. Esta competência foi a que de algum modo nos absorveu mais tempo, atendendo ao cumprimento de todas as etapas do planeamento em saúde. Identificados os problemas na comunidade e a prioridade de intervenção, planeámos, intervimos e avaliámos o projeto de intervenção.

“G2 - Contribui para o processo de capacitação de grupos e comunidades” - Promovemos a capacitação de grupos e comunidades com vista à consecução de projetos de saúde coletivos, nomeadamente na participação em projetos de intervenção comunitária dirigida a grupos com maior vulnerabilidade, estabelecendo parcerias com outras instituições da comunidade (meios de comunicação social, escolas e centros de dia), procedendo à gestão da informação em saúde aos grupos e comunidade, designadamente a toda a comunidade escolar no PNPSO, no programa “saúde no ar”, assim como na comunidade dos centros sociais e paroquiais (centro de dia) de Constantim e de Mateus, (AAD e idosos). Apresentámos uma sessão de formação para AAD e uma sessão de EpS aos idosos sobre

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prevenção de quedas, com o objetivo de capacitar as AAD e sensibilizar os idosos, para a prevenção de quedas, com ganhos em conhecimentos.

“G3 - Integra a coordenação dos programas de saúde de âmbito comunitário e na consecução dos objetivos do plano nacional de saúde”

Participámos nos processos de tomada de decisão, nas diferentes etapas de planeamento e implementação dos programas de saúde, no sentido de obter ganhos em saúde, mais especificamente nas comunidades escolares, dos programas salientamos o PNPSO, e no âmbito deste programa, as atividades de sessão de EpS a toda a comunidade escolar (total 910 alunos), da área de influência da UCC Mateus, despiste de doenças orais e encaminhamento ao médico de família, alertando para a utilização do cheque dentista, e entrega de kits de escovagem, contribuíram para o desenvolvimento da competência em análise.

Nos centros sociais e paroquiais de Constantim e de Mateus (centro de dia), planeámos, executámos, coordenámos e avaliámos o projeto de intervenção “Risco de queda: capacitar para prevenir” (Figura 1).

Globalmente, a concretização de diversas atividades no decorrer do estágio na UCC Mateus, contribuíram para a aquisição de competências de prestação de cuidados especializados, possibilitando o crescimento pessoal enquanto futura EEECSP.

Figura 1. Etapas do projeto de intervenção “Risco de queda: capacitar para prevenir” Da preparação

operacional à Avaliação Projeto de Intervenção.

Estratégias: Envolvimento de várias

entidades: toda a equipa da UCC Mateus, direção dos centros sociais e paroquiais, clinica

forsaúde, autorização das AAD e dos idosos, emissão de certificados de presença, consentimento informado, entre outros.

Objetivo geral: capacitar para a prevenção de quedas em idosos, com

ganhos em conhecimentos nas AAD e sensibilização dos idosos referenciados nos centros sociais e paroquiais de Constantim e de Mateus pertencentes à área de influência da UCC Mateus Vila Real 2, que integram o projeto, no âmbito da prevenção de quedas, no período

compreendido entre outubro de 2015 e janeiro de 2016.

Estabelecimento de Prioridades: Método de Hanlon : 1ª Prioridade - AAD 2ª Prioridade - idosos. Diagnóstico de Situação: Defice de conhecimentos sobre prevenção quedas em idosos.

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2.2. No contexto da Unidade de Saúde Pública

A USP do ACeS Douro I - Marão e Douro Norte, abrange os concelhos de Alijó, Mesão Frio, Peso da Régua, Santa Marta de Penaguião, Sabrosa, Vila Real e Murça, com uma população total residente de 105 317 habitantes. É constituída por uma equipa de cinco médicos, quatro enfermeiros, dos quais três EEECSP, seis técnicos de saúde ambiental, uma engenheira ambiental e quatro administrativas.

Funciona como observatório de saúde da população, provida de uma organização flexível que, com uma maior concentração de recursos, rentabilizando-os, permitindo uma detalhada caracterização da área geodemográfica e das necessidades de saúde da população da sua área de abrangência, em articulação com as demais unidades de saúde. Contribui para a melhoria do estado de saúde de uma determinada população e desenvolve atividades de planeamento em saúde, promoção e proteção da saúde, incluindo a avaliação do impacto em saúde, de prevenção da doença, de vigilância epidemiológica, de vigilância em saúde ambiental, de investigação em saúde e de gestão ou participação em programas de saúde pública.

Na USP, tal como na UCC Mateus, serão analisadas em primeiro lugar as competências comuns a todos os enfermeiros especialistas de A1 a D2, seguindo-se as competências específicas do EEECSP de G1 a G4, associando-as com os programas e projetos que tivemos oportunidade de intervir.

“A1 - Desenvolve uma prática profissional e ética no seu campo de intervenção”

Participámos no levantamento do circuito das doenças de declaração obrigatória (DDO), nomeadamente no processo de controlo dos contactos, respeitante a casos de tuberculose. Procedemos à Toma Observada de Doentes (TOD) no Centro de Diagnóstico Pneumológico (CDP). Realizámos o rastreio de vírus de imunodeficiência humana e pesquisámos os possíveis contactos com o objetivo de quebrar a cadeia epidemiológica.

Participámos na tomada de decisão, juntamente com a equipa da USP, identificando e avaliando as respostas mais apropriadas para situações específicas.

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“A2 - Promove práticas de cuidados que respeitam os direitos humanos e as responsabilidades profissionais”

Em todas as deslocações ao CDP, executamos uma prática que respeitou os direitos humanos, gerindo, conjuntamente com a equipa, práticas de cuidados potencialmente comprometedoras para a segurança, privacidade ou dignidade do cliente.

“B1 - Desempenha um papel dinamizador no desenvolvimento e suporte das iniciativas estratégicas institucionais na área da governação clínica”

Realizamos uma apresentação sobre a plataforma informática “Notific@”, com o intuito de promover a adesão dos profissionais à notificação de acidentes ou incidentes nas instituições de saúde. A sua aplicação permitirá a melhoria da qualidade da prática profissional em termos de prevenção de acidentes.

“B2 - Concebe, gere e colabora em programas de melhoria contínua da qualidade”

Além da plataforma Notific@, participamos na avaliação e realização do relatório do Plano Local de Saúde (PLS), ganhando competência na pesquisa de indicadores de saúde na plataforma informática Sistema de Informação da Administração Regional de Saúde (SIARS), execução de gráficos e tendências lineares no programa excel, bem como a leitura e interpretação dos dados observados.

Recolhemos informação para o relatório de epidemiologia, nomeadamente as doenças de notificação obrigatória, por forma a estabelecer o perfil epidemiológico atual e observando a evolução deste, nomeadamente no que se refere aos três últimos anos.

“B3 - Cria e mantém um ambiente terapêutico e seguro”

Integrada na equipa da USP, nas deslocações ao CDP, fomentamos um ambiente seguro, adequado ao bem-estar dos clientes e gerimos o risco envolvendo a família e clientes no processo terapêutico. Gerimos adequadamente os recursos para promover uma prestação de cuidados seguros, não descurando a proteção de dados e registos.

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“C1 - Gere os cuidados, otimizando a resposta da equipa de enfermagem e seus

colaboradores e a articulação na equipa multiprofissional”

Ainda no CDP, esteve sempre presente a nossa postura de disponibilidade total, colaborando com toda a equipa no processo da tomada de decisão, garantindo a segurança e qualidade das tarefas delegadas, supervisionando e avaliando os cuidados prestados.

“C2 - Adapta a liderança e a gestão dos recursos às situações e ao contexto visando a

otimização da qualidade dos cuidados”

Fizemos uma gestão eficaz e eficiente dos recursos disponíveis adequados às necessidades dos cuidados, introduzindo inovações sempre que possível com o intuito de promover a qualidade dos cuidados.

“D1 - Desenvolve o autoconhecimento e a assertividade”

Identificamos os fatores que poderiam interferir entre o cliente e equipa, gerindo situações de conflito, intervindo e atuando na instituição de relações terapêuticas e multiprofissionais.

“D2 - Baseia a sua praxis clínica especializada em sólidos e válidos padrões de conhecimento”

Colaborámos na realização e apresentação da sessão de formação sobre o sistema informático Notific@, que foi posteriormente apresentado aos coordenadores das unidades funcionais do ACeS, agindo como facilitador nos processos de aprendizagem e como agente ativo no campo da investigação, de modo a favorecer o desenvolvimento de habilidades e competências dos profissionais de saúde.

Estas foram as competências comuns aos enfermeiros especialistas que tivemos oportunidade de desenvolver no estágio na USP e que em muito contribuíram para nos capacitar, obtendo ganhos em conhecimentos e destreza na resolução de situações específicas. As competências específicas do EEECSP, que agora se explanam, resumem o nosso envolvimento no decorrer do estágio.

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“G2 - Contribui para o processo de capacitação de grupos e comunidades”

Participámos na avaliação e realização do PLS, assim como executamos a leitura e interpretação dos dados observados, avaliando programas de intervenção no âmbito da prevenção, proteção e promoção da saúde em diferentes contextos.

“G3 - Integra a coordenação dos programas de saúde de âmbito comunitário e na consecução dos objetivos do plano nacional de saúde”

Na avaliação e realização do PLS, participámos na monitorização das atividades constantes dos programas de saúde conducentes do plano nacional de saúde (PNS), de modo a obter ganhos em saúde.

“G4 - Realiza e coopera na vigilância epidemiológica de âmbito geodemográfico”

No CDP, em clientes referenciados com diagnóstico de tuberculose, foi realizada pesquisa de contactos com o objetivo de quebrar a cadeia epidemiológica. Recolhemos informação para o relatório de epidemiologia, nomeadamente as doenças de notificação obrigatória, por forma a estabelecer o perfil epidemiológico atual e observando a evolução deste, nomeadamente no que se refere às últimas três doenças que ocorreram numa determinada área geodemográfica.

O estágio desenvolvido na USP permitiu-nos um crescimento pessoal enquanto futura EEECSP, foi uma experiência enriquecedora, pois tivemos oportunidade de aplicar os conhecimentos de epidemiologia, estatística, informática, e demais ramos das ciências sociais. Facilitou a compreensão das políticas públicas de saúde local, operacionalizando as estratégias definidas pelas estruturas de saúde local, regional e nacional, pelo que consideramos ter compreendido a importância da visão sistemática e multidisciplinar que envolve a prática de saúde pública, não descurando a necessidade do planeamento em saúde, como importante pilar da saúde pública.

Apraz-nos afirmar que foi um processo de crescimento individual e profissional que culminou numa aprendizagem no âmbito da enfermagem comunitária, tanto a nível teórico como prático, contribuindo para o aperfeiçoamento e mudança de comportamentos e uma maior abertura para novas iniciativas, no sentido da melhoria contínua da qualidade dos cuidados prestados.

(41)

3.

E

NQUADRAMENTO

T

EÓRICO

No decorrer do estágio, foram desenvolvidas várias competências, transversais a todas as especialidades,assim como as específicas ao EEECSP. Aquela que, decerto modo, nos exigiu mais esforço, foi a competência que estabelece com base na metodologia do planeamento em saúde, a avaliação do estado de saúde de uma comunidade, que se desenvolve em várias fases sequenciais e que permitiu construir um projeto de intervenção na comunidade “Risco de queda: capacitar para prevenir”, devidamente fundamentado em literatura relativamente recente.

3.1. Envelhecimento e independência funcional

As questões sobre o envelhecimento e suas implicações a nível físico e mental são preocupações que têm acompanhado o ser humano desde sempre, no entanto, são mais evidentes nos últimos dois séculos, fruto do desenvolvimento científico e social. Outrora, o mais comum era morrer antes de envelhecer, o envelhecimento não merecia, então, a atenção de todos. Atualmente, o interesse pela problemática referente às pessoas idosas cresce em todas as sociedades e as implicações do envelhecimento da população trazem novos desafios, sendo que o primeiro deles passa por definir uma idade biológica para determinar o início da velhice. Convencionou-se para os países desenvolvidos que esta seria aos 65 anos e aos 60 anos para os países em desenvolvimento (Cunha, 2006). Assim sendo, na opinião de Spirduso (2005), idoso refere-se à pessoa mais velha, isto é, com idade superior ou igual a 65 anos. Este autor classifica o idoso por grupos etários em: idoso jovem, cuja idade é compreendida entre os 65 e os 74 anos; idoso, com idade compreendida entre os 75-84 anos; idoso-idoso, com idade compreendida entre 85-99 anos; e muito idoso, todo aquele com mais de 100 anos. Farinatti (2008), citando a OMS (1995), considera: idoso, aquele cuja idade é compreendida entre os 60-74 anos; velho, com idade compreendida entre 75-90 anos; e grandes-velhos, com mais de 90 anos.

Em Portugal, 20% da população portuguesa tem mais de 65 anos (Pordata, 2017). Não existe qualquer norma específica, considerando-se pessoas idosas indivíduos com 65 ou mais anos.

No entanto, os 65 anos de idade já não podem ser, por si só, ser indicador de velhice, devendo ter-se em conta que o envelhecimento deve ser entendido como um processo individual e

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diferenciado, variável de pessoa para pessoa e resultante de fatores a que cada um esteve sujeito ao longo da sua vida (Zimerman, 2005).

O envelhecimento representa, nos últimos anos, um dos maiores desafios para a sociedade moderna, facto que se deve ao aumento da percentagem de pessoas com idade avançada um pouco por todo o mundo, sobretudo nos países industrializados (Zimerman, 2005), e onde Portugal não é exceção, pois conforme o censos 2011 (INE, 2012), o aumento da população idosa e a redução da população jovem, que se tem verificado nos últimos anos, agravada na última década, confirmam este fenómeno. A população residente em Portugal cresceu cerca de 2%, situando-se em 10 561 614, distribuída por 15% da população no grupo etário mais jovem (0-14 anos) e cerca de 19% no grupo dos mais idosos, com 65 ou mais anos de idade. O índice de envelhecimento da população é de 141, o que significa que por cada 100 jovens existem atualmente 141 idosos (INE, 2014).

Segundo dados relativos a projeções de População Residente 2012-2060, em Portugal, divulgados pelo INE (2014), entre 2012 e 2060, esperam-se alterações da estrutura etária da população, resultando num continuado e forte envelhecimento demográfico. O índice de envelhecimento aumentará de 131 para 307 idosos por cada 100 jovens.

O envelhecimento da população está relacionado com vários fatores provenientes de diferentes causas, tais como a diminuição da natalidade, o aumento da esperança média de vida (envelhecimento demográfico), a diminuição da mortalidade e o aumento dos fluxos migratórios. O aumento da esperança média de vida deve-se à melhoria das condições sociais e tecnológicas, ao avanço da ciência e tecnologia na medicina, ao investimento na prevenção da doença, nomeadamente vacinas e à EpS, que permitem reduzir a taxa bruta de mortalidade, e ao combate à doença com a descoberta de novos medicamentos e novas formas de tratar em saúde (Zimerman, 2005).

Na opinião de Osório (2007) e Cardão (2009), o envelhecimento não é apenas um processo demográfico, é também um processo que assume vários aspetos biológicos, psicológicos e sociais. O envelhecimento é um processo normal, pessoal e progressivo, que determina uma fase da vida onde se verificam fenómenos de mudanças físicas, biológicas e psicológicas que resultam da passagem do tempo, e onde se vai percebendo que as capacidades da pessoa vão diminuindo, reduzindo os seus hábitos de vida, as rotinas diárias, as capacidades físicas e as atividades da vida diária (AVDs). O envelhecimento não se reduz a perdas, mas sim, a uma

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conjugação permanente entre as modificações biológicas, psicológicas e sociais (Cardão, 2009).

Frequentemente, observam-se mitos, crenças e ideias pré-concebidas relacionadas com o envelhecimento. A mais frequente, e talvez com maior impacto, é a ideia de que o envelhecimento é sempre acompanhado por deterioração mental e física, doença e incapacidade, podendo conduzir a dependência física, perda de autonomia, doenças e respetivas sequelas, declínio funcional, perda de autonomia, isolamento social e estados depressivos. Mas nem sempre o envelhecimento é sinónimo do referido, podemos encontrar pessoas idosas totalmente independentes e autónomas, com grande capacidade de desempenhar as suas AVDs e de estabelecer relações sociais que lhe garantem uma boa qualidade de vida (QV) (Paschoal, 2004). A QV é condicionada pela capacidade em manter a autonomia e independência (Oliveira, Oliveira, Arantes & Alencar, 2010). Se é certo que a velhice não é sinónimo de doença, é certo também que o envelhecimento pode dar origem a uma diminuição da capacidade de adaptação e resposta às variadas solicitações criadas ao idoso. Pela sua vulnerabilidade, os idosos estão sujeitos a adoecer com mais facilidade, as doenças crónicas existentes limitam e conduzem à perda da capacidade funcional e perda de autonomia, podendo levar a uma maior dependência (Rebelatto & Morelli, 2004; Squire, 2005), pelo que a tendência habitual é a de aliar o envelhecimento a questões como dependência, independência e autonomia (Rebelatto & Morelli, 2004). A dependência resulta do aparecimento de uma limitação, que impede a atividade em termos da funcionalidade, e que surge de um processo patológico ou acidente (Sequeira, 2010), é considerada a condição em que se encontra determinada pessoa atendendo à falta ou perda de autonomia física, psíquica ou intelectual, que resultou ou exacerbou-se por doença crónica, demência orgânica, sequelas pós-trauma, deficiência, doença grave e/ou incurável em fase avançada, ausência ou escassez de apoio familiar ou de outra natureza, não conseguindo sozinha executar as AVDs (artigo 3º do capítulo I do decreto-lei nº 101/2006, de 6 de junho).

Muitos dos receios que as pessoas têm do envelhecimento surgem da forma como a sociedade entende a velhice. É fundamental auxiliar a população idosa a adaptar-se ao envelhecimento como um processo normal e às alterações e dificuldades que dele possam emergir (Imaginário, 2008). O envelhecimento deve ser encarado como uma etapa positiva da vida onde as pessoas idosas devem caminhar no sentido de obter e/ou prolongar a vida com autonomia e independência e, sempre que possível, sem doenças associadas (Sequeira, 2010).

(44)

Lemos e Medeiros (2006), consideram que a independência se caracteriza pela competência em sobreviver sem ajuda. Os autores são ainda da opinião que a autonomia resulta da capacidade de autossuficiência, associada à liberdade individual, privacidade e livre escolha, realizando de forma independente as suas atividades básicas de vida diária (ABVD) como: alimentar-se, uso da casa de banho, arranjar-se, vestir-se, tomar banho, deambular, transferir-se, subir e descer escadas, controlo intestinal e vesical (DGS, 2011).

Nas situações em que os idosos não sejam capazes de realizar as suas ABVD de modo autónomo, pode ocorrer a necessidade de apoios de âmbito institucional. Este apoio, proporciona uma maior segurança e descanso no cuidar do idoso com algum défice de autonomia, capacidade funcional ou outro, com grande impacto no seio familiar, aliviando as famílias da preocupação do cuidar.

Os efeitos das mudanças resultantes do envelhecimento, associadas muitas vezes, a condições habitacionais inapropriadas, são alguns dos fatores que contribuem frequentemente para a ocorrência de acidentes domésticos, nomeadamente as quedas, o que de algum modo, pode contribuir para a dependência física do idoso com necessidade de cuidados em instituições, designadamente em centos de dia ou outras (Buskman et al., 2008). As quedas e as suas consequências podem ter um enorme impacto na independência funcional e na QV do idoso (Peel, Bartlett & McClure, 2007).

3.2. Quedas nos idosos

Nos próximos 50 anos, e segundo Luzio, Garcia, Benzinho e Veiga (2011), citando a OMS (2002), o número de indivíduos com mais de 65 anos vai duplicar, com o consequente aparecimento de numerosas doenças associadas ao envelhecimento. Em Portugal, verifica-se um expressivo envelhecimento populacional, e as quedas e lesões daí resultantes constituem um problema de saúde pública com grande impacto na sociedade (Buskman et al., 2008). As quedas nos idosos tornam-se acontecimentos frequentes, atendendo à deterioração natural do organismo com evidentes alterações fisiológicas e psicológicas, muitas delas em simultâneo.

A queda é o mais importante e frequente acidente doméstico que acontece com os idosos e a principal etiologia de morte acidental em indivíduos com idade superior a 65 anos (Buskman et al., 2008). São uma das principais causas de mortalidade e morbilidade do idoso, mas podem ser diagnosticadas, podem igualmente ser prevenidas e, assim, reduzir a morbilidade e

Imagem

Figura 1. Etapas do projeto de intervenção “Risco de queda: capacitar para prevenir”
Tabela 3.  Medicamentos  Ansiolíticos  hipnóticos e anti-psicóticos  Anti-depressivos  Anti-hipertensivos  Anti-colinérgicos  Diuréticos;  Anti-arritmicos  Hipoglicemiantes  Anti-inflamatórios não-hormonais  Fonte: Adaptado de Maciel, 2010
Figura 2. Intervenção multifatorial
Figura 3. Modelo estruturante para a conceção e operacionalização da LpS  (Adaptado de Saboga-Nunes, 2014, p.7)
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Referências

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