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O desenvolvimento positivo dos jovens: um estudo realizado com jovens da Ilha Graciosa em idade escolar

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

O Desenvolvimento Positivo dos Jovens: um estudo

realizado com jovens da ilha Graciosa em idade escolar

Dissertação de Mestrado em Ensino de Educação Física nos Ensinos

Básico e Secundário

PAULO ALEXANDRE PEREIRA DA SILVA

ORIENTADOR: Professor Doutor Francisco José Félix Saavedra

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O Desenvolvimento Positivo dos Jovens: um estudo

realizado com jovens da ilha Graciosa em idade

escolar

PAULO ALEXANDRE PEREIRA DA SILVA

ORIENTADOR: Professor Doutor Francisco José Félix Saavedra

UTAD

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Dedicatória

À minha mãe Lucília, que sacrificou a sua vida por mim.

À minha Tilde, que dá sentido e completa a minha vida.

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Agradecimentos

Concluída esta dissertação, não poderia deixar de agradecer a todas as pessoas que me ajudaram na realização deste projeto, com a sua dedicação, cooperação, paciência, apoio e sabedoria. Sem esta ajuda preciosa, este caminho teria sido muito mais difícil.

Ao Professor Doutor Francisco Saavedra, orientador deste trabalho, pela sua orientação científica, disponibilidade, auxílio e capacidade crítica.

Ao Presidente do Conselho Executivo, José Manuel da Silva Gregório e aos Vice-Presidentes, José Ricardo Oliveira e João Natal Bettencourt, pela autorização na realização deste estudo na Escola Bárica e Secundária da Graciosa.

Aos Professores de Educação Física da Escola Básica e Secundária da Graciosa, pela colaboração da realização dos questionários deste estudo nas suas aulas.

Aos alunos da Escola Básica e Secundária da Graciosa, pela disponibilidade demonstrada no preenchimento dos questionários.

À minha colega e amiga, Professora Doutora Teresa Macedo, pelo apoio e disponibilidade demonstrada.

À minha colega Professora Teresa Barata, pela ajuda e disponibilidade prestada.

Ao meu filho Eduardo, por toda a falta de tempo que tivemos para brincar.

À minha esposa Clotilde, pela ajuda, paciência e acréscimo de tarefas que teve na minha falta de tempo na realização deste projeto e sonho pessoal.

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Dissertação com vista à obtenção do grau de Mestre (2º ciclo) em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, cumprindo o estipulado no ponto 5 do artigo 10.º do regulamento CRUP da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, sob a orientação do Professor Doutor Francisco José Félix Saavedra.

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Índice geral

1. Introdução ... 2

2. Revisão da literatura ... 6

2.1. Desenvolvimento positivo ... 6

2.2. Desenvolvimento positivo dos jovens ... 8

2.2.1. O movimento do desenvolvimento positivo dos jovens ... 8

2.2.2. O modelo dos cinco c´s ...12

2.2.3. O desenvolvimento positivo dos jovens em contexto escolar ...16

2.2.4. Avaliação do desenvolvimento positivo dos jovens através da versão reduzida do questionário PYDp ...17 3. Metodologia ...21 3.1. Caracterização da amostra ...21 3.2. Instrumento ...22 3.3. Procedimentos ...23 3.4. Análise estatística ...24 4. Apresentação de resultados ...26

4.1. Nível global de desenvolvimento positivo dos jovens graciosenses (5c’s) ...26

4.2. Desenvolvimento positivo dos jovens graciosenses. Análise por sexo (5c’s) ...27

4.3. Desenvolvimento positivo dos jovens graciosenses. Análise por escalão de idade (5c’s) ...27

4.4. Desenvolvimento positivo dos jovens graciosenses. Análise por escalão de idade, tendo em conta o sexo (5c’s) ...28

4.5. Desenvolvimento positivo dos jovens graciosenses. Análise por sexo, tendo em conta o escalão de idade (5c’s) ...30

5. Discussão de resultados ...32

5.1. Discussão global dos resultados ...32

5.2. Discussão dos resultados em função do sexo ...34

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vii

5.4. Discussão dos resultados em função do escalão de idade, tendo em conta o sexo dos

indivíduos ...36

5.5. Discussão dos resultados em função do sexo dos indivíduos, tendo em conta o escalão de idade ...37

6. Conclusão ...39

7. Novas propostas de trabalho ...42

8. Referências bibliográficas ...44 9. Anexos ...53 Anexo I ...53 Anexo II ...54 Anexo III ...55 Anexo IV ...56

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Índice de quadros

Quadro 1 - Características dos 5 C´s (Adaptado de Lerner et al., 2005) ...13

Quadro 2 - Modelo de sistemas de desenvolvimento relacional do indivíduo → relações de contexto envolvidas na conceção do processo do Desenvolvimento Positivo dos Jovens de Lerner e Lerner ...15

Quadro 3 - Subescalas do questionário Measure of PYD (Adaptado de Lerner et al., 2005;

Esperança et al., 2017). ...18

Quadro 4 - Versão reduzida do Measure of Positive Youth Development (PYDp/red),

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ix

Índice de tabelas

Tabela 1 - Divisão da amostra e caracterização dos grupos de estudo, em função do escalão

de idade e sexo [número de sujeitos (n), média (M) e desvio padrão (± DP), da idade]. ...21

Tabela 2 - Nível global de desenvolvimento positivo, considerando as diferentes dimensões

5 C’s [média (M) e desvio padrão (± DP)]. ...26

Tabela 3 - Apresentação dos 5 C’s, no total dos indivíduos em estudo, em função do sexo

[média (M) e desvio padrão (± DP)]. ...27

Tabela 4 - Apresentação dos 5 C’s, no total dos indivíduos em estudo, em função do

escalão de idade [média (M) e desvio padrão (± DP)]. ...28

Tabela 5 - Apresentação dos 5 C´s, por escalão de idade, em função do sexo [média (M) e

desvio padrão (± DP)]...29

Tabela 6 - Apresentação dos 5 C´s, em função do sexo, tendo em conta o escalão de idade

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x

Abreviaturas

DP – Desenvolvimento Positivo

DPJ – Desenvolvimento Positivo dos Jovens

PYD – Positive Youth Development

PYDp – Versão portuguesa do Measure of Positive Youth Development

PYDp/red – Versão reduzida da versão portuguesa do Measure of Positive Youth

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Resumo

O estudo do desenvolvimento positivo dos jovens, possibilita identificar e desenvolver as suas potencialidades conduzindo-os ao sucesso. Diversas publicações refletem o esforço da comunidade científica para identificar as características, que tipificam os jovens bem-sucedidos, bem como as potenciar. Durante a adolescência ocorrem uma série de transformações físicas, emocionais, cognitivas e sociais. Neste período, também surge a puberdade e os adolescentes e jovens constroem a sua identidade. Este estudo teve por objetivo perceber quais os domínios em que os jovens, em idade escolar da Ilha Graciosa - Região Autónoma dos Açores, estão mais ou menos desenvolvidos relativamente a alguns parâmetros associados com o desenvolvimento positivo. Para o efeito, foi considerado o modelo dos 5C’s, desenvolvido por Lerner et al. (2005). Trezentos e quatro jovens estudantes, de ambos os sexos, da Escola Básica e Secundária da Ilha Graciosa, com idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos, divididos em dois escalões etários (escalão 1 [10-14 anos] e escalão 2 [15-18anos]), preencheram o PYDp/red (Esperança, Dias, Brustad, & Fonseca, 2017), a versão portuguesa do Measure of PYD (Lerner et al., 2005). Os resultados permitiram constatar que os estudantes apresentavam valores mais elevados na dimensão Caráter. Exibem um melhor desenvolvimento nas questões associadas com o respeito pelas regras sociais, culturais e morais. Inversamente, evidenciam aptidões inferiores nas questões relacionadas com a dimensão Competência, nomeadamente na visão positiva das próprias ações. Verificamos ainda, que as raparigas revelam resultados superiores nas dimensões Caráter e Cuidado e atenção, enquanto os rapazes apresentam valores superiores em Competência, Conexão e Confiança. Relativamente à idade, destacamos a existência de diferenças nos resultados, sendo os resultados inferiores, em todas as dimensões, nos jovens que se encontravam no final da puberdade, comparativamente aos de outras faixas etárias. Este estudo vem reforçar a melhor compreensão do desenvolvimento, sustentando as opções a implementar, para que os jovens tenham um desenvolvimento mais positivo.

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Abstract

Studying the positive development of young people makes it possible to identify and develop their potentialities leading them to success. Several publications reflect the effort of the scientific community to identify the characteristics that typify successful young people, as well as to empower them. During adolescence a series of physical, emotional, cognitive and social transformations occur. During this period, puberty also arises and adolescents and young people build their identities. This study aimed to understand which areas, in young people, of school age in Graciosa Island - Autonomous Region of the Azores, are more or less developed in relation to some parameters associated with positive development. For this purpose, the 5C's model developed by Lerner et al. (2005) was considered. Three hundred and four young students, male and female, from Graciosa Island Elementary and Secondary School, aged 10 to 18, divided into two age groups (age 1 [10-14 years] and age 2 [15 -18years]), filled out the PYDp/red (Esperança, Dias, Brustad, & Fonseca, 2017), the portuguese version of Measure of PYD (Lerner et al., 2005). The results showed that students had higher values in the Character dimension. They exhibit better development in issues associated with respect for social, cultural and moral rules. Conversely, they show inferior skills in issues related to the Competence dimension, namely in the positive view of their own actions. We also found that girls show superior results in the Character and Care and Attention dimensions, while boys show superior values in Competence, Connection and Confidence. Regarding age, we highlight the existence of differences in the results, and those were lower in all dimensions in young people at the end of puberty, compared to those of other age groups. This study reinforces a better understanding of development, sustaining the options to implement, so that young people have a more positive development.

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O Desenvolvimento Positivo dos Jovens: um estudo realizado com

jovens da ilha Graciosa em idade escolar

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1. Introdução

O estudo do desenvolvimento positivo dos jovens (DPJ), assume-se como uma nova perspetiva de observar a adolescência. Todos os jovens têm em si as capacidades necessárias para um desenvolvimento positivo (DP), salutar e de êxito (Lerner et al., 2005). O DPJ procura encarar os jovens com particular atenção nas suas competências positivas, tais como, características intelectuais e físicas, aptidão de relacionamento ou generosidade, acautelando fatores de risco tais como, falta de apoio familiar, baixo aproveitamento escolar ou fraca autoestima.

Esta abordagem, deu origem a uma abrangente área de pesquisa, cujo evidente incremento de publicações na literatura especializada comprova a pertinência desta área no estudo do desenvolvimento dos adolescentes e jovens (Damon e Lerner, 2006). De um modo geral, intervenções no domínio do DPJ sugerem resultados positivos. A participação em programas adequadamente concebidos sobre esta temática, desenvolve potencialmente as melhores características dos jovens e tende a diminuir os comportamentos de risco.

O interesse em promover o DP nas crianças e nos adolescentes sempre foi um dos principais objetivos da ciência do desenvolvimento (Lerner, 2017). Ainda que não exista uma definição concreta do DPJ, este é caraterizado por promover estratégias com o objetivo de desenvolver as potencialidades dos jovens, em vez de se focar em corrigir as suas hipotéticas dificuldades (Esperança, 2016). Os interesses nos pontos fortes da juventude, a plasticidade relativa do desenvolvimento humano e o conceito de resiliência servem para fomentar o desenvolvimento do conceito de DPJ (Lerner, Lerner, Bowers e Geldhof, 2015).

De uma forma geral, nos diferentes modelos, o êxito do desenvolvimento dos jovens é estimado pelo incremento de comportamentos positivos (satisfação com a vida, autodeterminação, aproveitamento escolar), concomitantemente com o decréscimo de comportamentos de risco (delinquência, violência, uso de substâncias alteradoras dos estados de consciência). Diferentes investigadores têm sugerido ferramentas que avaliam os conceitos inerentes ao DP. Contudo, entre as ferramentas de avaliação propostas (Positive

Youth Development Inventory – Arnold, Nott, & Meinhold, 2012; Rochester Evaluation of Asset Development for Youth – Klein et al., 2006; Youth Experience Survey – Hansen & Larson,

2005), aparentemente nenhuma sugere uma robustez concetual tão sólida como o Measure

of Positive Youth Development (PYD, Lerner et al., 2005), a qual permite avaliar a

implementação do modelo dos 5 C’s que deriva das propostas de Benson, Leffert, Scales e Blyth (1998), Harter, (1983) e Small e Rogers, (1995). O modelo proposto por Lerner et al.

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INTRODUÇÃO

3

(2005), operacionaliza o estudo do DP através da avaliação dos 5 C´s: Caráter; Confiança; Competência; Cuidado e atenção; Conexão (Esperança, Dias, Brustad e Fonseca, 2018).

Na literatura da especialidade existem bastantes publicações a nível internacional que estudam esta temática (Årdal, Holsen, Diseth e Larsen, 2018; Dvorsky et al., 2019; Lerner et al., 2005; Phelps et al., 2009). A nível nacional, a literatura disponível que estuda o DPJ seguindo o modelo dos 5 C´s, registam-se até ao momento os estudos levados a cabo por Esperança (2016).

Neste sentido, sendo esta área pouco estudada em Portugal, surgiu a necessidade de compreender o nível de DPJ dos jovens graciosenses. Será que estes jovens apresentam um grau de DP inferior, semelhante ou superior ao encontrado por outros pesquisadores com outros jovens? Os resultados observados na ilha Graciosa irão de encontro à norma da maioria dos estudos realizados, principalmente em Portugal, ou apontarão num sentido contrário?

O presente estudo, de caráter empírico, teve como objetivo perceber o grau de desenvolvimento dos jovens graciosenses em idade escolar da Ilha Graciosa, da Região Autónoma dos Açores, relativamente às cinco dimensões do DPJ. Desta forma, foi aplicado a versão reduzida do questionário da versão portuguesa do Measure of Positive Youth

Development (PYDp/red), desenvolvido por Esperança et al. (2017), sendo consideradas as

variáveis sexo e idade. Pretendeu-se ainda com este estudo, perceber quais as áreas com maior necessidade de intervenção na comunidade jovem graciosense, realizar comparações com o estudo de Esperança et al. (2018) e que possa ser utilizado para comparação em estudos futuros.

O trabalho que apresentamos está organizado em oito capítulos (1 – Introdução; 2 – Revisão da Literatura; 3 – Metodologia; 4 – Resultados; 5 – Discussão de Resultados; 6 – Conclusão; 7 – Novas Propostas de Trabalho; 8 – Bibliografia).

No Capítulo 1, Introdução, realizamos o enquadramento do âmbito do estudo, apresentamos o objetivo e questões de investigação e a estrutura do trabalho

O Capítulo 2, Revisão da Literatura, está estruturado em dois subcapítulos: No primeiro fazemos o enquadramento e delimitação teórica sobre o DP. No segundo subcapítulo, desenvolvemos a temática subjacente ao DPJ, considerando para o efeito quatro áreas de estudo: O movimento do DPJ; O modelo dos 5 C’s; O DPJ em contexto escolar e Avaliação do DPJ, através da versão reduzida do questionário PYDp.

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No capítulo 3, Metodologia, apresentamos as principais características da amostra em estudo; apresentamos os instrumentos e procedimentos para a recolha dos dados; referenciamos os processos de medida e avaliação efetuados. Finalmente apresentamos os procedimentos e análise estatística adotada.

No capítulo 4, Resultados, fazemos a apresentação dos resultados, do DPJ Graciosenses, em função do género e a idade, utilizando o modelo dos 5 C´s (Lerner et al., 2005).

No capítulo 5, Discussão de Resultados, fazemos a análise e discussão das variáveis de resultado do DPJ e interpretamos o comportamento de cada uma das variáveis em função dos objetivos formulados.

No capítulo 6, apresentamos as Conclusões mais relevante e recomendações.

No capítulo 7, sugerimos Novas Propostas de Trabalho.

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O Desenvolvimento Positivo dos Jovens: um estudo realizado com

jovens da ilha Graciosa em idade escolar

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REVISÃO

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2. Revisão da literatura

2.1. Desenvolvimento positivo

Na modernidade, a ciência do desenvolvimento humano envolve modelos teóricos de sistemas relacionais (Overton, 2010), que enfatizam este processo básico, envolvendo relações mutuamente influentes entre um indivíduo ainda em estado de grande evolução cognitiva, mental e emocional e os múltiplos níveis do seu meio, em constante mudança. Estas relações bidirecionais podem ser representadas como relações individuais de contexto e regulamentam a direção do desenvolvimento humano.

Brandtstädter (2006), Lerner et al. (2011), afirmam que esses modelos incluem a teoria bioecológica de Bronfenbrenner e Morris (2006), cuja teoria compreende a ação de comportamentos intencionais direcionados a objetivos (Brandtstädter, 2006), a teoria do curso da vida (Elder, 1998), a teoria dos sistemas dinâmicos de Magnusson e Stattin (2006) e as formulações dos sistemas de desenvolvimento de Ford e Lerner (1992) e Gottlieb (1998).

A História e o Tempo fazem parte do desenvolvimento humano, estando associados ao indivíduo através de regulamentos de desenvolvimento. Desta forma, existe sempre um potencial de mudança, definida de “plasticidade”, ao longo da vida (Baltes, Lindenberger e Staudinger, 2006).

Este potencial de mudança, representa uma força fundamental para o desenvolvimento humano. Plasticidade significa uma mudança para melhor ou para pior, podendo, desta forma, caraterizar o caminho do desenvolvimento de um indivíduo, que pode resultar num desenvolvimento mais positivo (Lerner, Phelps, Forman e Bowers, 2009). O potencial da plasticidade no desenvolvimento humano ocorre nas relações mútuas, que ocorrem entre o indivíduo e os seus sistemas contextuais (Lerner et al., 2005).

Por isso, incluir a ideologia teórica de plasticidade no desenvolvimento dos adolescentes e as descobertas práticas sobre as várias etapas pelas quais atravessam nesse estádio da vida, levou à estrutura presente do DPJ, que considera os indivíduos como recursos a serem desenvolvidos e não como problemas a serem gerenciados (Damon, 2004; Lerner, 2005).

Lerner et al. (2009), sustentam a suposição fundamental das teorias de sistemas de desenvolvimento relacional, afirmando que esse sistema é suficientemente diversificado e complexo de maneira a aumentar a possibilidade de uma mudança para melhor, de forma a promover caraterísticas mais positivas no desenvolvimento humano.

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REVISÃO DA LITERATURA

7

O período da adolescência é caraterizado por enormes mudanças individuais e contextuais. Nesta fase o indivíduo tem as habilidades relacionais cognitivas, comportamentais e sociais, que contribuem de uma forma ativa para a sua própria mudança de desenvolvimento (Lerner e Walls, 1999). É durante esta fase que melhor se pode estudar a plasticidade do desenvolvimento humano e explorar como o acoplamento humano individual e os contextos dentro do sistema de desenvolvimento podem promover um DP (Lerner et al., 2011). São várias as mudanças profundas durante este estádio de vida, nomeadamente ao nível físico, fisiológico, cognitivo, emocional, comportamental, social, relacional e institucional. Quando estas mudanças são sistemáticas, elas revelam a plasticidade intrínseca ao sistema de desenvolvimento humano (Lerner, 1984).

Eccles e Gootman (2002), definiram quatro domínios essenciais que representam a saúde e bem-estar durante a adolescência:

1. Desenvolvimento físico 2. Desenvolvimento intelectual

3. Desenvolvimento psicológico e emocional 4. Desenvolvimento social.

Os mesmos autores, afirmam que o DP não necessita de ter todos estes aspetos presentes. No entanto, é bastante benéfico para o desenvolvimento dos adolescentes terem competências nos quatro domínios. Os jovens necessitam de ter acesso a contextos que promovam a sua progressão através de experiências, contextos, ambientes e contacto com pessoas positivas, que lhes ofereçam oportunidades de evoluir e aperfeiçoar habilidades importantes necessárias à literacia do quotidiano. É importante que a sociedade ofereça programas para que os jovens, em interação com as comunidades possam experienciar ambientes positivos (Lerner et al., 2011). Os profissionais que trabalham com esses indivíduos devem planear, projetar e avaliar os programas para o seu desenvolvimento, tendo em conta as caraterísticas destes quatro domínios (Eccles e Gootman 2002).

Se as grandes mudanças dos indivíduos ocorrem durante a adolescência, como já temos vindo a referir, deve existir, por isso, um regulamento adaptativo ao nível das mutações que vão ocorrendo em que se influencie o desenvolvimento do jovem, a partir dos impulsos e reforços da sua família, escola, grupos de pares e comunidade, o que aumentará a probabilidade da juventude prosperar, manifestando, desta forma, uma evolução mais saudável e positiva.

De acordo com a teoria dos sistemas de desenvolvimento relacional, as ligações entre as ideias de plasticidade, regulação adaptativa de desenvolvimento e prosperidade, sugerem

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que todos os jovens têm pontos fortes que podem ser aproveitados para promoverem um desenvolvimento mais positivo durante a adolescência (Lerner et al., 2011).

Com efeito, o DP assenta em relações benéficas entre adolescentes e a sua comunidade. Desta forma, os jovens prósperos devem estar positivamente empenhados para melhorar o seu mundo, ficando menos propensos a comportamentos de risco (Lerner et al., 2011). Desafiando este período que apresenta bastantes desafios para os jovens, também estamos perante uma fase de oportunidades importantes para desenvolver os pontos fortes e estimular o crescimento, nas suas amplas aceções, de cada ser humano (Roth e Brooks-Gunn, 2003a).

2.2. Desenvolvimento positivo dos jovens

2.2.1. O movimento do desenvolvimento positivo dos jovens

O interesse em promover o DP entre crianças e adolescentes sempre foi um objetivo da ciência do desenvolvimento (Lerner, 2017). Tendo-se iniciado esta investigação no início da década de 1990 e aparecendo na primeira metade da primeira década do século XXI, surge uma nova visão e um novo vocabulário para discutir o desenvolvimento dos jovens. Este novo conceito procura enfatizar o desenvolvimento dos pontos positivos presentes em todos os jovens, nomeadamente o desenvolvimento moral, a formação cívica, o bem-estar próprio e o sucesso pessoal. Estes conceitos são baseados na ideia de que todos os jovens têm potencial para terem sucesso, que podem ter um desenvolvimento saudável e capacidade para atingirem um DP (Lerner et al., 2005; Lerner et al., 2011).

O DPJ surge da metateoria do desenvolvimento humano dos sistemas de desenvolvimento relacional, que, de certa forma, salienta as relações bidirecionais entre o indivíduo em desenvolvimento e o contexto no qual está inserido (Overton, 2015), procurando estudar a prosperidade na fase da adolescência (Geldhof, Bowers e Lerner, 2013).

Esta abordagem perspetiva os jovens como recursos e não como problemas para a sociedade, incluindo os mais desfavorecidos, valorizando as suas potencialidades (Damon, 2004).

O potencial de mudança é uma caraterística presente em todos os jovens, sendo uma força que pode ser construída. Esta força deve ser vista com otimismo, dado que, pode

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REVISÃO DA LITERATURA

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influenciar positivamente os caminhos a percorrer por todas as crianças (Lerner e Lerner, 2011).

Todos os jovens têm pontos fortes, como demonstrado pela sua capacidade de mudanças ao nível cerebral: cognitivas, emocionais, sociais e comportamentais. Estas mudanças ocorrem durante a adolescência e quando estão alinhadas com recursos para um crescimento saudável, tais como o seu lar, a sua escola e a sua comunidade, o DPJ será potenciado (Phelps et al., 2009).

A perspetiva do DPJ vai para além de uma visão deficitária da juventude e, ao contrário disso, salienta que todos os jovens têm forças pessoais que podem ser desenvolvidas (Geldhof et al, 2014). Estes autores salientam que os pesquisadores devem encontrar maneiras de otimizar o DP, em vez de se concentrarem na prevenção de resultados negativos do desenvolvimento, pois os pontos fortes e as qualidades positivas da juventude são os resultados que os pais, professores e sociedade desejam desenvolver nos jovens (Conway, Heary e Hogan, 2015).

O DPJ tem ganho nos últimos anos uma crescente importância relativamente à investigação e à intervenção com crianças e jovens. É caraterizado como um conjunto de estratégias que têm como objetivo a potencialização das crianças e jovens, através dos recursos disponíveis, de forma a existir uma transição à vida adulta com sucesso (Damon, 2004; Lerner et al., 2005).

Damon (2008), vê o estudo do DPJ como um exame do desenvolvimento do propósito da juventude. Este autor afirma que um indicador importante do DPJ e de uma juventude próspera é o relacionamento em atividades que promovam o bem-estar comum e que façam contribuições significativas para a comunidade.

Os interesses nos pontos fortes dos jovens, a plasticidade do desenvolvimento humano e o conceito de resiliência serviram na década de 1990 para estimular o DPJ (Lerner et al., 2009).

O DPJ difere de abordagens que se centram nos problemas que alguns jovens encontram ao crescer. Estes problemas podem ser ao nível da aprendizagem; transtornos afetivos, conduta antissocial, baixa autoestima, baixos níveis de motivação e de realização pessoal, problemas com a bebida e uso de drogas, crises psicossociais derivadas da maturação na fase da puberdade, riscos de negligência, de abusos e de privações que atingem certas populações. A abordagem do DPJ reconhece a existência de adversidades e desafios no desenvolvimento que podem afetar as crianças de várias formas. No entanto, esta

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10

abordagem resiste ao conceber um processo de desenvolvimento que visa superar défices e fatores de risco. Existe, porém, uma visão em que sublinha que uma criança é plenamente capaz e curiosa para explorar o meio que a rodeia, adquirindo capacidades e competências necessárias, de forma a contribuir para um mundo melhor. O DPJ procura compreender, educar e envolver as crianças em atividades produtivas, em vez de valorizar as suas incapacidades ou tendências desviantes (Damon, 2004).

De uma forma geral, a intervenção na área do DPJ, revela resultados positivos, dado que, os jovens demonstram um desenvolvimento das suas características positivas quando participam em programas de DPJ devidamente organizados, diminuindo desta forma comportamentos de risco (Esperança et al., 2018).

Um estudo realizado por Lerner et al. (2014), afirma que os programas que incentivam o DPJ, desenvolvem o bem-estar nos adolescentes e que a probabilidade de estes prosperarem na sua vida é maior. O DPJ pode ser promovido quando existam programas pós-escolares e estes estejam alinhados com os recursos existentes no contexto dos jovens (Lerner et al., 2014).

É também sugerido por estudos que a ligação entre o DPJ e os recursos disponíveis para o desenvolvimento dos jovens, em especial programas extracurriculares simples, são importantes para concretizar a promoção do desenvolvimento da juventude (Lerner e Lerner, 2011). Programas que apresentem estas características podem ser denominados de programas de desenvolvimento de jovens (Lerner, 2004; Roth e Brooks-Gunn, 2003b). Estes autores definem três grandes características de programas efetivos de desenvolvimento dos jovens:

1. Relações positivas e sustentadas entre jovens e adultos; 2. Atividades que produzam importantes habilidades para a vida;

3. Oportunidades para os jovens usarem as habilidades adquiridas enquanto participantes ou líderes em atividades importantes para a comunidade.

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REVISÃO DA LITERATURA

11

Os autores Catalano, Berglund, Ryan, Lonczak e Hawkins (2004), referem que programas de promoção do DPJ, procuram atingir os seguintes objetivos:

1. Promover a ligação; 2. Promover a resiliência;

3. Promover a competência social; 4. Promover a competência emocional; 5. Promover a competência cognitiva;

6. Promover a competência comportamental; 7. Promover a competência moral;

8. Fomentar a autodeterminação; 9. Promover a espiritualidade; 10. Promover a autoeficácia;

11. Promover identidade clara e positiva; 12. Promover a crença no futuro;

13. Reconhecer comportamento positivo; 14. Oferecer oportunidade pró-social; 15. Promover normas pró-sociais.

Segundo Catalano et al., (2004), os programas desenvolvidos no âmbito do DPJ, que sejam bem estruturados, têm-se revelado importantes para o desenvolvimento de características positivas no desenvolvimento dos jovens.

Estes programas de desenvolvimento dos jovens, em situações ideais, devem ser enquadrados por teorias de mudança derivadas de teorias de desenvolvimento adolescente que sejam empiricamente úteis (Lerner et al., 2014).

O DPJ beneficia a identificação e orientação das potencialidades presentes nos jovens com o objetivo de estes alcançarem uma vida de sucesso com contribuições para os próprios e para a comunidade em que estão inseridos (Lerner et al., 2005), através de intervenções organizadas para o efeito (Esperança, Regueiras, Brustad e Fonseca, 2013). Todas as crianças têm talento, força e interesses que lhes oferecem potencial para um futuro brilhante (Damon, 2004).

Segundo Esperança et al. (2018), o DPJ pretende intervir com os jovens, procurando promover as suas características físicas e intelectuais, capacidades de relacionamento ou altruísmo, de forma a prevenir fatores de risco, nomeadamente falha de suporte familiar, pouco rendimento escolar e baixa autoestima.

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12

Damon (2004), refere que o DPJ alterou a perspetiva sobre como os investigadores colocam as questões e recolhem os dados nas suas pesquisas, bem como as recomendações práticas que foram implementadas em trabalhos relacionados com a juventude, desde a área da educação à política social.

Segundo Larson (2006), o DPJ é um processo onde a capacidade dos jovens para serem motivados por desafios está diretamente relacionada com o seu desenvolvimento. Para que ocorra um DP é necessário que o sistema motivacional seja ativado e permaneça ligado em numerosos domínios do desenvolvimento, enquanto os jovens lidam com os desafios que vão surgindo na vida real (Lerner et al., 2011).

O principal interesse em promover o DPJ é o otimismo que ele cria ao ser capaz de materializar a plasticidade do desenvolvimento humano, promovendo os pontos fortes específicos dos jovens, de forma a estes melhorarem as suas vidas. A hipótese chave do modelo do DPJ, é que se os pontos fortes específicos dos jovens e os recursos na sua comunidade (ativos para o DP encontrados nas suas casas, escolas, atividades fora da escola e comunidades religiosas) estiverem alinhados ao longo do seu desenvolvimento, as vidas de todos eles podem ser enriquecidas (Lerner, 2017).

Os autores Esperança et al. (2013), afirmam que o DPJ é uma área que se encontra em desenvolvimento e com potencial para promover jovens felizes que se tornarão adultos felizes e produtivos.

2.2.2. O modelo dos cinco c´s

Na literatura existem vários modelos que pretendem analisar o DPJ, mas é o modelo de Lerner et al. (2005), conhecido como o modelo dos 5 C’s, que tem como objetivo analisar o DPJ através de cinco características, aquele que gera maior consenso por parte dos investigadores da especialidade (Esperança et al., 2017, 2018). Este estudo de Lerner et al. (2005), tem também como objetivo entender os processos que estão envolvidos no surgimento do DPJ e o que impulsiona os jovens ao longo de uma trajetória saudável no seu desenvolvimento.

O modelo dos 5 C´s valoriza os pontos fortes dos adolescentes. Definido pelas teorias dos sistemas de desenvolvimento, que enfatizam o potencial de mudança (Lerner, 2004), este modelo propõe que o DP acontece quando os pontos fortes dos jovens estão orientados

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REVISÃO DA LITERATURA

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sistematicamente com a promoção positiva do crescimento (Benson, Scales, Hamilton e Sesma, 2006).

Quadro 1 - Características dos 5 C´s (Adaptado de Lerner et al., 2005)

Características dos 5 C´s

Definição

Competência Visão positiva das suas próprias ações em áreas específicas dos domínios: social, académico, cognitivo e profissional. A competência social diz respeito às habilidades interpessoais (por exemplo, resolução de conflitos). A competência cognitiva inclui as habilidades cognitivas (por exemplo, tomada de decisão). A competência académica abrange as classificações escolares, assiduidade às aulas e resultado de testes. A competência profissional engloba hábitos de trabalho e exploração de escolhas referentes a uma futura carreira.

Confiança Um sentimento interior positivo global de autoestima e autoeficácia. Possuir uma visão global de si próprio, em oposição com crenças de certos domínios.

Conexão Laços positivos com pessoas e instituições que se refletem nas trocas bidirecionais entre o indivíduo e colegas, família, escola e comunidade em que ambas as partes contribuem para o relacionamento.

Carácter Respeito pelas regras sociais e culturais, posse de padrões para comportamentos corretos, um sentido de errado (moralidade) e integridade.

Cuidado e atenção Sentimento de simpatia e empatia pelos outros.

Esperança et al., (2013), afirmam que, na base mais teórica, o DPJ assenta em duas premissas: A primeira premissa é relativa à sua estrutura, em que abrange cinco características fundamentais conhecidas por 5 C’s: “Competência”, “Confiança”, “Conexão”, “Carácter” e “Cuidado e atenção”. Na segunda premissa, o DPJ situa-se nos contextos mais

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14

importantes para os jovens, nomeadamente na sua casa, na sua escola e na sua comunidade, desde que as suas potencialidades estejam organizadas de acordo com os recursos existentes e possam, dessa forma, promover o seu sucesso.

O modelo dos 5 C´s é um meio de operacionalizar as caraterísticas de desenvolvimento que os jovens necessitam para se tornarem membros bem-sucedidos e contribuintes para a sociedade (Lerner et al., 2011). Este modelo operacionaliza o DP de uma forma multidimensional através da avaliação destas cinco variáveis (Dvorsky et al., 2019).

Partindo dos 5 C´s, podemos afirmar que os jovens desenvolvem uma sexta caraterística denominada de “Contribuições”, sendo essencial para o próprio, para a família e para a comunidade. Esta característica pode servir para medir o DPJ e promover o desenvolvimento de comportamentos desejados nos jovens (Lerner et al., 2005). Jovens que não desenvolvam convenientemente os 5 C´s, apresentam risco no seu desenvolvimento, nomeadamente problemas pessoais, sociais e comportamentais (Lerner, 2004).

Os 5 C´s estão associados a um desenvolvimento eficaz (Dvorsky et al., 2019). As características Confiança e Competência estão associados a sintomas depressivos e ansiedade baixos (Conway et al., 2015), Conexão está associada positivamente à satisfação com a vida (Holsen, Geldhof, Larsen e Aardal, 2017) e negativamente associado com sintomas depressivos no fim da adolescência (Conway et al., 2015). Os cinco C´s tendencialmente correlacionam-se positivamente com indicadores de desenvolvimento adaptativo (satisfação com a vida e empoderamento) e negativamente com ansiedade e sintomas depressivos. Com exceção da dimensão Cuidado e atenção que está correlacionada positivamente com sintomas de ansiedade e depressão. (Holsen et al., 2017). Quanto à dimensão Caráter existem evidencias de uma associação baixa com a ansiedade (Dvorsky et al., 2019).

Esta perspetiva do DPJ desenvolvida por Lerner et al. (2005), aponta para o desenvolvimento do potencial dos jovens através de ingerências específicas, que para além de prevenir e eliminar comportamentos de risco, promova também comportamentos saudáveis ou de sucesso através dos 5 C´s. Os estudos nesta área demonstram resultados estimulantes, dado que, com a participação em programas de DPJ, os jovens parecem desenvolver características positivas e tendem a diminuir os comportamentos de risco (Esperança et al, 2018).

O DPJ é considerado uma combinação linear dos 5 C´s, em que atingindo uma pontuação maior em cada um dos C´s, existirá um contributo positivo para que o DPJ dos jovens seja maior (Jones, Dunn, Holt, Sulliven e Bloom, 2011; Conway et al., 2015).

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REVISÃO DA LITERATURA

15

A aplicabilidade do modelo dos 5 C´s do DPJ foi demonstrado a nível internacional por vários autores (e. g., Bowers et al., 2010; Conway et al., 2015; Holsen et al., 2017). Este modelo dos 5 C´s foi verificado, obtendo resultados positivos através de programas de desenvolvimento de jovens (Roth e Brooks-Gunn, 2003a).

Quadro 2 - Modelo de sistemas de desenvolvimento relacional do indivíduo → relações de contexto

envolvidas na conceção do processo do Desenvolvimento Positivo dos Jovens de Lerner e Lerner (Adaptado de Lerner et al., 2011).

O DPJ procura o desenvolvimento dos jovens através de intervenções específicas que não tenham apenas como objetivo a prevenção e eliminação de comportamentos de risco, mas que tenha prioritariamente a promoção de comportamentos saudáveis e de sucesso através do que a literatura define como os 5 C´s (Esperança et al., 2013).

Competências dos adolescentes Empenho escolar Expetativa no futuro Autorregulação Próprio Contribuição Sociedade civil Família Comunidade Desenvolvimento Positivo Jovem (DPJ) Competência Cuidado e atenção Carácter Conexão Confiança Comportamentos de risco Uso de substâncias Delinquência Depressão Ligações sociais Recursos ecológicos Instituições Acesso a recursos Indivíduos Reg u la d o re s d e d e s e n v o lvi m e n to a d a p ta tivo E co log ia m a is a m p la d o d e se n vo lvi m e n to h u m a n o Tempo - + ?

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16

Quando os jovens manifestam positivamente os 5 C´s, ao longo da sua adolescência, é mais provável que tenham uma trajetória de vida marcada por relações mutuamente benéficas entre si e a sua família, comunidade e sociedade (Geldhof et al, 2014).

Foi levantada a hipótese por pesquisadores do DPJ que se os jovens realizarem atividades apoiadas nos 5 C´s, estes estariam direcionados para uma vida de contribuições bem-sucedidas (Benson et al., 2006; Lerner, 2005).

2.2.3. O desenvolvimento positivo dos jovens em contexto escolar

Nos últimos anos, tem existido um crescente interesse no bem-estar dos adolescentes nas escolas (Lerner et al., 2005). A escola desempenha atualmente um papel fundamental no DPJ, sendo um meio onde os jovens passam grande parte do seu tempo (Geldhof et al., 2013). O DPJ tem sido associado positivamente durante a adolescência ao envolvimento escolar (Dvorsky et al., 2019; Phelps et al., 2009) e o seu desenvolvimento e bem-estar psicológico são influenciados pelas experiências que estes têm em contexto escolar (Wigfield, Eccles, Schiefele, Roeser e Davis-Kean, 2006).

Várias pesquisas demonstraram que existem altos níveis de satisfação escolar quando associados a aprendizagens com maior funcionalidade positiva e a um aumento de comportamentos escolares adaptativos (Danielsen, Sandal, Hetland e Wold, 2009; Tian, Zhang e Huebner, 2015).

Se a escola assumir um papel ativo no DPJ, cria um sistema benéfico entre a própria escola e os adolescentes, aumentando a possibilidade de resultados positivos para o desenvolvimento, em que os 5 C´s do DPJ podem ter um papel fundamental. Os 5 C’s do DPJ estão relacionados com a satisfação escolar e com o objetivo de os jovens prosperarem na vida escolar (Årdal et al., 2018). Este modelo foi referido como uma das mais importantes abordagens empíricas para o desenvolvimento da juventude (Lerner et al., 2013).

Um sistema escolar que tenha a capacidade de evidenciar o empoderamento como uma ação de mudança, pode promover o desenvolvimento da relação entre os alunos e a escola. Uma escola que incentive essa capacidade nos seus alunos, apoia de uma forma positiva alterações no desenvolvimento dos adolescentes, nomeadamente na frequência escolar, obtenção de melhores avaliações, maiores expetativas escolares, bem como maiores participações educacionais (Kirk, Lewis, Brown, Karino e Park, 2016). Os contextos em que

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REVISÃO DA LITERATURA

17

as crianças e adolescentes vivem, aprendem e brincam, têm potencial para promover o DPJ (Benson et al., 2006).

No contexto do DPJ, as normas de desenvolvimento que promovem os pontos fortes dos adolescentes, em relação à sua ecologia são designados de “adaptativos” (Lerner et al., 2011). Se essas normas adaptativas que promovem o desenvolvimento forem estimuladas na relação dos jovens com a escola, a probabilidade de os jovens prosperarem será muito maior (Lerner, 2013).

2.2.4. Avaliação do desenvolvimento positivo dos jovens através da versão reduzida do questionário PYDp

À medida que os cientistas do desenvolvimento deixam de perceber a adolescência como um período de turbulência inevitável e adotam a perspetiva do DPJ, ferramentas de medição psicometricamente sólidas são necessárias para avaliar as qualidades positivas dos adolescentes (Geldhof et al., 2014). Estes autores realizaram durante uma década, uma pesquisa que fornece evidências de que é possível avaliar o DPJ com uma medida teoricamente aconselhada que tenha boas caraterísticas psicométricas e que possa ser usada eficientemente em qualquer pesquisa.

De uma forma geral, existem vários modelos que permitem avaliar o sucesso do desenvolvimento dos jovens através do acréscimo de comportamentos positivos (satisfação com a vida, autodeterminação, sucesso escolar) associado ao decréscimo de comportamentos de risco (delinquência, violência, consumo de substâncias ilícitas) (Esperança et al., 2018). O modelo proposto por Lerner et al. (2005), é aquele que reúne mais consenso na literatura da especialidade, sendo desenvolvido através de um estudo realizado nos EUA com jovens com idade compreendida entre os 12 e os 18 anos de idade. Este modelo é analisado através dos 5 C´s (Esperança et al., 2017).

Existem vários estudos que analisaram de uma forma empírica o modelo dos 5 C´s (Lerner et al., 2005; Phelps et al., 2009; Bowers et al., 2010; Geldhof et al., 2013), demonstrando uma boa consistência interna para cada um dos 5 C’s (Conway et al., 2015).

Os autores Lerner et al. (2005), criaram um questionário para avaliar o DPJ, denominando-o de Measure of PYD. Este questionário apresenta 78 questões, avaliando

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18

igualmente cada um dos 5 C´s, através de 16 subescalas, tendo como objetivo avaliar o DPJ (Esperança et al., 2017).

Quadro 3 - Subescalas do questionário Measure of PYD (Adaptado de Lerner et al., 2005; Esperança

et al., 2017).

Competência Académica, social, escolar, física, desportiva e atração romântica

Confiança Identidade positiva, autoestima;

Conexão Família, comunidade, escola, pares;

Carácter Consciência social, diversidade de valores, competências e valores interpessoais, valores pessoais;

Cuidado e atenção Sem subescala (9 itens)

Os autores Esperança et al. (2017), adaptaram de uma forma transcultural o Measure

of PYD para a realidade portuguesa, avaliando as propriedades psicométricas deste

instrumento, do qual resultou a versão portuguesa do questionário Measure of Positive Youth

Development (PYDp), que é composto por 76 itens. Este instrumento também possui 16

subescalas comparativamente ao Measure of PYD. Os autores verificaram que o PYDp não apresentava valores que lhes permitissem garantir uma qualidade inequívoca do instrumento. Desta forma, os autores tiveram a necessidade de prosseguir os seus estudos, seguindo o trabalho desenvolvido por Jones et al. (2011), os quais criaram uma versão menor para avaliar o DPJ, tendo-a designado de PYD-Sport, ou seja, uma versão mais reduzida, que consiga manter as propriedades psicométricas do questionário original, permite poupança de tempo para todos os intervenientes (participantes e investigadores), sendo o instrumento aplicado com maior facilidade e permite uma avaliação mais rápida (Esperança et al., 2017).

Seguindo este pensamento, desenvolveram uma versão reduzida para a comunidade lusófona, designada de PYDp/red. Esta versão determina dois pressupostos essenciais: ser constituída por 30 itens e manter a estrutura dos 5 C’s propostos por Lerner et al. (2005). Os autores procuraram facilitar a aplicação do instrumento aos jovens, bem como a sua avaliação. Tiveram em conta que cada fator dos 5 C´s estivesse associado a seis itens

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REVISÃO DA LITERATURA

19

presentes do instrumento que criaram. Concluíram, com o seu estudo, ser um instrumento válido para avaliar o DPJ em jovens pertencentes aos países lusófonos, podendo este instrumento ser aplicado para avaliar variáveis tais como: idade, sexo e prática desportiva. Os autores referem que o instrumento poderá ser melhorado através de futuros estudos realizados nesta área.

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O Desenvolvimento Positivo dos Jovens: um estudo realizado com

jovens da ilha Graciosa em idade escolar

3

METO

D

OLOGI

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METODOLOGIA

21

3. Metodologia

3.1. Caracterização da amostra

Participaram no estudo 304 estudantes da Escola Básica e Secundária da Ilha Graciosa, integrada na rede de ensino público da Região Autónoma dos Açores. Essa amostra é constituída por indivíduos de ambos os sexos (masculino: 152; feminino: 152), com idades compreendidas entre os 10 e os 18 anos (M= 14.04 e DP= 2.39 anos).

Tendo em conta o objetivo do estudo, que pretende avaliar o DPJ dos jovens graciosenses em idade escolar em função do sexo e da idade, a amostra foi dividida em dois grupos etários: Escalão 1 - 10/14 anos (rapazes: 92; raparigas: 81; total: 173); Escalão 2 - 15/18 anos (rapazes: 60; raparigas: 71; total: 131). Esta divisão vai de encontro ao definido pela Organização Mundial de Saúde, que estabelece a adolescência entre os 10 e os 19 anos de idade, considerando duas fases: adolescência precoce,10 – 14 anos, e adolescência tardia, 15 – 19 anos. (Curtis, 2015; Eisenstein, 2005; Pérez e Santiago, 2002).

Tabela 1 - Divisão da amostra e caracterização dos grupos de estudo, em função do escalão de idade

e sexo [número de sujeitos (n), média (M) e desvio padrão (± DP), da idade].

Escalão Sexo n M ± DP 10 - 14 anos Masculino 92 12,17 1,42 Feminino 81 12,38 1,37 15 - 18 anos Masculino 60 16,38 1,06 Feminino 71 16,38 0,98 10 - 18 anos Masculino/Feminino 304 14,04 2,39

É pertinente referir que todos os jovens da Ilha Graciosa frequentam esta Escola Básica e Secundária, dado ser o único estabelecimento de ensino do 2º e 3º ciclos e ensino secundário da ilha. Nas faixas etárias em estudo (10 - 18 anos), 99,67% dos alunos aceitaram colaborar e preencheram o questionário destinado à recolha de dados, ou seja, 304 num universo de 305 alunos.

(34)

22

3.2. Instrumento

Para a avaliação do DPJ, recorremos à versão reduzida (PYDp/red) do questionário

Measure of Positive Youth Development (Measure of PYD de Lerner et al., 2005), adaptado

transculturalmente para a realidade portuguesa por Esperança et al. (2017).

O instrumento é composto por 30 itens, sendo dividido igualmente pelas cinco dimensões (Carácter; Cuidado e atenção; Conexão; Confiança; Competência) correspondendo ao modelo dos 5C´s dos autores Lerner et al. (2005).

Quadro 4 - Versão reduzida do Measure of Positive Youth Development (PYDp/red), traduzida e

adaptada por Esperança et al. (2017).

ITEM

1. Dar o meu tempo e o meu dinheiro para melhorar a vida das outras pessoas.

2. Ajudar a garantir que todas as pessoas sejam tratadas com justiça.

3. Fazer o que acredito que é correto, mesmo que os meus amigos gozem comigo.

4. Dizer a verdade mesmo quando não é fácil.

5. Assumir a responsabilidade quando cometo um erro ou me meto em sarilhos.

6. Dar o meu melhor mesmo quando tenho uma tarefa de que não gosto.

7. Incomoda-me quando acontecem coisas más a pessoas boas.

8. Incomoda-me quando acontecem coisas más a qualquer pessoa.

9. Tenho pena das pessoas que não têm o que eu tenho.

10. Quando vejo alguém a ser provocado tenho pena dessa pessoa.

11. Fico triste quando vejo alguém que não tem amigos.

12. Quando vejo uma pessoa que está magoada ou aborrecida, tenho pena dela.

13. Tenho muitas conversas agradáveis com os meus pais.

14. Na minha família sinto-me útil e importante.

15. Na minha vizinhança há muitas pessoas que se preocupam comigo.

16. Os adultos do sítio onde vivo ouvem o que eu tenho para dizer.

17. Os meus professores preocupam-se mesmo comigo.

18. Em termos gerais eu gosto de mim mesmo.

19. Tenho a certeza de que quando for adulto terei uma boa vida.

20. No geral, estou contente comigo mesmo.

21. Os meus amigos importam-se comigo.

22. Alguns jovens estão contentes com o seu aspeto físico.

23. Alguns jovens sentem que serão correspondidos sentimentalmente.

24. Alguns jovens estão contentes com eles próprios a maior parte do tempo.

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METODOLOGIA

23

26. A alguns jovens o seu corpo agrada-lhes tal como é.

27. Alguns jovens acham que as pessoas da sua idade podem sentir-se atraídas por eles.

28. A alguns jovens agrada o tipo de pessoa que são.

29. Alguns jovens normalmente só fazem coisas que sabem que devem fazer.

30. Alguns jovens estão contentes em ser como são.

Os itens são avaliados através de uma escala de Likert, em que os alunos questionados indicam o grau de concordância, com cada uma das afirmações, tendo quatro possibilidades de resposta:

• de 1 (nada importante) a 4 (muito importante) – itens 1, 2, 3 ,4 ,5 e 6;

• de 1 (não sou nada assim) a 4 (sou mesmo assim) – itens 7, 8, 9, 10, 11 e 12; • de 1 (discordo totalmente) a 4 (concordo totalmente) – itens 13, 14, 15, 16, 17,

18, 19 e 20;

• de 1 (completamente falso) a 4 (completamente verdadeiro) – item 21;

• de 1 (eu sou completamente diferente) a 4 (eu sou exatamente assim) – itens 22, 23, 24, 25, 26, 27, 28, 29 e 30).

Para avaliar os 5 C´s, os autores dividiram o questionário em cinco grupos de seis itens (Esperança et al., 2017). Cada grupo corresponde a uma das dimensões dos 5 C´s. Essa divisão foi efetuada da seguinte forma:

• Carácter – itens 1, 2, 3, 4, 5 e 6;

• Cuidado e atenção – itens 7, 8, 9, 10, 11 e 12; • Conexão – itens 13, 14, 15, 16, 17 e 21; • Confiança – itens 18, 19, 20, 24, 28 e 30; • Competência – itens 22, 23, 25, 26, 27 e 29.

3.3. Procedimentos

Previamente à realização do estudo foi requerida autorização para a aplicação do questionário PYDp/red à Direção Regional de Educação da Região Autónoma dos Açores (Anexo I), que delegou essa decisão ao Conselho Executivo da Escola Básica e Secundária da Graciosa (Anexo II).

(36)

24

Em momento posterior, os Encarregados de Educação foram esclarecidos e informados quanto à finalidade e objetivos do estudo, suas condições de aplicação e desenvolvimento, tendo assinado o termo de consentimento (Anexo III), para que que os seus Educandos, voluntariamente, participassem no mesmo.

Recolhidas as autorizações, o questionário (Anexo IV) foi aplicado aos alunos da Escola Básica e Secundária da Graciosa pelo investigador, em parceria com os docentes da disciplina de Educação Física. A aplicação a cada turma decorreu, num único momento, numa aula e foi similar à realização de um teste escrito, tendo a duração de 45 minutos. O investigador transmitiu todas as informações necessárias de modo a que os alunos não tivessem dúvidas e realizassem o preenchimento do questionário, de acordo com o protocolo de aplicação definido.

3.4. Análise estatística

Recolhidos os dados dos questionários, estes foram informatizados e tratados estatisticamente através dos programas Statistical Package for Social Science (SPSS Inc,

Chicago) - versão 23.0 e o Microsoft Office Excel - versão de 2016. Os dados foram tratados,

tendo em conta duas vertentes: (i) análise descritiva e (ii) análise inferencial.

Na análise descritiva, recorremos a parâmetros de tendência central (média) e de dispersão (desvio padrão).

Utilizamos o programa estatístico Excel, de forma a calcular a tendência central (Média) de cada uma das cinco dimensões dos 5C’s (Carácter; Cuidado e atenção; Conexão; Confiança; Competência). Essa média foi encontrada através dos 6 itens correspondentes a cada dimensão.

Na análise inferencial para testar e comparar as diferenças dos dois grupos, relativamente às cinco dimensões, em função do sexo e do grupo etário, recorremos ao teste

t, para amostras independentes.

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O Desenvolvimento Positivo dos Jovens: um estudo realizado com

jovens da ilha Graciosa em idade escolar

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A

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4. Apresentação de resultados

Neste capítulo iremos apresentar os resultados verificados no âmbito do estudo e avaliação dos domínios em que os jovens estão mais ou menos desenvolvidos relativamente aos 5 C’s, analisando os dados em função do sexo e da idade.

A apresentação dos resultados está estruturada através da descrição das variáveis, recorrendo a quadros de distribuição com indicação da média (M) e do desvio padrão (± DP), apresentando também os valores de t e p.

4.1. Nível global de desenvolvimento positivo dos jovens graciosenses

(5c’s)

Fazendo a apresentação global do DPJ, considerando os diferentes domínios sugeridos no modelo dos 5 C’s, podemos observar, através da tabela 2, em cada uma das cinco dimensões as seguintes evidências: Carácter 3,69 (± 0,47); Cuidado e atenção 3,30 (± 0,60); Conexão 3,19 (±0,56); Confiança 3,37 (± 0,62) e Competência 3,00 (± 0,51). Assim sendo, a dimensão que apresentou o resultado mais baixo foi a Competência, enquanto o Carácter apresentou o resultado mais elevado.

Tabela 2 - Nível global de desenvolvimento positivo, considerando as diferentes dimensões 5 C’s

[média (M) e desvio padrão (± DP)].

DIMENSÃO M ± DP Carácter 3,69 0,47 Cuidado e atenção 3,30 0,60 Conexão 3,19 0,56 Confiança 3,37 0,62 Competência 3,00 0,51

(39)

APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

27

4.2. Desenvolvimento positivo dos jovens graciosenses. Análise por sexo

(5c’s)

Apresentando os dados do total da amostra, quanto ao sexo dos indivíduos, relativamente aos 5 C’s, verificamos na dimensão Carácter que as raparigas apresentam valores superiores e estatisticamente significativos, quando comparadas com os rapazes [t (304) = 2,59, p = 0,01]. O mesmo sucede na dimensão Cuidado e atenção [t (304) = 2,70, p = 0,01]. Por sua vez, os rapazes apresentam médias superiores, com diferença estática, nas dimensões Confiança [t (304) = -1,95, p = 0,05] e Competência [t (304) = -2,48, p = 0,01].

Tabela 3 - Apresentação dos 5 C’s, no total dos indivíduos em estudo, em função do sexo [média (M)

e desvio padrão (± DP)]. Dimensão Sexo M ± DP t p Carácter Masculino 3,63 0,49 2,59 0,01 Feminino 3,76 0,44 Cuidado e atenção Masculino 3,20 0,62 2,70 0,01 Feminino 3,39 0,56 Conexão Masculino 3,20 0,58 - 0,51 0,61 Feminino 3,17 0,54 Confiança Masculino 3,43 0,58 - 1,95 0,05 Feminino 3,30 0,65 Competência Masculino 3,07 0,46 - 2.48 0,01 Feminino 2,93 0,55

4.3. Desenvolvimento positivo dos jovens graciosenses. Análise por

escalão de idade (5c’s)

Analisando a tabela 4, podemos verificar que todas as dimensões apresentam médias superiores nos jovens mais novos, relativamente aos mais velhos.

Verificou-se também, na análise por idade, que a dimensão com média superior é o Carácter, contrastando com a dimensão Competência, que apresentou uma média inferior.

(40)

28

Observaram-se diferenças estatisticamente significativas nas dimensões Cuidado e atenção [t (304) = 3,49, p = 0,00], Conexão [t (304) = 4,17, p = 0,00], Confiança [t (304) = 4,81, p = 0,00], e Competência [t (304) = 3,44, p = 0,00].

Tabela 4 - Apresentação dos 5 C’s, no total dos indivíduos em estudo, em função do escalão de idade

[média (M) e desvio padrão (± DP)].

Dimensão Escalão M ± DP t p Carácter 10 – 14 anos 3,73 0,44 1,72 0,09 15 – 18 anos 3,64 0,50 Cuidado e atenção 10 – 14 anos 3,40 0,60 3,49 < 0,001 15 – 18 anos 3,16 0,58 Conexão 10 – 14 anos 3,30 0,55 4,17 < 0,001 15 – 18 anos 3,04 0,53 Confiança 10 – 14 anos 3,51 0,61 4,81 < 0,001 15 – 18 anos 3,18 0,59 Competência 10 – 14 anos 3,09 0,49 3,44 < 0,001 15 – 18 anos 2,89 0,52

4.4. Desenvolvimento positivo dos jovens graciosenses. Análise por

escalão de idade, tendo em conta o sexo (5c’s)

Na tabela 5, podemos verificar que no escalão de idade 10 – 14 anos, todas as médias das cinco dimensões (5C’s), são superiores no sexo feminino. Relativamente ao escalão 15 – 18 anos, verificam-se médias superiores nos rapazes em três dimensões, nomeadamente em Conexão, Confiança e Competência.

Podemos constatar que em ambos os sexos, observamos médias superiores nas cinco dimensões (5C’s) no escalão 10 – 14 anos, comparativamente ao escalão 15 – 18 anos.

Tal como se observou nas análises globais, em função do sexo e em função da idade, a dimensão Competência, continuou a ser aquela que apresentou médias inferiores, excetuando nos rapazes do escalão mais velho. Neste parâmetro a dimensão Cuidado e Atenção apresentou uma média inferior.

No escalão 10 – 14 anos, notamos diferenças estatisticamente significativas entre raparigas e rapazes em duas dimensões: (i) Carácter [t (173) = 2,64, p = 0,01] e (ii) Cuidado e atenção [t (173) = 1,98, p = 0,05]. Já no escalão 15 – 18 anos, as diferenças estatisticamente

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APRESENTAÇÃO DE RESULTADOS

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significativas, são observadas nas seguintes dimensões: (i) Cuidado e atenção [t (131) = 2,35, p = 0,02]; (ii) Confiança [t (131) = - 2,90, p = 0,00] e (iii) Competência [t (131) = - 3,85, p = 0,00].

Tabela 5 - Apresentação dos 5 C´s, por escalão de idade, em função do sexo [média (M) e desvio

padrão (± DP)].

Dimensão Escalão Sexo M ± DP t p

Carácter 10 – 14 anos Masculino 3,65 0,48 2,64 0,01 Feminino 3,83 0,38 15 – 18 anos Masculino 3,58 0,50 1,23 0,22 Feminino 3,69 0,50 Cuidado e atenção 10 – 14 anos Masculino 3,32 0,63 1,98 0,05 Feminino 3,49 0,55 15 – 18 anos Masculino 3,03 0,58 2,35 0,02 Feminino 3,27 0,56 Conexão 10 – 14 anos Masculino 3,28 0,56 0,46 0,65 Feminino 3,32 0,54 15 – 18 anos Masculino 3,08 0,59 - 0,89 0,37 Feminino 3,00 0,48 Confiança 10 – 14 anos Masculino 3,50 0,60 0,20 0,84 Feminino 3,52 0,61 15 – 18 anos Masculino 3,33 0,54 - 2,90 < 0,001 Feminino 3,04 0,60 Competência 10 – 14 anos Masculino 3,08 0,47 0,30 0,76 Feminino 3,10 0,51 15 – 18 anos Masculino 3,07 0,45 - 3,85 < 0,001 Feminino 2,73 0,53

Salientamos que, tanto no escalão 10 – 14 anos, como no escalão 15 – 18 anos, observamos diferenças significativas na dimensão Cuidado e atenção [t (173) = 1,98, p = 0,05 e t (131) = 2,35, p = 0,02, respetivamente].

(42)

30

4.5. Desenvolvimento positivo dos jovens graciosenses. Análise por sexo,

tendo em conta o escalão de idade (5c’s)

Com base nos dados apresentados na tabela 6, podemos verificar que no sexo feminino existem diferenças estatisticamente significativas em quatro das cinco dimensões dos 5C’s: (i) Cuidado e atenção [t (152) = 2.51, p = 0,01]; (ii) Conexão [t (152) = 3,84, p = 0,00]; (iii) Confiança [t (152) = 4,83, p = 0,00]; (iv) Competência [t (152) = 4,30, p = 0,00.

Relativamente aos indivíduos do sexo masculino, podemos observar diferenças estatisticamente significativas nas dimensões Cuidado e atenção [t (152) = 2,79, p = 0,01] e Conexão [t (152) = 2,10, p = 0,04].

Tabela 6 - Apresentação dos 5 C´s, em função do sexo, tendo em conta o escalão de idade [média (M)

e desvio padrão (± DP)].

Dimensão Sexo Escalão M ± DP t p

Carácter Masculino 10 – 14 anos 3,65 0,48 0,85 0,40 15 – 18 anos 3,58 0,50 Feminino 10 – 14 anos 3,83 0,38 1,93 0,06 15 – 18 anos 3,69 0,50 Cuidado e atenção Masculino 10 – 14 anos 3,32 0,63 2,79 0,01 15 – 18 anos 3,03 0,58 Feminino 10 – 14 anos 3,49 0,55 2,51 0,01 15 – 18 anos 3,27 0,56 Conexão Masculino 10 – 14 anos 3,28 0,56 2,10 0,04 15 – 18 anos 3,08 0,59 Feminino 10 – 14 anos 3.32 0,54 3,84 < 0,001 15 – 18 anos 3,00 0,48 Confiança Masculino 10 – 14 anos 3,50 0,60 1,73 0,09 15 – 18 anos 3,33 0,54 Feminino 10 – 14 anos 3,52 0,61 4,83 < 0,001 15 – 18 anos 3,04 0,60 Competência Masculino 10 – 14 anos 3,08 0,47 0,12 0,90 15 – 18 anos 3,07 0,45 Feminino 10 – 14 anos 3,10 0,51 4,30 < 0,001 15 – 18 anos 2,73 0,53

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O Desenvolvimento Positivo dos Jovens: um estudo realizado com

jovens da ilha Graciosa em idade escolar

5

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5. Discussão de resultados

O objetivo desta investigação, prendeu-se na avaliação do DPJ em idade escolar dos jovens Graciosenses, em função do sexo e da idade, através da análise de 5 dimensões – Cinco C´s (Caráter, Cuidado e atenção, Conexão, Confiança e Competência), desenvolvido por Lerner et al. (2005).

Tal como foi referido anteriormente, para avaliar o DPJ dos jovens Graciosenses, foi adotado o instrumento de avaliação (PYDp/red), versão portuguesa do Measure of PYD, desenvolvido pelos autores Esperança et al. (2017), para a comunidade jovem do espaço lusófono.

Na literatura disponível, até ao momento, apenas é possível realizar a comparação direta com o estudo desenvolvido por Esperança et al. (2018). Estes autores, utilizaram o mesmo instrumento de avaliação (PYDp/red), analisando o DPJ em jovens portugueses, considerando o sexo e a idade dos indivíduos, para a avaliação dos cinco C´s. No entanto, as idades utilizadas para a construção dos escalões dos estudos foram diferentes. No presente estudo procurou-se alargar a faixa etária da amostra (10 – 18 anos), construindo dois escalões etários, de forma a englobar um maior número de jovens graciosenses que já estivessem no período da adolescência.

Existem outros estudos importantes a nível internacional (Lerner et al., 2005; Phelps et al., 2009), que avaliam o DPJ, usando o modelo dos cinco C´s, sendo possível comparar os nossos resultados com outras realidades. É possível ainda comparar, de uma forma indireta, com outras investigações nacionais, que ajudam na compreensão dos resultados observados no DPJ dos jovens graciosenses.

5.1. Discussão global dos resultados

Analisando, de uma forma global, os resultados alcançados, no presente estudo, pelos jovens graciosenses, verificaram-se efeitos medianos superiores na dimensão Carácter. Seguindo o modelo dos 5 C´s de Lerner et al. (2005), esta dimensão é traduzida por evidenciar caraterísticas positivas no respeito pelas regras sociais, padrões de comportamentos corretos e um sentido de moralidade e integridade.

Imagem

Tabela 1 - Divisão da amostra e caracterização dos grupos de estudo, em função do escalão de idade  e sexo [número de sujeitos (n), média (M) e desvio padrão (± DP), da idade]
Tabela  2  -  Nível  global  de  desenvolvimento  positivo,  considerando  as  diferentes  dimensões  5  C’s  [média (M) e desvio padrão (± DP)]
Tabela 3 - Apresentação dos 5 C’s, no total dos indivíduos em estudo, em função do sexo [média (M)  e desvio padrão (± DP)]
Tabela 4 - Apresentação dos 5 C’s, no total dos indivíduos em estudo, em função do escalão de idade  [média (M) e desvio padrão (± DP)]
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Referências

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