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Inteligência espiritual: o diferencial do líder no século XXI

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INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL: O DIFERENCIAL DO LÍDER NO

SÉCULO XXI

- Versão Definitiva-

Dissertação de Mestrado em Gestão

PRISSILA SOUTO SILVEIRA

Orientação

Prof.ª Doutora Carla Susana da Encarnação Marques Prof.ª Doutora Soraia Schutel

Vila Real, 2016

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INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL: O DIFERENCIAL DO LÍDER NO

SÉCULO XXI

Dissertação de Mestrado em Gestão

PRISSILA SOUTO SILVEIRA

Orientação

Prof.ª Doutora Carla Susana da Encarnação Marques Prof.ª Doutora Soraia Schutel

Composição do Júri:

Presidente: Carlos Duarte Coelho Peixeira Marques (Professor Auxiliar, Universidade de Trás-

os-Montes e Alto Douro)

Argunte: Marisa José Roriz Ferreira (Pofessora Adjunta, Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico do Porto)

Orientadora: Carla Susana da Encarnação Marques (Professora Auxiliar, Universidade de Trás-

os-Montes e Alto Douro)

(3)

i Dissertação apresentada à Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Gestão.

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ii

DEDICATÓRIA

À Deus por ser meu refúgio e fortaleza. Ao meu filho Arthur, luz dos meus dias e razão da minha vida. Ao meu esposo Pablo por seu amor, companheirismo e apoio em minhas decisões. Aos meus pais, Gladis e César, pelo amor incondicional, serem inspiração e exemplo de vida,

e por me ensinarem o caminho que devo seguir. Aos meus irmãos, Petúlia e Paulo César, que apesar da distância sempre torceram para meu sucesso profissional. In memoriam da minha amada e inesquecível avó Diamantina Souto por todo o amor concedido em todos os momentos de minha vida.

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iii

AGRADECIMENTOS

Ao concluir este trabalho, quero expressar a minha imensa gratidão a todos que direta ou indiretamente contribuíram para que este projeto fosse concretizado.

Em primeiro lugar, a Deus, por seu amor e misericórdia, que me dão vida, saúde e esperança.

A minha família pelo carinho, incentivo e apoio na busca da realização deste sonho, que se tornou realidade a apesar dos desafios ao longo desta jornada.

À Professora Doutora Soraia Schutel, e em especial a Professora Doutora Carla Susana da Encarnação Marques, minhas orientadoras neste trabalho, pelo seu diligente apoio, suas palavras de incentivo, disponibilidade e transmissão dos conhecimentos, que foram cruciais a concretização deste estudo.

A minha amiga e sócia Letícia Jaeger por seu apoio e administração de nossa empresa, enquanto estive em Portugal.

A minha amiga portuguesa Joana, por seu carinho, amizade e disponibilidade, a qual tenho muita gratidão.

À Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, por contribuir com a realização de um grande sonho.

Ao Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade e a todos os profissionais das empresas que participaram neste estudo, respondendo aos questionários, pois sem eles esta investigação não seria possível.

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iv

RESUMO

O século XXI aportou grandes desafios para as organizações. Para ser competitiva, a organização precisa ter agilizadade, capacidade de se adaptar e se reinventar. Neste cenário, dois elementos emergem como fatores criticos de sucesso, a liderança e a inovação.

A presente investigação analisa a relação entre inteligência espiritual, liderança autêntica e a criatividade dos colaboradores. Neste estudo, esta relação pode ser elucidada na relação direta entre as variáveis ou através da associação da inteligência espiritual com liderança autêntica influenciando a criatividade.

Foram consideradas cinco dimensões da inteligência espiritual (consciência, graça, significado, transcendência e verdade/missão), quatro dimensões de liderança autêntica (autoconsciência, transparência relacional, perspectiva moral interna e processamento equilibrado de informação) e uma dimensão de criatividade.

A amostra inquirida é constituída por 360 colaboradores e 121 líderes de 41 organizações participantes do Sistema de Avaliação da Gestão - SAG do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade – PGQP. Os dados foram recolhidos através de questionários, sendo que os líderes se pronunciaram-se sobre a criatividade dos seus colaboradores, sobre sua inteligência espiritual e sua liderança autêntica. Em outro questionário, os colaboradores sobre a inteligência espiritual e liderança autêntica de seus líderes e sobre sua criatividade.

As conclusões obtidas na investigação validam empiricamente os argumentos teóricos que ratificam a relação entre inteligência espiritual e liderança autêntica, não explicando diretamente a relação entre a liderança autêntica e criatividade dos colaboradores, mas indiretamente mediada pela inteligência espiritual.

Os resultados encontrados servem de esteio para melhor entendimento da inteligência espiritual associada a liderança, bem como, a gestão da criatividade dos colaboradores, recursos indispensáveis para o sucesso organizacional.

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v

ABSTRACT

The twenty-first century presented major challenges for organizations. To be competitive, the organization needs to have agility, ability to adapt and reinvent itself. In this scenario, two elements emerge as critical factors of success, leadership and innovation.

This research examines the relationship between spiritual intelligence, authentic leadership and creativity of collaborators. In this study, this relationship can be elucidated in the direct relationship between the variables or through the association of spiritual intelligence with authentic leadership to influence creativity.

Five dimensions of spiritual intelligence were considered (consciousness, grace, meaning, transcendence and truth / mission), four authentic leadership dimensions (self-consciousness, relational transparency, internal moral perspective and balanced information processing) and a dimension of creativity.

The surveyed sample consists of 360 employees and 121 leaders of 41 participating organizations of the Management Assessment System - SAG (Sistema de avaliação de Gestão) from the Gaucho Quality and Productivity Program - PGQP (Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade). Data were collected through questionnaires, and the leaders spoke about the creativity of its employees, and on their spiritual intelligence and authentic leadership.In another survey, employees about spiritual intelligence and authentic leadership of their leaders and on their creativity.

The findings obtained in research empirically validate the theoretical arguments that confirm the relationship between spiritual intelligence and authentic leadership, not directly explaining the relationship between authentic leadership and creativity of employees, but indirectly mediated by the spiritual intelligence.

The results serve as a mainstay for better understanding of spiritual intelligence associated with leadership, as well as, the management of collaborators creativity, essential resources for organizational success.

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vi

ÍNDICE

CAPÍTULO I ... 1

Introdução da Problemática em Estudo ... 1

1.1 INTRODUÇÃO ... 2

1.2 RELEVÂNCIA E OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO ... 6

1.3 DESENHO E ESTRUTURA DA INVESTIGAÇÃO ... 9

CAPÍTULO II ... 11 Fundamentação Teórica ... 11 2.1 INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL ... 12 2.1.1 Conceito ... 12 2.1.1.1 O Significado de Inteligência ... 12 2.1.1.2 Inteligência Espiritual ... 13

2.1.1.3 Diferença entre Inteligência Espiritual, Espiritualidade e Religião. ... 19

2.1.1.4 A Ciência e a Inteligência Espiritual ... 21

2.1.2 Dimensões ... 22

2.1.3 Consequências ... 24

2.2 LIDERANÇA ... 26

2.2.1 Conceito ... 26

2.2.2 Teorias de Liderança ... 27

2.2.2.1 Liderança baseada nos traços ... 27

2.2.2.2 Liderança baseada nos comportamentos ... 27

2.2.2.3 Teorias contingenciais ou situacionais ... 28

2.2.2.4 Teorias neocarismáticas ... 28 2.2.3 Liderança Autêntica ... 30 2.2.3.1 Conceito ... 30 2.2.3.2 Dimensões ... 35 2.2.3.3 Consequências ... 38 2.3 CRIATIVIDADE ... 39 2.3.1 Conceito ... 39 2.3.2 Pessoa Criativa ... 42 2.3.3 Dimensões ... 43 2.3.4 Consequências ... 43

2.4 RELAÇÃO ENTRE INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL, LIDERANÇA AUTÊNTICA E CRIATIVIDADE ... 45

(9)

vii

CAPÍTULO III ... 50

Metodologia ... 50

3.1 MÉTODOS E TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO ... 51

3.1.1 Método ... 51

3.1.2 Tipo de Estudo ... 52

3.1.3 Objetivos da Investigação ... 53

3.1.4 Questões e Hipóteses de Investigação ... 53

3.1.5 População em Estudo ... 55

3.1.6 Instrumentos de Medida ... 58

3.1.7 Variáveis ... 62

3.1.8 Procedimentos de Aplicação e Tratamento Estatístico ... 63

CAPÍTULO IV ... 73

Resultados ... 73

4.1 RESULTADOS ... 74

4.1.1 Caracterização da amostra ... 74

4.1.2 Teste das Hipóteses ... 75

CAPÍTULO V ... 78

Discussão, Conclusões e Implicações ... 78

5.1. DISCUSSÃO, CONCLUSÕES E IMPLICAÇÕES TEÓRICAS E PRÁTICAS ... 79

5.1.1. Discussão e conclusões ... 79

5.1.2 Implicações teóricas e práticas ... 82

5.2 Limitações da investigação e sugestões para investigações futuras ... 84

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 88

ANEXOS ... 97

ANEXOS I ... 98

Questionário aos líderes ... 98

ANEXOS II ... 103

(10)

viii

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1.1: Estrutura da Dissertação...8

FIGURA 2.2: Dimensões da IE e as subescalas ...21

FIGURA 2.3: Resumo das qualidades das pessoas com IE ...22

FIGURA 2.4: Autores de LA e as dimensões de seus modelos...32

FIGURA 2.5: Dimensões da LA segundo Walumbwa et al (2008)...35

FIGURA 2.6: Abordagens da Criatividade segundo Sternberg e Lubart 1999...37

FIGURA 2.7: Modelo Conceitual da Investigação...45

FIGURA 3.1: Desenho da Investigação...49

FIGURA 3.2: Modelo de Excelência da Gestão –MEG...54

FIGURA 4.1: Teste do modelo na amostra dos líderes (solução estandardizada)...72

FIGURA 4.2: Teste do modelo na amostra dos colaboradores (solução estandardizada)...73

FIGURA 4.3: Teste do modelo na amostra dos colaboradores – apenas coeficientes de regressão com contribuição estatísticamente significativa (solução estandardizada com subescalas)...73

(11)

ix

LISTA DE QUADROS

QUADRO 2.1: Algumas definições de

IE...15

QUADRO 2.2: Autores e os componentes da

IE...16

QUADRO 2.3: Alguns autores e conceitos de

liderança...27

QUADRO 2.4: Alguns autores e conceitos de liderança

autêntica...31

QUADRO 2.5: Componentes dos modelos de criatividade de Sternberg, Amabile e Csikszentmihalyi...38 QUADRO 3.1: Dimensões, questões, características e fundamentação teórica dos

instrumentos de

(12)

x

LISTA DE TABELAS

TABELA 3.1 – Dimensões do estudo e técnicas estatísticas

associadas...60

TABELA 3.2 – Restrições que pautam a análise fatorial confirmatória multigrupos...61

TABELA 3.3 – Resultados da análise fatorial em componentes principais para a criatividade

do colaborador (amostra dos líderes – avaliam o

colaborador)...61

TABELA 3.4 – Resultados da análise fatorial em componentes principais para a criatividade

do colaborador (amostra colaborador -

autoavaliação)...62

TABELA 3.5 – Resultados da análise fatorial confirmatória para as dimensões da Inteligência

Espiritual (amostra dos líderes -

autoavaliação)...63

TABELA 3.6 – Resultados da análise fatorial confirmatória para as dimensões da Inteligência

Espiritual (amostra colaboradores – avaliam o

Líder)...64

TABELA 3.7 – Resultados da análise fatorial confirmatória para as dimensões da Liderança

Autêntica (amostra líderes -

autoavaliação)...66

TABELA 3.8 – Resultados da análise fatorial confirmatória para as dimensões da Liderança

Autêntica (amostra colaboradores – avaliam os

líderes)...67

TABELA 3.9 – Síntese dos aspectos metodológicos

utilizados...68

TABELA 4.1 – Caracterização da amostra dos

(13)

xi

TABELA 4.2 – Caracterização da amostra dos

colaboradores...71

TABELA 4.3 – Variáveis a incluir nos modelos de regressão linear múltipla...72

LISTA DE SIGLAS

IE Inteligência Espiritual LA Liderança Autêntica

MEG Modelo de Excelência da Gestão

PGQP Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade QE Inteligência Emocional

QI Inteligência Intelectual

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(15)

1

CAPÍTULO I

(16)

2

1.1 INTRODUÇÃO

A Liderança é um tema debatido e profundamente explorado por pesquisadores devido ao papel crucial no sucesso das empresas e das pessoas que as integram (Palma, Lopes & Bancaleiro, 2011). Instiga a atenção de pesquisadores, pois se acredita que líderes fazem grande diferença no desempenho dos negócios, com líderes errados os exércitos são derrotados, economias encolhem e nações podem arruinar (Amram, 2007). Neste contexto, como prever a eficácia da liderança e reunir em um líder características necessárias para afrontar as problemáticas emergentes no âmbito social, político e empresarial.

Liderança, segundo Chermers (2001), é um processo de influência em que a pessoa é capaz de contar com a ajuda e apoio de outras pessoas na realização de uma atividade em comum. No cenário das organizações a liderança pode ser exercida por meio de fontes formais, executivos e gerentes, cujo papel produz poder e influência, com base em suas posições e autoridade. Também pode militar no campo das fontes informais, na qual a liderança decorre de outros elementos, como a capacidade de articular e mobilizar significado, proporcionando motivação inspiradora e construção de vínculos emocionais (Kouzes & Posner, 2006).

Estabelecer relações de confiança e estabelecer vínculos emocionais com a equipe requer do líder um conjunto de habilidades que vão além da inteligência cognitiva com foco em linguística e habilidades lógico-matemáticas, conhecido como Inteligência Intelectual - QI. Os modelos psicológicos tradicionais que consideram o QI ou traços de personalidade têm atestado sucesso limitado em explicar e prever a eficácia da liderança (Sternberg, 1997b).

Por muito tempo se privilegiou o QI, que determina características analíticas, construção de conceitos e ciência e solução de problemas matemáticos, resultando no pensamento lógico. A inteligência intelectual dominou parte do século XX, possibilitando grandes avanços da humanidade, como também perdas de seu processo evolutivo. Porém no transcorrer do século XX, percebeu-se que a realidade não se assemelha a um mecanismo totalmente lógico e racional, mas sim, a estranhos filamentos “holísiticos” que não estão localizados em pontos ou espaços de tempo determinados (Radin, 2008).

Para Zohar e Marshall (2000), o mundo mecânico de Descartes e de Newton suscitou na humanidade uma crise de sentido. E sentido, neste contexto, significa o caminho a trilhar durante a existência humana, o reconhecimento de um propósito de vida. Para os autores o

(17)

3 que proporciona a essa ação na vida é o espírito, é a vivência de uma espiritualidade que leve o ser humano a encontrar sentido e significado para sua vida.

Assim, nas últimas décadas, as pesquisas de liderança avançaram e passaram a contemplar diferentes formas de inteligência, incluindo as inteligências emocional e espiritual (Chermers, 2001). Há um crescente interesse na integração e aplicação de espiritualidade organizacional para a melhoria da perfomance e efetividade da liderança (Duchon & Plowman, 2005). E desponta as construções interligando espiritualidade e inteligência em uma única construção chamada inteligência espiritual - IE (Amram, 2007; Amram & Dry, 2008; Emmons, 2000a, 2000b; Vaughan, 2002; Wolman, 2001; Zohar & Marshall, 2000).

O primeiro e mais citado modelo de inteligência espiritual é de Emmons (2000a, 2000b): que descreve inteligência espiritual como uma estrutura para identificar e organizar as competências e habilidades necessárias para o uso adaptativo de espiritualidade. Para Vaughan (2002) a inteligência espiritual é a capacidade de compreender profundamente questões existenciais e possuir discernimento em vários níveis de consciência. Nesta pesquisa, será considerado o conceito de Amram (2007) que define inteligência espiritual como a capacidade que o individuo possui de aplicar, manifestar e viver seus recursos espirituais, valores e qualidades de forma a melhorar sua atividade diária e bem-estar.

Diferentes dimensões das referidas conjeturaram o relacionamento com a eficácia da liderança e podem ser a resposta a características necessárias aos líderes para solver as problemáticas vigentes. Desencadeia-se uma nova proposta de liderança, capaz de atender às novas exigências do século XXI, com capacidade de criar confiança, ajudar as pessoas a desenvolverem suas forças e a serem mais positivas, adicionando valor e sentido, para elas e para as organizações. Essa liderança é denominada autêntica (Avolio, Gardner, Walumbwa, Luthans & May, 2004).

A liderança autêntica -LA pode ser definida como “um padrão do comportamento do líder que promove tanto as capacidades psicológicas positivas como o clima ético positivo, para fomentar a autoconsciência, a perspectiva moral internalizada, o processamento equilibrado da informação e a transparência relacional no trabalho dos líderes com os seus subordinados, fomentando o autodesenvolvimento positivo” (Walumbwa, Avolio, Gardner, Wernsing & Peterson, 2008, p. 94).

Além disso, relaciona-se a níveis superiores de motivação, de satisfação e de comprometimento dos liderados, melhorando o desempenho organizacional (Avolio et al.,

(18)

4 2004). Como também, o bem-estar no trabalho, um maior compromisso dos profissionais e um clima organizacional inclusivo e ético (Gardner et al., 2005).

As dimensões da inteligência espiritual juntamente com as características da liderança autêntica permitem aos líderes manifestarem uma maior autoconsciência e autoconhecimento (Bennis, 2007) e potencializar a criatividade, elemento indispensável na liderança eficaz (Sternberg, 2007).

A criatividade exerce papel crucial nos resultados das organizações, pois vivemos uma realidade cada vez mais global e competitiva e neste contexto, a criatividade é a variável que assegura a sobrevivência das organizações, pois permite responder as constantes mudanças e é fonte de inovação (Riveira, 2014).

Porém, ela não se faz presente apenas na estratégia global da empresa, mas mais fundamentalmente advém das mentes dos funcionários que, sozinhos ou com outros, executam o trabalho diário da organização. Há diversos fatores que incidem sobre a atitude das pessoas no ambiente de trabalho, sendo o mais influente a ação do líder da equipe (Amabile, 1997).

Complementando o fator liderança, estudos sobre criatividade nas organizações têm mostrado que um ambiente seguro, pode desencadear um sentimento de energia e elevar o nível de vitalidade, que são pré-requisitos para catalisar a criatividade (Atwater & Carmeli, 2009). Ainda, a presença de emoções positivas e prazer favorecem a ativação e expressão da criatividade (Tieppo, Reis & Picchiai, 2016).

Desse modo, o comportamento do líder, tanto dos supervisores imediatos quanto dos gerentes de alto nível, ganha papel de destaque nas organizações, pois são eles os responsáveis pela construção de um ambiente de trabalho que contemple todas as condições organizacionais supracitadas.

Face ao exposto, esta pesquisa pretende investigar se existe relação entre inteligência espiritual, liderança autêntica e criatividade. Uma vez que, para Klenke (2007) a espiritualidade é o cerne da liderança autêntica, sendo os líderes autênticos espiritualmente mais maduros do que os líderes menos autênticos. E, Zohar e Marshall (2000) afirmam que inteligência espiritual potencializa a criatividade, a qual é um contribuinte fundamental para a eficácia de liderança (Sternberg, 2007).

Embora a IE, o LA e a criatividade tenham sido fonte de estudos de pesquisadores, não existe, nenhum estudo empírico que foque a LA tendo como antecedentes as dimensões da IE

(19)

5 e a provável relação destes constructos com a criatividade dos colaboradores, o que será desenvolvido e apresentado ao longo deste estudo.

(20)

6

1.2 RELEVÂNCIA E OBJETIVOS DA INVESTIGAÇÃO

A relevância deste estudo tem esteio em Cacioppe (2000, p. 48) quando enfatiza que “os líderes de empresas bem sucedidos do século XXI serão líderes espirituais. Sentir-se-ão confortáveis com a sua própria espiritualidade, e saberão como nutrir o desenvolvimento espiritual dos outros. Os líderes mais bem sucedidos de hoje já aprenderam esse segredo”.

Zaleznik (1977) diferencia gestores de líderes. Para este autor os gestores proveem as necessidades dos colaboradores através de recompensas transacionais (salário, bônus, opções de ações, etc), enquanto os líderes inspiram. Inspiração conota energia e motivação espiritual (a palavra inspirar contém a mesma raiz latina de espiritualidade, pertencente ao sopro de vida).

Para Butts (1999, p. 328) líderes de diferentes esferas, negócios, política e educação, precisam ponderar sobre estudos indicando que, dezenas de milhões de cidadãos no mundo estão ávidos por “valores espirituais trans-materiais, expansivos da mente, enriquecedores da alma e centrados no coração”.

Neste contexto, surge a necessidade de expandir a compreensão da inteligência para além da intelectual, avançando em estudos da inteligência emocional e espiritual. A relevância deste estudo tem lastro na investigação da inteligência espiritual como atributo da liderança e legitima-se pelo interesse emergente de estudos relacionados a como a espiritualidade afeta os negócios e a liderança, o que resulta num crescente número de artigos de periódicos e livros dedicados a este tema (Duchon & Plowman, 2005).

O interesse da fusão entre espiritualidade e liderança empresarial também apresenta apreço pelos pesquisadores, pois frutifica em articulação e mobilização de significado, com intuito de fornecer motivação inspiradora para os funcionários (Fry 2003; Duchon & Plowman, 2005).

Neck e Milliman (1994) corroboram que a espiritualidade nas organizações pode impelir nos funcionários uma consciência em nível mais profundo, desenvolvendo assim, suas capacidades intuitivas. Essa intuição pode impulsionar os funcionários a desenvolverem uma visão organizacional mais proposital que potencializa a inovação.

Ainda, os estudos de espiritualidade no mundo dos negócios podem ser parcialmente explicados por meio da Aplicação da Hierarquia das Necessidades de Maslow (Tishler, 1999). Dado que, no mundo em desenvolvimento, os trabalhadores são capazes de mudar de preocupações de sobrevivência para segurança, autorrealização e necessidades espirituais.

(21)

7 Nandram e Borden (2010) afirmam que a administração dos negócios só irá compreender a relevância da espiritualidade quando inferir sua importância para o mundo dos negócios e sua relação com a saída de funcionários.

Entretanto, há dificuldade por parte de alguns pesquisadores em aceitar esta nova inteligência; capaz de pensar o aspecto existencial do ser humano. No entanto, há provas científicas, apresentadas por Zohar e Marshall (2002), da existência da IE. A base empírica da IE reside na biologia dos neurônios, onde cientificamente ocorre a experiência considerando as oscilações neurais. Sempre que os cientistas abordam temas religiosos, relacionados a Deus ou valores que atribuem sentido profundo às coisas, as pessoas que se encontram em envolvimento sincero, produzem no cérebro excitação de 40 Hertz. Por esta razão, neurobiólogos como Persinger, Ramachandran e a física quântica Zohar atribuíram a essa região localizada nos lobos temporais o nome de “o ponto de Deus” ou “ponto divino”.

Estudos anteriores indicam que várias habilidades advindas da IE, relativas ao significado, intuição, orientação Eu-Tu nas relações humanas, ausência de ego e humildade podem contribuir para a liderança empresarial eficaz. De fato, vários autores defendem a importância da inteligência espiritual para se obter uma liderança empresarial eficaz (e.g., Covey, 2004; Mussig, 2003; Reave, 2005).

Além disso, as organizações que buscam ser bem-sucedidas carecem de desenvolver novos critérios de desempenhos corporativos denominada linha de fundo quádrupla, que supõe uma organização economicamente viável, ambientalmente correta, socialmente responsável e espiritualmente inteligente (Silingiene & Skeriene, 2014).

Neste contexto, as organizações precisam de líderes com elevados níveis de inteligência espiritual (Salicru, 2010). Que alicercem uma relação de confiança com os liderados, para fomentar as mudanças organizacionais, criar um senso de propósito (Ghoshal, Bartlett & Moran, 1999), e articular uma visão que mobilize significado (Bass, 1990, Bennis, 2007; Kouzes & Posner, 2005). A propagação de significado acontece através de uma gestão simbólica (metáforas, histórias, etc) que se comunica em um conjunto de crenças e valores que norteiam as ações no dia-a-dia.

Os indivíduos que dispõem dessas características, no exercício da liderança, podem caracterizar-se líderes autênticos. O líder autêntico é transparente, íntegro, possui carater, é honesto e verdadeiro com os outros e com os seus próprios valores, crenças e opiniões (Gardner et al., 2005; Walumbwa et al., 2008).

(22)

8 Assim como a inteligência espiritual, a liderança autêntica tem sido mote de interesse de pesquisadores nos últimos anos. Conforme Gardner et al. (2005) a atração pelo tema justifica-se pela crijustifica-se de liderança resultante dos inúmeros escândalos tanto no mundo corporativo como na esfera política. Neste contexto, entende-se o que o líder autêntico se diferencia dos demais por aportar um profundo autoconhecimento, posicionando-se em relação a questões importantes de acordo com os seus valores e suas crenças. Ainda, líderes autênticos transmitem aos outros, por meio de ações ou palavras, aquilo em que realmente acreditam em termos de princípios, valores e ética (Avolio, 2010).

As pesquisas relacionadas ao constructo, ainda que modestas, indicam que a liderança autêntica é positiva para os colaboradores e geram impacto nos resultados organizacionais, sobretudo em nível de satisfação (Walumbwa et al., 2008). Além de, influenciar os comportamentos de cidadania organizacional e desempenho (Rego, Sousa, Marques & Cunha 2012), e sobretudo influir na emoção do colaborador (Avolio & Gardner, 2005) o que afeta diretamente a sua criatividade.

Para estimular a criatividade os líderes devem proporcionar um ambiente favorável, e adotar um estilo de liderança que potencialize esta variável, visto que, atualmente no século XXI, mais do que uma alternativa, a criatividade é um incontestável recurso econômico (Kaufman et al., 2010).

Assim, o objetivo principal desta investigação é investigar a relação entre inteligência espiritual e liderança autêntica e seus efeitos na criatividade dos colaboradores. O estudo pretende analisar se o líder autêntico sendo detentor dos atributos da inteligência espiritual diferencia-se influenciando positivamente a criatividade. A pesquisa inquiriu líderes e colaboradores de empresas brasileiras situadas no estado do Rio Grande do Sul, que participam do Sistema de Avaliação da Gestão – SAG. O SAG é um produto do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade – PGQP, que avalia a gestão de empresas participantes do programa a luz do Modelo de Excelência da Gestão – MEG.

Nesta investigação, pretendemos verificar se existe relação entre liderança autêntica e inteligência espiritual; verificar se a percepção, por parte dos colaboradores, da liderança autêntica dos seus líderes promove a criatividade dos colaboradores; provar que a liderança autêntica dos líderes assenta em características de inteligência espiritual (dos líderes) e ainda, verificar se inteligência espiritual aliada a liderança autêntica promove a criatividade dos colaboradores.

(23)

9 Para melhor compreender e elucidar o problema tentamos enunciá-lo sob a forma de uma pergunta que servirá de fio condutor para a investigação: Em que medida a inteligência espiritual está presente em líderes autênticos e influencia positivamente o comportamento criativo dos colaboradores?

Mais especificamente, procura-se responder às seguintes hipóteses de investigação: (1) o líder que adota o estilo de liderança autêntica possui inteligência espiritual; (2) a liderança autêntica está associada positivamente com a criatividade dos colaboradores e (3) a inteligência espiritual relaciona-se positivamente com a criatividade, mediada pela liderança autêntica.

Presume-se o grau de relevância desta investigação, uma vez que é uma espécie de pesquisa quase inexplorada no Brasil: não foram encontrados em fontes de publicações estudos que relacionam a IE, a LA e a criatividade em ambiente empresarial, sendo por isso a mais-valia desta investigação.

1.3 DESENHO E ESTRUTURA DA INVESTIGAÇÃO

O presente estudo será estruturado em cinco capítulos, sendo que no Capítulo I apresenta-se a Introdução, a relevância e os objetivos da investigação, bem como a estrutura do trabalho.

No Capítulo II aborda-se a fundamentação teórica com a apresentação da revisão literária e suas questões norteadoras.

Sendo que no Capítulo III apresentam-se os procedimentos metodológicos, abordando-se o tipo de estudo, as questões e hipóteabordando-se de investigação, a população, instrumento de medida, variáveis e o tratamento estatístico.

No Capítulo IV, expõem-se os resultados da análise e discussão dos dados e finaliza-se com o Capítulo V, apresentando as conclusões, com as limitações e investigações futuras.

(24)

10

Figura 1.1: Estrutura da Dissertação

Capítulo I -Introdução da Problemática em Estudo Capítulo I I -Fundamentação Teórica

Capítulo I I I -Metodologia Capítulo IV- Resultados

(25)

11

CAPÍTULO II

(26)

12

2.1 INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL

2.1.1 Conceito

2.1.1.1 O Significado de Inteligência

Segundo Gardner (1995) a inteligência é definida, em termos operacionais, como a habilidade humana de responder ao maior número de questões de testes de inteligência. É um atributo ou faculdade inata do indivíduo e faculta ao cérebro a capacidade de realizar tarefas por meio de circuitos neurais segundo uma lógica formal.

Este tipo de inteligência apresenta um processamento serial, cujo pensamento é norteado para “o objetivo, do tipo como-fazer, o tipo com que dominamos as regras da gramática ou as de um jogo. É racional e lógico” (Zohar & Marshall, 2002, p.63). A educação na cultura ocidental estimula esta inteligência focando no pensamento racional e em série.

Considerando a teoria das múltiplas inteligências, Gardner (2001) apresenta um conceito revisado, acentuando que é muito remota a possibilidade dos testes de inteligência serem abandonados, porém a inteligência é muito importante para ser analisada somente por este prisma. Nas últimas décadas, o conhecimento sobre a mente e o cérebro humano modificou-se profundamente. Assim, estamos diante de uma escolha difícil, manter as visões tradicionais de inteligência ou conceber um modo diferente e melhor de conceituar o intelecto humano. Gardner (2001) acolhe esta última opção, apresentando provas de que as pessoas são dotadas de capacidades e potenciais, inteligências múltiplas, que, individualmente ou em conjunto, podem ser usadas de muitas formas produtivas.

Os autores Hedlund e Sternberg (2000) constataram que o QI é responsável somente por cerca de 20% a 30% do sucesso profissional. Sternberg (2007) alega que para melhorar a previsão sobre desempenho da liderança é necessário ampliar o conceito de inteligência para além do QI.

Neste contexto, Zohar e Marshall (2000), relatam que há lugar para a espiritualidade. Os autores defendem a espiritualidade como uma inteligência humana e afirmam que o coeficiente de inteligência espiritual é uma capacidade interna, inata, do cérebro e da psique humana. Para estes autores, teremos que usar nossa IE para encontrar novas possibilidades, novas manifestações de sentido, algo que nos conduza a partir de dentro. Também afirmam

(27)

13 que a inteligência espiritual é a inteligência da alma. É a inteligência com a qual se provê a cura e se torna um todo integral.

Para Zohar e Marshall (2000), inteligência espiritual é uma terceira inteligência. Eles não utilizam a teoria das múltiplas inteligências de Gardner (2001), mas entendem que a primeira é a inteligência intelectual, a segunda a emocional e a terceira a espiritual. Sendo a espiritual, a que nos remete a um contexto mais amplo de sentido e de valor, tornando-nos mais afetivos.

2.1.1.2 Inteligência Espiritual

Autores como Anthony (2003), Vaughan (2002), e Zohar (2000), consideraram três formas de inteligência presentes nos seres humanos: a intelectual (aprendizagem cognitiva e processo de pensar), a emocional (processo de aprendizagem e sentimento afetivo) e a espiritual (aprendizagem interior reflexiva e processo intuitivo). Estes autores consideram que o surgimento do quociente espiritual foi influenciado por culturas budistas.

Inteligência espiritual ainda é um assunto muito novo, que emerge juntamente com a Era do conhecimento. Para Zohar e Marshall (2000) este é o momento para debater sobre a inteligência humana, e isso será possível através da Inteligência Espiritual. A IE seria a base para o funcionamento eficiente tanto da inteligência intelectual como da emocional, e das demais múltiplas inteligências defendidas por Gardner (2001). Os autores afirmam que a IE é a nossa inteligência mais profunda, a inteligência que extrai sentido, contextualiza e transforma, pois, ao contrário de máquinas, seres humanos são conscientes. Temos consciência de nossa experiência e consciência de que somos conscientes.

Para tal descrição é possível enquadrar a indagação do quê este tipo de inteligência estimula no ser humano; “o porquê” de suas decisões (referente a IE), pois diante da complexidade em que está evolutivamente submetido, não cabe mais questionar apenas “o quê” (referente ao QI) deve se aprender, nem apenas “como” (referente a Inteligência Emocional - QE) deve se comportar.

Para Zohar e Marshall (2000), a inteligência espiritual se mantém presente na pessoa, quando se percebe que esta pessoa busca um sentido para sua vida, ao fazer perguntas como: o que significa minha vida? O que significa meu trabalho? Os autores explanam que duas das dez principais causas de morte no mundo ocidental são o suicídio e o alcoolismo, e estas estão ligadas com esse tipo de crise de sentido.

(28)

14 Emmos (2000) argumenta que a inteligência espiritual é um conjunto de habilidades e competências que fazem parte do conhecimento adaptativo que o ser humano tem da realidade que o cerca. Condiz a um envolvimento existencial e possui três dimensões básicas: dos conteúdos e sentidos, da afetividade e do desenvolvimento da personalidade da pessoa ao longo da vida.

Esse autor propõe cinco componentes para a inteligência espiritual, como se segue: (a) capacidade de utilizar os recursos espirituais para resolver problemas, (b) a capacidade de entrar em estados elevados de consciência, (c) capacidade de investir em atividades e relações cotidianas com sentido, (d) capacidade de transcender ao físico e material, e (e) a capacidade de ser virtuoso.

Wolman (2001) define a IE como a capacidade de transcender envolvendo diferentes habilidades, conectando o verdadeiro self, estabelecendo relacionamentos altruístas e utilizando recursos espirituais para solucionar problemas na vida.

Noble (2001) descreve a IE como "um potencial humano inato, um processo dinâmico e fluído, não um produto estático" (2001, p.46) que serve de catalisador para saúde psicológica e crescimento do indivíduo. O autor postula que os indivíduos com alta IE possuem força interior e aumento da resiliência o que os torna mais capazes de se adaptar a mudar e superar as adversidades.

Vaughan (2002) sustenta a teoria de Noble sugerindo que a IE está associada ao aumento da resiliência frente a eventos estressantes, afirmando que: "A inteligência espiritual é necessária para discernimento das escolhas espirituais que contribuem para o bem-estar psicológico e o desenvolvimento humano saudável" (2001, p.16).

Ainda para o autor, inteligência espiritual é a capacidade de compreender profundamente questões existenciais e possuir discernimento em vários níveis de consciência. O desenvolvimento espiritual inicia com a autenticidade, autoconsciência e ausência de autodefesa e hostilidade, integrando o coração, mente e alma. O autor sugere um modelo de inteligência espiritual composto de três elementos: (a) capacidade de criar significado alicerçado na compreensão profunda de questões existenciais, (b) consciência e capacidade de usar vários níveis de consciência para resolução de problemas e (c) consciência da interconexão de todos os seres entre si e para o transcedente.

Para Anthony (2003, p. 40) a IE é definida como uma inteligência integrada, interrelacionado à visão do “eu” e o mundo é uma “inteligência transpessoal que transcende as fronteiras do indivíduo”.

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15 Nasel (2004) argumenta que inteligência espiritual é a capacidade de desempenhar suas habilidades e recursos espirituais para melhor identificar, localizar e resolver questões existenciais, espirituais e práticas. Tais recursos e habilidades sejam eles, orações, intuição ou transcendência são relevantes para facilitar a capacidade de um indivíduo em encontrar significado, resolver problemas e melhorar sua capacidade de decisão adaptativa.

Bowell (2005, p. 8) afirma que a inteligência espiritual está associada a “um quociente ilimitado de inteligência potencial, que ainda vamos explorar ou nos tornar”, que permite ao ser humano a habilidade para lidar com questões racionais e emocionais, geradoras de conflito, que não são solucionadas com a inteligência racional ou emocional. Esta é a inteligência que atribui valor à vida, proporciona propósito e contextualiza as ações humanas.

Conforme o individuo desenvolve a inteligência espiritual, suas decisões e ações são decorrentes da integração do mundo interior com o exterior, da conexão do mental e emocional, transformando os eventos da vida em uma experiência significativa.

A IE atribui ao ser humano energia e o potencial necessário à sua transformação, ao seu crescimento, ao envolvimento com os outros, com o planeta, com a própria vida, uma vez que conceitualmente esse tipo de inteligência, a “inteligência da alma”, é descrita como:

Uma capacidade interna, inata, do cérebro e da psique humana, extraindo seus recursos mais profundos do âmago do próprio universo, que habilita o cérebro a descobrir e usar sentido na solução de problemas (Zohar & Marshall, 2002, p. 67).

A IE está ligada à necessidade humana de ter propósitos e objetivos na vida. Sendo, o responsável pelo significado da existência humana, uma questão fundamental nesse início de milênio. Seria ela o componente para desenvolver valores éticos e crenças que vão nortear as ações no dia a dia. Somente com o desenvolvimento dessa inteligência poder-se-á sonhar e lutar por ideais, dando à vida o rumo e a forma que se desejam.

O conceito utilizado nesta pesquisa é de Amram (2007) que defini inteligência espiritual como a capacidade que o individuo possui de aplicar, manifestar e viver seus recursos espirituais, valores e qualidades de forma a melhorar sua atividade diária e bem-estar.

Empregando teorias e análises qualitativas, Amram (2007) identificou vários componentes da inteligência espiritual, como: (a) capacidade de mobilizar pelo significado através de senso de propósito e chamada para o serviço; (b) desenvolvimento de consciência refinada utilizando modos trans-racionais como intuição; autoconhecimento; aceitação e amor à verdade; (c) vida em alinhamento com o sagrado; (d) orientação para as relações humanas;

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16 (e) utilização de sistema holístico na perspectiva de ver a interligação entre tudo; (f) amor, otimismo e confiança na vida; (g) ausência de ego e humildade; e (h) direcionamento interno, manifestando liberdade, criatividade, coragem, discernimento e integridade.

King (2008, p.56) define a IE como "um conjunto de capacidades mentais que contribuem para a consciência, integração e aplicação adaptativa do imaterial e aspectos transcendentes da existência, levando a resultados de reflexão existencial, aumento do sentido, reconhecimento de autotranscendência e domínio de estados espirituais".

King e DeCicco (2009) apresentam um modelo composto de quatro fatores de inteligência espiritual :

a) Pensamento Crítico Existencial (CET) - capacidade de contemplar criticamente questões existenciais e não existenciais, bem como, resolver dilemas éticos através da aplicação do pensamento crítico em conjunto com a consciência de suas convicções morais e/ou crenças espirituais.

b) Produção Significado Pessoal (PMP) - capacidade de construir significado pessoal e propósito em todas as experiências físicas e mentais, incluindo a capacidade de criar um propósito de vida. Pode incluir um senso de propósito mais elevado, ou razão para a existência, associado a uma crença pessoal ou sentido do sagrado/divino.

c) Consciência Transcendental (TA) - capacidade de transcender as dimensões do

self, dos outros e do mundo físico durante estado normal de consciência. Além disso, é a

capacidade de perceber a dimensão espiritual da vida. Alcançar a autorealização através da autoconsciência e reflexão, com habilidade de perceber além dos sentidos físicos.

d) Expansão estado consciente (CSE) - capacidade de entrar em estados espirituais de consciência ao próprio critério; muitas vezes através de prática deliberada (por exemplo: oração, meditação ou relaxamento).

Salicru (2010) preconiza que a IE é propícia ao mundo coorporativo, no momento que, há uma preocupação global e sem precedentes relacionados à ética e responsabilidade social corporativa. O que ocasiona uma conjuntura favorável ao desenvolvimento de um modelo de sustentabilidade organizacional e cultural em um contexto mais amplo de comunidade conhecido como capital espiritual.

Entretanto, alguns pesquisadores refutam a ideia da IE como uma forma de inteligência sugerindo, que o paradigma da inteligência é muito limitante e que inteligência é um potencial biológico empregado para analisar diferentes informações de distintas maneiras (Giles, 2012; Hildebrant, 2011).

(31)

17 Por fim, para Silingiene e Skeriene (2014) a IE combina as construções de espiritualidade e inteligência em um nova construção. O desenvolvimento de IE é mais de caráter experimental, do que um processo teórico.

O quadro 2.1 apresenta um resumo dos principais autores citados e seus conceitos referentes a IE. E na sequência, o quadro 2.2 demostra alguns autores e seus respectivos componentes da IE.

Quadro 2.1: Algumas definições de IE

Fonte: Construído a partir de Emmos (2000); Wolman (2001); Noble (2001); Vaughan (2002); Zohar e Marshall (2002); Anthony (2003); Nasel (2004); Bowell (2005); Amram (2007); King (2008); Salicru (2010); Silingiene e Skeriene (2014).

Autor(es) Ano Conceito

Emmos 2000 IE é um conjunto de habilidades e competências necessárias para o uso adaptativo de espiritualidade. A IE possui 03 dimensões: Conteúdos e sentidos, afetividade e desenvolvimento da personalidade da pessoa ao longo da vida.

Wolman 2001 IE é a capacidade de transcender envolvendo diferentes habilidades, conectando o verdadeiro self, estabelecendo relacionamentos altruístas e utilizando recursos espirituais para solucionar problemas na vida.

Noble 2001 IE é um potencial humano inato, um processo dinâmico e fluído. Os indivíduos com alta IE possuem força interior e aumento da resiliência o que os torna mais capazes de se adaptar a mudar e superar as adversidades

Vaughan 2002 IE é a capacidade de compreender profundamente questões existenciais e possuir discernimento em vários níveis de consciência Zohar e

Marshall 2002

IE é uma capacidade interna, inata, do cérebro e da psique humana, extraindo seus recursos mais profundos do âmago do próprio universo, que habilita o cérebro a descobrir e usar sentido na solução de problemas.

Anthony 2003 IE é uma inteligência integrada, é uma "inteligência transpessoal que transcende as fronteiras do indivíduo. Está inter-relacionado à visão integral do “eu” e o mundo. Nasel 2004 IE é a capacidade de desempenhar suas habilidades e recursos espirituais para melhor identificar, localizar e resolver questões existenciais, espirituais e práticas. Bowell 2005 IE está associada a “um quociente ilimitado de inteligência potencial, que permite ao ser humano a habilidade para lidar com questões racionais e emocionais, não são

solucionadas com a inteligência racional ou emocional.

Amram 2007 IE é a capacidade que o indivíduo possui de aplicar, manifestar e viver seus recursos espirituais, valores e qualidades de forma a melhorar sua atividade diária e bem-estar. King 2008 IE é um conjunto de capacidades mentais que contribuem para a consciência, integração e aplicação adaptativa do imaterial e aspectos transcendentes da existência. Salicru 2010 IE é um capital espiritual relevante ao mundo coorporativo, que propicia o desenvolvimento de um modelo de sustentabilidade organizacional e cultural em um

contexto mais amplo de comunidade. Silingiene e

Skeriene 2014

IE combina as construções de espiritualidade e inteligência em um nova construção, mais de caráter experimental, do que um processo teórico.

(32)

18

Quadro 2.2: Autores e os componentes da IE

Autor(es) Ano Componentes da IE

Emmos 2000

• Capacidade de utilizar os recursos espirituais para resolver problemas, • Capacidade de entrar em estados elevados de consciência,

• Capacidade de investir em atividades e relações cotidianas com sentido, • Capacidade de transcender ao físico e material;

• Capacidade de ser virtuoso.

Vaughan 2002

• Capacidade de criar significado alicerçado na compreensão profunda de questões existenciais,

• Consciência e capacidade de usar vários níveis de consciência para resolução de problemas;

(33)

19

Fonte: Construído a partir de Emmos (2000); Vaughan (2002); Amram (2007); King e DeCicco (2009).

2.1.1.3 Diferença entre Inteligência Espiritual, Espiritualidade e Religião.

É importante distinguir o conceito de inteligência espiritual, espiritualidade e religião. Conforme Zohar e Marshall (2002), a inteligência espiritual não mantém nenhuma conexão necessária com uma religião específica, muito embora até hoje para os ocidentais a maior expressão da espiritualidade é a religiosidade.

Embora exista sobreposição entre religião e espiritualidade, há consenso geral sobre a distinção entre ambas. A religião aponta para rituais e crenças relacionadas ao sagrado dentro de organizações institucionais. Expressa um conjunto de dogmas e códigos morais que a humanidade percebe como sobrenatural divino e transcendental. Já a espiritualidade reporta-se ao indivíduo, reporta-seus elementos vivenciais de significado e transcendência (Worthington, 2001).

A sobreposição entre religião e espiritualidade também é estudada por Marques (2010), o autor acena que a junção destas dimensões é inevitável, pois ambas aludem a experiências, sentimentos e inclinações, em torno da busca pela transcendência e o interesse pelo sagrado, tanto no individual quanto no coletivo, nas instituições religiosas ou fora delas.

Para Neal (2013) religião e espiritualidade não podem ser consideradas análogas, embora estejam altamente inter-relacionadas. A religião pode ser uma forma de acesso para a

Amram 2007

• Capacidade de mobilizar pelo significado através de senso de propósito e chamada para o serviço,

• Desenvolvimento de consciência refinada utilizando modos transracionais como intuição; autoconhecimento; aceitação e amor à verdade,

• Vida em alinhamento com o sagrado, • Orientação para as relações humanas,

• Utilização de sistema holístico na perspectiva de ver a interligação entre tudo, • Amor, otimismo e confiança na vida,

• Ausência de ego e humildade;

• Direcionamento interno, manifestando liberdade, criatividade, coragem, discernimento e integridade.

King e

DeCicco 2009

• Capacidade de contemplar criticamente questões existenciais e não existenciais, e, resolver dilemas éticos através da aplicação do pensamento crítico,

• Capacidade de construir significado pessoal e propósito em todas as experiências físicas e mentais, incluindo a capacidade de criar um propósito de vida,

• Capacidade de transcender as dimensões do self, dos outros e do mundo físico durante estado normal de consciência;

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20 espiritualidade, entretanto, pode-se ter busca espiritual sem estar envolvido com uma religião em particular.

A autora refere que o ser humano é constituído por quatro tipos de energia: física, mental, emocional e espiritual. Propende-se para as três primeiras energias, contudo para a autora, deveria atentar-se mais para a energia espiritual, pois ela abarca as outras três refletindo a intangível energia afirmadora da vida.

Sobre a espiritualidade, Silva (2001, p. 47) afirma: “A espiritualidade é um construto dinâmico. Passa espontaneamente à ação e dá às pessoas um contexto interpretativo que lhes possibilita negociar com vantagens as demandas da vida cotidiana”. Compreende-se que a espiritualidade é uma das dimensões humanas que evidencia um modo de vida que busca a transcendência, que tem seu caminho trilhado, muitas vezes, com base numa religião, entendida como uma “fonte privilegiada de informações, tanto afetivas quanto cognitivas sobre o ‘transcendente’ e o ‘divino’”.

Silva (2001), em seu artigo, que reproduz o debate entre Emmons e Gardner sobre a existência de uma nova inteligência humana, afirma que os estudiosos vêem a espiritualidade de forma pragmática e explica:

A espiritualidade é entendida como uma base ou coletânea de informações e conhecimentos que facilitam a adaptação a um ambiente […], portanto tem grande valor adaptativo para o ser humano e é por essa razão que se pode e se deve falar de uma inteligência espiritual (Silva, p. 50).

Tal afirmação significa que não se deve confundir a inteligência espiritual com a própria espiritualidade, pois, como afirma Emmons (Silva, 2001, p. 49), a existência da inteligência espiritual pressupõe “a existência de um conjunto de habilidades e capacidades associadas à espiritualidade de grande relevância nas operações da mente humana”.

O conceito de inteligência apresentado por Silva (2001, p. 60), confirma a distinção entre IE e espiritualidade com embasamento na visão de Gardner (2001), “a inteligência é um potencial biológico para analisar certas formas de caminhos e estas são ativadas ou não, dependendo da cultura onde se vive e do sistema de valores que se tem”.

A inteligência espiritual significa muito mais do que a espiritualidade. É uma forma de pensamento, uma capacidade de sentido, visão e valores, que possibilita um diálogo entre a razão e a emoção, entre a mente e o corpo. A IE permite integração entre o intrapessoal e interpessoal, a fim de superar a lacuna entre o eu e o outro.

Além disso, inteligência espiritual é um conjunto de habilidades que se baseia em temas espirituais para predizer funcionamento e adaptação, na produção de produtos de valor ou

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21 resultados (Emmons, 2000). Enquanto a espiritualidade evidência os elementos vivenciais de uma crença, e a busca do indivíduo por maior consciência e transcendência. Por esta razão, a inteligência espiritual detém maior possibilidade que a espiritualidade na explicação e previsão de uma liderança eficaz.

2.1.1.4 A Ciência e a Inteligência Espiritual

Morin (2004), relata que a neurociência avançou ao descobrir que não há atividade intelectual, movimento da alma, delicadeza de sentimento, que não há o menor sopro do espírito que não corresponda a interações moleculares, e que não dependa de uma química cerebral. Para o autor, devemos reconhecer a unidade cérebro-espírito, inseparáveis, de forma que nenhuma operação do espírito escape a uma atividade local e geral do cérebro e que é preciso abandonar a ideia de que um fenômeno psíquico independe de um fenômeno biofísico. Para ele as duas coisas estão interligadas.

Jung (2000), em suas pesquisas, expôs que o desenvolvimento de uma espiritualidade e o desenvolvimento psicológico fazem parte do mesmo processo. Não sendo possível o desenvolvimento psicológico sem o correspondente desenvolvimento espiritual, e esses dois caminhos levam ao desenvolvimento do sentido ético da vida.

Gardner (2001), compreende a complexidade da espiritualidade, porém não arrisca eliminar prematuramente um conjunto de aptidões humanas dignas de consideração na teoria das inteligências. Seria mais responsável extrair uma área mais próxima espiritualmente das outras inteligências, e com a compreensão usada com a inteligência naturalista verificar como se sai essa possível inteligência. O autor demonstra prudência e bom senso diante dessa realidade que tem sido bastante estudada e analisada por ele.

Zohar e Marshall (2000) afirmam que existem muitas provas científicas da existência da inteligência espiritual em estudos neurológicos, psicológicos e antropológicos, estudos sobre o pensamento humano e processos linguísticos. Os cientistas descobriram que o ser humano possui um “ponto de Deus” no cérebro, uma área nos lobos temporais que faz com que as pessoas busquem significado e valores para sua vida. Trata-se de uma área ligada à experiência espiritual.

Em princípios da década de 1990, tivemos a pesquisa realizada pelo neuropisicólogo Michael Persinger e, mais recente em 1997, pelo neurologista Vilaynu Ramachandran e sua equipe na Universidade da Califórnia, sobre a existência de um ‘ponto divino’ no cérebro humano. Esse centro espiritual interno localiza-se entre conexões neurais nos lobos

(36)

22

temporais do cérebro. Em escaneamentos realizados com topografia de emissão de pósitrons, essas áreas se iluminam em todos os casos em que os pacientes de pesquisa participam da discussão de tópicos espirituais ou religiosos (Zohar & Marshall, 2000, p. 26).

Zohar e Marshall (2000) relatam que o trabalho de Persinger concentrou-se em experiências criadas por estímulo artificial dos lobos temporais. Em 1997, Ramachandran e seus colegas avançaram ao analisarem o aumento da atividade nos lobos temporais a experiências espirituais. Os pesquisadores apuram que, quando indivíduos são expostos a palavras ou tópicos com temas religiosos ou espirituais, a atividade em seus lobos temporais aumenta. Assim, concluíram que talvez haja nos lobos temporais do ser humano uma conexão neural ligada à religião ou referente ao sagrado. Esses pesquisadores, segundo Zohar e Marshall (2000), chegaram à conclusão de que é possível existir no cérebro uma fiação permanente ligada à questão do fenômeno da crença religiosa.

Para Zohar e Marshall (2000), os lobos temporais estão fortemente ligados ao sistema límbico, o centro de emoções e memória do cérebro. No qual, há duas partes importantes, a amídala, uma estrutura pequena em forma de noz no centro da área límbica, e o hipocampo, que é essencial para registrar experiência na memória. O trabalho de Persinger comprovou que, quando esses centros são estimulados, ocorre aumento de atividade nos lobos temporais. Mesmo que a maioria das experiências espirituais dos lobos dure apenas alguns segundos, eles podem produzir uma forte e duradoura influência emocional por toda a vida. Neurobiólogos como Persinger e Ramachandran batizaram a área dos lobos temporais no cérebro ligada à experiência religiosa ou espiritual como o “Ponto de Deus”.

Zohar e Marshall (2000) acreditam que o trabalho de Ramachadran foi o primeiro a demonstrar que o Espírito está ativo em todas as pessoas. “O Ponto de Deus” não dá a sustentação de prova da existência de Deus, mas assegura que o cérebro evolui para fazer as perguntas essenciais, causando sensibilidade às questões de sentido e a valores mais amplos da vida.

2.1.2 Dimensões

As dimensões consideradas neste estudo têm como embasamento o resultado do estudo de Amram (2009) que propõe um modelo teórico de inteligência espiritual.

A inteligência espiritual é um conjunto de habilidades que as pessoas usam para aplicar, manifestar e viver seus recursos espirituais, valores e qualidades de forma a melhorar sua

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23 atividade diária e bem-estar (Amram, 2007). Este conjunto de habilidades se manisfeta nas pessoas, em maior ou menor grau, e sua prática ou treinamento pode contribuir para desenvolverem alguma ou todas essas habilidades nas pessoas.

O modelo teórico de inteligência espiritual proposto por Amram (2009) contempla cinco habilidades para domínio da inteligência espiritual: Consciência, Graça, Significado, Transcendência e Verdade.

1. Consciência - Este domínio reflete a capacidade de aumentar ou mudar a consciência, para tocar a intuição e para sintetizar vários pontos de vista de forma a melhorar o funcionamento diário e bem-estar. O domínio Consciência inclui três sub-escalas de capacidade: intuição, atenção e síntese.

2. Graça - Este domínio reflete direcionamento interior (discernimento combinando liberdade) e amor pela vida, com base na inspiração, beleza e alegria inerente em cada momento presente para melhorar o funcionamento e bem-estar. O Domínio Graça inclui cinco sub-escalas de capacidade: beleza, discernimento, liberdade, gratidão, imanência e alegria.

3. Significado - Este domínio reflete a capacidade de experimentar significado, atividades de ligação, experiências para os valores e construir interpretações de forma a melhorar o funcionamento e bem-estar, mesmo em face da dor e do sofrimento. O domínio Significado inclui duas sub-escalas de capacidade: finalidade e serviço.

4. Transcendência- Este domínio reflete a capacidade de alinhar com o sagrado e transcender a autoegóica, com um sentimento de parentesco e holismo de maneira a melhorar o funcionamento e bem-estar. O domínio Transcendência inclui cinco sub-escalas de capacidade: Eu superior, holismo, prática, parentesco e sacralidade.

5. Verdade - Este domínio reflete a capacidade de estar presente para, amor e paz, render-se à verdade, manifestando receptividade aberta, presença, humildade e confiança de forma a melhorar o funcionamento diário e bem-estar. O domínio Verdade inclui seis sub-escalas de capacidade: ausência de ego, a equanimidade, plenitude interior, abertura, presença e confiança.

A Figura 2.2 apresenta um resumo das cinco dimensões da IE que iremos utilizar neste estudo.

(38)

24

Fonte: Construído a partir de Amram (2009).

Figura 2.2: Dimensões da IE e as subescalas

2.1.3 Consequências

As consequências do estudo ressaltam a importância e relevância de pensar a espiritualidade como inteligência, a qual seria uma das fontes primordiais, embora não seja a única, de inspiração do novo. Ela estaria inclusa na complexidade de entender o ser humano, seria um dos componentes ligado à era do conhecimento e faria parte dessa nova visão da realidade.

Em retrospeção a teoria das inteligências de Gardner (2001) é possível verificar que a inteligência intelectual e a inteligência emocional funcionam apoiadas em si próprias, porém não contam com uma dimensão transpessoal, o que as impede de serem integradas e transformadoras. Neste contexto, Wolman (2001) define a inteligência espiritual como a capacidade humana de fazer perguntas fundamentais sobre o sentido da vida, e simultaneamente experimentar a conexão perfeita entre cada um de nós e do mundo em que vivemos. A inteligência espiritual é considerada a fundação neural que pode oferecer um eficiente funcionamento às inteligências emocional e racional para atuarem em harmonia.

Ademais, crescem evidências indicando que as práticas espirituais que buscam o desenvolvimento e aperfeiçoamento da consciência impactam positivamente a capacidade mental e o funcionamento cognitivo, bem como reduz o estresse e melhora as relações pessoais no trabalho.

Segundo Zohar e Marshall (2000) as dez qualidades comuns às pessoas espiritualmente inteligentes são (vide Figura 2.3): (1) praticam e estimulam o autoconhecimento profundo; (2)

1. Consciência •Intuição •Atenção •Síntese 2. Graça •Beleza •Discernimento •Liberdade •Gratidão •Imanência •Alegria 3. Significado •Finalidade •Serviço 4. Transcendência •Eu superior •Holismo •Prática •Parentesco •Sacralidade 5. Verdade •Ausência de ego •Equanimidade •Plenitude interior •Abertura •Presença •Confiança

(39)

25 são conduzidas em suas vidas por valores humanos; (3) têm capacidade de encarar e utilizar a adversidade; (4) são holistas; (5) celebram a diversidade; (6) têm independência; (7) perguntam sempre o porquê de algo; (8) têm capacidade de colocar as coisas num contexto mais amplo; (9) têm espontaneidade; e (10) têm compaixão pelas pessoas. Considerando as qualidades citadas, os autores relatam que líderes com inteligência espiritual teriam um maior desejo de servir. Seriam responsáveis por trazer visão e valores aos demais, bem como, mostrar como aplica-los, sendo fonte de inspiração.

Fonte: Construído a partir de Zohar e Marshall (2000)

Figura 2.3: Resumo das qualidades das pessoas com IE

Outros autores já propuseram uma relação entre a inteligência espiritual e desempenho da liderança. Solomon e Hunter (2002) sugerem que encontrar significado através de inteligências existenciais e espirituais contribui para uma liderança eficaz. Ao analisar as inteligências intelectuais, físicas, emocionais e espirituais, Covey (2004) argumenta que a espiritual é a central e mais fundamental de todas as inteligências, pois se torna a fonte de orientação das outras três. A inteligência espiritual representa a nossa unidade de sentido e conexão, sendo a chave para ir além, permitindo atingir a eficácia da liderança.

Uma vez que os líderes empresariais possuem a incumbência de incutir um senso de propósito e significado em suas organizações (Kouzes & Posner, 2006), a inteligência

Qualidades das pessoas com IE Qualidades das pessoas com IE 1. Ter Autoconhecimento 2. Possuir Valores humanos 3. Encarar a adversidade 4. Ser Holista 5. Celebrar a diverdiade 6. Ter idenpendência 7. Questionar o por que 8. Analisar em contexto amplo 9. Ser Espontâneio 10. Ter compaixão

(40)

26 espiritual apresenta-se relevante para o papel do líder. Além disso, a IE compreende a capacidade de intuição, viabilizando ao líder usar vários níveis de consciência que transcendem ao linear e ao pensamento lógico, possibilitando a tomada de decisões e a resolução de problemas de forma mais holística e eficaz (Young, 2002).

Ainda, a IE é uma forma de inteligência humana ligada a imaginação, o que contribui para um maior nível de reflexão e uso da criatividade na resolução de problemas, utilizando-se da utilizando-sensação de poder pessoal e espírito coletivo (Zohar & Marshall, 2000).

2.2 LIDERANÇA

2.2.1 Conceito

A busca pela excelência e eficácia no mundo geram mudanças tecnológicas e sociais constantes, assim, o indivíduo tem hoje que se preparar e se adaptar, e as organizações, que são diretamente impactadas, precisam refletir como devem aperfeiçoar seus sistemas de liderança.

Multiplicam-se os estudos sobre liderança em diferentes facetas, como estilos, práticas, influência e problemáticas, pois hoje há compreensão da importância dos recursos humanos para atingir a eficácia e a eficiência, tal como afirma Drucker, “a liderança não é, por si só, boa ou desejável. A liderança é um meio” (2001, p. 291).

Segundo Cunha, Rego e Figueiredo (2013, p. 12) “liderar como um líder significa estimular a mudança, e não encontrar desculpas para o que, alegadamente, não pode ser mudado.” Desta forma, a atitude dos líderes deve ser algo sobre o qual devemos refletir, uma vez que interfere no processo decisório das organizações, bem como no seu processo de desenvolvimento. O ato de liderar, de ser um verdadeiro líder é algo muito “(…) exigente, difícil e complexo” (Cunha et. al, 2013, p.12), tornando assim, a liderança uma área de estudo emergente e em contínuo desenvolvimento.

Salienta Rego, Reis e Cunha (2014), que o significado da liderança no contexto organizacional depende de afetar ou não o desempenho dos colaboradores. Do mesmo modo, a liderança deve ser, além de eficaz, acertada, possibilitando elevar o moral dos indivíduos envolvidos (Avolio 2010).

Neste contexto, o líder passa a exercer um papel essencial, sendo o protagonista de destaque na organização por seu potencial de influência sobre os seus colaboradores.

Imagem

TABELA  4.2  –  Caracterização  da  amostra  dos
Figura 1.1: Estrutura da Dissertação
Figura 2.2: Dimensões da IE e as subescalas
Figura 2.3: Resumo das qualidades das pessoas com IE
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