ASPECTOS
JURÍDICOS E POLÍTICOS
DO
COOI>ERATIvISMOz
UMA
ABORDAGEM ALEM
DA
DOGMATICA.
(CRITICA)
Francisco Quintanilha
Veras
Neto
~ r ¬
_.
DISSERTAÇAO
APRESENTADA
AO
CURSO DE POS-GRADUACAO
EM
DIREITO
DA
UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE
SANTA
CATARINA
COMO
REQUISITO
À
OBTENÇÃO DO
TÍTULO
DE
MESTRE
EM
CIÊNCIAS
HUMANAS-
ESPECIALIDADE
DIREITO
Orientador:
Edmundo
Lima
de
Arruda
Júnior CO-Orientador:Osvaldo
Agripino
FLORIANÓPOLIS,
SC
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO
'DE CIENCIAS_.IURIDICAS
CURSO
DE
POS
GRADUAÇAO
EM
DIREITO
A
dissertação_
Elaborada por
FRANCISCO
QUINTANTLHA VÉRAS NETO
E
aprovada por todos
osmembros
da
Banca
Examinadora,
foijulgada
adequada
para a
obtenção
do
títulode
MESTRE
EM
DIREITO
Florianópolis,
SC,
20
de
abrilde 2000.
V
_
1
H
›Prof.
Dr
Edmundo
Lima
Arruda
Júnzioíf' Yesidente _'
_,
Mvzgzr;
-Prof. Dr.
Antônio
Car
oer
Professor Orienta or:` ~ -
yíí. Dr
Rogério
Po1tano~
¶
Pfo~
Coordenador do
curso:Prof. Dr.
Ubaldo
Cesar Balthazar
z
f/ R Á/ÍÍ,..×›Ú1
'~
DEDICATÓRIA
Dedico
esta dissertaçãoa
minha
esposa
Márcia, aminha
filha
Ana
Gabriela e aminha
mãe
e
demais
familiaresque
muito
me
apoiaram, assim
como
aos
amigos que
estiveram nestajomada.
'AGRADECIMENTOS
Ao
meu
orientadorEdmundo
Lima
Arruda
Júnior eao Co-orientador
Osvaldo
Agripino,
assim
como
.osdocentes
eaos
funcionáriosdo
CPGD,
que
muito
contribuiramcom
seuRESUMO
A
obra
intenta incursãona
temáticada Teoria
dasorganizações
cooperativas identificando-asem uma
perspectiva sociológica e histórica.Primeiramente nos planos
politico,econômico,
cultural e sociológico, para identificaro cooperativismo
como
instituto juridico-social.Propondo, após
está análise relaciona-lo atravésde
um
determinado
referêncial' teórico analítico
ao
Direito.Assim,
apesquisa
objetiva estudar os diversosenfoques“dados ao cooperativismo
interrelacionando-os interdisciplinarmentecom
os
variosramos do
direito principalmentena
área constitucional, trabalhista, tributária e previdênciária, possibilitandouma
melhor
análisedas
criticas feitasao cooperativismo
e as possibilidadespara
a sua concretização constitucional, atravésde
uma
abordagem
(além
da
.
ABSTRACT
The
Work
attemptsan
incursion at theTheory`s about
de
cooperatives organizations toidentify in historical perspective. First in the politcs,
economic,
culturaland
sociologicsubjeticts to
obtain
finally a indentify thecooperativism
likea
socialand
legal institute, conecting thecooperativism with
a interdisciplinary visionwith
the variedbranchs
of
law
that
demarcate
this institute, in constitucional law, labour law, tributary law, socialwelfare
law, to
become
possible a best analisy`sabout
the critics the cooperative institute receiveSumário:
1-Introdução
... ..0l 1.1. Identificaçãodo problema
... ..03 1.4- Justificativa ... ..05 1.5-Objetivos
... ..13 1.5.1-Objetivo
geral ... ..l3 1.5.2-Objetivos
específicos ... ..l3 1.6-Teoria
De
Base
... ..14 1.7-Metodologia
... ..15 1.10--Método
de
abordagem
... ..16 1.11-Método
de procedimento
... ..16 1.12-Técnicas
de
pesquisa
... ..16Capítulo
I-Cooperativismo
... ...l61.1.Conceito
do
cooperativismo
... ..161.2.
Para
uma
perspectiva
criticado
cooperativismo
... ..211.2.1.
A
critica eo
elogiomarxiano
... ..281.2.2.
.A
críticade
Martin
Bubber
... .-.331.3.1.
Origem
eevolução (Cooperativismo)
... ..391.3.1.2.
Degradação do
feudalismo
pelasociedade
industrial-. ... ..391.3.1.3-
Nacional
einternacional
... ..L ... ... ..`....401.3.1.4-
Os
socialistautópicos
... ._. ... ..551.3.2-
A
Cooperativa de Rochdale
... ..551.3.3-
A
Evolução no
Mundo
... ... ..611.3.3.1.
Algumas
-concepções
de
cooperativismo
no
mundo.
Breve
conceituação
de comunitarismo
epoder
local ... ..611.3.3.2.
A
experiência
de
Israel(Kibutz)
... ..651.3.3.3.0utras
formas de
cooperação, Mir, Ejidos
E
Kolkoses
... ..671.4.
Aspectos
Culturais
... ..70Capítulo
II-O
cooperativismo
no
Brasil ... ..822.1.
Origem
da
Tutela
peloEstado
... ... ..902.2.
O
Cooperativismo
como
extensão
do
aparato
estatalno
Brasil ... .. ... ... ..932.3.
Evolução
Legislativado
cooperativismo
... ..942.4.
Limites
Neo-Patrimoniais
extemos
e internosao
cooperativismo...
... ..100
2.5.
Autonomia:
conceito
e relevância ... ..1052.6.
Cooperativas
emovimentos
sociais ... ..1112.7.
O
Modelo
alternativode
cooperativismo
do Mst.
... ..114Capítulo
HI- Cooperativismo
eeconomia
... ..1193.1-Cooperativismo,
`economia
.informal
eeconomia
Solidária ... ..` ... ..1193.2.1.
Origens
da
globalização
... ..1283.2.2-
Conceituação de
globalização
... ..1333.2.3.
A
"Nova"
Inserção
Brasileirano
contexto
das
relaçõeseconomicas
internacionais ... ..1393.2.4.
Cooperativismo,
Metamorfoses do
mundo
do
trabalho
edesemprego
... ... ... .. ... ... ..1433.2.5.
O.Discurso
Conjuntural do Cooperativismo
como
alternativapara
o
desemprego
... ....1563.2.6.
O
Terceiro
Setor,Reorganização da Sociedade
Civilou
Neoliberalismo
disfarçado?...' ... ... ..l61Capítulo IV- Conceito
E
Objeto
... ..1764.1
-
Aspectos
Jurídicos
eDoutrinários Relevantes
... ..1814.1.1. Princípio:
Conceito, Colisão
eMáxima
Efetividade
... ..1_81 4.1.2.Os
P_rincípios e asRegras
Jurídicas ... ..1904.1.3. ,Princípio
E
Regra,
como
Tipos
de
Normas
Jurídicas
... ..1944.1.4.
A
Classificação PrincipiológicaDe
Canotilho
... ..l97 4.1.5.Princípios
de
Interpretação Constitucional
... ..199Zagrebelski
... .-. ... ..2014.1.7.
Colisões
de
Princípios e Conflitosde Regras
... ..2024.1.8.
A
Colisao dos
Princípios ... ..2024.1.9.
Princípio
eRegra
como
Tipos de
Normas
Jurídicas
... ..2034.2.
Origem
e Classificaçãodos
PrincípiosJurídicos
... ..2064.2.1.
O
Cooperativismo
E
A
Constituição Federal
De
1988-
O
Princípio Constitucional
da
Máxima
Efetividade
da
Norma
Constitucional-
A
questão
do
Peso
eimportância
dos
Princípios (Colisãode
Princípios) ... ..2094.2.2.
Terceirização
Formas
Lícitas e Ilícitas ... ..2244.2.3. Fiscalização
do Trabalho
na
Empresa Tomadora
de
Serviços
de Sociedade
Cooperativa
... ..238` 4.2.`4.A
Legislação
Infraconstitucionaldo Cooperativismo
... ..2454. 2.5.
A
Questão
Da
Recepção
Constitucional
Da
Lei 5.764/71
... ...2454.2.6
O
Cooperativismo:
No
Sistema
Judicial ... ..2514.2.7.
Gato
eFraudo
Cooperativas
... ..2514.2.8.0 Art.
90
Da
Lei 5.764/71
E
Art.442,
Parágrafo
Único
Da
Clt253
4.2. 9.A
Posição
do
Ministério Público
do Trabalho
... ..2594.3.
Conceituação de
DireitoEconômico
eInterpretação
Econômica
Constitucional
... ..2664.3.1.
Da
Competência
Constitucional
para
Legislar
sobre
o
Econômico
e os Princípiosda
Ordem
Econômica
... .-. ... ..2734.3.2.
Interpretação Constitucional
... ..2764.3.2.1. Classificação
quanto
às fontes ... ..2794.3.2.2.
A
Classificaçãoquanto
aos
meios
... ..281 .4.3.2.3.
A
Classificaçãoquanto
aos Resultados
... ..2854.3.2.4.
Os
Métodos
Clássicosde
Interpretação
... ..2854.3.2.5. Direito e
Econômia
... ..2934.3.2.6.
Aspectos
Tributários
do Cooperativismo
... ..3004.3.2.7.
Aspectos
propriamente
tributáriosdas
Sociedades
Cooperativas
... ..3004.3.2.8.
A
Situação Tributária das Cooperativas-
O
Sistema Tributário
Nacional
... ... ..302IPI
... .. ... ..3034.3.3..
O
Imposto
sobre
Produtos
Industrializados
... ..3l44.3.3.1.
Imposto
sobre
Operações
Financeiras
... ..3l44.3.3.2.
O
Imposto de
Renda.
... .. ... ..3144.3.3.3.
Contribuição
Sindicaldas
Cooperativas
H
e
de
seus
empregados
... ..3l64.3.3.5.
O
Imposto
Sobre
Serviços
... ..3l84.3.3.6.
Diferenças entre
Cooperativas
eSindicatos
... .. .... ..3194.3.3.7.
Cooperativas
ePrevidência
Social ... ...3204.3.3.8.
Dois
casosselecionados
de
cooperativas
de
trabalho
'na
Jurisprudência
... ..3251-
iNTRoDUÇÃoz
`
É
necessáriauma
contribuiçãopara
um
melhor
estudo
acercado
cooperativismo
no
atual contexto brasileiro, eque
aborde
aspectos,como
suas relaçõescom
o
capitalismo, neoliberalismo,neopatrimonialismo,
globalização eautonomia, permitindo
aconexão
destas questõesconsideradas
extrajurídicascom
asespecificidades
das questões jurídicasque
delasdecorrem
permitindo
uma
melhor
abordagem
deste tema.O
primeiro
capítulo desta dissertaçãoprocura
estabelecer alguns conceitos sobreo
cooperativismo,bem
como
sobre as suas origens históricasprocurando
análisá-las
sob
a luzdo
contextomundial
e nacionaldo
qualemergiram.
~
A
busca das
raízes históricasdo
instituto nesteprimeiro
capitulo constitue-seem
uma
necessidade
fundamental
ajustadaao
objetivode
alcançar amelhor
compreensão do
instituto cooperativono
mundo
contemporâneo,
fomecendo
importantes
critérios parao
seuentendimento
jurídico a partirde sua evolução
edelineamento
históricos..
A
partir desta investigação histórica procura-se descortinadar parte das raízesideológicas e estruturais
que
moldaram
o
instituto caracterizando-o eperfilhando
a suaorigem,
daí asua
análise históricadesde os
seusprimórdios na
Revolução
Industrial
e
na
doutrinados
socialistas utópicos,o
elogio e a crítica marxistaquando
do
seusurgimento
e a sua posterior apropriação pelomodo
de produção
capitalista solidificadoao longo dos
últimos dois séculos. .'
-
_
Subsequentemente
também
ocorreu
a utilizaçãodo
cooperativismo
no
séculoXX
pelo socialismo e por__comunidades
autogestionáriasno
Estado de
Israelconstituindo
os
famosos Kibutzim (modelo
de cooperativismo
integral israelense),que
também
são analisados atravésde
um
enfoque comparativo
no
Capítulo I.No
mesmo
Capítulo, a análisetambém
se circunscrevena
investigaçãode
uma
das
primeiras experiências cooperativas concretas surgidasna cidade
inglesade
Rochdale'(a
cooperativade
Rochdale
constituída pelos pioneirosde Rochdale).
A
importância
desta cooperativa, parao
movimento
cooperativista tradicional resultado
fatoda
mesma
terdado origem
e constituídoprecursoramente
os princípiosdemarcadores
da
doutrina cooperativista até hoje utilizados pelosorganismos
Discute-se
no
capítulo II, a históriado
cooperativismo
no
Brasil,a
sua
vinculação
com
o
aparato estatal eos
limites neopatrimoniaisda
suaautonomia. Este
capitulo
busca
subsídiospara
uma
melhor compreensão
dos
princípiose
da
doutrinacooperativista.
Neste
capitulotambém
sãoabordados os
limites culturaispara a
implantação de
práticas autogestionáriasno
Brasil epara a
implementação
desta doutrina e princípios cooperativistas retiradosda
realidade européia e transplantados acriticamente para anossa
realidadede
uma
nação
periférica latino-americana.Discute-se
no
mesmo
capítulotambém
o
cooperativismo
no
Brasil, asua
manipulação por
um
Estado
que sempre
procurou
utiliza-locomo
instrumento
de
dominação, desenvolvendo-o
atémesmo
com
oobjetivo de
conter tensões sociaisem
áreasde
conflito.A
seguir, situa-seo
históricoda
legislação nacional sobreo
cooperativismo,os
limites neopatrimoniais, aquestão
da
suaautonomia
que
sofie
uma
sériede
obstáculos e a' inserção
da
prática cooperativistanos
movimentos
sociaisque
permitem
a constituiçãode
redes intercooperativasnos
marcos
da
economia
solidária.-As
relações entreo cooperativismo
e aeconomia
são descortinadasno
Capítulo IIIda
presente dissertaçãoabrangem
uma
conceituaçao
da economia
informal e outra que, se refere à
chamada
economia
solidária.Este
capítuloprocura
relacionar
o cooperativismo
com
o surgimento da
economia
informal e abusca
da
transformação dos segmentos
desta,em
economia
socialou
solidária e altemativa, objetivando atransformação
socialsem
cair nasamarras
do
neoliberalismo e do. discurso sedutordo
terceiro setor,apoiando-se na organização dos
setoreswpopularese
na
difusãoda educação
comunitária voltada para aconstrução
de
uma
realcidadania
que
não
se circunscrevaapenas aosaspectos formais baseados na
retóricada
isonomia.Neste
mesmo
capitulotambém
são tratadostemas
como
a globalizaçãoe a sua relação
com
a constituição destasnovas
vertenteseconômicas
dentrodo
capitalismo,
bem
como
a relação destestemas
com
o
proprio cooperativismo.A
partir deste referencial, almeja-secompreender,
aindaque
parcialmente,algumas
dasmetamorfoses
do
mundo
do
trabalhoque
culminam no desemprego
massivo
ena exclusão
social, analisando as teoriasbaseadas
no
detemlinismo
tecnológico,
ou
seja, nasmudanças
da base
técnica resultandona transformação das
estruturas sociais *do capitalismo
ou
em
teoriasque sustentam
uma
outrapercepção
Após
estadefinição
conceitual, histórica,econômica
e político-culturaldo
cooperativismo,
busca-se
uma
definição
jurídicado
instituto euma
sistematização acercada
incidência dasnormas
legais vigentesem
nosso
ordenamento
jurídico sobreo
mesmo
no
capítulo IV.Por
fim, parte-separa
a identificaçãoe
o delineamento
jurídicodo
cooperativismo,
na
constituição procura-se obteruma
análise tópicado
art. 174, §2°
da CF,
que
estabelece as diretrizes referentesao
estímuloao
cooperativismo.Para
um
melhor compreensão do
texto constitucional faz-seuma
análisedo
que sejam
os princípios constitucionais, estuda se a colisaode
princípiosconstitucionais e a sua resolução,
para afinal chegar
aalguma
conclusão
acercado
princípioda
máxima
efetividade eda
efetividade,com
aconsequente
possibilidadede
concretização dasnormas
constitucionais referentesao
cooperativismo.-
Apontam-se
as peculiaridadesdo
atocooperativo
eem
outroimportante
segmento
desta dissertaçao discutem-se os obstáculos surgidosno
judiciárioem
faceao aparecimento
e a proliferação das gato e fraudo cooperativas e apolêmica acerca
da
aplicaçãoou
afastamento
do
art.90
da
Lei 5.764/71 edo
art. 442, §único
da
CLT,
que estabelecem
anão formação
de
vínculo empregatíciocom
a
cooperativas ecom
o
tomador
dos
serviços dasmesmas
nos
casosde
terceirização lícita.Discute-se
por tim
no
capítulo IV,o
DireitoEconômico
eo
Direito eEconômica (Law
&
Economics), para
atingiruma
melhor
compreensão do domínio
econômico
constitucional euma
melhor
caracterizaçãodos
métodos
hermenêuti-cosde
concretizaçao constitucional, etambém
visando
estabelecer diferenciaçõesentre
as disciplinas Direito
Econômico
e Direito eEconômia.
Por
fim,
tecem-se
algumas
considerações tributárias e previdênciarias. -Após
esta' análisefundamentada
em
uma
visao interdisciplinardo
cooperativismo, procura-se,
na
conclusão, atingiruma
melhor compreensão
deste instituto,de
suas virtudes, falhas ede
qualdeve
sero grau da
sua efetivação pelojudiciário e pela
sociedade
civilem
geral nestestempos
de grande transformação
da
sociedade e das relaçõeshumanas.
“J
1.1.
IDENTIFICAÇÃO
Do PROBLEMA
1
O
art. 174, § 2°da
Constituição Federalfixa
as diretrizes parao
estímuloao
cooperativismo
que deve
serum
meta
concretizada pelospoderes
públicos.A
crisedo desemprego
nestefinal
do
séculodefine
um
cenário socialdemarcado
por
novas
relaçõesde
trabalho.O
cooperativismo
éapontado
como
uma
forma de
organização
econômica que
permite
ageração de
emprego
erenda
nestecontexto
de
crise. Todavia, existeuma
parcelado
empresariado
ede
indivíduos corruptos,que
seutilizam deste instituto para burlar a legislação social (trabalhista e previdênciária) e ~
tributária e,
por
isto,tem
ocorridouma
açao
inibidorados
tribunais, MinistérioPúblico
do
Trabalho
edo
próprio Ministériodo
Trabalho
atravésde
seusórgãos
competentes, desestimulando a
atividade cooperativa. Istogera o
problema
para
o
sistema judicialcomo
efetivaro
princípiodo
cooperativismo.Como
estabelecer critérios objetivos -para identificaro
autêntico cooperativismo, possibilitandoa
efetivação
do
mesmo
e distinguindo-oda
sua apropriação fraudulenta.1.2.
HI1>ÓTEsEsz
1.
A
inexistênciade
critérios objetivos para avaliar a autêntica atividade cooperativatem
provocado
prejuízos a esteramo
de
atividadeeconômica,
no
momento
em
que surgem demandas
judiciaisna
Justiçado
Trabalho
e aautuaçao
frequente das cooperativas pelos
Órgãos
de
fiscalizaçãodo
Ministériodo
Trabalho.. 2.
O
desenvolvimento de
uma
análise histórica e social contribuírampara
aelaboração
de
uma
teoria jurídica critica sobreo cooperativismo
*contribuindopara a
efetividade e
conhecimento
dos
principios e práticasde
um
verdadeirocooperativismo
popular,no
seioda
emergente
economia
solidária, garantindo aefetividade constitucional
do
cooperativismo
quando
verificadosomcumprimento
dos
seus pressupostos e principios básicos, garantindo desta
forma
a efetivaçãoda
norma
disposta
no
capítuloda 'Ordem
Econômica
e Financeirada
Constituiçãode 1988,'ou
seja,
o
art. 174, § 2°da
Constituição Federal. `'
'
\ . 1.3.
vARLÁvE1sz
a)
O
cooperativismo
inscreve-secomo
atividadeque deve
serpromovida
eestimulada
de
acordo
com
o
art. l74,§ 2°da
Constituição Federal, a conjuntura atualdemarcada
pela globalização estimula experiênciasdimensionadas
dentrodo
campo
da
economia
social (solidária), intituladapor
algunscomo
o
terceiro setor surgidoem
faceda
falência das políticas sociaisno
Primeiro e TerceiroMundos,
ocasionando
uma
sériede novas
experiências direcionadasao
combate do
desemprego,
que
passa
a ser
uma
questão
fundamental
situadacomo
prioridadena
agenda
políticade
váriospaíses; _
b)
A
Justiçado
Trabalho,em
inúmeros
julgados,tem
apontado
a existênciade
muitas
gato-cooperativas,
ou
seja, cooperativasque
aliciammão
de
obra,sem
respeito eimplementação
de
princípios cooperativos beneficiando-seda
interpretaçãoaduzida
pelo art. 4-42, §
único
da
Consolidação
das LeisdoTrabalho,
que
prescreve anão
formação
de
vínculoempregatício
entre oscooperados
com
a cooperativa ecom
o
tomador
de
serviços;c)
Não
se discutena
esferados
tribunais superiores aquestão
da
efetivaçãodos
princípios cooperativos
em
faceda
Constituição Federal, e a temáticada
colisãodos
princípios constitucionais,
como
garantir aunidade
da
interpretação e os finsdo
sistema constitucional,
quando
ocorrerem
tais conflitos;d)
Inúmeros
grupos
marginalizados,como
o dos
desempregados
'emovimentos
sociais, tal
como
o
Movimento
dos
Sem
Terra
brasileiro,vêm
utilizando- apara
produzir e organizar as suas
demandas
em
facede
uma
realidade caracterizada pelamarginalização de
amplos
setores sociais,propondo, para
isto,um
modelo
econômico
autogestionário e altemativo,e)
Inúmeras
experiências intemacionaisneoproudonianas
como
asda
terceira Itália,estão
'adotando
um
modelo de
especialização flexível, utilizando as cooperativasde
trabalhopara
terceirizar atividadesou
gerir aprodução.
`1.4-
JUSTIFICATIVA.
ÃA
verdadeira prática cooperativa, fiel»aos
princípios autênticosdo
cooperativismo, ofereceuma
série 'devantagens
no que
tange
àsua performance
social,
tendo
comprovado
a viabilidade das experiências coletivistas,como
as existentesnos kibutzim
israelenses, e nas experiênciascoletivistas,que
se utilizaram~ das cooperativas
nos
paisesdo
antigobloco
socialista a partirda
Revoluçao
Bolchevique de outubro
1917,conduzida por Lenin
e Trotski, ena
China,por
Mao
Tsé-Tung
. Estas experiênciastambém
foram
utilizadas a partirdo
final
do
séculoXIX
por
comunidades
anarquistas autogestionáriasde
moldes
phroudonianos,
bakuninistas e kropoktianos. Estes últimos
exemplos
estão centradosna busca de
uma
economia
socialou
socialistasem
a interferência estatal, a partirda autogestão
comunitária.As
vantagens de
um
sistema cooperativista -ideal, constituidocomo
paradigma,
poderia sercomprovado
principalmente pelaeliminação
dos
intermediários entre
o
trabalhohumano
e a sua concretização,buscando
extirpara
extração
de
mais-valia peloempregador, o que
setomaria mais
concretizávelem
experiências coletivistasque
fugissem
do
jugo
totalitário,permitindo
que
os
~ _.
trabalhadores
dispusessem
de
uma
organizaçao realmente
democrática,sem
relaçoesde
assalariamento,reduzindo
acompetição
e criando reais laçosde
solidariedade ede
cooperação
entreos
associados,assim
como
os laços sinergéticos entre as próprias entidades cooperativas atravésde
práticas inter-cooperativas,fornecendo assim
asbases
firmes
para
o
des_envolvimentode
organizações auto sustentáveis que,por
não
possuírem
objetivos lucrativos,podem
contribuir paraum
novo
patamar
de
desenvolvimento
humano
e ecológico.As
cooperativaspodem
propiciaruma
nova
prática social e
mesmo
estruturarum
mercado
de
trocasrealmente
alternativoao das
empresas
capitalistas nacionais e multinacionais, constituindo,_çalémde
um
modelo
de desenvolvimento
econômico
autosustentável,uma
sociedade
autosustentável. -Isto permitiria a estruturação
de
um
modelo
de desenvolvimento
sustentadoem
relaçõesmenos
verticais e hierárquicasde
trabalho, portanto,menos.
desumanizantes
enocivas para
o
trabalhador.Neste
aspecto, a política cooperativista poderiatambém
ser criticada, pois estas experiências, dentrodo
capitalismo,apenas
disseminariam
ilhas isoladasde desenvolvimento
regional centradasno
sistema capitalista,o
que
apenas
contribuiria paraaumentar
asuperexploração
e aprecarização das relações
de
trabalho. -. -
Porém,
mesmo
autores contrários àsOrganização
Não
Govemamentais
eao
discurso da' autosustentabilidade
defendido
pelo multilateralismo internacional,como
James
Petras,visualizam
aevolução dos
movimentos
sociaisem
novos moldes
de
produção
coletiva utilizando-se das cooperativas para organizar aprodução
efomentar
lutas sociais.Para
tal intento, este autor cita,como
exemplo,
osSem-Terra
brasileirosl. t
- c “ l
ç
_Porém, não
sepode
esquecer
que,em
um
país capitalistamarcado
por
tamanhas
desigualdades
sócio-econômicas
como
o
Brasil, os objetivosdo
1
PETRAS,
James. .4rmadilha Neoliberal e alternativas para a .-lméríca Latina. São Paulo:Xamã,
cooperativismo,
podem
darmargem,
inclusive, a distorções pela burlada
próprialegislação e fiscalização trabalhistas
por
partede
cooperativasde
trabalhoaliciadoras
de
mão-de-obra,
que
se utilizamdo
art.442,
parágrafo único,da
COI1SOlÍdaÇãO daS LCÍS Trabalhistas, para burlar "principios constitucionais que protegem valores sociais do trabalho, a dignidade humana, a relação de emprego e a busca do pleno emprego, porquanto admite a contratação de mão-de-obra sem a proteção trabalhista (...)”2 .
Neste
Caso,não
é possível omitir a precária fiscalização exercida pelasDelegacias Regionais
de
Trabalho
edo
próprio Ministério Públicodo
Trabalho para
inibir as práticas fraudulentas. .Além
disto, dentroda
própriada
prática administrativa das cooperativas,podem
existir relações verticaisescamoteadas de
horizontalidade,que
muitas
vezes,manifestam-se
atravésde
uma
suposta ditadurado
Conselho.de Administração
sempre
reeleito atravésda manipulação de
mal
esclarecidoscooperados
que,quando
arguidos sobreo
cooperativismo,desconhecem
seus valores, princípios, poissequer
participaram
da
lavraturada
Ata
eda
Assembléia de fundação da
cooperativa atravésde
seu Estatuto Social,desconhecendo
também
aperda dos
direitos trabalhistasde
uma
relaçãode
emprego
convencional.A
partir dessas premissas,surgem
preconceitospor
partedo
judiciário edos
órgãos
de
controleda
administração pública,que
precisam
sermelhor
matizados.Desta
forma, atinge-se diretamenteos
sistemas cooperativos participativospopulares e
de
profissionaisautônomos,
que procuram
organizar-seem
faceda
desestruturação* das. relações
de
trabalho,buscando
novas
práticasde
gestão e recursos altemativosde
trabalho, pela erosaoda
empregabilidade, diferenciando-seatravés das cooperativas
dasrelações
assalariadas usuais.As
cooperativas-*encontram-se estigmatizadaspor
uma
sériede
razões,em
geraloriundas
da
distorçãodas
suas finalidades. Cria-se, a partir destascircunstâncias,
uma
visãode
que
as cooperativassãoperigosas para
asempresas
etrabalhadores.
A
reação
dasempresas,
como
dos
empregados
assalariados,de
uma
forma
geral, é ade
hostilização das práticas cooperativas,muitas
vezes,com
razão
fundamentada
pelosflagrantes
desvioscometidos por gananciosos propangadeadores
do
cooperativismo vinculados
apenas
aos interessesde
empresas
interessadasna
3
DE
MELO.
Raimundo
Simão,
A
flexibilização dos direitos trabalhistas e as cooperativas de trabalho, Revista Estudos. p. 04 _ ~terceirização e
no
cortedos
custos sociais atravésda
dispensa
de
mão-de-obra
ediminuição
dos encargos
sociais.Porém,
de
pouco valhem
asvantagens
e distorçõesdo
institutofomecidas
pelasargumentações
supracitadasde
cunho
sociológico, político e histórico,sem
que
hajauma
moldagem
corretado
ponto de
vista juridico destas instituições,principalmente
no que
tange ao
aspectoda
efetividade constitucionaldos
princípioscooperativos
que
garantam a adesão
livre e voluntária (art. 5°,XX
da
CR),
aautonomia
e independência,a
solidariedade,o
controle, aorganização
e agestão
democrática
(art. 5°,XVII
eXIX
da CR),
pelos sociosindependentes
de sua
participação
no
capital societário,o
reinvestimentodas
sobrasno
próprio objeto social,o
justopreço
que
priorizao
valorde
custoem
detrimento dos
sobrevalorde
troca,
o
lucro tidocomo
injusto. t -Assim,
como
o
melhor
esclarecimentode
termos
como
terceirização, flexibilizaçao e precarizaçaode
relaçõesde
trabalhopor
cooperativas, fugados
encargos
sociais e aquestão
previdenciária expressa pelo leicomplementar.
84/96.Sem
que
isto ocorra, estarse-asempre vivendo
em
um
clima de
“incerteza einsegurança
jurídicapara
oscooperados
e asociedade
em
geral e, portanto,de
veemente
injustiça,que não
garantiráo desenvolvimento
eficazda
atividade cooperativa autêntica3,caso
contrário estar-se-átolhendo o
desenvolvimento
cooperativo
com
base
em
argumentos,
como
o
'deque
as cooperativasimpingem
concorrência deslealou
de
que não
pagam
tributos, paracomprovar
estas asseftivastoma-se
necessárioum
estudo
sócio-político-jurídico,que
explicite osfimdamentos
de
validezou
invalidez,_assim
como
eficácia eineficácia
destes postulados,fomecendo
opções
concretaspara
a sua. correçãopor
politicas públicas, pelaprovocação
e atuação pertinentesdo
judiciário e pelo efetivo controle das fraudes pelosÓrgãos encarregados
da
fiscalizaçao.Quanto
aos limitesdo
cooperativismo
também
não
podem
ser esquecidos, eisto só é possivel através
de
suamelhor
visualizaçãono
contexto histórico,econômico
e politico, situandoo
atravésdos
tempos
pela estruturaçaoem
nosso
paisde
uma
legislaçãoquase
sempre
direcionadapara
a neutralizaçãodos
conflitos etensões sociais, utilizando as cooperativas, principalmente as
de âmbito
rural,como
aparelhosprivados
de
hegemonia do
Estado
(sociedade política), ena
'sociedadePrincipalmente daquelas que implementam os princípios de fomta real (material) e não de fonna
meramente formal
com
a finalidade meramente constitutiva.civil,
visando
organizarou
desorganizardeterminados
setoresou
fraçõesde
classe,de acordo
com
os
interesses econveniências
politicas,o
que
provavelmente ocorre
desde
_o decreto22.239/32 publicado
duranteo governo,
GetúlioVargas,
que
visava
enfiaquecer
as oligarquias latifundiáriasdo
Café
com
Leite, soliditicando asbases
da
Revolução
de
1930, atravésda
constituição das experiências cooperativistas atreladasao
Estado.Porém,
apesar destes óbicesde
ordem
jurídica, social e política, a atividade cooperativacontinua
a possibilitarum
foco
de
emancipação
humana
ede
criaçãode
empregos
em uma
atividade autogestionária, integrantedo
setorda
economia
social,oposta
àeconomia
informal (subterrânea), principalmentequando
direcionadapor
novos
sujeitos emovimentos
sociais,compromissados
com
a efetivaçãoda
justiçasocial,
em
detrimento dos
valoresdo mercado
capitalista,num
período
em
que o
desemprego provocado
pelapolíticas'macro-econômicas dos
govemos
nacionais,a
automação
tecnológica, a robotizaçãode
fábricas, amecanização
da
agricultura,com
o
consequente
exôdo
rural,provocam
enorme
impacto
sobre osempregos
disponíveis para os trabalhadores qualificados e desqualiñcados, pelasnovas
relaçõesde
trabalhoe
emprego
emergentes
com
a crisedo
desemprego, tendo
em
vista que:“O
desemprego é o maior problema que enfienta a sociedade nestefim
de século.A
agropecuária e a indústria, tradicionais geradores de emprego reduziram e tendem a reduzir cada vez mais as oportunidade de trabalho.A
monocultura e a mecanização das lavourascausam desemprego no campo.
A
informatização, a automação e a robotização da indústriasgeram
fábricascom
reduzido número de trabalhadores.A
instalação de novas indústri as não produz novos empregoscomo
anteriormente fazia. Fábricas já instaladas anunciam aumentode produção e redução de quadro de empregados”4
Desta
forma,o cooperativismo
nao
seráestudado
de
forma
acrítica,como
uma
solução estruturalpara
um
problema
estrutural eendêmico
do
capitalismo,que
éo
desemprego provocado
por
sua frequentes crises emudanças
na
base
tecnológica,que
permanentemente
revolucionam-no,
provocando mudanças no
seufimcionamento
ena
própria divisãointemacional
do
trabalho pelomesmo
foijada.4
O
cooperativismo
nao
pode
ser vistocomo
uma
panacéias,-devido aos
próprios limites
de reprodução
deste sistema.No
entanto,poderia
contribuirpara a
resolução
de
algunsdos problemas sócio-econômicos
atuais eampliar
o
grau
de
demanda
de
novos
setoresdemocráticos da sociedade
civil,tendo
em
vistaque
as cooperativasque
realmente
seguem
princípios democráticos-participativosou
mesmo
socialistas,como
asdo
MST,
são responsáveispor
relaçõespermanentes e
voluntárias entre
os
cooperativados enão
relaçõesformais
ou
informaisque
sedesatam
no
primeiroperíodo
recessivo,não
garantindo auto-suficiência e sim, faltade
estabilidade, violência,fome
e faltade
perspectivaspara
o
futuro pela própriafragilidade
do
vinculo empregatício,que
tende
cada vez
mais
a se precarizarem
face das politicassob
hegemonia
neoliberal edos condicionantes
conjunturaisda
globalização, utilizadosem
uníssono
para flexibilizaros
precários princípiosprotetivos
da
justiçado
trabalho,conquistados
atravésdas longas
lutas sociaisdo
séculoXIX
eXX
no
velho
continente edo
populismo
nacionaldesenvolvimentista
getulista, peronista e cardenista,
no
contextoda
América
Latina.Í
Daí
decorre aimportância de
uma
estudo jurídico,mas
que não
descarte asdimensões
históricas, sociológicas eeconômicas,
portanto, éimportante
também
frisar
o
fatode
que
inexiste,uma
verdadeira teoria das organizações,que
estatuaum
conjunto de
novos modelos
de cooperação, que permitam,
assim, a estruturaçãode
verdadeiras
organizações
cooperativasnão
burocratizadas, efetivando seus princípios retórico-discursivosno
nível fático e garantindo a transparência das suasdemandas
eo cumprimento
por
parte destas cooperativas das leis,que garantam
asegurança
e asnecessidades
fundamentais dos
trabalhadores ligados a estas práticas,sob o
estatutoda
coo
era ão,ou
mesmo como
em
revados subordinados de
O
coo
erativasna
uelasque
contratam
trabalhadores.Procura-se
também
'fiisar a importânciada
análiseabrangente
destasinstituições
no
plano
jurídico,não
esquecendo
das outrasdimensões
extra-jurídicasdo
tema, objetivando,com
isto fugirde
uma
análise simplistaou demasiadamente
reducionistado
instituto, fixadaapenas
nomarco
dogmático-juridico, para desta forma, atingiruma
visão dialéticaque
propicieum
olhar critico e dinâmico,sobre
essa
polêmica questão
abordando
de
forma encadeada,
os
aspectos sociais,5
Não
se pode esquecer da necessidade da criação de políticas públicas direcionadas para, o combate
ao desemprego e a distribuição da renda, já que o Estado não pode se exiinir de suas responsabilidades deixando-as somente ao encargo do mercado e da sociedade civil. _
econômicos
e _culturaisque
demarcam
o
cooperativismo
no
seu atualcontexto
societário.
Toma-se
também
necessário, 'neste estudo, adefinição do
conceito e afixação
da
relevânciado
princípio,como
uma
espécieda
norma
juridica,que
constituino
marco
basilar e nuclearde
um
sistema.No
caso
do
cooperativismo, os princípiossão
elementos
norteadoresdo
sistema,sendo
essenciaispara
a doutrina cooperativa,na
medida
em
que
os
princípios interpretam os valores cooperativoscomo
a
solidariedade, a liberdade e a
democracia, transformando
idéiasem
açao, realizandocom
isto a fusão entre teoria e práticaó.A
partir deste aspecto,o
art.174
§2°
éa
diretriz
do
cooperativismo,sendo
essencial, pois interliga-secom
outros princípios eregras constitucionais:
Art. 174.
Como
agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento, sendoeste determinante para o setor público e indicativo para o setor privado.
§1° ... ..
`
2°.
A
lei aP
oiará e estimulará o coo ratiifismo e outras ormas de associativismo.A
concretização constitucionaldos
princípios cooperativos,como
indicao
legislador,
aponta para o
fatode
que
a leideverá
apoiar e estimularo cooperativismo
e outras
formas de
associativismo,demonstrando
que o
cooperativismo
foi eleitocomo
forma
de
organização,que
deverá
ser estimuladana
forma
da
lei, pelospoderes
públicos contribuindo, desta forma, para
o desenvolvimento
nacional, utilizando-sedo
campo
da
economia
social: -,
«
conceito de Economia. Social existe há mais de
um
séculomas
e' pouco conhecido nomundo
e praticamente 'desconhecido no Brasil. .Mesmo assim os mais esclarecidos incluíramna Constituição de 1988 alguns princípios a ela relacionados, tais
como
a liberdade de associação e o fomento ao cooperativismo.A
emergência
no
plano
juridico, deste estudo acercada
construção
conceitualsocietária e
na
práxis juridica constitucional e infraconstitucionaldo
cooperativismo,justifica-se pelo fato
de que
a Constituiçãoda República de
1988,em
váriosdos
seusartigos, dispor sobre
o
estímuloao cooperativismo
eo
associativismo,porém
não
sepode
deixarde
atentar parao
fatode
queiexisteum
grande
hiato entre os textos constitucional e infraconstitucionais, qual seja, entrea
eficácia jurídica-
jurisdicismo
formal
-
e a eficácia socialda
norma
-
efetividade,segundo
José
Eduardo
Fariax.Assim,
a visualizaçãoda questão
da
efetividade constitucionaldo
cooperativismo
contribuisobremaneira
para a soluçãode
uma
sériede
controvérsias,que
estãopendentes
nas lides jurídicas atuais emais
do que
isso,fomecem
caminhos
para
que
a cidadaniapossa
ser insuflada,na
medida
em
que
o
cooperativismo, principalmente,o
popular eo de
pequenos
produtores rurais, constitui-seem
um
dos
campos
em
que
osnovos movimentos
sociais,podem
realmente
sentir-se sujeitos ativosde sua
história construindoum
caminho
de
emancipação
atravésde
sua livreiniciativa e
autonomia
individual,sem
cairno
mundo
da
concorrência
Darwinista
do
livremercado
assalariado, constituindo-se, portanto,num
foco
de
pressãoda
sociedade
civilpor
seus direitos e contribuindopara
aampliação
das liberdades públicas dispostas noart. 5°da
Cartada República de
1988, atribuindo soluçõespara
algumas
dasinúmeras mazelas
sociaisdo
Brasil,o
que
aliás éo
objetivoda
norma
do
art. 3°
do
Título I a IV,dos
princípiosfundamentais
da
Constituiçãoda República
de
1988: '
“Art 3°. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
I- construir
uma
sociedade livre, justa e so1ia'ári`a,'II- garantir o desenvolvimento nacional; V
III- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
IV- promover o
bem
de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer V outras formas de discriminaçao.Encontra-se, pois, justificada
o
objetivodo
projetoem
investigar a efetividadeconstitucional
dos
principios cooperativos,devido ao
seu relevante interesse juridico,o
histórico eo
social. - _ ~ 7 Idem, p. 28. 8FARIA,
José Eduardo. Direito e Economia na Democratização Brasileira. São Paulo: Malheiros, 1993, p. 167. a1.5-
OBJETIVOS
1.5.1-
OBJETIVO
GERAL:
Colaborar para a
efetividadedo
princípiodo
autênticocooperativismo
popular
no
sistema judicial eeconômico
brasileiro.1.5.2-
oB.rETrvos
r:sPEcíFrcos
Pretende-se
demonstrar:
1.5.2.1
Demonstrar
a
inadequaçao
da compreensao do
instituto cooperativoem
faceas
grandes
mudanças
sócioeconômicas
ocorridasnas
últimas~de'cadas eque
acabam
por remodelar por completo
os institutos jurídicos correlatos ea
interpretação principiolÓgico-normativa pelos tribunais;1.5.2.2-Contribuir
para o
adequado
tratamento jurídicodo
institutocooperativo
em
decorrência das
inúmeras
peculiaridadesdo
seuuso
e experiência plurais, paraque
possam
culminar
em
emancipação humana,
em
vez de
escravidão' eda
fraude àlegislação tributária, trabalhista e social;
1.5.2.3-Utilização
de
estudosde
caso1.6-
TEORIA DE BASE
A
temática envolverá, inicialmente,uma
análisedo
cooperativismo abarcando
a sua história e a sua
consolidação
no mundo,
posteriormente àgrande revolução
social ocorrida
após
aRevolução
Industrialde
1750.”Busca~se
também
enfocar asua
evolução
legislativa e' os seus propósitoseconômicos
e sociaisno
Brasil-,assim
como
a sua atualidade
em
faceda
aceleradaexpansão
do
cooperativismo
neste finalde
século.
Por
isto,toma-se
necessário focalizaro
marco
teórico referenteao processo
de
globalizaçãoeconômica
e política expressa pelo neoliberalismo,enfocando
as suasconseqüências
sociais para os paísesda
periferiado
sistema capitalistacomo
o
Brasil.
l
'
-
A
partir disto, utiliza-seo
contexto teórico-reflexivopara
melhor
visualizaro
de
reduziro
desemprego
na
economia
solidáriaou
como
elemento
precarizadorde
relaçõesde
trabalhoformais
pelaredução de encargos
trabalhistasie sociais.Para
tal contextualização serão utilizadosos
vários livros relativosao
cooperativismo, dentre
os
quais, osde
Daniel Reich,Paul
Singer,Diva Benevides
Pinho,Roberto
Irion eWaldirio
Bulgarelli e, outrasobras
necessárias para a análisedo
processo de
globalização e dasmetamorfoses no
mundo
do
trabalhoencontradas
em
autores.como
Ricardo Antunes,
Otavianni,François
Chesnais,Paul
Singer,Osvaldo
Coggiola,Robert
Kurz
eHans
Peter Martin.Uma
análiseespecifica
dasda
ordem
econômica
seráde
suma
importância, focalizando-sede
forma
prioritáriaos
seus conceitos e características, atravésdo
instrumento
do
direitoeconômico
eda
Law
&
Economics
(Direito eEconomia),
sempre
enfatizando tipológicamenteo
art. 174, § 2°da
Constituiçãoda República de
1988,
buscando
as possíveismudanças
interpretativas trazidasno
bojo
do
processo
atual
de
globalizaçãoda economia,
que
enfatizaespecificamente
amatiz
neoconservadora
neoliberal.Para talestudo,
utilizar-se-ão artigosde
revistasde
livrosde
direitoeconômico
ede
revistas especializadasno
tema. 'L `
Dentro
deste contexto serátambém
necessáriauma
melhor
visualizaçãoda
análise
dos
valores e 'princípiosna
esfera constitucionalpara
a qual são necessárioso
estudo de
vários autorescomo
Robert Alexy,
J.Gomes
Canotilho, LuisRoberto
Barroso,
José
Afonso
da
Silva,Eros Roberto Grau,
Clemerson
Merlin
Cleve, dentre OUÍTO S.'
Após
uma
breve
visualizaçãodos
princípios*da
ordem
econômica
em
sua
sistematicidade e especificidades,
com
aconseqüente
diferenciaçãodos
valores,regras e princípios
na
esfera constitucional eda
análisedo
cooperativismo
em
sua
faceta principiológica,
busca-se
um
aprofiindamento
conceitualpor
intermédiode
autores
da
área constitucional, paraque possam
prestargrande
contribuiçãono
clareamento dos
princípios edos
seusconflitos
na
esferada
Constituição.Os
principioselencados
devem
ser analisadosde
forma
atomar
viáveluma
análiseda
conformação
entre avontade
do
legislador,buscando
sopesar a intençaodo
legisladorao
elaborar os projetosde
emenda
constitucionalque
deram
origem
ao
art. 174, § 2°
da
Constituiçãoda
República,assim
como
assegurar a sua efetivaçaopela interpretação jurisdicional
dos
tribunais nas esferas trabalhista, civil, fazendária e constitucional, relacionando-ascom
a atual realidadeeconômica
e social brasileira.estrangeiros,
como
Eros Roberto Grau,
JoséAfonsoda
Silva,Ronald Dworkin,
J .J.Gomes
Canotilho,Waldirio
Bulgarelli eRobert
Alexy.1.7-
METODOLOGIA
Optou-se por
uma
pesquisa de
caráter bibliográfico,do
tipo exploratório,por
três motivos.
Primeira
pela própria naturezado tema
investigado,visando
melhor
entender aproblemática
jurídicado
cooperativismo, a partirde
suaconceituação
interdisciplinar delineando-se
o
instituto teoricamente.Segundo,
pelanecessidade
que
setem
em
sistematizaralguns
conceitos ainda esparsos,fundamentais para a
realização
de novas
pesquisas.Finalmente,
como
últimomotivo,
para estaopção
metodológica,
encontra-sesomente
atravésde
pesquisa bibliográfica é possível a sistematizaçãoda proposta
teórico-metodológica,sendo
esta a técnicamais
adequada
para
a solução desteproblema.
'
Segundo Marconi
&
Lakatos, apesquisa
bibliográficadefine-se da
seguinte førma, “...a'esde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias,teses, material cartografco etc..., ate' meios de comunicação orais: rádio, gravações
em
fitamagnética e audivisuais:
filmes
e televisão "191.s--
MÉTODO
DE
ABORDAGEM
O
método
deabordagem
seráconformado
atravésdo
uso mesclado de análise dedutivascombinadas
com
análises indutivas visando construir conhecimentosmelhor
contextualizados acerca da efetividade social
do
cooperativismono
sistemaeconômico
brasileiro.
1.9-
MÉTODO
DE
PROCEDIMENTO
Monográfico
9
MARCON1,
M.1.1‹»
TÉCNICAS
DE
PESQUISA
Pesquisa bibliográfica, documental e eventualmente pesquisa empírica, os itens priorizados dentro
do
item técnica de pesquisa bibliográfica, documental e empírica.CAPÍTULQ
1.cooP1‹:RATIv1SMo
1.1.
coNcE1Tos
Do
coo1>ERATIv1SMo
De
acordo
com
Pinhom,
nocooperativismo
éuma
forma
de
associaçãode
pessoas,que
sereúnem
para
atender às necessidadescomuns,
atravésde
uma
atividade
econômica,
istoobviamente
dentrode
uma
visão
liberal e reduzidorado
fenômeno
do.cooperativismo
ao
este viés. .1
Na
linguagem
destes autores, a cooperativanão
pode
prescindirde
liberdadee
comunidade;
trabalho livre e grupal.Quando
estacooperação
é garantidapor
estatutos prévios, discutivos e referendados pelo principio
assemblear
surgem
ascooperativas. ` _
_
-
A
cooperativa foidefinida
de
uma
forma
simplicada, pelo juristaFábio
K0nCleI`›COmpaI'a'tO, "e1a não constituiuma
organização dirigida para o mercado,mas
voltadaara dentro, ara os ró rios coo erados".”
i '
P
P
P P
P
Outro
juristaWaldirio
Bulgarelli, registracom
clareza,uma
conceituação
formal
das cooperativas: -iS
"Nas sociedades cooperativas,
como
já pusemosem
relevo, a 'afiectio societatis` estáem
Ú
'
função do 'intuitus personae `, já que a sociedade gira
em
torno- de pessoas que acompõem;
tanto que a participação do associado é 'dupla
como
'associado` ecomo
'cliente `, ou seja,como
usuário dos serviços da sociedade, e a sua estrutura é plenamente democrática, sendo a contribuição patrimonial limitada e até inexistente,em
muitos casos,como
nascooperativas
em
que não há capital social. Desta forma, os socios prestam contribuição- patrimonial-limitada ou ilimitada econtribuição pessoal máxima. "1266. .
`
1°
PINl-IO,'D.B.
O
pensamento cooperatii-'ista e 0 cooperativismo brasileiro.. São Pauloi Pioneira,1982, p. 120. -
11
COMPAKATO,
Fábio Konder. Direito Empresarial. São Paulo: Saraiva, 1990, p. 239.1'
BULGARELLI,
Waldirio. Sociedadesl7_
Quadro”
retratando as diferençasdo
âmbito
jurídico entre asSociedades
_Cooperativas
e asSociedades
Mercantis:SOCIEDADE
COOPERATIVA
SOCIEDADE
MERCANTIL
-
É uma
sociedade de
pessoas -É uma
sociedade
de
capitalObjetivo
principal é a prestaçaode
serviçosObjetivo
principal éo
lucro-
Número
ilimitado
de cooperantes
Número
ilimitadode
acionistas~
Controle democrático
-um
homem
-um
voto
- ~Cada
ação
-um
voto
Assembleias:
"quorum"
- ébaseado
no
número
de cooperantes
`Assembléias:
"quÓrurn"- ébaseado
capital r
Não
é permitida a transferência das quotas partes. a terceiros, estranhos àsociedade
Transferência das
ações
a terceirosRetorno
proporcionalao
valor dasoperações
Dividendo
proporcionalao
valordas ações
13
Quadro retirado-da Oficina Social. Centro de Tecnologia trabalho e cidadania. Curso de iniciação e
Quadro”
relatando as diferenças existentes entre a sociedade civilsem
fins
lucrativos, as cooperativas e
os
sindicatos:IV[L
SOCIEDADE
C
FINS
LUCRATIVOS
_SEM
SOCIEDADE
COOPERATIVA
SOCIEDADE
CIVIL/
SINDICAL
SEM
FINS
LUCRATIVOS
oBJET1vos
Diversos
Prestaçãode
Serviços 'Representar edefender
detenninada
categoriaLEGISLAÇÃO
Constituição (art. 5°, inc.
XVII
aXXI
e art. 174, § 2°Constituição (art. 5°, inc.
XXI
e an. 174, § 20Civil e Lei 5.764/71 .
XVII
'a ), .Códi
go
Constituição (art.
XVII
aXXI
, art . s°viii e an. 174, § 2°
0.
5,1
,in ncisoc.Ia
CLT
FQRMAÇÃO
-
Mínimo
de duas pessoas
Minimo
de
20
pessOaS
Número
de
pessoas
necessárias para
ocupar
os
cargos
de diretoria,regulados e definidos
pelo
8SÍaÍUIO ~
REGIS
TRO
S
Cartório'
de
registrode pessoas
jurídicas
da
comarca
Junta- comercial
Cartório
de registrode
pessoas jurídicas
da
COl'l"l8.l'C3.
PATRIMÓNIO
prática ao coomrativismo. 1998.