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Florestas urbanas em Natal, RN: florística, conectividade e viabilidade de um jardim botânico

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Academic year: 2021

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FLORESTAS URBANAS EM NATAL, RN:

FLORÍSTICA, CONECTIVIDADE E VIABILIDADE DE UM

JARDIM BOTÂNICO

KATARINE MARIA FREIRE DIESEL

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS

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ii MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO

UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM CIÊNCIAS AGRÁRIAS - UAECIA ESCOLA AGRÍCOLA DE JUNDIAÍ - EAJ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FLORESTAIS

FLORESTAS URBANAS EM NATAL, RN: FLORÍSTICA, CONECTIVIDADE E VIABILIDADE DE UM JARDIM BOTÂNICO

KATARINE MARIA FREIRE DIESEL

Macaíba/RN Fevereiro de 2018

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iii KATARINE MARIA FREIRE DIESEL

FLORESTAS URBANAS EM NATAL, RN: FLORÍSTICA, CONECTIVIDADE E VIABILIDADE DE UM JARDIM BOTÂNICO

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Ciências Florestais (Área de Concentração em Ciências Florestais - Linha de Pesquisa: Biodiversidade, Conservação e uso dos Recursos Genéticos Florestais).

Orientador: Prof. Dr. Leonardo de Melo Versieux

Coorientadora: Profa. Dra. Adriana Rosa Carvalho

Macaíba/RN Dezembro de 2018

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iv Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Rodolfo Helinski - Escola Agrícola de Jundiaí - EAJ

Diesel, Katarine Maria Freire.

Florestas urbanas em Natal, RN: florística, conectividade e viabilidade de um jardim botânico / Katarine Maria Freire Diesel. - 2018.

85f.: il.

Dissertação (Mestrado)Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Unidade Acadêmica Especializada em Ciências Agrárias - UAECIA. Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais, Macaíba, RN, 2018.

Orientador: Prof. Dr. Leonardo de Melo Versieux. Coorientador: Profa. Dra. Adriana Rosa Carvalho.

1. Áreas verdes urbanas - Dissertação. 2. Checklist -

Dissertação. 3. Conservação - Dissertação. 4. Disposição a Pagar Dissertação. 5. Stepping stones - Dissertação. I. Versieux, Leonardo de Melo. II. Carvalho, Adriana Rosa. III. Título. RN/UF/BSPRH CDU 630*2

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v

FLORESTAS URBANAS EM NATAL, RN: FLORÍSTICA, CONECTIVIDADE E VIABILIDADE DE UM JARDIM BOTÂNICO

KATARINE MARIA FREIRE DIESEL

Dissertação julgada para obtenção do título de Mestre em Ciências Florestais (Área de Concentração em Ciências Florestais - Linha de Pesquisa: Biodiversidade, Conservação e uso dos Recursos Genéticos Florestais) e aprovada pela banca examinadora em 27 de fevereiro de 2018.

Banca Examinadora

________________________________________________ Prof. Dr. Leonardo de Melo Versieux

UAECIA/UFRN Presidente

________________________________________________ Prof. Dra. Alice de Moraes Calvente Versieux

UAECIA/UFRN Examinador interno

________________________________________________ Prof. Dra. Fernanda Antunes Carvalho

PPGSE/UFRN

Examinador externo ao programa

________________________________________________ Prof. Dr. Rubens Teixeira de Queiroz

Universidade Federal da Paraíba – UFPB Examinador externo à instituição

Macaíba/RN Fevereiro de 2018

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DEDICATÓRIA

_____________________________________________________________________ De modo muito especial, à minha mãe, Maria das Dores Freire (in memoriam), dedico todo o meu caminhar até aqui. A pessoa que me ensinou tudo que sou. Sei que espiritualmente ela vai estar sempre comigo, me guiando, me protegendo eternamente. Dedico, também, aos meus sobrinhos, José Miguel e Maria Júlia, que apresentaram um amor que desconhecia, e as minhas irmãs Lygia e Lydia, pelo afeto constante.

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vii

AGRADECIMENTOS

_____________________________________________________________________

Às minhas irmãs, Lygia e Lydia, agradeço pela compreensão, confiança, apoio, carinho e amor que sempre tiveram por mim. Ao meu pai, John Diesel, que apesar de tudo, é grande responsável por tudo que sou... AABC. Ao meu cunhado, Bruno, por está sempre pronto a ajudar, por ser alguém que esteve ao meu lado.

À minha tia Maria da Penha, meus tios Antônio, Manuel, Francisco e Luiz, pela presença constante, força, apoio, e carinho nos momentos mais importantes da minha vida. As minhas primas Naira, Samara, Kaliane, Juliana, Lilian, Janaína, Eveline, pelo carinho e amor por mim. Saibam que vocês são especiais, amo vocês. A todos os outros primos, que são muitos, saibam que são aqui lembrados e estão em meu coração. Amo vocês! Também, meus padrinhos Karina e Ciro, por estarem sempre disponíveis a me ajudar, amo vocês.

Aos amigos que o mestrado me proporcionou: Sarinha, Aécio, Netinho, e Kyvia... quero vocês para a vida toda. Às amigas Larissa, Deilany, Alany e Glecinha pelo carinho de sempre, apesar da distância.

A família LABOTs: Mariana, Eduardo, Mayara, Gabriel, Edi, Arthur, Anderson, Valdeci, Pâmela... ensinando que conhecimento é para ser partilhado. Muito obrigada. Agradeço, também, ao Alan Roque, pelo apoio e colaboração no Capítulo I.

À minha coorientadora, Professora Adriana Carvalho, agradeço pela partilha de conhecimentos e confiança. Muito obrigada.

Ao Professor Leonardo de Melo Versieux, pela orientação e compreensão, pelo exemplo de pessoa, sou muito grata por tudo.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais e ao CENA/USP, na pessoa da Professora Adriana Martinelli, por oferecer a estrutura para a realização da pesquisa.

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viii SUMÁRIO _____________________________________________________________________ APRESENTAÇÃO ... 1 RESUMO ... 2 ABSTRACT ... 3 INTRODUÇÃO GERAL ... 4 LITERATURA CITADA ... 7

CAPÍTULO 1: COMPOSIÇÃO FLORÍSTICA E SUGESTÕES PARA A CONSERVAÇÃO ENTRE RESERVAS URBANAS NA MATA ATLÂNTICA NO NORDESTE BRASILEIRO ... 10

INTRODUÇÃO ... 12

MATERIAL E MÉTODOS ... 13

Descrição da área de estudo ... 13

Coleta de dados ... 15

Análise dos dados ... 16

RESULTADOS ... 17

CONCLUSÕES ... 25

LITERATURA CITADA ... 27

ANEXOS ... 31

CAPÍTULO 2: PERCEPÇÃO AMBIENTAL SOBRE OS FRAGMENTOS FLORESTAIS URBANOS E VIABILIDADE DE CRIAÇÃO DE UM JARDIM BOTÂNICO EM NATAL (RN) ... 48

INTRODUÇÃO ... 50

MATERIAL E MÉTODOS ... 52

Descrição da área de estudo ... 52

Coleta de dados ... 52

Análise dos dados ... 54

RESULTADOS ... 54

Características dos entrevistados ... 54

Percepção das áreas verdes urbanas, revelada pela população: ... 55

Disposição a pagar (DAP) para a criação de um jardim botânico na cidade de Natal ... 57

Entendimento dos servidores públicos municipais e estaduais em torno das ZPAs . 59 Intenção de um jardim botânico em Natal, RN, junto à apresentação de cenários para os fragmentos urbanos aplicando a metodologia de Exposição de Escolha Discreta ... 59

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ix

CONCLUSÕES ... 63

LITERATURA CITADA ... 65

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 68

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x

LISTA DE FIGURAS

_____________________________________________________________________

CAPÍTULO 1

Figura 1. Município de Natal, com destaque para localização das Zonas de Proteção Ambiental 1, 2 e 5 na porção centro-sul do município. ... 15 Figura 2. Famílias botânicas mais representativas no levantamento florístico das ZPAs 1, 2 e 5, na cidade de Natal - RN. ... 18 Figura 3. Composição geográfica para as zonas de proteção em estudo, de acordo com a classificação de Cabrena & Willink (1980). ... 20 Figura 4. Diagrama de Venn representando o compartilhamento de espécies vegetais entre as ZPAs em estudo. ... 21 Figura 5. Área proposta para projeto de conexão entre as ZPAs 1, e 5 por corredores verdes utilizando a malha viária da cidade de Natal - RN. ... 22

CAPÍTULO 2

Figura 1. Importância ambiental dos fragmentos urbanos declarados pelos entrevistados (grupo 1). ... 56 Figura 2. Percentual de entrevistados (grupo 1) que tinha conhecimento ou não que os fragmentos amostrados pertenciam às Zonas de Proteção Ambiental. ... 56 Figura 3. Percentual de intenção de um jardim botânico em Natal, RN, com sugestão de local (grupo 1). ... 57 Figura 4. Porcentagem das escolhas de cenários* propostos para as ZPAs em estudo, utilizando o método de Exposição de Escolha Discreta (grupo 1). ... 57 Figura 6. Porcentagem das escolhas de cenários* propostos para as ZPAs em estudo, utilizando o método de Exposição de Escolha Discreta (grupo 2). ... 60

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xi

LISTA DE TABELAS

_____________________________________________________________________

CAPÍTULO 1

Tabela 1. Características das Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) no estudo. Fonte: ANUÁRIO NATAL (2016). ... 14 Tabela 2. Padrões de distribuição geográfica determinada e fundamentado nos Domínios e Províncias Biogeográficas de Cabrera & Willink (1980), categorizados no estudo. ... 17 Tabela 3. . Total de famílias, gêneros e espécies de Angiospermas para as Zonas de Proteção Ambiental 1, 2 e 5 e total de espécies ameaçadas e raras. ... 19 Tabela 4. Espécies de Angiospermas com ocorrência nas Zonas de Proteção Ambiental 1, 2 e 5 - Natal, RN, Brasil. Hábito: arv - árvore; arb - arbusto; her - herbácea; lia - liana; par - parasita. (*) Espécies na lista de ameaçadas de extinção; (**) Espécies raras; (+) Espécies ruderais... 33

CAPÍTULO 2

Tabela 1 – Cenários hipotéticos para as ZPAs 1, 2 e 5, expostos à população e aos gestores. ... 53 Tabela 2. Justificativas para não contribuir para na criação de jardim botânico... 58 Tabela 3. Valores apontados de Disposição a Pagar (grupo 1), a partir da contribuição do IPTU. ... 58 Tabela 4. As decisões e mudanças relativas ao uso e conservação das Zonas de Proteção 1, 2 e 5 dos gestores municipais e estaduais (grupo 2). ... 59

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1

APRESENTAÇÃO

_____________________________________________________________________ A presente dissertação foi construída a partir da análise de fragmentos florestais urbanos em Natal, e da observação de descaso quanto à conservação dos mesmos. Aqui se buscou lançar luz sobre tais áreas, tanto do ponto de vista florístico até a percepção que a população tem de tais espaços, concluindo com a sugestão de possíveis conexões entre os fragmentos e uma proposta para a criação de um jardim botânico para a cidade. A dissertação encontra-se organizada em dois capítulos na forma de artigos científicos.

O primeiro capítulo refere-se ao artigo “Composição florística e sugestões para a conservação entre reservas urbanas na Mata Atlântica no Nordeste brasileiro”, preparado para submissão à revista “Landscape and urban planning”. O trabalho teve como objetivo caracterizar a composição vegetal de remanescentes florestais que se inserem em três Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) de Natal (RN), elaborando um catálogo florístico atualizado para os fragmentos e sugerindo medidas de conservação.

O segundo capítulo, o artigo “Percepção ambiental sobre os fragmentos florestais urbanos e viabilidade de criação de um jardim botânico em Natal (RN)”, organizado para ser submetido à revista Rodriguésia - Revista do Jardim Botânico do Rio de Janeiro – teve como objetivo investigar a percepção e importância dos fragmentos urbanos florestais que pertencem a três ZPAs do município, juntamente com uma pesquisa de interesse em se criar um jardim botânico em Natal.

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2

RESUMO

_____________________________________________________________________ A relevância das áreas verdes urbanas para a cidade de Natal, junto à observação de negligência com esses espaços, motivou a presente pesquisa, que está estruturada em dois capítulos com objetivos principais de (1) apresentar uma listagem florística atualizada para três Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) do município e propor a conexão dessas áreas utilizando corredores verdes, e (2) investigar o entendimento da população, bem como dos servidores públicos da área ambiental, acerca das áreas verdes da cidade e as suas avaliações sobre a possibilidade de se ter um jardim botânico (JB) no município, utilizando a metodologia de Exposição de Escolha Discreta e a ferramenta de Valoração de Contingente, aplicando o método de Disposição a Pagar. O levantamento florístico registra um grande número de espécies, equivalentes a cerca de um terço da flora total do Estado. A proposta de conexão inclui uma área aproximada de 2.000 ha, compreendendo sete bairros da zona Sul da cidade. A população concorda com a proteção dos fragmentos florestais urbanos, embora grande parte desconheça sua proteção formal ou a legislação pertinente, o que em parte explica o fato de tais áreas serem subutilizadas ou pouco protegidas, na prática. Cerca de 94% da população entrevistada se mostrou favorável a implantação de um JB em Natal, sendo o bairro de Ponta Negra o mais citado (21%) para recebe-lo. A maioria dos entrevistados concordam com as hipóteses de doação direta ou doação de parte do IPTU para se manter e criar o suposto JB, indicando uma demanda por áreas verdes conservadas e que possam ser desfrutadas pela comunidade.

Palavras-chave: áreas verdes urbanas; checklist; conservação; Disposição a Pagar;

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ABSTRACT

_____________________________________________________________________ The present research was motivated due to the importance of urban green areas for the city of Natal, where we observe that such spaces are being neglected. This work is structured in two chapters with the main objectives of (1) to presente an updated floristic checklist for three Environmental Protection Areas (EPAs) of the city, and to propose to connect such áreas with green corridors; and (2) to investigate the understanding of the population, as well as environmental public agents, about the green areas of the city and how they evaluate the possibility of having a botanical garden (BG) in the municipality, by the use of the Discrete Choice methodology, and the Contingent valuation, applying the Willingness to Pay method. The floristic survey registers a great number of species, equivalent to about a third of the total flora of the State. A proposal of connection include an approximate area of 2,000 ha, comprising seven neighborhoods of the South zone of the city. The population agrees with protection of urban forest fragments, although a large part is unaware of its protection or relevant legislation, which partly explains why such areas are underutilized or poorly protected, in practice. About 94% of the population interviewed favor the implantation of a BG in Natal, and the Ponta Negra neighborhood was the most cited (21%). Most interviewees agree on hypotheses of direct donation or donation from municipalities taxes to maintain the creation of a possible BG, indicating a demand for conserved green areas that can be enjoyed.

Key words: checklist; conservation; Discrete Choice; stepping stones; urban green

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INTRODUÇÃOGERAL

_________________________________________________________________

No processo de expansão das cidades, ordinariamente, os ambientes naturais são fragmentados, isolados e degradados (HADDAD et al., 2015). Tais transformações, além de modificarem a paisagem e o fornecimento de serviços ecossistêmicos ao ambiente, afetam a qualidade de vida da população, inclusive os índices de violência urbana e indicadores de saúde (NIEMELÄ, 2014; JANSSON, 2012). Consideradas como componente essencial no planejamento das cidades, as áreas verdes urbanas, apresentam incontáveis benefícios, positivamente afetando o clima, infiltração e reabastecimento do lençol freático, redução da poluição do ar, de ruídos, entre outros, que justificam a preservação e manutenção desses espaços para uma maior integridade ecológica no meio urbano (WOLCH, BYRNE, NEWELL, 2014).

Em Natal, a capital e maior cidade do Estado do RN, ainda há em sua malha urbana expressivos fragmentos florestais, atingindo 2156 hectares (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA & INPE, 2014), grande parte deles incluídos em Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs), as quais são consideradas áreas protegidas pelo Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – PNAP (Decreto 5758 de 13.04.2006) e estabelecidas pelo plano diretor do município (Lei Municipal n° 082/2007). As ZPAs são definidas como áreas nas quais as características do meio físico restringem o uso e ocupação, visando à proteção, manutenção e recuperação dos aspectos ambientais, ecológicos, paisagísticos, históricos, arqueológicos, turísticos, culturais, arquitetônicos e científicos (NATAL, 2007). Apesar de não serem unidades de conservação no senso estrito da Lei Federal do SNUC (Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000), demandam por um monitoramento rigoroso, sobretudo por de abrigarem aquíferos subterrâneos que abastecem a cidade, cuja qualidade é diretamente afetada pela presença de uma cobertura vegetal bem preservada.

No entanto, mesmo com tamanha importância, o que se observa são situações de descaso. De forma geral, as áreas verdes em Natal não se encontram efetivamente conservadas, sendo negligenciadas pelo poder público. Nas ZPAs, por exemplo, são citados conflitos pela titularidade e posse da terra, modificando o regime de ocupação de solo (DUARTE, 2011; STF, 2011), queimadas, deposição de lixo e entulho, e introdução de espécies exóticas. Percebe-se, também, um aparente desconhecimento da população sobre a importância de tais áreas, no que se refere aos propósitos de sua criação e importância. Esse descuido com as áreas verdes urbanas se estende à falta de cuidado em outros espaços livres, como praças, parques e áreas públicas de lazer. A própria arborização urbana ainda é um assunto ainda pouco estudado e caracterizado no RN.

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5 Estudos que proporcionem o reconhecimento dos ambientes naturais urbanos, do ponto de vista socioambiental, podem indicar estratégias que atenuem os impactos negativos do crescimento das cidades e cumprir princípios garantidos na Constituição Federal, que garante a todos o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (Art. 225).

Ao se tratar de áreas verdes urbanas, desenvolver modelos que permitam a conectividade entre essas áreas, são artifícios para conservar a biodiversidade e incentivar a permeabilidade e regeneração desses ambientes (BATISTA, 2016). Iniciativas que promovam a utilização da vegetação nativa em espaços livres (ruas, avenidas, canteiros centrais) auxiliam o fortalecimento desses corredores verdes urbanos, assim como os jardins domésticos, caso sejam enriquecidos de espécies nativas, também o podem fazer (TÂNGARI, 2015). Nesse sentido, uma população que conheça sua flora e os valores da vegetação local, acaba por participar e exigir mais dos gestores e desenvolver um maior interesse pelas espécies locais, que possam a ser cultivadas e apreciadas. Entretanto, o uso de espécies nativas em áreas públicas ou privadas do RN é pequeno (VERSIEUX et al., 2015).

Em países mais desenvolvidos, o urbanismo e paisagismo vêm sendo discutidos buscando a integração de jardins públicos e privados, projetos de arborização urbana com espécies nativas locais e paisagismo sustentável para praças e outros espaços públicos (GODDARD et al., 2010). Alguns inventários feitos em jardins privados vêm indicando tais áreas como refúgios, locais de nidificação de aves, forrageamento, sendo um importante abrigo (DAVIES et al., 2009).

Encorajar uma melhor utilização dos espaços livres e áreas verdes em Natal nos parece essencial, especialmente por meio de instituições dedicadas à conservação da biodiversidade. Para isso, a educação da população é imprescindível, as informações básicas como a composição florística local, estão ausentes ou desatualizadas na pouca literatura disponível. A complexidade dos valores e das concepções que as comunidades inseridas sobre um determinado ambiente possuem refletem nas transformações e na conservação do meio e podem ser considerados pontos de apoio para estratégias de gestão ambiental (BALRAM & DRAGIĆEVIĆ, 2005).

Partindo dessas observações, constata-se que Natal não possui um jardim botânico (PEREIRA & COSTA, 2010) e que a criação de um poderia afetar muito positivamente a cidade. Tais instituições fazem o elo entre a teoria e a prática, envolvendo em pesquisas sobre a documentação e usos da biodiversidade local, além de contribuir com pesquisas de conservação e preservação da diversidade biológica,

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6 da flora em particular, de importância e manutenção dos serviços ecossistêmicos, e divulgando as espécies em si, passando a ser conhecidas pela população (KRISHNAN & NOVY, 2016; WILLISON, 2006). Outro ponto importante refere-se ao potencial que os jardins botânicos possuem no desenvolvimento do turismo sustentável, com impactos positivos na economia local, em média os jardins botânicos do Rio de Janeiro e do Recife recebem 600 mil e 113 mil visitantes por ano, respectivamente (JORNAL DO COMMERCIO, 2015; JBRJ, 2008).

Tendo em vista a carência do estado em instituições que forneçam orientações ao desenvolvimento científico-educativo sobre plantas para a população, faz-se necessário sugerir e estudar a viabilidade de criação de um jardim botânico, frente a existência de fragmentos vegetais urbanos, muitas vezes ameaçados. Conceber um jardim botânico para a cidade seria uma maneira eficiente de despertar e estimular a consciência crítica da população em relação à importância das plantas como um todo e proporcionando a proteção e conservação dos recursos naturais locais e preservação das paisagens, tão importantes para a indústria do turismo. Neste trabalho será dado o primeiro passo nesse sentido, ao se avaliar se a população tem interesse e conhece a importância das áreas verdes e jardins botânicos, além de buscar sugestões de área para a implementação de um, em Natal.

Nesse cenário, a presente dissertação de mestrado foi estruturada em dois capítulos que têm como objetivos principais: 1. Caracterizar a composição florística de remanescentes florestais que se inserem em três Zonas de Proteção Ambiental da porção sul de Natal, elaborando um catálogo florístico atualizado para os fragmentos; e propor a conexão dessas áreas utilizando corredores verdes; 2. Conhecer a percepção dos habitantes sobre as áreas verdes urbanas que pertencem às ZPAs, tanto pela população de Natal, como gestores de órgãos ambientais do município, propondo novos cenários para essas áreas, entre eles a criação de um jardim botânico para a cidade. Com essa organização do macro para o micro, estamos partindo do cenário da paisagem e suas comunidades de plantas, apresentando novas prospectivas e por fim propondo uma ligação entre esses blocos através de corredores.

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LITERATURACITADA

_____________________________________________________________________ BALRAM, Shivanand; DRAGIĆEVIĆ, Suzana. Attitudes toward urban green spaces: integrating questionnaire survey and collaborative GIS techniques to improve attitude measurements. Landscape and Urban Planning, v. 71, n. 2, p. 147-162, 2005.

BATISTA, Marcia Nogueira; SCHLEE, Monica Bahia; BARRA, Eduardo; TÂNGARI, Vera Regina. A Vegetação Nativa no Projeto Paisagístico. Rio Books, 2016.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 292 p. 1988.

BRASIL. Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas. Decreto 5.758, de 13 de abril de 2006, 2006.

DAVIES, Zoe G. et al. A national scale inventory of resource provision for biodiversity within domestic gardens. Biological Conservation, v. 142, n. 4, p. 761-771, 2009. DUARTE, Marise Costa de Souza. Espaços especiais urbanos: desafios à efetivação dos direitos ao meio ambiente e à moradia. Rio de Janeiro: Observatório das

metrópoles, 2011.

FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA; INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE). Atlas dos remanescentes florestais da Mata Atlântica: período

2012-2013. São Paulo, 2014. Disponível em:

<http://mapas.sosma.org.br/site_media/download/> Acesso em 03 abr. 2017.

GODDARD, Mark A.; DOUGILL, Andrew J.; BENTON, Tim G. Scaling up from gardens: biodiversity conservation in urban environments. Trends in Ecology & Evolution, v. 25, n. 2, p. 90-98, 2010.

HADDAD, Nick M. et al. Habitat fragmentation and its lasting impact on Earth’s ecosystems. Science Advances, v. 1, n. 2, p. 01-09, 2015.

JBRJ - Jardim Botânico do Rio de Janeiro : 1808-2008 / [Organizado por] Instituto de

Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. - Rio de Janeiro, 2008.

JORNAL DO COMMERCIO, 2015. Jardim Botânico do Recife recebeu cem mil visitantes em 2014: Área verde, com 10,25 hectares de mata atlântica, fica no Curado

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8 e tem a função de preservar espécies da flora e também da fauna nativa. 10 mar. 2015. Disponível em:

<http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cidades/cienciamambiente/noticia/2015/03/10/jar dim-botanico-do-recife-recebeu-cem-mil-visitantes-em-2014-171513.php>. Acesso em: 12 nov. 2017.

KRISHNAN, S.; NOVY, A. The role of botanic gardens in the twenty-first century. CAB

Reviews, N. 23. 2016.

NATAL. Câmara Municipal. Lei Complementar nº 082, de 21 de junho de 2007. Dispõe sobre o Plano Diretor de Natal e dá outras providências. Natal, 2007. Disponível em <https://www.natal.rn.gov.br/semurb/paginas/File/InstrOrdSearch/24_Plano_Diretor.pdf >Acesso em 30 de mar. 2017.

NIEMELÄ, Jari. Ecology of urban green spaces: The way forward in answering major research questions. Landscape and Urban Planning, v. 125, p. 298-303, 2014.

PEREIRA, Tânia Sampaio; COSTA, Maria Lúcia M. Os Jardins Botânicos brasileiros: desafios e potencialidades. Ciência e Cultura, v. 62, n. 1, p. 23-25, 2010.

STF. “Ministério Público tenta suspender efeitos de decisão do TJ-RN”, 2011. Disponível em:

<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=172721>, acesso em: mai. 2017.

TÂNGARI, Vera Regina. Planos urbanos de integração de áreas verdes, sistemas de espaços livres e arborização viária. In: Batista, M.N., Schlee, M.B., Barra, E. & Tângari, V.R. (Eds.) A vegetação nativa no planejamento e no projeto paisagístico. Rio de Janeiro: FAU/UFRJ e Rio Books, pp. 153‒191, 2015.

VERSIEUX, L.M; MORAIS, Ana Karenina de; MACÊDO, Bruno Rafael Morais de. O potencial das espécies da caatinga para uso no planejamento e projeto paisagístico. In: Batista, M.N., Schlee, M.B., Barra, E. & Tângari, V.R. (Eds.) A vegetação nativa no planejamento e no projeto paisagístico. Rio de Janeiro: FAU/UFRJ e Rio Books, pp. 193‒248, 2015.

WILLISON, Julia. Education for sustainable development: Guidelines for action in botanic gardens. Richmond: Botanic Gardens Conservation International, 2006.

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9 WOLCH, Jennifer R.; BYRNE, Jason; NEWELL, Joshua P. Urban green space, public health, and environmental justice: The challenge of making cities ‘just green enough’.

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CAPÍTULO1

_____________________________________________________________________

Composição florística e sugestões para a conservação entre reservas urbanas de Mata Atlântica em Natal-RN, Nordeste brasileiro

(22)

11

Composição florística e sugestões para a conservação entre reservas urbanas na Mata Atlântica no Nordeste brasileiro

Katarine Maria Freire Diesel1,2*

Programa de Pós-Graduação em Ciências Florestais da UFRN/ EAJ/ Macaíba, Brasil¹; Departamento de Botânica e Zoologia da UFRN/Natal, Brasil².

*autor para correspodência, katarinediesel@gmail.com

RESUMO

Considerando a relevância das áreas verdes urbanas para a cidade de Natal e a importância da continuidade arbórea para a biodiversidade desses locais, o presente trabalho apresenta uma listagem florística atualizada para três Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) desse município, e propõe a conexão dessas áreas utilizando corredores verdes. Um grande número de registros é reportado, 382 espécies em 243 gêneros distribuídas em 77 famílias, equivalentes a cerca de um terço da flora total do Estado. A proposta conexão transcorre por uma área de aproximadamente 2.000 ha, compreendendo sete bairros da zona Sul da cidade.

Palavras-chave: áreas verdes urbanas; conservação; stepping stones.

Floristic composition and suggestions for conservation in urban reserves in the Atlantic Forest in Northeast Brazil

ABSTRACT

The relevance of the urban green areas to the city of Natal and the importance of trees continuity for the biodiversity of these places justify the present study presents an updated floristic listing for three Environmental Protection Areas (EPAs) of this municipality, and proposes the connection of these areas using green corridors. A large number of records are reported, 382 species in 243 genera distributed in 77 families, equivalent to about one third of the total flora of the state. The proposed connection extends an area of approximately 2,000 ha, comprising seven neighborhoods in the Southern part of the city.

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12

INTRODUÇÃO

A perda de ambientes naturais estimulada pelo processo de urbanização interfere na diminuição dos serviços ecossistêmicos vitais para uma vida sustentável dentro das cidades. A permanência de fragmentos florestais urbanos é importante para a resiliência da paisagem, fornecendo serviços como a estabilização do microclima, a atenuação do fluxo de águas pluviais, o controle da erosão, a provisão de habitats, a manutenção das águas subterrâneas, como também benefícios recreativos, de saúde e estéticos aos cidadãos (JANSSON, 2012). Tais serviços e valores vêm ganhando cada vez mais importância e destaque em pesquisas, uma vez que estimativas apontam que 80% da população mundial, até 2030, será urbana (GODDARD et al., 2010; DEARBORN & KARK, 2010; NILON et al., 2017).

Natal, a capital e maior município do estado do Rio Grande do Norte, no Nordeste brasileiro, é a 15º cidade no ranking nacional das maiores cidades, com 877.662 habitantes (IBGE, 2017). Apesar de não se enquadrar como uma metrópole, demanda por atenção na gestão dos seus fragmentos florestais urbanos, bem como de suas áreas verdes. Construída sobre um grande manancial subterrâneo resultante da formação estrutural do aquífero Dunas-Barreiras, 65% da população da cidade dependem de abastecimento oriundo de águas subterrâneas, que são diretamente afetadas pela cobertura vegetal do solo (CABRAL et al., 2009; RIBEIRO & SABÓIA, 2013).

Entretanto, Natal figura como uma das piores capitais da região Nordeste em termos de arborização urbana (IBGE, 2010), e percebe-se um descaso generalizado do poder público e/ou da população com praças, parques, áreas verdes e terrenos urbanos, que em geral não possuem projeto paisagístico, tampouco recebem manutenção, tornando-se locais de acúmulo de lixo e entulho (obs. pessoal). Além disso, observar-se frequentemente o corte e a remoção de árvores ou eliminação de jardins, que são cobertos por pavimentação ou apenas com grama.

Se por um lado o espaço confinado entre dunas e o mar levou a um crescimento desordenado e ao desmatamento, o município ainda dispõe de alguns fragmentos de vegetação natural de tamanhos expressivos na malha urbana, muito relacionado às dez Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs), resultado da política urbana e ambiental definida pelo plano diretor da cidade, Lei Municipal n° 082/2007 (NATAL, 2007), sendo áreas nas quais as características do meio físico restringem o uso e ocupação do solo urbano, visando à proteção, manutenção e recuperação dos aspectos paisagísticos, históricos, arqueológicos e científicos.

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13 As ZPAs ocupam 36,8% da superfície do município, e apesar de não integrarem o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC (Lei Federal nº 9.985, de 18 de julho de 2000) – são reputadas como unidades de conservação ambiental e determinadas áreas protegidas pelo Plano Estratégico Nacional de Áreas Protegidas – PNAP (Decreto 5758 de 13.04.2006), demandando proteção, especialmente considerando seus papéis na recarga do aquífero subterrâneo.

Mesmo com a criação de leis específicas para as ZPA, não há garantias da manutenção dos aspectos socioambientais das mesmas, sobretudo pela titularidade das áreas, já que grande parte são privadas, muitas se tornam vulneráveis a especulação imobiliária, ou até mesmo mal vistas pela população, que desconhece seus serviços ambientais e as vêem apenas como local onde são depositados resíduos ou que podem oferecer riscos à segurança, por não serem monitoradas ou vigiadas (DUARTE, 2011).

Nesse sentido, tendo em vista a importância das áreas verdes urbanas para Natal e a importância da continuidade arbórea para a biodiversidade desses locais, o presente trabalho tem como objetivos: caracterizar a composição vegetal de remanescentes florestais que se inserem em três ZPAs da cidade, elaborando um catálogo florístico atualizado para os fragmentos; e sugerir medidas de conservação, a conexão dessas áreas utilizando corredores verdes, visto que o município de Natal se situa no hotspot da Mata Atlântica, já reduzida e quase que eliminada no RN (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA & INPE, 2014), e também contribuir para o conhecimento se sua da flora, uma vez que é o estado com menor número de registros no país (1222 spp.) (BFG, 2015).

MATERIALEMÉTODOS

Descrição da área de estudo

Foram consideradas três Zonas de Proteção Ambiental que contemplam nove bairros no município de Natal/RN: ZPA1 (5°50'51.03" S e 35°13'58.06" O), que corresponde ao campo dunar com cobertura vegetal nativa fixadora, regulamentada pela Lei Municipal Nº 4.664, de 31 de julho de 1995, a ZPA2 (5°49'1.28" S e 35°11'34.59" O), que compreende o Parque Estadual das Dunas de Natal e área contígua na Avenida Engenheiro Roberto Freire e Rua Dr. Solon de Miranda Galvão, regulamentada pela Lei Estadual Nº 7.237, de 22 de novembro de 1977, e a ZPA5 (5°52'32.10" S e 35°11'31.85" O) que se refere ao um ecossistema de dunas fixas e lagoas (região da Lagoinha), regulamentada pela Lei Municipal Nº 5.665, de 21 de junho de 2004 (Tabela 1 e Figura 1).

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14 As três ZPAs são próximas, a distância entre elas em linha reta não é superior a 3 km (medições de borda a borda). Duas Unidades de Conservação incluem-se dentro das ZPAs, o Parque Natural Municipal Dom Nivaldo Monte (5°51’4,08” S e 35°13’40,85” W), inserido dentro da ZPA1, compreende uma área de 136,54 ha (19,41% da área total da ZPA), criado com o objetivo principal de preservar os mananciais subterrâneos e preservar o ecossistema característico do campo dunar. A outra UC é o Parque Estadual Dunas do Natal Jornalista Luiz Maria Alves (05º 48' 45" S e 35º 11' 35" W), a primeira Unidade de Conservação Ambiental implantada no Estado do RN (Decreto Estadual nº 7.237 de 22/11/1977), destacando o objetivo de garantir a preservação e conservação dos ecossistemas naturais, que compreende quase em totalidade a área da ZPA2. A ZPA5 não inclui nenhum parque.

Tabela 1. Características das Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) no estudo. Fonte: ANUÁRIO NATAL (2016).

ZPAs Área (ha)

Área ZPA/ Superfície do município (%)

Bairros envolvidos Importância de criação

1 703,39 4,17 Cidade Nova, Candelária e Pitimbu

Área essencial para recarga do aquífero subterrâneo, que garante a demanda de água potável da cidade, além de proteção da flora e fauna das dunas.

2 1093,98 6,41

Mãe Luíza, Tirol, Nova Descoberta, Lagoa Nova, Capim Macio e Ponta Negra.

Diversidade de flora, fauna e das belezas naturais, importante unidade de conservação destinada a fins educativos, recreativos, culturais e científicos, além de colaborar para manutenção da qualidade das águas superficiais.

5 191,06 1,13 Ponta Negra

Complexo de dunas e lagoas, que constitui uma relevante área de recarga das águas subterrâneas.

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15

Figura 1. Município de Natal, com destaque para localização das Zonas de Proteção Ambiental 1, 2 e 5 na porção centro-sul do município.

Coleta de dados

Os dados florísticos foram obtidos principalmente a partir do levantamento dos registros já depositados no herbário UFRN e consulta aos bancos de dados de outros herbários on-line (SpeciesLink, 2017). Foram usadas palavras-chaves com nomes das ZPAs ou de localidades internas às ZPAs, tradicionalmente visitadas por botânicos, nas buscas em herbários virtuais: ZPA1: Zona de Proteção Ambiental 1, Parque da Cidade; ZPA2: Parque das Dunas, Projeto Parque das Dunas; ZPA5: Zona de Proteção Ambiental 5, ZPA Lagoinha, APA Capim Macio. Ressalta-se que no caso das coletas de W. São-Matheus para a ZPA5 o coletor referiu-se a área como APA de Capim Macio, razão pela qual esse foi um termo de busca (W. São-Matheus, com. pessoal, 2017). A partir desse levantamento prévio, notou-se um pequeno número de registros para a ZPA5 (apenas 26 spp.). Sendo assim, essa área foi alvo de quatro coletas aleatórias, nos meses outubro e novembro de 2016, e setembro e novembro de 2017, seguida de procedimentos de herborização, identificação e inclusão no herbário da UFRN. Para a ZPA1, foram feitas duas visitas com novas coletas de material botânico e registros fotográficos na porção sul do Parque da Cidade.

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16 A partir deste levantamento, foram consultadas literaturas com intuito de se comparar as listagens. Apenas nomes de espécies com voucher depositados em herbários, e confirmados quanto à sua identificação, foram incluídos. Todos os nomes foram checados quanto à sinonímias, grafia e autoria usando-se a Lista de Espécies da Flora do Brasil (http://floradobrasil.jbrj.gov.br) para espécies e APG IV (2016) para famílias, e ao final se obteve uma lista compilada dos dados de campo ou herbário para as três ZPAs, todas com material testemunho.

Análise dos dados

Como medidas ou sugestão à conservação foi consultada a Portaria n. 6 de 23 de setembro de 2008 do Ministério do Meio Ambiente para se definir táxons ameaçados de extinção, o Livro Vermelho da Flora do Brasil (MARTINELLI & MORAES, 2013), e adicionalmente, foi conferida quais espécies são listadas como raras (GUILIETTI, 2009).

Todas as espécies foram categorizadas em um padrão de distribuição geográfica, definido e fundamentado nos Domínios e Províncias Biogeográficas (CABRERA & WILLINK, 1980), em que foram considerados os padrões: Contínuas (amplas ou restritas), Disjuntos e Restritos (Tabela 2.). O sistema de classificação da vegetação compreendeu apenas o território brasileiro.

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17

Tabela 2. Padrões de distribuição geográfica determinada e fundamentado nos Domínios e Províncias Biogeográficas de Cabrera & Willink (1980), categorizados no estudo.

CONTÍNUAS RESTRITAS DISJUNTAS

Amplas Restritas Ocorrendo em todos os biomas brasileiros; Ocorrendo em dois ou três domínios biogeográficos; Distribuídas apenas em uma província; Apresentaram um isolamento evidente em sua distribuição espacial, através de uma barreira física ou

geográfica (no presente estudo a

barreira foi caracterizada pela

vegetação).

As espécies foram classificadas quanto ao hábito (árvore, arbusto/subarbusto, lianas, ervas), e se são consideradas ruderais, de acordo com a listagem de Lorenzi (2006). O checklist florístico de cada zona de proteção foi comparado, com auxílio de ferramentas do Microsoft Excel aplicando a tabela dinâmica, com o propósito de identificar similaridades entre os conjuntos.

Indicações para combinações de possíveis corredores verde, empregando vias de acesso, áreas livres públicas e privadas, com qualidade para manter e restaurar a conectividade dos fragmentos foram analisadas sobre os mapas e por visitas in loco.

RESULTADOS

O conjunto de dados para todas as Zonas de Proteção Ambiental apresentou um total de 382 espécies em 243 gêneros distribuídas em 77 famílias (Tabela 3) As famílias mais expressivas estão descritas na Figura 2. O número de espécies classificadas como herbáceas (43,19%; 165 spp.) foi quase que análogo ao número de espécies arbóreas/arbustivas (42,67%; 183 spp.).

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18

Figura 2. Famílias botânicas mais representativas no levantamento florístico das ZPAs 1, 2 e 5, na cidade de Natal - RN.

Na listagem, a classificação dos padrões de distribuição geográfica, determinado por Cabrena & Willink (1980), grande maioria das espécies foram categorizadas como contínuas restritas (73,82%; 282 spp.), seguindo por restritas (12,3%; 47 spp.), contínuas amplas (11,26%; 43 spp.) e disjuntas (2,62%; 10 spp.) (Figura 3), e quanto a classificação da composição florística, a Província que mais partilhou táxons foi a Atlântica (382 spp.), seguido por Caatinga (85,07%; 325 spp.), Cerrado (81,41%; 311 spp.), e Amazônia (47,46%; 182 spp.) (Tabela 4). Fabaceae 21% Poaceae 7% Rubiaceae 6% Myrtaceae 6% Euphorbiaceae 3% Asteraceae 3% Cyperaceae 3% Convolvulaceae 3% Malvaceae 3% Bignoniaceae 2% Apocynaceae 2% Malpighiaceae 2% Orchidaceae 2% Polygalaceae 2% Turneraceae 2% Outraas (62) 35%

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19 Na ZPA1, 264 espécies em 190 gêneros distribuídas em 65 famílias são listadas (Tabela 3), com maior número nas famílias Fabaceae (19,69%; 52 spp.), Poaceae (6,06%; 16 spp.), Rubiaceae (5,68%; 15 spp.), e Myrtaceae (4,54; 12 spp.). As espécies classificadas como ruderais registrou um percentual de 20,07% (53 spp.), e são listados sete táxons ameaçados de extinção, e três raros. Com relação ao hábito, não houve predominância entre espécies herbáceas e arbóreas/arbustivas, os valores são análogos, com 42,80% (113 spp.) e 42,05% (111 spp.), respectivamente. Na classificação de distribuição geográfica, a maioria das espécies é categorizada como contínua restrita (73,73%; 192 spp.), seguido por restrita (13,25%; 35 spp.), contínua ampla (11,36%; 30 spp.) e disjuntas (2,65%; 7 spp.) (Figura 3).

Tabela 3. . Total de famílias, gêneros e espécies de Angiospermas para as Zonas de Proteção Ambiental 1, 2 e 5 e total de espécies ameaçadas e raras.

ZPAs FAMÍLIAS GÊNEROS ESPÉCIES AMEAÇADAS ESPÉCIES ESPÉCIES RARAS RUDERAIS ESPÉCIES

1 65 190 264 7 3 53

2 66 197 271 7 2 45

5 34 59 67 1 0 11

VALOR TOTAL 77 243 382 7 3 68

FAMÍLIA ESPÉCIES AMEÇADAS ZPAs

1 2 5

Asteraceae Aspilia procumbens Baker x x

Asteraceae Stilpnopappus cearensis Huber x x x

Bromeliaceae Cryptanthus zonatus (Vis.) Beer x x

Burseraceae Protium heptaphyllum (Aubl.) Marchand x x

Cactaceae Melocactus violaceus Pfeiff. x x

Fabaceae Paubrasilia echinata (Lam.) E. Gagnon, H.C. Lima & G.P. Lewis x x

Orchidaceae Cattleya granulosa Lindl. x x

ESPÉCIES RARAS

Acanthaceae Aphelandra nuda Nees x x

Euphorbiaceae Ricinus communis L. x

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20

Figura 3. Composição geográfica para as zonas de proteção em estudo, de acordo com a classificação de Cabrena & Willink (1980).

Para a ZPA2 são listadas 268 espécies em 190 gêneros distribuídas em 66 famílias (Tabela 3), sendo que Fabaceae é a mais representativa (20,14%; 54 spp.), seguida de Poaceae (7,46%; 20 spp.), Myrtaceae (5,22%; 14 spp.), e Rubiaceae (5,22%; 14 spp.). O percentual de espécies ruderais é de 16,72% (45 spp.), sete táxons são listados como ameaçados de extinção, e dois como raros. O número de espécies classificadas como arbóreas/arbustivas (47,39%; 127 spp.) é um pouco superior ao de herbáceas (40,3%; 108 spp.) e, na classificação da composição geográfica, sobressaíram-se as espécies categorizadas como contínuas restritas (74,63%; 200 spp.), seguidas pelas restrita (11,94%; 32 spp.), contínuas amplas (10,44%; 28 spp.) e disjuntas (2,98%; 8 spp.) (Figura 3).

A ZPA5 lista 67 espécies em 59 gêneros distribuídos em 34 famílias (Tabela 3), onde mais de um terço são de Fabaceae (34,32%; 23 spp.), as demais famílias registram de uma a três espécies. Do conjunto, 16,41% (11 spp.) são classificadas como ruderais, um táxon ameaçado de extinção, e com relação ao hábito, o número de espécies herbáceas (43,28%; 29 spp.) é um pouco superior às arbóreas/arbustivas (40,3%; 27 spp.). A maior parte das espécies é categorizada como contínuas restritas (76,12%; 51 spp.) na classificação de distribuição geográfica, as demais como contínuas amplas (11,94%; 8 spp.), restritas (8,95%; 6 spp.) e disjuntas (2,98%; 2 spp.) (Figura 3).

Comparando a listagem catalogada para as três zonas de proteção, verifica-se uma maior semelhança florística entre a ZPA1 e ZPA2, compartilhando 154 táxons, mais da metade da composição (58,33% na ZPA1; 57,46% na ZPA2). Na lista da ZPA5, a maior parte é de espécies registradas na também nas ZPA1 (77,61%; 52spp.)

0 50 100 150 200 250 300 350 400 450

ZPA1 ZPA2 ZPA5 TOTAL

ZPA1 ZPA2 ZPA5 TOTAL

contínuas restritas 192 200 51 282

restritas 35 32 6 47

contínuas amplas 30 28 8 43

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21 e ZPA2 (73,13%; 49 spp.). O total de espécies compartilhadas pode ser visto na Figura 4. Das 38 espécies que são comuns as três áreas, sete são da família Fabaceae.

Figura 4. Diagrama de Venn representando o compartilhamento de espécies vegetais entre as ZPAs em estudo.

Foram observadas nas adjacências de todas as ZPAs situações de descaso, por deposição de resíduos e ocupação do solo (Figura 6A e B). A ZPA2 é a área de maior extensão legalmente protegida, porém observam-se regiões degradadas e antropizadas, como o trecho de tabuleiro litorâneo descaracterizado, sob a guarda do 7º Batalhão de Infantaria, ao longo da Avenida Eng. Roberto Freire (Figura 6C, D). Na ZPA5 não há estrutura ou informação que identifique a área como uma zona de preservação. Aqui testemunhamos a insegurança do local, onde há assaltos e incêndios, além de acúmulo de resíduos e degradação do ambiente (Figura 6E, F, G), principalmente no entorno da lagoa de captação que foi invadida por algumas famílias e carroceiros que ali depositam resíduos.

A Figura 5 indica a possibilidades de conexões por corredores verdes entre as áreas de vegetação natural que pertencem às zonas de proteção em estudo e com a malha viária da cidade, tomando os canteiros centrais de ruas e avenidas, trevos e rotatórias de vias públicas, bem como praças, jardins públicos e privados, apresentando oportunidade de ligação dos fragmentos e de um maior contato da sociedade com espécies nativas da região fora do ambiente protegido.

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22 Entre as ZPAs 1 e 2, citamos possíveis conexões entre os bairros de Candelária, Capim Macio, Lagoa Nova e Nova Descoberta. As ligações entre fragmentos florestais que pertencem as ZPAs 2 e 5, podem ocupar os bairros de Capim Macio e Ponta Negra. Um trecho importante encontra-se entre as ruas Historiador Fausto de Souza e José Mauro de Vasconcelos, onde já há um espaço livre não edificável, como área verde, que ligaria diretamente as duas ZPAs (Figura 7B). Nas ZPAs 1 e 5, as conexões podem ocorrer entre os bairros de Capim Macio, Neópolis e Pitimbu.

Desta forma, a proposta de conectar as ZPAs transcorre por uma área de aproximadamente 2.000 ha (Figura 5), compreendendo sete bairros, Candelária, Capim Macio, Lagoa Nova, Neópolis, Nova Descoberta, Ponta Negra e Pitimbu, todos da região administrativa Sul, e funcionando como stepping stones, conectando ZPAs de maior com as de menores riquezas e proporcionando uma continuidade arbórea entre os fragmentos.

Figura 5. Área proposta para projeto de conexão entre as ZPAs 1, e 5 por corredores verdes utilizando a malha viária da cidade de Natal - RN.

DISCUSSÃO

A conservação dos remanescentes florestais urbanos que existem nas três ZPAs aqui analisadas é importante pelo fato de estarem inseridos no bioma Mata Atlântica,

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23 bioma florestal que dispõe de um dos mais altos graus de riqueza de espécies e em taxas de endemismo no planeta (BFG, 2015). Originalmente o município de Natal possuía 81% do seu território coberto pelo bioma, atualmente a porcentagem está limitada a 15% (FUNDAÇÃO SOS MATA ATLÂNTICA & INPE, 2014; BFG, 2015). Outro ponto importante está em ressaltar que a composição vegetal dessas áreas corresponde a cerca de um terço da flora registrada para todo o RN (BFG, 2015). A atualização dos dados florísticos apresentados para as três ZPAs poderá ser uma importante ferramenta para gestores públicos, uma vez que a riqueza de espécies de uma dada área é um dos critérios mais utilizados para se monitorar e desenvolver estratégias de manejo, sobretudo para as ZPAs, tendo em vista a ausência de informações sobre suas floras.

Para a ZPA1 há um guia de campo recentemente publicado com o levantamento de 110 espécies de angiospermas nas áreas do Parque da Cidade (MEDEIROS et al. 2016), categorizado como Parque Natural Municipal, uma UC de proteção integral, que corresponde a 19% da área total da zona de proteção. O presente trabalho acrescenta 154 espécies à listagem de Medeiros (2016), incluindo áreas vizinhas ao Parque da Cidade, na ZPA1. Outra importância da área é a de ser uma das principais fontes de recarga do aquífero Barreiras, manancial responsável por 70% da água usada no abastecimento do município (NATAL, 2008).

Para a ZPA2 há apenas o estudo florístico de Freire (1990), que relata para a área 264 espécies em 78 famílias no interior do Parque das Dunas, porém, comparando nossos dados com os do levantamento de Freire (1990), cabe ressaltar que algumas espécies ali apontadas não estão aqui incluídas, pela ausência de material-testemunho. Como incluímos em nosso catálogo apenas espécies confirmadas por vouchers, é de se supor que algumas das espécies listadas por Freire (1990) não possuem espécimes nas coleções consultadas, ou que os mesmos tenham se perdido. Informações pessoais do Prof. Adalberto Trindade (com. Pess. 2017) confirmam que parte do material coletado no Projeto Parque das Dunas, depositada no herbário UFRN, se perdeu no final da década de 1990. Alguns espécimes foram recentemente reencontrados (Versieux et al. 2017). Além disso, houve significativas mudanças taxonômicas (sinonímias) ou alterações nas próprias identificações. Por exemplo, todo o material identificado como Hohenbergia ramageana (Bromeliaceae) pela autora é agora identificado como H. ridleyi. Além disso, chama atenção para a ausência na referida listagem de espécies que são muito comuns dentro do Parque das Dunas, como o gênero Cryptanthus (Bromeliaceae) não citado anteriormente, mas uma das espécies mais notáveis crescendo sobre o foliço (Versieux et al. 2013). Vale ainda ressaltar que para o gênero Chamaecrista (Fabaceae), Freire (1990) cita apenas

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24 uma espécie, enquanto Queiroz & Loiola (2009) citam 10, incluindo quatro novas ocorrências para o estado. Tal observação indica que o esforço amostral de Freire (1990) não foi exaustivo e / ou que talvez tenha se limitado a alguns trechos dentro do que hoje conhecemos como ZPA2, apontando para a necessidade da UC Parque das Dunas ter um programa de incentivo e investimento na pesquisa e documentação da sua flora. Outra hipótese, seria que transcorrido quase 30 anos da elaboração do plano de manejo do Parque das Dunas, que serviu de base para a listagem de Freire (1990), essa comunidade esteja se enriquecendo de espécies. Todavia, os autores do Plano de Manejo de 1989 já indicavam que possivelmente muitas espécies seriam acrescidas à lista disponível, de 200 espécies identificadas, a depender de melhores identificações e de mais coletas de material encontrado apenas sem flores (RIO GRANDE DO NORTE, 1989).

A ZP5 foi a área com menores números de dados florísticos. Ela não foi alvo de estudos botânicos no passado e apresentou poucos espécimes nos herbários. Entretanto, o trabalho em campo aqui desenvolvido acrescentou 53 espécies a uma lista preliminar de 14 nomes disponíveis no herbário, o que representa um avanço no conhecimento deste fragmento. O remanescente florestal é dominado por vegetação arbustiva ou arbórea adensada, com poucos trechos abertos e o acesso a área é através das encostas de dunas, ficando a vegetação no topo de um morrote. A relevância da área para armazenamento e captação de água subterrânea com a manutenção da cobertura vegetal no local é relatada em diversos trabalhos (DE BRITTO COSTA et al., 2012; DE MELO SILVEIRA et al., 2013; REBOUÇAS, et al., 2015).

Na composição das espécies, verificou-se um significativo número de espécies da família Fabaceae, fato previsível, pois além de ser reputada entre as mais abundantes Eudicotiledôneas no Brasil, (GIULIETTI et al., 2005; ZAPPI, et al., 2015), é citada em grande número em estudos de áreas costeiras do Nordeste (VICENTE, 2014; SANTOS-FILHO et al., 2015; DE ALMEIDA JR et al., 2016; SERRA et al., 2016). Além da Fabaceae, Poaceae, Myrtaceae, Euphorbiaceae e Asteraceae foram famílias com números significativos na listagem, o que explica o não prevalecimento de um hábito nas vegetações, pois tais famílias dão amplitude em termos de formas de vida, desde pequenas ervas até árvores altas.

Mais um resultado esperado está na classificação dos padrões de distribuição geográfica, determinado por Cabrera & Willink (1980), onde a maioria das espécies é categorizada como contínuas restritas (espécies que ocorrem em mais de uma província). Uma vez que, a restinga é a vegatação que compõe as áreas das ZPAs em estudo, o resultado aponta para o caráter de espécies mais generalistas (RIZZINI,

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25 1997). Definidas como vegetação que cobre as planícies arenosas que datam do Quaternário, principalmente do Holoceno, considerada um ecossistema associado à Mata Atlântica, tal formação é um mosaico de comunidades de plantas, que vão desde tipos rastejantes a florestas (ZAMITH & SCARANO, 2006).

Outro ponto importante refere-se à conservação de espécies em vulnerabilidade. Na listagem atual sete táxons são referidos como ameaçados de extinção e três como raros. O que faz com que essas áreas se tornem prioritárias para ações e pesquisas voltadas para a gestão e planejamento da conservação na cidade (IVES et al., 2016). Vale ressaltar que o número de espécies compartilhadas entre as áreas não foi muito alto, o que reforça a importância de se conectar os fragmentos naturais que pertencem às zonas de proteção através de corredores verdes.

Em países mais desenvolvidos, o urbanismo e paisagismo vêm sendo discutidos buscando a integração de jardins públicos e privados, projetos de arborização urbana com espécies nativas locais e paisagismo sustentável para praças e outros espaços públicos (GODDARD et al., 2010), e pela nossa observação, este tipo de preocupação ainda pouco se manifestou em Natal, onde constatamos a negligência com a manutenção da vegetação no ambiente urbano. Os dados aqui apresentados podem se usados para melhor conservar e manter a conectividade das áreas verdes urbanas de Natal, que são cruciais para a qualidade ambiental da cidade, bem como a conservação da biodiversidade urbana (WARD et al., 2010; KONG et al., 2010).

CONCLUSÕES

O conjunto de dados apresentados revelou um total de 384 espécies vegetais nas três ZPAs analisadas, englobando áreas próximas entre si e sete bairros da zona Sul de Natal, número que representa um terço da flora registrada para todo o RN. Diante dessa realidade em um bioma altamente fragmentado, o trabalho propõe a criação de corredores verdes, ligando fragmentos naturais das três áreas analisadas, em escala de bairros. As constatações de má conservação causando uma descaracterização das áreas apontam para a necessidade de maior vigilância sobre as mesmas, além de se ampliar o conhecimento público e científico sobre a importância desses remanescentes para a cidade, sendo necessários estudos em regiões ainda pouco amostradas, sob maior pressão antrópica. No caso da UC mais antiga do RN, Parque das Dunas, concluímos que a listagem até então disponível encontrava-se profundamente desatualizada. A proposta apresentada de conexão dessas áreas, utilizando a malha viária da cidade, atuando como stepping stones conectando as três

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26 ZPAs, dependerá de ação e conscientização dos moradores e adoção de práticas de paisagismo sustentável, incluindo ao máximo espécies nativas.

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LITERATURACITADA

_____________________________________________________________________ APG IV. Allantospermum, Anarthriaceae et al. An update of the Angiosperm Phylogeny Group classification for the orders and families of flowering plants: APG IV. Botanical

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31 ANEXOS

Figura 6. Registros de situações de negligência com as ZPAs 1, 2 e 5, entre os meses de novembro de 2016 e setembro de 2017 (Fotos: L. Versieux; K. Diesel). Na ZPA1: Corte de madeira (A) e (B) e

C

A B

D

E G

(43)

32

deposição de entulho em área vizinha ao Parque da Cidade, Natal. Na ZP2: Área descampada localizada na lateral da Av. Roberto Freire, ocupada pelo 7º Batalhão de Infantaria e profundamente alterada (C) e (D). ZPA5: Imagem do incêndio que aconteceu em novembro de 2016 (E), e efeitos da queimada no interior da área após dois dias do incêndio; (G) praça sem manutenção vizinha à zona de proteção, indicando o potencial de áreas verdes próximas às ZPAs formarem uma conexão.

Figura 7. Registro de praças e áreas livres que abrangem as vias e conexões verdes entre as ZPAs (Fotos: K. Diesel). (A) Praça com área de lazer no cruzamento entre as ruas Praia de Grossos e Praia da Penha, bairro de Ponta Negra (5°52'42.86"S, 35°10'57.58"O); (B) Área verde, sem delineamento e manutenção, entre as ruas Historiador Fausto de Souza e José Mauro de Vasconcelos, bairro de Capim Macio (5°52'10.36"S, 35°11'15.30"O;); (C) Praça localizada as margens da Av. Governador Tarcisio de Vasconcelos Maia (5°50'33.63"S, 35°13'10.92"O), detalhe na manutenção vegetação; (D) Canteiro central da Rua Raimundo Chaves (5°49'51.06"S, 35°13'10.88"O), observando acúmulo de lixo e falta de capina.

A B

D C

Referências

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