• Nenhum resultado encontrado

Ponto02-EvolucaohistoricadoDirAdm

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Ponto02-EvolucaohistoricadoDirAdm"

Copied!
11
0
0

Texto

(1)

DIREITO NO BRASIL

AULA DE

DIREITO ADMINISTRATIVO I

Profª Lúcia Luz Meyer

revisto e atualizado em 02.2010

PONTO 02 - EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO

DIREITO ADMINISTRATIVO

Roteiro de Aula (11 fls)

2.1. Fases de submissão da Administração Pública ao Direito. 2.1.1. Pré-história. 2.1.2. Idade Antiga. 2.1.3. Idade Média. 2.1.4. Idade Moderna. 2.1.5. Idade contemporânea. 2.2. Princípios gerais da organização do Estado de Direito. 2.3. Pressupostos do Direito Administrativo. 2.4. Evolução. 2.5. Sistemas fundamentais de controle da Administração. 2.5.1. Tipos de controle. 2.5.2. Medidas judiciais. 2.5.3. Recursos administrativos: 2.6. O Direito Administrativo Brasileiro e sua formação histórica.

2.1. FASES DE SUBMISSÃO DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA AO DIREITO: Como já visto no Ponto anterior do programa de Direito Administrativo, desde que haja um mínimo de organização social, por mais simples que seja a sociedade, pode-se falar em Administração Pública, mas não em Direito Administrativo.

Vimos também que é possível estudar a Administração Pública tanto no sentido objetivo quanto no sentido subjetivo, e que neste sentido subjetivo a Administração Pública é um complexo organizado que coordena as atividades administrativas do Estado, perseguindo fins que se concretizam na satisfação do interesse público.

Pode-se afirmar, sucintamente, que Administração Pública é o Estado no exercício da função administrativa (considerando-se os três Poderes estatais: Executivo, Legislativo e Judiciário).

2.1.1. Pré-História - até por volta de 4.000 aC:

Na pré-história ainda não ocorreu o aparecimento da linguagem escrita (daí essa denominação de PRÉ história!). São os períodos Paleolítico e Mesolítico.

Já no período Neolítico verificam-se cultos religiosos, a administração da produção, da divisão do trabalho e da defesa da terra; há o surgimento das aldeias e o armazenamento de

(2)

excedentes para consumo pela coletividade. Entretanto, ainda não há que se falar em ‘Direito Administrativo’ nesse período.

2.1.2. Idade Antiga - 4.000 a.C. a 476 dC:

Considera-se que na mais remota antigüidade, aqui denominada de Idade Antiga, já existia uma Administração Pública, com uma organização social, política e econômica. Esse período histórico é caracterizado por sociedades de classes, com a soberania de caráter pessoal e absoluta.

As regras de Administração Pública, vinculadas ao Direito, são regras esparsas e limitadas a aspectos específicos, daí, também nesse período não há que se falar em ‘Direito Administrativo’.

2.1.3. Idade Média - 476 a 1453 dC:

A época Medieval ainda não era um ambiente propício ao surgimento do Direito Administrativo. Vigoravam, em regra, as monarquias absolutas, imperando o entendimento de que o rei não erra: ‘The king can do no wrong’; ‘Le roi ne peut mal faire’.

Nesse período o rei estava acima do ordenamento jurídico, o que fundamentava a teoria da irresponsabilidade do Estado, pois se o Estado era era o próprio rei (L´État c'est moi” - França, Luiz XIV), e o rei não erra, o Estado também não erra, logo, não tem porque assumir responsabilidades; o rei decide conflitos de interesse, estando acima dos Tribunais.

É nos séculos XIII e XIV que surge o germe do atual Direito Constitucional, bem como do Direito Administrativo e do Direito Fiscal. Ver a obra de ANDRÉA BONELLO (1190-1275) sobre estruturas fiscais e Administrativas do Código de Justiniano. Ainda no séc. XIV, com BARTOLLO DE SASSOFERATO (1313-1357), surge a base das teorias do Estado Moderno.

Segundo EDMIR NETTO DE ARAÚJO (Curso de Direito Administrativo, São Paulo: Saraiva, 2005, pp. 07-08):

Costuma-se denominar Idade Média ao período de mais de dez séculos compreendido entre a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C. (...), e o assim chamado Renascimento, que alguns indicam como o período que se seguiu ao fim do Império Bizantino, conquistado pelos turcos em Constantinopla, em 1453. (...). Do ponto de vista administrativo, costuma-se dividir esse período em fase da administração feudal, cuja organização administrativa era apenas incipiente, baseada no arbítrio e na propriedade da terra (...), e fase da administração comunal, quando os burgos medievais se organizaram, mais por volta do séc. XII, em comunas, com base no modelo romano dos municípios, (...).

2.1.4. Idade Moderna - 1453 a 1789 dC:

(3)

surgem as Monarquias nacionais, dando início à Idade Moderna.

No séc. XVIII ocorrem as importantes revoluções sociais, pondo fim aos velhos regimes absolutistas. Proliferam as idéias de JOHN LOCKE, JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778) e de Charles-Louis de Secondat (1689-1755), o Senhor da La Bréde e Barão de MONTESQUIEU (“L’esprit de lois”, de 1748), com sua conhecida Teoria da Separação de

Funções Estatais (tripartição de Poderes), implantando um sistema de freios e contrapesos, com

influência na Independência dos EUA e na Revolução Francesa e em todos os sistemas políticos dos atuais Estados democráticos.

Em 1776, com a independência das 13 colônias inglesas na América do Norte, há a primeira proclamação institucional dos direitos fundamentais do homem, também com significativa influência na organização política dos Estados democráticos. Em 1787 assina-se a Constituição dos Estados Unidos da América do Norte, 1ª Constituição escrita do mundo.

É o ano de 1789 - ano-data da Revolução Francesa, com a queda da Bastilha, e do início da Idade contemporânea - que se firma como marco inicial do DIREITO ADMINISTRATIVO.

Recomenda-se como indispensável a leitura da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 26/8/1789.

Surge o Estado moderno como um Estado de Direito, atendendo ao princípio basilar da legalidade, onde até os reis se submetem às leis (é a teoria da separação de poderes).

Há o surgimento do Direito Administrativo como ramo autônomo do Direito Público, ao lado do Direito Constitucional, produto da Europa Ocidental continental pós-revolucionária. No entanto, é de observar que a origem e desenvolvimento do Direito Administrativo diferem no espaço e no tempo.

2.1.5. Idade Contemporânea - 1789 aos dias atuais:

Na Idade Contemporânea proliferam os Estados Democráticos de Direito, que observam, portanto, os princípios e normas constitucionais. Há aí o surgimento e o crescimento do Direito Administrativo.

Discorre sobre esse período ODETE MEDAUAR (Direito Administrativo Moderno, 11ª ed, São Paulo: Revista dos Tribunais, 2007, p. 25) afirmando que:

Na segunda metade do século XIX veio à luz a concepção de Estado de direito, vinculada ao contexto das idéias políticas então existentes. Na sua formulação originária revestia-se de significado polêmico contra o Estado absolutista tardio e visava, na essência, a limitar o poder pelo direito, como garantia dos indivíduos contra o arbítrio. Com o Estado de direito os governantes e autoridades públicas submetem-se ao direito e são objeto de normas jurídicas, como os indivíduos, não estando, pois, acima e fora do direito.

A expressão Estado de direito pode levar a entender que a mera existência de uma Constituição e de um conjunto de normas, de conteúdo qualquer, permite qualificar um Estado como de ‘direito’. Na verdade, hoje, a concepção de Estado de direito liga-se a um contexto de valores e à idéia de que o direito não se resume na regra escrita. Seus elementos básicos são os seguintes: sujeição do poder político à lei e ao direito (legalidade); declaração e garantia dos direitos fundamentais; funcionamento de juízos e tribunais protetores dos direitos dos indivíduos; criação e execução do

(4)

direito como ordenamento destinado à justiça e à paz social.

O Direito Administrativo vincula-se à concepção de Estado de direito, justamente porque fixa normas para as atividades da Administração, que é um dos setores do Estado. Somente sob a inspiração da idéia de Estado de direito seria possível fixar preceitos que protegem direitos dos indivíduos, perante a Administração, limitando o poder das autoridades.

A Lei do 28 pluviose, do ano VIII (1800), na França, é para muitos o ato de nascimento do Direito Administrativo. Vale citar ROMAGNOSI (1814) – com a obra “Principi fondamentali del diritto amministrativo onde tesserne le istituzioni” (Itália); MACAREL (1818) - com a obra “Les éléments de juriprudence administrative” - (França); DE GERANDO (1830);

CORMENIN (1840); OTTO MAYER (1883) – com a obra “Deutsches Verwaltungsrecht”, (Alemanha); ORLANDO (1885) - “Primo trattado completo di diritto amministrativo italiano” – 17 volumes – (Itália); LAFERRIÈRE (1887) – “Traité de la juridiction administrative”, (França); HAURIOU – elaborou a teoria da instituição e a concepção de ‘regime administrativo’ (França); DUGUIT – encabeçou a “Escola de Serviço Público”, (França), entre outros.

Precioso o ensinamento de CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO (Curso de Direito Administrativo, 26a ed., São Paulo: Malheiros, 01.2009, pp. 38-39) ao explanar que:

O que hoje conhecemos por “Direito Administrativo” nasceu na França. Mais que por leis que regulassem as relações entre Administração e administrados, foi construído por obra da jurisprudência de um órgão – Conselho de Estado – encarregado de dirimir as contendas que surgissem entre as duas partes. Tal órgão, diga-se de passagem, é alheio ao Poder Judiciário. Estava e está integrado no próprio Poder Executivo, a despeito de ter a natureza jurisdicional, isto é, de decidir com força de coisa julgada.

Continua o retro-citado autor (01.2009:40) dizendo que:

A evolução histórica responsável por este encaminhamento que afastou o Poder Judiciário do exame dos atos administrativos e que culminou com a instituição de uma “Jurisdição Administrativa”, criadora do Direito Administrativo, advém de que, após a Revolução Francesa, desenvolveu-se naquele país uma singular concepção de tripartição do exercício do Poder, segundo a qual haveria uma violação dela se o Judiciário controlasse atos provenientes do Executivo. Em verdade, essa teorização foi simplesmente uma forma eufêmica de traduzir a prevenção que os revolucionários tinham com o Poder Judiciário (então denominado “Parlamento”), o qual, além de arraigado conservantismo, de fato invadia competências administrativas e arvorava-se em administrador.

Segundo ensina VICENTE RÁO (O Direito e a Vida dos Direitos, vol 1, 4ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 8.1997):

[...] a ‘Declaração Universal dos Direitos do Homem’, pela ONU, em 10/12/1948, foi um Ato de caráter internacional que constitui o mais importante documento contemporâneo no sentido social e político e a súmula mais perfeita dos direitos e deveres fundamentais do homem sob os aspectos individual, social e universal.

2.2. PRINCÍPIOS GERAIS DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO DE DIREITO: São princípios gerais que norteiam a organização do Estado de Direito:

(5)

b) temporariedade das funções políticas, legislativas e executivas; c) divisão (com independência e harmonia) dos Poderes políticos;

d) garantia e disciplina jurídica dos direitos civis, políticos e econômicos, inerentes à personalidade humana;

e) participação do Estado, assim organizado, na comunidade internacional, baseada no reconhecimento dos princípios fundamentais de organização democrática.

2.3. PRESSUPOSTOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO: São pressupostos do Direito Administrativo:

a) supremacia do Poder Público sobre os cidadãos;

b) prevalência dos interesses públicos sobre os individuais;

c) desigualdade jurídica entre a Administração e os administrados;

d) presunção de legitimidade dos atos da Administração Pública; cabe ao particular provar o contrário;

e) necessidade de poderes discricionários para atender ao interesse público. 2.4. EVOLUÇÃO:

O Estado, como sociedade politicamente organizada, passou pelas seguintes fases na sua evolução:

a) Estado Liberal (também conhecido como Estado de Polícia, pois existia praticamente para manter a ordem pública);

b) Estado do Bem Estar Social (inclui saúde, educação, assistência e previdência social, cultura, etc); aí amplia-se a máquina estatal e o conteúdo do Direito Administrativo; tem-se o denominado Estado de Providência., ou Estado

Provedor;

c) Estado Intervencionista (maior interferência no domínio econômico; disciplina e fiscaliza a atividade privada);

d) e, finalmente, o atual Estado Gerenciador, ou Regulador, ou Subsidiário, ou

Mínimo, ou Neoliberal, (dentre outros tantos ‘apelidos’), devolvendo ao particular

determinadas atividades econômicas que vinha executando e, também, buscando desenvolver uma parceria na prestação de serviços públicos (concessão, permissão).

(6)

O Direito Francês:

O Direito francês deu origem ao Direito Administrativo, salientando-se a escola legalista (exegética). Também ressalta-se a interpretação de textos legais pelos Tribunais Administrativos.

Havia uma jurisdição administrativa ao lado da jurisdição comum. O contencioso administrativo é a peça fundamental do sistema francês: Conselho de Estado, órgão supremo da Administração francesa.

O Direito Alemão:

Registra-se na Alemanha a elaboração científica do Direito Administrativo (Verwaltungsrecht); o Direito Administrativo resulta não de revoluções sociais, mas da evolução do direito.

Prática das autoridades, jurisdição administrativa e doutrina. Teoria do Fisco, segundo a qual o patrimônio público não é do Príncipe nem do Estado, mas do Fisco; submete-se aos Tribunais - Direito Civil. No Estado moderno desenvolve-se o Direito Público, em especial o Direito Administrativo, influenciado pelo Direito Civil.

O Direito Italiano:

Escola legalista e científica; na Itália há a sistematização do Direito Administrativo. Assim como na Alemanha, não houve rompimento brusco com o Direito anterior.

O Direito Anglo-Americano:

O Direito anglo-americano difere do Direito francês, do alemão, do italiano e do brasileiro, eis que estes têm base no direito romano. Ele se inspira no sistema da Commom Law (direito comum), ou direito não escrito, baseado nos costumes, usos e decisões da Justiça; difere do Statute Law (direito legislado); sistema da equidade quando não se encontra lei comum.

Maior relevância da figura do JUIZ; os Poderes Legislativo e Judiciário tem maior poder de controle que o Executivo.

Há menos privilégios para a Administração Pública (Poder Executivo) implicando menor desenvolvimento do Direito Administrativo.

Na Inglaterra, somente em 1947 cai ‘Teoria da Irresponsabilidade Civil do Estado’.

Nos EUA há forte predominância da jurisprudência no Direito Administrativo. O ensino universitário é baseado em textos de decisões judiciais. De fato, os órgãos administrativos têm funções quase judiciais. Serviços de utilidade pública são deixados para os particulares (p. ex. licenças).

(7)

2.5. SISTEMAS FUNDAMENTAIS DE CONTROLE DA ADMINISTRAÇÃO: Este assunto será objeto de estudo específico no Ponto 34. Por ora, vejamos uma idéia geral sobre o controle da Administração Pública.

Para MARIA SYLVIA ZANELLA DI PIETRO (Direito Administrativo, 2ª ed, São Paulo: Atlas, 2009, p. 724):

No exercício de suas funções, a Administração Pública sujeita-se a controle por parte dos Poderes Legislativo e Judiciário, além de exercer, ela mesma, o controle sobre seus próprios atos.

Esse controle abrange não só os órgãos do Poder Executivo, mas também os dos demais Poderes, quando exerçam função tipicamente administrativa; em outras palavras, abrange a Administração Pública considerada em sentido amplo.

A finalidade do controle é a de assegurar que a Administração atue em consonância com os princípios que lhe são impostos pelo ordenamento jurídico, como os da legalidade, moralidade, finalidade pública, publicidade, motivação, impessoalidade; em determinadas circunstâncias, abrange também o controle chamado de mérito e que diz respeito aos aspectos discricionários da atuação administrativa.

Ver arts. 70-75 da CF/88; Lei nº 4.898/65: direito de representação e processos de responsabilidade administrativa, civil e penal - abuso de poder; a Lei nº 8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa – LIA; o Decreto-Lei nº 200/67 – art. 25; a Lei nº 8.028/90, e etc...

2.5.1. Tipos de Controle:

Existem vários tipos de controle da Administração Pública: Quanto ao órgão o controle pode ser:

a) administrativo; b) legislativo; c) judicial.

Quanto ao momento tem-se o controle:

a) prévio (arts. 49, II, III, XV, XVI e XVII; art. 52, III, IV e V da CF/88); b) concomitante (ex. sobre escolas, hospitais, auditoria orçamentária);

c) posterior (rever atos já praticados: aprovação, homologação, anulação, revogação, convalidação).

O controle pode ser, também:

(8)

Poder Executivo – arts. 70 e 74 da CF/88. É um poder de autotutela, de rever atos ilegais, inoportunos ou inconvenientes. É um auto controle.

- Súmula 346: A Administração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios atos.

- Súmula 473: A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.

É um sistema de auditoria. Na Administração Indireta há duplo controle, vale dizer, tanto o interno quanto o controle externo.

b) externo ( ou exógeno) – feito por órgãos alheios ao Poder Executivo – arts. 70/71 da CF/88:

b.1) Controle Legislativo:

- controle político – aspecto de legalidade e de mérito – Congresso Nacional (Art. 49, I, II, III, IV, V, IX, X, XII, XIV, XVI e XVII - Senado Federal, art. 52, III, IV, V e X – CPI’s), art. 50, 51, § 2º da CF/88;

- controle de legalidade da Administração Indireta: Lei nº 6.223, de 14/07/75 e Lei nº 6.525, de 11/04/78; CPI – art. 58, § 3º da CF/88; - controle financeiro – arts. 70-75/CF – fiscalização contábil, financeira e orçamentária – Congresso Nacional, com o auxílio do Tribunal de Contas (órgão independente, auxiliar do Legislativo e colaborador do Executivo; função: fiscalização financeira (recursos), consulta (pareceres prévios), informações e julgamento); Lei Complementar nº 101, de 04/05/2000 (Responsabilidade Fiscal): “não se pode gastar mais do que se arrecada”.

b.2) Controle Jurisdicional:

No Brasil temos uma jurisdição única: Poder Judiciário (art. 5º, XXXV da CF/88); o Judiciário apenas pode controlar aspecto de legalidade ou legitimidade (não do mérito).

Atuação do Ministério Público – art. 129 da CF/88.

Controle difuso (qualquer Juiz, no caso concreto) e controle concentrado (um único órgão = Supremo Tribunal Federal - STF).

(9)

Como medidas judiciais tem-se as comuns, de direito privado, bem como os remédios constitucionais.

a) as medidas comuns de direito privado são as ações cautelares em geral, ordinárias de indenização, defesa e reintegração de posse, etc.

b) os remédios constitucionais são:

b.1) Habeas Corpus – art. 5º, LXVIII da CF/88 – liberdade de locomoção (ilegalidade/abuso de poder);

b.2) Mandado de Segurança Individual – direito líquido e certo (art. 5º, LXIX da

CF/88);

b.3) Mandado de Segurança Coletivo (art. 5º LXX da CF/88) – Lei nº 1.533/51 – direito líquido e certo não amparado pelo HC ou HD – independe de instrução probatória – liminar;

b.4) Habeas Data – art. 5º, LXXII da CF/88, Lei nº 9.507/97 – conhecimento ou retificações de informações pessoais;

b.5) Mandado de Injunção – art. 5º da CF/88 – controle da inércia do Poder Executivo;

b.6) Ação Popular – art. 5º, LXXIII da CF/88 – Lei nº 4.717/65 – atos lesivos ao patrimônio público ou à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural; condenação do agente e os beneficiários por perdas e danos;

b.7) Ação Civil Pública – art. 129, III da CF/88 – Lei nº 7.347/85 - Ministério Público, Defensoria Pública, União, Estados, Municípios, Administração Indireta, associações especiais;

b.8) Ação Direta de Inconstitucionalidade por ação ou por omissão – art. 102, I, a e art. 103 da CF/88 / Ação Declaratória de Constitucionalidade (EC nº 03/93 – art. 103, § 4º).

2.5.3. Recursos administrativos:

O recurso administrativo ocorre quando o administrado provoca o reexame do ato da Administração Pública;

Efeitos dos recursos: a) suspensivo; b) devolutivo. Podem ser:

(10)

a) incidentais (já em curso um processo);

b) deflagradores (instauram um processo autônomo). Tipos de recursos:

a) representação (através de qualquer pessoa) – Lei nº 4.898, de 09/12/65; art. 74, § 2º da CF/88; art. 198, CPC – denuncia irregularidade, ilegalidade e condutas abusivas do agente público;

b) reclamação administrativa (pelo interessado direto) – Dec. nº 20.910, de 06/01/32 / revisão do ato que prejudica o direito ou interesse;

c) reconsideração – art. 106 da Lei nº 8.112/90 - pedidos hierárquicos, dirigidos ao agente que produziu o ato; art. 5º, XXXIV e LV da CF/88;

d) revisão – reapreciação de decisão já proferida; quando há surgimento de fatos novos.

2.6. DIREITO ADMINISTRATIVO BRASILEIRO:

No Brasil, o Direito Administrativo evoluiu como nas demais nações da Europa Continental e da América Latina.

Em 1851 foi criada a cadeira de Direito Administrativo nos cursos jurídicos existentes. Em 1857 VICENTE PEREIRA DO REGO elaborou a 1ª obra sistematizada - “Elementos de Direito Administrativo Brasileiro” -, que foi o primeiro livro a ser publicado na América Latina sobre o assunto. Em 1889, com a Proclamação da República, continuam os estudos sistematizados sobre o Direito Administrativo; surgem Revistas Especializadas como instrumento de atualização do Direito Administrativo. Desde a Constituição de 1891 temos um sistema judiciário de jurisdição única que julga todos os litígios, quer de natureza administrativa ou de interesses exclusivamente privados. Em 1934 o Direito Administrativo experimenta uma grande evolução devido à extensão das atividades do Estado, previstas na Constituição de 1934; chega-se a instituir um ‘Tribunal de Direito Administrativo’ na esfera federal; cresce a máquina estatal e enriquece-se o Direito Administrativo.

Nosso sistema é originário da Inglaterra, que se transplantou para os EUA e para o Brasil; tem sua origem contra os privilégios e desmandos da corte inglesa de administrar e julgar. No direito anglo-saxônico é inconciliável o contencioso administrativo.

O Direito Administrativo Brasileiro que sofreu grande influência do direito francês, alemão e italiano. Hoje, sofre a influência do Direito Público norte-americano.

A Administração Pública Brasileira não pode exercer funções materialmente judiciais; as decisões jurisdicionais sujeitas à revisão judicial. A Codificação do Direito Administrativo brasileiro é ainda um projeto.

(11)

DOUTRINA CITADA:

ARAÚJO, Edmir Netto de - Curso de Direito Administrativo, São Paulo: Saraiva, 2005.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella - Direito Administrativo Brasileiro, 22ª ed, São Paulo: Atlas,

2009.

MEDAUAR, Odete - Direito Administrativo Moderno, 11ª ed, revista e atualizada, São Paulo:

Revista dos Tribunais, 2007.

MELLO, Celso Antônio Bandeira de – Curso de Direito Administrativo, 26ª ed, revista e

atualizada, São Paulo: Malheiros, 01-2009.

RÁO, Vicente - O Direito e a Vida dos Direitos, vol 1, 4ª ed. São Paulo: Revista dos Tribunais,

8.1997.

TEXTOS RECOMENDADOS COMO LEITURA COMPLEMENTAR:

BINENBOJM, Gustavo – A constitucionalização do Direito Administrativo no Brasil: um

inventário de avanços e retrocessos – (disponível em: Revista Eletrônica sobre a Reforma do Estado, n° 13, março/abril/maio de 2008, Salvador-Bahia-Brasil – direitodoestado.com.br ) - TEXTO 0267.

DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella - 500 anos de Direito Administrativo Brasileiro, (disponível

em: Revista Eletrônica de Direito do Estado, n° 5 – 2006 ) - TEXTO Nº 0240.

MODESTO, Paulo - Notas de Introdução ao Direito Administrativo, (disponível em: Revista

Eletrônica de Direito do Estado – n° 9 – 2007) - TEXTO Nº 0241.

PESSOA, Robertônio Santos - Alerta! A ‘nova Administração Pública’, (<

http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=318 >) - TEXTO Nº 0012.

QUEIROZ, Luiz Viana - O Direito no Brasil Colônia, (disponível em: Revista Eletrônica de

Direito do Estado – n° 12 – 2008) - TEXTO Nº 0238.

Osnabrück (DE), revisto e atualizado em 19 de fevereiro de 2010 Profª LUCIA (LUZ) MEYER

meyer.lucia@gmail.com

http://sites.google.com/site/meyerlucia/ https://twitter.com/lucialmeyer

Referências

Documentos relacionados

Assim, o valor do custo de capital servirá, não somente como padrão comparativo de retorno exigido, mas também como a taxa para descontar adequadamente os fluxo de

O Vestibular Agendado – 2º semestre de 2014 da Faculdade Santa Rita – FaSaR será realizado por meio de inscrição e realização da prova escrita pelo candidato, com a finalidade

Tal re for ma re quer não so men te uma maior pro fis sio na li za ção da ges tão pú bli ca co mo tam bém um cer to grau de des cen tra li za ção do Es ta do, com a trans fe rên

CLÁUSULA SEXTA - O pagamento mensal dos salários será pago até o quinto dia útil do mês subsequente, caso a empresa deixar de pagar dentro do prazo, fica estabelecida a

não, havendo recurso para o Tribunal Superior Eleitoral, as notificações para oferecimento de contrarrazoes serão feitas mediante a afixação no quadro de avisos da

Sendo os resultados experimentais (verde) obtidos nas amostras sem desvolatilizacão da Figura 37, fizeram-se a descrição feita acima onde a media final serviu

As inscrições para este Concurso Público serão realizadas exclusivamente pela Internet, no endereço eletrônico do IBFC (www.ibfc.org.br), no período das 8h do dia 09

As IMagens e o texto da Comunicação (com as legendas incluídas) devem ser enviadas por correio eletrônico. Comitê