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Estudo de disponibilidade lexical e ortografia em alunos portugueses de ELE. Propostas didáticas para desenvolvimento da competência lexical

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Academic year: 2021

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Estudo de disponibilidade lexical e ortografia em alunos

portugueses de ELE. Propostas didáticas para

desenvolvimento da competência lexical.

Relatório de Estágio

do Mestrado em Ensino de Português no 3.º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário e de Espanhol nos Ensinos Básico e Secundário

Mestranda:

Cláudia Sofia Fernandes Marques

Orientadora:

Doutora Anabela Dinis Branco de Oliveira Co-orientador:

Dr. José Manuel Giménez García

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Estudo de disponibilidade lexical e ortografia em alunos

portugueses de ELE. Propostas didáticas para

desenvolvimento da competência lexical.

Relatório de Estágio

do Mestrado em Ensino de Português no 3.º ciclo do Ensino Básico e no Ensino Secundário e de Espanhol nos Ensinos Básico e Secundário

Mestranda:

Cláudia Sofia Fernandes Marques

Orientadora:

Doutora Anabela Dinis Branco de Oliveira Co-orientador:

Dr. José Manuel Giménez García

Composição do Júri:

__________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________

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I Declaração

Nome: Cláudia Sofia Fernandes Marques

Título do Relatório de Estágio: Estudo de disponibilidade lexical e ortografia em alunos portugueses de ELE. Propostas didáticas para desenvolvimento da competência lexical.

Orientadora: Doutora Anabela Dinis Branco de Oliveira Co-orientador: José Manuel Giménez García

Ano conclusão: 2013

Designação do Mestrado: Ensino de Português no 3.º Ciclo do Ensino Básico e Ensino Secundário e de Espanhol nos Ensinos Básico e Secundário.

Declaro sobre compromisso de honra que a tese ou dissertação agora entregue corresponde à que foi aprovada pelo júri constituído pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

Declaro que concedo à UTAD uma licença não exclusiva para arquivar e tornar acessível, nomeadamente através do seu repositório institucional, nas condições abaixo indicadas, a minha tese ou dissertação em suporte digital, sendo a autorização concedida a título gratuito.

Declaro que, ao enviar o material em suporte impresso, autorizo a UTAD a digitalizar o exemplar da Minha tese ou dissertação, que remeto em anexo, ou o exemplar que possui nas suas bibliotecas.

Declaro que autorizo a UTAD a arquivar mais de uma cópia da tese ou dissertação e a converter, sem alterar o seu conteúdo, a tese ou dissertação entregue, para qualquer formato de ficheiro, meio ou suporte, para efeitos de preservação e acesso.

Retenho todos os direitos de autor relativos à tese ou dissertação, e o direito de a usar em trabalhos futuros (como artigos ou livros).

Concordo que a minha tese ou dissertação seja colocada no repositório da UTAD com o seguinte estatuto:

Disponibilização do conjunto do trabalho para acesso exclusivo na UTAD.

Vila Real,___/___/______

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III Agradecimentos

Para realizar este trabalho de mestrado contei, felizmente, com a ajuda e o apoio de um grupo de pessoas que fizeram com que fosse possível concluí-lo. É a todas elas que agradeço publicamente.

Desejo, em primeiro lugar, manifestar o meu agradecimento ao Dr. José Manuel Giménez García, que despertou em mim a curiosidade sobre a disponibilidade lexical e que soube orientar-me sempre de forma crítica e estimulante, quer ao longo do estágio, quer na elaboração deste trabalho. Agradeço-lhe a partilha de conhecimento, a disponibilidade, a confiança e a paciência.

Agradeço também à professora Sandra Pinto, minha orientadora de estágio na Escola Secundária Fernão Lopes, que muito contribuiu para o sucesso do estágio, através da partilha da sua experiência profissional, através das suas palavras de orientação e também da sua amizade.

Desejo agradecer também a todos os alunos que colaboraram comigo neste estudo, anónima e desinteressadamente, cedendo-me as suas palavras, que são o núcleo deste trabalho. E aos professores, que disponibilizaram o seu tempo e as suas aulas. Sem eles, este trabalho não existiria.

Quero, igualmente, agradecer ao Ivo o apoio constante e a compreensão, bem como a colaboração na resolução de problemas ao nível do tratamento estatístico dos dados e de manejo dos programas informáticos.

Aos meus pais e à minha irmã Catarina, agradeço-lhes as palavras de incentivo e o carinho que fazem com que qualquer caminho difícil se torne mais suaveE apesar da ausência.

A todos os familiares e amigos cuja ajuda preciosa me permitiu ter disponibilidade para me dedicar com o tempo e o empenho que um trabalho desta natureza requer.

Quero, ainda, salientar o facto de este relatório surgir integrado num longo percurso de formação e aprendizagem, que nunca estará terminado. Neste sentido, os agradecimentos que aqui deixo estendem-se a todos os que ao longo deste caminho me têm de alguma forma acompanhado, em percursos mais ou menos longos, contribuindo quer para o meu enriquecimento pessoal e profissional, quer para a minha felicidade.

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V

“Amo tanto las palabrasE Las inesperadasE Las que glotonamente se esperan, se acechan, hasta que de pronto caenE Vocablos amados. (E) Todo está en la palabraE Una idea entera se cambia porque una palabra se trasladó de sitio, o porque otra se sentó como una reineta adentro de una frase que no la esperaba y que le obedecióE Tienen sombra, transparencia, peso, plumas, pelos, tienen de todo lo que se les fue agregando de tanto rodar por el río, de tanto transmigrar de patria, de tanto ser raícesE(E) Qué buen idioma el mío, qué buena lengua heredamos de los conquistadores torvosE” (Neruda 2001: 25)

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VII Resumo

O objetivo primário dos estudos de disponibilidade lexical é determinar o léxico fundamental de uma determinada comunidade linguística. No entanto, percebeu-se que estes estudos têm outras aplicações interessantes e que podem dar um contributo importante para a didática das línguas, nomeadamente estrangeiras. É neste sentido que surge este estudo.

Este trabalho é composto por três capítulos. O primeiro tem como objetivo a análise dos resultados da aplicação de uma prova de disponibilidade lexical a um grupo de estudantes portugueses de ELE do ensino secundário, seguindo alguns dos pressupostos do Proyecto Panhispánico de disponibilidad léxica. Pretende-se perceber que palavras espanholas os alunos têm armazenadas no seu lexicón mental e que seriam capazes de usar em determinadas situações comunicativas, quando expostos a determinados estímulos.

No segundo capítulo, analisa-se o material recolhido na aplicação da prova de disponibilidade lexical segundo uma perspetiva ortográfica.

Por fim, no terceiro capítulo, partindo do pressuposto de que a competência lexical é parte fundamental da competência linguística e de que o professor deve ajudar os alunos a desenvolverem-na, apresentam-se propostas didáticas para trabalhar o vocabulário na aula de ELE. Essas atividades fazem parte das duas unidades didáticas que elaborei no âmbito do estágio pedagógico deste mestrado.

Palavras-chave: disponibilidade lexical, léxico disponível, centros de interesse, lexicón mental, interlíngua, erro, ensino do léxico, competência lexical.

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VIII Abstract

The main purpose of the lexical availability studies has been to determine the lexicon of a particular linguistic community. However, it was noted that these studies have other interesting applications and can give an important contribution to the teaching of languages, particularly foreign languages. In this sense, this study arises.

This work consists of three chapters. The first aims to analyze the results of the application of a lexical availability’s test to a group of Portuguese students of Spanish as a foreign language in secondary education, following some of the guidelines of Proyecto

Panhispánico de disponibilidad léxica. With this study we intend to realize what Spanish

words students have stored in their mental lexicon, ready to use in certain communicative situations, when exposed to certain stimulus.

In the second chapter I analyze the collected material in the application of the lexical availability’s test according to a lexical orthographic perspective.

Finally, in the third chapter, on the assumption that lexical competence is an essential part of linguistic competence and that the teacher should help students to develop it, I present some didactic proposals for working vocabulary in class of Spanish as a foreign language. These activities are part of the two teaching units that worked out within the teaching practice of this master.

Keywords: lexical availability, available lexicon, cue words, mental lexicon, interlanguage, error, learning the lexicon, lexical ability.

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IX Índice Geral Declaração ... I Agradecimentos ... III Resumo ... VII Abstract ... VIII Índice Geral ... IX Introdução ... - 1 -

Capítulo I: Estudo de disponibilidade lexical em alunos portugueses de ELE do ensino secundário . - 3 - 1. Contextualização teórica ... - 5 -

1.1. Os estudos de disponibilidade lexical ... - 5 -

1.2. Os estudos de disponibilidade lexical em estudantes de ELE ... - 9 -

1.3. Utilidade dos estudos de disponibilidade lexical ... - 10 -

2. Questões metodológicas ... - 16 -

2.1. O corpus ... - 16 -

2.2. A recolha de dados ... - 17 -

2.3. Preparação e edição dos dados dos questionários de léxico disponível... - 19 -

3. Apresentação e análise dos dados ... - 27 -

3.1. Definição de conceitos-chave ... - 27 -

3.2. Resultados gerais ... - 29 -

3.3. Resultados por centros de interesse ... - 30 -

3.4. Influência das variáveis sociais na produtividade ... - 36 -

3.5. Comparação entre o vocabulário disponível de estudantes de ELM e de ELE ... - 40 -

4. Considerações finais ... - 46 -

Capítulo II: A ortografia no vocabulário disponível e indisponível ... - 48 -

1. Contextualização teórica ... - 49 -

1.1. O conceito de “erro” ... - 49 -

1.2. A Interlíngua ... - 52 -

1.3. Tratamento e correção do erro ... - 55 -

2. Questões metodológicas ... - 58 -

2.1. O corpus ... - 58 -

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X

3. Apresentação e análise dos dados ... - 64 -

3.1. Resultados gerais ... - 64 -

3.2. Erros de acentuação e diéresis ... - 65 -

3.3. Erros de confusão do grafema para o mesmo fonema ... - 67 -

3.4. Erros de origem fonológico-fonética ... - 69 -

3.5. Erros morfossintáticos ... - 72 -

3.6. Erros no plano lexical ... - 73 -

5. Considerações finais ... - 77 -

Capítulo III: Propostas didáticas para o desenvolvimento da competência lexical ... - 79 -

1. Contextualização teórica ... - 81 -

1.1. O lexicón mental ... - 81 -

1.2. Como trabalhar o léxico? ... - 82 -

2. Propostas didáticas ... - 86 - Atividade 1 ... - 89 - Atividade 2 ... - 90 - Atividade 3 ... - 91 - Atividade 4 ... - 92 - Atividade 7 ... - 96 - Atividade 8 ... - 98 - Conclusão ... - 101 - Referências Bibliográficas ... - 105 - ANEXOS ... - 109 - ANEXO A: Teste de Disponibilidade Lexical

ANEXO B: Apresentação do léxico disponível. Lista geral segundo índice de disponibilidade (Programa LexiDisp).

ANEXO D: Planificação da Unidade Didática “Infecciones”

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XI Índice de Tabelas

Tabela 1: Dados gerais __________________________________________________________________ 16 Tabela 2: Resultados globais _____________________________________________________________ 30 Tabela 3: Centros de interesse ordenados segundo o número decrescente de palavras _________ 30 Tabela 4: Índice de coesão por centro de interesse _________________________________________ 32 Tabela 5: Listas das dez palavras mais disponíveis por centro de interesse ____________________ 35 Tabela 6: Média de palavras por centro de interesse segundo a variável 'sexo do informante' ____ 37 -Tabela 7: Média de palavras por aluno e por centro de interesse, segundo a variável 'nível de

Espanhol' ______________________________________________________________________________ 38 Tabela 8: Dados gerais das quatro investigações comparadas _______________________________ 40 -Tabela 9: Palavras mais disponíveis em 'Partes del cuerpo': comparação Portugal, Eslovenia,

Finlandia e Espanha _____________________________________________________________________ 42 -Tabela 10: Palavras mais disponíveis em 'La ropa': comparação Portugal, Eslovenia, Finlandia e Espanha _______________________________________________________________________________ 43 -Tabela 11: Palavras mais disponíveis em 'El campo': comparação Portugal, Eslovenia, Finlandia e Espanha _______________________________________________________________________________ 43 -Tabela 12: Palavras mais disponíveis em 'La ciudad': comparação Portugal, Eslovenia, Finlandia e Espanha _______________________________________________________________________________ 44 -Tabela 13: Palavras mais disponíveis em 'Juegos y distracciones': comparação Portugal, Eslovenia, Finlandia e Espanha _____________________________________________________________________ 45 Tabela 14: Dados gerais relativos à ortografia nos materiais analisados _______________________ 64

-Índice de Ilustrações

Ilustração 1: Número total de informantes por sexo ... 17

Ilustração 2: Folha do Excel relativa aos dados dos informantes ... 20

Ilustração 3: Folha do Excel relativa ao tratamento dos dados do estudo de disponibilidade lexical 21 -Ilustração 4: Folha do programa Excel relativa à apresentação do vocabulário e tratamento ortográfico ... 21

Ilustração 5: Programa LexiDisp ... 27

Ilustração 6: Fórmula de cálculo do índice de disponibilidade ... 29

-Ilustração 7: Média de palavras por aluno dos cursos científico-humanísticos e profissionais, de nível de língua espanhola A1 ... 39

Ilustração 8: Estratégias usadas por aprendizes de uma língua estrangeira ... 54

Ilustração 9: Propostas de atuação pedagógica perante o erro ... 57

Ilustração 10: Distribuição do número total de erros pelos quatro grupos considerados... 64

Ilustração 11: Distribuição do número total de erros por ausência de acento ... 66

Ilustração 12: Distribuição do número total de erros por colocação incorreta do acento... 67

-Ilustração 13: Distribuição do número total de erros de confusão de uso de grafemas para o mesmo fonema ... 68

Ilustração 14: Distribuição do número total de erros de origem fonológicofonética ... 69

Ilustração 15: Distribuição do número total de erros de caráter morfossintático ... 72

Ilustração 16: Distribuição do número total de léxico ... 73

Ilustração 17: Aspetos a considerar aquando da apreensão de uma palavra nova ... 83

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-XII Abreviaturas e siglas

ELE: Espanhol língua estrangeira LE: Língua estrangeira

ELM: Espanhol língua materna LM: Língua materna

PPHDL: Proyecto Panhispánico de disponibilidad léxica

QECRL: Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas CI: Centro de Interesse

IL: Interlíngua

AC: Análise Contrastiva AE: Análise de Erros

RAE: Real Academia Española

DRAE: Diccionario de la Real Academia Española DPD: Diccionario Panhispánico de Dudas

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1 Introdução

Este trabalho está estruturado em três partes, ligadas entre si pelo objeto de estudo: o léxico espanhol de alunos portugueses de ELE do ensino secundário.

O objetivo da primeira parte do trabalho, que corresponde ao primeiro capítulo, é conhecer o domínio lexical dos informantes na língua espanhola. Os inquiridos são alunos portugueses do ensino secundário, integrados nos cursos de formação geral científico-humanísticos ou nos cursos profissionais, que estudam a língua espanhola em escolas da rede pública. Pretende-se, através da aplicação de uma prova de disponibilidade lexical, conhecer o léxico ativo dos alunos, ou seja, as palavras que eles são capazes de atualizar espontaneamente, de acordo com o tema ou as circunstâncias comunicativas. O corpus produzido pelos alunos será, então, objeto de análise léxico-estatística, seguindo grande parte da metodologia aplicada nos trabalhos de disponibilidade lexical que integram o

Proyecto Panhispánico de disponibilidad léxica (projeto que apresentarei detalhadamente no

Capítulo I deste trabalho).

O corpus lexical será ainda aproveitado para refletir sobre as diferenças na atualização do vocabulário dependendo de algumas variáveis linguísticas, nomeadamente o tipo de curso frequentado e o nível de espanhol/ número de anos de estudo da língua em contexto formal, e extralinguísticas, como o sexo.

Assim, iremos verificar se:

- a produtividade lexical dos alunos do curso científico-humanístico é superior à dos alunos dos cursos profissionais do mesmo nível de língua;

- a produtividade lexical dos alunos aumenta de acordo com o nível de língua;

- os informantes de sexo feminino produzem em média mais vocábulos do que os de sexo masculino;

- há coincidência nos vocábulos mais disponíveis ao comparar o corpus dos alunos portugueses com o de alunos nativos.

Na segunda parte do trabalho, aproveitarei a existência deste corpus lexical para identificar os erros ortográficos produzidos, classificando-os numa tipologia que ajude a explicar os desvios à norma e as causas que os provocam. Ao mesmo tempo, analisaremos a frequência desses desvios. Esta análise de erros será feita, tendo consciência das limitações que o corpus e a própria metodologia da sua recolha apresentam, quer ao nível

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2 da determinação do que se considera como “erro”, quer ao nível da ausência de um contexto linguístico mais completo. Assim, pelas características da prova, que está desenhada para que os alunos anotem palavras simples ou construções sintagmáticas, será feita uma reflexão sobre plano ortográfico, o fonológico-fonético, o morfossintático (em determinados aspetos) e o lexical.

Do ponto de vista da didática da ortografia, visto que se analisam as palavras mais disponíveis dos alunos em vários campos semânticos, conseguimos perceber quais são os erros ou faltas mais frequentes no plano ortográfico e procurar estratégias que ajudem os alunos a melhorar o seu desempenho neste nível.

A terceira parte deste trabalho é dedicada à aquisição do vocabulário. Atualmente, já não se concebe a aquisição do léxico como um processo cumulativo, mas antes como um processo dinâmico, complexo, que implica uma contínua reorganização do lexicón mental do aprendiz, seja ele de língua materna ou estrangeira. Neste sentido, ao desenhar materiais didáticos que facilitem o processo de desenvolvimento da competência lexical do aluno, o professor deverá ter em conta que, para que as unidades lexicais passem a fazer parte do

lexicón mental, há que trabalhá-las não só do ponto de vista do seu significado, mas

também das relações semânticas que elas estabelecem com outras palavras e estruturas lexicais. Por outro lado, é fundamental trabalhar com o vocabulário em contexto e proporcionar aos alunos o contacto com diferentes tipos de unidades lexicais.

Após uma breve fundamentação teórica, apresentarei dois grupos de propostas didáticas de léxico, semicontextualizadas e contextualizadas. Trata-se de atividades que fazem parte das duas unidades didáticas que elaborei e que pus em prática este ano, durante o estágio pedagógico. Através delas, pretende-se ajudar os alunos a:

- desenvolver competências de compreensão e produção lexical; - trabalhar com diferentes tipos de unidades lexicais;

- conhecer as possíveis associações de uma unidade lexical; - trabalhar com vocabulário em contexto.

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3 Capítulo I: Estudo de disponibilidade lexical em alunos portugueses de ELE do ensino

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5 1. Contextualização teórica

1.1. Os estudos de disponibilidade lexical

A disponibilidade lexical é “o campo de investigação, dentro da Linguística, que tem como objetivo a recolha e a posterior análise do léxico disponível de uma determinada comunidade linguística” (Saragueli e Tabernero 2008: 745). O principal objetivo de um estudo de disponibilidade lexical é descobrir as palavras que um falante seria capaz de produzir ao ser confrontado com determinados temas, que funcionam como estímulos.

Os primeiros estudos de disponibilidade lexical tiveram início na década de cinquenta do século XX, em França, com o projeto do Français Fondamental. Os professores e linguístas Georges Gougenheim, René Michéa, Paul Rivency e Aurelien Sauvageot tinham a seu cargo, a pedido do Ministério de Educação Nacional francês, a elaboração de uma obra que facilitasse a aquisição rápida e eficaz do vocabulário da língua francesa, não só por habitantes dos países africanos que faziam parte da Unión Française, mas também pelo elevado número de imigrantes que nessa época se deslocava para França para trabalhar e para viver.

Inicialmente, para estabelecer o léxico francês “fundamental” recorreram unicamente a uma metodologia baseada no estudo da frequência de palavras em vários corpora textuais, já que se considerava, naquela época, que as palavras frequentes, por serem as mais numerosas, eram as mais úteis para a comunicação.

No entanto, ao analisarem as listas de frequência elaboradas durante a investigação, Gougenheim e os restantes linguistas responsáveis pelo projeto chegaram à conclusão de que, utilizando unicamente o critério da frequência, obtinham as unidades lexicais mais estáveis, mas de pouco conteúdo semântico, deixando de parte aquelas palavras relacionadas com realidades concretas, de carácter nocional. Surge, assim, a distinção entre palavras “atemáticas” e palavras “temáticas”:

Las primeras se actualizan en cualquier situación comunicativa, con independencia del tema tratado (de ahí que también se denominen atemáticas); la mayoría de ellas son palabras gramaticales (E); frente a las palabras disponibles, se uso frecuente y común en una comunidad, pero que sólo se actualizan con estímulos temáticos en situaciones comunicativas específicas en que se necesita transmitir información sobre un determinado tema (son las llamadas temáticas porque dependen del tema) (Camacho e Aragonés 2004: 370).

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6 O léxico frequente é, assim, formado, na sua grande maioria, pelas palavras “atemáticas” e o seu conjunto forma o vocabulário básico de uma língua, enquanto o léxico disponível é o conjunto de palavras que os falantes têm no seu lexicón mental e cujo uso está condicionado pelo tema concreto da comunicação. É formado pelas palavras que surgem mais facilmente na nossa mente quando enfrentamos linguisticamente uma situação determinada. Michéa foi o primeiro linguista a utilizar o termo “léxico disponível”:

En présence d'une situation donnée, les mots qui viennent les premiers à l'esprit sont ceux qui sont liés tout spécialment à cette situation et la caractérisent. Un mot disponible est un mot qui, sans être particulièrement fréquent, est cependant toujours prêt à être employé, et se presente inmediatement à l'esprit au moment où l'on en a besoin (Michéa 1953: 342).

As palavras que compõem o vocabulário disponível, ainda que sejam perfeitamente conhecidas pelos falantes de uma comunidade, registam uma frequência muito baixa, visto que só se utilizam quando se fala sobre determinados temas ou em situações muito específicas (López Morales 1999a: 9).

Foram, então, abandonados os estudos léxico-estatísticos baseados apenas na frequência, já que se tornou evidente que as palavras disponíveis não poderiam faltar no léxico fundamental do francês, tão importante nos níveis iniciais de aprendizagem de uma língua estrangeira. Partindo da distinção entre estes dois tipos de vocabulário, Gougenheim e os seus colaboradores centram o seu estudo no léxico disponível: “Nous avons ainsi distingué deux vocabulaires: le vocabulaire fréquent et le vocabulaire disponible, ayant chacun ses caractères propesE Seul le vocabulaire disponible suscite notre interêt, le vocabulaire frequent, si utile qu’il soit, ne nous retenant pas.” (Gougenheim et al. 1964: 146).

Neste sentido, os linguistas passaram a utilizar uma nova metodologia, que partia da aplicação a falantes nativos (entre os 9 e os 12 anos) de provas associativas que utilizavam estímulos temáticos (centros de interesse ou campos semânticos) para atualizar o seu léxico disponível. Gougenheim considerava que os 16 centros de interesse escolhidos para integrar a prova representavam os campos semânticos partilhados por todos os falantes, independentemente da sua procedência geográfica ou social (Gougenheim et alii 1964: 152):

01: Les parties du corps;

02: Les vêtements – homme et femme-; 03: La maison – sans meubles;

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7

04: Les meubles de la maison;

05: Les aliments et boissons des repas;

06: Les objets placés sur la table pour les repas; 07: La cuisine et ses utensiles;

08: L’école, ses meubles et son matériel scolaire; 09: Le chauffage et l’eclairage;

10: La ville;

11: Le villaje et le bourg; 12: Les moyens de transport;

13: Les travaux des champs et jardinage; 14: Les animaux;

15: Les jeux et distractions;

16: Les différents métiers (Gougenheim et alii 1964: 152-153).

O projeto francês abriu caminho à realização de outros estudos sobre a disponibilidade lexical. Em 1971, é publicado o estudo canadiano dirigido por Mackey que compara o léxico comum do francês de França com o das regiões francófonas do Canadá (Mackey 1971). O autor canadiano seguiu grande parte dos procedimentos metodológicos que foram utilizados nas investigações de Gougenheim e dos seus colaboradores, para facilitar as comparações dos corpora. Assim, aplica as técnicas associativas controladas a estudantes da mesma faixa etária que os participantes nas investigações anteriores (entre os 9 e os 12 anos), mas acrescenta seis centros de interesse aos dezasseis iniciais do estudo de Gougenheim.

Através do seu estudo comparativo, Mackey chega a conclusões interessantes, destacando que algumas palavras são reveladoras das diferenças culturais e civilizacionais entre os participantes do estudo. Por exemplo, o vocábulo “thêatre” aparece em terceiro lugar no vocabulário do centro de interesse ‘Les distractions’ em França, enquanto na região canadiana de Acadie esse vocábulo aparece apenas em 242.º lugar, e é o vocábulo “hockey” que ocupa a terceira posição (Mackey 1971: 42).

Em relação à língua espanhola, as investigações sobre disponibilidade lexical começaram nos anos setenta com os trabalhos do linguista porto-riquenho Humberto López Morales. O primeiro trabalho do autor neste campo foi publicado em 1973 e intitula-se

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8 compara os materiais de disponibilidade lexical dos estudantes de San Juan com as listas de frequência da investigação Recuento de Vocabulario de preescolares de Rodríguez Bou.

Em 1987, com a colaboração de Roberto Lorán, Humberto López Morales conseguiu finalmente atingir um dos seus objetivos primordiais: encontrar uma forma de calcular o grau de disponibilidade das unidades lexicais. Como explica Florentino Paredes García, “nos estudos sobre disponibilidade lexical deve ter-se em conta o índice de disponibilidade dos vocábulos – e não apenas a frequência, como acontecia nas primeiras investigações –, porque duas palavras com a mesma frequência podem não apresentar o mesmo grau de disponibilidade” (Paredes García 2012: 85). Este índice resulta da “combinação entre o número de vezes que aparece um vocábulo e a posição que ocupa no processo de atualização das unidades lexicais. O valor obtém-se ao agrupar as respostas de todos os participantes no estudo” (Paredes García 2012: 85). Segundo Paredes, a inclusão deste índice nos estudos de disponibilidade lexical é uma “pieza angular sobre la que sostiene el constructo metodológico, pues permite jerarquizar las unidades y establecer comparaciones de diverso tipo” (Paredes García 2012: 85).

Humberto López Morales inicia a coordenação do Proyecto Panhispánico de

disponibilidad léxica (PPHDL), que tem como objetivo “a publicação de um dicionário geral

do léxico disponível comum do mundo hispânico, assim como a publicação do léxico disponível de cada um dos países que formam a comunidade hispânica” (Bartol Hernández 2006: 380).

Criaram-se, então, vários grupos de investigação para determinar o léxico disponível dos falantes de espanhol, partindo da aplicação de provas de disponibilidade lexical à comunidade linguística de fala hispânica, tanto em Espanha como noutros países. Este projeto envolveu muitos investigadores e contribuiu para o desenvolvimento, quer teórico quer metodológico, dos estudos de disponibilidade lexical. Entre os linguistas envolvidos na investigação, encontram-se, relativamente ao léxico de Espanha, Benítez Pérez (Madrid), Galloso (Ávila, Zamora y Salamanca), Maitena Etxeberria (Bilbao), Gómez Devís (Valencia) e González e Ester Trigo (Sevilla), entre outros.

Os vários grupos de investigação que pertencem ao PPHDL partem de pressupostos metodológicos comuns, expostos por Bartol Hernández (Bartol Hernández 2006: 380): a) Trabalham com dezasseis centros de interesse (campos lexicais);

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9 c) Os informantes respondem por escrito ao questionário e dispõem de dois minutos para cada campo lexical;

d) Têm-se em conta as seguintes variáveis sociais: sexo, nível sociocultural, titularidade do centro de estudos (público ou privado) e localização do mesmo;

e) Seguem-se as mesmas normas de edição dos dados (homogeneização das respostas); f) Aplica-se um programa informático para calcular o índice de disponibilidade.

Para tratar o léxico disponível, existe um programa informático (uma aplicação para

Windows) denominado Lexidisp, que foi elaborado por José Henrique Moreno e Antonio J.

García de las Heras, em 1995, com a assessoria de Francisco Moreno e Pedro Benítez da Universidade de Alcalá. O programa foi desenvolvido a pedido de Humberto López Morales, então presidente da Associação de Linguística e Filologia da América Latina (ALFAL). O seu objetivo era que este programa informático de tratamento estatístico de materiais de produção lexical estivesse à disposição da comunidade investigadora internacional.

Existe outro programa de tratamento de dados de disponibilidade acessível através da internet, o Dispolex, elaborado por investigadores da Universidade de Salamanca. Ambos os programas aplicam a fórmula matemática criada por López Chavez e Straussburger para calcular a disponibilidade lexical, permitindo a comparação entre

corpora.

1.2. Os estudos de disponibilidade lexical em estudantes de ELE

Carcedo González foi o primeiro investigador a estudar a disponibilidade lexical tendo como objeto de estudo um grupo de estudantes de espanhol como língua estrangeira. Começou por realizar um estudo de disponibilidade lexical de 78 informantes finlandeses do último ano de ensino secundário que tinham o espanhol como língua opcional (Carcedo González 1998a) e, posteriormente, analisou os 469 erros observados nesses materiais de disponibilidade, tendo-os classificado em quatro grandes grupos: os ortográficos, os de carácter fónico, os de índole morfológica e os causados por transferência lexical de diversas línguas (Carcedo González 1998b).

Entre outros estudos de disponibilidade lexical realizados pelo autor, encontra-se o trabalho sobre o desenvolvimento da competência lexical de 48 estudantes finlandeses, ao longo de quatro fases do estudo da língua espanhola: quarto e oitavo anos de liceu e primeiro e segundo anos do ensino universitário (Carcedo González 1999a). O investigador concluiu que a produção de unidades lexicais aumenta à medida que aumenta o nível de

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10 competência linguística dos alunos em espanhol. Do ponto de vista qualitativo, destaca a coincidência dos vocábulos que ocupam os primeiros lugares das listas de disponibilidade, independentemente do nível de competência em espanhol, facto que, segundo o autor, permitiria tirar conclusões proveitosas a nível da psicolinguística.

Carcedo González dedicou-se também ao estudo comparativo do vocabulário espanhol disponível de alunos finlandeses pré-universitários com os de alunos da zona metropolitana de Madrid do mesmo nível de estudos (Carcedo González 1999b). Nesse trabalho, Carcedo mostra a natural desvantagem da produtividade lexical dos estudantes finlandeses relativamente à dos nativos, embora conclua que os vocábulos que ocupam a primeira posição nas listas de ambos os grupos de participantes são equivalentes.

Ainda em 2000, o mesmo investigador analisa os dados desses 350 alunos finlandeses de espanhol, tendo em conta variáveis como: o sexo, o conhecimento de outras línguas românicas, o nível de estudos (150 alunos do quarto ano do liceu, 150 do último ano do secundário e 50 universitários) e a língua materna (26 suecos e 324 finlandeses). Através deste estudo (Carcedo González 2000), o autor confirma que o conhecimento de outras línguas românicas contribui para o aumento da produtividade lexical, bem como que há uma progressiva evolução na quantidade de vocábulos apresentados desde o nível inferior de domínio da língua até ao grau superior de especialização universitária. Conclui ainda que nem o sexo nem a língua materna parecem exercer um papel relevante neste domínio.

Também a investigadora M. Samper Hernández se dedicou ao estudo de disponibilidade lexical em estudantes de ELE. Realizou vários estudos de disponibilidade lexical, entre os quais analisou o léxico disponível de 45 informantes estrangeiros, de várias nacionalidades, a aprenderem espanhol em Espanha (Samper Hernández 2002).

Num estudo posterior, a autora compara o vocabulário disponível desses 45 informantes estrangeiros com as listas da investigação do léxico disponível de Gran Canaria, do PPHDL (Samper Hernández 2003). A autora refere o alto índice de compatibilidade geral que encontra em ambas as listas de disponibilidade, com 58% de vocábulos comuns entre os que se encontram nas vinte primeiras posições em cada centro de interesse.

1.3. Utilidade dos estudos de disponibilidade lexical

A análise dos dados retirados das provas de disponibilidade lexical permite, tal como afirma Carcedo González, “conhecer o vocabulário realmente disponível de uma comunidade específica de falantes, estudar as diferentes fases do processo de aquisição/

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11 aprendizagem da língua materna ou estrangeira, realizar comparações entre os léxicos disponíveis (entre comunidades de falantes da mesma língua ou entre nativos e estrangeiros aprendizes da língua), perceber a incidência de determinados fatores de índole sociocultural na produção linguística ou dispor de uma base estatística sólida para se poder selecionar e graduar as unidades lexicais que devem ser ensinadas” (Carcedo González 1999a: 209).

López Morales destacou a possibilidade de interligação entre os estudos de disponibilidade lexical e outras áreas, como a dialetologia, a sociolinguística, a psicolinguística, a etnolinguística e a linguística aplicada ao ensino das línguas (López Morales 1999a: 249-254).

Também Florentino Paredes reflete sobre a relação existente entre os estudos de disponibilidade lexical e outras disciplinas, nomeadamente a psicolinguística, apresentando alguns trabalhos que têm sido realizados neste âmbito (Paredes García 2012).

1.3.1. Disponibilidade lexical e a dialetologia

Para a dialetologia, os estudos de disponibilidade lexical podem ser muito úteis, porque permitem recolher uma grande quantidade de dados produzidos por um número muito elevado de indivíduos de uma mesma comunidade linguística. Assim, como afirma López Morales, “el análisis cuantitativo de la disponibilidad de una comunidad dialectal dada ofrece, sin duda, una buena descripción de esta parcela de su norma léxica” (López Morales 1999a: 249).

Por outro lado, o facto de estes estudos terem uma metodologia comum permite a realização de estudos de comparações interdialetais, como é o caso de um trabalho de Bartol Hernández, que compara os léxicos disponíveis de Aragón e de Soria (Bartol Hernández 2008). Também Arnal Purroy se dedicou a estudar os dialetismos no léxico disponível dos estudantes aragoneses (Arnal Purroy 2008).

1.3.2. Disponibilidade lexical e a etnolinguística

Relativamente à etnolinguística, esta disciplina “estuda o léxico disponível de cada sociedade como reflexo da sua cultura” (López Morales 1999a: 253). Uma vez que os testes de disponibilidade lexical proporcionam o registo de vocabulário intimamente relacionado com o contexto sociocultural e geográfico dos sujeitos, as informações etnolinguísticas que se podem extrair dos dados obtidos são muito significativas. Por exemplo, nas investigações levadas a cabo por Mackey, o autor conclui que conseguimos perceber através dos

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12 trabalhos de disponibilidade lexical que a importância do vinho difere entre as regiões participantes no estudo. Em Vendée e em Dordogne, “vin” é a palavra mais disponível para o centro de interesse relativo a comidas, enquanto em Eure, o país da sidra, “vin” ocupa o sexto lugar na lista de palavras mais disponíveis. Chega mesmo a afirmar que “La disponibilité est une mesure des différences culturelles”. (Mackey 1971: 26-27).

Já Samper e Hernández, citados por Eva López Rivero, constatam que, na investigação relativa à disponibilidade lexical de Gran Canaria, no âmbito do PPHDL, o centro de interesse ‘iluminación, calefacción y medios de airear un recinto’ é o que apresenta menor produtividade lexical, ficando abaixo das dez palavras, em média, por aluno. Os investigadores concluem que esse número reduzido de lexemas “puede ser atribuido al hecho de que, dadas las circunstancias climatológicas de nuestra región, los términos correspondientes al campo de la calefacción resultan inusuales entre nuestros hablantes” (López Rivero 2008: 30).

Os mesmos autores, ao compararem os resultados obtidos na investigação citada com os obtidos sobre a zona metropolitana de Madrid, observam que um dos campos lexicais menos produtivos em Madrid, ‘medios de locomoción’, com uma média de menos de dez entradas por informante, alcança uma proporção superior ao dobro nos questionários dos alunos da Gran Canaria. Os investigadores explicam deste modo este resultado: “quizá una vez más las circunstancias geográficas puedan influir de alguna manera: la conformación de nuestra región en islas favorece la necesidad de conocer y usar con asiduidad un mayor número de medios de locomoción” (López Rivero 2008: 30).

Apesar das interessantes possibilidades deste tipo de estudos comparativos, López Morales lamenta que eles “não tenham ainda sofrido o grau de desenvolvimento que merecem” (López Morales 1999a: 254).

1.3.3. Disponibilidade lexical e a sociolinguística

Os estudos de disponibilidade lexical podem também ser um indicador valioso de variação sociolinguística.

Por um lado, a metodologia utilizada em grande parte dos estudos de disponibilidade lexical permite a obtenção de dados de carácter sociológico dos inquiridos (sexo, nível sociocultural, centro público ou privado em que estudam a língua em causa, tipo de comunidade – urbana ou rural -, idade, língua materna, etc.), pelo que os materiais recolhidos permitem estudar a variação sociolinguística, quer a nível diatópico quer diastrático. De facto, grande parte dos estudos de disponibilidade lexical contém um capítulo

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13 dedicado à explicação dos resultados atendendo ao contexto geográfico (variável rural ou urbana) e às características socioculturais dos informantes.

Como afirma Gómez Devís, “el análisis cuantitativo de la disponibilidad léxica de cualquier comunidad dialectal nos ofrecerá una excelente descripción de su norma léxica reflejada en la matriz social de dicha comunidad” (Gómez Devís, 2004: 45).

Outro aspeto digno de interesse sociolinguístico é a variação interlinguística em comunidades com mais do que uma língua em contacto. Há, de facto, investigações de disponibilidade lexical realizadas sobre esta perspetiva em zonas bilingues ou de contacto de línguas, como o País Vasco (Etxebarria 1996), Cataluña (Serrano 2004) ou Galicia (López Meirama 2008).

1.3.4. Disponibilidade lexical e a psicolinguística

Os estudos de disponibilidade lexical podem também fornecer informação interessante sobre o processo de produção de unidades lexicais que se desenrola na mente do informante ao participar em testes deste tipo. Assim, as listas de palavras produzidas pelos participantes podem ser um ponto de partida para perceber a organização interna das associações que as palavras estabelecem entre si.

Gómez Molina e Gómez Devís consideram que a ligação entre os estudos de disponibilidade lexical e a psicolinguística pode ocorrer em dois planos: “o da coesão que apresenta cada um dos centros de interesse, que pode fornecer informação sobre a estrutura do lexicón mental, e o do estudo dos campos associativos que se produzem nos centros de interesse, que pode proporcionar pistas sobre o funcionamento do lexicón” (Gómez Molina e Gómez Devís 2004: 30). Abordarei a organização do lexicón mental no capítulo III.

3.5. Disponibilidade lexical e a didática das línguas

Os primeiros trabalhos de léxico disponível (Gougenheim et alii, 1956 e 1964) já pretendiam a sua aplicação ao ensino da língua francesa a estrangeiros. Os trabalhos preparatórios do vocabulário elementar que estes estudos pretendiam realizar para a língua francesa revelaram a necessidade de renovar os critérios que até então tinham servido para a seleção de repertórios lexicais: à frequência passou a unir-se o critério da disponibilidade para selecionar o vocabulário a ensinar.

Em concreto, estes estudos léxico-estatísticos podem constituir uma ferramenta bastante útil para os profissionais do ensino de línguas estrangeiras, já que eles podem

(31)

14 ajudar a reduzir a arbitrariedade na seleção do léxico que se deve ensinar. Neste sentido, Carcedo González defende que os estudos de disponibilidade lexical permitem também conhecer o vocabulário que os falantes nativos usam e, a partir daí, determinar em que ordem deve integrar-se esse vocabulário no ensino das línguas (Carcedo González 1998a: 209). Defende também a utilidade dos estudos de disponibilidade lexical na elaboração de manuais e materiais em espanhol como segunda língua e como língua estrangeira, uma vez que “o léxico ensinado aos aprendizes de L2 ou LE deve refletir o léxico utilizado pela comunidade nativa” (Carcedo González 1998a: 209).

Da mesma opinião é Humberto López Morales, que chega a afirmar que a identificação do léxico fundamental de uma comunidade de fala (constituído pelo léxico básico e pelo disponível) é “un ejercicio imprescindible para emprender cualquier tipo de planificación relacionada con el léxico” seja da língua materna ou de línguas estrangeiras (López Morales 1996: 254).

Benítez e Jerzy Zebrowski realçaram a inadequação do léxico utilizado em alguns materiais usados para o ensino de espanhol a estrangeiros. No seu trabalho sobre o léxico espanhol nos manuais polacos (Benítez e Jerzy Zebrowski 1994), concluiram que os autores de dois dos quatro manuais avaliados, ao elaborarem um manual para estudantes polacos de espanhol, não tinham selecionado adequadamente o vocabulário que propunham trabalhar, acrescentando que não foram aproveitados “los estudios sobre el léxico del español”, nomeadamente, “los más recientes sobre léxico básico y disponibilidad léxica.” (Benítez e Jerzy Zebrowski 1994: 229). Os autores concluiram que o aproveitamento deste tipo de trabalhos possibilitaria aos autores dos manuais de ELE eliminar “palabras poco frecuentes en la lengua de estudio, (E) ya que en esta etapa del proceso de enseñanza/aprendizaje [nível inicial] el alumno no sabe distinguir la importancia de una palabra, por lo que pierde tiempo memorizando léxico inútil.” (Benítez e Jerzy Zebrowski 1994: 229).

Outra vertente da utilização da disponibilidade lexical no ensino de língua estrangeira é a aplicação da metodologia que rege estes projetos a aprendizes de LE. Este tipo de estudos permite explorar o ensino do vocabulário em LE de diversas maneiras. Por um lado, permite a comparação da disponibilidade lexical dos alunos de LE com a de nativos (ver Carcedo González 2000), por outro possibilita observar a evolução da competência lexical dos aprendizes, examinando-se a sua disponibilidade lexical ao longo de diferentes fases de aquisição da língua (ver Carcedo González 1999a). Deste modo, tais estudos podem servir de ajuda para averiguar a eficiência do método pedagógico utilizado na aula.

(32)

15 Outra aplicação dos estudos de disponibilidade lexical no âmbito do ensino das línguas é o tratamento ortográfico dos materiais que resultam da aplicação das provas. Vários autores trataram os desvios à norma encontrados nos corpora de disponibilidade lexical, entre os quais estão Carcedo González (Carcedo González 1998b), Paredes García (Paredes García 1999) e Sánchez Jiménez (Sánchez Jiménez 2006). O primeiro apresenta uma proposta de análise de erros lexicais encontrados nos materiais de disponibilidade lexical de 78 estudantes de espanhol de dez liceus finlandeses no seu último ano de ensino secundário. Paredes analisa os erros ortográficos presentes nos questionários de disponibilidade lexical de 484 alumnos do 3.º e 4.º ano de “Educación Secundaria Obligatoria” e do 1.º e 2.º ano de “Bachillerato” de Alcalá de Henares. Jiménez analisa os erros ortográficos cometidos por 258 estudantes filipinos de espanhol que compõem a mostra de participantes no seu estudo de disponibilidade lexical.

Por outro lado, os estudos de disponibilidade lexical de estudantes de LE podem contribuir para compreender a forma como o seu lexicón mental está organizado, como referi anteriormente. De facto, as respostas das provas de disponibilidade lexical podem revelar as relações semânticas existentes entre as palavras produzidas e essa informação pode ter implicações pedagógicas importantes para a didática de LE. Se for bem aproveitada, ela pode contribuir para a elaboração de uma metodologia que facilite o desenvolvimento da competência lexical.

Ainda dentro da perspetiva didática, surge outra área interessante de aplicação dos estudos de disponibilidade lexical: a da informática ligada ao ensino das línguas. O investigador chileno Max Echeverría e a sua equipa criaram um programa informático denominado Vocabulario Disponible, cujo funcionamento pode ser consultado em http://www.c5.cl/ieinvestiga/actas/tise99/html/papers/metacognicion. O programa, baseado nas teorias metacognitivas, submete o aluno a um teste de léxico para conhecer a sua produtividade no centro de interesse que ele eleja. Para além de permitir ao aluno fazer uma autoavaliação neste domínio, esta ferramenta informática possibilita a comparação do seu desempenho com a média nacional. O mesmo programa oferece também ao aluno propostas de atividades para que este melhore a sua produtividade lexical.

(33)

16 2. Questões metodológicas

2.1. O corpus

A recolha do corpus para este estudo teve lugar durante o mês de abril de 2013, através de questionários realizados em cinco escolas públicas do ensino secundário de três cidades portuguesas: Braga (Escola Secundária D. Maria II, Escola Secundária Carlos Amarante e Escola Secundária Sá de Miranda), Chaves (Escola Secundária Fernão de Magalhães ) e Valença do Minho (Escola Básica e Secundária Muralhas do Minho).

Os questionários de disponibilidade lexical foram realizados por 196 alunos de Espanhol Língua Estrangeira. Os informantes são alunos do 10.º e do 11.º ano, dos cursos de formação geral científico-humanísticos e dos cursos profissionais. Todos os alunos dos cursos profissionais inquiridos frequentam o primeiro ano de estudo da língua, bem como os

Nome da escola Localização Tipo de Escola Ano de Ensino Tipo de estudos Nível de língua espanhola (segundo o QECRL) N.º participantes Escola Secundária D. Maria II

Braga Pública 11.º

Científico-humanístico A2 11 Escola Secundária Carlos Amarante Braga Pública 10.º Científico-humanístico A1 51 10.º Profissional A1 47 Escola Secundária Sá de Miranda

Braga Pública 10.º

Científico-humanístico A1 46 Escola Secundária Fernão de Magalhães Chaves Pública 11.º Científico-humanístico A2 26 C1 11 Escola Básica e Secundária Muralhas do Minho Valença do Minho Pública 11.º Científico-humanístico C1 15

(34)

97 alunos das turmas de 10.º ano.

frequentam o segundo ano de estudo da língua e 26

que frequentam o 5.º ano de aprendizagem da língua, o equivalente ao nível C1 Do total de informantes,

ao total de alunos inquiridos, e como podemos constatar no g

Ilustração

2.2. A recolha de dados

A metodologia utilizada para a recolha de dados desta investigação baseia metodologia utilizada pelo PPHDL

servem como estímulo para ativar o produzam palavras disponíveis,

centros de interesse que figuram no presente inquér maioria dos inquéritos realizados no âmbito do

apresentada por Gougenheim et alii (1964) para a seleção destes campos semânticos, também Samper Padilla e Samper Hernández defendem a pertinência da utilização destes centros de interesse nos estudos de disponibilidade lexical:

Aunque se pueda discutir su carácter “universal”

constituyan una muestra de los sectores semánticos más represent pretendían los precursores franceses [E]

los 16 campos tradicionales permite recoger un léxico ampliamente conocido y utilizado en situaciones comunicativas que no son, en absoluto, extrañas o

Total de informantes sexo feminino

55%

alunos das turmas de 10.º ano. Participaram 26 alunos de turmas de 11º ano, que frequentam o segundo ano de estudo da língua e 26 alunos das duas turmas de 11

aprendizagem da língua, o equivalente ao nível C1 Do total de informantes, 88 são do sexo masculino, o que supõe

total de alunos inquiridos, e 108 são do sexo feminino, 55% do universo da amostra, como podemos constatar no gráfico seguinte.

Ilustração 1: Número total de informantes por sexo

A metodologia utilizada para a recolha de dados desta investigação baseia

PPHDL. Assim, utilizam-se dezasseis centros de interesse que servem como estímulo para ativar o lexicón mental dos participantes e

palavras disponíveis, ou seja, que utilizam apenas quando a situação o exija. Os figuram no presente inquérito são os mesmos que constam da maioria dos inquéritos realizados no âmbito do projeto citado. Para além da justificação apresentada por Gougenheim et alii (1964) para a seleção destes campos semânticos, amper Hernández defendem a pertinência da utilização destes centros de interesse nos estudos de disponibilidade lexical:

Aunque se pueda discutir su carácter “universal” –en el sentido de que constituyan una muestra de los sectores semánticos más representativos, como pretendían los precursores franceses [E]-, no cabe duda de que la aplicación de los 16 campos tradicionales permite recoger un léxico ampliamente conocido y utilizado en situaciones comunicativas que no son, en absoluto, extrañas o

Total de Informantes sexo masculino 45% Total de informantes sexo feminino 55% 17 Participaram 26 alunos de turmas de 11º ano, que alunos das duas turmas de 11.º ano aprendizagem da língua, o equivalente ao nível C1, do QECRL. do sexo masculino, o que supõe 45% relativamente % do universo da amostra,

A metodologia utilizada para a recolha de dados desta investigação baseia-se na se dezasseis centros de interesse que mental dos participantes e fazer com que que utilizam apenas quando a situação o exija. Os ito são os mesmos que constam da Para além da justificação apresentada por Gougenheim et alii (1964) para a seleção destes campos semânticos, amper Hernández defendem a pertinência da utilização destes

en el sentido de que ativos, como , no cabe duda de que la aplicación de los 16 campos tradicionales permite recoger un léxico ampliamente conocido y utilizado en situaciones comunicativas que no son, en absoluto, extrañas o

(35)

18

rebuscadas en la vida de las distintas comunidades de habla. (Samper Padilla e Samper Hernández 2007: 92-93)

O presente estudo adota, então, os dezasseis centros de interesse a seguir expostos e numerados segundo a ordem pela qual foram apresentados aos alunos:

0.1. ‘Partes do corpo’; 0.2. ‘A roupa’;

0.3. ‘Partes da casa (sem os móveis)’; 0.4. ‘Os móveis da casa’;

0.5. ‘Alimentos e bebidas’;

0.6. ‘Objetos colocados na mesa para a refeição’; 0.7. ‘A cozinha e os seus utensílios’;

0.8. ‘A escola: móveis e materiais’;

0.9 ‘Iluminação, aquecimento e ventilação’; 10. ‘A cidade’;

11. ‘O campo’;

12. ‘Meios de transporte’;

13. ‘Trabalhos do campo e do jardim’; 14. ‘Os animais’;

15. ‘Jogos e distrações’; 16. ‘Profissões e ofícios’.

Na elaboração da prova (Anexo A) segui o sistema de listas abertas, já que, para medir a disponibilidade de um vocábulo tem que se ter em conta não só a frequência da sua aparição nos questionários, mas também o lugar que ocupa nas listas de respostas dos inquiridos. Assim, as palavras que ocupam os primeiros lugares são as que vêm primeiro à mente dos alunos, sendo, portanto, as mais disponíveis. Este facto explica o formato em colunas aplicado aos questionários e o facto de as linhas aparecerem numeradas.

Segui a metodologia do PPHDL e limitei o tempo de reação a dois minutos por centro de interesse, para que os informantes atualizassem, sem pensar demasiado, as palavras disponíveis armazenadas no seu lexicón mental relacionadas com cada centro de interesse.

(36)

19 A prova de disponibilidade lexical é precedida de um breve questionário sociolinguístico com as seguintes variáveis: localização do centro educativo, sexo do informante, tipo de estudos, número de horas semanais de aula de Espanhol, nível sociocultural, número de anos de estudo da língua espanhola e contacto com a língua espanhola em contexto extra-escolar. O questionário que elaborei baseia-se no inquérito aplicado no estudo de disponibilidade lexical de Navarra, realizado por Carmen Saralegui e Cristina Tabernero (Saralegui e Tabernero 2008).

Após o contacto com os professores de espanhol das turmas participantes no estudo, foi agendada a realização das provas em cada turma. Estas foram levadas a cabo durante uma aula de quarenta e cinco minutos. Antes da aplicação dos inquéritos, dei as seguintes indicações aos alunos, de acordo com outros estudos de disponibilidade já realizados:

- Escreve todas as palavras que te venham à mente sobre cada um dos temas propostos; - Se tiveres dúvidas sobre a ortografia da palavra, escreve-a na mesma;

- Tens apenas dois minutos para escreveres as palavras relativas a cada tema; - Espera que a professora indique o tema seguinte;

- Trabalha apenas com um tema de cada vez. Não mudes de tema/ página; - A prova é anónima e não afetará as tuas notas;

- A prova é individual, pelo que durante a sua realização não poderás falar com os colegas; - Durante a realização da prova deves manter-te em silêncio para não perturbares a produção dos restantes colegas.

- O professor não tirará dúvidas durante a realização da prova nem fornecerá explicações aos alunos sobre os centros de interesse, de modo a não influenciar a sua produção.

O título de cada centro de interesse foi sendo dado à medida que terminava o tempo disponível para o centro anterior, para evitar que os alunos avançassem para o tema seguinte quando já não conseguiam produzir mais palavras sobre o tema em que estavam. 2.3. Preparação e edição dos dados dos questionários de léxico disponível

Uma vez recolhidos todos os questionários de léxico disponível, procedeu-se ao lançamento dos dados num ficheiro de Excel. Geralmente, nos estudos de disponibilidade

(37)

lexical, após a recolha do material de léxico, procede lematização, utilizando critérios de edição semelhantes, pa

documento que permita o seu posterior tratamento estatístico. No entanto, neste trabalho, procedi, em primeiro lugar à transcrição literal das respostas dos question

este corpus é fundamental para a análise da o participantes, da qual me ocuparei no

Optei por utilizar o programa Excel no processo de edição dos dados, já que ele oferece consideráveis vantagens relativamente aos documentos de texto,

vários estudos de disponibilidade le

o Excel dispõe de um conjunto de ferramentas, como o sistema de filtros, muito úteis para separar as respostas por centros de interesse e realizar,

palavras. Por outro lado, uma vez que pretendia conservar todo o vocabulário atualizado pelos alunos, para posterior tratamento ortográfico, essa base de dados no Excel permitiu me guardar essas respostas originais.

Na primeira folha, recolheram linguísticas (nível de língua espan

Depois, estabeleceram-se códigos para cada variável. Agrupados esses códigos, obtiv um código completo e único que identificará cada informante. O Excel permite realizar de forma automática a codificação das variáveis, que será necessária para a transposição dos dados para o programa LexiDisp.

Ilustração

lexical, após a recolha do material de léxico, procede-se à sua estandardização e lematização, utilizando critérios de edição semelhantes, para depois ser inserido num documento que permita o seu posterior tratamento estatístico. No entanto, neste trabalho, procedi, em primeiro lugar à transcrição literal das respostas dos question

é fundamental para a análise da ortografia das respostas dos alunos participantes, da qual me ocuparei no segundo capítulo deste trabalho.

Optei por utilizar o programa Excel no processo de edição dos dados, já que ele oferece consideráveis vantagens relativamente aos documentos de texto,

os estudos de disponibilidade lexical. De facto, contrariamente aos documentos de texto, o Excel dispõe de um conjunto de ferramentas, como o sistema de filtros, muito úteis para separar as respostas por centros de interesse e realizar, assim, o processo de fixação de uma vez que pretendia conservar todo o vocabulário atualizado pelos alunos, para posterior tratamento ortográfico, essa base de dados no Excel permitiu me guardar essas respostas originais.

meira folha, recolheram-se os dados relativos aos informantes,

linguísticas (nível de língua espanhola) e extralinguísticas (sexo) e escolas a que pertencem. se códigos para cada variável. Agrupados esses códigos, obtiv um código completo e único que identificará cada informante. O Excel permite realizar de

ca a codificação das variáveis, que será necessária para a transposição dos dados para o programa LexiDisp.

Ilustração 2: Folha do Excel relativa aos dados dos informantes

20 se à sua estandardização e ra depois ser inserido num documento que permita o seu posterior tratamento estatístico. No entanto, neste trabalho, procedi, em primeiro lugar à transcrição literal das respostas dos questionários, uma vez que postas dos alunos

Optei por utilizar o programa Excel no processo de edição dos dados, já que ele oferece consideráveis vantagens relativamente aos documentos de texto, utilizados em . De facto, contrariamente aos documentos de texto, o Excel dispõe de um conjunto de ferramentas, como o sistema de filtros, muito úteis para assim, o processo de fixação de uma vez que pretendia conservar todo o vocabulário atualizado pelos alunos, para posterior tratamento ortográfico, essa base de dados no Excel

permitiu-se os dados relativos aos informantes, as informações e escolas a que pertencem. se códigos para cada variável. Agrupados esses códigos, obtivemos um código completo e único que identificará cada informante. O Excel permite realizar de ca a codificação das variáveis, que será necessária para a transposição dos

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Ainda nessa folha, foram processados os dados relativos à disponibilidade lexical total de palavras produzidas e disponíveis por centro de interesse e por informante, médias de palavras por informante segundo as variáveis consideradas,

o peso que tem cada uma delas na produção lexical, entre outros.

Ilustração 3: Folha do Excel relativa ao tratamento dos dados do estudo de disponibilidade lex

Nas folhas seguintes,

informante em cada centro de interesse.

Ilustração 4: Folha do programa Excel relativa à apresentação do vocabulário e tratamento ortográfico

As duas primeiras colunas (A e B) contêm os códigos do informante e respetiva turma, a terceira coluna (C) conserva as

Ainda nessa folha, foram processados os dados relativos à disponibilidade lexical total de palavras produzidas e disponíveis por centro de interesse e por informante, médias

segundo as variáveis consideradas, relações entre as variáveis e o peso que tem cada uma delas na produção lexical, entre outros.

: Folha do Excel relativa ao tratamento dos dados do estudo de disponibilidade lex

Nas folhas seguintes, encontram-se as palavras produzidas e disponíveis por informante em cada centro de interesse.

: Folha do programa Excel relativa à apresentação do vocabulário e tratamento ortográfico

As duas primeiras colunas (A e B) contêm os códigos do informante e respetiva turma, a terceira coluna (C) conserva as respostas originais dos informantes,

21 Ainda nessa folha, foram processados os dados relativos à disponibilidade lexical: total de palavras produzidas e disponíveis por centro de interesse e por informante, médias relações entre as variáveis e

: Folha do Excel relativa ao tratamento dos dados do estudo de disponibilidade lexical

se as palavras produzidas e disponíveis por

: Folha do programa Excel relativa à apresentação do vocabulário e tratamento ortográfico

As duas primeiras colunas (A e B) contêm os códigos do informante e respetiva respostas originais dos informantes, a quarta (D)

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22 apresenta as palavras disponíveis (após o processo de estandardização), a quinta (E) permite considerar a palavra disponível ou não, as colunas F, G e H e contêm a categorização dos erros ortográficos encontrados, a K informa-nos sobre a posição em a palavra foi atualizada no teste de disponibilidade e a última coluna refere-se à variável ‘sexo’.

Para o estudo de disponibilidade lexical interessam-nos a coluna D, relativa às palavras disponíveis, e a K. Tomando por base os objetivos essenciais e os procedimentos metodológicos dos estudos de disponibilidade lexical, tratei os dados recolhidos tendo em conta dois princípios: a fidelidade ao corpus versus estandardização e a lematização, versus

conceptualização. Relativamente ao primeiro princípio, com algumas exceções explicadas mais à frente neste trabalho, procedeu-se à uniformização de todas as variantes registadas de um mesmo vocábulo, numa única entrada, apresentando a forma não marcada do paradigma (imobilizada no masculino e no singular). Embora nem sempre seja fácil, tentei que este procedimento de edição não pusesse em causa a fidelidade ao corpus recolhido.

Relativamente ao segundo princípio enunciado, uma vez que um dos objetivos do presente trabalho é o tratamento estatístico dos dados recolhidos nos questionários de disponibilidade lexical, é necessário proceder à lematização do corpus. De facto, a unidade sobre a qual opera a estatística lexical é o lema, como elemento resultante de um processo que reduz a uma forma lexical única todas as possibilidades paradigmáticas de um vocábulo (termo, unidade lexical, type). Assim, por exemplo, nos casos de “mesita de teléfono” e “mesilla de teléfono”, procedeu-se à lematização, optando-se por conservar apenas a entrada “mesita de teléfono”, por ser mais usual. Já nos casos de palavras diferentes que aludem ao mesmo referente, ou seja, sinónimos, mantiveram-se nas listas. Tal é o caso de “televisión”/ “televisor” ou “andar”/”caminar”.

No entanto, este processo exige a toma de decisões nem sempre consensual, já que os critérios utilizados para o fazer não são comuns em todas as investigações.

Neste trabalho, adotei os critérios de edição dos materiais dos questionários de disponibilidade lexical expostos por um dos investigadores que lançaram as bases para os estudos do PPHDL, Samper Padilla (Samper Padilla 1998):

a) Eliminação dos termos repetidos. Cada vocábulo ou entrada terá um índice quantitativo correspondente ao número de ocorrências segundo as posições que ocupam nas respostas registadas dos informantes nos questionários.

Imagem

Tabela 1: Dados gerais
Ilustração 4: Folha do programa Excel relativa à apresentação do vocabulário e tratamento ortográfico
Ilustração 5: Programa LexiDisp
Tabela 2: Resultados globais  3.3. Resultados por centros de interesse
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Referências

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