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Relatório de Estágio realizado na Farmácia Maia - Porto

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Academic year: 2021

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Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto

Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas

Relatório de Estágio Profissionalizante

Farmácia Maia

Março de 2020 a Outubro de 2020

Ana Rita Teixeira da Silva

Orientador: Dr. Luís Miguel Maia Pinto Castro

Tutor FFUP: Prof. Doutora Manuela Sofia Rodrigues Morato

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Declaração de Integridade

Declaro que o presente relatório é de minha autoria e não foi utilizado previamente noutro curso ou unidade curricular, desta ou de outra instituição. As referências a outros autores (afirmações, ideias, pensamentos) respeitam escrupulosamente as regras da atribuição, e encontram-se devidamente indicadas no texto e nas referências bibliográficas, de acordo com as normas de referenciação. Tenho consciência de que a prática de plágio e auto-plágio constitui um ilícito académico.

Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, outubro de 2020 Ana Rita Teixeira da Silva

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Agradecimentos

Os agradecimentos são muitos! Começo por agradecer à casa que me acolheu nesta última etapa do Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, a Farmácia Maia. Obrigada a toda a equipa por me ter ajudado a crescer tanto a nível profissional, como a nível pessoal. Ficarei eternamente grata!

Sem os meus pais, Linda e Fernando, nada disto teria sido possível. Obrigada por toda a confiança que depositam em mim e por me apoiarem, desde sempre, com todo o esforço e dedicação. Agradeço ao meu mano Tiago toda a confiança e preocupação. A toda a minha família – avós, primos e tios - agradeço pelo apoio incansável. Obrigada a todos por sempre confiarem em mim, sem vocês não seria metade do que sou hoje.

Aos meus amigos, obrigada por fazerem parte da minha vida e por sempre me apoiarem em todos os momentos, sejam eles bons ou maus. À família da RUCA, obrigada por serem a minha casa nestes anos incríveis, por me fazerem crescer e acreditarem incondicionalmente em mim.

O mais sincero obrigada a todos que me acompanharam neste percurso e que fizeram com que esta jornada fosse memorável.

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Resumo

Este relatório de estágio profissionalizante corresponde ao culminar de 5 anos do Mestrado Integrado em Ciências farmacêuticas. Foi na Farmácia Maia que tive a oportunidade de pôr em prática todos os conhecimentos científicos e técnicos adquiridos durante o meu percurso na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto e aprender muitos mais. Esta casa deu-me a oportunidade de efetivamente ver e aprender, o que é ser farmacêutico - um profissional de saúde ao serviço da população, sempre com foco no utente promovendo a sua saúde e bem-estar.

Assim, este relatório é constituído por 2 partes. Na primeira parte são referidos os funcionamentos e as atividades habituais na Farmácia Maia, tendo em conta a minha experiência. Por outro lado, na segunda parte deste relatório estão apresentados 3 projetos desenvolvidos durante o estágio profissionalizante: “Copo Menstrual”; “Perspetiva do utente e da Farmácia sobre o uso de Medicamentos Genéricos”; e “Fidelização em Farmácia Comunitária”. Os 3 projetos desenvolvidos surgem do facto de o farmacêutico ter um papel essencial na literacia dos utentes e também da proximidade com os mesmos, refletida diariamente.

O primeiro projeto tinha o objetivo de sensibilizar e informar sobre o copo menstrual, divulgando novas soluções à população como forma de melhorar as atitudes e interações com o produto, permitindo assim escolhas mais informadas nesta área. O segundo projeto, tendo em conta a experiência em contexto de atendimento, baseou-se na realização de um questionário com o objetivo de avaliar a perceção do utente sobre os medicamentos genéricos e o que pode influenciar o seu uso. Por fim, o último projeto tinha o intuito de perceber se os utentes efetivamente têm confiança nas Farmácias Comunitárias e o que os motiva a fidelizarem-se a uma só farmácia.

Com estes projetos e o percurso na Farmácia Maia, tornou-se evidente que o farmacêutico tem um papel fundamental na vida dos seus utentes, influenciando positivamente o seu olhar pela saúde.

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Índice Parte 1 1. Farmácia Maia ... 1 1.1. Introdução ... 1 1.2. Recursos Humanos ... 2 1.3. Instalações ... 2 1.4. Utente ... 4 2. Gestão da Farmácia ... 5 2.1. Software SPharm ... 5 2.2. Encomendas ... 6 2.2.1. Realização de Encomendas ... 6 2.2.2. Receção de Encomendas ... 7 2.3. Armazenamento ... 8

2.4. Prazos de Validade e Conferência de Stock ... 9

2.5. Devoluções ... 9

2.6. Valormed ... 10

3. Dispensa de Medicamentos e Produtos de Saúde ... 10

3.1. Medicamentos de uso humano de dispensa ao Público ... 10

3.1.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica ... 10

3.1.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica ... 12

3.1.3. Medicamentos Hospitalares ... 13

3.1.4. Medicamentos manipulados ... 13

3.2. Medicamentos de Uso Veterinário ... 14

3.3. Medicamentos Homeopáticos ... 14

3.4. Produtos dietéticos e produtos para alimentação especial ... 14

3.5. Produtos Cosméticos e dermofarmacêuticos ... 15

3.6. Dispositivos Médicos ... 15

4. Serviços Farmacêuticos ... 15

4.1. Parâmetros Bioquímicos ... 16

4.2. Testes Serológicos para a COVID-19 ... 16

4.3. Programa de Troca de Seringas ... 16

4.4. Consultas de Nutrição EasySlim ... 17

4.5. Administração de Injetáveis ... 17

Parte 2 5. Projeto 1 – Copo Menstrual ... 18

5.1. Relevância do projeto ... 18

5.2. Introdução ... 19

5.3. Copo Menstrual ... 19

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5.5. Metodologia – Descrição do projeto ... 21

5.6. Resultados e Discussão ... 21

5.7. Conclusão ... 22

6. Projeto 2 – Perspetiva dos Utentes sobre o uso de Medicamentos Genéricos ... 23

6.1. Introdução ... 23

6.1.1. Contexto ... 23

6.1.2. Medicamento Genérico – Definição ... 23

6.1.3. História dos Medicamentos Genéricos ... 24

6.1.4. Bioequivalência, Eficácia, Segurança, Qualidade ... 24

6.1.5. Preço dos Medicamentos Genéricos ... 25

6.2. Objetivo ... 25

6.3. Metodologia ... 26

6.4. Resultados e Discussão ... 26

6.5. Conclusão ... 30

7. Projeto 3 – Fidelização em Farmácia Comunitária ... 31

7.1. Introdução ... 31 7.2. Objetivo ... 32 7.3. Metodologia ... 32 7.4. Resultados e Discussão ... 32 7.5. Conclusão ... 36 8. Considerações Finais ... 37 9. Bibliografia ... 38

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Índice de Figuras

Figura 1. Copo menstrual e copo cervical……….20 Figura 2. Resultados relativos à perceção dos utentes da equivalência em composição de substâncias ativas dos medicamentos genéricos (%)………27 Figura 3. Resultados relativos à perceção dos utentes da equivalência em teor de substâncias ativas dos medicamentos genéricos (%)………..27 Figura 4. Resultados relativos à perceção dos utentes sobre a substituição de medicamentos de referência por medicamentos genéricos (%)……….28 Figura 5. Resultados relativos aos fatores que influenciam a escolha de um medicamento (%)………..29 Figura 6. Resultados relativos à preferência de compra do utente (%)………..30 Figura 7. Resultados relativos às razões que levam os utentes a ir a uma farmácia (%)………...33 Figura 8. Resultados relativos à frequência de ida a uma única farmácia (%)………..34 Figura 9. Resultados relativos aos fatores que influenciam a escolha de uma farmácia (%)………...35

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Índice de Tabelas

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Índice de anexos

Anexo 1. Panfleto “Copo Menstrual”………..43 Anexo 2. Vídeo “Copo Menstrual”………..44 Anexo 3. Questionário “Medicamentos Genéricos”……….45 Anexo 4. Análise Percentual das respostas ao questionário “Medicamentos Genéricos”………..48 Anexo 5. Questionário “Fidelização em Farmácia Comunitária”………..51 Anexo 6. Análise Percentual das respostas ao questionário “Fidelização em Farmácia Comunitária”………..54

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Lista de siglas e abreviaturas

AIM – Autorização de Introdução no Mercado BPF - Boas Práticas Farmacêuticas

CNP - Código Nacional do Produto

CNPEM - Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos DCI - Denominação Comum Internacional

DIU – Dispositivo Intrauterino FM – Farmácia Maia

GH - Grupo Homogéneo

IVA – Imposto de Valor Acrescentado MG – Medicamento Genérico

MICF – Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas MNSRM - Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica MR – Medicamento de Referência

MSRM – Medicamento Sujeito a Receita Médica PCHC - Produtos de Cosmética e Higiene Corporal PR – Preço de Referência

PV – Prazos de Validade

PVA – Preço de Venda ao Armazenista PVF – Preço de Venda à Farmácia PVP – Preço de Venda ao Público

RCM - Resumo das Características do Medicamento RSP – Receita Sem Papel

SI – Sistema Informático

SNS – Serviço Nacional de Saúde SPR – Sistema de Preços de Referência VHB – Vírus da Hepatite B

VHC – Vírus da Hepatite C

VIH – Vírus da Imunodeficiência Humana VVM - Via Verde de Medicamentos

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Parte 1 – Relatório Profissionalizante Farmácia Maia

1.

Farmácia Maia

1.1. Introdução

Durante os meus 6 meses de estágio curricular profissionalizante, de forma a finalizar o Mestrado Integrado em Ciências Farmacêuticas, a Farmácia Maia (FM) foi o local de complemento aos 5 anos de aprendizagem na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, sendo o primeiro contacto com o meio profissional.

A FM situa-se na Rua do Campo Alegre, nº192, no cruzamento com a Rua Arquiteto Marques, sendo um ponto de referência para os moradores da União de Freguesias de Lordelo do Ouro e Massarelos. Deste modo, encontra-se inserida numa zona comunitária, existindo à sua volta clínicas de saúde, escritórios, faculdades e escolas, restaurantes, cabeleireiros, hotéis e um centro comercial. Esta localização permite uma grande diversidade de utentes: os utentes habituais que habitam perto da farmácia; os utentes estrangeiros; os estudantes; e utentes que vão só de passagem.

Em relação ao seu espaço exterior, a FM encontra-se no rés do chão de um prédio habitacional, tendo um pequeno pátio na sua frente, onde os utentes habitualmente aguardam a sua entrada na farmácia. É facilmente identificável devido às suas fachadas luminosas com a designação “Farmácia Maia” e ao símbolo da “cruz verde”. Na fachada da entrada, pode-se encontrar informações acerca da direção técnica da farmácia, horário de funcionamento, escalas de turnos das farmácias do município, serviços farmacêuticos prestados e os respetivos preços aplicados e ainda a existência de um livro de reclamações, tal como o previsto na lei (1). Da mesma forma, o seu espaço interior encontra-se concordante com a legislação em vigor, apresentando um gabinete de atendimento personalizado, um gabinete para a direção técnica, uma sala de armazenamento, um laboratório, instalações sanitárias, e uma sala de atendimento ao público com aspeto profissional e boa iluminação natural (1). Mesmo estando situada numa das ruas mais movimentadas do Porto, a FM tem um ambiente acolhedor, sendo os utentes os responsáveis pela sua essência devido à confiança depositada nos seus profissionais.

Ao longo do estágio, de 2 de março a 10 de outubro, fui integrada na equipa da farmácia e tive a oportunidade de participar nas dinâmicas e atividades da farmácia, inicialmente observando todas as atividades, passando depois, progressivamente, a realizá-las de forma autónoma. É possível encontrar a discriminação das atividades realizadas, por ordem cronológica, na Tabela 1.

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Tabela 1. Cronograma de Atividades

Data Atividades

2 de março a 8 de março Receção e entrada de encomendas; Conferência de prazos de validade e de stock; Preparação de SABA-A e SSABA-ABSABA-A-B;

9 de março a 23 de março Devoluções; Atendimento supervisionado; 24 de março a 27 de abril Estágio suspenso;

28 de abril a 13 de maio Atendimento autónomo; 14 de maio a 19 de maio Realização de encomendas; 20 de maio Teste serológico para a COVID-19; 27 de julho Entrega de medicamento hospitalar; 5 de agosto Projeto 1 – Copo menstrual

24 de agosto Projeto 2 - Perspetiva do Utente e da Farmácia sobre o uso de Medicamentos Genéricos

31 de agosto Projeto 3 - Fidelização em Farmácia Comunitária Depois de realizadas pela primeira vez, todas as atividades foram posteriormente desenvolvidas durante todo o estágio, com autonomia.

1.2. Recursos Humanos

A FM é constituída por 7 elementos: a diretora técnica, 2 farmacêuticos, 2 técnicas de farmácia e 2 auxiliares de limpeza, encontrando-se de acordo com o que está disposto na lei, sendo constituída, na sua maioria, por farmacêuticos (1). A sua equipa de trabalho é multidisciplinar e com conhecimentos e valências distintas, havendo uma boa harmonia entre todos, indispensável ao bom funcionamento da farmácia.

Habitualmente, a FM encontra-se aberta ao público todos os dias úteis das 8:30h às 20:00h e aos sábados das 9:00h às 14:00h, estando encerrada aos domingos. Contudo, durante o meu estágio o horário de funcionamento teve algumas variações, havendo sempre ajuste de horário entre todos os trabalhadores, permitindo assim contactar com diferentes dinâmicas e diversidade de utentes.

1.3. Instalações

A FM já tem mais de 50 anos de existência e sofreu algumas renovações a nível estrutural, de modo a ampliar o seu espaço físico. Mesmo não sendo de grandes dimensões, a FM dispõe de todas as divisões necessárias para o seu bom funcionamento, garantindo não só a privacidade, comodidade, e acessibilidade para a sua equipa, como para os utentes, mas também a segurança e conservação dos

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medicamentos, cumprindo o descrito na lei. Como referido anteriormente, a FM é constituída por 7 zonas com características distintas.

A sala de atendimento ao público é composta por 4 balcões que permitem um atendimento individualizado a cada utente. Na parte de trás de cada balcão existem lineares com exposição de alguns Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica (MNSRM) e ainda móveis com gavetas para um acesso mais rápido aos produtos, divididos e identificados pela respetiva área de intervenção farmacêutica. Na parte mais lateral desta zona, existem outros lineares mais direcionados a produtos de cosmética e higiene corporal (PCHC), produtos de proteção e ainda alguns produtos com descontos. É neste espaço que há mais contacto com o utente, sendo cada atendimento individualizado e com partilha de informações, de forma a transmitir confiança, conforto e privacidade.

A zona de back office é composta por um armazém principal com 3 móveis distintos. Um móvel mais central com gavetas, onde são armazenados os Medicamentos Sujeitos a Receita Médica (MSRM) e alguns MNSRM, que estão distribuídos por ordem alfabética do nome do medicamento e separados por medicamentos de referência e medicamentos genéricos. Existem também algumas gavetas destinadas a medicamentos com formas farmacêuticas específicas como suspensões, supositórios e soluções, e ainda gavetas específicas para suplementos alimentares e produtos para uso vaginal. Seguindo as recomendações, existe uma única gaveta reservada para o armazenamento de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos, de forma a haver um controlo mais eficaz e organizado. Os outros móveis são constituídos por prateleiras, sendo um destinado ao armazenamento de soluções, injetáveis e outros produtos relacionados como seringas; o outro destina-se às pomadas, cremes, emulsões, géis, colírios, e soluções para pulverização nasal, sempre divididos por forma farmacêutica e seguindo o esquema de ordem alfabética. Nesta zona, existe ainda uma mesa de trabalho onde se situa o computador/servidor principal que é usado para realizar as principais funções de gestão farmacêutica como: receção, verificação e realização de encomendas; gestão e conferência de stocks e prazos de validade (PV).

Existe também uma sala de atendimento individualizado, que proporciona mais conforto e privacidade, sendo fundamental para várias atividades do quotidiano da farmácia e para a prestação de serviços farmacêuticos. Deste modo, este espaço é multifuncional uma vez que é usado para a realização de testes bioquímicos, medição da pressão arterial, administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação e consultas de nutrição. Dadas as dimensões da FM, esta zona é também utilizada para armazenamento, onde se encontra o frigorífico necessário para o armazenamento de medicamentos que necessitam destas temperaturas específicas

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para manter a sua qualidade e eficácia, e onde se guardam alguns produtos em excesso na farmácia, em que os prazos de validade são mais extensos ou só contabilizados após a abertura do produto, como por exemplo máscaras de proteção, protetores solares (fora da época de verão) e pastas dentífricas. Além disto, esta zona tem um pequeno e discreto laboratório com todo o material básico necessário, e é também usada para reuniões com delegados comerciais e de informação médica. Tendo em conta a legislação, o gabinete de atendimento individualizado e o laboratório deveriam estar em zonas separadas. Contudo, trata-se de uma situação devidamente justificada e autorizada, havendo todos os cuidados para que cada função seja realizada conforme as necessidades (2).

Numa outra zona da farmácia, situa-se um pequeno armazém onde são armazenadas as encomendas de grandes volumes e produtos para reposição de stock dos lineares, na sua maioria MNSRM e dispositivos médicos, encontrando-se ao abrigo da luz e humidade.

O escritório destina-se à direção técnica para a realização das funções administrativas, como a gestão económica, comercial e burocrática da FM.

Como complemento a estas zonas, a FM é ainda composta por instalações sanitárias e uma copa de forma a garantir todo o conforto e suprimir as necessidades dos seus profissionais.

1.4. Utente

A FM tem como foco principal a saúde e o bem-estar da população, tornando-se essencial a relação e comunicação com o utente. A sua localização, numa das ruas mais movimentadas do Porto, permite o contacto com os mais diversos utentes e diferentes realidades.

Naturalmente, contando com mais de 50 anos de existência, a FM tem utentes de idades mais avançadas, que habitam ou trabalham na mesma zona, que têm confiança na farmácia e nos seus profissionais. Existem até clientes que preferem ser acompanhados por um profissional em específico, devido a relações de afinidade já desenvolvidas. Efetivamente, estes utentes requerem um acompanhamento mais atento, dado que são doentes, na sua maioria, polimedicados, que necessitam de uma comunicação mais especializada e direcionada, requerendo assim maior atenção do farmacêutico ao nível da Farmacovigilância. As principais razões que levam este tipo de utentes à farmácia são aviamento de receituário, medição da pressão arterial e aconselhamento farmacêutico.

Adjacentemente à FM, existe um laboratório de análises clínicas e uma clínica dentária, havendo utentes que vão à farmácia após as suas consultas para comprar os

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proximidades existem também escritórios e locais de restauração e comércio, sendo a FM a escolha destes utentes pela sua conveniência.

Do mesmo modo, a localização próxima de hotéis permite um fluxo de turistas que procuram a FM para um aconselhamento farmacêutico mais breve e prático. Estes utentes permitem aos profissionais ter mais contacto com línguas estrangeiras, e conhecer outras realidades do setor farmacêutico internacional. Os maiores desafios estão relacionados com os pedidos de medicamentos não comercializados em Portugal, os quais são quase sempre ultrapassados com as soluções mais semelhantes possíveis ou aconselhamento para uma ida ao hospital. Para além destes grupos de utentes, existe um contacto direto com faixas etárias mais jovens devido à proximidade com escolas e faculdades.

A FM usufrui de um número de telefone sempre disponível em horário de funcionamento, havendo muitas ligações diárias de utentes com dúvidas sobre alguma patologia ou medicação, ou a perguntar se a farmácia tem determinado medicamento em stock, existindo também utentes, com idade mais avançada, que ligam para que os profissionais possam preparar o seu atendimento com mais calma.

2.

Gestão da Farmácia

2.1. Software SPharm

A introdução de Sistemas Informáticos (SI) centralizados permitiu automatizar, racionalizar e otimizar os mais diversos processos administrativos e farmacêuticos, disponibilizando assim mais atenção e disponibilidade para o utente. Estes sistemas são imprescindíveis para uma gestão eficiente de toda a farmácia e necessitam de uma ligação permanente à internet para a atualização constante dos sistemas de comparticipação, preços, entre outros.

Na FM o software utilizado é o SPharm®, desenvolvido pela empresa SoftReis, presente numa pequena quantidade do mercado nacional. É um software simples e muito intuitivo que auxilia nas tarefas diárias da farmácia a vários níveis: permite a criação de fichas de cliente onde se pode conferir os dados do utente e verificar qual a medicação que fazem habitualmente, facilitando o processo de farmacovigilância; disponibiliza informação científica sobre os medicamentos; auxilia na gestão de stocks e consequentemente na gestão de compras e vendas; permite a otimização dos processos relacionados com encomendas e devoluções; auxilia na conferência de receituário; entre outras. Todos os produtos na farmácia estão associados a uma ficha de artigo no SI. Esta ferramenta é essencial para consulta do código nacional do produto (CNP), gestão de stock, localização do produto na farmácia, visualização do grupo homogéneo (GH), consulta do Resumo das Características do Medicamento (RCM), do preço de venda ao público, entre outras funcionalidades.

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Existe também outra ferramenta que auxilia o processo de atendimento e que permite um melhor controlo em relação aos pagamentos, designada de GiniPay®, um cofre inteligente que está associado ao SI e permite guardar e fazer o troco automaticamente das quantias monetárias resultantes dos atendimentos.

Todavia, no meu parecer, este SI ainda tem muito espaço para melhorias, como aumentar o número de RCM disponíveis ou melhorar a funcionalidade do próprio sistema, tendo em conta que falha algumas vezes na atualização das comparticipações e também na validação de comparticipações especiais. É também por estas razões que o sistema está em constante atualização para que o atendimento e aconselhamento ao utente sejam mais eficazes.

2.2. Encomendas

2.2.1. Realização de Encomendas

Diariamente na FM, são realizadas 2 encomendas: uma no final da manhã e uma no final do dia. Estas encomendas garantem os stocks mínimos da farmácia e são geradas automaticamente pelo SI, sendo sempre necessário a verificação por parte de um profissional da FM, analisando sempre se os produtos e quantidades recomendadas fazem jus às verdadeiras necessidades da farmácia. Os stocks mínimos são previamente definidos, tendo em conta o volume de vendas e procura desses produtos na farmácia. Existem assim, alguns produtos que muitas vezes surgem recomendados, mas que são para encomendar diretamente a um laboratório específico e, por essa razão, são retirados da encomenda diária.

O fornecedor principal da FM é a Cooprofar Medlog. Para além das encomendas diárias, são também realizadas encomendas diretas que correspondem, na sua maioria, a pedidos dos utentes de produtos que habitualmente não estão presentes na farmácia. Para este feito, este fornecedor disponibiliza um gadget onde se pode procurar os produtos necessários e permite também o contacto via telefónica, para a realização destas encomendas diretas. Sempre que o produto desejado não está disponível no fornecedor principal, a FM recorre à Alliance Healthcare como fornecedor secundário.

No final da realização de cada encomenda diária ao fornecedor principal, surge uma lista de “rateados”, onde se encontram designados os produtos que foram pedidos na encomenda mas que se encontram esgotados no fornecedor. A partir desta lista, é feita uma triagem de quais os produtos mais necessários e posteriormente faz-se uma ligação telefónica com o fornecedor, para tentar perceber se existe a possibilidade de envio de algumas unidades. Habitualmente, tal como referido anteriormente, estes produtos esgotados são posteriormente encomendados através do fornecedor secundário.

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Contudo, existem alguns medicamentos que podem ser pedidos, excecionalmente, através da opção de Via Verde de Medicamentos (VVM) do SI. Este meio de aquisição serve para encomendar medicamentos que são prescritos numa receita válida, mas que não existem em stock na farmácia e encontram-se indisponíveis para encomenda no fornecedor. Esta opção de encomenda, permite ao fornecedor canalizar estes pedidos “mais urgentes” de modo a satisfazer as necessidades da farmácia e, como tal, dos utentes.

Outa forma de realizar encomendas é através dos delegados comerciais e de informação médica. Normalmente, estas correspondem a encomendas maiores e de produtos de laboratórios específicos, trazendo benefício em termos de custo para a farmácia.

2.2.2. Receção de Encomendas

Na FM, habitualmente, são recebidas 2 encomendas diárias por parte do fornecedor principal. Excecionalmente, são recebidas mais encomendas consoante os pedidos feitos a outros fornecedores e/ou delegados.

Todas as etapas da receção de encomendas são realizadas, sempre que possível, por vários membros da equipa da FM, que trabalham em equipa com o objetivo de agilizar o processo para que se perca o mínimo de tempo possível. A primeira etapa consiste em verificar se chegou algum produto que necessita de frio, para que seja imediatamente armazenado no frigorífico ou algum medicamento psicotrópico e estupefaciente, que vêm em contentores próprios. Em seguida, faz-se uma separação das encomendas consoante as suas faturas. As encomendas diretas, por serem normalmente mais pequenas e corresponderem a produtos reservados pelos utentes, são rececionadas em primeiro lugar de forma a garantir uma otimização do processo e a satisfação das reservas. Posteriormente, procede-se então à receção da encomenda diária.

O SI tem a funcionalidade de importar a encomenda diária para o sistema de receção, o que facilita o processo de verificação. Quando se dá entrada dos produtos no SI, verifica-se sempre se a embalagem se encontra danifica e se o selo está ou não violado e verifica-se também os PV de cada unidade, sendo necessária a sua introdução no sistema. Esta função é sempre realizada por apenas uma pessoa, para que não surjam dúvidas ou confusões durante o processo. Durante esta etapa, de forma a facilitar o armazenamento, os produtos são separados essencialmente em 3 categorias: Éticos que correspondem aos medicamentos com o PVP já marcado na embalagem; Nett que correspondem aos produtos que necessitam de marcação do PVP com etiqueta; e reservas. No final, quando todos os produtos foram introduzidos no SI, é necessário proceder à verificação da fatura, conferindo e comparando os PVF, os PVP,

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as margens da farmácia, o IVA de cada produto e as quantidades rececionadas, como forma de garantir uma gestão eficiente. Cada receção de encomenda fica sempre associada ao número da fatura para facilitar os processos burocráticos e administrativos.

Relativamente à receção de encomendas diretas aos laboratórios, todos os processos em cima citados são igualmente realizados com o acréscimo de comparação de PVF anteriores para ser mais fácil perceber quais as bonificações prestadas, exigindo uma posterior avaliação e verificação de margens e PVP por parte do diretor técnico.

A receção de encomendas foi uma das primeiras atividades em que fui inserida na equipa da FM. Embora pareça um processo automático e prático, exige muita atenção e cuidado. É uma atividade que nos permite perceber um pouco mais sobre a logística da farmácia, ter um contacto mais próximo com os medicamentos e os seus nomes comerciais, e ainda perceber em que local devem ser armazenados, para que depois o atendimento ao utente seja mais prático.

2.3. Armazenamento

Segundo as Boas Práticas Farmacêuticas (BPF), é essencial na etapa de armazenamento, respeitar e controlar todas as condições de temperatura, humidade, iluminação e ventilação de forma a garantir a estabilidade dos medicamentos. (3)

Além disso, é igualmente necessário que as zonas de armazenamento estejam bem divididas e assinaladas, de forma a prevenir erros durante este processo e também durante a dispensa, contribuindo para uma melhor organização da farmácia. Como tal, a equipa da FM tem a preocupação de cumprir todos os requisitos e assegura a verificação destes parâmetros semanalmente.

Como já referido anteriormente, os móveis de armazenamento na FM encontram-se devidamente divididos e, no momento de acondicionamento, são sempre aplicadas as metodologias: “primeiro a entrar, primeiro a sair” e “primeiro a expirar, primeiro a sair”. Quer isto dizer que os produtos mais recentes são armazenados atrás dos produtos mais antigos, à exceção dos que têm um PV inferior aos já existentes na farmácia. Desta forma, é possível otimizar a rotação do stock e promover eficazmente o escoamento dos produtos, reduzindo assim o desperdício.

Juntamente com a receção das encomendas, esta foi uma das primeiras atividades realizadas na dinâmica da FM, o que me permitiu ter um maior conhecimento sobre os métodos de armazenamento aplicados e ficar mais ambientada com a localização dos produtos, facilitando imenso o posterior atendimento ao público. Por outro lado, como forma de melhorar a organização e gestão de stocks, ao longo do estágio, fui atualizando a localização dos produtos na ficha de artigo no SI.

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2.4. Prazos de Validade e Conferência de Stock

Na FM, é realizado um controlo mensal de PV e de stocks como forma de evitar erros no momento de dispensa e para garantir a devolução atempada dos produtos. Esta monitorização é realizada através de um mapa de validades e de stock, disponibilizado pelo SI, onde estão discriminados os produtos com o PV a expirar no mês definido (normalmente 2 meses de avanço). Sendo assim, verificam-se todos os produtos indicados no mapa para posterior regularização de stock. O próprio SI faz a conferência dos PV e emite avisos quando a data se aproxima. Acontece muitas vezes o SI não atualizar estes prazos em função da rotatividade dos produtos e, portanto, atualizam-se os PV dos produtos que efetivamente não expiram nos meses definidos. Por outro lado, quando o PV está efetivamente a terminar, procede-se à devolução dos produtos ao fornecedor correspondente. Quando não é possível fazer a devolução, estes produtos são encaminhados para abate.

Esta foi uma das atividades que tive a oportunidade de realizar inicialmente, mas também ao longo do meu estágio. Tal como nos processos anteriores, fiquei a conhecer melhor os medicamentos e respetivas localizações de armazenamento. Por outro lado, esta atividade permitiu uma constante atualização do SI de forma a garantir a veracidade das informações disponibilizadas no momento de dispensa e ainda a segurança do utente.

2.5. Devoluções

Existem diversos motivos para a devolução de produtos existentes ou recebidos na farmácia, com o intuito de minimizar perdas económicas e desperdícios. Os motivos aceites habitualmente pelo fornecedor incluem: embalagem recebida danificada ou com selo violado; expiração do PV; pedidos em duplicado pelo gadget; PV curtos; produtos não faturados; desistência do utente; entre outros. Perante estas situações, as devoluções são efetuadas ao fornecedor correspondente, que fica encarregue de aceitar ou não a devolução. No caso de serem aceites, o produto é enviado diretamente ou fica a aguardar levantamento por parte dos delegados, e é emitida uma nota de crédito de forma a regularizar a devolução. Por outro lado, quando o fornecedor recusa o pedido, o produto entra novamente no stock ou vai para abate.

Durante o meu estágio, tive oportunidade de realizar várias devoluções a diferentes fornecedores e de tratar das suas regularizações. Existem ainda algumas situações excecionais em que é permitida a devolução do medicamento, como por exemplo: um cliente que comprou um medicamento cuja forma farmacêutica era uma suspensão, tinha dúvidas quanto à utilização e, ainda dentro da farmácia, abriu a embalagem para que lhe pudesse explicar como o usar e, ao retirar o frasco da embalagem, este encontrava-se colado à mesma, indicando que houve alguma fuga durante o processo

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de transporte. Esta situação foi imediatamente reportada ao fornecedor que, sem hesitação, aceitou a sua devolução.

2.6. Valormed

A Valormed foi fundada com o intuito de realizar a gestão de resíduos de medicamentos fora de uso e também das correspondentes embalagens vazias, sendo responsável pela recolha e tratamento destes produtos. Na farmácia, existe um contentor apropriado, disponibilizado pela Valormed, permitindo aos utentes fazer a entrega destes produtos, ao invés de os colocarem no lixo comum. Assim que o contentor fica cheio, é recolhido para que seja possível a sua separação em produtos passíveis de reciclagem e produtos para incineração com aproveitamento energético, contribuindo assim para uma redução no impacto ambiental. De ano para ano, os portugueses têm aumentado a taxa de adesão a esta prática, contribuindo assim para uma maior preservação do ambiente (4).

3.

Dispensa de Medicamentos e Produtos de Saúde

3.1. Medicamentos de uso humano de dispensa ao Público 3.1.1. Medicamentos Sujeitos a Receita Médica

Segundo o Estatuto do Medicamento, os medicamentos são classificados como MSRM quando preenchem uma das seguintes condições:

• Possam constituir um risco para a saúde, tanto direta como indiretamente, quando utilizados sem vigilância médica;

• Possam constituir um risco para a saúde, tanto direto como indireto, quando utilizados com frequência e em quantidades consideráveis, com finalidades diferentes das quais se destinam;

• a atividade das suas substâncias ou as suas reações adversas necessitem de um conhecimento mais aprofundado;

• destinados a administração por via parentérica.

Com isto, torna-se indispensável para a dispensa destes medicamentos, a apresentação de uma receita, ou seja, uma prescrição por parte de um médico (5).

A fim de aumentar a qualidade e segurança do circuito do medicamento, a prescrição médica é, nos dias de hoje, realizada eletronicamente. Contudo, existem 2 tipos de prescrições eletrónicas: a receita desmaterializada, ou Receita Sem Papel (RSP), que é interpretada pelo SI e a prescrição materializada impressa em papel. Ainda assim, a prescrição manual continua a ser utilizada em situações devidamente justificadas como: falência do SI, inadaptação do prescritor; prescrição ao domicílio; ou um máximo de 40 receitas por mês (6). Em Portugal, o tipo de receita mais comum é a receita eletrónica desmaterializada, o que permite a redução de erros associados à dispensa de

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medicamentos, uma vez que alguns aspetos de validação são efetuados automaticamente pelo SI.

Atualmente, a prescrição dos medicamentos deve ser realizada pala Denominação Comum Internacional (DCI) e deve estar também identificada a forma farmacêutica, a dosagem, a dimensão da embalem, o Código Nacional para a Prescrição Eletrónica de Medicamentos (CNPEM) e o número de embalagens. A prescrição por nome comercial só pode ser utilizada: quando o medicamento não apresenta medicamento genérico comparticipado; para medicamentos que apenas são prescritos para determinadas situações terapêuticas; ou em situações em que existe uma justificação técnica para a impossibilidade de substituição do medicamento prescrito, que é o caso de medicamentos com margem ou índice terapêutico estreito, reação adversa prévia ou continuidade de tratamento superior a 28 dias (7). Desta forma, no que diz respeito à dispensa de medicamentos, é essencial o conhecimento destas informações e a sua correta interpretação de modo a minimizar erros de prescrição e burocráticos.

3.1.1.1. Medicamentos Genéricos e DCI

Segundo o Estatuto do Medicamentos, um medicamento genérico tem a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica e é bioequivalente ao medicamento de referência (5). A sua introdução no mercado veio permitir ao utente optar pelo medicamento que preferir, dentro do mesmo GH. Por conseguinte, está estabelecido um preço de referência (PR), que corresponde ao valor no qual incide a comparticipação do Estado. No momento de dispensa, o farmacêutico é obrigado a informar o utente sobre os medicamentos disponíveis de cada GH, contudo, a escolha final é sempre do utente.

No entanto, no Projeto 2 deste relatório, este assunto será abordado com mais detalhe.

3.1.1.2. Regime de Comparticipação

Em concordância com a legislação em vigor, o Estado Português pode comparticipar medicamentos prescritos aos utentes beneficiários do SNS e de outros subsistemas públicos de saúde. Desta forma, existem definidos alguns regimes de comparticipação (8):

• Regime geral de comparticipação em que o Estado paga uma percentagem do PVP dos medicamentos, de acordo com escalões estabelecidos: 95% do PVP no escalão A; 69% do PVP no escalão B; 37% do PVP no escalão C; ou 15% do PVP no escalão D;

• Regime especial de comparticipação, destinado aos utentes com determinadas patologias ou grupos especiais de utentes, no qual é acrescida uma percentagem de comparticipação ao regime geral de comparticipação;

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• Comparticipação de medicamentos manipulados, em que é comparticipado 30% do PVP;

• Comparticipação de produtos destinados ao autocontrolo da Diabetes Mellitus, na qual é comparticipado 85% do PVP;

• Comparticipação de 100% do PVP de produtos dietéticos de carácter terapêutico;

• Comparticipação de câmaras expansoras, em que é comparticipado 80% do PVP, não podendo exceder os 28€.

Existem ainda outras comparticipações disponíveis em Portugal, asseguradas pelos subsistemas de saúde privados.

3.1.1.3. Psicotrópicos e Estupefacientes

Os medicamentos psicotrópicos e estupefacientes atuam diretamente no Sistema Nervoso Central e, por esta razão, apresentam alguns riscos e estão associados a tráfico e consumo ilegal, estando por isso sujeitos a um controlo especial e rigoroso. De forma a garantir este controlo mais apertado, as receitas médicas devem sempre conter os dados do médico, do utente e do medicamento e, no ato de dispensa, o profissional de saúde é obrigado a registar estes dados e também do adquirente, que pode não ser o próprio utente. Esta informação fica arquivada na farmácia durante 3 anos, no mínimo. 3.1.1.4. Conferência de Receituário

Na dispensa de medicamentos comparticipados, o utente não paga a totalidade do PVP, sendo a quantia da comparticipação posteriormente devolvida à farmácia pelo subsistema de saúde responsável.

Por conseguinte, é necessário proceder-se à conferência de receituário todos os meses. Relativamente às receitas manuais e eletrónicas materializadas, como referido anteriormente, podem surgir erros no momento de dispensa, tornando-se necessária a conferência manual, um processo mais demorado e exigente. Por outro lado, as receitas eletrónicas desmaterializadas, permitem que estes erros sejam reduzidos tornando o processo de conferência muito mais eficaz e automatizado. As informações indispensáveis para a realização deste procedimento, encontram-se descritas no Manual de Relacionamento das Farmácias com o Centro de Conferência de Faturas do SNS.

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de inicialmente observar e posteriormente auxiliar neste processo.

3.1.2. Medicamentos Não Sujeitos a Receita Médica

Como o nome indica, estes medicamentos não necessitam da apresentação de uma receita médica, por se tratar de medicamentos usados para o tratamento sintomático de

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de permitir um acesso mais rápido ao tratamento e, por conseguinte, libertar recursos do SNS. A dispensa destes medicamentos merece uma atenção redobrada, uma vez que dá liberdade ao utente de fazer uma autogestão da terapêutica. Neste contexto, é essencial a intervenção do farmacêutico, que deve tentar perceber o problema apresentado pelo utente para que o aconselhamento seja o mais indicado possível, garantindo assim o uso racional do medicamento e evitando situações de polimedicação. Em situações em que não seja possível um tratamento adequado, deve-se deve-sempre encaminhar o utente para o médico. Contudo, atualmente é também possível a venda de MNSRM fora das farmácias, em locais devidamente autorizados pelo Infarmed, o que aumenta mais as preocupações relacionadas com os problemas acima mencionados.

Durante o meu estágio, contactei várias vezes com esta realidade, sendo inicialmente desafiante o aconselhamento do medicamento mais indicado e efetivo para as necessidades do utente, uma vez que acarreta uma grande responsabilidade. 3.1.3. Medicamentos Hospitalares

Durante este ano, foi autorizada a dispensa na farmácia comunitária de medicamentos dispensados em farmácia hospitalar aos doentes em regime de ambulatório, sendo uma medida de “caráter excecional e temporário”, implementada como consequência do estado de emergência, de forma a libertar recursos do SNS. A dispensa destes medicamentos só pode ser realizada por um farmacêutico, que é responsável por avaliar e reportar aos serviços farmacêuticos hospitalares, se o doente apresenta sinais ou sintomas de agravamento da doença e se existem interações medicamentosas ou efeitos adversos associados ao uso do medicamento. O utente deve sempre assinar uma declaração a comprovar que fez o levantamento da sua medicação naquela farmácia (9).

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de acompanhar este novo procedimento e foi possível verificar que este novo serviço, disponibilizado na farmácia, contribuiu para um maior conforto do utente. No caso, o utente levantou o medicamento para o tratamento da infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH), o Triumeq. 3.1.4. Medicamentos manipulados

Um medicamento manipulado corresponde a um preparado oficinal ou fórmula magistral, que é preparado e dispensado por um farmacêutico responsável (10).

Embora não seja uma prática habitual na FM, durante o meu estágio tive a oportunidade de preparar 2 medicamentos manipulados, SABA-A com etanol a 96º puro e SABA-B com álcool isopropílico a 99,8%, tanto para consumo interno como para venda ao público, devido ao aumento da procura destes produtos como consequência da pandemia que vivemos atualmente.

(25)

3.2. Medicamentos de Uso Veterinário

Os medicamentos de uso veterinário estão sob a responsabilidade da Direção Geral de Alimentação e Veterinária. Estes medicamentos são importantes não só para a saúde e bem-estar dos animais, mas também para a proteção da saúde pública. São definidos como substâncias ativas ou o seu conjunto, que apresentam propriedades curativas ou preventivas de doenças e sintomas, ou que possam ser utilizadas com o fim de obter um diagnóstico, ou ainda que possa exercer uma ação farmacológica, imunológica ou metabólica, como forma de restaurar, corrigir ou modificar funções fisiológicas nos animais (11).

Na FM, o stock destes medicamentos é reduzido, uma vez que apresentam pouca procura, sendo os antiparasitários os mais vendidos. Normalmente, os utentes vão à farmácia pedir para que seja encomendado um medicamento de uso veterinário sugerido pelo médico veterinário.

Tendo em conta que, ao longo do MICF este não é um tema muito abordado, senti uma lacuna no que toca ao aconselhamento deste tipo de medicamentos. Contudo, tive a oportunidade de realizar uma formação que me permitiu adquirir mais conhecimento nesta área e, por conseguinte, estar mais preparada para aconselhar o utente no momento da dispensa.

3.3. Medicamentos Homeopáticos

Segundo o Estatuto do Medicamento, um medicamento homeopático corresponde a um medicamento obtido a partir de matérias-primas homeopáticas ou substâncias stock, cujo processo de fabrico se encontra descrito na farmacopeia europeia, um numa farmacopeia utilizada de modo oficial num dos Estados Membros. Devem ser administrados por via oral ou externa e devem apresentar um grau de diluição que permita garantir a inocuidade do medicamento (5).

Estes medicamentos são alvos de muita controvérsia quanto à sua atividade e dispensa para uso humano. Na minha opinião, o farmacêutico deve sempre adotar uma postura cética e tentar aconselhar o medicamento mais indicado, dentro das preferências do utente.

Na FM, a dispensa de medicamentos homeopáticos é pouco significativa, sendo que os mais procurados estão relacionados com problemas menores do sono e estados de stress e ansiedade.

3.4. Produtos dietéticos e produtos para alimentação especial

Estes produtos não são considerados medicamentos e, como tal, a Agência para a Qualidade e Segurança Alimentar é a sua autoridade responsável. Os suplementos alimentares são definidos como géneros alimentícios que têm o objetivo de suplementar

(26)

preventivas (12) (13). Por sua vez, os produtos de alimentação especial são distinguidos pela sua composição ou processos especiais de fabrico e destinam-se, por exemplo a grávidas, diabéticos ou doentes celíacos, sendo também utilizados em lactentes ou crianças com idades compreendidas entre 1 e os 3 anos.

A procura por este tipo de produtos tem vindo a aumentar e cabe ao farmacêutico a responsabilidade de informar os utentes de que estes produtos devem ser usados como suplementos e não como substitutos de uma alimentação equilibrada e variada. Na FM os produtos mais procurados correspondem a suplementos para cansaço ou fadiga física e psicológica, concentração e memória, menopausa, gravidez e auxiliares para a perda de peso.

3.5. Produtos Cosméticos e dermofarmacêuticos

Os produtos cosméticos correspondem às preparações ou substâncias destinadas à aplicação na superfície do corpo humano com intuito de limpar, proteger e perfumar ou corrigir odores (14). Embora não sejam considerados medicamentos, são muitas vezes prescritos como forma de ajudar a tratar alguns sintomas ou patologias, apresentando assim uma utilização tanto para a estética, como para auxílio da terapêutica. Desta forma, cabe ao farmacêutico aconselhar o utente para a escolha do produto mais adequado para a sua situação. Como tal, torna-se indispensável uma formação adicional do farmacêutico, para adquirir mais conhecimento sobre as diversas apresentações dos produtos e também das mais diversas marcas.

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de realizar algumas formações, na sua maioria, associadas a marcas específicas e de aconselhar estes produtos a várias faixas etárias com necessidades diferentes.

3.6. Dispositivos Médicos

Os dispositivos médicos são classificados como qualquer instrumento, equipamento, software, material ou artigo, utilizados em combinação ou de forma isolada, sendo a sua utilização destinada para fins terapêuticos ou de diagnóstico (14). Como tal, o conhecimento destes dispositivos permite um aconselhamento mais efetivo e informado ao utente.

4.

Serviços Farmacêuticos

Atualmente em Portugal, as farmácias já não se cingem apenas à dispensa de medicamentos, disponibilizando outros serviços de saúde, isto é, os serviços farmacêuticos (15), com um impacto positivo e muito significativo na promoção da saúde dos utentes. Estes serviços têm diferentes objetivos e permitem um suporte ao tratamento farmacoterapêutico. Como tal, a FM apresenta vários serviços farmacêuticos ao dispor da comunidade, nos quais tive a oportunidade de participar.

(27)

4.1. Parâmetros Bioquímicos

As medições da pressão arterial, do colesterol e da glicémia, são práticas frequentes da atividade diária de uma farmácia comunitária e o controlo destes parâmetros pode permitir a deteção precoce de algumas doenças. Diariamente, os utentes deslocam-se à farmácia para fazer a medição da pressão arterial, da glicémia ou do colesterol, por vários motivos: controlo de rotina; verificar a eficácia da medicação; ou ainda situações de indisposição. Após estas medições, os valores são sempre interpretados e discutidos com o utente e muitas vezes repetidos, para um melhor aconselhamento farmacêutico e são posteriormente registados em documento próprio para o utente.

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de realizar estas medições na FM. Idealmente, estas deveriam ser realizadas no gabinete de atendimento personalizado, proporcionando privacidade e um ambiente mais calmo e favorável à medição. Contudo, tendo em conta o contexto de pandemia, as medições destes parâmetros passaram a ser realizadas apenas em situações excecionais e na sala de atendimento ao público, tentando reduzir ao máximo o contacto e proximidade com o utente.

4.2. Testes Serológicos para a COVID-19

Os testes serológicos, em contexto de farmácia comunitária, para a doença causada pelo vírus SARS-CoV-2 são testes realizados a partir de uma amostra de sangue total, soro ou plasma do utente, usados para a deteção rápida de anticorpos. Contudo, estes testes apresentam algumas limitações e não devem ser usados para realização de um diagnóstico devido ao conhecimento atual sobre o desenvolvimento da doença (16).

Durante o meu estágio, tive a oportunidade de realizar estes testes. Os utentes foram sempre informados das limitações do teste e de quais as recomendações para a sua realização, permitindo que a sua decisão fosse o mais informada possível. Os testes são simples de realizar e precisam de 10 minutos de espera até à análise do resultado. 4.3. Programa de Troca de Seringas

O Programa de Troca de Seringas na Farmácias foi implementado em 1993 com o intuito de prevenir e diminuir a transmissão de doenças infeciosas provocadas pelo VIH, VHB e VHC e também de evitar o abandono de seringas usadas em locais público, sendo por isso uma medida de saúde pública. Posto isto, este programa permite que o utente levante na farmácia um kit de forma gratuita (17). Porém, como o próprio nome do programa indica e para que seja cumprido o seu objetivo, cada utente que leva da farmácia 1 kit que contém 2 seringas estéreis e outros produtos, tem de trazer de volta à farmácia as 2 seringas usadas que são colocadas em contentores de risco biológico, promovendo assim uma troca efetiva entre o utente e a farmácia.

(28)

prática recorrente, com várias aventuras: desde utentes que cumprem e entendem o objetivo do programa, a outros que não têm interesse e com os quais a comunicação é mais complicada. Do meu ponto de vista, este programa é efetivamente essencial para a saúde pública, mas deveria ser mais explorado e ser alvo de mais apoios e controlo. 4.4. Consultas de Nutrição EasySlim

A FM oferece aos seus utentes a oportunidade de usufruírem de um serviço personalizado de consultas de nutrição, em parceria com a EasySlim®, com o objetivo de promover uma reeducação alimentar e um estilo de vida mais saudável (18). Estas consultas são realizadas por uma nutricionista incluída no programa das dietas EasySlim®, no gabinete de atendimento personalizado e com um horário marcado. Nestas consultas, o plano nutricional é quase sempre complementado com produtos da dieta EasySlim®, que se encontram à venda na própria farmácia.

4.5. Administração de Injetáveis

A administração de injetáveis é um serviço prestado pelas farmácias de promoção da saúde e bem-estar dos utentes, incluindo administração de vacinas não incluídas no Plano Nacional de Vacinação e outros medicamentos injetáveis (19). Este serviço deve ser prestado por um farmacêutico que apresente um curso de injetáveis aliado a um curso de Suporte Básico de Vida, devidamente reconhecidos pela Ordem dos Farmacêuticos.

(29)

Parte 2 – Relatório Profissionalizante Farmácia Maia

5.

Projeto 1 – Copo Menstrual

5.1. Relevância do projeto

Os produtos menstruais mais populares são os absorventes higiénicos e os absorventes internos ou tampões. Estes produtos apresentam desvantagens físicas, financeiras e ambientais. Tendo em conta que são absorventes, podem privar o corpo de fluídos necessários à manutenção do pH e, em casos mais graves, podem levar à síndrome do choque tóxico (20). Concomitantemente, o uso das matérias primas para a sua produção, o gasto de energia e água, o transporte, a venda e o seu uso descartável são fatores que influenciam ativamente a sua contribuição para problemas ambientais (20). Estima-se que o ciclo menstrual se repete por um período de 40 anos, sendo gastos cerca de 17000 absorventes higiénicos e/ou tampões (21), para se manter uma vida reprodutiva saudável. Como consequência destas desvantagens, a população tem a necessidade de procurar soluções alternativas, tais como produtos não descartáveis, como os copos menstruais. Ainda assim, o copo menstrual é raramente mencionado em materiais educacionais sobre a puberdade e menstruação, demonstrando a falta de informação global que ainda existe atualmente (22).

Contrariamente aos produtos mencionados anteriormente, o copo menstrual, sendo feito de silicone médico hipoalergénico, ajuda a manter o microbioma e o pH vaginal saudáveis (22). Deste modo, o risco de desenvolver a síndrome do choque tóxico é quase nulo. Pode se usado por um período de 10 anos, sendo apenas necessários 4 copos durante toda a vida fértil, diminuindo assim o seu impacto ambiental. Uma vez que o seu uso pode ir até as 12 horas, pode ser utilizado durante a noite, sem risco de vazamento, e está comprovado o sucesso do seu uso durante atividades físicas vigorosas (21).

No geral, o uso do copo menstrual proporciona mais conforto e consequentemente mais liberdade e ainda contribui ativamente para uma economia ambiental mais positiva (21). Apesar destes aspetos positivos, algumas pesquisas demonstraram atitudes predominantemente negativas, em relação ao copo menstrual, na população que não estava familiarizada com o produto. Por outro lado, a população que continuava o uso do copo, durante pelo menos 6 meses, tinha atitudes mais positivas, sugerindo assim que a satisfação pode aumentar com o uso (23).

Em suma, produtos alternativos para a saúde reprodutiva, como o copo menstrual, têm os mais variados benefícios, mas a falta de conhecimento e consciencialização

(30)

sobre estes produtos e as suas vantagens têm sido as maiores barreiras para a sua utilização.

5.2. Introdução

No ano de 2017, aproximadamente 26% da população mundial estava em idade fértil (22), o que implica que sejam necessários produtos menstruais e de higiene seguros, eficazes e acessíveis.

A menstruação corresponde ao sangramento resultante da eliminação endometrial no final do ciclo de ovulação, sendo, portanto, um sinal de saúde reprodutiva (20). Embora seja uma função normal do corpo, este processo fisiológico continua nos dias de hoje, associado a preconceitos, mitos e superstições levando à falta de informação sobre as opções disponíveis de produtos menstruais e também de anticoncecionais (23). Estes aspetos continuam a perpetuar a insegurança, a ignorância e a falta de vontade de conhecer e/ou experimentar novos produtos com mais vantagens.

Estudos demonstram que, em países em desenvolvimento, a menstruação pode afetar o sucesso escolar na população mais jovem e ainda tornar a população menstruada alvo de violência sexual. Para além disso, a falta de água, de saneamento e de higiene faz aumentar as preocupações com a saúde pública, tendo sido iniciadas várias políticas e doações, de modo a fornecer produtos menstruais e aumentar a informação sobre o tema (22).

5.3. Copo Menstrual

O primeiro modelo de um copo menstrual, surgiu em 1867 nos Estados Unidos da América, com o nome de “catamenial sack” – saco catamenial – mas só em 1937 foi patenteado o primeiro protótipo comercial (21). Embora não tenha sido inicialmente aceite pela população, na década de 1980 teve o seu retorno após o surgimento da “crise do tampão” como consequência dos casos de síndrome do choque tóxico (21). Os primeiros copos menstruais produzidos eram feitos de látex e foram retirados do mercado devido a reações alérgicas frequentes (21). Com o aparecimento do silicone médico hipoalergénico em 1998, este tem sido o material de escolha para a sua produção.

Existem dois tipos de copos menstruais no mercado: o copo cervical que é colocado em torno do colo do útero, na parte superior da vagina; e o copo vaginal (o mais conhecido e utilizado) que é inserido na vagina sob o colo uterino, tal como o tampão, que ao invés de absorver o corrimento menstrual, o coleta no recetáculo. O tamanho do copo varia dependendo do fabricante, mas tem em média 6 cm de comprimento, 4,2 cm de diâmetro e a capacidade de armazenamento varia entre 10 e 38 cm3 (21).

(31)

Figura 1. Copo menstrual e copo cervical.

Permitem coletar mais sangue do que os produtos já existentes no mercado, sendo usados por mulheres com menorragia. O facto de coletar o corrimento menstrual, ao contrário de o absorver, permite avaliar o verdadeiro fluxo menstrual sendo por isso usados clinicamente na coleta de menstruação para estudos in vitro e no tratamento de fístulas vesicovaginais e enterovaginais (21). Os fabricantes aconselham a esvaziar o copo menstrual a cada 4-12 horas, dependendo do fluxo menstrual e do tipo de copo (22). A cada reutilização, o copo menstrual deve ser lavado com água e sabão e, no início e final de cada ciclo menstrual, deve ser esterilizado em água fervente, existindo já no mercado produtos próprios para a sua esterilização.

Posto isto, os copos podem ser usados por um período até 10 anos (22), embora existam também descartáveis de uso único. Em média, são necessários 3 ciclos menstruais para que os processos de inserir, esvaziar e limpar (21) se tornem num hábito natural, sendo realizados com tranquilidade, segurança e confiança.

5.4. Objetivos

Tendo em conta todos os fatores acima mencionados, o objetivo deste projeto foi: • Sensibilizar e informar a população sobre o que é o copo menstrual, as suas

vantagens relativamente a outros produtos já existentes no mercado e o seu modo de uso, de forma a melhorar as atitudes e interações com o produto, permitindo à população fazer escolhas mais informadas;

• Divulgar novas soluções de produtos menstruais mais direcionados para as necessidades atuais da população.

Corpo oco

Nervuras periféricas

Orifícios

(32)

5.5. Metodologia – Descrição do projeto

Tendo em conta a dinâmica da Farmácia Maia, a forma que encontrei mais eficaz de informar os utentes relativamente a este tema, foi através de um panfleto informativo e de um vídeo na televisão da Farmácia na sala de atendimento (Anexos 1 e 2). O panfleto foi entregue aos utentes que compravam anticoncecionais numa tentativa de o direcionar mais para o público alvo.

O panfleto continha informação sobre as vantagens do copo menstrual comparativamente aos absorventes higiénicos e tampões; generalidades sobre o copo menstrual; modo de uso; cuidados especiais; benefícios adicionais ao dia a dia; e resposta a algumas questões frequentemente realizadas.

5.6. Resultados e Discussão

A população tem sido incentivada a falar mais sobre a menstruação e, deste modo, a descrever as suas expectativas relativamente aos produtos menstruais ideais. Na generalidade, os produtos “novos” deveriam manter-se no lugar, não produzir odores desagradáveis, permitir a liberdade de movimento e garantir o conforto (24).

Como referido anteriormente, o copo menstrual corresponde a estes requisitos, mas quando é apresentado ou sugerido, as primeiras reações são de surpresa e até de choque, como pude verificar no momento de apresentação do panfleto, concordante com estudos anteriores (25). Efetivamente, a adaptação à utilização do copo menstrual exige uma fase de familiarização de cerca de 6 meses. Os principais problemas recaem na inserção e remoção do copo, sendo que o uso de outros produtos vaginais como os tampões, facilita a aprendizagem relativamente à sua utilização (25). Aliás, um estudo realizado no Quénia concluiu que os problemas de inserção e remoção diminuíram de 21% para 3% no espaço de 6 meses (26). Um dos aspetos mais relevantes neste processo de familiarização consiste no apoio dos pares, ou seja, na informação e acompanhamento disponibilizados às utilizadoras por parte de colegas, profissionais de saúde e até professores (26).

As perguntas mais vezes colocadas foram relativas ao tamanho e modo de utilização, seguindo-se as questões sobre a segurança e conforto. Embora ainda existam poucos estudos sobre este tema, os copos menstruais demonstraram ser mais seguros, apresentando um risco de infeção muito diminuto (21). Ainda assim, existem alguns relatos de dor e complicações associadas ao uso do copo menstrual devido à sua má utilização/colocação ou até mesmo ao tamanho inadequado do copo em relação à anatomia pélvica. Este tipo de situações pode implicar outras complicações como a cólica renal, por exemplo, que pode ser resolvida após a simples remoção do copo (27). Relativamente ao uso do copo menstrual concomitantemente com outros dispositivos vaginais, como por exemplo o Dispositivo Intrauterino (DIU), têm sido realizados estudos

(33)

para perceber quais os inconvenientes associados. Com a remoção do copo menstrual, o vácuo que é criado, pode fazer com que o DIU se desloque sem que a pessoa se aperceba, deixando-a assim desprotegida. Contudo, verificou-se que se os processos de inserção e remoção do copo menstrual forem realizados com cautela, é possível o uso dos 2 produtos em simultâneo. Desta forma, torna-se essencial alertar as utilizadoras para esta questão, para que estejam mais alerta ou para fazerem escolhas mais adequadas às suas necessidades (28).

Atualmente, verifica-se um ligeiro aumento de procura destes produtos, sendo que nos EUA o seu mercado global tem crescido 4% ao ano (29). No entanto, ainda existem pessoas que nunca ouviram falar desta opção, em parte devido aos níveis baixos de marketing e publicidade em comparação com os produtos menstruais descartáveis. Por outro lado, o uso do copo menstrual implica uma maior intimidade com o próprio corpo, que pode não ser bem aceite pela população. Neste contexto, torna-se essencial o apoio dos pares, como foi referido anteriormente, para que a confiança em relação à utilização do produto aumente.

Outra questão importante na aceitação do uso do copo menstrual corresponde ao seu custo. É evidente que o copo menstrual apresenta um custo superior aos produtos menstruais descartáveis. Porém, durante 1 ano são usados cerca de 300 produtos menstruais descartáveis por pessoa, ao invés de apenas 1 copo menstrual, sendo que este produto pode continuar a ser utilizado pelo prazo de 10 anos, acabando por compensar o seu investimento a longo prazo (30). Naturalmente, o copo menstrual aparece sempre associado ao seu insignificante impacto ambiental. Estudos que avaliaram várias questões ambientais desde a produção dos materiais até ao aquecimento global, indicam o copo menstrual como o produto menstrual com menor impacto (20).

Em suma, a aceitação relativamente ao uso do copo menstrual após esclarecimento de todas estas dúvidas, aumentou em praticamente todas as pessoas que receberam o panfleto.

5.7. Conclusão

Os copos menstruais correspondem a uma solução aceitável e segura para a higiene menstrual de toda a população em vida fértil, mas a falta de conhecimento e consciencialização sobre estes “novos” produtos são as principais barreiras à sua utilização. Deste modo, torna-se necessário informar os utentes sobre as soluções disponíveis no mercado. Mais conhecimento e consciência nem sempre se traduzem no aumento do uso do produto, mas neste caso, este não era o objetivo final. O principal objetivo era aumentar o conhecimento e informação da população, reduzindo a

(34)

qual as pessoas se sintam confortáveis para tomar decisões informadas sobre qual o produto que melhor se adequa às suas necessidades e convicções.

Posto isto, com o feedback recebido pelos utentes, os objetivos propostos para este projeto foram cumpridos.

6.

Projeto 2

– Perspetiva dos Utentes sobre o uso de Medicamentos

Genéricos

6.1. Introdução 6.1.1. Contexto

Com o envelhecimento da população e, consequentemente, com o aumento da incidência de doenças crónicas, as despesas em saúde têm vindo a aumentar por toda a Europa. Em Portugal, os medicamentos correspondem a uma das principais fontes de despesa em saúde, sendo que no ano de 2015 o mercado dos medicamentos correspondia a cerca de 20% do total das despesas em saúde (31). Posto isto, não é de admirar o papel de destaque que os medicamentos adquirem quando o objetivo é a contenção dessa despesa. É neste contexto que os medicamentos genéricos surgem como forma de ajudar neste controlo: alternativas terapêuticas com o mesmo efeito, a um preço mais reduzido, possibilitando assim uma poupança tanto para o utente como para a entidade financiadora. Porém, encarar a problemática dos medicamentos genéricos apenas a partir da minimização de custos não é suficiente.

Quando surgiu o conceito de medicamento genérico, houve muita relutância quanto à sua aceitação, amplamente influenciada pelas perceções dos prescritores, farmacêuticos e utentes, verificando-se atualmente uma ligeira melhoria (32). A informação disponibilizada até ao momento, indica que a quota nacional de medicamentos genéricos em Portugal é de 48,4%, verificando-se um aumento relativamente ao ano anterior de 0,9% (33). Alguns estudos estimam que a substituição dos medicamentos de referência por medicamentos genéricos poderá reduzir as despesas dos utentes em cerca de 60% (34). Ainda assim, estudos recentes demonstraram que uma parte da população, mas também farmacêuticos e médicos, continuam a ter uma perceção negativa relativamente aos medicamentos genéricos, indicando que são menos seguros, de qualidade inferior e menos eficazes quando comparados com os medicamentos de referência (32). Em contexto de atendimento, foram várias as vezes em que fui confrontada com a dúvida, incerteza e preconceito em relação aos medicamentos genéricos.

6.1.2. Medicamento Genérico – Definição

De acordo com a definição do Infarmed, descrita no Estatuto do Medicamento, um medicamento genérico é “um medicamento com a mesma composição qualitativa e quantitativa em substâncias ativas, a mesma forma farmacêutica, e cuja bioequivalência

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