UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE
SANTA CATARINA
CENTRO
SOCIO
ECONOMICO
.DEPARTAMENTO DE
CIÊNCIAS
DA
ADMINISTRÇÃO
OS
PROBLEMAS
DE
SUCESSAO
DAS
EMPRESAS
FAMILIARES
:UM
ESTUDO DE
CASO.
'TENILLE
GUGLIELIVII
RABE
UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE SANTA CATARINA
CENTRO
sÓc1o
EcoNôM1co
DEPARTAMENTO
DE
c1ENc1As
DA
ADM1NrsTRÇÃo
PROBLEMAS
DE
SUCESSÃO
DAS
E1\/IPRESASFAMILIARES
1UM
ESTUDO
DE
E
CASO.
TENILLE
GUGLIELM1
RABE
Orientado por
Prof.
Dante Marciano
GirardiCo-orientado por
Prof. Liane Carly
Hermas
ZanellaÁrea
de atuaçãoAdministração geral
Este trabalho
de
conclusão de Estágio foi apresentado e julgado perante aBanca
Examinadora
que
atribuiu nota à aluna Tenille GuglielmiRabe
na disciplinade
EstágioSupervisionado Obrigatório
~
CAD
5273.Banca
Examinadora
Prof. Dante Marciano Girardi
Presidente
Prof. Liane Carly Hermas Zanella
Vice-Presidente
AGRADECIMENTOS
A
Deus, por tudoque
tem
oferecido ao longo deminha
vida.Aos meus
pais,que sempre
me
deram
todo amor, apoio e condições necessárias, para euchegar até aqui el continuar indo mais além.
Ao
meu
avô,que
graças ao seu espíritoempreendedor
propiciou a realização deste trabalho.Aos meus
tios, tias e primos,que
colaboraramna
realização deste trabalho através de seusdepoimentos.
A
minha
irmã e a todas asminhas ami
asue
me
dão
muitas ale gf ias eue
fazem
arteda
minha
vida 7 inclusive as inte rantesdo
“ uarteto ” 7 Cristina 7Gerusa
e Mirian.A
Cristina Philippi,que além
de grandeamiga
foiminha
companheira de ginásio e defaculdade,
onde
ao longo desses quatro anos emeio
ultrapassamos juntas maisuma
etapade
nossas vidas.
Ao
meu
namorado
pelo seu amor, carinho,compreensão
e incentivo.Ao
meu
orientador, ProfessorDante Marciano
Girardi pela atenção despendida.A
minha
co-orientadora Professora Liane CarlyHermas
Zanella, pelos seus ensinamentos,desde a matéria Prática Administrativa, que serviu
como
base para a realização deste trabalho.s1NoPsE
... ._ 1.1NTRoDUÇÃo
... .. 2.OBJETIVOS
... _. 2.1 Objetivo Geral ... ._ 2.2 Objetivos específicos ... _. 3.FUNDAMENTAÇÃQ
TEÓ1ucA... 3.1O
fundador ... .. 3.2O
sucessor ... ._ 3.3Os
herdeiros-
sócios ... .. 3.4 Familiares naempresa
... ._ 3.5 Profissionalização ... ..3.6 Valores familiar
X
valores empresarial ... _.sUMÁRIo
3.7 Resgate da
memória
... _.4.
METODOLOGIA
... ..4.1 Tipo de pesquisa ... ..
4.2 Universo investigado ... ..
_ 4.3 Técnicas utilizadas para coleta de dados ... ..
4.4 Análise dos dados ... ..
5.
O GRUPO
... .. 5.1 Históriado
fundador....- ... .. 5.2 Históriado
Grupo
... ._ 5.3O
Grupo
hoje ... .. ó.ANÁLISES
E
REsULTADos...
6.1O
fundador ... .. 6.2O
sucessor ...6.3
Os
herdeiros - sócios ... ..6.4 Familiares
na empresa
... ..6.5 Profissionalização ... ..
` 6.6 Valores familiares
X
valores empresariais6.7 Resgate
da
memória
... ..7.
CONSIDERAÇÕES
1=1NA1s ... ..s.
REFERÊNCIA
BIBLIOGKÁFICA
... ..SINOPSE
O
presente trabalhotem
como
objetivo principal estudar os problemas desucessão e suas conseqüências dentro
do
Grupo
familiar Alfa.Também
tevecomo
objetivosespecíficos definir
como
os fundadores, sucessor e herdeirosdevem
se comportar antes e apóso
processo de transição de poder.A
opção
pelotema
de pesquisa justifica-se por ele seressencial para qualquer organização familiar que, inevitavelmente, esteja passando
ou
passarápelo processo sucessório. Para tanto a metodologia adotada foi a investigação exploratória,
permitindo assim
uma
pesquisa de caráter descritivo.Quanto
ao instrumento de coletasde
dados e ao universo investigado, optou-se pelas entrevistas individuais semi-estruturadas
com
alguns
membros
da
famíliado
Grupo
Alfa, dentre eles filhos, genros, netos e executivosexternos. Assim. os resultados da pesquisa
mostraram
que,como
na maioria das empresasfamiliares existentes atualmente,
o
fundadordo
Grupo
Alfanão
teve preocupaçãoem
planejarsua sucessão
não
treinandoninguém
para substitui-lo,nem
sepreocupou
em
passar adiantesua visão para os negócios.
Como
conseqüênciao
Grupo
épouco
profissionalizado, imaturonas suas relações interpessoais, os interesses individuais
superam
os interesses coletivos e por1.
INTRODUÇÃO
Durante muito
tempo
as empresas familiaresforam
vistascomo
uma
espécieem
extinção.O
atraso nosmétodos
de gerência, o desapreço pela inovação, os conflitosintemos entre sócios e sucessores, a perda
do empreendedorismo do
fundador, tudo issoserviu para
confirmar
a idéia de extermínio.Com
o
surgimento das multinacionaisnão
seacreditavam
que
elas iriam sobreviver à segunda geração!Felizmente
podemos
comprovar que
as previsões estavam erradas.Companhias
controladas por famílias representam
80
%
do
universo empresarialdo
planeta.No
Brasil,entre as
300
maiores empresas privadas, apenas22
deixaram de ser controladas por famíliasnos útimos cinco anos.
E
algumas já estão se preparando para passaro
patrimônio à quartageração. -
Uma
empresa
familiartem
tanta chancede
prosperar quantouma
empresa
qualquer.
No
entanto paraque
isto aconteça elasdevem
superaralgumas
dificuldadesque
sóse
encontram
neste tipo de organização.Os
principais problemas sedão
porque os fundadoresnão
'sabem pensar epassar a sucessão; porque os acionistas
que
estãono
comando
da
empresanão
sabem
serelacionar
com
seus parentes,também
acionistas; porque existeum
clima de “cabide deemprego” que
dita que todo e qualquerjovem
da
famíliatem
emprego
garantido; por falta deprofissionalização e por falta de separação das regras familiares e empresariais.
E
apesardesses problemas
não
parecerem tão grave, foio que
arruinou muitas empresas familiaresde
sucesso nos últimos tempos.
Por
esses fatores, de pai para filhotem
se tornadoum
lema
cada vezmais
dificil
de
se manterem
nossos dias.As
forças existentes para impedir a continuidadeda
empresa na
família são muitas, e poucas serão as empresasque
poderão manter esse lema, aomesmo
tempo
crescercomo
uma
empresa
sadia e eficiente. .Ê
Assim, este trabalho teve por finalidade estudar os principais problemasde
sucessão nas empresas familiares,
o que
eles acarretam e identificarcomo
devem
secomportar todos
na
família, desdeo
fundador até as próximas gerações.Para ilustrar, o estudo contou
com
o
caso prático deuma
empresa
familiarnegócios, tais
como
hotéis, fazendas, carbonífera, sendoque
amesma
já é controlada pelasegunda geração e não tendo mais seu fundador influência nos negócios.
~
Neste sentido,
o
trabalhotem
como
pergunta de pesquisa :Como
sedeu o
processo de sucessão
no
Gmpo
Alfa?A
opção
pelotema da
pesquisa, justifica-se por considerar queo
estudoem
questão é essencial para qualquer
empresa
familiar,uma
vezque
a maioria das empresasexistentes são familiares,
que
estejana
faseou
estarána
fase de transição de poder, sejada
~ ~
primeira geraçao para a segunda geração
ou
das geraçoes seguintes.Pretende-se,
também,
compartilhar os resultados deste estudocom
os~
familiares e executivos
da empresa
em
questao,no
sentido de oferecer-lhes elementosque
contribuam para seu desenvolvimento.
2.
OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Identificar e estudar os problemas de sucessão das empresas familiares e analisar
um
casoreal.
2.2 Objetivos específicos
>
Definir
como
os fundadoresdevem
se comportar antes e após a sucessão;>
Definir
como
o sucessor deve se comportar antes e após a sucessão e‹
3:
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
Recentes pesquisas
mostram que companhias
controladas por famílias representam80
%
do
universo empresarialdo
planeta.No
Brasil, entre as300
maiores empresas privadas,apenas
22
deixaramde
ser controladas por famílias nos últimos cinco anos (Ramiro, 2000).No
entanto,o
número
de empresasque
estãona
terceiraou
quarta geração sãobem
menores
das
que
estãona
primeiraou
na segunda.Estudos baseados
em
centenas de casos reais sustentam a tese deque
as sementesda
destruição estão dentro
do
seu próprio fiindador eda
família,ou que
a sobrevivênciada
empresa
estána
capacidadeda
família administrar as suas relaçõescom
afirma
e evitar asforças centrífugas nas fases
da
sucessão.Os
principais problemas diagnosticados sedão
porque os fundadores
não sabem
pensarna
sucessão; porque os acionistasque
estãono
comando
daempresa
não sabem
se relacionarcom
seus parentes,também
acionistas;porque
existeum
climade
“cabidede
emprego”,que
ditaque
todo e qualquerjovem
da
famíliatem
emprego
garantido; por falta de profissionalização e por falta de separação das regrasfamiliares e empresariais.
(Bemhoeft
1995, Lodi 1993 e 1994, Oliveira 1999;Conh
1993)Assim, serão abordados cada
um
desses problemas e' as conseqüênciasque
estesacarretam
no
funcionamento das empresas familiares.3.1.
O
fundador
O
processo sucessório representaum
dosmomentos
mais importantes paraque
seotimize a continuidade
da empresa
familiar.Se
essemomento
não apresentar os resultadosesperados, a efetividade da
empresa
pode
estar bastante comprometida.O
fimdador
da empresa familiartem
um
papel muito importanteno
processo desucessão.
É
necessárioque
ele planejeo
processo sucessório.Segundo
Oliveira (1999),o
processo sucessório é
um
processono
qualo
sucessor é escolhidocom
antecedência epreparado, paulatinamente para o poder.
A
boa
administração das geraçõesseguintes dependeem
grande partede
como
elefará a transição de poder.
Na
visão deCohn
(1991), àmedida que
ofimdador
envelheceou
~
visao motiva as pessoas a
assumirem
riscos, 'a crescerem e amudarem,
aimaginarem
algomelhor
e a trabalharemrumo
a estas metas.Quando
a visão se perde, perde-seo
objetivoda
empresa
esem
objetivonem
direção os sucessores acabarão fiacassados _'
Assim, se
o
fundador não tiver consciênciaque
deve passar adiante as metas e osobjetivos de
uma
forma
clara, provocaráuma
confissãode
propósitos, insegurança dossucessores e
nenhum
períododefinido
para conseguir resultados.A
próxima
geraçãodeve
estar tão entusiasmada
em
relação a oportunidades e tãocomprometida
com
aempresa
quanto ele.Segundo
Lodi (1994),o
fundadortem
como
tarefa desenvolveruma
ideologia estávele coerente para a familia superar os obstáculos -durante a segunda geração.
Alguns
fracassamporque
nãoconseguem
ultrapassar a clausura de sua individualidade e transformaro
seusonho
no
projetoda
segunda geração.Como
conseqüência a segunda geração produzum
negócio
de
cultura fracacom
objetivos obscuros, lealdade dividida e motivação baseadaem
dinheiro. Desta forma
uma
liderança individualista e arrogante fracassa ao tentar substituiro
fundador
uma
vezque não
considera as expectativas dos demaismembros
do
grupo.Outro ponto fundamental
que
o fiindador deveisaber administrar é a diferença deculturas existentes.
No
entender deLodi
(1994), a culturado
fiindador edo
sucessorapresentam estilos e concepções diferentes.
O
fundador possuiuma
forte visão a nívelmicro
efraca visão a nível macro,
tem
foco sobre as dimensões de seu negócio, desinteresse pelacomunicação
social, é autoritário etem
tendência a ser especialista de produtocom
orientaçãovoltada para a produção. Já
o
sucessor possui traços quase antagônicos.Sua
administração émais participativa,
tem
uma
visão fraca a nível micro e forte a nível macro, possuipouco
conhecimento de seu negócio tendendo a ser mais generalista voltando sua orientação para
o
mercado.
Neste sentido, Oliveira (1999)
complementa
dizendoque o
fundadortem
dificuldadede
trabalharem
consenso, é conservador na maneira de fazer as coisas e sua prática nosnegócios supera a
formação
acadêmica.Por
sua vezo
sucessor é liberal, disposto aexperimentar estilos diferentes de gestão e sua formação acadêmica é mais sólida
com
menor
vivência prática.
Essa diferença de estilos e de concepções de vida resulta
na
dificuldade de diálogo dasduas gerações
que pode
sersanadoquando
o
firndador passao
poder aospoucos
para seusucessor.
De
acordocom Cohn
(1991),um
tempo
de preparo de 3 a 5 anos dá a oportunidadede
testar as pessoasem
diferentes papéis e avaliar sua maturidade, compromisso, perspicáciapreparo possibilitará
que
ele trabalhecom
apróxima
geração de proprietários-gerentes,que
osprepare para
um
maior grau de agilidade eque
estabeleçaem
conjuntocom
elesum
programa
para a efetivação
da
transferência.A
transmissão de poder, na concepção de Fritz (1993), deve ocorrer gradualmentecom
base na confiança. Parao
autor,o
fundador deve, através deuma
equipe pessoal, treinaro
sucessorno
próprio ambiente de trabalho, pois entendeque o
sucesso é aprendido enão
transmitido através
da
hereditariedade.O
fundador deve perceberque
seu sucessor precisadesenvolver seus talentos aos poucos, ter algumas pequenas vitórias para construir sua
confiança
e admitirum
fracasso de vezem
quando
enquantoaprendem o
negócioda
família.O
apoio dos funcionários-chavesda empresa
também
é muito importante parauma
transição bem-sucedida.
Como
salientaColm
(1991), a conservaçãode
funcionários-chaves eseu apoio ao sucessor
podem
ajudarem
muito a regularizaruma
transição turbulenta,aumentando
ainda o êxitoda
geração seguinte e esse apoio é conseguido atravésdo
fundador,da maneira
como
ele interagecom
estes funcionários.Outro aspecto que o fundador deve ficar atento é determinar a época
de
sucessao.Deve-se determinar
uma
idade de aposentadoria.Segundo
Vidigal (1996, p. 44) :p “Essa idade não deveria ser muito avançada - 60 ou 65 anos parecem
um
bom
número.É
claro que aos 60uma
pessoa ainda tem muito a contribuir, mas essa contribuição pode ser dada no conselho,abrindo caminho para a geração seguinte, que entre os 30 e 40 anos de idade já estará ansiosa para
tomar o poder' '.
O
autor fala aindaque
osfimdadores
muitas vezesfazem
questãode
continuarcomandando
o
negócio até a velhice.Não
abrindo espaço para seus sucessores,que
por suavez se frustam por
nunca
verem
chegar o diaem
que
poderão assumiro comando,
e pior,vendo
aempresa
deixar de crescer e inovar sobo
comando
deuma
pessoa que já perdeu acapacidade de ter novas idéias.
Sendo
assim, -é importanteque o
fundador transfirao poder enquanto estáem
plenovigor fisico e mental, para poder criar novas coisas
com
o
seutempo
livre e para orientar osque
ficam
em
seu lugarna
operação.Mas,
a delegação de poder éum
problema
muito sério parao
fundador. Trata-sede
entregar a outra pessoa o fi'uto de sua própria vida. Afastar-se
não
é aposentar-se, tomar-seinativo, desocupado, inútil. Afastar-se é deixar
alguém
em
seu lugarna
operação dos negóciospessoal.
Muitos
fiindadoresprolongam
a transferênciaou
nãoconseguem
abrirmão
do
poder por dois motivos : primeiro elestemem
deque
apróxima
geração faça as coisasde
maneiradiferente, talvez
melhor
e deque quando
osmesmos
abriremmão,
fiquem
esquecidos einúteis.
No
entender deConh
(1991),ninguém
gosta de ver suas decisões empresariaisou
pessoais desafiadas. O_ autor
afirma
que
inúmeros empresáriosnão
desejam arriscar aconfusão emocional
que
certamente resultará da transferênciada
empresa.O
segundomotivo
é o receio denão
encontrar altemativas para as longas horaspassada
no
escritório, é omedo
de ficarsem
nada para fazer.Segundo
as experiências deLodi
(1994, p. 35):
“Conheço empresários notáveis e competentes, que têm
uma
boa opção interna de sucessãoeque até agora não conseguiram efetuar a transição do poder por falta de
uma
definição pessoal do quefazer
com
seu tempo livre”.Ás
vezes os fundadoresconseguem
abrirmão
do
poder somente “teoricamente”,mas
na
prática continuam trabalhandocom
os empregados, enfraquecendo assim a autoridade e aresponsabilidade
do
novo
presidente.H
Abrir
mão
é essencial parao
filturo êxitoda
empresa e para a saúde mental dosproprietários, tanto anteriores quanto atuais.
Os
fiindadoresdevem
definiro
momento
de
iniciar o planejamento sucessório, o
momento
de dividiro
bastão eo
momento
de passaro
bastão.
No
entender deConh
(1991), as transferências empresariais paraserem
bem
sucedidas
devem
começar
com
a avaliaçãodo
proprietário sobre a situação atual e as decisõesmais interessantes para a empresa. Para isso o processo exige a desistência da autoridade e
o
afastamento de cena, permitindo que o sucessor
assuma
as principais responsabilidadeda
empresa. _
Desta forma, Fritz (1993) afirma que o presidente
que não
sabe preparar atempo
suasucessão e
que
mantém
sua presença conservadora e intimidadora, condiciona aempresa ao
seu próprio declínio biológico.
O
autor Lodi (1989)complementa
dizendo que,o
fundadorque
envelhececom
integridade é aqueleque
compreende o
papelde
seus filhos e sucessoresna perspectiva
do
tempo, criam condições para eles seafirmarem
e reencontrarem aidentidade
da
empresa. Parao
autor isto, éo
prazer de darem
vezdo
prazerde
reter.Mas
paraque
haja continuidadeem uma
empresa
familiar,uma
geração deve abrir3.2.
O
sucessorMuitos fimdadores
eventualmente passarão as rédeas de suas empresas para seusfilhos,
que
deverão serbons
seguidores antes de assumir a responsabilidade de liderança.Para isso é necessário treinamento,
que
segundo a visãode
Oliveira (1999), éo
processo educacional aplicado de maneira sistemática e organizada sobre a qualificação dos
funcionários e executivos da
empresa
familiar, proporcionando aprendizadode
conhecimentos, atitudes e habilidades
em
função de objetivos estabelecidos e negociadosentre as partes.
O
treinamento éum
fator importante paraque
o sucessor sejabem
sucedido.Uma
empresa que
tem
um
planejamento de sucessão,tem
avantagem
de conseguirum
treinamentomais
extenso e intenso para seu sucessor.Na
concepção de Oliveira (1999),o
treinamento setoma
mais extenso, pois o herdeirotem
a oportunidade de ser treinado, desde sua juventude,dentro de
uma
específicafilosofia
de administração.E
o
treinamentopode
ser mais intensoporque
a vida pessoal e profissionaldo
herdeiropode
ser fortemente debatida pelamesma
pessoa (pai, tio).
Como
o hábito faz omonge,
ébem
provável que, aofim
deum
longoperíodo de
tempo
com
intenso treinamento,o
herdeiro se ajuste à realidadeda
referidaempresa.
Contudo, Fritz (1993) e Lodi (1993)
afirmam
que
tantoo
fundador quantoo
sucessordevem
tomar
alguns cuidadosem
relação ao treinamento para evitar dois problemasque
podem
surgir. Primeiro éque
ao aprenderna
barrada
saia dos pais,um
filhopode
absorvernão apenas as melhores capacidades
do
pai,mas
também
as piores, tendendo mantero
statusquo, rejeitando
novos
métodos, conceitosou
tecnologias.O
segundoproblema
éo
tempo
de
treinamento
que não
deve ser muito prolongado. Para os autores,um
familiarnão
deveassumir
um
cargo de direção geralnuma
empresa do
grupocom
maisde
35 anos,mesmo
aempresa
sendo pequena, pois épouco
provávelque
tenha ele sucessocomo
generalista dessaidade
em
diante.Além
do
treinamento, o sucessor deve ter competência. Isto incluidesempenho
educacional,
onde
sedesenvolvem
qualidadescomo
o
conhecimento; capacidades variadas;receptividade à inovação e habilidade para resolver problemas. Lodi (1994, p. 57)
afirma
que
:“A
experiênciacom
a empresa familiar capacita o sucessor a desenvolver relações pessoais dentrocombinada
com
a interna ajuda do sucessor a desenvolveruma
identidade e se preparar paraum
grandeleque de problemas que poderão surgir”.
O
sucessor deveria,na
visão de Vidigal (1996), ter quatro características básicas.A
primeira seria
o
conhecimentodo
setor para se teruma
visão clarado
mercado,da
concorrência e dos aspectos legais.
A
segunda éo
conhecimento básicodo
produto edo
negócio para poder conhecer os produtos, as técnicas de fabricação e as matérias-primas.
A
terceira característica é a capacidade de liderança, saber motivar, inspirar, formar alianças à
sua volta.
E
a última éo
autoconhecimento, conhecer-se e compreender-se para saber quaissão as suas forças e fraquezas.
Além
dessas quatro caracteristicas básicas,o
autoracrescentaria mais
uma,
a vontade de exercero
papel de sucessor.Vários autores
colocam
a importânciado
sucessorem
ter experiências fora, antesde
assumir o negócio
da
família.Segundo
Lodi (1993, p. 74) :“É aconselhável que os filhos façam o seu aprendizado profissional
em
outras empresas no períodoque mcdeia o
fim
da faculdade e o início da dedicação completa à empresas da família. Trabalhar foraajuda o jovem a encontrar sua identidade, ou seja, o seu valor sem a proteção do sobrenome, a encontrar
um
repertório de experiências que terão, no futuro, valor comparativocom
as decisões da sua empresa.”Neste sentido, Fritz (1993)
complementa
dizendoque
a experiênciaem
outraempresa
traz várias vantagens, tais
como
1 a possibilidade dos jovensaprenderem
algo sozinhos, ajudano
aprendizado das práticas de direção, fazcom
que
os sucessorestenham
a percepçãoda
~ ~
maneira
como
outros grupos empresariais sao dirigidos, os erros de aprendizado saocometidos longe dos futuros colaboradores
não
prejudicando suaimagem
profissional, osjovens
aprendem
com
chefesque não
são seus pais e ainda pode-se esperar que estestragam
um
suprimentode
novas idéias euma
redede
contatos empresariais valiosos.Outro aspecto
do
planejamento sucessório salientado por Lodi (1989), é poronde
ossucessores
devem
começar.O
melhor caminho,segundo o
autor, écomeçar
por baixo,aprendendo nas áreas operacionais
da
empresa, pois é assimque
aprende-se sua atividadefim.
As
áreas operacionais são a razão de serdo
negócio,o
pontoonde
se produz a receita eo
lucro
do
empreendimento.É
na operaçãoque
o sucessor irá revelar setem ou não o
talentonecessário para progredir
na
empresa, tantoem
tennos negociaiscomo
em
caráterno
convíviocom
as pessoas. Neste sentido, Fritz (1993)complementa que além
decomeçar
por baixo ada
empresa. Dessas forma, eles aprenderão todos os aspectos dos negócios e, aomesmo
tempo, serão capazes de determinar as fiinções para as quais estão mais aptos.
Porém, começar
por baixo exige humildade, disciplina,comprometimento
com
os resultados, valor e coragem. Qualidadesque
muitos sucessoresnão
tem,ou
acham
que
porserem filhos
do dono
não precisam ter.No
entender deLodi
(1993),o
sucesso sobe à cabeçadas pessoas, faz
com
que
elas setomem
convencidas, complacentes epercam
o senso deautocrítica
ou
de visãodo
futuro.O
autor ainda falaque o
sucessorque embarca
nesseprocesso faz
com
que aempresa
pare de inovar, de buscar novas idéiasou
produtos, eque
inevitavelmente será suplantada por empresas mais jovens.
Além
disso, herdeirosque
tem
como
certa a sua sucessão ao cargo de presidentenão
considera necessário esforçar-se nosdeveres atuais.
Fazendo
com
que
sua atitude desanime os demais funcionários, pois estessabem
que não
terão fiituro, qualquerque
seja seu esforço, pois a cadeirado
gerente está cativa parauma
certa pessoa,no
final prejudicandosomente
a empresa.H
Ao
entrar parauma
empresa
familiar, de fato o sucessorfica
sob a lente deum
microscópio.
Todos
estarão observando para verquão
bem
ele se comporta.Por
isso,mais
do
que
ninguém,o
sucessor deve provarque tem
todas as qualidades para serum
líder,lembrando-se
sempre que
precisarádo
apoio de seus colegasno
futuro.Outro ponto destacado por
Lodi
(1989), éque
o sucessor deve tertambém
uma
formação
política e humanisticaalém
de conhecerbem
a empresa.No
seu entender, aformação
política e humanistica dos futuros presidentes é tão fundamental quanto a suasegurança
em
dirigir os negóciosda
firma.A
educação política devecomeçar
mais cedo,com
a introdução dos jovens sucessores nos organismos de classe das federações
de
indústrias,associações comerciais e outros órgãos
de
representação profissional.'
Com
o decorrer dos anos, as empresas, principalmente as familiares,
tendem
a cairnuma
rotina, atémesmo
a ficar enfadonhas. Assim,o
papel danova
geração sucessora éajudar a eliminar essa tendência, trazendo para a
empresa
um
ponto de vista maisjovem,
entusiasmo, idéias
que envolvam novos
conceitos, novas tecnologiasou novos
produtos.O
sucessor deve saber administrar
o
presenteda
empresa,mas
também
saber criaro
futuro.3.3.
Os
herdeiros - sóciosO
fimdador
que criauma
empresa o
faz englobando na sua atuação dois pontosimportantes : a sociedade e a gestão.
Quando
elenão
tem
sócios atuacomo
dono,o que não
lhe exige
nenhum
grau de concessão, acordoou
entendimento.Quando
ele iniciacom
sócios,em
geral, exerceuma
liderança implícita aceita pelos demais. Ele próprio estabelece acordos,muito mais verbais e lidera a sociedade
de
maneira informal. Portanto este primeiro grupo,fundadores, constitui-se
no
controladordo
capitalda
sociedade.Mas
o fundadortambém
exerce a gestão dos negócios, seja pelo porte
do
negócioou
porque é a sua experiênciagerencial que deu início à sociedade.
Assim
sendo,Bernhoefl
(1997) descreveque
estaprimeira geração é
uma
sociedadeque
se originado
trabalho enão
tantodo
capital.Segundo o
autor,
o
capital virácom
o trabalho e o esforço de todos os sócios. Desta forma, éde
fundamental importância
que
todos os herdeiroscompreendam, que
irão herdar,de
fato, duascoisas :
um
negócio eum
grupode
sócios.Mas
com
um
agravante.Nenhum
deles escolheuaquele negócio
que
já existe, e mais delicado ainda,nenhum
escolheu os sóciosque
vaiherdar.
Complementando, Lodi
(1994, p. 42) escreveque
“sucessão é plural,não
se tratade
indicar
um
indivíduocomo
executivo principal,mas
buscaruma
fórmula que atinja a todosnaquilo
que
cadaum
considere a sua plenitude pessoal ”.A
Assim
sendo, diversos autores (Fritz, 1993;Bemhoeft,
1995; Lodi, 1994; Oliveira,1999) garantem
que
é neste pontoque
reside, exatamente, -boa parte dos conflitos,onde
cadaherdeiro vai receber
uma
partedo
capital,que
em
conjunto poderá mantero
controle dosnegócios. Inicia-se nesta fase
uma
sociedadedo
capital enão
maisuma
sociedadede
trabalhocomo
no
casodo
(s) filndador (es).Os
autores salientam,que
uma
das principais diferenças entre trabalharcom
membros
da
família e trabalharcom
estranhos é que é preciso ser extraordinariamente sensível aosestados de espírito, necessidades e desejos
da
família.Na
visão de Lodi (1994), toda lisura épouca no
tratocom
o
bem
comum
daempresa
e da família. Para o autor, conflitos entre sóciostêm
sua gêneseno
sistema interno de cada grupo familiar.O
que dá
origem aos conflitosnão
é a deteorização
da
situação financeira dafirma
nem
a conjunturado
país, éo comportamento
ético entre os indivíduos.
Por
isso toma-se da maior importância trabalhar a construçãode
uma
sociedade deforma
participativa para obtercompromissos
éticos e morais._
Em
várias empresas familiares,o que
muitas vezes acontece na prática, são herdeirostornando-se arrogantes querendo adotar posturas de “donos”,
não compreendendo que dono
foi apenas o fundador, assim
mesmo
se ele estava sozinho.A
maioria dos herdeirosconfirndem
propriedadecom
gestão.Na
percepção de Vidigal (1996), os conflitos deinteresses geralmente existem devido às diferenças de visões, variedade de perfis, omissões e
confiança,
comportamento
infantil, incompatibilidade, ressentimento,ciúme
e competição.Esses conflitos trazem
como
conseqüênciauma
grande inquietude dentroda
organização,uma
vez
que o
centrodo
poder se divide.E
acionistas insatisfeitostendem
aromper o
equilíbrioda
sociedade.
O
comportamento
infantil entre os herdeiros,no
entender de Vidigal (1996), sedeve
ao tipo de relacionamentos da infância,
o
irmão mais velhoque
batiano
maisnovo
ou o
queridinho
do
papaiou o
mais inteligente, entre outros.Por
conseqüência,vêem-se
adultosquarentões
ou
cinqüentões brigando, e percebe-seque
eles estãodando
o troco para asirnplicâncias vividas
na
infância.Outro
motivo
de atrito é a escolhado
sucessorque
pode
gerar disputade poder
entremembros
da
família.De
acordocom
Oliveira (1999), para minimizar ainda mais os problemasinerentes as disputas, é interessante fazer
com
que 0
processo de treinamento dos escolhidoseja aceito pelos demais envolvidos. ,
_
No
quesito dinheiro, Lodi (1989)afirma
que
esta éuma
causa freqüente de discórdia.Política de distribuição
de
lucros, políticade remuneração
dos acionistas-administradores euso dos beneficios da empresa, são catalisadores de conflitos familiares. Parentes
que
abusam
de regalias dentro
da
empresa,como
porexemplo
pegaro
carroda
firma
parauso
próprioou
usar
o
cartão de crédito para pagar contas próprias, sãomal
vistos pelos outros parentes.Segundo
Vidigal (1996, p. 22) “acionistabem
remunerado
éum
acionistaamigo
-
acionistamal pago
éum
adversárioem
potencial”.Deste
modo,
os herdeirosdevem
ter clarezaque
uma
sociedadenão
oferece apenasdireitos, ela possui, e muitas, obrigações.
Ao
mesmo
tempo
exigeo
compartilhamentode
uma
identidade
de
valores e princípiossem
os quais poderão perder tudo-
família,empresa
epatrimônio.
Segundo
Fritz (1993, p. 08) 1“Os relacionamentos interpessoais são extremamente importantes
numa
empresa familiar. Seum
indivíduo tentar impor seus valorescom
muito empenho a outro membro da familia, os resultadospodem ser desastrosos. Se for mantido
um
relacionamento forte, carinhoso e respeitoso, todoscompreenderão que tanto as prioridades da empresa quanto as da família são importantes e devem ser
Duas
medidas que
são relevantesno
desenvolvimento das relações interpessoais é acriação de
um
código de ética e deum
acordo de acionistasno
inicio da transferênciade
poder. _
V
Um
código deética,
na
percepção de Lodi (1994), éum
contrato socialregendo
itenscomo
: a relaçãocom
o
dinheiro, os conflitos de interesses, os descontos de despesas pessoais,a relação
com
os fornecedores e clientes, a relaçãocom
fiincionários, o respeito pelahierarquia e a apresentação
extema
da empresa. Parao
autor, isto está muito ligado aosvalores desenvolvidos
no
grupo desdeo
fundador,o
espirito eo
traço da família.Já,
um
acordo de acionistasou
acordo societário éum
contratocom
o
objetivode
estabelecer políticas societárias para a relação entre herdeiros.
São
regrasdo
jogo sobrecomo
eles se comportarão
em
caso de retirada de sócio,venda ou compra
de açõescom
direitode
preferência, segurança de assento
do
conselho e de eleição para diretoria, substituiçãoem
casode morte
ou
impedimento, entrada de parentes e itens requerendoquorum
qualificado.Enfim,
regras
que não constam
deum
documento
mais exposto ao público, o contratoou
estatutoda
sociedade.
Mas
para ter efeito,o
acordo de acionistas deve ser assinado por todos osparticipantes, seus cônjuges e herdeiros legais
com
maioridade; ser registradoem
juntacomercial
ou
cartório; conter sançõesou
penalidadesna
hipótese denão cumprimento
e terprazo de validade
ou
de renovação.Segundo
Fritz (1993, p. 129), “os herdeirosdevem
colocar todas as considerações por escrito,
não
devendo
confiarna
memória
deninguém,
poisas
memórias
sãoextremamente
falíveiscom
o
passardo
tempo, sobretudoquando
as partes seseparam sob circunstâncias não cordiais”.
Além
do
acordo dos acionistas edo
códigode
ética, é recomendávelque
as empresasfamiliares ainda
formem
um
conselho de administração eum
conselho familiar.A
existênciado
conselho de administração éfimdamental,
a partirdo
momento
em
que
existe mais de
um
acionista.Na
percepção de Vidigal (1996), essa é a maneirade
garantiruma
gestão profissional para a empresa,mesmo
que
com
membros
da
família.É
a maneira defiscalizar
que
a diretoria ajano
sentidodo melhor
interesse dos acionistas enão
no
seu sentidopróprio. '
,
O
conselho de administração“deve ser constituído por proprietários, executivos e
profissionais
ou
consultores independente, os quaisdevem
trabalhar deforma
interativa,visando a
alavancagem
dos resultadosda empresa
familiar”. (Oliveira, 1999, p.153)Complementando,
Vidigal (1996) afirmaque
cabe ao conselho fazer omeio
campo
entre osacionistas e diretoria. Para tanto, é essencial
que
os conselheirostenham
a confiança dosO
conselho de administração,como
o
próprionome
já diz, é responsável pelaadministração, juntamente
com
a diretoria.A
diferença, salientada por Oliveira (1999) éde
que
os conselheiros sótomam
decisõesem
colegiado, enquanto os diretorestêm
espaço paraagir individualmente.
Segundo o
autor,em
geral costuma-se atribuir ao conselhoo
planejamento estratégico
com
o delineamento das grandes orientaçõesda empresa
familiar,enquanto a diretoria se
ocupa
de pôrem
prática essas decisões.Para
que o
conselho seja eficiente, Vidigal (1996, p. 50), coloca quatro condiçõesnecessárias : “as responsabilidades dos conselheiros
devem
estarbem
claras; os conselheirosdevem
ter as qualificações necessárias parao
cargo; os conselheirosdevem
ser independentesda
diretoria e os conselheirosdevem
prestar contas aos acionistas”.A
formação deum
conselho administrativo heterogêneo,com
profissionaisque não
estejam envolvidos
no
dia a diada
empresa, é muito útil pois traz novas experiências,proporciona
melhor
qualidade nos debates e nas decisões,atuam
como
forçamoderadora no
caso de divergências familiares e traz
uma
visão fria dequem
não
estáemocionalmente
envolvido
com
a empresa.A
empresa
familiar geralmente formaum
conselho familiar,quando o
conselhoadministrativo é basicamente
formado
por profissionais. Conselho familiar,no
entenderde
Oliveira (1999), é constituído pelos
membros
da
família e, preferencialmente,deve
teruma
interação
com
o
conselho de administração e a diretoria executiva. Parao
autor,o
ideal éque
este conselho
não
tenha interação diretacom
a diretoria executivada
empresa, pois, casocontrário, o
modelo
de gestão ficaria talcomo
se a família estivesseno
dia a diada
empresa.A
finalidadedo
conselho familiar, de acordocom
Fritz (1993) é definir os objetivos,estratégias e políticas da empresa; consolidar
o
processo sucessório e a perpetuaçãoda
empresa
familiar, entregando a administração para executivosque
poderão pertencerou não
àfamília.
Oliveira (1999) complementa, escrevendo
que o
conselho de famíliapode
atuarna
definição e
acompanhamento
de algumas das principais decisões da empresa, taiscomo
:acompanhamento
do
planejamento estratégico; análise dos negócios atuais e futuros;indicações~de
membros
do
conselho de administração;acompanhamento
da definiçãodo
modelo de
gestão;acompanhamento
do
estabelecimento das remunerações dos funcionários;acompanhamento
e avaliação dos resultados parciais e globaisda
empresa.~
No
entanto 0 preparo destes acordos, códigos e conselhosexigem
tempo, dedicaçao,paciência, compromisso, concessão mútua, humildade e capacidade de compor-se
com
outrosque
terão aomesmos
direitos e obrigações. -_ Assim,
Lodi
(1994, p. 72) descreve duas erasda empresa
familiar 1 a erada
~
acumulaçao
eda
dispersão.“A
presença do austero fundador imprimiuum
modo
de vida espartano, fazendocom
que a riqueza fosse reinvestida para a consolidação do negócio. Após a sua morte começa apartilha, mas já antes disso a segimda geração adulta começa a fazer pressão para aumentar as retiradas,
para financiar o conforto e às vezes o status ostensivo dos adolescentes.
Com
a segunda geração,termina a era da acumulação do capital e começa a era da dissipação da fortuna. Se antes aos acionistas
eram pobres e a empresa rica, agora temos sócios abastados e
uma
empresaem
começo dedescapitalização” . A
Somando
a isso, Fritz (1993) afirmaque
os problemastendem
a aumentar toda vezque
uma
empresa
passa deuma
geração para outra. Para isso,uma
boa
comunicação,consistência, imparcialidade e ainda a habilidade de separar claramente
o
que acontecena
empresa
e oque
acontece fora delapodem
ser particularmente importante.Os
conflitos e atritos nãodependem
do
tamanho
da empresa. Muitas vezes tem-seque
buscar as causas
no comportamento
e valores instilados desde a infância,da
maneiracomo
o
pai preparou sua familia para
o
poder e a riqueza.Um
exercício útil utilizado por diversasempresas é fazer
uma
lista de todos os conflitos possíveis.Ao
prever os conflitos, os sóciosevitam-os antes de ocorrerem.
De
acordocom
Bernhoefi
e Castanheira (1995), fazersimulações é muito útil.
As
possíveis situações que os sócios irão vivertambém
precisam seranalisadas: seja dramatizando, descrevendo
ou
criandoimagens
sobre fatosou
situaçõeshipotéticas.
Porém
os autoreslembram
que,em
muitos casos, a realidade é mais intensa eforte
do que
naficção
Neste sentido,
o comprometimento
pessoal demembros
da famíliaem
relação àempresa
é essencial paraque
o
sistema semantenha
num
estado saudável, pois colaboracom
o sistema familiar, unindo-o
num
objetivocomum.
Sem
estecomprometimento da
família aempresa
tende ao fracasso.O
comprometimento
é maisdo que
uma
mera
obrigação, requerenergia direcionada.
Segundo
Lodi (1989, p. 95), “ eficácia e precisãoem
matéria de família éilusão.
Em
tudo oque
envolve sentimentos familiares, deve-se terem
conta a delicadezado
tecido das relações
humanas
e a nossa geral ehumana
incompetência”.O
autor aconselhaevitar caminhar
em
círculos, evitandoo
envolvimento emocional excessivo,mantendo
acabeça fria e colocando-se
no
ladoda
empresa,mesmo
que
tenhaque machucar
algunssentimentos familiares. Afinal, a empresa, sobrevivendo,
pode sempre
respaldar a familia,`
Uma
sociedade saudável é aquelaem
que o
coletivo se desenvolvesem
reprimir aindividualidade dos parceiros,
onde
existe respeito à individualidade,ou
seja,de
acordocom
Bemhoefl
e Castanheiras (1995),o
sucessode
uma
relação societárianão
implicao
fracassopessoal de seus componentes. Deve-se desenvolver
um
modelo que
contempleo
crescimentopessoal, evidenciando
que acima
dos caprichos pessoais estão os interesses coletivosda
sociedade,
mas
que
em
hipótesealguma
a realização e a felicidadedevem
ser abafadas.Complementando
Fritz (1993) afirmaque
quantomais
aberto foro
diálogo entre osherdeiros, mais franca será a discussão a respeito de seus planos e intenções individuais, e,
quanto mais informado
um
herdeiro mantiver o outro antesde
fazer algoque
afete todaorganização, mais fácil será para os envolvidos elaborarem
em
planoque
seja maiscompensador
para todos. 'Desta forma,
como
já foi colocado,o melhor
parente é aqueleque não
precisado
emprego
nem
da empresa
para viver, aqueleque
tem
meios
próprios de subsistência ede
realização.
E
uma
sociedade só semantém
com
asoma
das qualidades dosmembros
euma
sintonia pessoal.
-V
Uma
sociedadenão
se fortalece pela ausência dos conflitos,mas
pela capacidadede
aspartes saberem administrá-los.
Caso
essas partesnão consigam
um
entendimento, as possibilidades serão de litígios, desentendimentos, cisões, destruição das empresas e até perdado
patrimônio.3.4. Familiares
na
empresa
Muitos
erros são cometidoscom
a entradade
familiaresna
empresa, sendo geralmentea sua causa a falta de experiência dos dirigentes e o sentimentalismo nesse tipo
de
decisão.Quando
uma
empresa
setoma
“cabide deemprego”
a possibilidade de conflitosaumenta
consideravelmente.
Na
visão de Lodi (1996, p. 125), “por cabidede
emprego
entenda-se aquelaorganização
onde
qualquerum
arranja emprego, filhos, sobrinhos, primos, etc”. Parao
autorisso inviabiliza qualquer empresa, pois
na
horaem
que
aempresa
tem
empregados que não
podem
ser despedidos, por mais incompetentesou
medíocresque
sejam,porque
sãoda
família, a situação
fica
dificil.Por
isso, critérios de acesso dosmembros
da
farnília naempresa
devem
ser fixados,assim
como
critérios emecanismos
para apromoção
e a saída dosmesmos.
Esses critériosdevem
ser baseados na competência profissional eno desempenho
apresentado.Primeiramente, de acordo
com
Lodi
(1993),nenhum
membro
da
famíliadeve
trabalharna
empresa, anão
serque
queira dar duro. Pois todos os familiares são vistoscomo
exemplo
para os outros fiincionários, influenciando-os positivamente
ou
negativamente.Acrescentando, Fritz (1993) diz
que
os parentesdevem
ser avisadosque
estão entrando para aempresa
numa
base experimental eque
estão sujeitos aosmesmos
padrões dedesempenho
que
todos os outros.Outro critério, é de
que
dirigentesnão
devem
mostrarnenhum
favoritismo aosparentes,
em
nenhum
aspecto,como
na
hora deuma
promoção, ou
deuma
viagem de
negócioou
atémesmo
na hora de designaralgum
trabalho especial.Na
visão de Fritz (1993),o
neopotismo
pode
causar muita discordância entre os outrosempregados
etomar
muito maisdificil para o parente conseguir a aceitação deles..
Além
de que,segundo
Vidigal (1996),pode
gerar a desmotivação dos profissionais
que
trabalhamna
empresa, tendendo a ficaremaltamente desentimulados se
percebem que
suas chances de crescimento são prejudicadasem
função
do
protecionismo familiar. Isso trazcomo
conseqüênciao
afastamento dosbons
profissionais
que
procurarão outraempresa
para trabalhar.A
situação contráriatambém
á valida.De
acordocom
Fritz (1993),o
diretornão deve
tratar os parentes
com
friezano
trabalhocom
a crença errônea de estar mostrando aos outrosque não tem
favoritos. Parentesnão
são trabalho escravo, elesnão
devem
serpagos
com
menos
nem
trabalhar maisdo que
qualquer fiincionárionão
familiar. Elesdevem
ser tratadosde maneira justa.
H
Para sanar esta dificuldade,
Lodi
(1987) apresenta três critérios parao
ingressode
parentes, seja filho, genro
ou
sobrinho. Primeiro deve-se terum
bom
desempenho
escolarcom
curso universitário completo, segundo deve-se ter
um
bom
trabalho feitoem
emprego
anteriore terceiro é o fato de a empresa precisar dele e
não
vice-versa.Complementando
Oliveira(1999) diz que, para se ter talentos
na
empresa, seja familiarou
não, é preciso haverrecrutamento e seleção de alta qualidade,
com
perfeita interação entreo
indivíduo candidato ea realidade da empresa. Naturalmente,
o
sistemade
acompanhamento
e avaliação,também
deve ser
bem
estabelecido, entendido, aceito e incorporado por todos, diretores e parentes-funcionários.
O
último critério,no
entender de Fritz (1993), éque
os parentesdevem
restringir suasconversas à assuntos
da
empresa,não devendo
usaro
dia a diada empresa
para semanter
atualizado quanto as fofocas
da
família.V
Apesar
de seremsimples, colocar
em
prática esses critérios é muito dificil.Muitas
empresas continuam
mantendo
parentes inúteis simplesmente por não saberemcomo
demiti-los.
Como
escreveLodi
(1993, p. 08) :“Os executivos precisam entender que os parentes não são os melhores funcionários.
A
famíliaprecisa ser levada a compreender e respeitar a empresa abandonando pressões para empregar parentes
incompetentes ou despreparados e evitando descapitalizar a empresa através do uso indevido de seu
patrimônio.
É
melhor recusar-um
emprego aum
familiar do que denriti-lo depois”.No
entender de Fritz (1993),uma
boa
saída para este tipo de situação é delegar afiinção de contratar e demitir à outra pessoa, talvez à
alguém que não
sejamembro
da
família.Segundo o
autor,com
.estranhos geralmente pode-se ser mais diretosem
correro
riscode
ferirseus sentimentos,
mas
quando
se lidacom
amigos
e parentes é necessário mais tato.O
principal de tudo é a claranoção
deque
parentesdevem
ingressar por interesseda
empresa, não por solidariedade familiar. Eles
devem
se perguntaro que
podem
fazer pelaempresa
e não determinar oque
aempresa
pode
fazer por eles.A
empresa
e' a família sósobreviverão e se sairão
bem
se a família servir aempresa
e não vice-versa.3.5. Profissionalização
O
objetivo de todaempresa
familiar é a perpetuação de seu empreendimento. Para issoé necessário
que
tanto aempresa
quanto seus proprietários estejam preparadosprofissionalmente. _ V
A
maioria das empresas familiares não são profissionalizadas. Pouquíssimas são asque
têm
um
plano empresarial por escrito.Em
geral,o
paifiindou
a empresa e atem
operado
satisfatoriamente
da
mesma
maneira a anos.Por
sua vez seus sucessores planejam administrá-la
da
mesma
forma,embora
isto possa ter funcionado parao
pai, parao
filho é quase certoque
nao
irá fiincionar.Os
tempos, os clientes,o mercado
e os produtosmudam.
Hoje, crescernão
éuma
opção,
mas
uma
contingência.E
é impossível expandirsem
descentralizar, oque
leva àprofissionalização gerencial. V
Profissionalização, segundo Lodi (1993), é o processo pelo qual
uma
organizaçãofamiliar
ou
tradicionalassume
práticas administrativasmodernas
emenos
personalizadas.Uma
empresa
profissionalizada possuiuma
integração de gerente contratados e assalariadosno
meio
de administradores familiares e substituimétodos
intuitivos pormétodos
impessoaise racionais. '
_
Na
empresa
familiar, profissionalização implicaem
três pontos básicos :o
sucessoem
integrar profissionais familiares
na
direção e na gerência da empresa, o sucessoem
adotarpráticas administrativas mais racionais e
o
sucessoem
recorrer à consultorias e à assessoriaexternas para incorporar sistemas de trabalho.
O
melhor que
uma
empresa
familiar possa fazer,sem
dúvida é passar a sucessãodo
“trono” para
um
parente, desdeque
é claro este seja competente o suficiente para levar adianteos negócios.
Na
visão deLodi
(1989), avantagem
de se terum
presidenteque
pertença afamília é
que
este estará semprecomprometido
com
a empresa, sua dedicação estaráalém de
qualquer
recompensa
e sua lealdade e motivação serão maior.Complementando,
Vidigal(1996)
afirma
que se aempresa
familiar conseguir dar à sua gestão eficiência igual ada
profissional, ela terá eficientes executivos
que
também
serão donos,com
empenho
e interessemaiores,
além
da maior agilidadena
tomada
de decisões esempre dando
prioridade a longoprazo.
H
Mas, quando
uma
empresa não
tem
um
talento familiar para passaro
bastão, a únicasaída,
além
de vender a empresa, é a sucessão profissionalizada.Segundo Lodi
(1989), para asempresas familiares o
melhor
herdeironem
sempre
éum
descendentedo
fundador. Muitasvezes
o caminho
é aquele da profissionalização,com
ascensão ao poderde
executivosque não
são
da
família.De
acordocom
Oliveira (1999), a sucessão profissionalizada,como
assim échamada, tem
como
vantagens 1 maior facilidade de recrutamento e seleção deum
executivocom
perfil desejado, a empresa recebe de maneira mais rápida e efetiva as experiências e osconhecimentos de
um
executivo profissional e recebenovos
estilos e filosofias deadministração interessantes
além de
ter maior flexibilidade para alterações de executivos.Profissionalizar
uma
empresa
familiar, apesar de muitos executivospensarem
destamaneira,
não
é tirar todos familiares -que trabalhamna empresa
e substitui-lospor
executivosde
fora, é sim deixarbem
claro a distinção entre propriedade e gestão.Na
visão dos autoresfirma familiar, pois os parentes mais aptos
podem
edevem
permanecer nafirma como
profissionais.
A
verdadeira profissionalização é adquirirum
alto grau de profissionalização,utilizando recursos e pessoas da família, conseguindo desta fonna,
uma
boa
mistura defamiliares e não-familiares.
V
'
No
entanto as empresasque pretendem
se profissionalizar,devem
estar atentas paraescapulir dos erros
que
geralmente acontecem, evitando assimo
fracassodo
processo.V*
Como
afirma
Lodi
(1993), o primeiro erroda
profissionalização consisteem
massificar
ou
em
apressaro
processo.O
importante écomeçar
com
poucos
e bons.Segundo o
autor, cada profissional
que
fracassa éum
reforço aos setores mais reacionáriosda
família aesse processo
de modemização.
O
processo de profissionalizaçãotem que
ser gradualporque
não
pode
ferir a personalidade,o
caráter,o
lado emocionalque
trouxe aempresa
até então.Profissionalização
não
éuma
pura e simples cirurgia de urgência.Na
visão de Oliveira(1999), se o processo de profissionalização
não
forbem
esquematizado, as empresaspodem
receber e incorporar estilos e filosofias de administração
que
fogem
da
maneira de serda
mesma,
prejudicando-a mais tarde.Outra
desvantagem
da profissionalização estáno
quesitode
contratar executivosextemos.
No
entender de Vidigal (1996), os profissionais contratados algumas vezes estarãopensando
na possibilidade de trocar de emprego,ou
estarão seempenhando
no
resultado acurto prazo
em
detrimentodo
longo. Completando, Oliveira (1999) escreve que“o
executivoprofissional,
como
tal, apresenta elevada possibilidade de pedir demissão pelasnovas
oportunidades
que surgem no mercado
de trabalho”.O
autor Lodi (1989) salientaque
muitasvezes o diretor familiar encontra dificuldades
porque o
executivo'não
é agressivo. Parao
autorum
pouco de
arrojoda
parte dos profissionais contratados é saudável.O
executivonão
éserviçal
do
dono,mas
empregado
da pessoa jurídicanão devendo
fazer o que supõe ser deagrado
do
proprietáriomas
sim o que pensa ser correto.No
entender de Lodi (1993), a necessidade da profissionalizaçãodo “management”
e areorganização administrativa
conduzem
diretamente à busca de consultores e assessoresexternos.
Segundo
Oliveira (1999), consultoria empresarial éum
processo interativode
um
agente de
mudanças extemo
àempresa
familiar,o
qualassume
a responsabilidadede
auxiliaros executivos e profissionais da referida
empresa
nastomadas
de decisões,não
tendo,entretanto
nenhum
controleda
situação.Porém, Lodi
(1993)chama
atenção para três errosque
geralmente são cometidos pelas empresasque
contratam este tipo de serviço. Primeiro équando
se contratao
consultor errado, segundoquando
a direção transfere ao consultor aresponsabilidade pela definição dos problemas
ou
pelatomada
dealgumas
decisões e terceiro'