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A puericultura como cenário de educação interprofissional em saúde

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Academic year: 2021

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENSINO NA SAÚDE MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO NA SAÚDE (MPES)

DEVANI FERREIRA PIRES

A PUERICULTURA COMOCENÁRIO DE EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM

SAÚDE

NATAL/RN 2020

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DEVANI FERREIRA PIRES

A PUERICULTURA COMOCENÁRIO DE EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM

SAÚDE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde, curso de Mestrado Profissional em Ensino na Saúde (MPES), da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a obtenção do título de Mestre em Ensino na Saúde.

Orientador: Prof. Dr. Marcelo Viana da Costa

NATAL/RN 2020

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS Pires, Devani Ferreira.

A puericultura como cenário de educação interprofissional em saúde / Devani Ferreira Pires. - 2020.

84f.: il.

Dissertação (Mestrado Profissional em Ensino na Saúde) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde. Natal, RN, 2020.

Orientador: Marcelo Viana da Costa.

1. Educação interprofissional - Dissertação. 2. Puericultura - Dissertação. 3. Relações interprofissionais - Dissertação. 4. Educação em saúde - Dissertação. I. Costa, Marcelo Viana da. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 61:378 Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263

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A PUERICULTURA COMOCENÁRIO DE EDUCAÇÃO INTERPROFISSIONAL EM SAÚDE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ensino na Saúde, curso de Mestrado Profissional em Ensino na Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito para a qualificação para obtenção do título de Mestre em Ensino na Saúde.

Aprovadaem:__/___/___

Banca examinadora:

______________________________________________ Prof. Dr. Marcelo Viana da Costa – Orientador Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________ Profa. Dra. Cristiane Spadácio – Examinador Externo

Universidade Estadual de Campinas

_____________________________________________

Prof. Dr. Cristiano Gil Regis – Examinador Externo Universidade Federal do Acre

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AGRADECIMENTOS

A Deus, presente em todos os seres, em especial, na criança. Aos meus pais, por meensinarem o valor e o sentido da educação.

A Álvaro, companheiro em todas as lutas; a nossas duas filhas, Ressu e Isabelle e aonosso filho, Felipe, gratidão pelo apoio, pelo incentivo e pelo cuidado.

Às irmãs e aos irmãos e demais familiares, agradeço pelo incentivo.

Ao Professor Dr. Marcelo Viana da Costa, pelaorientação, pela compreensão, pela generosidade em ensinar os caminhos da pesquisa e seu rigor científico.

Aos amigos e amigas do Hospital Dr. José Pedro Bezerra e da Unidade de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do HUOL/UFRN, pelo aprendizado profissional continuado e compartilhado.

Aos professores e colegas da turma do MPES 2018.2, em especial Francisca Nazaré Liberalino (in memoriam), pela oportunidade de construir novos conhecimentos e pela convivência tão significativa.

Às professoras e aos estudantes que participaram da pesquisa, minha profunda gratidão pela dedicação, pelo apoio, peloincentivo e pelacolaboração.

Às mães e aos bebês, pela contribuição relevante para a minha formação profissional e pessoal, todo meu apreço.

À Coordenação da Secretaria de Educação a Distância (SEDIS) da UFRN e ao trabalho da equipe de editoração, essenciais à realização do livro eletrônico.

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RESUMO

A primeira infância é um período crítico e sensível pelo impacto que exerce sobre a saúde ao longo da vida do indivíduo. Pela complexidade das necessidades de saúde desse grupo etário, a puericultura consiste em um espaço privilegiado à construção de uma atenção integral à saúde da criança. Os saberes sobre uma boa saúde, nutrição adequada, segurança e a proteção são essenciais à garantia da qualidade do cuidado e à promoção à saúde. A pesquisa tem como objetivo geral analisar o processo de incorporação dos marcos teórico-conceituais e metodológicos da educação interprofissional no ensino em puericultura para diferentes estudantes dos cursos da área das Ciências da Saúde. O desenho do estudo é do tipo misto, com base na pesquisa-ação desenvolvida em três etapas. A primeira etapa correspondeu à elaboração de uma oferta educacional destinada ao ensino interprofissional em puericultura; a segunda foi a realização da oferta pedagógica; e a terceira, a avaliação do programa educacional. O estudo utilizou o diário de pesquisa como método de coleta de dados na primeira etapa; o registro observacional e a escala Likert, na segunda etapa; e os portfólios dos estudantes e as entrevistas com as docentes na terceira etapa. A pesquisa contou com a participação de dezenove estudantes, pertencentes aos cursos de graduação em Enfermagem, Fonoaudiologia, Medicina e Nutrição e uma docente por departamento. A primeira etapa resultou na elaboração de um livro eletrônico sobre a trajetória da construção da oferta; a segunda etapa evidenciou o resultado da avaliação dos estudantes por meio da escala Likert, com 94% de concordância quanto aos aspectos: 1- alcance dos objetivos de aprendizagem; 2- clareza do próprio papel; 3- clareza do papel de outros profissionais; 4- inter-relação entre a puericultura e a prática colaborativa; 5- maior clareza sobre as competências colaborativas; e 6- utilidade das metodologias para a aprendizagem. Na terceira etapa, a análise de conteúdo dos portfólios originou as seguintes categorias: discussão sobre competências; aprendendo com o diálogo; competências colaborativas e as potencialidades da oferta pedagógica. As entrevistas das professoras evidenciaram as categorias: elementos essenciais para a elaboração da oferta; desafios à sustentabilidade da educação interprofissional; papel de facilitadora na oferta educacional; e barreiras à implementação da educação interprofissional. Em conclusão, a puericultura apresenta aspectos factíveis e reprodutíveis como cenário de educação interprofissional em saúde, com a potencialidade de contribuir com melhores resultados em saúde por meio da capacitação de discentes e docentes. Palavras-chave: Educação Interprofissional. Relações interprofissionais. Puericultura. Equipe interdisciplinar de saúde.

Palavras-chave: Educação Interprofissional. Relações interprofissionais. Puericultura. Equipe interdisciplinar de saúde.

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ABSTRACT

Early childhood is a critic and sensitive period due to the impact to the health to the individual lifelong. Considering the complexity of the health needs of this age group, childcare consists on a privilege space to promote an integral assistance to the child health. Knowledge about good health, adequate nutrition, security and safety are essentials ensuring the best quality in the care and health promotion. This research aims to analyze the process of incorporation of theoretical-conceptual and methodological frameworks from inter-professional education related in the childcare teaching to different students of the Health Sciences courses. The layout of this study is a mix, based on an action-research developed in three steps. The first step consisted on a creation of an educational offer to the interprofessional teaching in childcare; the second one was the concretization of the pedagogical offer; and the third one, the educational program evaluation. This study used research journal as a method to collect data in the first step; the observational register and the Likert schedule, in the second step; and students’ portfolios and interviews with teachers in the third step. This research has nineteen participants, from Nursing, Speech Therapy, Medicine and Nutrition courses and one professor from each course. The first step had as result an electronic book about the course of the construction of the offer; the second step put in evidence the evaluation of the students by the Likert schedule, with 94% of agreements related to the aspects: 1 – achievement of learning objectives; 2 – clearness about his/her own paper; 3 – clearness about others professionals’ paper; 4 – inter-relation between childcare and collaborative practice; 5 – clearness about collaborative competences; and 6 – useful methodologies to the learning. In the third step, analyzes of the portfolios content created some categories: discussion about competence; learning through dialog; collaborative competences and potentialities of the pedagogical offer. Interviews with teachers put in evidence some categories: essential elements to create the offer; challenges to the sustainability of inter-professional education; paper of enabler to the educational offer; and obstacles to the implementation of interprofessional education. As result, childcare shows some plausible and replicable aspects as a scenery of interprofessional education in health, with potentiality to contribute to achieve better results in health due to students and teacher trainings.

Keywords: Interprofessional education. Interprofessional relationships. Child care. Interdisciplinary health staff.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Etapas de pesquisa ... 23

Figura 2 – Etapas e estratégias de coleta e produção dos dados ... 23

Figura 3 – Nuvem de palavras sobre as expectativas dos estudantes ... 35

Figura 4 – Resultados da etapa II ... 38

Quadro 1 – Passos para a construção da oferta educacional ... 27

Quadro 2 – Estratégias de comunicação e recrutamento de docentes para a pesquisa ... 28

Quadro 3 – Competências para a prática em puericultura. ... 28

Quadro 4 – Competências comuns para atenção à saúde da criança...30

Quadro 5 – Competências colaborativas ... 31

Quadro 6 – Objetivos de aprendizagem no domínio cognitivo ... 31

Quadro 7 – Programa do curso ... 32

Quadro 8 – Fatores que facilitaram e que dificultaram a construção da oferta educacional ... 33

Quadro 9 – Expectativas dos estudantes ... 35

Quadro 10 – Observação do aprendizado baseado em casos motivadores ... 36

Quadro 11 – Análise da avaliação da oferta educacional pelos estudantes ... 38

Quadro 12 – Categorias de análise originadas dos portfólios reflexivos ... 39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Distribuição dos estudantes participantes por curso ... 34 Tabela 2 – Escala Likert de concordância ... 36

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LISTA DE SIGLAS

AC Análise de conteúdo

APS Atenção Primária à Saúde

CDC Convenção sobre os Direitos da Criança EIP Educação Interprofissional

CAIPE Centre for the advancement of interprofessional education CPCI Competências para a Prática Colaborativa Interprofissional DCN Diretrizes Curriculares Nutricionais

DPI Desenvolvimento da Primeira Infância HUOL Hospital Universitário Onofre Lopes IOM Institute of Medicine

IPEC Interprofessional Education Collaborative OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

PNAISC Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança RAS Redes de Atenção à Saúde

UASCA Unidade de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 13 2 OBJETIVOS ... 19 2.1 OBJETIVO GERAL ... 19 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 19 3 METODOLOGIA ... 20 3.1 TIPO DE ESTUDO ... 20 3.2 LOCAL DO ESTUDO ... 20 3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA ... 22 3.4 ETAPAS DA PESQUISA ... 22

3.5 COLETA E ANÁLISE DE DADOS ... 23

3.5.1 Coleta de dados ... 23

3.5.2 Análise dos dados ... 24

3.6 ASPECTOS ÉTICOS ... 25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 27

4.1 RESULTADOS DA ETAPA I ... 27

4.1.1 Bases teórico-conceituais e metodológicas da oferta educacional .... 27

4.2 RESULTADOS DA ETAPA II ... 34

4.3 RESULTADOS DA ETAPA III ... 38

4.3.1 Resultado da análise dos portfólios ... 39

4.3.2 Análise das entrevistas com docentes ... 42

4.4 DISCUSSÃO ... 45

4.4.1 Discussão sobre a etapa I ... 45

4.4.2 Discussão sobre a etapa II ... 49

4.4.3 Discussão da etapa III ... 50

5 APLICAÇÕES PRÁTICAS NA FORMAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE ... 53

5.1 O QUE PODEMOS APREENDER COMO CONTRIBUIÇÕES DO TRABALHO ... 53

5. 2 DIMENSIONANDO O IMPACTO DA PESQUISA ... 54

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 55

REFERÊNCIAS ... 56

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ANEXO D ─ ROTEIRO PARA DISCUSSÃO COM DOCENTES ... 73

ANEXO E ─ ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PORTFÓLIO REFLEXIVO ... 74

ANEXO F ─ ROTEIRO DE ENTREVISTA COM DOCENTES ... 76

ANEXO G – GLOSSÁRIO DE TERMOS ... 77

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1 INTRODUÇÃO

A saúde e o bem-estar das crianças são influenciados por fatores combinados – biológicos, sociais, ambientais, comportamentais e psicológicos – que podem influenciar o crescimento e o desenvolvimento nos primeiros anos de vida e acarretar consequências duradouras ao longo de todo o ciclo de vida do indivíduo.1-5 A

puericultura é definida como uma ciência que reúne todas as noções (fisiologia, higiene, sociologia) capazes de favorecer o desenvolvimento físico e psíquico das crianças desde a gestação até a puberdade. Ao mesmo tempo que a puericultura contribuiu com as mudanças nos cuidados com a infância, também sofreu as influências dos movimentos sócio-históricos e políticos6.

A preocupação com a criança é um fenômeno relativamente recente na história da humanidade. Essa transformação foi influenciada por vários pensadores, a exemplo do filósofo Jean-Jacques Rousseau, cujo livro Emílio ou da Educação publicado em 1762, constituiu-se num marco importante para a época6-8.

Os avanços da ciência, a partir do início do século XIX, contribuíram também para a saúde infantil. Surgiram os trabalhos voltados para a criança com base em observações aprofundadas sobre os aspectos fisiológicos, clínicos e anatômicos6-8.

As características norteadoras do modelo de puericultura entre o final do século XIX e início do século XX correspondiam àassepsia, regularidade, disciplina e medida. Nesse sentido, a criação de instituições destinadas à prática assistencial e ao ensino contribuíram para a redução da mortalidade infantil na ocasião6-8.

O coeficiente de mortalidade infantil (CMI) é definido pelo número de óbitos de menores de um ano de idade, por mil nascidos vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano considerado. Além de representar um indicador de saúde infantil, o CMI reflete também o desenvolvimento socioeconômico, a infraestrutura ambiental, o acesso e a qualidade de saúde materna, neonatal e pós-neonatal de uma população (Ripsa, 2002, pg. 108)76.

A origem etimológica da palavra puericultura deriva do latim, nesse caso, puer significa infância e cultura podeser compreendida comopossuir uma habilidade sobre uma prática, ou criação, ou também cultivo, entre outros significados. Esse termo foi utilizado pela primeira vez em 1865, pelo médico francês, Alfred Caron, com a publicação do livro La Puériculture ou La Science d’élever hygieniquement et

(14)

A esse respeito, o mundo testemunhou, nas últimas duas décadas do século XX uma marcante redução da mortalidade infantil. Essa meta foi conquistada pormeio de várias políticas internacionais e nacionais, como o incentivo ao aleitamento materno, um programa bem estruturado de imunização, controle das doenças prevalentes na infância e a melhoria no saneamento básico, o método canguru, dentre outros9.

O modelo normativo que caracterizou a puericultura no seu início transformou-se gradualmente sob o impacto de movimentos sócio-histórico, econômico, científico e político ocorridos na sociedade. Após a segunda metade do século XX, surge a concepção da atenção integral à saúde da criança; inicia-se a construção de uma linha de cuidado preocupada com a garantia de direitos, com enfoque sobre as questões ambientais e climáticas; ocorre a valorização dos recursos familiares e comunitários em prol do bem-estar da criança; e se adota à compreensão da criança como ser biopsicossocial9.

O National Research Council Children’s Health e o Institute of Medicina (IOM) definirama saúde da criança em seu relatório Children’s Health, the Nation’s Wealth como se segue:

A saúde das crianças é a medida em que crianças, consideradas individualmente ou em grupos, são capazes ou habilitadas para (a) desenvolver e realizar seu potencial, (b) satisfazer suas necessidades e (c) desenvolver as capacidades que lhes permitam interagir com sucesso em seus ambientes biológicos, físicos e sociais10.

O Fundo das Nações para o Desenvolvimento da Criança (UNICEF) relata os grandes avanços obtidos após o lançamento da Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (CDC) em 1989. Entretanto, há evidências emergentes de que alguns dos ganhos ocorridos nas três últimas décadas podem ser perdidos. Uma grande preocupação atual é a diminuição da cobertura vacinal, com o ressurgimento de doenças anteriormente sob controle em muitos países, como o sarampo11.

As crianças estão submetidas a riscos maiores de sofrer agravos à saúde e são reconhecidamente mais vulneráveis às desigualdades, pois têm menos opções e autonomia para modificar suas circunstâncias de vida. A desigualdade social está

National Research Council Children’s Health e o Institute of Medicina (2004, p. 33, tradução nossa):

Children’s health is the extent to which individual children or groups of children are able or enabled to (a) develop and realize their potential, (b) satisfy their needs, and (c) develop the capacities that allow them to interact successfully with their biological, physical, and social environments.10

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aumentando globalmente, e as consequências da pobreza, além do estresse tóxico, afetam as crianças física, mental e emocionalmente, causando transtornos significativos quanto aos resultados na saúde, educação e nutrição12-14.

Segundo Heckman, para cada dólar investido nos programas de desenvolvimento da primeira infância, é possível um retorno entre 3 e 17 dólares. O autor alerta que intervenções realizadas na adolescência e juventude possuem custos financeiros mais elevados com retornos inferiores quando comparados àqueles empreendidos na faixa etária entre zero a três anos de idade15.

Os estudos justificam a necessidade de intervenções apropriadas para a saúde e a educação, pois a escassez de programas bem estruturados, que atendam às necessidades da população, pode determinar a elevação de taxas de morbimortalidade infantil, agravar as desigualdades sociais e perpetuar a transmissão transgeracional de doenças e pobreza16-19. Além disso, a desvantagem

socioeconômica aumenta o potencial de ocorrência de doença crônica durante a primeira infância, com um número maior de visitas aos serviços de saúde, de hospitalizações, absenteísmo no trabalho por parte da mãe e repercussão no crescimento e desenvolvimento da criança16-19.

Por sua vez, a família necessita de suporte para acompanhar o crescimento e o desenvolvimento da criança; discutir sobre os cuidados responsivos; proteger as crianças dos perigos domésticos e ambientais; adotar práticas de higiene; dispor de saneamento básico e acesso à água potável. Ressalta-se, nesse processo, a importância de serviços de saúde preventivos, promotores de boas práticas, e que garantam diagnóstico, tratamento adequado e reabilitação quando necessário9,14,20.

Segundo o IOM dos Estados Unidos da América, os serviços se tornaram incapazes de atender as expectativas de pacientes e de suas famílias, visto que os avanços científicos e tecnológicos ocorrerem mais rapidamente do que a capacidade dos serviços em se organizarem de forma eficaz, eficiente e segura21.Ademais, a

Academia Americana de Pediatria afirma que os modelos tradicionais de assistência médica geralmente falham em abordar adequadamente muitos problemas que afetam a saúde infantil, além da impossibilidade de um único profissional se responsabilizar por todas necessidades de saúde das crianças22,23.

No Brasil, a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC – Portaria Ministerial Nº 1.130, de 5 de agosto de 2015) tem como objetivo a promoção e aproteção da saúde da criança mediante atenção e cuidados integrais

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e integrados, da gestação aos nove anos de vida, com especial atenção à primeira infância (faixa etária compreendida entre zero a seis anos de idade) e às populações de mais vulnerabilidade24,25.Já a Organização Pan-americana de Saúde (OPAS), no

documento Salud Universal en el Siglo XXI: 40 años de Alma-Ata, alerta para a necessidade de transformar o modelo centrado no hospital para modelos que enfatizem a antecipação do dano e a promoção à saúde. Afirma também que os sistemas de ensino universitário se mantiveram rígidos e impotentes diante dos desafios, dispondo de poucas experiências interprofissionais no ensino de graduação26.

A Organização Mundial da Saúde, por sua vez, enfatiza a necessidade de formação e treinamento de profissionais de saúde para o desenvolvimento de competências colaborativas que proporcionem uma atenção segura, qualificada e compartilhada, integral e que seja centrada no paciente, na sua família e na comunidade. Nessa perspectiva, a Educação Interprofissional (EIP) e a prática colaborativa teriam o potencial de reduzir a fragmentação existente nos serviços de saúde27-32.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define a fragmentação dos serviços de saúde nos seguintes aspectos, conforme o Health Systems Strengthening Glossary: (I) a coexistência de unidades, instalações ou programas não integrados às redes de atenção à saúde; (II) serviços que não abrangem a promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento, reabilitação e cuidados paliativos; (III) serviços em diferentes níveis de atenção não coordenados entre si; (IV) serviços sem continuidade ao longo do tempo; (V) serviços que não atendem às necessidades das pessoas75.

Segundo a OMS, “a EIP ocorre quando estudantes de duas ou mais profissões aprendem sobre os outros, com os outros e entre si para possibilitar a efetiva colaboração e melhorar os resultados na saúde”26. Já a Prática Colaborativa

Interprofissional (PCI) na saúde acontece com a promoção do trabalho integrado entre profissionais de diversas áreas e os pacientes e suas famílias, o que resultaria numa atenção mais qualificada em todos os ambientes31,32,33.

Apesar das recomendações da OMS e das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN), a educação interprofissional e o trabalho colaborativo enfrentam grandes barreiras para sua implementação, conforme ampla publicação na literatura. Nessa lógica, identificar as dificuldades e promover espaços de discussão nas instituições contribuiriam para o fortalecimento dessa proposta educacional33-36.

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Na atualidade, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte realiza o ensino teórico e prático em puericultura nos cursos de graduação de Enfermagem, Medicina e nos cursos de pós-graduação de Residência Médica em Pediatria, no modelo uniprofissional, de forma que os discentes interagem apenas com colegas do mesmo curso. Iniciativas com as características da interprofissionalidade ocorrem nos períodos iniciais dos cursos de Ciências da Saúde, a partir dos componentes curriculares do Projeto Atividade Integrada de Educação, Saúde e Cidadania (SACI), do Programa de Orientação Tutorial Integrado para o Trabalho em Saúde (POTI), além do Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde, o PET-Saúde. Entretanto, propostas com as mesmas intencionalidades não são identificadas em semestres posteriores, determinando uma descontinuidade nesse tipo de abordagem, comprometendo a construção de um contínuo educacional33.

A relevância social deste estudo tem como fundamentação a formação de profissionais de saúde e sua atuação no contexto da primeira infância. Os profissionais do setor de saúde ocupam uma posição ímpar no apoio comorientações adequadas sobre os cuidados nutricionais e a promoção do desenvolvimento durante os primeiros anos de vida1-5,9-11.

Evidências científicas indicam a necessidade do desenvolvimento de ações em nível global, nacional e local para aumentar o compromisso político e o investimento no desenvolvimento da primeira infância9. A esse respeito, a OMS

ressalta que “é mais urgente do que nunca que trabalhemos juntos de maneira unificada em direção a objetivos comuns”14.

As publicações relacionadas à educação interprofissional e à saúde da criança são escassas na literatura. O maior número de publicações diz respeito a pacientes hospitalizados sob cuidados paliativos; e doentes crônicos, evidenciando uma lacuna de conhecimento sobre EIP na oferta de cuidados referentes à saúde da criança no contexto da atenção primária38,39. Esses achados também justificam a

necessidade de estudos que esclareçam as contribuições de projetos pedagógicos elaborados por equipe interprofissional na garantia da intencionalidade de efetivar a educação interprofissional no ensino superior29,30,32,34.

Considerando esse contexto, a pesquisa adota como objeto de estudo a puericultura como cenário para a educação interprofissional nos cursos de Ciências da Saúde na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, a saber: Enfermagem, Fonoaudiologia, Medicina e Nutrição. Como base nessas especificidades, a pesquisa

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tem como pergunta norteadora: quais as potencialidades e osdesafios do ensino da puericultura como cenário para a educação interprofissional em saúde? A pesquisa adota como hipóteses que a puericultura, considerando-se sua abrangência interdisciplinar e complexidade, possa se configurar como espaço importante para a incorporação dos pressupostos teórico-conceituais e metodológicos da educação interprofissional para o fortalecimento do efetivo trabalho em equipe, por meio do desenvolvimento de competências colaborativas na formação em saúde.

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Analisar o processo de incorporação dos marcos teórico-conceituais e metodológicos da educação interprofissional no ensino de puericultura para diferentes profissionais de saúde.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Planejar uma proposta de componente curricular de educação interprofissional (EIP) em puericultura com a participação de docentes dos cursos de Enfermagem, Fonoaudiologia, Medicina e Nutrição.

 Identificar as competências colaborativas desenvolvidas pelos estudantes durante a participação no componente curricular.

 Explorar fatores que dificultam e facilitam o desenvolvimento da proposta de educação interprofissional em puericultura para os cursos de Enfermagem, Fonoaudiologia, Medicina e Nutrição.

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3 METODOLOGIA

3.1 TIPO DE ESTUDO

O tipo de estudo adotado neste projeto foi a pesquisa-ação, que tem como objetivo investigar e intervir frente a determinado problema. Para tanto, há uma ação proposital de transformação da realidade. No âmbito educacional, a pesquisa-ação representa uma estratégia com o intuito de aprimorar o ensino, constituindo-se numa oportunidade para educadores refletirem sobre a própria prática e o aprendizado dos estudantes40,41.

Nesse tipo de pesquisa, ocorre a participação ativa de todos os sujeitos envolvidos na problemática estudada, em todas as fases do processo, incluindo a identificação do problema ou a situação a ser transformada, o planejamento, a realização da ação, a avaliação da intervenção, a reflexão crítica, reiniciando as etapas quantas vezes forem necessárias seguindo o mesmo processo. Na pesquisa-ação, as intervenções e a produção do conhecimento se inter-relacionam, demandando um equilíbrio entre as definições de objetivos práticos e de objetivos de produção de conhecimentos41-43.

A escolha pela pesquisa-ação ocorreu pelo caráter participativo e colaborativo entre os indivíduos que integram o estudo e a pesquisadora. Quanto à abordagem, foi adotado o método misto sequencial exploratório, devido à natureza interpretativa exigida pela pesquisa e os objetivos delineados neste estudo. No método misto sequencial exploratório, a pesquisa tem início com abordagem qualitativa, seguida pela quantitativa, por isso denominada sequencial. Neste caso, os dados quantitativos foram mobilizados para confirmar ou ampliar a análise dos dados qualitativos. Ademais, foram utilizados vários instrumentos como métodos de obtenção de dados, como diário de pesquisa, observação participativa, escala Likert, portfólios e entrevistas40-44.

(21)

A pesquisa foi realizada em diferentes cenários de aprendizagem da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Essa instituição teve origem da Universidade do Rio Grande do Norte, criada em 25 de junho de 1958, pela lei estadual, sendofederalizada em 18 de dezembro de 1960. Atualmente, a UFRN é a maior universidade pública do estado do Rio Grande do Norte. Sua comunidade acadêmica é formada por mais de 43.000 estudantes e cerca de 5.500 servidores, considerando o corpo técnico-administrativo e docentes efetivos, além dos professores substitutos e visitantes.

A UFRN conta com 117 cursos de graduação, e destes, 15 estão vinculados ao Centro de Ciências da Saúde/UFRN, a saber: Educação Física (04), Enfermagem (02 cursos, sendo um em Natal e outro naFaculdade de Ciências da Saúde do Trairi – FACISA, em Santa Cruz), Farmácia (01), Fisioterapia (02 cursos, um deles em Natal e o outro na FACISA, em Santa Cruz), Fonoaudiologia (01), Medicina (02 cursos, um deles em Natal e o outro na Escola Multicampi de Ciências Médicas do Rio Grande do Norte, em Caicó), Nutrição (01), Odontologia (01) e Saúde Coletiva (01).

Quanto a esta pesquisa, o ambulatório de Pediatria da Unidade de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente (UASCA) do Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL) foi um dos cenários de aprendizagem utilizados. A UASCA está vinculada à Divisão de Gestão do Cuidado do HUOL, constituindo-se como um serviço de referência na assistência à saúde da população infantojuvenil do estado do Rio Grande do Norte.

A UASCA realiza atenção especializada de média e alta complexidade, serviços ambulatoriais e hospitalares, clínicos e cirúrgicos, contemplando as linhas de cuidado integral dessa clientela. O ambulatório de puericultura atende aneonatos e a lactentes com fatores de risco biológicos, como também a lactentesde risco habitual, além dos que demandem atenção pediátrica, sendo referenciados da Atenção Primária à Saúde, por meio do sistema regulatório de consulta.

No âmbito do ensino, o ambulatório da UASCA representa um cenário de prática real supervisionada para estudantes de graduação em Medicina, pós-graduandos dos cursos de Residência Multiprofissional, Residência Médica em Pediatria da UFRN, Residência em Pediatria do Hospital Universitário Ana Bezerra HUAB/UFRN e estudantes de graduação e pós-graduação oriundos de outras instituições de ensino superior conveniadas.

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3.3 PARTICIPANTES DA PESQUISA

Os participantes foram estudantes e professores de diferentes cursos da UFRN. O estudo contou com a participação de quatro docentes dos seguintes departamentos: Enfermagem (01), Fonoaudiologia (01), Nutrição (01) e Pediatria (01). Os estudantes pertenciam aos cursos: Enfermagem (03), Fonoaudiologia (07), Medicina (06) e Nutrição (03), totalizando 19 discentes.

Os critérios de inclusão para fins de seleção dos docentes dos cursos envolvidos na pesquisa foram: (1) ser docente da disciplina de puericultura ou tema correlato nos cursos de Enfermagem, Fonoaudiologia, Medicina e Nutrição; (2) assumir o exercício da docência no momento da coleta dos dados; (3) ter disponibilidade de tempo para participar das atividades. Os critérios de exclusão dos docentes foram: (1) encontrar-se ausente ou impossibilitado durante todo o período da coleta de dados; (2) estar afastado de suas funções na época da pesquisa por qualquer motivo.

Os critérios de inclusão para fins de seleção dos discentes dos cursos envolvidos na pesquisa foram: (1) estar matriculado no módulo de puericultura a ser ofertado durante a pesquisa; (2) ter idade igual ou superior a 18 anos; (3) ter disponibilidade de tempo para participar de todas as etapas da pesquisa. Os critérios de exclusão dos discentes foram: (1) encontrar-se ausente ou impossibilitado durante todo o período da coleta de dados; (2) estar afastado das atividades acadêmicas por motivo de doença.

3.4 ETAPAS DA PESQUISA

A pesquisa foi desenvolvida em três etapas, as quais foram sistematizadas na Figura 1. Na etapa I foi constituído um grupo de discussão com docentes de 04 departamentos (Enfermagem, Fonoaudiologia, Nutrição e Pediatria), para o planejamento da oferta educacional, por meio de consultas às ementas dos cursos, às Diretrizes Curriculares Nacionais, às teorias sobre EIP, finalizando com a elaboração do programa. A segunda etapa contemplou a operacionalização da proposta educativa e a terceira etapa correspondeu ao processo avaliativo, com a utilização de portfólios para os estudantes e entrevistas com as professoras.

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Figura 1 – Etapas de pesquisa

Fonte: elaboração própria

3.5 COLETA E ANÁLISE DE DADOS

3.5.1 Coleta de dados

Para cada uma das etapas da pesquisa, foram adotadas diferentes técnicas de coleta dos dados. A Figura 2, a seguir, sintetiza as etapas e as estratégias de coleta e produção dos dados.

Figura 2 – Etapas e estratégias de coleta e produção dos dados

Fonte: elaboração própria

No que diz respeito à coleta de dados, foram utilizados os seguintes instrumentos:

1- Diário de campo de campo – é o um instrumento válido para a coleta de dados em pesquisa qualitativa devido à profundidade das informações fornecidas.

Etapa 1 • Diário de campo • Observação Etapa 2 • Observação • Escala Likert Etapa 3 • Portfólios • Entrevista

(24)

Textos não estruturados, fotos, trocas de mensagens por correio eletrônico, notas pessoais são dados da pesquisa obtidos por esse recurso42.

2- Observação – é um método de coleta de dados que pode ser desempenhado de distintas formas, tais como: observador participante, observador não participante e observador que alterna entre as duas formas. A observação utiliza os registros de diário de campo, fotografias, gravações ou filmagens42.

3- Escala Likert – foi utilizada contendo seis (06) afirmativas, cada uma variando entre discordo plenamente a concordo plenamente. No estudo, não houve a intencionalidade de ser aplicadas as medidas psicométricas da escala, mas inferir sobre as respostas fornecidas pelos estudantes relativas à avaliação da oferta educacional 44.

4- Entrevista – é um instrumento muito utilizado em pesquisa qualitativa. Neste estudo, a entrevista, contendo oito perguntas abertas, foi encaminhada por correio eletrônico àsdocentes participantes da pesquisa (conforme anexo F)44.

5- Portfólio – é considerado uma estratégia do processo ensino-aprendizagem e avaliação que incentiva o pensamento reflexivo. Esse instrumento pedagógico permite ao educando documentar e registrar os processos de sua própria aprendizagem e proporcionar a avaliação formativa. O portfólio, assim compreendido, contribui com a produção de dados suscetíveis de análise. O roteiro para a elaboração do portfólio reflexivo encontra-se no anexo E45-46.

3.5.2 Análise dos dados

Diferentes estratégias foram utilizadas para tratamento e análise dos dados objetivando à adequação ao contexto do estudo. A análise de conteúdo foi o método aplicado às observações registradas no diário de pesquisa e troca de mensagens por e-mails (etapas I e II), às expectativas trazidas pelos estudantes (etapa II), e aos dados coletados nos portfólios e nas entrevistas com docentes (etapa III).

A análise de conteúdo (AC) corresponde a um conjunto de técnicas de análise de comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos de descrição e interpretação de conteúdo de mensagens44. As etapas de AC realizadas neste estudo foram as

seguintes: 1 – Preparação das informações (elaboração do corpus dos dados); 2 – Condensação do material; 3 – Codificação do conteúdo; 4 – Categorização ou classificação das unidades em categorias; 5 – Descrição; 6 – Interpretação. No que

(25)

diz respeito à análise descritiva, esta foi empregada para a interpretação dos dados referentes à escala Likert na etapa II.

3.6 ASPECTOS ÉTICOS

A pesquisa foi desenvolvida de acordo com as normas da Resolução Nº 466/12, do Conselho Nacional de Saúde, e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes, sob o Parecer Nº 3.488.314 e registrada pelo CAAE Nº 16502719.8.0000.5292 (Anexo A). Todos os participantes da pesquisa, nesse caso, os docentes e estudantes, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, após sua leitura (respectivamente, Anexos B e C). O presente estudo buscou respeitar os princípios da Bioética: 1) beneficência, ponderando os riscos e benefícios individuais ou coletivos, tanto atuais como potenciais; 2) previsão de não maleficência, de modo a garantir que riscos previsíveis sejam evitados, buscando o máximo de benefícios e abonando possível indenização e/ou ressarcimento caso haja qualquer ocorrido; 3) segurança da autonomia, respeitando o participante da pesquisa em sua dignidade e autonomia, reconhecendo sua vulnerabilidade, assegurando sua vontade de contribuir e permanecer, ou não, na pesquisa, por intermédio de manifestação expressa, livre e esclarecida; e 4) intenção de promover a justiça e equidade (relevância social da pesquisa, garantindo vantagens significativas para os sujeitos vulneráveis).

Ao recrutar os participantes, foram explicados os objetivos, riscos e benefícios da pesquisa. Os Termos de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), para os estudantes, só foram entregues no último dia da atividade, conforme recomendação do parecer consubstanciado do CEP/HUOL/UFRN. Quando da assinatura, uma via ficou com o participante e outra com o pesquisador. Os TCLE destinados às professoras foram entregues durante a primeira reunião, após os devidos esclarecimentos.

Os riscos aos quais as docentes participantes da pesquisa estiveram expostos foram minimizados da seguinte forma: realização das etapas da pesquisa em horário em que os participantes estivessem disponíveis; pactuar previamente dias, horários e duração das ações previstas para a pesquisa; garantia do anonimato; discussão e construção coletiva do entendimento sobre como a experiência poderia fortalecer a formação em saúde; apoio e acompanhamento das docentes durante todo o processo

(26)

de construção e efetivação do curso. As entrevistas que seriam gravadas na elaboração original do projeto foram substituídas por respostas escritas encaminhadas por correio eletrônico, em virtude da medida de distanciamento social adotada no enfrentamento à pandemia pela infecção pelo SARS-CoV-2, mediante decisão acordada entre as professoras e a responsável pela pesquisa (Anexo F).

Com relação aos riscos mínimos aos quais os discentes matriculados no curso em questão estariam expostos, podemos apontar alguns entraves. O discente, pela natureza da turma no formato interprofissional, poderia se sentir desconfortável em compartilhar experiências com estudantes de outros cursos. O graduando poderia se sentir sobrecarregado com o aumento de novas atividades propostas pelo curso em questão.

Em contrapartida, há benefícios de participação da pesquisa. Primeiro, a oportunidade de participar de uma oferta educacional orientada pelos princípios da educação interprofissional, com possibilidade de desenvolvimento de competências para o efetivo trabalho em equipe. Segundo, ser inserido(a) em uma iniciativa de reorientação da formação em saúde e contribuir para a construção de uma proposta que possa ser replicada para outros cenários da formação em saúde.

(27)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 RESULTADOS DA ETAPA I

A etapa I da pesquisa transcorreu entre 30 de setembro de 2019 a 28 de fevereiro de 2020, seguindo o roteiro norteador elaborado com essa finalidade (Anexo D). A discussão com o grupo docente teve como objetivo a elaboração de uma oferta educacional com a incorporação dos pressupostos teórico-conceituais e metodológicos da educação interprofissional e a definição do seu programa.

4.1.1 Bases teórico-conceituais e metodológicas da oferta educacional

No desenvolvimento do processo de construção dos marcos teórico-conceituais e metodológicos da oferta educacional, foram observados os seguintes passos, conforme apontados nos Quadro 1.

Quadro 1 – Passos para a construção da oferta educacional

Passo 1 Formação de um grupo de discussão interprofissional. Passo 2 Consulta às ementas dos cursos de Enfermagem,

Fonoaudiologia, Medicina e Nutrição, consulta às Diretrizes Curriculares Nacionais e os princípios da EIP.

Passo 3 Definição das competências necessárias à prática em puericultura.

Passo 4 Elaboração das competências específicas, comuns e

colaborativas e sua aplicabilidade ao ensino de puericultura. Passo 5 Escolha da teoria educacional para sustentação aos pressupostos

da EIP e metodologias a serem aplicadas à oferta educacional. Passo 6 Definição dos períodos dos cursos para a participação dos

estudantes.

Passo 7 Definição dos objetivos de aprendizagem segundo à taxonomia de Bloom.

Passo 8 Construção dos casos motivadores. Passo 9 Elaboração do programa do curso.

Passo 10 Definição do método de avaliação do curso.

Fonte: adaptado de El-Awaisi, Anderson E, Barr H, Wilby KJ, Wilbur K, Bainbridge L.48

No passo 1, foram realizadas as ações necessárias à participação de docentes na pesquisa, como se segue no Quadro 2.

(28)

Quadro 2 – Estratégias de comunicação e recrutamento de docentes para a pesquisa

Enfermagem Reunião com os membros do Núcleo Docente Estruturante (NDE) do Departamento de Enfermagem.

Fonoaudiologia Reunião com a coordenação do curso de Fonoaudiologia. Nutrição Convite encaminhado à Coordenação do curso e à Chefia

do Departamento de Nutrição.

Pediatria Reunião plenária do Departamento de Pediatria.

Fonte: elaboração própria.

Após a exposição dos objetivos do estudo e a anuência do(a) respectivo(a) Chefe de Departamento ou Coordenador(a) de curso, foi confirmada a participação voluntária de quatro professoras: uma docente por departamento (Enfermagem, Fonoaudiologia, Nutrição e Pediatria). Como segundo passo, um grupo de discussão foi constituído, adotando-se um roteiro norteador incluído no projeto de pesquisa (Anexo D), com a premissa de orientar a elaboração das bases teórico-conceituais e metodológicas da oferta educacional.

Os encontros iniciais demonstraram a necessidade de uma compreensão mais aprofundada sobre os aspectos conceituais e valores referentes à educação interprofissional, assim como à apropriação das terminologias utilizadas. Essa demanda resultou na elaboração de um glossário de termos para esclarecimento do léxico, facilitando a comunicação da equipe interprofissional (Anexo G).

O passo 3 consistiu na discussão sobre as competências necessárias à prática em puericultura, conforme listado no Quadro 3.

Quadro 3 – Competências para a prática em puericultura.

CONHECIMENTOS HABILIDADES Antropometria Avaliação nutricional Aleitamento materno Alimentação complementar Desenvolvimento infantil

Determinantes sociais em saúde Imunização

Indicadores de risco biológicos Prevenção de injúrias

Saber ouvir

Elaborar a história clínica Realizar o exame físico Interpretar os dados clínicos Formular hipóteses diagnósticas Elaborar o plano de cuidados Prescrever e orientar o tratamento Comunicação interpessoal

Utilizar os instrumentos de registros

Fonte: elaboração própria.

No passo 4, o grupo docente elencou as competências para cada curso, conforme descreveremos a seguir.

(29)

Sistematizar a assistência de enfermagem à criança e à família, considerando os passos do processo de enfermagem e as necessidades humanas básicas; realizar o histórico por meio da anamnese e do exame físico, a partir das necessidades de crescimento e desenvolvimento infantil; realizar o diagnóstico de enfermagem considerando as necessidades afetadas e as respostas adaptativas da criança às etapas de crescimento e desenvolvimento infantil; realizar a prescrição de cuidados de enfermagem para a manutenção da saúde e a prevenção de doença, assim como para a restauração das condições de saúde; realizar a avaliação do plano de cuidados à criança por meio da recuperação da saúde, implementação de ações de prevenção e promoção da saúde; realizar a classificação dos agravos à saúde considerando os protocolos clínicos à criança na atenção básica; identificar problemas de saúde prevalentes considerando os protocolos vigentes; solicitar exames complementares considerando os protocolos vigentes; prestar assistência de enfermagem à criança e à família; realizar diagnóstico de enfermagem; realizar procedimentos de enfermagem; acompanhar o crescimento e o desenvolvimento infantil, realizando os registros na caderneta de saúde da criança; avaliar, orientar e propor intervenções sobre aleitamento materno e alimentação complementar; orientar sobre imunização; orientar o cuidado apropriado ao lactente e o autocuidado da mãe.

b) Competências do profissional de Fonoaudiologia

Avaliar, diagnosticar, reavaliar, prevenir, habilitar, reabilitar e definir condutas em todos os aspectos relacionados às áreas de atuação fonoaudiológica; realizar a avaliação do frênulo lingual (teste da linguinha); realizar a triagem neonatal universal (TANU) e o monitoramento audiológico; avaliar e propor intervenções relacionadas ao aleitamento materno e técnicas de alimentação apropriadas ao desenvolvimento motor oral; avaliar o desenvolvimento da linguagem e realizar as intervenções necessárias.

c) Competências do profissional de Medicina

Realizar história clínica e exame físico; elaborar hipóteses diagnósticas referentes à nutrição, ao estado vacinal e à condição de vulnerabilidade social; monitorar o crescimento e odesenvolvimento; avaliar e classificar o estado nutricional; orientar sobre alimentação conforme a faixa etária; orientar sobre a prevenção de injúrias; identificar atraso de desenvolvimento; solicitar procedimentos diagnósticos condizentes com a investigação clínica; interpretar resultado de exames complementares; prevenir, diagnosticar e tratar as morbidades; orientar sobre os

(30)

cuidados relacionados à saúde do lactente e da mãe; elaborar atestados e prescrições médicas.

d) Competências do profissional de Nutrição

Avaliar, diagnosticar e acompanhar o estado nutricional; planejar, prescrever, analisar e avaliar dietas e suplementos dietéticos; promover, manter e/ou recuperar o estado nutricional; preencher, identificar e interpretar os dados antropométricos nas curvas de crescimento da caderneta de saúde da criança.

Após a avaliação das competências elaboradas para profissionais de cada curso, as competências comuns emergiram, baseadas em temas com mais semelhança entre os quatro cursos, como descrito no Quadro 4.

Quadro 4 – Competências comuns para atenção à saúde da criança.

1. Identificar e promover a utilização de recursos.

Identificar os recursos individuais, familiares e sociais necessários ao crescimento e desenvolvimento infantil saudável no contexto dos cuidados primários à saúde. 2. Identificar os marcos do desenvolvimento infantil.

Realizar a vigilância dos marcos de desenvolvimento infantil. Orientar afamília para acompanhar o desenvolvimento infantil. Orientar estimulação apropriada à faixa etária.

Detectar fatores de risco para o encaminhamento oportuno: profissional, multiprofissional ou interprofissional, objetivando a redução do dano.

3. Promover e proteger a saúde física e mental da criança.

Orientar a alimentação infantil saudável, adequada às diversas faixas etárias. Monitorar o crescimento, desenvolvimento e comportamento.

Orientar e incentivar a imunização.

Identificar fatores de risco biopsicossocial e situação de vulnerabilidade. Orientar sobre prevenção de injúrias.

Identificar as necessidades de saúde.

4. Utilizar e preencher a caderneta de saúde da criança.

Valorizar a caderneta de saúde como instrumento de vigilância à saúde da criança. Realizar o registro adequado de dados na caderneta.

Consultar os registros realizados na maternidade.

Conferir a realização e osresultados dos testes de triagem. Registrar a antropometria e interpretar as curvas de crescimento. Acompanhar o calendário vacinal.

Compartilhar as informações disponíveis com a família.

Fonte: elaboração própria.

Na perspectiva da educação interprofissional foram selecionadas competências colaborativas, conforme apresentadas no Quadro 5.

(31)

Quadro 5 – Competências colaborativas

1. Valores e ética para a prática interprofissional 2. Clareza de papéis e responsabilidades

3. Habilidades de comunicação

4. Desenvolvimento de habilidades para o trabalho em equipe

Fonte: adaptado de IPEC, 2016, tradução própria49.

O passo 5 contemplou a escolha da teoria educacional socioconstrutivistae a metodologia ativa, com abordagem baseada em casos motivadores. Além dessa abordagem, foram definidas também uma dinâmica de grupo e roda de conversa para a discussão sobre as competências específicas, comuns e colaborativas e a adoção da prática reflexiva em todas atividades.

No passo 6, cada docente sugeriu o período indicado para a participação dos estudantes na capacitação. Desse modo, ficou definido: para os estudantes do curso de Enfermagem, após o 7º período; para os cursos de Fonoaudiologia e Medicina, após o 4º período; e para os estudantes do curso de Nutrição, a partir do 6º período.

O passo 7 estabeleceu os objetivos de aprendizagem segundo Benjamin Bloom, revisada por Anderson50,51.Ao término do curso A puericultura como proposta

de aprendizagem interprofissional, os discentes deveriam ser capazes de desenvolver

determinadas habilidades, conforme expostas no Quadro 6.

Quadro 6 – Objetivos de aprendizagem no domínio cognitivo

TEMA OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

Saúde da criança

 Identificar fatores de risco biopsicossociais.  Preencher a caderneta de saúde da criança.  Avaliar o estado nutricional da criança.  Avaliar o desenvolvimento da criança.  Orientar alimentação infantil saudável.

Princípios da educação interprofissional

 Identificar as competências específicas, comuns e colaborativas.

 Aprender sobre o outro, com o outro e entre si.  Entender a clareza dos papéis (o próprio papel e o papel do outro na puericultura).

 Desenvolver habilidades para o trabalho em equipe interprofissional.

Prática colaborativa

 Desenvolver habilidades de comunicação.  Respeitar a opinião de todos no grupo.

 Valorizar a participação dos membros da equipe.  Construir um plano de cuidado integrado.

(32)

O passo 8 contemplou a construção de quatro casos motivadores, cujos conteúdos deveriam estar alinhados aos objetivos de aprendizagem delineados acima. Os modelos dos casos estão contemplados no Anexo G.

O passo 9 foi dedicado à elaboração do programa do curso com a incorporação de todas as atividades, incluindo a organização da prática ambulatorial na Unidade de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente do Hospital Universitário Onofre Lopes/UFRN. O Programa do curso com as atividades e os objetivos de aprendizagem estão sintetizados no Quadro 7.

Quadro 7 – Programa do curso

PROGRAMA

A PUERICULTURA COMO PROPOSTA DE APRENDIZAGEM INTERPROFISSIONAL

Data Atividade Objetivos de aprendizagem

06/03/20

Expectativas dos estudantes sobre a oferta educacional

Identificar as necessidades de aprendizagem segundo os estudantes Esclarecimento sobre a

oferta educacional

Esclarecer os objetivos de aprendizagem

Dinâmica das competências

Discutir as competências específicas dos cursos de Enfermagem,

Fonoaudiologia, Medicina e Nutrição. Discutir as competências comuns.

Distribuição dos casos motivadores para discussão em grupos interprofissionais

Promover a discussão sobre os casos em grupos interprofissionais, seguindo um roteiro orientador:

1- Reconhecer os dados importantes para o aprendizado;

2- Identificar os fatores de riscos biopsicossociais;

3- Identificar as estratégias utilizadas pelo grupo para a análise do caso; 4- Registrar e interpretar os dados antropométricos na caderneta de saúde da criança;

5- Elaborar o plano de cuidado para o bebê, sua mãe/família.

07/03/20

Atividade Objetivos de aprendizagem

Discussão sobre os

conceitos de competências específicas, comuns e colaborativas.

Aplicar os conhecimentos sobre as competências a partir da prática vivenciada.

Apresentação dos casos motivadores pelos grupos em plenária

Observar a aprendizagem quanto à compreensão, explicação, construção, análise, avaliação (julgamento, crítica, justificativa) e síntese.

(33)

Identificar habilidades de competências colaborativas: comunicação, respeito, valores, trabalho em equipe.

13/03/20

Atividade Objetivos de aprendizagem

Atendimento ambulatorial interprofissional – UASCA

Utilizar as competências comuns e colaborativas.

Desenvolver habilidades comunicativas. Identificar as necessidades de saúde. Realizar uma abordagem integrada. Colocar a criança e a família na centralidade do cuidado.

14/03/20

Atividade Objetivos de aprendizagem

Discussão e reflexão sobre a prática ambulatorial.

Analisar a prática ambulatorial, reconhecendo os elementos que facilitaram ou dificultaram a atividade.

Avaliação do curso por meio da resposta da escala Likert de concordância e perguntas abertas.

- Escala Likert:

Avaliar o curso quanto ao alcance dos objetivos; metodologia utilizada; abordagem sobre as competências específicas, comuns e colaborativas e a clareza dos papéis;

- Perguntas abertas:

Identificar pontos fortes, fracos do curso e realizar sugestões.

Fonte: elaboração própria

No passo 10, foram discutidos os instrumentos de avaliação do curso. O portfólio foi selecionado como método formativo de avaliação de aprendizagem, como também sobre a oferta educacional, segundo o roteiro construído no projeto de pesquisa (Anexo E). Os dados dessa análise serão relatados na Etapa III deste estudo.

No que se refere à coleta de dados obtidos pela observação dessa etapa, ela permitiu a identificação de fatores que facilitaram e dificultaram a elaboração da oferta educacional, conforme apresentado no Quadro 8.

Quadro 8 – Fatores que facilitaram e que dificultaram a construção da oferta educacional Categorias Fatores que facilitaram Fatores que dificultaram Participantes

Interesse pelo tema, motivação, compromisso, responsabilidade,

colaboração e integração.

Dificuldade para conciliar a agenda entre as docentes. Sobrecarga de trabalho.

Teoria educacional

A teoria de aprendizagem de adultos congruente com a teoria

socioconstrutivista.

O excesso de modelos teóricos pode originar confusão quanto à escolha.

Currículo A puericultura possui um conteúdo potencialmente interdisciplinar.

Os cursos possuem fronteiras disciplinares muito rígidas.

(34)

Metodologia Metodologias ativas, como a abordagem baseada em casos.

Elaboração de casos que sejam adequados aos objetivos estipulados.

Fonte: elaboração própria

Os dados coletados pelo diário de pesquisa durante a etapa I foram organizados num livro em formato digital, editado pela Secretaria de Educação a Distância (SEDIS) da UFRN. Esse material tem como objetivo compartilhar o percurso metodológico da elaboração da oferta educacional. Esse material será disponibilizado a profissionais e discentes que tenham interesse em EIP e trabalho colaborativo.

Como resultados da etapa I, destacamos:

1. Elaboração dos passos para a construção da oferta educacional. 2. Elaboração das competências para a aprendizagem em puericultura. 3. Elaboração decompetências específicas e comuns.

4. Definição dos objetivos de aprendizagem.

5. Elaboração do programa da oferta educacional e o seu cadastro na Pró-Reitoria de Extensão da UFRN.

6. Identificação de fatores facilitadores e dificultadores para a construção da oferta educacional.

7. Elaboração de um livro em formato digital com a trajetória da etapa I.

4.2 RESULTADOS DA ETAPA II

A etapa II da pesquisa transcorreu conforme o cronograma planejado. A oferta pedagógica contou com a participação de dezenove estudantes: três do curso de Enfermagem; 07 do curso de Fonoaudiologia; 06 do curso de Medicina e três do curso de Nutrição. O número de estudantes distribuídos em conformidade com os cursos e períodos estão demonstrados na Tabela 1.

Tabela 1 – Distribuição dos estudantes participantes por curso

Gênero Feminino: 14 (73,7%) Masculino: 05 (26,3%) Total Cursos Enfermagem Fonoaudiologia Medicina Nutrição 04

Números de participantes 03 07 06 03 19 Períodos 8º (03) 5º (04); 7º (03) 5º (03) 8º (03) 7º (01) 8º (01) 9º (01) Fonte: Elaboração própria.

(35)

Durante o primeiro encontro, foi solicitado aos estudantes que escrevessem de forma individual, e em poucas palavras, as expectativas sobre o curso. Essas frases foram transcritas e transferidas para o programa gratuito disponibilizado no site worldcloud.com, para visualização gráfica através do recurso Nuvem de Palavras, que resultou na imagem a seguir:

Figura 3 – Nuvem de palavras sobre as expectativas dos estudantes

Fonte: Transcrição da autora e formatação realizada pelo site wordclouds.com

A nuvem de palavras foi utilizada como fase preliminar à análise de conteúdo das expectativas dos estudantes. A análise resultou nas categorias apontadas no Quadro 9.

Quadro 9 – Expectativas dos estudantes

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS

Aprendizagem interprofissional de puericultura

Aprender sobre e com o outro

Aprender a partir da interdisciplinaridade Aprender para obter melhores resultados em saúde

Aprender sobre e com a prática interprofissional

Conhecer o trabalho em equipe interprofissional

Conhecer os valores para a prática interprofissional

Desenvolver habilidades para a prática interprofissional

(36)

A observação da atividade baseada nos casos motivadores permitiu a identificação dos aspectos relacionados à aprendizagem, de acordo com exposição no Quadro 10.

Quadro 10 – Observação do aprendizado baseado em casos motivadores

Aprendizagem em puericultura

 A criança e a família no centro do cuidado.

 Identificação de determinantes sociais de saúde e os fatores de risco biológicos.

 Utilização adequada da caderneta de saúde da criança.

 Elaboração de um plano de cuidado coerente com as necessidades de saúde. Aprendendo com e sobre o outro  Esclarecimento de termos.  Troca de experiências.  Interações interprofissionais.

 Compreensão da necessidade e da importância dos outros profissionais.

Aprendizagem colaborativa

 Respeito à opinião do outro.  Saberes compartilhados.

 Comportamento ético nos grupos.

 Utilização de habilidades de resolução de problemas.

Fonte: elaboração a partir dos resultados da pesquisa

Durante a atividade prática do dia 13/03/2020, a divisão de grupos não pôde contemplar o mesmo número de estudantes representando cada curso. Por isso, os grupos foram compostos entre dois a quatro componentes de cursos diversos.

Seis grupos foram organizados para o atendimento de seis lactentes, supervisionados por três docentes de diferentes profissões e duas preceptoras do próprio serviço. Os estudantes registraram os dados no prontuário adotado no ambulatório.

O último encontro ocorreu no dia 14/03/2020, com a discussão sobre a prática ambulatorial, e, posteriormente, a avaliação da oferta educacional. Os estudantes foram convidados a preencher um questionário com seis perguntas, com base na escala Likert de concordância de cinco pontos, com uma gradação de respostas variando entre discordo plenamente a concordo plenamente, compilada e demonstrada conforme Tabela 2.

Tabela 2 – Escala Likert de concordância

(37)

1. A oferta educacional atingiu os objetivos de aprendizagem previamente estabelecidos. 0 (0%) (6%) 1 (0%) 0 (28%) 5 (66%) 12 (100%) 18 2. A oferta educacional

estabeleceu inter-relações entre a prática de puericultura e o trabalho colaborativo em saúde. 0 (0%) 0 (0%) 1 (6%) 1 (6%) 16 (88%) 18 (100%) 3. Adquiri maior clareza sobre o

meu papel na prática da puericultura.

0

(0%) (0%) 0 (6%) 1 (33%) 6 (61%) 11 (100%) 18 4. Adquiri maior clareza sobre os

papéis dos outros profissionais na prática de puericultura. 0 (0%) 1 (6%) 0 (0%) 4 (22%) 13 (72%) 18 (100%) 5. Adquiri maior clareza sobre as

competências colaborativas que podem ser desenvolvidas na prática de puericultura. 0 (0%) 1 (6%) 0 (0%) 5 (28%) 12 (66%) (100%) 18 6. As metodologias utilizadas

foram adequadas à aprendizagem interprofissional em puericultura. 0 (0%) 0 (0%) 1 (6%) 6 (33%) 11 (61%) 18 (100%)

Legenda: A: Discordo plenamente; B: Discordo; C: Neutro; D: Concordo: E: Concordo plenamente.

Fonte: Elaboração a partir dos resultados da pesquisa.

Os resultados obtidos na Tabela 2 demonstraram um percentual expressivo de concordância (concordo e concordo plenamente) sobre as seguintes assertivas formuladas:

1. Alcance dos objetivos de aprendizagem: 94%;

2. Inter-relações entre a prática da puericultura e o trabalho colaborativo: 94%;

3. Obtenção de clareza sobre o próprio papel: 94%;

4. Conhecer o papel do outro na prática da puericultura: 94%;

5. Aquisição de maior clareza sobre as competências colaborativas: 94%; e 6. Adequação das metodologias utilizadas à aprendizagem interprofissional

em puericultura: 94%.

Houve o registro de uma resposta discordante nos itens: 1- alcance dos objetivos de aprendizagem; 4- clareza sobre o papel de outros profissionais; e 5- clareza sobre as competências colaborativas.

A avaliação da oferta educacional incluiu também três perguntas abertas, quais sejam: 1- pontos fortes do componente curricular; 2- pontos fracos; e 3-

(38)

sugestões para uma próxima oferta. Essas respostas foram submetidas àanálise de conteúdo resultando nas categorias apresentadas no Quadro 11.

Quadro 11 – Análise da avaliação da oferta educacional pelos estudantes

Categorias  Subcategorias

Pontos fortes do componente curricular

 Discussão sobre as competências.  Abordagem baseada em casos.  Aprendizagem interprofissional. Prática interprofissional.

Pontos fracos do componente curricular

 Cronograma insuficiente para o conteúdo.  Número de atividade prática insuficiente.  Incompatibilidade de agenda.

 Organização da atividade prática. Sugestões para uma

próxima oferta

 Acréscimo de dias para a oferta.  Revisão dos pontos críticos da prática ambulatorial.

 Incluir outros cenários de prática.  Incluir outras metodologias.

Fonte: Elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa

Os resultados da etapa II estão sumarizados na Figura 4 que segue.

Figura 4 – Resultados da etapa II

Fonte: elaborado pela autora a partir dos dados da pesquisa

(39)

4.3.1 Resultado da análise dos portfólios

Este tópico apresenta o resultado da análise de conteúdo dos portfólios preenchidos por dezenove estudantes que participaram integralmente do componente curricular. O roteiro para o preenchimento do portfólio foi encaminhado por correio eletrônico e a explicação sobre o seu preenchimento foi efetuada durante o último encontro (o roteiro sugerido para a elaboração do portfólio encontra-se no Anexo E). As categorias e subcategorias foram evidenciadas indutivamente, tomando como referência a pergunta norteadora da pesquisa, os objetivos delineados e o referencial teórico adotado neste estudo. Após realizar os processos de análise descritos no item 3.5.2, o resultado encontra-se sumarizado no Quadro 12.

Quadro 12 – Categorias de análise originadas dos portfólios reflexivos

Categorias Subcategorias

Discutindo sobre as competências

Dificuldades de enquadramento das competências Reconhecimento do próprio papel

Conhecendo o papel do outro

Compreendendo a competência colaborativa Aprendendo com o diálogo Desenvolvendo habilidades comunicativas

Encontrando o momento de ouvir e falar Compartilhamento de saberes

Elaboração de um conhecimento novo Competências colaborativas Percebendo as necessidades da família

Interdependência e responsabilidades Respeitando o outro Trabalhando em equipe Refletindo sobre as potencialidades da oferta educacional

Aprendendo com a experiência do outro Valorizando a vivência interprofissional

Lacunas sobre interprofissionalidade na formação Novos olhares dirigidos à puericultura e EIP

Fonte: elaboração a partir dos resultados da pesquisa

4.3.1.1 Discutindo as competências

A reflexão trouxe elementos que apontam para a grande dificuldade em se identificar as competências específicas de determinada profissão, em especial, a falta de conhecimento sobre o papel de outros profissionais na prestação de cuidados ao paciente/cliente e sua família.

Referências

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