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"O investimento em energia nuclear nos países da União Europeia (UE) no período 1990 - 2014"

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A Energia Nuclear na União Europeia: a sua relação com a

Economia e o Ambiente.

por

Pedro André Silva Dantas

Dissertação de Mestrado em Economia e Gestão do Ambiente

Orientada por

Prof. Dra. Maria Isabel Rebelo Teixeira Soares

(2)

Nota Biográfica

Pedro André da Silva Dantas nasceu em Vila Nova de Gaia, na freguesia de Mafamude, a 19 de novembro de 1990.

Em junho de 2015, completou a licenciatura em Geografia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Durante os três anos de licenciatura, adquiriu especial interesse pelas áreas do ambiente e da energia, o que o levou a candidatar-se ao Mestrado em Economia e Gestão do Ambiente, na Faculdade de Economia do Porto. Nessa mesma instituição, realizou a presente dissertação sobre a energia nuclear nos países europeus, sob a tutoria da Prof.ª Dr.ª Isabel Soares.

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Agradecimentos

A realização desta dissertação contou com muito apoios e incentivos para a realização e o sucesso da mesma.

Posto isto, quero agradecer á minha mãe e ao meu irmão, que me proporcionaram ser a pessoa que sou hoje e consequentemente de me permitir a possibilidade de concluir mais esta etapa académica.

À minha namorada, Catarina Ferreira, pela ajuda, paciência e espirito de sacrifício, que, diga-se de passagem, não foi nada fácil para ela ao longo destes meses suportar o meu mau feitio.

Agradeço de uma forma muito sentida à minha orientadora, Professora Doutora Isabel Soares, pela sua orientação capaz e competente, criticas, apoio e incentivos que me foi dirigindo ao longo deste percurso.

E por fim, agradeço aos meus amigos, que sabem muito bem quem são, pelo apoio e incentivo que muito me deram para o sucesso efetivo deste caminho muito ambicionado.

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Resumo

A energia nuclear no período de 1990 a 2014 desempenhou um papel crucial na geração de eletricidade.

Hoje, a opinião pública, e mesmo o discurso quanto ao futuro do nuclear, está a mudar. Sendo que o período em análise se inicia em 1990 até 2014 (a escolha deste espaço temporal, deveu-se ao facto de só existir dados estatísticos a partir do ano de 1990 até aos dias de hoje) os desastres nucleares ocorridos, antes e após 1990, tiveram influência na opinião pública de muitos países europeus, o que fez com houvesse uma pressão sobre os decisores políticos na tomada de decisões, com o objetivo do desmantelamento gradual de muitas centrais. Contudo, o problema é que a energia nuclear é fundamental na economia de muitos destes países e a emissão de gases de efeito estufa provocados por essas centrais é muito reduzida, nomeadamente o CO2, o que vai ao encontro dos objetivos traçados pela UE para a descarbonização gradual do sector energético.

Quando analisamos os resultados desta dissertação, verificamos que a correlação entre a variável produção bruta de eletricidade de origem nuclear e a variável PIB, tem uma significância estatística muito positiva, corroborando a literatura da área e mesmo alguma evidência empírica.

Assim, pode-se concluir, que a energia nuclear e o PIB estão intimamente ligados, na medida em que, quanto maior é a produção de energia nuclear num determinado país, maior será também o seu produto interno bruto, ou seja, há um consequente crescimento económico, contribuindo assim para a riqueza nacional de cada país.

Palavras-chave

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Abstract

From 1990 to 2014, nuclear energy played a major role in electricity production. Today, public opinion and even the narrative surrounding the future of nuclear energy is changing. Considering that the period under analysis beggins in 1990 until 2014 (the choice of this time period relies on the fact of the available data concerns only from 1990 until nowadays) the nuclear disasters that occored, before and after 1990, had influence on public opinion of many European countries, which in turn put a lot of pressure on politicians to gradually shift away from nuclear energy by shutting down and disassembling nuclear power plants in their own countries.Yet, the problem with this course of action is that nuclear energy is a crucial part of the economy of a lot of these nations, furthermore, nuclear energy has low greenhouse gases emission rates, namely CO2, which helps countries adhere to the EU objectives for gradual decarbonization of the energetic sector.

When we look at the findings of this dissertation, we can see, for example, that the correlation between the Gross nuclear electricity production variable and the GDP is statistically positive, corroborating literature and even some empirical evidences.

Therefore, we can conclude that nuclear energy and GDP are intimately connected, in a way that the greater the production of nuclear energy in a certain country the greater will be its internal gross product. That is, there is the consequent economic growht, contributing to the national wealth of the country in question.

Keywords

Nuclear energy; European Union; Correlation; Macroeconomics; Environment;

Jel Codes

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Índice

Capítulo 1 – Introdução ... 12

Capítulo 2 – O Panorama atual da Energia Nuclear ... 15

2.1. A energia nuclear no mundo. ... 15

2.2. Vetores que despoletaram o repensar da estratégia nuclear ... 17

2.2.1. Acidente nuclear de Three Mire Island ... 18

2.2.2. Acidente nuclear de Chernobyl ... 19

2.2.3. Acidente nuclear de Fukushima ... 20

2.3. A opinião pública ... 22

2.4. A situação da energia nuclear na UE ... 23

2.4.1. A Energia Nuclear em França ... 24

Capítulo 3 – Metodologia ... 27

3.1. Seleção das variáveis explicativas ... 27

3.1.1. Emissão de gases com efeito de estufa: potencial de “aquecimento global” - sector das indústrias da energia (TCO2 – Milhares) ... 27

3.1.2. Intensidade elétrica da Economia (tep por milhões de euros) ... 29

3.1.3. Intensidade carbónica da Economia (tep por milhões de euros) ... 30

3.1.4. PIB – Produto Interno Bruto ... 31

3.1.5. Dependência Energética ... 32

3.1.6. Produção bruta de eletricidade - Total (tep) ... 35

3.1.7. Produção bruta de eletricidade - Nuclear (tep) ... 36

3.2. Amostra ... 36

3.3. Período temporal ... 36

3.4. Procedimentos ... 37

3.5. Modelo ... 38

Capítulo 4 – Resultados ... 39

Capítulo 5 – Discussão dos resultados ... 43

Capítulo 6 – Conclusão ... 46

Capítulo 7 – Referências Bibliográficas ... 48 Anexos

- Representação gráfica da média das variáveis em estudo por País; - Gráficos de dispersão;

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Índice de figuras

Figura 1 - Reator a Água Pressurizada

Figura 2 - Reatores Operacionais no Mundo

Figura 3 - Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES)

Figura 4 – Central Nuclear de Three Mile Island

Figura 5 – Central de Chernobyl após a explosão do reator 4.

Figura 6 – Central Nuclear de Fukushima

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Índice de gráficos

Gráfico 1 - Produção de energia primária, UE-28, 2014 (% do total, com base em toneladas equivalentes de petróleo)

Gráfico 2 - Produção de Energia Nuclear no Mundo

Gráfico 3 - Evolução do PIB (em termos reais), das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e da intensidade das emissões da economia (rácio entre as emissões e o PIB)

Gráfico 4 - Intensidade energética (tep/milhões de euros) na UE e Portugal

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Índice de tabelas

Tabela 1 - Distribuição das variáveis em estudo

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Lista de Acrónimos

AIE – Agência Internacional de Energia

CO2 – Dióxido de Carbono

DGEG – Direcção Geral de Energia e Geologia

EDF – Électricité de France S.A.

EN – Energia Nuclear

EUA – Estados Unidos da América

EURATOM - European Atomic Energy Community

GEE – Gases de Efeito de Estufa

INES – Escala Internacional de Acidentes Nucleares

IAEA – Agência Internacional de Energia Atómica

PIB – Produto Interno Bruto

RU – Reino Unido

SMR – Small Modular Reactor

SPSS-24.0 – Statistical Package for the Social Sciences

Tep – Toneladas equivalentes de petróleo

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Capítulo 1. Introdução

Atualmente, a energia nuclear representa, a nível mundial, um terço da eletricidade produzida. Mais concretamente, a nível da UE, a energia nuclear faz parte do mix energético de metade dos estados-membro e tem um papel crucial na garantia da segurança do fornecimento de energia.

Uma central nuclear obtém energia térmica através da fissão nuclear do núcleo dos átomos do combustível, que, à posterior, será convertida em energia mecânica, que por sua vez, o reator será responsável por aumentar e manipular essa mesma fissão atómica que gerará calor, e através desse calor o reator transformará a água de estado líquido para estado gasoso transformando-se em energia elétrica através de um gerador.

Este processo explica o porquê das centrais nucleares serem sempre instaladas perto de abastecimentos de água fria.

Para que seja mais fácil compreender como é feito este processo, será apresentada em seguida uma imagem ilustrativa do mesmo.

Dados mais recentes, do ano de 2014, mostram, que a produção de energia primária na UE-28 dividiu-se por várias fontes de energia, tendo sido a energia nuclear a que teve uma maior contribuição (29,4%) no total.

Figura 1 - Reator a Água Pressurizada

(13)

13 A importância da energia nuclear era, em 2014, particularmente elevada em França onde contribuiu para mais de quatro quintos (82,8%) da produção nacional de energia primária, enquanto na Bélgica esta percentagem era pouco inferior a três quartos (71,2 %) e na Eslováquia aproximava-se de dois terços (64,1%). Nos outros países, a percentagem de energia nuclear na produção primária foi inferior a metade do total ou mesmo nula em quinze dos estados membros da EU. No entanto, o Governo alemão anunciou planos para encerrar todos os seus reatores nucleares até 2022.

Em 2014, mais de um quarto (25,5 %) da produção total de energia primária da UE-28 ficou a dever-se às fontes de energia renováveis, enquanto a percentagem dos combustíveis sólidos (19,4%), em grande medida o carvão, e a percentagem do gás natural foi um pouco inferior (15,2 %). A contribuição do petróleo bruto reduziu-se apenas a 9,1 %. Tal como pode ser observado no gráfico abaixo:

Contudo, face à contestação social que esta energia tem gerado, bem como os programas de “phasing out” das centrais levados a cabo por alguns países europeus – o caso mais paradigmático é o da Alemanha - considera-se pertinente fazer uma análise das variáveis que melhor possam explicar a relação macroeconómica e ambiental no período de 1990 a 2014.

Face a isso, podemos afirmar que a problemática de produção de energia nuclear na UE assume-se como um tópico de investigação rico, mas polémico. Isto, por duas

Gráfico 1 - Produção de energia primária, UE-28, 2014 (% do total, com base em toneladas equivalentes de petróleo)

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14 razões: por um lado, dois dos vetores fundamentais da política de energética europeia são a segurança de abastecimento e a redução das emissões de CO2. Nos dois casos, os especialistas são unânimes em considerar que a produção nuclear é fundamental para atingir estes objetivos. Por outro lado, a opinião pública e mesmo o poder político, em diversos países europeus, têm obstado à continuação dos programas de construção de centrais e, mesmo prosseguido a política do desmantelamento faseado.

Desta forma, o objetivo principal desta dissertação é responder, de forma adequada, à seguinte questão:

- Qual a relação de significância entre a produção bruta de eletricidade de origem nuclear, o PIB e a emissão de gases de efeito de estufa?

- Será a EN uma boa alternativa energética para alcançar objetivo da descarbonização na UE?

Pretende-se com este estudo analisar diferentes variáveis, com o objetivo de constatar a relação de significância entre elas de forma a compreender o contributo que a energia nuclear tem no PIB dos países em análise, entre 1990 – 2014, bem como no ambiente.

Assim, esta dissertação está organizada da seguinte forma: após esta introdução (capítulo 1) no segundo capítulo é feita uma análise da literatura no que diz respeito à energia nuclear no mundo, aos acidentes nucleares, ocorridos, bem como à energia nuclear na Europa. O terceiro capítulo contempla a metodologia utilizada para desenvolver o propósito desta dissertação bem como a sua justificação pormenorizada. O quarto capítulo pretende analisar o modelo proposto (coeficiente de correlação de Spearman), usando o software SPSS 24.0 através das variáveis escolhidas e devidamente justificadas no capítulo 3. Posteriormente, no capítulo cinco é apresentada a discussão dos resultados. Por fim, no sexto capítulo são apresentadas as conclusões do estudo realizado.

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Capítulo 2. O Panorama atual da Energia Nuclear

2.1. A energia nuclear no mundo

Nas últimas décadas, a energia nuclear contribuiu com uma parte considerável para a geração de eletricidade total, nomeadamente na Europa, EUA, Japão e Coreia do Sul. A principal razão que levou a muitos países da UE e fora da UE a efetuar o investimento em centrais nucleares, entre o período 1960 a 1985, foi o fator geopolítico que, à época, era marcado por elevadas tensões geopolíticas que levavam muitas vezes à interrupção propositada de fornecimento de energia, como meio de pressão. Assim sendo, estava em causa a segurança energética de muitos países, que os levaram naturalmente a mudar as suas políticas energéticas e a efetuar uma aposta na energia nuclear. (CsereklyeI, Z. et al, 2016)

Em 2010, dezanove países europeus tinham pelo menos uma central nuclear a operar e muitos confiavam substancialmente na energia nuclear, tais como a França (74,1%), Suíça (38,0%), Alemanha (28,4%) e Reino Unido (15,7%). Além disso, as economias emergentes, como a China e a Índia tencionam aumentar a energia nuclear.

Atualmente, existem 447 centrais nucleares no Mundo, como pode ser comprovado através do gráfico 2. Os EUA lideram a lista dos países com centrais nucleares em funcionamento com cerca de 99 reatores a produzirem energia nuclear. Em segundo e terceiro lugar encontram-se a França com 58 reatores e o Japão com 42.

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16 Analisando o gráfico 2, podemos afirmar que as centrais nucleares forneceram 2476 TWh de eletricidade em 2016, acima de 2441 TWh fornecidos em 2015.

A capacidade nuclear operacional global tem vindo a crescer, anualmente, desde o início da geração nuclear em 1954.

Figura 2 - Reatores Operacionais no Mundo

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2.2. Vetores que despoletaram o repensar da estratégia nuclear

Os vetores que despoletaram o repensar da estratégia nuclear foram, essencialmente, os acidentes nucleares e a pressão da opinião pública sobre os decisores políticos.

Segundo IAEA, define como um acidente nuclear um evento que teve e terá ao longo dos anos, consequências significativas para as pessoas, para o meio ambiente e para a própria central nuclear.

Neste sentido, e tendo como referência a Escala Internacional de Acidentes Nucleares (International Nuclear Event Scale) podemos considerar que existem incidentes nucleares quando classificados entre o nível 1 a 3 e acidentes nucleares quando considerados entre o nível 4 a 7. Esta classificação é feita atendendo à sua gravidade, tal como podemos verificar no gráfico seguinte.

Gráfico 2 - Produção de Energia Nuclear no Mundo

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2.2.1. Acidente nuclear de Three Mire Island

O acidente nuclear ocorreu na unidade 2 desta central do dia 28 de março de 1979, quando o reator estava a operar a 97% da sua potência. A avaria no circuito de arrefecimento secundário causou um aumento de temperatura no circuito de arrefecimento primário. Desta forma, a pressão e a temperatura do circuito primário começaram a subir imediatamente e como se não bastasse acabara de surgir outro problema na central, o sistema de água de emergência (reserva do sistema secundário) tinha sido testado 42 horas antes do acidente. E como durante o teste, as válvulas são fechadas e no final do mesmo são abertas novamente, por um erro humano, a válvula foi deixada fechada o que impediu que o sistema de emergência funcionasse.

Consequentemente, o acidente na central de Three Mile Island causou danos no reator, mas felizmente teve uma limitada fuga de partículas radioativas para o exterior,

Figura 3 - Escala Internacional de Acidentes Nucleares (INES)

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19 apesar de ter fundido cerca de um terço do combustível, o núcleo do reator manteve a sua integridade e conteve o combustível afetado.

A radiação libertada não constituiu perigo para a saúde, sendo confirmado por milhares de amostras ambientais realizadas, entre outras medidas, postas em prática durante e após o acidente.

O acidente ocorrido levou ao encerramento e posterior desmantelamento, passando primeiro por um programa substancial de retirada do combustível usado e descontaminação das instalações.

O acidente nuclear de Three Mile Island foi classificado como nível 5 na escala internacional de eventos nucleares.

Figura 4 – Central Nuclear de Three Mile Island

Fonte: www.dissident-media.org, 2017

2.2.2 Acidente nuclear de Chernobyl

A 26 de abril do ano 1986 ocorreu um grande desastre nuclear na central de Chernobyl, causado por erro humano, visto que a pressão da água dentro do núcleo começou a baixar e como consequência a temperatura começou a subir não permitindo o arrefecimento do reator. Ocorreu, então, uma explosão na central nuclear de Chernobyl.

Nessa mesma explosão foram libertadas para a atmosfera, imensas partículas radioativas, que se espalharam por boa parte do território da ex – União Soviética e Europa

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20 Ocidental, que deixaram marcas irreparáveis ao longo do tempo nas pessoas e nos territórios que foram afetados, direta e indiretamente por este desastre.

De salientar, que durante este acidente morreram 31 pessoas, estando ainda a ser contabilizado os efeitos que este desastre teve ao longo do tempo na saúde pública dos territórios supracitados.

Figura 5 – Central de Chernobyl após a explosão do reator 4. Fonte: www.noticias.r7.com, 2017

2.2.3. Acidente nuclear de Fukushima, Japão

O Japão sofreu a 11 de março de 2011, um terramoto com uma magnitude de 9.0 na escala de Richter, provocando um tsunami de grandes dimensões (ondas de 14 metros).

Devido a uma avaria no sistema de refrigeração na central de Fukushima e ao corte de eletricidade, causado pelo sismo, a recuperação deste sistema não foi eficaz. Desta forma, o combustível continuou a aquecer o que fez com que a pressão aumentasse no interior do reator.

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21 No mesmo dia do terramoto houve uma falha técnica o que causou uma avaria no sistema de refrigeração de dois reatores e quatro geradores de emergência. Assim,

verificou-se uma fusão parcial dos núcleos dos reatores 1, 2 e 3, ocorrendo explosões de hidrogénio que destruíram o revestimento superior dos edifícios que albergam os reatores1, 3 e 4, consequentemente danificando o revestimento do reator 2 e causando ainda incêndios no reator 4.

No dia 11 de abril, este acidente nuclear foi classificado como elevado correspondendo ao nível 7, o máximo da escala INES, tal como é referido por Flores (2011).

Figura 6 – Central Nuclear de Fukushima

(22)

22

2.3. A opinião pública

Após os acidentes de Three Mile Island (EUA, 1979) e Chernobyl (URSS, hoje Ucrânia, 1986), quer os agentes políticos, quer a opinião pública, levantaram sérias dúvidas quanto à segurança neste tipo de energia, seguindo-se uma consequente, tendência de redução de considerável do número de reatores, que entraram em funcionamento nos anos seguintes, quando comparado ao período que antecedeu estes acidentes. (Boccard, N. 2014) No “post Fukushima” muitos especialistas têm levantado sérias dúvidas sobre o futuro da indústria nuclear. No entanto, apesar do forte sentimento antinuclear, houve um aumento da quota de geração de energia através do nuclear na maioria dos países, a nível mundial.

O desastre nuclear gerou debates sobre a importância deste tipo de energia, contudo, na maioria dos debates centrados em questões fundamentais, como a segurança energética e a mitigação da redução de CO2, concluiu-se que a energia nuclear tem uma enorme relevância nas temáticas acima referidas, apesar do desastre de Fukushima. (Nian, V et al, 2014).

No caso alemão, por exemplo, o desastre nuclear no Japão veio desencadear uma forte mudança na política nuclear, muito por culpa da pressão da opinião pública alemã. Tendo sido colocado, novamente, na agenda da política energética, o plano progressivo de desmantelamento de centrais nucleares, em fim de vida, uma vez que a eliminação gradual das centrais está prevista para 2022. (Maizi, Nadia et al, 2014),

Matthes (2012) afirma, ainda, que o governo federal alemão anunciou a sua decisão de abandonar gradualmente a energia nuclear até 2022, não só como reação aos acontecimentos ocorridos em Fukushima, mas também na sequência da mudança de política energética do país – a Energiewende ou transição energética.

Tal como Flores (2011) menciona, uma das principais críticas apontada aos decisores políticos e à energia nuclear é a alegada falta de estratégia em como tratar dos seus desperdícios radioativos de longa duração. Na medida em que, as comunidades locais não estão dispostas a coabitarem lado a lado com um aterro de desperdícios radioativos, provenientes das centrais nucleares.

No entanto, na Suécia e na Finlândia, a experiência tem demonstrado que, com a devida consulta e compensações, principalmente na perspetiva de emprego a longo prazo,

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23 as comunidades estão completamente preparadas para aceitar este tipo de resíduos. A exemplo do que foi dito anteriormente, na Suécia houve duas comunidades locais que competiram entre si para a seleção da localidade que iria albergar o mesmo depósito destes resíduos.

2.4. A situação da energia nuclear na UE

Segundo Ganilho (2014), o nuclear é uma boa alternativa dentro das fontes energéticas que emitem de baixas emissões de carbono quando comparada aos combustíveis fósseis, que tem uma representação significativa no cabaz energético de muitos estados membros.

Por conseguinte, para o mesmo autor, e na sequência do desastre de Chernobil em 1986 e da catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão, em 2011, a energia nuclear tornou-se muito controversa aos olhos dos decisores políticos e da sociedade civil de muitos países, como é o caso da Alemanha, como vimos anteriormente.

A decisão da Alemanha de abandonar progressivamente a energia nuclear até 2022 e o encerramento temporário de dois reatores belgas, após a descoberta de fissuras

nas suas cubas, aumentaram ainda mais a pressão para o abandono da energia nuclear na EU (idem).

No entanto, esta é uma competência exclusiva de cada estado membro decidir se continua a utilizar ou não a energia nuclear, neste sentido, as autoridades europeias estão a desenvolver esforços significativos à escala europeia com o objetivo de melhorar as normas de segurança das centrais nucleares e de assegurar que os resíduos nucleares são manipulados e eliminados sem causar qualquer risco para a saúde pública.

Corner, Adam et al, (2011) defendem que a energia nuclear reduz as emissões de CO2 para a atmosfera e que a necessidade da procura a longo prazo de uma energia alternativa ao nuclear constitui um desafio global. Estes autores referem, ainda, que no caso do Reino Unido as preocupações ambientais e a segurança energética têm exercido uma enorme influência na tomada de decisões relativamente à política energética deste país. Por este motivo, a energia nuclear tem sido reenquadrada como uma energia de emissões de baixo teor de carbono.

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24 Atualmente há 129 reatores nucleares a operar, em catorze estados-membros tendo uma capacidade total de 120 Gw e uma idade média, de cerca, de 30 anos. Posto

isso, o parque nuclear da União Europeia está nitidamente a ficar mais obsoleto, logo são precisos investimentos muito significativos que possibilitem aos estados membros prolongar a vida das muitas centrais nucleares que possuem de forma a modernizar-lhas e substituir os reatores nucleares por reatores modernos e mais eficientes. (Commission, E. 2016)

Segundo, (Shropshire, D. 2011) a UE está a considerar uma “rede inteligente” e um sistema de armazenamento de energia que permita um maior uso de fontes descentralizadas de energia renovável que possibilitem uma operação económica viável de produção de eletricidade com base, também, em reatores nucleares mais eficientes em termos energéticos e ambientais.

De acordo com estes autores estão, atualmente, a surgir novos estudos onde é evidente o potencial dos benefícios na combinação da energia eólica e a energia nuclear na rede de eletricidade da União Europeia. (Shropshire, D. 2011)

2.4.1. A energia nuclear em França

A produção de eletricidade de origem nuclear é muito utilizada em França, país este que iremos analisar mais detalhadamente devido ao seu elevado nível de produção de energia nuclear.

Atualmente, a França dispõe de 19 centrais nucleares, onde até ao momento estão em funcionamento 58 reatores, tal como se comprova na figura 6.

Figura 7 - Centrais Nucleares em França.

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25 Desde a década de 90 que a energia nuclear tem dominado a produção de eletricidade em França quando comparada com outras fontes de energia: renováveis, hidroelétricas, termais e energia fóssil. Esta fonte de energia detém o maior score na produção de eletricidade deste país, representando 78% do mesmo, uma alta percentagem quando comparada com outros países da U.E. Esta energia aliada á energia hidroelétrica, fornecem 90% da eletricidade em França. O aproveitamento da energia nuclear em França fez também com que esta diminuísse a importação de combustíveis fósseis, tais como: o petróleo, o carvão e o gás natural (Mbarek, Nasreen, Feki, 2015).

Apesar do constante receio da população francesa, após o acidente de Fukushima, estes reatores operam de uma forma diferente da dos reatores japoneses, pois utilizam o sistema de circuito duplo. Este sistema diferencia-se do Japonês, na medida em que existem dois circuitos, sendo que o primeiro circuito fechado entra em contacto direto com o reator e logo de seguida o segundo circuito transforma vapor suficiente para rodar as turbinas, gerando assim a eletricidade. Pelo contrário, em Fukushima constatamos que só existe um único circuito que envolve passar diretamente por dentro do reator.

Contudo, apesar da energia nuclear ser a maior fonte de energia da França, com um contributo bastante significativo no fornecimento de eletricidade, até à pouco tempo a França encontrava-se num impasse de decisões políticas, pois as suas centrais nucleares na sua maioria têm mais de 40 anos de existência, sofrendo altos custos de manutenção e neste seguimento os políticos franceses colocavam duas hipóteses em cima da mesa para a resolução deste problema, a primeira hipótese passaria pelo inicio gradual do desmantelamento das centrais nucleares e consequente aposta noutras fontes energéticas mais propriamente as energias renováveis ou a segunda hipótese que era continuidade da aposta na energia nuclear e a reabilitação com tecnologia moderna e eficiente das suas centrais. Pois bem, com a entrada do novo Presidente francês Emmanuel Macron este decidiu optar pela primeira hipótese acima anunciada.

No entanto, estudos franceses independentes dizem-nos que o facto de a França continuar a depender da energia nuclear irá ter custos mais elevados, e não será tão benéfico a nível ambiental como nos é levado a crer pelo governo francês.

Não obstante, a indústria nuclear francesa continua a afirmar que a sua economia continua sólida e os funcionários do setor alertam vigorosamente para as consequências sociais do término da energia nuclear. A exemplo do que foi dito anteriormente, a União

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26 de Companhias Elétricas (UCE), liderada pela EDF, publicou um estudo que afirma que o término da energia nuclear para menos 20% em 2030, necessitaria de um investimento extra de 112 biliões de euros. O grupo afirmou ainda que um afastamento da dependência energética nuclear terá um impacto negativo nos preços da eletricidade, e iria depender de uma importação equivalente a 10 biliões de euros por ano.

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Capítulo 3. Metodologia

Ao longo deste capítulo, pretende-se dar a conhecer o modelo escolhido: as variáveis explicativas bem como o período temporal do estudo e a metodológica seguida.

3.1 – Fundamentação da seleção das variáveis explicativas

No que concerne às variáveis explicativas do estudo estas terão como base os seguintes indicadores: a produção bruta de eletricidade - total, a produção bruta de eletricidade de origem nuclear, a dependência energética, PIB (preços constantes), a intensidade elétrica da economia, intensidade carbónica da economia e a emissão de GEE – indústria da Energia.

Seguidamente são justificadas a variáveis escolhidas para este modelo.

3.1.1. Emissão de gases com efeito de estufa: potencial de “aquecimento global” – setor das indústrias da energia (TC02eq – Milhares)

Muitos governos começaram a olhar para a energia nuclear como uma fonte alternativa de energia à energia proveniente de combustíveis fósseis.

Contudo, as investigações e consequentes inovações feitas nesta área tiveram como resultado o Reator pressurizado europeu (R.P.E), um reator com uma capacidade superior mas que ao mesmo tempo diminui os custos e o nível de poluição emitida para atmosfera.

Todavia, a União Europeia continua a dissociar o seu crescimento económico das suas emissões, pois no período compreendido entre 1990 – 2015 houve um aumento de 50% do PIB, e ao mesmo tempo um decréscimo de 22% nas emissões.

Esta dissociação representada, claramente no gráfico abaixo, deriva essencialmente dos progressos tecnológicos que dão origem a um aumento do PIB, e simultaneamente a um decréscimo da emissão de gases efeito estufa.

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28 No âmbito da estratégia de redução de emissões de GEE, e também por forma a garantir este compromisso ambiental, a U.E. criou o mecanismo do Comércio Europeu de Licenças de Emissão (C.E.L.E.) que visa regular as emissões de GEE. Este regime, implementado em 2005, teve já dois períodos de cumprimento, sendo o primeiro de 2005 – 2007, e o segundo de 2008 – 2012, este último coincidindo com o primeiro período de cumprimento do Protocolo de Quioto – PQ.

Atualmente, encontra – se a decorrer a 3ªfase, de 2013 – 2020, fase esta também coincidente com o segundo período do cumprimento do PQ. Ainda no âmbito desta estratégia são abrangidos alguns setores desde o energético ao industrial, de entre os quais se destacam: as refinarias, os metais, os cimentos, o químico, o cerâmico, o vidro, a pasta, o papel e o agroflorestal. Em 2010 começou também a ser abrangido o setor da aviação.

Gráfico 3 - Evolução do PIB (em termos reais), das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) e da intensidade das emissões da economia (rácio entre as emissões e o PIB) Índice (1990 = 100)

(29)

29

Através de estudos efetuados por Sovacool (2008) foi possível concluir que apesar das suas múltiplas vantagens, a energia nuclear continua a ser criticada devido ao seu alto nível de poluição quanto aos resíduos radioativos e consequente risco para a saúde pública. No entanto, a energia nuclear assegura a baixa emissão de gases de estufa.

Devido à sua alta contribuição para o desenvolvimento da energia nuclear para a geração de eletricidade, a E.D.F. representa a indústria de energia com a menor emissão de gases CO2 dentro da U.E., produzindo oito vezes menos CO2 do que a média europeia. Todavia, a emissão destes gases continua a ser uma preocupação dentro da U.E, sendo que os seus valores continuam extremamente altos (Tol,2007).

Como forma de combater esta alta emissão de gases efeito estufa por parte das grandes indústrias energéticas, o parlamento europeu ordenou em 2005 a compra de licenças de carbono por cada tonelada de CO2 emitida para a atmosfera.

Quer isto dizer que quanto mais se polui, mais se paga, nesta sequência esta diretiva veio incentivar as grandes indústrias do sector energético a diminuírem drasticamente a emissão de gases efeito estufa, constituindo assim uma forma de sustentabilidade ambiental.

3.1.2. Intensidade elétrica da Economia (tep / por milhões de euros)

Após a análise de estudos efetuados pelo Portal do Estado do Ambiente, em Portugal, podemos concluir que esta variável está intimamente correlacionada com o PIB (produto interno bruto) de um país. Isto traduz-se no consequente crescimento económico, uma vez que, o consumo de energia se encontra relacionado com o mesmo. Porém este mesmo elevado consumo de energia e o aumento do PIB pode afetar negativamente o meio ambiente, pois este mesmo consumo pode favorecer as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera. Para que possamos dissociar estes dois conceitos temos de promover a eficiência no sector energético, substituindo os combustíveis de origem fóssil pelos provenientes de fontes renováveis, como energia eólica, solar e hidráulica.

A aposta na eficiência energética, como poderemos observar no gráfico apresentado em seguida do Eurostat, traduz – se nos níveis de intensidade energética que

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30 têm vindo a diminuir significativamente na UE a partir de meados do segundo semestre de 2003.

3.1.3. Intensidade carbónica da Economia (CO2 por milhão de euros)

Não devemos falar de intensidade elétrica sem falarmos da intensidade carbónica, porque a produção de energia através do carbono tem vindo a diminuir nos últimos anos como forma de acabar com a dependência dos recursos energéticos fósseis, que tem grandes repercussões no meio ambiente devido à emissão em maior escala de CO2.

Esta dependência carbónica agravou-se com o prelúdio da revolução industrial, até então, eram somente usadas fontes de energia renováveis que advinham da radiação solar, da força de trabalho humano, dos animais domesticados, das energias hídricas e eólicas e na queima da madeira, sendo esta última a mais viável devido ao seu baixo custo de aquisição (Silva, 2007).

Urge então dar início a um processo de “descarbonização” da Europa como forma a contrariar esta dependência na energia carbónica, não obstante o principal objetivo é

Gráfico 4 - Intensidade energética (tep/milhões de euros) na UE e Portugal

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31 diminuir intensidade carbónica da economia dentro da UE, o que culminará no consequente decréscimo da emissão de CO2.

Neste processo de “descarbonização” que dia 15 de dezembro de 2011 foi assinado em Bruxelas, o Roteiro para a Energia 2050, que visa a redução das emissões de CO2 em mais de 80% até 2050, tendo como referência que este objetivo seja cumprido é crucial que a produção de energia seja inteiramente isenta de carbono.

Contudo, uma produção energética isenta de carbono é vista como algo pouco viável devido ao aprovisionamento energético e à sua competitividade, sendo estes fatores tidos em consideração, a Comissão decidiu expor um quadro de políticas que promovem a estabilidade empresarial, que tal como Günther Oettinger (2011), o comissário responsável pela pasta da energia à época declarou: «Somente um novo modelo energético tornará o nosso sistema seguro, competitivo e sustentável a longo prazo. Dispomos agora de um enquadramento europeu para tomarmos as medidas de política que assegurarão os investimentos adequados.».

3.1.4. PIB – Produto Interno Bruto

Entende – se por PIB a soma total dos bens e serviços produzidos numa determinada região, durante um determinado período de tempo. Este indicador é bastante utilizado na macroeconomia e tem como principal propósito calcular a atividade económica de uma região. O PIB centra-se apenas no cálculo da produção de bens e serviços, excluindo todos os outros bens de consumo intermediários.

Através de dados recolhidos no Portal do Estado do Ambiente em Portugal, conseguimos apurar que a União Europeia desempenha um papel fundamental na economia mundial. Composta por um mercado singular de 28 países tem como base o crescimento económico sustentável feito maioritariamente através da aposta nos seguintes setores: transportes, energia e investigação.

Apesar do PIB ser calculado através da produção de inúmeros bens e serviços, nesta dissertação iremo-nos focar na produção de eletricidade através do nuclear.

A eletricidade desempenha um papel fundamental no crescimento económico e desenvolvimento de um país. Quer isto dizer que, quanto maior for o acesso à eletricidade e quanto maior for a sua produção, maior será também o PIB per capita (Silva, 2016).

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32 Assim, o aumento da produção elétrica e consequente aumento do crescimento económico contribui positivamente para a melhoria da qualidade de vida da sua população.

3.1.5. Dependência energética

Um dos grandes problemas da UE centra-se na sua alta dependência energética: a UE importa 53% da sua energia e apesar desta dependência energética apresentar valores altos em 2014 quando comparados com os dados de 1990, podemos constatar que o seu pico se deu no ano de 2008.

Esta dependência energética varia muito entre os estados-membros, sendo que uma metade depende maioritariamente das importações energéticas, enquanto a outra metade mantém uma taxa de dependência inferior a 50%.

Em 2014, os países europeus menos dependentes energeticamente foram: a Estónia (8.9%), a Dinamarca (12.8%) e a Roménia (17.0%), seguidos da Polónia (28.6%), da República Checa (30.4%), Suécia (32.0%), a Holanda (33.8%) e por fim, a Bulgária com uma percentagem de 34.5%. Quanto aos países com uma taxa de dependência energética superior podemos enumerar os seguintes: Malta (97.7%), Luxemburgo (96.6%), Chipre (93.4%), Irlanda (85.3%), Bélgica (80.1%) e por fim a Lituânia com uma taxa de 77.9%.

Relativamente aos países que apresentam uma maior quantidade de consumo energético, aqueles que se destacam por terem uma dependência energética mais baixa são: o Reino Unido com uma percentagem de 45.5% e a França com 46.1%, respetivamente. Contrariando estes valores, temos em seguida a Alemanha com 61.4%, a Espanha com 72.9%, e a Itália com 75.9%, tal como se comprova no gráfico 5.

Estudos da Eurostat mostram-nos que, atualmente, a maior preocupação política referente à energia da UE centra-se na dependência das importações de energia, nomeadamente do petróleo e do gás.

Como já foi referido, anteriormente, a UE teve de encontrar uma forma de combater esta alta dependência económica. Para tal, foi apresentado ao Parlamento Europeu uma estratégia de União Energética que tem como principais objetivos: a segurança de aprovisionamento, a competitividade e a sustentabilidade. Dentro destes

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33 objetivos podemo-nos focar noutras matrizes muito importantes para a sustentabilidade energética da Europa: a livre circulação de energia através das fronteiras nacionais e o investimento na renovação de infraestruturas. Estes dois últimos irão se refletir numa diminuição das despesas dos agregados familiares e irão automaticamente criar postos de trabalho. Para além disso, visa também diminuir o número de importações e aumentar o crescimento económico, respetivamente. Esta necessidade urgente em diminuir o nível de importações prende-se com a prevenção de crises de abastecimento energético, como aquela que aconteceu entre a Rússia e a Ucrânia, em janeiro de 2009. Foi também tido em conta a diminuição da poluição ambiental, tendo como principal objetivo tornar a Europa líder na produção de energia renovável.

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Gráfico 5 – Taxa de dependência energética, total, 2014

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35 3.1.6. Produção bruta de eletricidade - Total (tep)

Após analisar dados recolhidos pela Eurostat é possível concluir que em 2012 a produção bruta de eletricidade total na UE foi de 3264.1 twh, por hora. Isto demonstra uma queda significativa nesta produção, uma vez que em 2010 esta era de 3 332 twh por hora. Esta queda teve início em 2007, tendo a produção de eletricidade registado uma diminuição de 2.5% em 2012, quando comparada com 2007.

O consumo total de eletricidade na UE encontra-se equitativamente dividido entre o carvão, a energia nuclear e o gás natural. Em 2012 o carvão representava 28.14% da produção de eletricidade, seguido pela energia nuclear com 27% e o gás natural com 17.8%. A produção de eletricidade através destas três fontes diminuiu a partir de 2007.

As energias renováveis somaram um total de produção de eletricidade de 24.1% em 2012: a energia hidráulica com 10.3%, a energia eólica com 16.3%, os biocombustíveis residuais 5.2%, a energia solar 2.3%, e a energia geotermal com 0.2%. A troca destas energias aumentou consideravelmente a partir de 2007, altura em que foi elaborada a primeira revisão estratégica no âmbito destas fontes de energia.

Estes valores encontram-se relacionados com os grandes investimentos levados a cabo nas energias solar e eólica. O aumento da produção de eletricidade através dos biocombustíveis residuais foi de 63.7% e a energia hidráulica registou um aumento de 6.8%. A eletricidade geotermal permaneceu constante, nos últimos cinco anos.

Malta e Chipre detêm a maior parcela de petróleo na geração de energia, enquanto a França e Suécia lideram na produção de eletricidade com baixa emissão de carbono.

A capacidade total energética instalada na UE foi de 952.1 gw em 2012. A capacidade vinda dos combustíveis fosseis representa 52%, seguida da hidráulica com 15.6%, da nuclear com 12.9%, da eólica com 11.2%, do solar com 7.4%, e de outras (0.3%).

As centrais a gás e as instalações de energias renováveis tiveram também um crescimento significativo até 2010. A União Europeia dispõe de modernas frotas de turbinas a gás de ciclo combinado, às quais foram acrescentados 100 gw desde o ano de 1990.

Podemos então concluir que existe uma larga diversidade no consumo total de eletricidade da União Europeia.

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36 3.1.7. Produção bruta de eletricidade - Nuclear (tep)

É muito difícil prever o futuro da energia nuclear no séc. XXI, porque este tipo de energia tem vários fatores que são alvo das preocupações governamentais, tais como: os resíduos radioativos, a proliferação nuclear, acidentes com reatores e a opinião pública. No entanto, a geração de eletricidade de origem nuclear também possui ao mesmo tempo inúmeras vantagens, entre as quais se destacam: uma maior eficiência energética, a diminuição da emissão de gases de efeito estufa e que é um contributo para a melhoria das alterações climáticas. Porém, não existe consenso entre os países membros da UE, havendo alguns países como a Itália e a Áustria que não possuem quaisquer planos para a introdução e desenvolvimento da energia nuclear e havendo outros como a Alemanha, França e a Suécia que se comprometeram a fasear o desmantelamento das suas centrais nuclear. Temos ainda países como o Reino Unido e a Finlândia que continuam a preservar o papel crucial que a energia nuclear representa na sua produção de eletricidade local.

3.2 – Amostra

A amostra selecionada para o estudo diz respeito aos 15 países da União Europeia (Bélgica, Bulgária, Alemanha, República Checa, Finlândia, França. Hungria, Holanda, Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Lituânia, Suécia e Reino Unido) com produção nuclear. O objetivo é fazer uma análise do coeficiente de correlação de Spearman das variáveis escolhidas, de forma a compreender o grau de associação entre elas.

3.3 - Período temporal

Este estudo incide sobre o intervalo temporal compreendido entre 1990 a 2014. Pretendia-se com este plano da dissertação que o período temporal fosse mais alargado para que existisse uma análise mais extensiva e completa, mas a disponibilidade de dados para o sucesso do estudo fez-nos optar pelo período temporal supre citado anteriormente.

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37

3.4. Procedimentos

De acordo com a investigação traçada foi necessário definir os procedimentos inerentes à recolha de dados, para que fosse obtida a informação necessária para o esclarecimento do tema. Nesta investigação, considera-se pertinente decidir onde se irá chegar com cada técnica e, por esse motivo, foi definido um plano de pesquisa, sabendo a priori que seria sempre um plano aberto e provisório.

Na área da investigação, a utilização da informação disponível, qualquer que seja o seu carácter, formato ou suporte é imprescindível. A revisão da literatura é um bom exemplo da análise documental embora se estenda também a outro tipo de documentos que foram trabalhados.

Dada a multiplicidade de documentos suscetíveis de fornecer elementos válidos para a pesquisa, a análise documental envolve diversos procedimentos. Atendendo ao objeto de estudo da presente dissertação, a análise documental recaiu sobre dois níveis distintos: por um lado, uma análise que permitiu fazer a revisão da literatura, usando diversos motores de busca bibliográficos, como a Scopus e a B-On, para compreender de que forma a energia nuclear poderia trazer benefícios para os países europeus, a nível económico e ambiental e, por outro lado, contrapor com autores que têm opiniões distintas relativas a este tema.

A outra técnica de recolha de dados utilizada foi a meta-análise, no qual foi utilizado como referência de base de dados para uma análise mais detalhada: a Eurostat e o Pordata.

No Eurostat retirou-se os dados relativos à dependência energética da amostra selecionada, atendendo ao espetro temporal do estudo, que de seguida foi calculada a média desses 24 anos (1990 – 2014), país a país.

Os restantes dados correspondentes às restantes variáveis foram retirados do site de base de dados Pordata. E para cada variável adotou-se o mesmo procedimento, que anteriormente dizemos para a variável dependência energética, que passou por calcular média dos 24 anos, de cada país. À posteriori, os dados extraídos foram trabalhados no software SPSS-24.0, tal como será explicado no ponto seguinte.

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38

3.5 – Modelo

Para a apresentação dos dados recorreu-se ao uso de tabelas, com os respetivos dados estatísticos antecedidos de análise.

Obteve-se a análise dos dados por estatística descritiva e inferencial, utilizando-se o software SPSS-24.0 (Statistical Package for the Social Sciences).

Tendo em consideração o cumprimento dos critérios necessários para a realização de testes de hipóteses paramétricos. Desta forma, para verificar a existência de correlação entre as variáveis em estudo recorreu-se ao coeficiente de correlação de Spearman que é uma medida de associação não paramétrica entre duas variáveis pelo menos ordinais. Este coeficiente é obtido através da substituição dos valores das observações pelas respetivas ordens. As medidas de associação quantificam a intensidade e a direção da associação entre duas variáveis (Maroco, 2014).

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39

Tabela 2 - Distribuição média das variáveis em estudo

Capítulo 4. Resultados

Na tabela 2 está apresentada a distribuição da média das variáveis em estudo por país, durante o espaço temporal de 24 anos (1990 a 2014), seguindo-se os parâmetros da média, desvio-padrão, mínimo, máximo, percentil 25 e percentil 75 de todos os países.

Analisando a distribuição média das variáveis em estudo, durante o espaço temporal de 24 anos (1990 a 2014), podemos verificar que os países que têm maior produção bruta de eletricidade – total é a Alemanha, França e Reino Unido, a produzirem em média, durantes estes 24 anos, cerca de 50547, 45704, 31258 tep, respetivamente. Do lado oposto, verificamos que os países que têm menos produção bruta de eletricidade ao longo destes 24 anos a Lituânia, Eslovénia e a Eslováquia com uma produção bruta de eletricidade de 1222, 1239, 2414 tep, respetivamente. Tal análise pode ser corroborada

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40 com o gráfico 5 que se encontra em anexo.

No que concerne, aos países da amostra que tiveram mais produção bruta de eletricidade de origem nuclear foram a França, a Alemanha e o Reino Unido, a produzirem em média durante estes vinte e quatros anos 35092, 12580 e 6769 tep, respetivamente. Por outro lado, os países que tiveram menos produção bruta de eletricidade, ao longo destes vinte e quatro anos, foram os Países Baixos, a Eslovénia e a Roménia com uma produção média bruta de eletricidade na ordem dos 330, 451 e 515 tep, respetivamente, como se verifica no gráfico 6 (ver anexo).

Analisando a variável PIB (preços constantes), e tendo em conta a média feita destes 24 anos, verificamos que os países que ao longo do espectro temporal deste estudo apresentaram maior PIB foi a Alemanha, a França e o Reino Unido com valores médios de 2451405, 1863892 e 1703512 milhões de euros. Em sentido inverso, os países que apresentam os valores mais baixos, no que concerne ao valor do seu PIB, são países como a Lituânia, a Bulgária e a Eslovénia com valores de 24410, 30330 e 31610 milhões de euros, respetivamente. (ver anexo, gráfico 7)

No que diz respeito, à variável dependência energética, podemos observar através da tabela acima, que os países que são mais dependentes de outros países, no que toca a energia é a Bélgica, a Bulgária e a Eslovénia, com os respetivos valores percentuais médios de 78%, 74% e 67%. Os países com menor dependência energética é o Reino Unido, a República Checa e a Roménia, que apresentam os seguintes valores percentuais médios de 7%, 24% e 26%, respetivamente, tal como se comprova no gráfico 8.

Porém, os países onde a média dos 24 anos da intensidade elétrica da economia se destacou mais foi a Bulgária, Eslováquia e a Roménia, com os respetivos valores 120tep, 62 tep e 55 tep. Assim, os países que apresentam valores mais baixos é o Reino Unido, os Países Baixos e a Alemanha, com os respetivos valores 16 tep, 17 tep e 19 tep, de acordo com o gráfico 9 que se encontra em anexo.

Todavia, os países que podemos constatar com maior intensidade carbónica média é a Bulgária com 3436 tep, a Roménia com 2600 tep e a República Checa com 1635 tep. Os países que apresentam valores mais baixos, no que diz respeito a esta variável, foram países como a Suécia com 225 tep, França com 321 tep e o Reino Unido com 397 tep (gráfico 10, ver anexo)

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41 do sector energia, observa-se que tanto como a Alemanha, Reino Unido e a Espanha são os países que apresentam os maiores valores, com 370541 tco2, 200029 tco2 e 94407 tco2, respetivamente. A Eslovénia, a Lituânia e a Suécia foram os países da amostra que apresentam valores médios mais baixos com valores de 5933 tco2, 6176 tco2, 11067 tco2, respetivamente. (ver anexo, gráfico 11)

Para verificar a existência de correlação entre as variáveis em estudo recorreu-se ao coeficiente de correlação de Spearman (cf. Tabela 2), cujos resultados nos indicam correlações estatisticamente significativas.

Hipótese 1 - A produção bruta de eletricidade-total está associada positivamente à produção bruta da eletricidade - nuclear (r=0,782; p=0,01) ao PIB (r=0,964; p=0,01) e à emissão de gases com efeito de estufa – indústrias da energia (r=-0,782; p=0,01); e negativamente à intensidade elétrica da economia (r=-0,732; p=0,01) e à intensidade carbónica da economia (r=-0,736; p=0,01).

Hipótese 2 - A produção bruta de eletricidade - nuclear está associada positivamente ao PIB (r=0,711; p=0,05) e negativamente à intensidade carbónica da economia (r=-0,575; p=0,01).

Hipótese 3 - O PIB está associado negativamente à intensidade elétrica da economia (r=-0,807; p=0,01) e à intensidade carbónica da economia (r=-0,771; p=0,01) e positivamente à emissão de gases com efeito de estufa – indústrias da energia (r=0,761; p=0,01).

Hipótese 4 - A intensidade elétrica da economia está associada positivamente à intensidade carbónica da economia (r=0,854; p=0,01) e negativamente à emissão de gases com efeito de estufa – indústrias da energia (r=-0,518; p=0,01).

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42

Tabela 2 - Coeficiente de correlação de Spearman

Correlações Produção bruta electricidade - Total Produção bruta electricidade - Nuclear Produto Interno Bruto Dependência Energética Intensidade eléctrica da Economia Intensidade Carbónica da Economia Produção bruta electricidade -

Nuclear ,782

**

Produto Interno Bruto ,964** ,711**

Dependência Energética -0,159 0,102 -0,057

Intensidade eléctrica Economia -,732** -0,429 -,807** 0,043

Intensidade Carbónica

Economia -,736

** -,575* -,771** 0,047 ,854**

Emissão GEE - Indústria da

Energia ,782

** 0,454

,761** -0,254 -,518* -0,279

*. A correlação é significativa no nível 0,05 (bilateral).

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Capítulo 5. Discussão dos resultados

Hipótese 1 - A produção bruta de eletricidade - total está associada positivamente, à produção bruta da eletricidade-Nuclear, ao PIB e à emissão de gases com efeito de estufa – indústria da energia e negativamente à intensidade elétrica da economia e à intensidade carbónica da Economia.

Esta associação significa que à medida que a produção bruta de eletricidade – total aumenta, também a produção bruta de eletricidade de origem nuclear, o PIB e a emissão de gases com efeito estufa – indústria da energia aumentam, pois como temos vindo a analisar pelos vários autores, quanto maior é a produção de eletricidade, que não devemos dissociar da produção de eletricidade de origem nuclear, mais os países da amostra crescerão economicamente, consequentemente o PIB também aumenta.

Quanto aos gases com efeito estufa – indústria de energia tem uma associação positiva com a produção bruta de eletricidade – total, pois no inicio da década de 90 a grande maioria dos países da amostra tinham maior percentagem de utilização de outras fontes energéticas, que não a energia nuclear, essencialmente, fontes de energia de origem fóssil e por essa razão, quando há um aumento da produção bruta total de eletricidade no espectro temporal do estudo a emissão de gases de efeito estufa da indústria no sector da energia, também aumenta. Em muitos países desenvolvidos existe um grande interesse em desenvolver a energia nuclear com o objetivo de garantir a sua segurança/dependência energética e estabilizar e/ou reduzir a suas emissões GEE (Rufael, Y, Menyah, K, 2010).

Uma vez que a produção bruta de eletricidade – total está associada negativamente com a intensidade elétrica na economia e a intensidade carbónica na economia, podemos afirmar que quanto mais desenvolvidos são os países, mais eficientes energeticamente serão, produzindo assim menos carbono e a intensidade elétrica, consequentemente será menor também.

Hipótese 2 - A Produção bruta de eletricidade - energia nuclear está associada positivamente ao PIB e negativamente à Intensidade Carbónica da Economia.

A associação positiva entre a produção bruta de eletricidade de origem nuclear e o PIB, mais uma vez vai ao encontro da bibliografia, visto que, a energia nuclear é uma energia vital para o desenvolvimento económico e competitividade dos países da amostra,

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44 pois como vimos anteriormente no caso Francês, este é o país da amostra de estudo que tem com maior percentagem de utilização da energia nuclear, e consequentemente a prática dos preços de eletricidade são os mais baixos a nível mundial, que por si só é um fator diferenciador da sua economia e de sua competitividade interna e externa. Quer isto dizer que quanto maior for o acesso à eletricidade e quanto maior for a sua produção, maior será também o PIB (Silva, 2016).

Nesta mesma hipótese, verificamos que a produção bruta de eletricidade de origem nuclear está associada negativamente à intensidade carbónica da economia, isto quer dizer que à medida que a produção bruta de eletricidade de origem nuclear aumenta a intensidade carbónica na economia diminui, ora mais uma vez verificamos que este resultado vai ao encontro dos muitos estudos sobre a matéria, uma vez que, a energia nuclear é uma energia com baixas emissões de CO2 e carbono e por essa razão têm um peso muito residual nas indústrias nucleares.

Hipótese 3 - O PIB está associado negativamente à intensidade elétrica da economia e à Intensidade Carbónica da Economia e positivamente à Emissão de gases com efeito de estufa.

No que concerne a esta hipótese, o PIB está associado negativamente à intensidade elétrica da economia e à intensidade carbónica da economia, pois à medida que o PIB aumenta, as restantes descem, uma vez que, as economias dos países da amostra têm vindo a crescer e consequentemente há uma diminuição da intensidade elétrica e carbónica. Com o início do processo de “descarbonização” da Europa, o objetivo principal será diminuir a intensidade carbónica, o que levará a um decréscimo da emissão de CO2, privilegiando a eficiência energética e a segurança energética no fornecimento de eletricidade, que consequentemente também se traduzirá na diminuição do peso intensidade elétrica na economia por via da eficiência energética. Não devemos, ainda, dissociar o facto de podermos aqui incluir o PIB de estar associado positivamente com a emissão de gases efeito estufa – indústrias da energia.

Hipótese 4 - A Intensidade elétrica da economia está associada positivamente à intensidade carbónica da economia e negativamente à emissão de gases com efeito de estufa – indústrias da energia.

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45 O fato da associação referente à intensidade elétrica da economia estar associada positivamente à intensidade carbónica da economia, prende-se com o pressuposto que à medida que as intensidades elétrica e carbónica diminuem na economia, podemos estar perante uma clara eficiência energética nestes países, pois estas duas variáveis tendem a diminuir uma vez que o seu peso na economia também diminuem.

Pelo contrário, a intensidade elétrica na economia tem uma associação negativa de emissão de gases com efeito estufa – indústrias da energia, uma vez que, a energia nuclear nos últimos anos tem vindo a desempenhar um papel crucial, nesta medida as indústrias do sector da energia também têm vindo a reduzir as suas emissões de gases de efeito estufa. Nesse sentido, sempre que uma destas variáveis aumenta, a outra baixa.

De referir ainda, que não encontramos nenhuma associação com nenhuma das outras variáveis para a dependência energética.

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46

Capítulo 6. Conclusão

Ao longo do tempo, a energia nuclear desempenhou um papel fundamental numa época em que cada vez menos se depende das energias provenientes dos combustíveis fósseis. O debate da descarbonização na UE é, hoje, um assunto incontornável no futuro do crescimento económico assente na sustentabilidade económica e ambiental.

Como podemos concluir, ao longo deste estudo, a energia nuclear e o PIB estão intimamente ligados, na medida em que, quanto maior é a produção de energia nuclear num determinado país, maior será também o seu produto interno bruto, ou seja, há um consequente crescimento económico, contribuindo assim para a riqueza nacional de cada país.

Observamos ainda, que a produção de eletricidade através da energia nuclear é economicamente viável, tendo como exemplo concreto a França, uma vez que o preço da eletricidade neste país é o mais baixo a nível mundial.

Nesta sequência e como podemos observar ao longo dos resultados e da discussão dos resultados da presente dissertação, países como a Alemanha, a França e o Reino Unido e Bélgica são os países da UE que apresentam os maiores produtos internos brutos aliados a bons scores de produção bruta de eletricidade de origem nuclear. Assim, com base nestes dados, que corroboram positivamente com o facto de produção bruta de eletricidade - nuclear estar associada positivamente ao PIB.

Tal como refere Rodrigues et al (2006) a energia nuclear é uma energia limpa, que produz baixas emissões de CO2. Esta evidência é importante quando se fala da contribuição dos gases com efeito de estufa gerados pela utilização dos combustíveis fósseis, para o aquecimento do planeta e mudanças climáticas.

Por estas razões, nos últimos anos, o debate sobre energia nuclear tem vindo a suscitar interesse devido à crescente preocupação na redução das emissões de CO2 para atmosfera e na segurança do abastecimento energético de cada país ou região (De Groot, Judith et al, 2010).

Importa referir que a energia nuclear poderá ter um papel fundamental no objetivo europeu de iniciar o processo gradual da “descarbonização” no sector energético da UE, pois a energia electronuclear é bastante competitiva, quando comparamos com a produção de eletricidade a partir de combustíveis fósseis.

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47 A energia nuclear, como já vimos, emite uma quantidade reduzida de CO2, o que constitui assim, uma opção interessante na luta contra as alterações climáticas. Hoje, a energia nuclear, é uma das maiores fontes de energia da Europa com reduzidas emissões de CO2, consolidando a sua posição no processo da tão ambicionada descarbonização no sector energético europeu.

De referir, ainda, que não encontramos nenhuma associação com nenhuma das outras variáveis para a dependência energética. No entanto, importa salientar que tendo como base empírica, para os países da UE, estes consideram fundamental a independência energética de outros países fora do espectro europeu, com o objetivo fundamental de aumentar a sua segurança e independência no abastecimento energético. É evidente que uma das grandes preocupações da política da UE, também, se centra na dependência das importações de energia.

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Capítulo 7. Referências Bibliográficas

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Referências

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