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Academic year: 2021

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V OL UME I | NÚMERO 1 | J AN-JUN / 2 0 19 RECEBIDO EM: 04/04/2019 ACEITO EM: 04/06/2019

Multiparentalidade: efeitos

sucessórios da concomitância

entre o parentesco sociofetivo e o

reconhecimento biológico

Giorge Andre Lando1

Lucas Emmanuel Fortes dos Santos2

Resumo

O parentesco já não se restringe ao campo da consanguinidade dada a inaptidão desta para definir as relações estabelecidas entre indivíduos. O determinismo biológico, por si só considerado, gera visão reducionista e inacabada do parentesco, não agregando em seu arcabouço, a potencialidade da afeição. O artigo tem por objetivo discorrer acerca dos efeitos sucessórios decorrentes da concomitância entre o parentesco socioafetivo e o reconhecimento biológico no âmbito da família multiparental. Tratar-se-á de uma pesquisa descritiva-exploratória, de abordagem qualitativa, desenvolvida por meio da técnica bibliográfica e de análise documental. A multiparentalidade constitui formatação familiar que possibilita a coexistência dos aspectos biológicos e afetivos da parentalidade, gerando assim, repercussões no âmbito sucessório que desafiam o legislador civilista, bem como a delimitação dos efeitos jurídicos daí advindos. Deste modo, nos julgados pátrios, os tribunais procedem cada vez mais ao reconhecimento do afeto, a fim de estabelecer o tratamento sucessório cabível. Nesse desenho, evidencia-se as dificuldades concretas nascidas em razão da desbiologização do parentesco, no que tange à transmissão patrimonial. Não somente isto, aponta-se a necessidade de resolução das problemáticas sucessórias advindas deste fenômeno de concomitância parental, vez que o Código Civil vigente é omisso quanto ao tema. Para eliminar as situações de desproporcionalidade e de ataque à dignidade da pessoa humana na herdação de bens do

1 Pós-Doutor em Direito pela Università degli Studi di Messina – Itália. Doutor em Direito pela Faculdade Autônoma de Direito de São Paulo. Professor Adjunto da Universidade de Pernambuco – UPE. Professor Permanente do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos – PPGDH da Universidade Federal de Pernambuco – UFPE. E-mail: giorgelando.gl@ gmail.com

2 Advogado. Pós-graduando em Direito e Democracia pela Universidade Federal do Piauí – UFPI. Bacharel em Direito pelo Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão – UniFacema. E-mail: luksfortes@ outlook.com

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de cujus em favor dos ascendentes, as linhas maternas e paternas devem ser ignoradas

quando da interpretação da norma, que deve ser aplicada pautada no princípio da igualdade entre os herdeiros no mesmo grau.

Palavras-chave: Direito. Família multiparental. Parentesco socioafetivo.

Reconhecimento biológico. Sucessão.

Multiparentality: successive effects of the concomitance between

socio-affective kinship relationship and biological recognition

Abstract

Kinship is no longer confined to the field of inbreeding given its inability to define relationships established between individuals. Biological determinism, in itself considered, generates a reductionist and unfinished vision of kinship, not adding in its framework, the potentiality of affection. The article aims to discuss the succession effects arising from the concomitance between socio-affective kinship and biological recognition within the multiparental family. It will be a descriptive-exploratory research, with a qualitative approach, developed through bibliographical technique and documentary analysis. Multiparentality is a familiar format that allows for the coexistence of the biological and affective aspects of parenthood, thus generating repercussions on the succession that challenge the civilian legislator, as well as the delimitation of the legal effects that ensue. In this way, in the judgments of the courts, the courts proceed more and more to the recognition of affection, in order to establish the appropriate succession treatment. In view of this, it is intended to highlight the concrete difficulties born due to affective kinship, regarding the transfer of assets. In order to eliminate situations of disproportionality and attack on the dignity of the human person in the inheritance of goods of the de cujus in favor of ascendants, the maternal and paternal lines should be ignored when interpreting the norm, which should be applied based on the principle of equality between the heirs in the same degree.

Key words: Right. Multiparental family. Socio-affective kinship. Biological recognition.

Succession.

Multiparentalidad: efectos sucesorios de la concomitancia entre el

parentesco social y el reconocimiento biológico

Resumen

El parentesco ya no se restringe al campo de la consanguinidad dada la inaptitud de ésta para definir las relaciones establecidas entre individuos. El determinismo biológico, por sí solo considerado, genera visión reduccionista e inacabada del parentesco, no agregando en su estructura, la potencialidad del afecto. El artículo tiene por objeto discurrir acerca de los efectos sucesorios resultantes de la concomitancia entre el parentesco socioafectivo y el reconocimiento biológico en el ámbito de la familia multiparental. Se tratará de una investigación descriptiva-exploratoria, de abordaje cualitativo, desarrollada por medio de la técnica bibliográfica y de análisis documental.

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La multiparentalidad constituye un formato familiar que posibilita la coexistencia de los aspectos biológicos y afectivos de la parentalidad, generando así, repercusiones en el ámbito sucesorio que desafían al legislador civilista, así como la delimitación de los efectos jurídicos que se derivan. De este modo, en los juzgados patrios, los tribunales proceden cada vez más al reconocimiento del afecto, a fin de establecer el tratamiento sucesorio adecuado. En ese dibujo, se pretende evidenciar las dificultades concretas nacidas en razón de la desbiologización del parentesco, en lo que se refiere a la transmisión patrimonial. Para eliminar las situaciones de desproporcionalidad y de ataque a la dignidad de la persona humana en la herencia de bienes del de cujus a favor de los ascendientes, las líneas maternas y paternas deben ser ignoradas cuando la interpretación de la norma, que debe aplicarse pautada en el principio de igualdad entre los herederos en el mismo grado.

Palabras clave: Derecho. Familia multiparental. Parentesco socioactivo.

Reconocimiento biológico. Sucesión.

SUMÁRIO: 1 INTRODUÇÃO; 2 O FENÔMENO DA DESBIOLOGIZAÇÃO; 3 PARENTESCO

SOCIOAFETIVO; 4 A PRIMAZIA DA SOCIOAFETIVIDADE NO STJ; 5 O RECONHECIMENTO DA MULTIPARENTALIDADE COMO ENTIDADE FAMILIAR; 5.1 Da Mínima intervenção do Estado; 5.2 Do Melhor interesse da Criança e do adolescente; 5.3 Da pluralidade familiar; 5.4 A emergência da família multiparental; 6 A REPERCUSSÃO DA MULTIPARENTALIDADE NO DIREITO DAS SUCESSÕES; 6.1 Os ascendentes como herdeiros necessários; 6.2 Os ascendentes concorrendo com o cônjuge supérstite; 6.3 O Direito das Sucessões face ao reconhecimento do parentesco socioafetivos; 6.4 O novo arranjo multiparental e a repercussão no direito das sucessões: como ficam os ascendentes?; 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS; REFERÊNCIAS.

1 INTRODUÇÃO

As relações de parentesco são laços oriundos da consanguinidade ou da afetividade, que vinculam pessoas a um grupo familiar. São ainda, ligações de natureza jurídica delineadas pela lei, aptas a impor deveres recíprocos e a garantir direitos. Sobreleva-se que o parentesco não se forma, nem se desconstitui por ato de vontade. O tipo de parentesco, bem como sua intensidade, cria reflexos jurídicos diversos, de acordo com o grau de proximidade entre os parentes. Assim, parentes mais próximos são convocados com primazia quando houver, a exemplo, obrigação alimentar ou sucessão. A Constituição Federal de 1988 alargou o conceito de entidade familiar ao abolir quaisquer distinções entre filhos, possibilitando a ocorrência do processo de desbiologização das relações de parentesco (DIAS, 2015, p. 377).

Tartuce (2016, p. 1.366) fortalece esta compreensão ao estabelecer que o parentesco pode ser entendido como um vínculo jurídico que se forma entre indivíduos com a mesma origem biológica. Ocorre entre um cônjuge ou companheiro e aqueles que são parentes do outro; e ainda, entre indivíduos que possuem entre si, vínculo de caráter civil.

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Deste modo, a autoridade parental adquire agora novos contornos, porque ampliada pela absorção do afeto em nosso ordenamento jurídico, e deverá ser exercida por todos aqueles a quem pertença a paternidade, seja consanguínea, seja afetiva. Em razão deste fenômeno, surgem novos arranjos familiares, como a família multiparental, repercutindo necessariamente no âmbito sucessório. Destarte, a herança, que deve ser repartida aos parentes sobreviventes, ainda é objeto de intensas controvérsias nessa configuração familiar, em razão do silêncio do Código Civil sobre como se proceder à partilha de bens neste caso (MADALENO, 2013, p.477).

Diante do reconhecimento da família multiparental pelo Supremo Tribunal Federal, verifica-se a ausência de solução equânime na Lei Civil para a sucessões dos ascendentes, tanto na sucessão pura quanto na sucessão com concorrência do cônjuge viúvo. Para tanto, a presente pesquisa pretende apresentar a resolução da aparente lacuna legislativa por intermédio de teorias defendidas por juristas brasileiros. Para tanto, realizar-se-á pesquisa descritiva-exploratória, de abordagem qualitativa, desenvolvida por meio da técnica bibliográfica e de análise documental.

2 O FENÔMENO DA DESBIOLOGIZAÇÃO

De início, deve-se compreender, que historicamente, a consanguinidade definiu a construção familiar, inviabilizando seu desdobramento em espécies inéditas de arranjos. Porém, tornou-se inevitável, diante do aprimoramento das relações, o reconhecimento de novos conceitos acerca da família. Esta, gradativamente, perdeu seu caráter econômico e religioso transmutando-se num espaço definido pela benquerença e proteção. É a sua concepção eudaimonista (VILLELA, 1979, p. 412).

Esta reinterpretação da família torna-se cada vez mais recorrente, entendendo-a como um núcleo cujos elementos formadores giram em torno do afeto, capaz de tornar viável a felicidade de seus componentes. A felicidade é vista assim, como o bem supremo a ser buscado pela conjuntura familiar (MALUF; MALUF, 2013, p. 227).

Neste quadro, evidencia-se o importante fenômeno da desbiologização, em que o parâmetro sanguíneo é preterido face ao aspecto socioafetivo, demonstrando que a verdade biológica vem cedendo espaço social e jurídico diante da ressignificação da família, motivada pela estimação do afeto como valor supremo das relações. Este entendimento já se evidencia na adoção judicial, na chamada adoção à brasileira e na reprodução assistida (MADALENO, 2013, p.477). No presente, é cada vez mais comum decisões de tribunais reafirmando o valor do parentesco socioafetivo, dando maior importância às relações fundadas no amor. No entanto, num país afundado persistentemente numa crise ética e tomado pela desconfiança, torna-se difícil a defesa de pretensões alicerçadas unicamente em vínculos psicológicos (OLIVEIRA; FIORENZA, 2011, p. 188).

João Batista Villela (1979, p.408), em sua clássica obra acerca da desbiologização da paternidade, ao discorrer com maestria sobre o fenômeno,

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identifica a intuição humana, já no passado, em reconhecer a importância dos laços psicológicos em detrimento do puro aspecto genético. Esmiúça o clássico episódio do antigotestamentário (1 Reis 3,16-28), em que duas mulheres litigam a guarda de uma criança e perquirem o nobre rei em busca da resolução do conflito. O grande magistrado (tido pela Bíblia como o homem mais sábio de sua época, conforme 1 Reis 4:31) não buscou então critérios relativos à natureza genética para embasar sua sentença, antes sondou a força afetiva daquelas mulheres em relação ao bem estar do menor para concluir quem deveria ser aquela a ficar com ele. Assim, não estava Salomão em busca da mãe carnal, mas da afetiva. Solução avançada para uma época sem os modernos exames de DNA e numa cultura que valorizava exageradamente a consanguinidade. Vê-se assim, já no pretérito, a tendência à desbiologização das relações de parentesco.

3 PARENTESCO SOCIOAFETIVO

Prima facie, anota-se que o reconhecimento das relações baseadas na afeição

ocorreu gradualmente no Direito brasileiro. A união heterossexual sem casamento, a exemplo, foi considerada imoral, e somente após décadas de incontáveis batalhas judiciais chegou finalmente a ser reconhecida como união estável. Hodiernamente, tanto a doutrina como a jurisprudência admitem o valor intrínseco dos laços afetivos, considerando-os determinantes na avaliação de efeitos jurídicos no âmbito civil. No entanto, tratando-se das relações de parentesco, há de se admitir a existência de vozes contrárias quanto à aceitação do afeto como elemento que as legitime, vez que estas possuem natural volubilidade. Surge aqui, o questionamento acerca da permanência dos efeitos jurídicos gerados por estes laços, dada a cessação da afetividade. (BARBOZA, 2013, p. 112).

O termo “socioafetividade” é amplamente aceito pelos juristas por agregar o fato social (socio) e o aspecto normativo (afetividade) na compreensão das relações de parentesco. A afetividade, recepcionada pelo Direito de família brasileiro, a qual se atribui o papel de alicerce dos laços familiares, não se confunde com relações afetivas de outra natureza, como a vislumbrada entre amigos, onde não se percebe a intenção de formar família; nos laços parafamiliares, erigidos por motivo de costume ou convicções transcendentais; na affectio societatis, sustentada na confiança entre sócios de sociedades; no amor sem correspondência, em que o afeto não estabelece relação. Opera-se, na verdade, um distanciamento de sentidos entre estes conceitos, por diferirem em sua própria essência. (LOBO, 2015, p.1.747).

O parentesco socioafetivo interpreta-se como a ocorrência de um vínculo elaborado alheio à questão genética, afirmando-se pela convivência geradora de solidariedade e carinho recíproco, apta a fazer indivíduos tratarem-se como parentes. É a verdade socioafetiva nivelada à biológica ou até mesmo superando-a. A doutrina habitualmente reconhece este tipo de parentesco na relação pai/filho quando há a

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comprovação dos elementos formadores da posse de estado de filho, quais sejam:

reputatio, nominatio e tractatus. Não há óbice para que ela constitua meio idôneo na

comprovação da afetividade entre pais e filhos de criação, porém, é de relevo advertir que esta não é formadora do vínculo propriamente dito, sendo inapta a construir seu conteúdo, servindo, tão somente, para sua atestação. (BARBOZA, 2013, p. 114).

A substância da socioafetividade é na verdade, o aspecto fático decorrente da autoridade parental, onde o genitor não biológico, a despeito de obrigações legais ou de vínculos determinados pela genética, angaria para si obrigações relativas à educação, criação e edificação do caráter do filho. Assim, a relevância jurídica desta espécie de parentesco emerge da constatação da externalidade de condutas caracterizadoras da convivência em família, capazes de determinar comportamentos e anseios pessoais. (TEIXEIRA et al, 2015, p. 17, 18).

A posse de estado de filho caracteriza-se como a relação consolidada pelo amor e respeito, verificada socialmente através do tratamento afetuoso pelo pai como se seu fosse o filho. É invocada nas relações sempre que ocorrem litígios entre paternidades. Aqui, destaca-se a importância do parentesco socioafetivo gerado, vez que, na ocasião da investigação dessa posse, é imprescindível para a resolução do conflito. O discurso envolvendo a socioafetividade e a posse de estado de filho evidencia os sentimentos que emergem da familiaridade, pois é possível que um indivíduo ame um sujeito como filho ainda que não tenha contribuído com sua carga genética. (OLIVEIRA; FIORENZA, 2011, p.185).

Grande passo dado pelo direito de família em relação ao reconhecimento de relações de parentesco socioafetivo foi a aprovação da lei n. 11.924 de 17 de abril de 2009, que acrescentou o parágrafo 8º ao artigo 57 da Lei n. 6.015 de 1973 (Lei dos Registros Públicos), ficando conhecida como “Lei Clodovil”, levando o nome de seu autor: Clodovil Hernandes. A referida lei autoriza enteados a utilizarem o nome de padrastos ou madrastas. A justificativa para sua criação encontra-se no fato de que em muitos casos os padrastos e madrastas possuem mais participação na vida do menor do que os próprios genitores. Outro avanço legislativo diz respeito à Lei n. 11.340 de 2006, conhecida como Lei Maria da Penha, que em seu artigo 5, II, ofereceu conceituação mais abrangente acerca da família, incluindo na lista daqueles que pertencem a ela, indivíduos sem laços formais. (OLIVEIRA; FIORENZA, 2011, p. 189).

Cite-se finalmente, o importante Projeto de Lei n. 470/2013 que pretende incluir de forma expressa no ordenamento jurídico brasileiro a previsão de que o parentesco resulta da consanguinidade, da socioafetividade ou da afinidade. O intento da PEC é ressaltar o afeto como elemento essencial na construção das relações de parentalidade. (TARTUCE, 2016, p. 1367).

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4 A PRIMAZIA DA SOCIOAFETIVIDADE NO STJ

Consoante o tratado até então, importa mencionar o recurso especial 1.618.230, interposto face ao acórdão prolatado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, em que a 3° Turma do Supremo Tribunal de Justiça deu provimento à pretensão de um homem, com quase setenta anos de idade, que pleiteava o recebimento de herança do pai biológico, após já ter herdado do pai socioafetivo. A Corte recorrida havia reconhecido exclusivamente a origem biológica devidamente comprovada através de exame de DNA, porém não admitiu a possibilidade de modificação do registro civil, tampouco de transferência patrimonial, sob pena de violação ao artigo 1.604 do Código Civil, que veda alguém de vindicar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, exceto se provado erro ou falsidade do registro.

Ao deferir o pedido do recorrente em seu voto, o ministro Villas Bôas Cueva, relator do recurso especial, declarou que: “A pessoa criada e registrada por pai socioafetivo não precisa, portanto, negar sua paternidade biológica, e muito menos abdicar de direitos inerentes ao seu novo status familiae, tais como os direitos hereditários”. Destarte, o ministro solidificou a compreensão de que a existência da paternidade socioafetiva, não prejudica o reconhecimento da biológica, com a produção de repercussões jurídicas próprias de cada vínculo de filiação.

A decisão referiu-se ainda, ao entendimento anteriormente fixado pelo Supremo Tribunal Federal relativamente à temática, onde este, no julgamento do Recurso Extraordinário 898.060, atribuiu novas delimitações ao conceito familista de parentesco, fixando a não primazia de um dos vínculos de parentalidade supracitados sobre o outro. Assim, entendeu o STF pela possibilidade de coexistência das paternidades, com a consequente geração de efeitos no âmbito jurídico.

Em todo caso, verifica-se que o posicionamento do ministro, esteou-se na conclusão de que a proteção constitucional à dignidade da pessoa humana, bem como ao melhor interesse da criança, não permite o escalonamento das paternidades, de modo que deve-se oferecer igual status jurídico às paternidades, vindo a coexistirem, sempre que necessário à defesa do interesse do filho.

5 O RECONHECIMENTO DA MULTIPARENTALIDADE COMO ENTIDADE FAMILIAR

A família do século XIX era essencialmente patriarcal, com contornos delimitados pelo patrimônio, vez que sua finalidade era, notadamente, econômica. O pater familias concentrava em sua figura amplos poderes e era visto socialmente como o grande chefe, o representante principal da entidade familiar, sobre o qual gravitavam as decisões fundamentais e o próprio destino daquela célula social. À mulher era atribuído a responsabilidade pela criação dos filhos, bem como pela execução das tarefas domésticas (PESSANHA, 2011, p. 2).

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No entanto, tal estrutura não resistiu às mudanças propostas pelo movimento feminista e à inserção das mulheres no mercado de trabalho, que dinamizaram sua atuação social e impuseram o repensar dos papéis dispostos no âmbito familiar. A mulher “libertou-se” economicamente do marido, sendo garantidora de sua própria sobrevivência. Assim, as relações familiares começaram a desvencilhar-se de motivações meramente patrimoniais e lançaram bases no afeto (PESSANHA, 2011, p. 2). Neste sentido também entende Pereira (2011, p. 193) esclarecendo que hodiernamente a família não possui mais fundamentos na dependência econômica, mas predominantemente na cumplicidade e no afeto que ladeia suas relações. Ressalta ainda, o papel primário desta entidade, apontando que ela se transformou num ambiente de realização pessoal, superando assim, sua finalidade religiosa, política e procriacional até então definidas.

O sentimento afetivo é propulsor das relações interpessoais e dos laços familiares, que se encontram imersos no amor e coesão emocional, contextualizando a existência e o sentido da vida humana. Este elemento anímico é encontrado nos vínculos de filiação e parentesco, diferenciando-se, em cada casuística, na intensidade e peculiaridades. Os liames afetivos não são sobrepujados pelo aspecto consanguíneo, vez que aqueles podem, em determinadas casuísticas, prevalecer sobre estes. O afeto advém do arbítrio individual em afeiçoar-se a outro, decorre da convivência entre os cônjuges, e destes com a prole, encontrando-se nos mais distintos arranjos familiares, como nas conjunturas pluriparentais. A própria existência humana encontra dependência na dinâmica relacional desencadeada pelo afeto, aliás, esta é uma necessidade constante atrelada à condição natural do homem (MADALENO, 2013, p. 98, 99).

O princípio da afetividade é corolário do princípio da dignidade da pessoa humana e da solidariedade, bem como instrumentalizador da valorização do afeto nas relações familiares. Sua aceitação ressignificou o entendimento tradicional das relações de parentesco até então estabelecidas, possibilitando a ascensão da parentalidade socioafetiva. O ideal de família patriarcalista com origem meramente biológica não subsistiu diante da emergência das relações afetivas, sempre alicerçadas na liberdade e ânimo de formar família. A doutrina e a jurisprudência nacional advogam com veemência progressiva este princípio, reconhecendo sua importância e seus efeitos jurídicos nas relações familiares, de modo que o Direito elevou a afetividade a um princípio jurídico com força normativa, não apenas valor, mas dever (MARTINS; TAMAOKI, 2014. p.8).

Neste sentido, Pereira (2011, p. 194) aponta que:

O afeto ganhou status de valor jurídico e, consequentemente, logo foi elevado à categoria de princípio como resultado de uma construção histórica em que o discurso psicanalítico é um dos principais responsáveis, vez que o desejo e amor começam a ser vistos e considerados como o verdadeiro sustento do laço conjugal e da família.

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É evidente a total impossibilidade de coagir indivíduos a incluírem a afetividade nas suas condutas, obrigando, por exemplo, o pai e marido a amar seus filhos e ser fiel à esposa. No entanto, cabe ao Direito, dentro de seu âmbito normativo, responsabilizar aquele que causar danos em decorrência de sua negligência afetiva, pois é latente os problemas sociais gerados por este comportamento (BENVENUTO; GOMES, 2014, p. 355).

No que tange ao reconhecimento da pluriparentalidade, constata-se que ainda é um direito pressuposto não consolidado como direito posto, mesmo diante da absorção do afeto na formação de vínculos entre os membros da sociedade. A problemática envolvendo a multiparentalidade de fato, faz com que reiterados casos sejam levados aos tribunais, na busca por reconhecimento judicial. Como exemplo, cita-se o caso ocorrido no Rio Grande do Sul, Comarca de São Francisco de Assis, onde duas crianças com idades de dois e sete anos criadas pela madrasta (e segunda esposa do pai) estabeleceram com ela vínculo socioafetivo. A vara judicial da comarca mencionada reconheceu, através do ajuizamento de ação declaratória de maternidade socioafetiva proposta pelas crianças e pela madrasta, a possibilidade daquelas terem seus registros civis modificados, a fim de incluírem a segunda mãe nas certidões (SIMÕES; LEITE e TOLEDO, 2015, p. 182).

5.1 Da Mínima intervenção do Estado

O advento da Constituição de 1988 alterou os alicerces do Direito Civil, centralizando sua preocupação na dignidade humana e ampliando significativamente a abrangência da autonomia privada, criando, por conseguinte, impactos no plano familiar. O Código Civil de 2002 transparece esse efeito ao dispor em seu artigo 1.513 que as pessoas tem o direito de escolher a forma que constituirão a vida familiar, podendo optar pelo matrimônio ou pela união estável sem qualquer medida coercitiva ou direcionamento de instituições, sejam privadas, sejam públicas.

Esta autonomia encontra sensível liame com o princípio da mínima intervenção estatal, que preconiza a impossibilidade de interferência demasiada do Estado nas escolhas familiares, somente cabendo a este a tutela das normas do Direito de família, sob pena de invadir a intimidade e a vida privada dos indivíduos. No que tange ao papel estatal diante da família, a Constituição vigente indica em seu artigo 226 que a atuação do Estado deve ser de proteger e não de ingerir de maneira indevida na manifestação livre de vontade e na vida sexual e íntima dos membros do corpo social. Assim, havendo dualidade de vínculos, cabe ao Poder Judiciário, reconhecê-los com todas as repercussões jurídicas que advenham (BOENTE, 2012, p. 99).

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5.2 Do Melhor interesse da Criança e do adolescente

Noutros tempos, crianças e adolescentes eram deixados à margem da sociedade, sendo-lhes negado o mínimo existencial. Os pais detinham poderes de vida e morte sobre a prole, sendo-lhes permitido a comercialização, punição e assassinato indiscriminado dos filhos. No entanto, a consagração dos direitos fundamentais, sobretudo a dignidade da pessoa humana, concedeu prerrogativas aos jovens face às suas particulares condições e vulnerabilidades, desencadeando a positivação de preceitos tendentes à reconhecer seu inegável valor humano. O legislador constituinte implantou no ordenamento jurídico pátrio a defesa do melhor interesse da criança e do adolescente, acrescentando este preceito à principiologia constitucional (QUADRA et al, 2015, p. 5).

De acordo com Martins e Tamaoki (2014, p. 10, 11) a aceitação deste princípio introduziu no sistema normativo brasileiro uma ruptura de paradigmas, defendendo o privilégio dos interesses infanto-juvenis desde o aspecto material até o formal, no que diz respeito à elaboração de seus direitos. Ressalta-se que sua aplicação tem sido determinante na resolução de litígios entre casais por ocasião da dissolução conjugal, mesmo naquelas situações de abandono dos filhos menores pelos genitores, isto é, quando os pais negligenciam o amparo necessário ao saudável crescer da criança e do adolescente. Anteriormente em situações de conflitos, prevalecia o interesse dos pais, o que era assegurado pelo pátrio poder. No entanto, presentemente, em nome do melhor interesse da criança e do adolescente, reconhece-se prioritariamente as condições satisfativas da dignidade do menor, deslocando-o para o centro da relação familiar, em detrimento dos pais. Destarte, no que tange ao reconhecimento concomitante dos vínculos genéticos e afetivos, busca-se, primariamente, a satisfação deste princípio, possibilitando a concretude da dignidade da criança ou adolescente.

5.3 Da pluralidade familiar

A realidade da família mudou ao longo dos anos, não sendo mais entendida apenas sob a ótica patrimonial ou como possuindo a existência voltada meramente à função reprodutiva. Rompeu-se com a soberania da formatação patriarcal/ hierarquizada e com o reconhecimento do casamento como espécie única de família na sociedade brasileira. Erigiu-se, portanto, um novo contorno familiar, fabricado a partir da assimilação de valores, tais como a afetividade, livre manifestação da autonomia de vontade, personalização, solidariedade e pluralidade familiar.

Frison (2012, p. 30) dispõe que a Carta política de 1988 trouxe o princípio da pluralidade das formas de família quando dispôs que são entidades familiares aquelas advindas da união estável e a família monoparental, assim como a que surge do casamento. Trata-se da real necessidade de eficácia dos preceitos constitucionais correspondentes, a partir do paralelismo com os fatos sociais e a compreensão

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axiológica realizada pela sociedade. Ademais, ressalta-se que o rol de entidades familiares inseridas no âmbito de proteção da Constituição Federal não é taxativo, vez que o princípio da dignidade da pessoa humana, abarca, necessariamente, as emergentes organizações multiparentais.

5.4 A emergência da família multiparental

As transformações sofridas pela família brasileira são resultados de alterações

no processo social. Tais modificações viabilizaram o surgimento de uma nova estrutura relativamente ao parentesco, no qual indivíduos provenientes de relações passadas unem-se, acrescentando a esta relação filhos havidos anteriormente. Fala-se, portanto, numa família reconstituída, multiparental. Quer-se dizer, de acordo com a compreensão pacífica da doutrina, que esta modalidade refere-se à condição na qual filhos de um ou de ambos os cônjuges ou companheiros são trazidos para um novo lar, em que as regras de sociabilidade e as experiências da relação anterior auxiliam na formação do novo padrão de convivência, sempre na busca de harmonia na família agora formada (BERTANI; SCHAUREN, 2013, p. 68, 69).

A entidade familiar tradicional, integralizada preteritamente pelos pais e

filhos, adquiriu novos delineamentos, moldando-se a fim de satisfazer os interesses de seus membros. Na verdade, os avanços possibilitados pela ciência, economia e tecnologia causaram uma ruptura na dinâmica social, e reflexamente na família enquanto estrutura. Hoje, esta possui um espectro amplo, sendo encarada sob a ótica eudaimonista, estabelecida pela afetividade, bem como por princípios como a igualdade, proteção integral às crianças e aos idosos e dignidade da pessoa humana (SIMÕES; LEITE e TOLEDO, 2015, p. 172, 173).

A democratização da instituição familiar transformou-a num lugar de promoção da liberdade, autoconhecimento e autenticidade. Desta feita, a afetividade entre os integrantes da família torna-se seu principal traço, constituindo-se como estrutura voltada para a viabilização da felicidade humana, sempre com respeito à individualidade de cada membro. Neste contexto, emerge uma situação não rara na sociedade: a multiparentalidade, formação familiar na qual há a presença de mais de um pai e/ou mais de uma mãe. Esta formatação apresenta-se, eventualmente, como meio de resolução de conflitos judiciais, comportando o reconhecimento simultâneo dos vínculos de natureza afetiva e biológica (TRENTIN et al, 2014, p. 7, 8).

Informa-se que a multiparentalidade surge em razão de diversas situações, como pelo não reconhecimento do nascimento de um filho por um indivíduo, o que leva outro à decisão de assumir todas as funções relacionadas ao exercício da paternidade. Decorre ainda do falecimento de um dos pais do menor, ou ainda do divórcio entre os cônjuges, onde um deles contrai novo matrimônio, tornando-se madrasta ou padrasto, no momento em que exerce a autoridade parental (MOCELIN; WELTER, 2016, p. 13).

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A função parental alforriou-se do aspecto puramente biológico, demonstrando através dos fatos sociais a total viabilidade do exercício da autoridade parental por mais de um pai e/ou mãe de modo simultâneo, sobretudo quando observado o funcionamento dos núcleos familiares recompostos, onde torna-se impossível a não participação do pai/mãe nos assuntos pertinentes à criança. É latente a inevitabilidade do exercício do poder parental, pois o pai/mãe socioafetivo encontra-se sempre presente nas mais diversas circunstâncias da vida da criança e do adolescente.

Assim, o reconhecimento da família multiparental pode ser encarado como possibilidade de tutela jurídica para as casuísticas já existentes e sempre frequentes na sociedade, resultantes da liberdade em desconstituir e constituir família. A multiparentalidade garante a criança a proteção jurídica de todos os efeitos decorrentes da vinculação biológica e socioafetiva, que, enfatize-se, não se excluem. Deste modo, na hipótese de rompimento do convívio familiar com quaisquer dos indivíduos com os quais ocorreu a vinculação biológica ou afetiva, o interessado poderá lançar mão de ferramentas jurídicas aptas a preservar seus direitos mais essenciais, preponderantemente aqueles relacionados à conservação de seu desenvolvimento saudável. (TEIXEIRA et al, 2015, p. 25, 26).

No quadro jurisprudencial brasileiro verifica-se a valorização da ligação socioafetiva pelos tribunais, que reconhecem a multiparentalidade desde que provada a existência de mais de um pai ou de mais de uma mãe no desempenho do poder familiar de fato. Em inúmeras casuísticas onde não houve o reconhecimento da constituição multiparental, constatou-se que o contexto familiar não obedecia aos requisitos exigíveis para a legitimação, não havendo a convivência em família de maneira natural e harmônica, debaixo dos princípios da paternidade responsável e da afetividade (MOCELIN; WELTER, 2016, p. 25).

Para tanto, a jurisprudência pátria assim vem se posicionando:

APELAÇÃO CÍVEL. DECLARATÓRIA DE

MULTIPARENTALIDADE. REGISTRO CIVIL

DUPLA MATERNIDADE E PATERNIDADE.

IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO. INOCORRÊNCIA. JULGAMENTO DESDE LOGO DO MÉRITO. APLICAÇÃO ARTIGO 515, § 3º DO CPC. [...] Dito isso, a aplicação dos princípios da “legalidade” ,”tipicidade” e “especialidade”, que norteiam os” Registros Públicos”, com legislação originária pré-constitucional, deve ser relativizada, naquilo que não se compatibiliza com os princípios constitucionais vigentes, notadamente a promoção do bem de todos, sem preconceitos de sexo ou qualquer outra forma de discriminação (artigo 3,IV da CF/88), bem como a proibição de designações discriminatórias relativas à filiação (artigo 227, § 6º,CF),”objetivos e princípios fundamentais” decorrentes do princípio fundamental da dignidade da pessoa humana. Da mesma forma há que se julgar a pretensão da parte, a partir da interpretação sistemática conjunta com demais princípios infraconstitucionais, tal como a doutrina da proteção integral

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o do princípio do melhor interesse do menor, informadores do Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90), bem como, e especialmente, em atenção do fenômeno da afetividade, como formador de relações familiares e objeto de proteção Estatal, não sendo o caráter biológico o critério exclusivo na formação de vínculo familiar. Caso em que no plano fático, é flagrante o ânimo de paternidade e maternidade, em conjunto, entre o casal formado pelas mães e do pai, em relação à menor, sendo de rigor o reconhecimento judicial da “multiparentalidade”, com a publicidade decorrente do registro público de nascimento. (TJRS, 2015).

A tendência é que decisões como a apresentada sejam cada vez mais recorrentes, abandonando posições calcadas num tradicionalismo que não encontra fundamento constitucional.

6 A REPERCUSSÃO DA MULTIPARENTALIDADE NO DIREITO DAS SUCESSÕES

Os valores da familia tradicional foram parcialmente esquecidos ou remodelados, verificando-se que as pessoas não mais vivem a família, mas convivem em satisfação aos seus interesses, com a liberdade de escolher dentre diversos formatos, recebendo estes a denominação de família plural. Surgem dificuldades reais no que tange à escolha livre dos arranjos familiares, que por um latente atraso legislativo, não encontram-se legalmente disciplinados. A crise existencial do homem agora ganha destaque e passa a ser valorizada, fazendo com que princípios esboçados implícita e explícitamente na Constituição Federal sejam direcionados para seu próprio desenvolvimento familiar, não para a família como entidade. Assim, os juízes suprem os déficits do ordenamento jurídico pátrio caso a caso, resolvendo a concretude da vida ainda não amparada diretamente pela lei (PELEGRINA, 2014, p.15). A Constituição de 1988 reconheceu a socioafetividade, que fundamenta a existência de filiação entre pai e filho, mãe e filho, ou ainda entre pais e filho, mesmo na ausência de liames biológicos, unindo-os patrimonial e emocionalmente (NICODEMOS, 2014, p. 92).

A Carta Política vigente, robustece a socioafetividade, optando por uma família que engloba este aspecto, possibilitando-nos aduzir que o vículo afetivo está, ocasionalmente, em posição superior à vinculação biológica, sendo este o entendimento dominante dos Tribunais brasileiros. De tal maneira que é perfeitamente possível a inserção do nome do pai ou mãe socioafetiva no registro de nascimento do filho, sem que se exclua o nome dos pais biológicos, tendo porém, como requisito do reconhecimento, a real presença de vínculos fundamentados no afeto (SHIKICIMA, 2014, p. 73).

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Diante de tal constatação, inúmeras dificuldades práticas começam a surgir, pois o arcabouço legal brasileiro é deficiente diante das extensões da multiparentalidade. No âmbito sucessório a família multiparental representa verdadeiro desafio jurídico, intimidando a atual estrutura infraconstitucional e lançando responsabilidades aos Tribunais.

6.1 Os ascendentes como herdeiros necessários

Quando falece um indivíduo sem testamento (ab intestato), cabe à lei

determinar a ordem de chamamento dos herdeiros, fala-se aqui da ordem de vocação hereditária. É a temática do art. 1.829 do Código Civil de 2002. A regra geral a ser considerada na análise do dispositivo, é que os parentes mais próximos excluem os mais remotos, quer-se dizer, na hipótese de existirem descendentes do de cujus,

não serão chamados os ascendentes nem os demais dispostos no teor do artigo em comento. Tal ordem visa a concessão de benefícios aos integrantes da entidade familiar, vez que o legislador presume que aí estejam os vínculos afetivos mais intensos do autor da herança.

Anote-se que há herdeiros denominados necessários, com status de partícipes da herança, que não podem ser afastados da sucessão. No Código ora revogado (1916) eram herdeiros necessários tão somente os descendente e ascendentes. No diploma revogador vigente houve ampliação desse rol, englobando o cônjuge no caso de ser considerado herdeiro e na hipótese de estar em concorrência com os descendentes ou com os ascendentes (VENOSA, 2015, p. 125, 126).

De acordo com Queiroga (2012, p. 95) cada inciso do artigo 1.829 refere-se a uma classe de herdeiros. Os herdeiros são chamados em obediência à ordem sucessiva estabelecida no dispositivo legal. Tal ordem, de acordo com a doutrina mais antiga, fundamenta-se nos laços familiares, “pois é sabido que o amor primeiro desce, depois sobe, e, em seguida dilata-se”.

Hodiernamente, o alicerce dessa sucessão encontra-se no parentesco, de acordo com as linhas e graus mais próximos ou mais remotos, e é distribuida por classes preferenciais. Relembre-se que a linha de parentesco é formada por todas as pessoas advindas do mesmo tronco ou pela série de gerações sucessivas de parentes. Ela poderá ser reta ou colateral. Classe, por sua vez, é o grupo de herdeiros que possui semelhança entre si. E finalmente, grau é a distância entre uma geração a outra (QUEIROGA 2012, p. 95, 96).

Tem-se portanto, a sucessão legítima estabelecida em razão da vocação posta pela lei, existindo ou não testamento válido que absorva o espólio de modo parcial. Trata-se da distribuição dos herdeiros em categorias preferenciais, com a conjunção das ideias de grau e de ordem. A disposição feita pelo legislador no que tange à disciplina da matéria diz respeito essencialmente às relacões de parentesco, não para estabelecer exclusividade, vez que a sucessão não se fecha sobre os parentes, mas

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na compreensão de que o chamamento dos herdeiros não as deixa de considerar (PEREIRA, 2015, p. 71).

Rizzardo (2014, p.175) informa que herdam os ascendentes em razão do respeito e da gratidão de que merecem de seus filhos e netos. Deles decorre a vida, a criação e educação recebida, herdando com fundamento no vínculo afetivo estabelecido, que em geral é mais próximo que noutros parentescos. Destarte, não havendo descendente sobrevivo, são beneficiados os pais, avós etc., em concorrência com o consorte supérstite, ao indicado no art. 1.836 do Código Civil de 2002.

6.2 Os ascendentes concorrendo com o cônjuge supérstite

O cônjuge no Código Civil de 1916 encontrava-se na terceira posição na ordem

de vocação hereditária, recebendo o patrimônio do falecido apenas se não houvesse descendentes e ascendentes. Neste diploma inexistia a sistemática da concorrência (MENIN, 2015, p. 6). Assim sendo, o cônjuge sobrevivente apenas tinha direito ao usufruto dos bens inventariados, e durante a sua viuvez, somado ao fato do regime não ser o da comunhão universal, o usufruto incidia sobre a quarta parte dos bens do de cujus, caso este ou o casal tivesse filhos, e sobre 1/2 na hipótese de apenas existirem parentes em linha reta ascendente.

No que diz respeito ao cônjuge sobrevivente, este receberá um terço da

universalidade na hipótese de concorrer com aqueles que sejam ascendentes de primeiro grau, e a metade quando concorrer com um só ascendente, ou quando o grau for maior. O Código presente quer estabelecer portanto, que dividir-se-á a herança em três partes iguais a ser rateada entre o cônjuge sobrevivente e seus concorrentes, quais sejam: seu sogro e sogra. Se somente estiver vivo o sogro ou a sogra, ou ainda, se os herdeiros ascendentes pertencerem a um grau mais distante, o cônjuge supérstite receberá a metade da herança. Quando nenhum dos pais do falecido forem vivos ou quando ambos não estiverem legitimados para herdar, a herança será repartida em duas linhas: paterna e materna, conforme o art. 1836, §2°, CC, na hipótese de haver ascendentes de grau mais distante. Neste caso, contudo, metade da herança será do cônjuge. Somente após o recebimento da sua parte será aplicado o art. 1836, §2°. Cabe informar que a condição do cônjuge foi significativamente melhorada no atual diploma civilista, por ter sido inserido como herdeiro necessário e por ter sua condição sucessória alterada positivamente (VENOSA, 2015, p.139).

Se houver uma avó materna e dois avós paternos, será garantida a metade da herança ao cônjuge, e em seguida a outra metade será repartida em duas partes: uma para a avó materna e a outra para os dois avós paternos. A mesma lógica será usada na hipótese da existência de ascendentes mais distantes, considerando que somente por uma vez será realizada a divisão por linha (PEREIRA, 2015, p. 109).

É importante a observação de Cateb (2012, p. 111) que aduz com maestria que o

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não representa legitimidade e justiça face à condição dos ascendentes. O autor, a título de exemplo, ilustra da seguinte forma: Antônio contrai matrimônio com Maria no regime de separação total de bens. Antônio vem a falecer sem deixar descendentes, tendo porém como ascendente somente a mãe e sua esposa, cujas núpcias ocorreram nos dois meses anteriores ao de sua morte. A cônjuge sobrevivente receberá 1/2 da herança, mesmo que a união conjugal tenha sido muito curta, pois existe somente um ascendente de primeiro grau. Tal regra é aparentemente injusta, obedecendo no entanto a legislação ordinária. Eventualmente o Direito das Sucessões apresenta soluções distintas daquelas que são denominadas de “justas”.

Os ascendentes portanto, sofrem limitações no seu direito sucessório diante da concorrência com o cônjuge supérstite, como se verifica a partir da leitura do artigo 1.836 do Código Civil de 2002, que aduz: “Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.” Observa-se que o diploma não impõe nenhuma restrição quanto a este direito. Independentemente do regime de bens adotado, o cônjuge que sobreviveu concorrerá à sucessão do outro, excetuando-se contudo, os impedimentos constantes no art. 1.830 do Código Civil ora vigente. No que tange à concorrência com o ascendente em primeiro grau, deverão ser obedecidas algumas regras, quais sejam: a) o grau mais próximo deverá excluir o mais distante, não havendo distinção quanto às linhas; b) igualdade em grau e diversidade em linhas, isto é, nesta hipótese herdam a metade os ascendentes da linha paterna, cabendo a outra parte aos da linha materna; c) Não há direito de representação na linha reta ascendente (QUEIROGA, 2012, p.125, 126).

6.3 O Direito das Sucessões face ao reconhecimento do parentesco socioafetivo Nada resiste ao tempo. Na humanidade não há uma coisa sequer com o atributo

da eternidade. O homem é estigmatizado por sua finitude. É uma verdade dura e irreversível. Porém, de algum modo, a sucessão nos dá, ainda que epidermicamente, o senso de prolongamento da pessoa humana ou de redução do sentimento de perda. De tal modo que, a morte gera um rompimento no domínio dos bens. Estes são materiais e vinculam-se à existência corporal, sendo assim, torna-se imprescindível que outros assumam sua propriedade, objetivando a recomposição da ordem e da homeostase patrimonial (RIZZARDO, 2014. p. 1).

O Direito das sucessões possui como elemento natural o falecimento do

indivíduo e a transmissão de todos os seus direitos, bem como de suas obrigações, a uma ou mais pessoas que vivas estejam, em consonância com os preceitos estabelecidos pelo Código Civil, e ainda, por leis específicas. Assim, a sucessão é no direito, a transferência de patrimônio de um indivíduo morto a um ou mais indivíduos vivos. Entende-se como patrimônio os direitos, obrigações, créditos e débitos, sendo sinônimo de herança. A sucessão legítima disciplinada pelo Direito

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Sucessório diz respeito à transmissão de direitos unicamente para pessoas físicas, vez que para pessoas jurídicas existe diploma adequado. (CATEB, 2012, p. 4, 6, 7, 9).

No que diz respeito à sucessão com esteio na afetividade, infere-se que neste vínculo familiar, os tribunais brasileiros agora passam a considerá-lo como fundamento para a ocorrência sucessória (CORRÊA et al, 2012, p.1). O tribunal do Estado de Minas Gerais, por exemplo, reconheceu em uma de suas decisões o direito de sucessão, com respaldo no estabelecimento de parentesco socioafetivo. Senão vejamos:

DIREITO PROCESSUAL CIVIL – DIREITO DE FAMÍLIA – AÇÃO DE INVESTIGAÇÃO DE MATERNIDADE, CUMULADA COM RETIFICAÇÃO DE REGISTRO E DECLARAÇÃO DE DIREITOS HEREDITÁRIOS – IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DO PEDIDO – ART. 267, INC. VI, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL – EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO. Dá-se a impossibilidade jurídica do pedido, quando o ordenamento jurídico abstratamente vedar a tutela jurisdicional pretendida, tanto em relação ao pedido mediato quanto à causa de pedir. Direito Civil – Apelação – Maternidade Afetiva – atos inequívocos de reconhecimento mútuo – testamento – depoimento de outros filhos – parentesco reconhecido – recurso desprovido. A partir do momento em que se admite no Direito Pátrio a figura do parentesco socioafetivo, não há como negar, no caso em exame, que a relação ocorrida durante quase dezenove anos entre a autora e a alegada mãe afetiva se revestiu de contornos nítidos de parentesco, maior, mesmo, do que o sanguíneo, o que se confirma pelo conteúdo dos depoimentos dos filhos da alegada mãe afetiva, e do testamento público que esta lavrou, três anos antes de sua morte, reconhecendo a autora como sua filha adotiva (TJMG, 2007).

Percebe-se, portanto, que a afetividade é cada vez mais utilizada, em diversos casos, nas decisões judiciais, como critério de resolução de controvérsias.

6.4 O novo arranjo multiparental e a repercussão no direito das sucessões: como ficam os ascendentes?

Menin, (2015, p. 5) dispõe que não havendo nenhum descendente vivo do de

cujus, os ascendentes serão herdeiros da herança de modo integral (sucessão pura dos

ascendentes), não sendo imposta retrições de nenhuma espécie relativamente ao grau de parentesco, pois a sucessão na linha reta ocorrerá ad infinitum, podendo suceder pais, avós, bisavós etc. No entanto, se o falecido deixar cônjuge, o ascendente herdará em concorrência com ele. A problemática surge quando considerada a sucessão no

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âmbito das entidades familiares multiparentais, pois a estrutura legislativa atual tem como pressuposto concepções tradicionais de família, não inserindo nos diplomas legais a comprensão mais recente dos arranjos familiares, constituidos a partir do reconhecimento do parentesco socioafetivo, advindo, a seu turno, pelo fenômeno da desbiologização da paternidade. É justo que saídas devam ser propostas no sentido de suprir a lacuna da lei.

Transcreve-se o artigo 1.836 do Código Civil em seu inteiro teor, referente ao

tópico:

Art. 1.836. Na falta de descendentes, são chamados à sucessão os ascendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente.

§ 1° Na classe dos ascendentes, o grau mais próximo exclui o mais remoto, sem distinção de linhas.

§ 2° Havendo igualdade em grau e diversidade em linha, os ascendentes da linha paterna herdam a metade, cabendo a outra aos da linha materna (grifo do autor).

O § 2° do artigo 1.836 esclarece que havendo igualdade em graus e diversidade

nas linhas, isto é, linha materna e paterna, dividir-se-á a herança em duas partes, sendo uma para cada linha. Porém, admitindo-se a existência de ascendentes em quadro de multiparentalidade, como por exemplo, dois pais e uma mãe, em obediência ao disposto no parágrafo mencionado, a mãe ficará com metade da herança e os dois pais com a outra, sendo esta metade dividida em duas partes, uma para cada um deles. Tem-se claramente um quadro de injustiça, vez que, o que justificaria o ganho maior da linha materna? Assim, chega-se à ilação de que o legislador infraconstitucional possuía em mente apenas dois pais, numa visão tradicional. Neste caso, o entendimento a nos levar à resolução do problema poderá ser o de que a lacuna legal poderá ser preenchida dividindo-se a herança em partes iguais, considerando que a disputa ocorra em primeiro grau (SHIKICIMA, 2014, p. 74,75).

Na hipótese do falecido possuir, a exemplo, dois pais e uma mãe, estando

casado ou ainda em união estável, o consorte ou companheiro sobrevivo fara jus à concorrência na sucessão com os três pais daquele que morreu. No entanto, a previsão legislativa em relação ao tema informa que a concorrência ocorre na fração de 1/3 quando os dois progenitores estiverem vivos. Em termos claros, dividir-se-á a herança em três partes, uma ficará com o cônjuge ou companheiro sobrevivente e as outras duas serão dadas aos pais do falecido, uma parte para cada um. Enfatize-se que aqui o pressuposto é de que existem apenas dois pais vivos. É o que dispõe nosso diploma civilista de 2002 em seu artigo 1.837.

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Logo, por ausência de previsão legal, os pais das entidades familiares multiparentais, na sucessão do filho, herdariam em frações distintas, estando inclusive, em significativa desvantagem com o cônjuge supérstite ou companheiro. Desse modo, a solução a ser dada para que a legislação fosse completa seria indicar a fração pertencente a cada um, ou estabelecer a concorrência em partes idênticas (SHIKICIMA, 2014, p. 75).

Importante colaboração é o entendimento de Cohen e Felix (2013, p.34) que colaboram apontando que relativamente aos ascendentes na família multiparental, quanto ao ato de herdar, não existindo descendentes vivos, aqueles que se encontrarem na posição de pais de um só filho, herdarão de maneira igual, em concorrência com um possível cônjuge ou companheiro sobrevivente, assumindo ainda, a condição de herdeiros necessários.

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ressignificação da família sob a ótica eudaimonista garantiu a ascensão do afeto como elemento legitimador da parentalidade entre indivíduos. Observa-se com clareza este processo na interpretação democrática dos institutos familiares, cada vez mais frequente nos julgados dos tribunais brasileiros. Isto ocorre em razão da subsunção do Poder judiciário aos princípios constitucionais garantidores da pluralidade familiar, do melhor interesse da criança, da intervenção mínima do Estado, e de outros decorrentes da dignidade humana, que possibilitaram a existência dos novos arranjos familiares.

Deu-se, portanto, o entendimento de que em determinadas casuísticas, é possível a preterição dos laços consanguíneos face à aceitação da socioafetividade, inclusive com a possibilidade de coexistência entre estes. Assim, o reconhecimento no âmbito judicial de tais fenômenos, acarreta efeitos na esfera sucessória, inaugurando situações não previstas originalmente pelo legislador civilista.

A transmissão de bens na configuração multiparental desafia o ordenamento vigente, chamando à responsabilidade os órgãos jurisdicionais na medida em que estes assumem o papel de moduladores das repercussões patrimoniais que daí emergem. A família multiparental, que surge em razão do entendimento expansivo do parentesco, ainda encontra dificuldades quanto ao seu enquadramento em aspectos referentes ao direito de família. Tal dificuldade alcança inclusive o direito sucessório, que em sua estrutura, não comporta previsão regulatória acerca da sucessão dos ascendentes multiparentais em concorrência com o cônjuge/companheiro supérstite, nem quanto à sucessão dos ascendentes multiparentais na modalidade pura. Diante da inércia legislativa, a escassa doutrina que trata do tema, trata-o a partir da principiologia constitucional, assim como ocorre no Poder judiciário.

É salutar que nossos institutos jurídicos sucessórios sejam aprimorados, não somente por motivo de aperfeiçoamento de técnica legislativa, mas, sobretudo,

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para conceder maior grau de proteção patrimonial àqueles que, alvos do altruísmo humano, usaram de seu livre arbítrio para associarem-se formando uma família.

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