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Recuperação Paisagística do Aterro Sanitário do Vale do Forno, Lisboa

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Academic year: 2021

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Paisagística

do Aterro Sanitário

do Vale do Forno,

Lisboa

David Freitas Ribeiro Furtado de Campos

Mestrado em Arquitetura Paisagista

Departamento de Geociências,

Ambiente e Ordenamento do Território, 2019

Orientador

Teresa Portela Marques, Arquiteta Paisagista, Professora

Associada, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

Coorientador

Luís Paulo Faria Ribeiro, Arquiteto Paisagista,

Atelier Topiaris

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Agradecimentos

Aos meus pais, por serem os principais responsáveis por este momento tão importante na minha vida.

À minha namorada Margarida, pela paciêcia, carinho e por me manter sorridente mesmo nos momentos mais difíceis.

Aos meus tios Manel e Teresa, por me terem recebido tão bem durante seis meses e por me fazerem sentir em casa.

A todos os colaboradores da Topiaris, em especial à Arquiteta Teresa Barão, ao Arquiteto Luís Paulo Ribeiro e à Arquiteta Catarina Viana pela sabedoria que partilharam, o carinho com que me receberam e por terem valorizado o meu contributo.

À Professora Teresa Marques, por ter lançado o desafio desta aventura em Lisboa e por todo o conhecimento que me transmitiu ao longo destes cinco anos.

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Resumo

Situado em Lisboa, no limite norte com o concelho de Odivelas, o aterro sanitário do Vale do Forno resulta de décadas de acumulação de lixos num vale profundo. O seu estado de esquecimento, desconexão com a cidade e perturbação ecológica, resultantes do seu funcionamento e após a sua selagem são os pontos de partida para a construção de um parque.

O contexto de constrangimento orçamental, bem como consequente impossibilidade técnica de resolução plena dos problemas do espaço, impuseram a necessidade de priorizar a criação de um claro melhoramento da relação entre o espaço e a população. Tal implica a definição de um gradiente de intensidades de transformação e de gestão. As áreas de maior aptidão para os usos de circulação e recreio são assim os pontos de partida para um ganho espacial, estético e ecológico que produzirá uma nova e melhorada imagem e experiência do espaço.

Pretende-se, contudo, que a necessidade de transformação não perturbe, mas assinale o valor cultural associado a espaços e elementos que marcam a condição original ou remetem para as diferentes ocupações e usos antrópicos deste território ao longo de um passado recente.

A proposta assume-se, portanto, como um testemunho do poder transformativo da ação antrópica, que procura neste território qualidades para novos usos, diametralmente opostos ao anteriores, mas mais adequados a um contexto sociocultural diferente, assumindo, no entanto, uma convivência segura e saudável com os problemas ecológicos quase irreversíveis causados.

Palavras-chave

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Abstract

The Vale do Forno landfill is located in Lisbon, on the northern limit with the municipality of Odivelas. It is the result of decades of waste accumulation in a deep valley. Its state of oblivion, disconnection from the city and ecological disturbance resulting from its operation and sealing are the starting points for the construction of a park. The context of financial constraints, as well as the consequent technical impossibility of fully resolving its problems, made it necessary to prioritize the creation of a clear improvement in the relationship between space and population. This implies the definition of a gradient of transformation and management intensities. Areas of greater aptitude for circulation and recreational uses are thus the starting points for a spatial, aesthetic and ecological gain that shall produce a new and improved space image and experience. However, it is intended that the need for transformation does not disturb but points out the cultural value associated with spaces and elements that mark the original condition or refer to the different anthropogenic occupations and uses of this territory over the recent past.

Therefore, the proposal is a testament to the transformative power of anthropic action, which seeks qualities for new uses in this territory, substantially different to the previous ones, but more appropriate to a different sociocultural context, assuming, however, a safe and healthy social coexistence with the previously caused and almost irreversible ecological problems

Key words

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Índice

1. Introdução: 1.1. Tema e problemática 1.2. Metodologia do trabalho 2. Contextualização 2.1. Contexto biofísico 2.2. Evolução urbana

2.3. Corredor Verde Periférico de Lisboa 2.4. Programa proposto pela CML

3. Análise do lugar 3.1. Morfologia do terreno 3.2. Exposição ao vento 3.3. Hidrologia e solos 3.4. Revestimento vegetal 3.5. Perceção do espaço 4. Proposta

4.1. Linhas orientadoras da proposta

4.2. Processo de selagem do aterro sanitário 4.3. Descrição geral da proposta

4.4. Justificação das soluções técnicas 4.4.1. Modelação do terreno 4.4.2. Drenagem

4.4.3. Vegetação

4.4.4. Pavimentos, estruturas construídas e equipamentos 5. Conclusão

6. Referências bibliográficas 7. Anexos

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Lista de quadros e figuras

1. Localização da área em estudo na área metropolitana de Lisboa. Fonte: Google Earth

2. Delimitação da área em estudo no contexto da envolvente urbana. Fonte: Google Earth

3. Localização da área de estudo no contexto hidrográfico. Fonte: Google Earth; https://pt-pt.topographic-map.com

4. Sobreposição entre a área de intervenção e a situação topográfica no início do século XX. Fonte: Carta topográfica de Lisboa, de Silva Pinto, 1911

5. Síntese das dinâmicas envolventes

Fonte: Google Earth; documentação cedida pela Câmara Municipal de Lisboa no caderno de encargos do projeto de Recuperação Paisagística do Aterro Sanitário do Vale do Forno

6. Localização da área de intervenção, Parque da Quinta da Granja, Parque Verde da Feira Popular e o Parque do Vale da Ameixoeira no contexto do Corredor Verde Periférico de Lisboa. Fonte: Google Earth, Planta da Estrutura Ecológica Municipal, do PDM de Lisboa.

7. Mapa hipsométrico Fonte: Google Earth, atelier Topiaris 8. Mapa de declives Fonte: Google Earth, atelier Topiaris

9. Mapa do modelo digital de terreno Fonte: Google Earth, atelier Topiaris

10. Mapa de exposição aos ventos dominantes Fonte: Google Earth, atelier Topiaris

11. Mapa de vegetação existente Fonte: Google Earth, atelier Topiaris 12. Acesso Poente

Fonte: Google Earth

13. Estrada de ligação ao topo do aterro Fonte: autor, 2019

14. Estrada interna do aterro paralela à Estrada Militar Fonte: Câmara Municipal de Lisboa

15. Vista do topo do aterro para a estrada interna do aterro, paralela à Estrada Militar Fonte: autor, 2019

16. Queimador de gás metano e vista para as áreas do acesso Nascente do aterro Fonte: autor, 2019

17. Mapa de localização das fotografias Fonte: Google Earth, atelier Topiaris

18. Vista do topo do aterro para o vale Fonte: autor, 2019

19. Concavidade da encosta Nascente do aterro Fonte: autor, 2019

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20. Encosta Nascente e queimador no seu topo Fonte: autor, 2019

21. Porção final do vale acompanhado pela muralha e horizonte urbano de Odivelas Fonte: autor, 2019

22. Passagem perpendicular à ribeira Fonte: autor, 2019

23. Mapa de localização das fotografias Fonte: Google Earth, atelier Topiaris

24. Mapa de localização das fotografias Fonte: Google Earth, atelier Topiaris

25. Plano geral

Fonte: Manipulação de base produzida durante o estágio 26. Simulação - Entrada Poente do parque Fonte: autor

27. Simulação - Passadiço proposto do Vale do Forno Fonte: Manipulação de base produzida durante o estágio

28. Simulação - Vista aérea sobre o parque Fonte: autor

29. Simulação - Caminho da encosta Sul do parque Fonte: autor

30. Simulação - Clareira ocupada por equipamentos de recreio canino. Fonte: Manipulação de base produzida durante o estágio

31. Zoom do Plano Geral, com enfoque na entrada de ligação a Odivelas Fonte: Manipulação de base produzida durante o estágio

32. Plano de modelação preliminar Fonte: autor

33. Diagrama de explicação das estratégias de drenagem Fonte: autor

34. Corte A-A' transversal ao vale Fonte: autor

35. Corte B-B' longitudinal ao vale Fonte: autor

36. Corte C-C' transversal ao cabeço e à encosta Sul Fonte: autor

37. Corte D-D' transversal a duas clareiras na porção Sul do cabeço Fonte: autor

38. Diagrama de zonamento de tipologias de organização vegetal Fonte: autor

39. Tabela explicativa das tipologias de organização vegetal Fonte: autor, atelier Topiaris, Sociedade Portuguesa de Botânica: flora-on

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1. Introdução

1.1. Tema e problemática

O presente trabalho foi elaborado no âmbito do Estágio Curricular realizado no atelier Topiaris, em Lisboa, no ano letivo de 2018/2019.

A Recuperação Paisagística do Aterro Sanitário do Vale do Forno, em Lisboa, constitui apenas um dos diversos projetos, públicos ou privados, realizados ao longo do percurso de seis meses.

O projeto consiste na criação de um parque num local que funcionou durante décadas como aterro sanitário, até à sua selagem em 1998. É, portanto, uma oportunidade única de devolver à cidade um espaço encerrado, marginalizado e compreensivelmente conotado como pouco seguro e insalubre, pela recente memória do seu funcionamento. Todavia, a expectativa política e social de uma transformação atribuidora de qualidades de dignas de um parque parece ser incompatível com o baixo orçamento disponível.

1.2. Metodologia do trabalho

A participação ativa em atelier no desenvolvimento do estudo prévio permitiu uma base de aprendizagem essencial, mas simultaneamente uma abertura suficientemente compatível com uma tentativa de aprofundamento pessoal do trabalho.

Este processo descende de uma fase de levantamento, visitas ao local, reflexão crítica, pesquisa bibliográfica e desenho.

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2. Contextualização

Com cerca de 26 ha, a área de intervenção situa-se no limite Noroeste do município de Lisboa. É parte de uma elevação que se desenvolve na direção Sudoeste-Nordeste, de pendente mais suave do lado de Lisboa e mais abrupta do lado voltado para o concelho de Odivelas.

1. Localização da área em estudo na área metropolitana de Lisboa.

2.1. Contexto biofísico

A carta topográfica de Lisboa de Silva Pinto, 1911, retrata a condição topográfica original, que consistia num vale encaixado que rompia a encosta limítrofe da cidade, o que contrasta totalmente com a topografia atual. Os anos de funcionamento do aterro produziram uma parcial inversão da situação de vale, culminando numa morfologia de morro, de cota máxima superior à das cumeadas do vale original.

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Em termos geológicos, as encostas originais do vale são compostas por formações sedimentares do Oligocénico, baseadas em conglomerados e calcários com elevado teor de argila (Almeida, F.M. 1986) que lhe conferem uma baixa capacidade de infiltração, o que poderá também explicar a formação de vales encaixados nesta área de Lisboa (Ribeiro, L.P., 1998), como observado na figura 3.

A Ribeira do Vale do Forno que corria ao longo do vale original, hoje atravessa encanada quase toda a área de intervenção, surgindo destapada na porção final do vale, na proximidade do concelho de Odivelas. Nesse ponto segue novamente encanada até desaguar a jusante no rio da Costa, parte da bacia hidrográfica do rio Trancão, afluente do Tejo.

A reduzida capacidade de carga que o encanamento da ribeira oferece, juntamente com a impossibilidade de uma infiltração gradual a montante, poderão constituir um fator de risco para áreas urbanas situadas a jusante, especialmente em caso de chuvas torrenciais. A grande concentração de água num curto de espaço de tempo, comum neste contexto climático mediterrânico, poderá não permitir um controlo eficaz do volume de água, facto que incrementa o risco de cheias ou torrentes a jusante.

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3. Localização da área de estudo no contexto hidrográfico.

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2.2. Contexto Urbano

Contrariamente ao contexto metropolitano de elevada densidade que caracteriza a paisagem de Lisboa, as áreas envolventes ao aterro denotam uma baixa consolidação da malha urbana, caracterizada por uma descontinuidade entre terrenos edificados mais recentes e terrenos expectantes.

Fatores como a escassez de recursos naturais verificada nesta zona da cidade pode explicar a fixação populacional tardia. A topografia mais acidentada, a falta de recursos hidrológicos em profundidade e a baixa aptidão agrícola dos solos poderão justificar a inexistência de polos urbanos significativos. Em grande parte, esta área encontrava-se ocupada por produções cerealíferas extensivas e culturas arbóreas de encontrava-sequeiro nas zonas mais declivosas. (Ribeiro. L. P. 1992) Alguns vestígios desta ocupação ainda são observáveis, inclusive dentro da área de intervenção, onde pode observar-se um olival abandonado na encosta voltada a Poente, da porção vale que escapou ao funcionamento do aterro.

Apesar da ténue ocupação urbana, esta zona periférica de Lisboa desempenhou um papel defensivo importante, graças à fronteira natural imposta pela vertente abrupta que aí se desenvolve, complementada por estruturas defensivas em grande parte construídas aquando das invasões francesas. A carta topográfica de Lisboa de Silva Pinto, de 1911, demonstra claramente a presença de uma grande vala defensiva, complementada por muralhas em zonas de descontinuidade topográfica, como verificado no Vale do Forno e no vale atravessado pela Calçada de Carriche.

Atualmente, o estado de abandono de terrenos declivosos adjacentes ao aterro tem resultado em diversos incêndios, tendo um dos quais atingido o aterro em 2017, destruindo a infraestrutura de recolha de gás e danificando severamente a tela de selagem.

Todavia, tem-se verificado um aumento do interesse por estes territórios, através da construção de novas urbanizações, como por exemplo a Quinta dos Alcoutins, ou da visível vontade do município em concretizar o Corredor Verde Periférico, ou em construir áreas de equipamento, tais como a já existente Valorsul, as futuras instalações da União Zoófila, uma futura central fotovoltaica e um futuro projeto de qualificação da Quinta do Olival (figura 5). Embora não seja certa a sua concretização, a baixa consolidação urbana da envolvente sugere o potencial transformativo.

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2.3. Corredor Verde Periférico de Lisboa

O Projeto de Recuperação Paisagística do Aterro do Vale do Forno parte de uma visão paisagística para a cidade de Lisboa, que define uma atitude de proteger e valorizar dinâmicas ecológicas fundamentais para a cidade. Esta consiste na proteção de áreas essenciais para o correto funcionamento dos sistemas vivos, procurando também o estabelecimento de oportunidades de amenidade, recreio e valorização do património paisagístico. Esta intenção materializa-se numa delimitação e proteção de espaços de maior sensibilidade ou valor ecológicos, articulados numa rede de corredores verdes que visam e a complementaridade ecológica dos espaços e a interligação pedonal e ciclável, garantindo assim uma potenciação dos seus efeitos e uma relação mais franca com o tecido urbano.

O Corredor Verde Periférico é composto por uma série de espaços num total de 150 ha, situados na coroa Norte da cidade de Lisboa, permitindo a ligação entre o Parque Florestal de Monsanto e a porção da Estrutura Ecológica Regional associada à Várzea de Loures e ao Rio Trancão, afluente do Rio Tejo.

A área em estudo será o último espaço de tipologia "parque" a compor o Corredor Periférico, associando-se a diversos espaços verde públicos de dimensões variáveis, com destaque para o Parque da Quinta da Granja, Parque Verde da Feira Popular e para o Parque do Vale da Ameixoeira (figura 6).

5. Síntese das dinâmicas da envolvente

Quinta dos Alcountis Área de qualificação da Quinta do Olival Futura Central fotovoltaica Futuras instalações da União Zoófia Instalações da Valorsul Odivelas

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6. Localização da área de intervenção, Parque da Quinta da Granja, Parque Verde da Feira Popular e o Parque do Vale da Ameixoeira no contexto do Corredor Verde Periférico de Lisboa.

2.4. Programa proposto pela CML:

O projeto de recuperação paisagística do Aterro Sanitário do Vale do Forno procura também responder a um conjunto de pré-requisitos programáticos propostos pela CML para o local, que resultam da intenção prevista no PDM e de uma expectativa política em relação ao conceito do Parque, em baixo sintetizada nos seguintes tópicos:

Imagem do Parque:

- Aplicar soluções de projeto que tornem visível para conceitos relacionados com a denominada “economia circular”, através da utilização de materiais reciclados ou reutilizados

- Implementar soluções que promovam a a sensibilização para a importância da biodiversidade e conservação da natureza.

Parque Verde da Feira Popular Parque do Vale do Forno Parque do Vale da Ameixoeira Parque da Quinta da Granja

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Orientações funcionais:

- Criar uma ligação pedonal e ciclável de continuação do Corredor Verde Periférico de Lisboa, que interligue a Quinta dos Alcoutins ao Cemitério de Carnide.

- Criar duas praças de entrada, a poente e a nascente, associadas a estacionamento automóvel e preparadas para implementação de instalações sanitárias e um quiosque.

- Criar um percurso que acompanhe o vale e integrá-lo a uma terceira praça de entrada que deverá contactar com o concelho de Odivelas.

- Vedar o parque apenas no limite noroeste na cumeada da encosta Norte voltada para Odivelas, pelo que os restantes limites serão sempre abertos.

- Garantir ligação interna automóvel às futuras instalações da União Zoófila, localizadas a Noroeste do Parque.

- Criar uma rede de caminhos secundários, articulados com as entradas e o percurso principal do Corredor Periférico.

- Criar áreas de direcionadas para eventos culturais, prática desportiva, recreio juvenil e recreio canino.

- Reservar cerca de 3200 m2 de área limítrofe à Valorsul para instalação de centro de higiene urbana.

Soluções técnicas:

- Promover soluções de drenagem superficial com resolução in situ sempre que possível

- Criar uma rede de água potável para bebedouros, instalações sanitárias e quiosque -Criar rede de água de rega diferenciada que futuramente será servida por águas recicladas tratadas.

-Garantir rede de eletricidade para iluminação pública e abastecimento de equipamentos.

Gestão e evolução do Parque:

-Diversificar as soluções de organização vegetal adaptadas à intensidade de usos, através de níveis diferenciados de crescimento, porte e necessidades de manutenção e rega.

-Projetar a “espinha dorsal” de um parque multifuncional, evolutivo e versátil capaz de se adaptar a futuros usos.

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3. Análise do lugar

3.1. Morfologia do terreno:

A morfologia da área de intervenção apresenta uma elevada heterogeneidade, mas permite uma diferenciação em 4 áreas muito distintas:

- O cabeço: a área mais elevada, atinge uma cota máxima de 122 m e desenvolve--se em declives suaves em quase toda a superfície, frequentemente abaixo de 8%, mas pontualmente atingindo os 15%.

- As encostas: envolvem a área de cabeço a poente, sul e nascente e apresentam uma morfologia escalonada de sucessivas plataformas, de declive variável entre os 8% e os 30 %, separadas por taludes de aproximadamente 3 m de altura e inclinação máxima geralmente não superior a 50 %

-O vale encaixado: situa-se no extremo Nordeste, apresenta uma diferença altimétrica de 75 m entre a cota mais baixa da linha de água e as linhas de festo do vale. Os declives das encostas variam entre os 50 % e os 100%.

-As áreas limítrofes situadas Este, Sul e Oeste: a Sul e Sudeste situadas entre as cotas 94m e 96 m, apresentam declives máximos de 5 % e encontram-se, na porção Sudeste, limitadas do lado oposto ao aterro por combros de altura máxima de 1 m. No limite Oeste encontra-se uma rampa de declive máximo de 15 %, acompanhada por taludes de dimensão variável, de inclinação máxima de 50 % e altura não superior a 4m.

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7. Mapa hipsométrico

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3.2. Exposição ao vento:

Os ventos dominantes provenientes do Norte são geralmente frios e intensos, podendo constituir um fator de redução do conforto climático, mas também um fator limitante no desenvolvimento da vegetação.

As visitas ao local permitiram experienciar a preponderância do vento na experiência do espaço. Esta revelou-se muito diferenciada devido às características morfológicas do relevo, o que justificou a elaboração de uma síntese de auxílio às decisões de projeto. O cartograma da figura 10parte de uma análise empírica da exposição aos ventos dominantes, avaliada com base em visitas ao local e à análise da topografia.

O cabeço do aterro e o vale constituem áreas de elevada exposição aos ventos: a primeira, porque se encontra mais elevada e sem qualquer tipo de abrigo, exceto nas áreas um pouco mais baixas a Sul; a última, pelo seu relevo intenso, que produz uma compressão e posterior aceleração do vento que entra no vale.

As regiões do aterro mais abrigadas encontram-se na base da encosta Sul e Sudeste do aterro, mas também ao longo da encosta sul abaixo da cumeada Norte do aterro.

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3.3. Hidrologia e solos:

A enorme alteração topográfica exercida pelo aterro apagou a hidrografia e hidrologia associadas ao vale original. Atualmente, verificam-se novos processos que ocorrem sobre uma superfície de génese antrópica.

As cotas superiores do aterro constituem cabeceiras de linhas de água que escoam superficialmente sobre a camada de solo delgada que cobre o aterro, resultando em situações de erosão e exposição da tela impermeabilizante. São comuns áreas de encharcamento em depressões ou em plataformas de encosta.

Fora das áreas impermeabilizadas, mais especificamente na base da encosta Nascente do aterro e nas encostas do vale original, as linhas de água apresentam uma maior convergência devido ao estreitar do vale e à maior profundidade dos solos. A porção exposta da ribeira é o destino final das águas superficiais provenientes do aterro e do vale.

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3.4. Revestimento vegetal

A atual cobertura vegetal é um reflexo das diferentes dinâmicas antrópicas que moldaram o lugar, podendo ser sintetizada da seguinte forma:

-Prados do cabeço: revestimento herbáceo de sequeiro resultante da hidrossementeira efetuada após a selagem do aterro. Um incêndio ocorrido em 2017 resultou na destruição do mesmo, atualmente espontaneamente regenerado. A erosão em certas áreas resulta numa ausência de cobertura de solo e vegetação.

-Prado pontuado por vegetação arbustiva em taludes e plataformas: prados de resultantes da hidrossementeira de selagem e do incêndio de 2017. Algumas zonas apresentam-se erodidas, pelo que não se encontram revestidas por prado, contudo, em plataformas ou outras áreas de acumulação de solo e água, verifica-se a existência de alguns arbustos e pequenas árvores, como por exemplo Rhamnus alaternus, Olea europaea e Arbutus unedo.

- Vegetação herbácea infestante em vale: embora parte integrante do aterro, estas áreas não se encontram impermeabilizadas. Contudo, estas encostas também suportam

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o aterro, tendo sofrido pelo menos um desabamento num passado recente. A maior espessura de solo e a maior disponibilidade hídrica resultam em condições mais favoráveis de estabelecimento de vegetação. No entanto, o grau de instabilidade e perturbação do solo permitiram a proliferação de espécies invasoras como Arundo donax, que cobrem grande parte desta porção central do vale.

- Matos mediterrânicos em encosta declivosa: nas vertentes secas não afetadas pelo aterro verifica-se uma proliferação espontânea dominada por Rhamnus alaternus e Olea europae provavelmente descendentes do olival abandonado que pode ser encontrado na encosta voltada a poente.

- Orla arbórea limítrofe, com predominância de Eucaliptus globulus: plantada para mitigar a presença do aterro, acompanha todo o limite com a Estrada Militar, a sul e poente.

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3.5. Perceção do espaço:

Apesar da problemática associada à sua existência, o aterro possui qualidades visuais improváveis num espaço desta natureza, embora pouco perceptíveis a partir do seu exterior, que potencia o efeito surpresa.

A sua presença, tão ténue a partir do exterior, é de maior efeito quando observada a partir dos acessos existentes: a poente, impõem-se o monte escalonado, que se assemelha a um zigurate pontuado por arbustos nas suas plataformas. Este fechamento visual contrasta com a expansão oferecida pelo acesso a Nascente, que revela a encosta côncava do aterro que se vai estreitando até ao Vale do Forno, terminando num “V” coroado pela muralha defensiva, que enquadra uma vista para o denso horizonte edificado de Odivelas.

No topo do aterro, a expansão visual é quase total. Daí pode observar-se um contraste intenso entre a superfície do aterro, ligeiramente rugosa e pontuada por poços de gás e toda sua envolvente urbana. O lado Norte deste cabeço define o único abrigo ao vento e à expansão visual, desenvolvendo um talude suave que acompanha a linha de cumeada da vertente limítrofe de Lisboa. Nas restantes direções estabelecem-se vistas de uma intensidade cénica digna de um miradouro, especialmente na direção do vale.

Nas cotas inferiores do vale, contrariamente ao verificado no cabeço, o resguardo oferecido pelas encostas revestidas de matos impedem a leitura clara da presença do aterro. É, no entanto, visível a inesperada pontuação da chaminé do queimador de gás, que assinala a sua existência. No ponto mais baixo, na proximidade do portão com Odivelas, o contacto visual com a aterro á nulo. Aí pode encontrar-se um caminho degradado que acompanha o troço não encanado da ribeira, estreita, poluída, contida por estruturas de betão e rodeada de outras peças abandonadas. Na proximidade com o bairro do Vale do Forno, uma estrutura afeta à muralha define uma passagem encostada a um muro que atravessa a ribeira e limita a sua progressão à superfície, seguindo encanada a partir deste ponto. O atual estado de degradação deste espaço torna-o pouco convidativo e inseguro, facto potenciado pelo difícil acesso à cota superior do aterro.

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12. Acesso Poente 13. Estrada de ligação ao topo do aterro

15. Vista do topo do aterro para a estrada interna do aterro, paralela à Estrada Militar

16. Queimador de gás metano e vista para as áreas do acesso Nascente do aterro

17. Mapa de localização das fotografias 18. Vista do topo do aterro para o vale

16 18

14. Estrada interna do aterro paralela à Estrada Militar

15 14

13

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19. Concavidade da encosta Nascente do aterro 20. Encosta Nascente e queimador no seu topo

21. Porção final do vale acompanhado pela muralha e

horizonte urbano de Odivelas 22. Passagem perpendicular à ribeira

23. Ribeira 23 22 21 20 19 18

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4. Proposta

4.1. Linhas orientadoras da proposta

1) Conceber um parque que descende de uma valorização de potencialidades do lugar: A intenção do município em criar uma "espinha-dorsal" de um parque parece ir ao encontro do orçamento inicial disponível para o projeto, de pouco mais de dois milhões de euros. Este facto constitui a principal limitação do projeto, que acresce à dificuldade de implementação de vegetação e de modelação do terreno, especialmente nas áreas seladas pela tela impermeabilizante. Uma abordagem de plena adequação às aptidões do lugar será, portanto, a única estratégia viável de exercer uma transformação atribuidora de quailidades ambientais e espaciais dignas de um parque.

Propõem-se assim que a transformação exercida seja variável na intensidade, mas visivelmente superior nas áreas de contacto direto com os utilizadores do parque, de forma a assinalar o ganho qualitativo e a criar condições de atração, especialmente importantes num espaço marginalizado e conotado como insalubre. Os espaços de maior dificuldade de acesso e com uma aceitável estabilidade ecológica deverão ser sujeitos a intervenções ligeiras, ou deverão ser simplesmente geridos ao longo do tempo.

2) Reconhecimento e exposição de aspetos menos favoráveis

O aterro sanitário é um ponto de acumulação de matéria descartada resultante da atividade humana, que, com o passar do tempo, construiu um lugar cuja topografia não deriva de processos geológicos, mas de breves processos antrópicos de dimensão e permanência equiparáveis. A brevidade e intensidade da transformação são, de facto, equiparáveis à perturbação exercida, resultando numa parcial anulação das dinâmicas ecológicas e uma alienação do espaço em relação à cidade. A sua conotação negativa é, portanto, reconhecida e difícil de mitigar, mas poderá constituir um ponto de partida para uma atitude de reflexão sobre a génese e os problemas associados ao aterro.

Apesar da validade e importância de conceitos como reciclagem ou a economia circular, referidos pelo programa do município, estes não constituem uma atitude compatível com a ideia subjacente a um aterro sanitário. A sua introdução temática no parque poderia perturbar o valor pedagógico que constitui o confronto com uma realidade que, embora suavizada pela intervenção, deverá ser suficientemente clara para que os

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conceitos associados à sustentabilidade sejam facilmente deduzidos e, consequentemente, interiorizados.

A criação de eventos orientados para a temática do aterro sanitário, a inclusão de sinalética informativa ou a simples exposição de elementos existentes, poderão constituir fatores de amplificação da reflexão crítica sobre o lugar.

3) Criação de um espaço dinâmico

A procura por uma proposta que responda às especificidades do lugar e que vá ao encontro das necessidades da cidade é algo que ultrapassa a dimensão da obra recém-construída, pelo que o tempo será o verdadeiro construtor do Parque. O projeto deverá antever o Parque como um todo, mas simultaneamente dotá-lo de uma capacidade de evolução nas seguintes dimensões:

- Evolução ecológica: a diferenciação de intensidade na transformação exercida resultará numa distinção de biótopos de condições edafoclimáticas e gestão diferenciadas. Este facto sugere uma necessidade de monitorização que acompanhe o desenvolvimento vegetal e efetue ajustes necessários, especialmente importantes neste contexto atípico de solos delgados e inexistência de horizontes de génese geológica, indutores de um crescimento potencialmente deficiente dos sistemas radiculares.

- Participação pública: promover atividades ligadas ao parque e promover uma grande diversidade de eventos serão fatores importantes para a reintegração do espaço nas vivências da cidade, permitindo também um acréscimo na exigência e contributos do público na sua gestão.

- Flexibilidade programática: em estreita ligação com o tópico anterior, pretende-se que os espaços mais amplos e orientados para as diversas atividades suportem alterações de uso, mas sem perder as sua identidade e qualidades espaciais.

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4.2. Processo de selagem do aterro sanitário

Elencam-se as seguintes dinâmicas e efeitos resultantes da existência de um aterro sanitário:

- Emissão de gases: o processo bioquímico de decomposição de resíduos conduz a uma emissão de gases, maioritariamente dióxido de carbono e gás metano. Se não devidamente contido, o gás metano constitui um risco elevado de explosão, para além de ser um gás de efeito estufa mais intenso do que o CO2. A libertação prolongada e excessiva de ambos os gases poderá causar a morte de plantas e potenciais danos na saúde humana.

- Lixiviados: são qualquer tipo de líquidos que percorrem as camadas de lixo

(EPA,1999). Têm origem na fração líquida dos resíduos orgânicos ou na infiltração de águas superficiais. A sua elevada toxicidade poderá constituir um perigo ecológico e para a saúde humana, especialmente quando misturado com águas de aquíferos e linhas de água.

- Assentamentos: são resultantes das dinâmicas internas do aterro. Podem causar alterações significativas na topografia.

A selagem do aterro sanitário foi finalizada em 1998, contudo, grande parte da infraestrutura técnica encontra-se atualmente inoperacional e danificada, apesar da continuação dos processos de produção de gás e de lixiviação.

O projeto de recuperação paisagística descrito no presente estudo deverá assim ser antecedido por uma intervenção de reabilitação, processo devidamente articulado com a arquitetura paisagista, sintetizado nas seguintes ações:

- Restauro da tela de impermeabilização da superfície do aterro: permite uma separação física entre as camadas compatíveis com a vida, evitando contaminação por lixiviados e a fuga de gases.

- Recuperação do sistema interno de captação e queima de gás metano: os gases produzidos são captados em poços profundos e encaminhados por tubos superficiais para um queimador exterior à área de aterro. As porções salientes dos poços deverão ser devidamente protegidas ou escondidas em caixas de visita subterrâneas. As tubagens de gás deverão ser enterradas no solo e não deverão ser obstruídas por nenhum elemento construído do Parque.

- Recuperação do um sistema de gestão de lixiviados: a captação de lixiviados é feita em profundidade, sendo depois encaminhada para um sistema de pré-tratamento de água e devolvida à ribeira do Vale do Forno ou ao sistema de águas pluviais.

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- Criação de um sistema interno de drenagem: após a implementação da tela deverá ser aplicado um sistema de drenagem subterrâneo à cama de solo de proteção, a fim de se garantirem condições de solo ideais para o crescimento vegetal e reduzir a probabilidade de deslizamento de solo (EPA, 1999).

- Cobertura da superfície com solo e vegetação: a camada de solo terá o papel de sustentar vida e proteger a tela de agressões.

- Considerações sobre a gestão dos solos

Como anteriormente referido, o solo constituirá o principal sustento para a implementação do Parque e para proteção da tela de selagem do aterro. A incorreta gestão dos solos durante e após a construção do Parque poderá originar os seguintes problemas:

- Compactação e perda de estrutura do horizonte superficial de solo, com redução na capacidade de infiltração e redução no teor de matéria orgânica.

- Erosão do solo e exposição da tela de selagem, expondo-a a fenómenos de degradação.

- Redução da espessura de solo, sujeitando-o ao empoçamento devido à perda de capacidade retenção de água; restrição do correto desenvolvimento vegetal.

A gestão deste processo deverá ser criteriosa e articulada com as restantes especialidades envolvidas no projeto, pelo que serão apenas apresentados critérios indicativos referentes à composição das camadas de solo, que permitirão orientar a modelação do terreno e o desenho de vegetação associado.

Consideram-se critérios alusivos à espessura, estratificação e composição dos solos: - A composição dos solos deverá ser semelhante ao tipo de solos encontrados nas proximidades da área de intervenção, garantindo assim uma adequação ecológica, compatível com a flora espontânea associada à Paisagem em que insere: Solos calcários, moderadamente básicos e de textura argilosa.

- Deverá existir uma distinção entre um horizonte B (subsoil) e um horizonte A (topsoil). O horizonte A deverá possuir um maior teor de matéria orgânica e uma estrutura mais apropriada ao desenvolvimento radicular e maior permeabilidade à água e trocas gasosas.

Definem-se as seguintes espessuras mínimas de solo para cada tipo de porte ou cobertura vegetal:

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sintética (geotêxtil) - (horizonte B: 0,7 m a 0,85 m; horizonte A: 0,15 m a 0,3 m), num total de 1 m. O horizonte A é facultativo mas aconselhável) (EPA)

- Prados e relvados de uso intenso: (horizonte B: 0,7 m a 0,85 m; horizonte A: 0,15 m a 0,3 m), num total de 1 m1.

- Prados de baixa manutenção: solo sem diferenciação de horizontes e com 1 m de espessura 1. Deverá proceder-se a uma hidrossementeira de prado que permita um célere

crescimento vegetal de sustentação dos taludes.

1 O valor de 1m apontado pelo manual “Enviromental Potection Agency: Landfill Restoration and Aftercare” não corresponde

ao valor referido mediante o contacto com especialistas em selagem de aterros sanitários aquando da realização do estágio, pelo que o projeto de modelação de terreno apenas considerará um máximo de 50 cm para estas situações.

4.3. Descrição geral da proposta

A proposta define três áreas de receção pricipais, duas a Nascente e Poente de maiores dimensões, exteriores às áreas de impermeabilização e correspondentes aos pontos pré-existentes de acesso ao aterro e de ligação com a Estrada Militar. São simultaneamente espaços de atravessamento, estadia e de estacionamento, o que implica

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um desenho ajardinado, mais formalizado e de riqueza espacial da vegetação. No limite entre a Estrada Militar e o Parque, as sucessivas áreas de plantação ornamental arbóreo-arbustiva envolvidas por muretes-banco permitem a criação de zonas de estadia que mediam uma transição gradual entre duas realidades. No interior, as áreas de estacionamento estão preparadas para sofrerem alterações pontuais de uso, podendo assim acolher uma

multiplicidade de eventos culturais temporários.

O percurso estruturante do Corredor Verde Periférico que percorre a estrada pré-existente, que liga as duas entradas, deverá ser adaptado para tornar-se uma via partilhada de circulação automóvel, pedonal e ciclável, com a adição de acessos pedonais que penetram o limite arborizado com a Estrada Militar. Esta via deverá também albergar uma fileira temporária de estacionamento automóvel, que substitua ou complemente o estacionamento existente nas praças durante a realização de eventos. No troço entre a entrada Nascente e a Quinta dos Alcoutins, propõem-se implantação de um caminho-miradouro, pedonal e ciclável, situado ao longo da encosta Noroeste do Vale do Forno. As pendentes de inclinação elevada da encosta deverão ser vencidas por um passadiço sobrelevado, com inclinações máximas de 8% e 3 m de largura, a fim de se garantir a integridade das vertentes e a proteção de alguns maciços arbustivos existentes. A impossibilidade técnica e orçamental de criar um percurso em passadiço com pendentes longitudinais não superiores a 5% terá como consequência a dificuldade em percorrê-lo de bicicleta no sentido ascendente. É por isso de grande relevância que se complemente o percurso com uma ciclovia exterior ao Parque, através da porção da Estrada Militar que liga

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a Entrada Poente à Quinta dos Alcoutins.

Uma terceira área de receção à cota superior, de ligação com a estrada que tem início na entrada Poente, surge do pré-requisito programático de ligação às futuras instalações da União Zoófila. Contudo, o impacte resultante do fluxo de veículos associados poderá constituir um problema de perturbação das atividades de lazer. Este facto justifica que se levem a cabo algumas ações de mitigação, como a separação entre o nó de acesso às instalações e a área do largo superior, reforçada com plantações arbóreo-arbustivas de enquadramento. Na extremidade do largo que se volta para a encosta, localiza-se uma modelação suave de terreno cuja pendente permite a formalização de um de contemplação da encosta. O largo superior conforma assim um espaço independente, de comunicação com a rede de caminhos e de estabelecimento de vistas para a clareira principal ou para a encosta nascente e Vale do Forno.

A decisão de implantação de um edifício no largo deve-se a uma necessidade de resposta às especificidades da gestão do Parque, podendo assim operar em valências como a manutenção, monitorização, promoção de eventos, articulação com a União Zoófila e, se economicamente viável, funcionamento de um bar com esplanada. A localização do edifício na proximidade da cumeada, a Norte, e comunicante com a praça, a Sul, permite

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também que se acentue o limite visual com o nó de entrada para a União Zoófila.

A rede de percursos do parque procura interligar diferentes espaços através de uma implantação de caminhos que se adequam à topografia e produzem curvas esbeltas lisonjeias à morfologia interessante do aterro. Ao longo das encostas em socalco voltadas para a estrada militar, os caminhos são também telas essenciais para a implementação de um desenho paisagístico. As modelações em aterro resultantes da implantação de troços em rampa oferecem solo para plantações arbóreo-arbustivas, que se desenvolvem ritmadas ao longo da face voltada para Lisboa, criando zonas de sombra e estabelecendo uma relação espacial com a vegetação do cabeço. Estas são também complementadas por plantações arbóreo-arbustivas situadas ao longo de pequenos aterros suportados por gabiões implantados em bases de taludes, oferecendo suporte de terras adicional ou simplesmente com simplesmente um complemento ao desenho da estrutura verde.

No topo do aterro constituem-se as condições de planura pretendidas para a implementação de um sistema de clareiras amplas, essenciais para a configuração de qualidades espaciais de parque. Esta plataforma superior está, no entanto, sujeita a uma ação contínua do vento pouco e a uma exposição solar intensa, pouco compatíveis com as atividades de lazer. Como reação ao programa e às limitações referidas, o desenho define-se através de uma compartimentação geométrica de formas ovoides, que conformam

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clareiras de dimensão variável e pequenos largos nos pontos de interseção de caminhos. A variação do número e dimensão das clareiras procura adequar-se às inclinações do terreno, mas permite também a seguinte diferenciação funcional:

- Separação espacial e visual entre utilizações potencialmente incompatíveis, como por exemplo o recreio canino e a prática de desporto livre.

- Facilidade em cercar as clareiras para delimitação de áreas de recreio e controlo de afluência durante a realização de eventos, ou durante operações de manutenção mais prolongadas.

O estudo de exposição ao vento efetuado permitiu concluir que as clareiras inferiores estarão mais abrigadas do vento norte, pelo que deverão constituir espaços de estadia mais prolongada. As clareiras de maior dimensão estarão mais expostas ao vento e à radiação solar, sendo por isso mais adequadas a atividades orientadas para a celebração de eventos, ou simplesmente para o recreio informal. O estabelecimento de condições de conforto será, no entanto, impossível sem a influência da modelação de terreno e da vegetação. Esta estratégia materializa-se pela modelação de manipulações altimétricas em forma de cômoros circunscritos unilateralmente, bilateralmente, ou independentes da rede

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de caminhos. Estes compõem espessuras de solo compatíveis com a implementação de uma estrutura verde baseada em sebes arbóreo-arbustivas de proteção do vento, projeção de sombra e atribuição de diversidade espacial e sensorial.

Situada entre as cotas superiores do parque e o início do Vale do Forno, a encosta voltada a nascente, ladeada a Norte pela crista das costeiras de Lisboa, apresenta-se de morfologia côncava e de perfil ligeiramente escalonado, o que lhe atribui características improváveis de anfiteatro. Ao contrário da intensas plantações efetuadas no topo e nas restantes encostas, a decisão da manutenção da limpeza visual da superfície deve-se à intenção de conformar uma área de contemplação do vale e de alusão à condição pré-existente, complementada por dois elementos de referência visual:

- Implantação de uma estrutura-miradouro, situada no fim caminho que acompanha a crista das costeiras de Lisboa e que corresponde ao antigo percurso da circunvalação de Lisboa. O miradouro permitirá o estabelecimento de vistas para o anfiteatro, vale e muralha.

-Manutenção e reabilitação do queimador de gás existente, que, ainda funcional durante alguns anos, será um elemento referencial da atividade do aterro e detentor de uma verticalidade que lhe atribui qualidades de ponto focal.

Ligeiramente abaixo da encosta Nascente do aterro, a implantação do caminho com pendentes entre os 6% e os 8% implica uma movimentação de terras significativa, contudo, a intervenção será uma oportunidade de atribuição de potencial de estadia, revitalização ecológica e de sustentação da encosta. Apesar de longo e sinuoso, este está associado a um desenho paisagístico que consiste numa sucessão de plataformas modeladas, definindo

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clareiras envolvidas por matos mediterrânicos situados nas pendentes. O percurso deverá oferecer potencial de estadia nas zonas aplanadas e permitir o estabelecimento de relações visuais e funcionais mais interessante com o vale, bem como uma importante comunicação com Bairro do Vale do Forno. A formalização de uma entrada na cota circulável mais baixa do parque permite a abertura de um ponto de comunicação pedonal entres os dois municípios e o estabelecimento de um espaço com elevado potencial de estadia, dotado de um interessante enquadramento cénico, oferecido pelo vale e pela muralha que o envolve. No entanto, o atual estado de degradação desta área implica uma intervenção de recuperação da galeria ripícola da Ribeira do Vale do Forno e criação de locais de estadia em alargamentos laterais acompanhados de muretes-banco ao longo caminho principal, bem como na passagem perpendicular à muralha fronteira com o bairro do Vale do Forno.

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4.4. Justificação das soluções técnicas

4.4.1. Modelação de terreno

A modelação de terreno constitui um aspeto fundamental para o correto desempenho ecológico e funcional do Parque, contudo, a escassez inicial de solo nas áreas de maior necessidade de transformação e a impossibilidade de ações de escavação significativas, implicam uma importação de terras, facto que constitui um fator de potencial desequilíbrio orçamental caso não seja devidamente otimizado. Consequentemente, o desenho do Parque adapta-se a esta limitação, procurando adotar ações de modelação apenas quando necessário, em baixo sintetizadas nos seguintes tópicos:

- Salvaguarda das telas de impermeabilização: as ações de aterro deverão garantir uma espessura de terreno (subsoil + topsoil) mínima de proteção da tela de 30 cm a 40 cm em toda a área impermeabilizada. Nas áreas de implantação de pavimentos ou muros acresce a espessura correspondente às subcamadas de construção.

- Implantação de zonas pavimentadas: o desenho da rede de percursos e largos foi concebido para garantir uma adequação à morfologia do terreno. Estão normalmente implantados em áreas mais planas, o que implica um aumento altimétrico mínimo (terra + caminho) de 50 cm em relação à superfície da tela. As situações de rampa de inclinação longitudinal máxima de 5% correspondem a ganhos altimétricos variáveis entre os 80 cm e os 2 m. Para assegurar a poupança de terras e simultaneamente a integridade dos taludes, definiu-se uma inclinação de talude não superior a 1/1,5, que constituem também importantes espaços de plantação arbóreo-arbustiva.

- Criação de combros: elevações máximas de 2 m em relação à superfície, que têm as seguintes finalidades:

- Definição de áreas com espessura de solo compatível com a plantação arboreo-arbustiva

- Proteger áreas de plantação do pisoteio através dos taludes

- Garantir diferenciação edafo-climática entre os lados dos combros como estratégia de atribuição de diversidade ecológica

- Oferecer proteção do vento, em complementaridade com as orlas de vegetação. Os combros de maior altura correspondem a áreas de maior necessidade de proteção do vento.

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- Atribuir diversidade espacial e um maior acolhimento antes do crescimento da vegetação

- Regularizar superfícies: propõem-se uma suavização das imperfeições da superfície das clareiras ou plataformas de encostas, a fim de garantir uma adequação a usos de recreio e impedir acumulação indesejada de água que possa acentuar a degradação da camada de solo protetora da tela de impermeabilização.

- Implantação de muros de suporte: os gabiões situados em bases de taludes suportam aterros semelhantes à soma da altura dos mesmos, que poderá variar entre 0,5 m e 1,5 m.

- Promover a correta drenagem superficial: Todas as clareiras do Parque são modeladas para permitir um escoamento superficial de águas para bacias de retenção de 0,5 m de profundidade.

- Modelação de áreas exteriores à região impermeabilizada: Os caminhos ou entradas são modelados por métodos convencionais de aterro e escavação:

- Nas entradas Poente e Nascente, as modelações procuram regularizar a superfície e criar áreas de plantação associadas aos muretes-banco e aos combros situados no início da encosta do Parque.

- No percurso de acesso a Odivelas procura-se o estabelecimento de pendentes longitudinais entre os 6% e os 8% e, com redução para 5% em zonas de viragem do

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4.4.2. Drenagem:

A complexa rede de drenagem a implementar parte do entendimento do Parque como um sistema aberto, incluído numa rede hidrográfica mais vasta, o que implica que as decisões tomadas no local poderão um efeito a jusante. Assim sendo, a gestão hidrológica do Parque procura a resolução dos seguintes critérios:

Escala do ecossistema urbano:

- Mitigar possíveis deslizamentos de terras e torrentes em situações de chuva torrencial que possam atingir espaços urbanos a jusante da Ribeira do Vale do Forno

- Evitar a sobrecarga hídrica da ribeira que corre encanada debaixo do aterro - Reduzir sobrecarga da rede municipal de gestão de águas pluviais em caso de regimes torrenciais

- Complementar ecologicamente outros espaços verdes associados ao Corredor Verde periférico

Escala do ecossistema parque:

- Reduzir risco da exposição da tela de impermeabilização pela ação da erosão hídrica e empoçamento de áreas mais planas

- Acentuar e diferenciação entre sistemas secos e sistemas húmidos como estratégia de atribuição de diversidade espacial, sazonalidade e biodiversidade.

- Expor a presença e importância das estratégias de condução e acumulação de água como estratégias de criação de Paisagem

O cumprimento dos parâmetros estabelecidos deverá materializar-se numa hierarquia de diferentes soluções de condução e acumulação de água, baseadas em estratégias in situ que devolvam faseadamente as águas captadas à Ribeira do Vale do Forno:

- Áreas correspondentes à impermeabilização

A impossibilidade de infiltração das áreas verdes impede que estas possam receber águas provenientes de caminhos, o que obriga a que a água captada pelas valetas seja diretamente conduzida para linhas de água naturalizadas ligadas à ribeira. Como complemento, estes canais são também concebidos para que possam receber águas provenientes do escoamento superficial das zonas verdes.

Em situação de clareira, a modelação de bacias de retenção permitirá o retardamento da velocidade de escoamento da água para a ribeira em caso de chuva

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torrencial, pelo que as bacias deverão estar associadas a geodrenos subterrâneos perfurados que previnam o empoçamento quando o solo atinge a capacidade de campo. A água deverá ser posteriormente conduzida por drenos não perfurados para as linhas de água anteriormente referidas. Bases de taludes e muros de suporte também deverão ser drenados por geodrenos subterrâneos.

- Áreas exteriores à região impermeabilizada

O sistema de drenagem aplicado nos pavimentos e áreas verdes associadas ao percurso para Odivelas é semelhante ao anteriormente descrito, com a exceção de não necessitar de uma rede de drenos subterrâneas, dada a fácil comunicação entre as valetas e as linhas de água naturalizadas. As linhas de água poderão ser associadas a estruturas hidráulicas de dissipação de energia e ao enrocamento do fundo, a fim de reduzir a velocidade de escoamento das águas recebidas de diferentes pontos do Parque.

As bacias de retenção criadas nas plataformas permitem que a acumulação de águas pluviais captadas in situ e promovem a infiltração lenta ou o transvase para as linhas de água, caso se atinja o limite de retenção. Estas não estarão ligadas às bacias do cabeço para não ocorrer uma acumulação excessiva de água.

Entradas do Parque e corredor principal:

- Nas zonas pavimentadas das vias existentes e entradas já existe uma rede de saneamento pluvial, pelo que deverão ser utilizadas estratégias convencionais de drenagem para sumidouros existentes.

33. Diagrama de explicação das estratégias de drenagem

Drenagem convencional por sumidouros existentes Drenagem de caminhos através de valetas laterais

Drenos subterrâneos de encaminhamento das águas

Valas drenantes Ribeira do Vale do Forno Bacia de retenção

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4.4.3. Vegetação:

- Intenção ecológica e formal do desenho:

A implementação de uma estrutura verde ecologicamente viável e espacialmente interessante constitui o ganho qualitativo mais importante do projeto. Contudo, a selagem do aterro, a complexidade topográfica, a escassez de vegetação pré-existente e a elevada diferenciação funcional requerida, são fatores que determinam uma grande dificuldade de implementação e de gestão da estrutura verde. Como resposta às limitações elencadas, procura-se que esta possa assumir uma elevada diferenciação ecológica e espacial, sem, no entanto, perder a coerência e equilíbrio entre as manchas criadas. A escolha de um elenco florístico diverso nas espécies, na diferenciação de portes e ritmos de crescimento, permitirá uma maior probabilidade de sobrevivência em diferentes condições hídricas, microclimáticas e edáficas. Esta diversidade permite também a formalização de composições que tiram partido das relações de complementaridade, como por exemplo através da plantação de espécies resistentes ao vento que protegem outras mais sensíveis.

- Espaços correspondentes à impermeabilização:

Nas áreas afetas à impermeabilização, o desenho da vegetação assume uma elevada compartimentação, especialmente na região do cabeço. Tal deve-se à incontornável simultaneidade do ato de modelação e de plantação, que impedem uma liberdade total na espacialização, pois poderia culminar numa importação excessiva de solo e a dispersão das ações de plantação. Dito isto, opta-se por um desenho mais formal que conforma uma estrutura principal de longas manchas arbóreo-arbustivas contínuas, protegidas por caminhos e orientadas para formarem barreiras contra o vento, zonas de sombra, mas também detentoras de uma maior expressão visual, apesar da sua estreiteza.

Em áreas mais baixas, nas clareiras de menor dimensão, procura-se que as manchas de vegetação não promovam um ensombramento excessivo que impeça do desenvolvimento dos prados. A maior proximidade de manchas e a menor dimensão destas clareiras atribuem uma escala mais confortável a esses espaços, mas também aos largos que se abrem nas interseções dos caminhos, que se fazem mais ensombrados e contrastantes em relação à abertura visual e luminosidade das clareiras.

As clareiras mais amplas estarão necessariamente mais expostas ao vento e ao sol, mas serão mais compatíveis com atividades que requeiram espaço. A clareira principal,

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comunicante com o largo superior, segue uma maior desconstrução na implantação das manchas vegetais, que se assumem mais pequenas e ritmadas, dada a menor necessidade de atribuir conforto climático em todo o espaço, constituindo apenas pequenos espaços de refúgio pontual. A repetição rotativa destas formas permite também o estabelecimento de um eixo visual discreto, mas visualmente interessante quando observado a partir das suas extremidades.

A segunda grande clareira do Parque, situada na extremidade nascente do cabeço, desenvolve-se num declive mais acentuado que as restantes, permitindo uma melhor relação visual aquando da realização de concertos ou eventos semelhantes. A envolvência lateral pelas orlas principais permite uma separação visual e espacial com os espaços mais recatados a Poente, em oposição à abertura de vistas para o vale, a Nascente.

No que respeita à composição florística, pretende-se que as áreas do cabeço tirem partido da diferenciação microclimática oferecida pela vegetação. De funcionamento semelhante ao das sebes agrícolas, propõem-se uma orla de espécies arbóreas e arbustivas nativas e exóticas não-invasoras, mais resistentes ao vento, que ofereçam proteção a outras mais adaptados a ambientes protegidos, de sol ou de sombra. Para que se atinja um célere melhoramento do microclima, é proposta uma combinação de espécies de crescimento rápido com outras de crescimento mais lento.

Apesar do papel crucial dos espécimes de maior porte na atribuição de conforto microclimático, o seu crescimento potencial poderá estar parcialmente limitado devido à baixa espessura de solo disponível. O reduzido crescimento, dificuldade de sustentação ou a necessidade de abate precoce e substituição por novos indivíduos poderá ser uma possibilidade a ter em conta nos primeiros 20 anos após plantação, no entanto, a maturidade atingida pelos dos maciços arbustivos deverá ser suficiente para que não se perca conforto e coesão dos espaços. Mediante esta espectativa, propõem-se que a composição florística das orlas abunde em arbustos de grande dimensão, mas com sistemas radiculares menos volumosos que os das árvores.

Nas restantes áreas impermeabilizadas do aterro, opta-se por uma modularidade no estabelecimento da vegetação. Essencialmente espaços de circulação, as encostas deverão proporcionar sombra e continuidade espacial e visual com a mancha vegetal do cabeço, evitando assim que este pareça um corpo isolado. Como estratégia de otimização, procura-se que a vegetação arbóreo-arbustiva acompanhe modelações de caminhos em rampa e nos muros situados na base de taludes. Estes elementos de sustentação, que se desenvolvem ritmados ao longo dos prados, são necessários para o suporte de taludes potencialmente instáveis, ou para a criação de espessuras de solo compatíveis com a instalação de orlas em locais não abrangidos pelos caminhos. As condições de secura edáfica informam uma composição florística de maior rusticidade, essencialmente

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composta por espécies autóctones de encostas secas mediterrânicas.

Contrariamente às encostas voltadas para sul e poente, a encosta nascente não deverá incluir qualquer tipo de plantações arbóreo-arbustivas até ao seu limite inferior com o caminho de ligação à praça nascente. A limpeza visual resultante tem intuito de salientar as improváveis qualidades cénicas que a encosta oferece.

- Espaços exteriores à impermeabilização:

A estrutura vegetal dos espaços do aterro não afetos à impermeabilização segue os mesmos critérios de adequação ecológica, mas não está sujeita à limitação da espessura de solo disponível, facto que permite uma maior liberdade na escolha dos espécimes de porte arbóreo e uma maior previsibilidade da evolução da vegetação a longo prazo.

O desenho da vegetação das entradas deverá assumir uma maior estratificação e diversidade de espécies, garantindo zonas de sombra confortável e uma riqueza visual que assinale a transição para uma nova apropriação do espaço. Seguindo a mesma lógica de diferenciação, a arborização à base de Eucaliptus globulus das vias partilhadas do Parque deverá ser complementada por espécies autóctones e exóticas não invasoras de interesse ornamental, que quebrem também com a monotonia deste longo percurso.

Ao longo do percurso adjacente às instalações da Valorsul deverá ser implementada uma orla arbóreo-arbustiva densa, que mitigue o impacto visual dos edifícios. A vegetação deverá crescer rapidamente e ser composta por espécies resistentes à secura do talude.

No percurso do vale, procura-se que a estrutura verde seja essencialmente composta por matos altos e produza uma continuidade com a vegetação já existente nas encostas, através de sucessivos recortes transversais ao vale, rodeando as clareiras dos patamares e, pontualmente, abrindo-se para estabelecimento de vistas.

Na proximidade da entrada inferior, na porção exposta da ribeira do Vale do Forno, deverá ser instalada vegetação de sistema húmido, conformando uma pequena galeria ripícola que procure uma contraste ecológico e visual com os matos superiores, valorizando uma das últimas porções expostas deste modesto curso de água.

Como justificação do processo técnico de implementação e gestão da vegetação, propõem-se uma tabela síntese organizada pelos seguintes parâmetros:

- Localização das diferentes manchas de vegetação do Parque.

- Organização vegetal correspondente, associada ao desenho e às funções pretendidas - Condições edafo-climáticas - fatores limitantes relacionados com aspetos biofísicos

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intrínsecos ao lugar ou resultantes da manipulação topográfica exercida:

- Espessura se solo (relacionada com a existência ou inexistência de tela de impermeabilização subterrânea);

- Exposição ao vento dominante;

- Exposição solar;

- Disponibilidade natural de água no solo;

- Tipologia de rega – Baseada numa intenção de otimização dos recursos hídricos, a criação de zonas homogéneas quanto à decisão de frequência de rega ou a implementação de um regime de sequeiro está dependente dos usos atribuídos aos espaços e terá um impacto muito visível no desenvolvimento da vegetação.

34. Corte A-A' transversal ao vale

35. Corte B-B' longitudinal ao vale

36. Corte C-C' transversal ao cabeço e à encosta Sul

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- Regime de manutenção / crescimento: o controlo do desenvolvimento da vegetação permite que esta mantenha características espaciais adequadas às funções pretendidas.

- Elenco florístico: escolha de potenciais espécies autóctones e exóticas culturais não invasoras a incluir nos planos de plantação, com uma estreita relação fitossociológica ou adaptadas às condições ecológicas. A posterior decisão de espacialização das plantas elencadas procura ter em conta características como a forma, tamanho, textura, sazonalidade, ritmo de crescimento ou outros elementos de distinção.

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