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População Residente em Terras Indígenas: características básicas censitárias 1991 e 2000

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População Residente em Terras Indígenas: características básicas

censitárias 1991 e 2000

*(*)

Nilza de Oliveira Martins Pereira

IBGE/DEPIS

Antônio Carlos Florido

IBGE/DEAGRO

Marcos Zurita Fernandes

IBGE/DEAGRO

Introdução

As análises mais aprofundadas da população indígena nos censos demográficos sempre se respaldaram no critério da auto-identificação étnica. O conhecimento da área geográfica das Terras Indígenas utilizando as informações censitárias ainda não tinha sido objeto de estudos. O presente documento vem à luz com o propósito de revelar algumas características acerca da população residente nas referidas Terras, as quais, por conta de considerações operacionais, são reconhecidas pelo IBGE por Áreas Especiais de Divulgação. Por primeiro, há que se apresentar uma ressalva que tem fulcro em dois aspectos: um institucional; outro metodológico. Deste ressaltamos a preocupação com a qualidade do dado, tratado e divulgado cartográfica e estatisticamente pelo IBGE, o qual tem sua origem nos cadastros oficiais dos organismos detentores da informação referente, no caso em questão, a FUNAI – Fundação Nacional do Índio. Já aquele obedece aos procedimentos aplicados a todas as atividades geocartográficas do IBGE, em atendimento à sua função precípua, qual seja, a de representar em suas bases cartográficas e inserir em seus cadastros e banco de dados os continentes territoriais amparados pela respectiva documentação legal bastante. O fato de determinada Terra Indígena estar relacionada no cadastro FUNAI não implica em que esteja efetivamente nos cadastros do IBGE ou em seu banco de dados, tampouco representada em suas bases cartográficas, se não estiver amparada por Portaria Interministerial ou Decreto

* Trabalho apresentado no XIII Encontro da Associação Brasileira de Estudos Populacionais, realizado em Ouro Preto, Minas Gerais, Brasil de 4 a 8 de novembro de 2002.

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Presidencial de Homologação que faculte esta inserção. Este trabalho1 foi realizado para o Censo Demográfico de 1991, como também para o Censo Demográfico de 2000, e assim, todas as informações investigadas no questionário básico2 de cada censo

puderam ser geradas para a população residente nas Terras Indígenas. Evidentemente, e não poderia ser de outro modo e forma, há o corte temporal no âmbito de toda a pesquisa censitária, determinando o último momento no calendário ao qual todas as informações vinculadas estariam referidas, ainda que se considere o lapso entre a coleta do dado e sua posterior divulgação. Assim, aspectos notórios como legalização de territórios indígenas, redução ou ampliação de seus domínios, redefinição de limites, alteração de subordinação administrativa, são processos que, mesmo em curso, não seriam, como evidentemente não o foram, contemplados pela pesquisa censal e, por conta deste pormenor, resultariam na impossibilidade do cálculo de indicadores do período para o total de terras; entretanto, para aquelas que não sofreram essas alterações estes procedimentos poderiam ser realizados.

A associação dessas duas fontes de informações não é um trabalho simples; requer um conhecimento técnico minucioso das Terras, principalmente no tocante a sua localização e área geográfica, para as quais o georeferenciamento se faz necessário, como também, consiste num trabalho demorado. Os estudos realizados em determinadas Terras são muito importantes para essa consistência. Portanto, ainda que os resultados apresentados neste documento careçam desta consistência, certamente podem fornecer um panorama das características básicas, tais como: composição por sexo e idade e o nível de alfabetização da população residente nos territórios indígenas.

Os resultados aqui apresentados referem-se ao total das populações residentes nas Terras Indígenas do Brasil e do Estado do Amazonas. Como exemplo dos tipos de informações que no futuro poderiam ser fornecidas para cada grupo de Terras Indígenas foi selecionado um conjunto de Terras Ticuna, para as quais há, também, informações do Censo Demográfico de 1991 disponíveis. Este conjunto é formado pelas seguintes Terras: Ticuna Vui-uata-in, Betania, Camaleão, Bom Intento, São Leopoldo, Porto

1 Base operacional geográfica – BOG, trabalho realizado pela Diretoria de Geociências – DGC do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, através do Departamento de Estruturas Territoriais – DETRE.

2 Instrumento de coleta utilizado para o registro das características do domicílio e dos seus moradores, na data de referência, em cada unidade domiciliar ocupada. Nesse questionário constam as características gerais da população, tais como: sexo e idade.

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Espiritual, Santo Antônio, Lauro Sodré, Feijoal, Beruri, Uati-Paraná, Estrela da Paz, Macarrão, Evaré II, Evaré I, Umariaçu e Barreira das Missões.

Composição cadastral

A elaboração deste cadastro foi efetuada mediante a conjugação de informações que identificavam os setores censitários, através das Áreas Especiais e do tipo do setor, considerados especiais ou não. Uma Área Especial pode ser ou não um tipo de setor especial.

Uma informação importante deste cadastro para a referência 2000 seria a identificação dos tipos de Áreas Especiais, tais como posto indígena, reserva indígena, terra indígena, área indígena, colônia indígena e parque indígena. Acrescentadas a essas áreas especiais temos as aldeias, as quais podem ou não pertencer a estas áreas. As referidas aldeias3 são identificadas pelo tipo do setor. Para efeito de definição a Área Especial é a área legalmente definida, onde se objetiva a conservação ou preservação

da fauna, da flora e de monumentos culturais, a preservação do meio ambiente e de comunidades indígenas, estando subordinada a um órgão público ou privado, responsável por sua manutenção.

Desafios na obtenção das informações

Antes de relatarmos o comportamento das variáveis investigadas, no que se refere à composição por sexo e idade e ao seu nível de alfabetização, mencionaremos eventuais deficiências na coleta que constam dos relatórios de campo das Unidades Regionais do IBGE. Uma delas que merece atenção e está associada à consistência acima relatada é quanto ao deslocamento para áreas de difícil acesso. Algumas localidades, principalmente comunidades indígenas, o acesso do recenseador se faz apenas por via aérea. A migração de habitantes das Terras Indígenas para outras localidades não indígenas, ocorre em função da vazante dos rios. Quando a coleta

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coincidia com a época das festas, os recenseadores tinham dificuldade para entrar nas Terras. Os habitantes das terras Beruri, por exemplo, na época da coleta das informações censitárias se deslocaram para comunidades não indígenas em virtude de pouca água nos rios, conforme relato do coordenador estadual do censo no estado.

Uma outra questão relatada pelos coordenadores de sub-área referia-se ao entendimento dos quesitos e a assimilação dos conceitos, que em muitas vezes extrapolava a compreensão do próprio recenseador, dentre os quais, muitos eram indígenas, apresentando certo grau de dificuldade durante a entrevista, principalmente o fazer com que entendessem e respondessem corretamente. Algumas comunidades recebem estranhos ou indivíduos não indígenas com grande desconfiança e tudo o que possa significar intromissão em seu modo de vida não é bem vindo; principalmente quando são realizadas muitas perguntas. Uma das variáveis demográficas de mais difícil apreensão é a fecundidade. Os Yanomamis, como outros povos indígenas, respeitam os mortos a ponto de não poder menciona-los após os funerais, os quais constitui-se em rituais sagrados, cercados de muito respeito. As cerimônias fúnebres têm por traço cultural não comentar absolutamente nada sobre seus mortos. Após as cerimônias que procedem a um funeral, nada mais do falecido é lembrado ou comentado. Isto implica em grande dificuldade para a coleta convencional das informações, conseguindo-se, apenas, nome, sexo, idade e poucas características sobre moradia e instrução.

Os primeiros números das terras, segundo o Censo Demográfico 2000

O Censo Demográfico 2000, segundo a pesquisa do universo, contabilizou em torno de 350 mil pessoas residindo nas Terras Indígenas, dos quais 101 mil no Estado do Amazonas, e 37 mil pessoas para o conjunto dos Ticuna. Em termos percentuais, a população residente nas Terras Indígenas do Estado do Amazonas representava 28,8% do total da população indígena das Terras do país e os Ticuna, 37,1% das terras do estado. Os mais numerosos deste conjunto são os Ticuna Evaré I, com 9,3 mil habitantes, representando neste conjunto 25,0%.

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Composição da população residente nas Terras Indígenas por sexo

As razões de sexo que expressam o número de homens em relação ao de mulheres apresentaram como resultado um excedente de homens para os três segmentos populacionais (População residente nas Terras Indígenas: Brasil, Amazonas e conjunto Ticuna ).

Na comparação entre as razões de sexo calculadas para os segmentos populacionais de 1991 e 2000 foi observado que o número de mulheres aumentou com a redução da razão de 118,5 para 107,6%. Este comportamento pode ser compatível com uma sobremortalidade feminina muitas vezes observada entre populações indígena.

118,5 107,6 110,9 108,9 108,7 106,9

Total das terras indígenas -Brasil

Terras indígenas do Amazonas Terras indígenas Ticuna Razão de sexo da população residente nas terras inígenas

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96,5 113,1 108,5 105,5 106,1 102,7 95,1 80,0 107,6 110,8 112,0 100,6 111,1 117,7 114,2 112,3 114,0 0 20 40 60 80 100 120 Vui-uata-in Betania Camaleão Bom intento São Leopoldo Porto Espiritual Santo Antonio Lauro Sodré Feijoal Beruri Uati-Paraná Estrela da Paz Macarrão Evaré II Evaré I Umariaçu Barreira das Missões

Razão de sexo para o conjunto selecionado Ticuna - 2000

Composição da população residente nas Terras Indígenas por idade

No exame do contingente populacional residente em Terras Indígenas do Brasil, do Estado do Amazonas e para o conjunto de residentes nas Terras Ticuna o impacto da parcela de crianças e jovens é muito grande, enquanto a contribuição dos idosos é relativamente pequena. Este padrão é geralmente observado entre populações indígenas e se deve as altas taxas de natalidade e de mortalidade. Os maiores contingentes de crianças e jovens entre 0 e 14 anos dentro das Terras Ticuna foram encontrados nos territórios indígenas Macarrão (63,7%), e a população mais envelhecida (65 anos ou

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mais) atingindo 5,52%, foi verificada na Terra Indígena Bom Intento, revelando-se bem acima das demais Terras Indígenas brasileiras.

16,8 18,10 16,0 15,90 13,0 13,40 19,6 20,1 14,1 12,7 11,8 10,6 5,4 5,7 3,3 3,5

0 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 a 24 anos 25 a 34 anos 35 a 49 anos 50 a 64 anos 65 anos ou mais Proporção da população residente nas terras indígenas

por grupos de idade Brasil - 1991-2000 1991 2000 17,0 16,90 17,6 16,60 14,4 14,00 18,7 20,5 12,9 13,1 11,5 10,9 5,2 5,4 2,7 2,6

0 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 a 24 anos 25 a 34 anos 35 a 49 anos 50 a 64 anos 65 anos ou mais Proporção da população residente nas terras indígenas

por grupos de idade Amazonas - 1991-2000

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17,7 17,40 17,3 17,60 14,7 14,50 19,0 20,1 12,0 12,3 11,0 10,6 5,3 5,1 2,7 2,3

0 a 4 anos 5 a 9 anos 10 a 14 anos 15 a 24 anos 25 a 34 anos 35 a 49 anos 50 a 64 anos 65 anos ou mais Proporção da população residente nas terras indígenas

por grupos de idade

Terras indígenas Ticuna - 1991-2000

1991 2000

Um fato relevante que merece ser destacado consiste no elevado percentual de crianças de 0 a 4 anos, atingindo aproximadamente um quinto da população total residente nas Terras, com cifras semelhantes aos jovens entre 15 e 24 anos que estão concentrados nos 20%. Portanto, a proporção das pessoas até a idade de 24 anos de idade aproxima-se dos 70% da população total.

A sobrecarga dos jovens (0 a 14 anos) e idosos (65 anos ou mais) sobre a população adulta (15 a 64 anos), residente nas Terras Indígena do país, corresponde a 103,8%, onde os outros dois tipos de áreas possuem uma razão de dependência igual e superior a 100%, respectivamente. A relação existente entre as crianças de 0 a 14 anos com a população adulta (15 a 64 anos) é aproximadamente de uma criança para cada adulto. Quanto ao índice de envelhecimento os maiores foram encontrados nos territórios de Bom Intento (11,3%) e São Leopoldo (10,1%), explicando-se pelo elevado percentual de idosos.

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Total...103,8 96,6 7,2 7,4 No estado do Amazonas...100,2 95,1 5,1 5 4 Ticunas...107,4 102,6 4,8 4 6 Vui-uata-in... 98,0 92,7 5,3 5 7 Betania... 90,8 88,8 2,0 2 3 Camaleão... 117,3 109,2 8,1 7 4 Bom intento... 119,1 107,0 12,1 11,3 São Leopoldo... 95,8 87,0 8,8 10,1 Porto Espiritual... 125,0 116,9 8,1 6 9 Santo Antonio... 94,9 88,7 6,3 7 1 Lauro Sodré... 106,2 96,9 9,3 9 5 Feijoal... 112,1 105,9 6,2 5 9 Beruri... ... ... ... ... Uati-Paraná... 93,3 90,1 3,2 3 6 Estrela da Paz... 124,5 122,2 2,4 1 9 Macarrão... 180,7 178,9 1,8 1 0 Evaré II... 120,8 117,4 3,4 2 9 Evaré I... 109,1 103,5 5,6 5 4 Umariaçu... 106,9 100,5 6,5 6 4

Barreira das Missões... 99,1 94,2 4,9 5 1

Fonte: IBG E, C enso D em ográfico 2000.

Índice de envelhecimento (%) Razão de dependência total, das crianças, dos idosos e índice de envelhecimento da população residente em terras indígenas,

segundo tipo de área especial Brasil - 2000

Terras indígenas

Razão de dependência total, das crianças e dos idosos (%)

Total 0 a 14 anos 65 anos ou mais

, , , , , , , , , , , , , , , ,

Total = (((Pop 0-14 )+ (Pop 65+))/Pop 15-64) * 100 Das crianças = ((Pop 0-14 )/Pop 15-64) * 100 Dos idosos = ((Pop 65+)/Pop 15-64) * 100

Índice de envelhecimento = ((Pop 65+)/(Pop 0-14 )) * 100

Composição por sexo e idade

As pirâmides etárias tanto da população residente nas Terras Indígenas, tanto em 1991 quanto em 2000 apresentaram uma base muito larga e que estreita-se rapidamente, representando alta natalidade e mortalidade, com idade mediana baixa e elevada razão de dependência às custas dos jovens. O segmento populacional residente no total das Terras Indígenas levantados pelo Censo Demográfico de 2000 apresentou alargamento na base em relação ao Censo Demográfico 1991, apontando para um aumento da fecundidade na última década. Quando foram elaboradas as pirâmides etárias para a

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população residente nas Terras Indígenas do Estado do Amazonas, como também para o conjunto dos territórios Ticuna o mesmo padrão de comportamento foi observado.

Na avaliação dos resultados do Censo Demográfico de 1991, especificamente para a Região Norte, a proporção de mulheres indígenas entre 10 e 49 anos de idade que deixaram de responder aos quesitos de fecundidade do questionário (isto é, apresentaram informação ignorada em pelo menos um quesito do bloco) correspondeu a 49,5% para um total de 33,9 mil mulheres; portanto, um contingente relativamente pequeno que associado à elevada proporção de mulheres que apresentaram pelo menos um quesito sem declaração, inviabilizaria boas estimativas de fecundidade. A proporção de mulheres de 15 a 49 anos que deixaram de responder ao bloco de fecundidade, em função de pelo menos um quesito não ter declaração de informação, atingiu a aproximadamente um terço das mulheres indígenas, diferença que pode ser explicada pela dificuldade na captação da informação das meninas indígenas. O quesito de fecundidade, data de nascimento do último filho nascido vivo, é um dos que mais apresenta não-resposta, e é exatamente o que permite obter o padrão de fecundidade das mulheres, através dos nascimentos nos últimos 12 meses. Na maioria das vezes quando a mulher não declara o número de filhos nascidos vivos também não declara os sobreviventes. Como no Censo Demográfico de 1991, em função da forma parcelada4 para que a mulher informasse estes filhos, as chances aumentaram quanto à obtenção de quesitos sem declaração e, para um pequeno número de mulheres as estimativas ficariam comprometidas, como é o caso específico das mulheres indígenas.

4 Os quesitos de Fecundidade do questionário da amostra do censo Demográfico de 1991 eram: Filhos tidos(as) que moram no domicílio; Filhos tidos(as) que moram em outro domicílio e Filhos tidos(as) nascidos(as) vivos(as) que já morreram (não incluir filhos nascidos(as) mortos(as).

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Composição por sexo e idade individual

Total das terras indígenas - Brasil

0 10 20 30 40 50 60 70 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 1991 2000 Homens Mulheres

Terras indígenas - Amazonas

0 10 20 30 40 50 60 70 -2,5 -1,5 -0,5 0,5 1,5 2,5 1991 2000 Homens Mulheres

Terras indígenas - Ticuna

0 10 20 30 40 50 60 70 -2,5 -2 -1,5 -1 -0,5 0 0,5 1 1,5 2 2,5 1991 2000 Homens Mulheres

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Declaração da idade da população residente nas Terras Indígenas

Em 1991, na avaliação do grau de precisão das informações fornecidas pela população residente em Terras Indígenas quando se gerou a pirâmide com as idades individuais foram observadas pronunciadas saliências e reentrâncias produzidas pela preferência por dígitos terminais, principalmente no zero, acarretados em função de praticamente um terço dessa população não poder informar a data de nascimento, dentro dos padrões da pesquisa censitária. Elaborando esta mesma avaliação com as informações do Censo Demográfico 2000, a proporção de pessoas que declararam idade presumida foi sensivelmente reduzida para 12,56%. Não houve grande distinção entre a declaração por sexo, enquanto em 1991, as mulheres forneceram mais informações da idade através da data de nascimento; caso contrário foi registrado no Censo Demográfico 2000, no qual os homens apresentaram qualidade superior nas respostas.

Proporção da população residente nas Terras Indígenas por forma de declaração da idade

Brasil – 1991-2000 1991 Data de nascimento 73,69% Idade presumida 26,31% 2000 Idade presumida 12,56% Data de nascimento 87,44%

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As informações prestadas pela população residente nas Terras Indígenas, segundo as duas formas de declaração da idade, quer seja pela data de nascimento ou através da Idade presumida, para aqueles que não sabiam informar a data de nascimento para os três tipos de níveis geográficos mostram que a população residente nas Terras Ticuna apresentaram proporções elevadas de declarações mediante a data de nascimento, a exceção foi a Terra indígena Bom Intento com 19,2% que presumiram suas idades.

Nível de alfabetização da população residente nas Terras Indígenas

As escolas indígenas foram incorporadas ao sistema de ensino do país pelo Decreto da Presidência da República (N. 26/91), que transferia para o Ministério da Educação a responsabilidade e coordenação das iniciativas educacionais em Terras Indígenas. Nesta década novos horizontes foram abertos na educação escolar indígena e as informações censitárias permitiram analisar que as taxas de analfabetismo para as pessoas de 10 anos ou mais de idade residentes nestas Terras decresceram na última década. Em 1991, a taxa calculada para as pessoas de 10 anos ou mais de idade foi 55,05%, e em 2000, 43,24%, portanto, declinando em 21,46%. Quando se analisou o analfabetismo segundo o sexo, observou-se que a taxa para os homens atingiu 39,88%, enquanto para as mulheres foi superior (46,94%). Estas mesmas informações para as Terras Indígenas localizadas no Estado do Amazonas revelam que 53,0% das pessoas de 10 anos ou mais são analfabetos e para o conjunto das Terras Indígenas Ticuna a taxa de analfabetismo atingiu 50,8%.

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55,05 43,24 51,13 39,88 60,02 46,94

Total Homens Mulheres

Taxa de analfabetismo das pessoas de 10 anos ou mais de idade residentes nas terras indígenas por sexo

Brasil - 2000

1991 2000

Taxas de alfabetização e analfabetismo por grupos de idade

Nas taxas de alfabetização e de analfabetismo por grupos de idade observou-se que as gerações mais velhas apresentaram as maiores taxas de analfabetismo. Nas primeiras faixas etárias, em 2000, ficaram caracterizadas maiores oportunidades de alfabetização/ escolarização em comparação àquelas oferecidas há algumas décadas atrás. 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 (%) 10-14 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65+

Taxas de alfabetização e analfabetismo das pessoas de 10 anos ou mais de idade residentes nas terras indígenas

Brasil - 1991

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0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 (%) 10-14 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 60-64 65+

Taxas de alfabetização e analfabetismo das pessoas de 10 anos ou mais de idade residentes nas terras indígenas

Brasil - 2000

Taxa de alfabetização Taxa de analfabetismo

Comentários finais

Todas as considerações descritas neste documento representam um ponto de partida para se ter como referência de denominador o censo demográfico e, assim, como foi apresentado anteriormente, as estatísticas das variáveis investigadas nos censos possam servir de parâmetros para o entendimento da vasta bibliografia existente no campo dos estudos de povos indígenas. Ainda que possam existir eventuais restrições ao sistema de coleta, não existe melhor fonte de informações com abrangência geográfica nacional. No desenvolvimento dos estudos e análises com as informações censitárias, se pretende continuar elaborando os indicadores demográficos básicos para as demais Terras Indígenas, com procedimento idêntico apresentado para o conjunto Ticuna.

Referências Bibliográficas

IBGE_Diretoria de Geociências. Manual de delimitação dos setores do Censo Demográfico 2000.

IBGE_Diretoria de Geociências, Departamento de Cartografia. Manual de atualização de bases cartográficas para coleta do Censo Demográfico 2000. Julho, 1998.

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IBGE_DIPEQ/Amazonas, Fernando. S. V. Relatórios dos Coordenadores de Sub-área do Censo Demográfico 2000.

Povos indígenas no Brasil, 1996/2000. São Paulo. Instituto Socioambiental, 2000. IBGE_População Indígena da Região Norte: localização e características demográficas e sociais. Rio de Janeiro. 1999. Mimeo.

IBGE_ População residente em Terras Indígenas: identificação demográfica – Subsídios para o Censo Demográfico 2000. Rio de Janeiro. 2000. Mimeo.

População Residente em Terras Indígenas: uma exploração em pesquisas censitárias. Seminário Indicadores Socio-Demográficos e Situação de Crianças e Adolescentes na Região Norte do Brasil – Fundação Joaquim Nabuco/Instituto de Estudos sobre a Amazônia. Manaus. 2002

IBGE_Fecundidade e Mortalidade: Uma avaliação das informações básicas nas pesquisas demográficas. Rio de Janeiro. 2002. Mimeo.

Referências

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