1
Universidade Nova
de LisboaFacuidade de
Ciências Sociais e HumanasDepartamento
de Ciências MusicaisCurso de
Mestrado
emArtes Musicais
Domínio de Música de
Câmara
O
ôrgão
da
Igreja
de
S. Luís
dos
Franceses,
emLisboa
(Aristide
Cavaillé-Coll,
1880-82)
ea arte
organística
francesa do Romantismo
Orientacão: Prof. Doutor Gerhard Doderer
Mestrando: Carlos Femando de Andrade Mendes, n° 17057
índice
Agradecimentos
pág-
3Introducão
P^9-
^I Parte
Pá9-
71 . O
ôrgão
daigreja
de S. Luísdos Francesespág.
7
1.1.
Aspectos
gerais
Pág.
71.2. Constituicão
pág.
71 .3.
Aspectos
técnicospág.
81 .4. O último restauro
pág.
1 12. Possível
registagão
para uma obra de C. Franckpág.
16HParte
pág.
191.
Enquadramento
histôricopág.
192. Influências
gerais
do séc. XIXpág.
243. Desenvolvimentostécnicos do séc. XIX
pág.
274. 0
ôrgão
francês e a sua escolapág.
405. Aristide Cavaillé-Coll e o
ôrgão
romântico francêspág.
486. O contributo de César Franck
pág.
60Conclusão
Pág-
69Bibliografia
Pá9-
71Anexos
Pá9-
73Agradecimentos
Gostaria de comegar esta
dissertagão
manifestando oagradecimento
sentido
âqueles
que meajudaram,
com a suacolaboragão
e com seutestemunho,
aenriquecer
o trabalhoaqui apresentado:
Ao
professor
Doutor Gerhard Dodererpela
disponibilidade
em me terrecebido
quando
necessário epartilhado comigo
o seu conhecimento sobre otema abordado.
Ao
organeiro
BernardHurvy
pela
forma como seprontificou
edisponibiliZDU
alguns
dados técnicos relativos aoôrgão
daigreja
de S. Luís dosFranceses, obtidos
aquando
darealizagão
do último restauro deste instrumento.Ao
professor
Antoine Sibertin-Blancpela
sessão de trabalho que meofereceu,
respondendo
åsquestôes
que ihecoloquei,
facultandoalguns
dosseus materiais e saciando a minha curiosidade natural relativamente â
interpretagåo
dealguns
dosaspectos
técnicos fomecidospelo
organeiro.
Â
Madame MichéleVeiga,
Anne Marie CruzFilipe
e Claire Baudoinpela
colaboragãũ prestada
no contacto com oorganeiro,
via telefone e via Internet,bem como na recolha de dados relativos ao
orgão
daigreja
de S. Luís dosIntroducão
Esta
dissertagão
está dividida em duaspartes.
Naprimeira
parte
sãofocados vários
aspectos
relacionados com oôrgão
daigreja
de S. Luís dosFranceses, no
qual
foram realizados os dois recitais que,juntamente
com estadissertagão, compôem
oscomponentes
alvo deavaliagão
dos mestrandospertencentes
ao curso de Artes Musicais-variante de Música de Câmara.
Foram realizadas
pesquisas
e contactos comaqueles
que estiverampresentes
aquando
dasprincipais
intervengôes
neste instrumento.Seguidamente
éfocada a
constituigão
doôrgão,
quer a nível deregistagão
quer a nível deoutras características inerentes ao instrumento. Devido â
importância
do últimorestauro sofrido
pelo
instrumento em 1998. foram mantidos contactos com orespectivo organeiro
francês,
BernardHurvy,
responsável
pela operagão
e oque me deu um
precioso
contributo a nível técnico. Para além disso, tambémme informou de
alguns
trabalhos que realizou no instrumento durante aoperagão
de restauro. Para concluiraprimeira
parte,
foi dada umasugestão
daregistagão
possível
para ainterpretagão
de uma obra de César Franck, devidoao facto de este ser o
expoente
máximo dacomposigão
musical paraôrgão
doromantismo francês. Evidentemente que se trata de uma obra que não foi
escrita para o instrumento em causa, colocando desafios a nível de
registagão
e a nível de
combinagôes
possíveis.
Sabendo de antemão das controvérsiasque muitas vezes a
registagão
éalvo,
penso que seria interessante adiantaruma
possível
escolha para ser utilizada narealizagão
de uma obra destecompositor
e neste instrumentoespecífico.
Evidentemente que não estaráisenta de críticas e
opiniôes divergentes.
Considerando que o
ôrgão
é o instrumento musical maiscomplexo
queexiste e que
alguma
vezexistiu,
a suapolivalência permitiu
que fosse utilizadonos contextos mais
díspares,
desde oacompanhamento
dascelebragôes
litúrgicas,
cenasoperáticas
naprôpria igreja
ou emcombinagão
com aorquestra.
No séc.
XIX,
asgrandes alteragôes
técnicas e musicais sofridas não sôpelo
instrumento comopela
sua música. colocaram vários desafios aosconstrutores, aos
compositores
e aosorganistas.
Os construtores deôrgãos
deparavam-se
comproblemas
do fornecimento de ar,tracgão, registagão
eoutros e os
compositores
eorganistas
com umagrande
variedade deregistos
e
acoplamentos,
diferentes depaís
parapaís,
de cidade para cidade e deinstrumento para instrumento. Os diferentes estilos de música
composta
paraôrgão
reflectiamalgumas
características inerentes ã culturaprôpria
de cadapaís.
Astranscrigôes
departes
orquestrais
deoratôrios,
pegas para estudo e ogosto
pelo acompanhamento
de coros,permitiam
aexploragão
dosregistos
doôrgão,
de acordo com opoder imaginativo
de cadacompositor,
conseguindo
um colorido musicalincomparável
e sempossibilidade
de seralcangado
porqualquer
outro instrumentos. O desenvolvimento de manuais cada vez maiseficientes,
com aaplicagão
deprincípios
científicos etecnolôgicos
muitas vezesprovenientes
de outros instrumentos,permitiu
que o atritoprovocado
pelas
teclas fosse menor e,consequentemente,
necessária menosforga
paratocar. O mecanismo de retorno das teclas, que tinha uma mola
pesada,
oexcesso de alavancas mecânicas para
permitir
a passagem de ar para ostubos e a dificuldade na sua
manipulagão,
eram fortes entraves âexecugão.
Ainvengão
das novastecnologias
pneumáticas
e,posteriormente,
doelectroíman,
vierampermitir
aintrodugão
dealgumas
melhorias nosôrgãos,
facilitando todo o processo de
interpretagão
e do manuseamento dosregistos
e fornecimento de ar. Embora com muitosproblemas
iniciais,
a verdade é queforam sendo
aperfeigoadas
e tomaram-se cada vez mais fiáveis. Todas estascaracterísticas associadas ao
gosto
doorganista
e aoôrgão
noqual
eraminterpretadas
asobras,
deixava oscompositores
semorientagôes
claras euniversais sobre o colorido sonoro que iria serdado âs suas obras
aquando
darealizagão
em diferentesôrgãos.
Embora J. S. Bach
seja
uma referência nacomposigão
de música paraôrgão,
na realidade, o séc. XIX também teve outrascriagôes
de mérito. Estascomposigôes
eram realizadas por dois grupos decompositores:
os que sedistinguiam
noutros camposcomposicionais
e osorganistas.
Evidentemente,estes últimos tinham uma melhor
percepgão
daspossibilidades
do instrumentoe não cometiam o erro de muitos outros
compositores
nãoorganistas,
como éo caso de Franz Liszt, ao escrever música para
ôrgão
nos modelos de músicaA
Franga
é,
e semprefoi,
umpaís
degrande
desenvolvimento cultural ecientífico. A
longa
tradigão
musical terá tido reflexo e continuidade nodesenvolvimento do
ôrgão
e, no caso doperíodo
romântico,
ogrande impulso
foi dado por Aristide Cavaillé-Coll. O facto do
ôrgão
romântico francês serindissociável deste construtor, esta
dissertagão
iráapresentar
algumas
consideragôes
sobre o mesmo, sempre numaperspectiva
decomparagão
com asinovagôes
que iamsurgindo
em outrospaíses.
Considerando todos osfactores enunciados antehormente, na
segunda
parte
destadissertagão
foirealizada uma
abordagem
maisgeneralista,
tendo como pano de fundo ascaracterísticas do
ôrgão
francês,
mas sempre numaperspectiva
decomparagão
com asinovagôes
verificadas fora deFranga
e arelagão
e ainfluência que o
estrangeiro
teve noôrgão
e no meioorganístico
francês.A pequena
abordagem
a César Franck é umahomenagem
ao maiorcompositor
romântico francês e o seu contributo no desenvolvimento damúsica francesa para
ôrgão
do séc. XIX e,juntamente
comCavaillé-Coll,
nodesenvolvimento do
prôprio ôrgão
romântico.Apesar
das várias fontesconsultadas,
estasegunda
parte
foi baseadaprincipalmente
sobre os váriosartigos
do New GroveDictionary
ofMusic andMusicians referentes ao
ôrgão,
não sô emFranga
como nospaíses
que maiscontribuíram para o seu desenvolvimento. Os
aspectos
focados serãofundamentalmente os que estão relacionados com o
papel
doôrgão
no meiomusical, a
registagão,
os efeitos sonoros e os diferentesaspectos
quesimplificaram
odesempenho
dointérprete.
I - Parte
1. O
ôrgão
daigreja
de S. Luís dos Franceses(1880-82)
1.1.
Aspectos
gerais
O
ôrgão
daigreja
de S. Luís dos Franceses foi construído por AristideCavaillé-Coll entre 1880 e 1882 e
entregue
a 13 de Maio de1884,
pelo
valorde
16.000,00
FF.Apesar
das modestas dimensôes e doaspecto
exteriorpouco
atractivo,
possui
umaqualidade
e beleza sonoras notáveis.Segundo
dados recolhidos, o
orgão
sofreu um restauro em 1972 durante oqual
foiinstalada uma
chapa
de zinco e chumbo entre oôrgão
e aparede,
no sentidode
garantir
uma maiorprotecgão
contra a humidade que daí emane. Oinstrumento não sofreu
qualquer
alteragão
estrutural e durante estaoperagão
foram encontrados
jornais
franceses que,segundo informagôes
recolhidas,datavam de 1870 e
jornais
portugueses
de 1930. Os técnicos queprocederam
a este restauro descobriram um "savoir-faire" extraordinário
onde,
por umaquestão
deruído,
a turbinaoriginal
em madeira queequilibrava
perfeitamente
o mecanismo
giratôrio,
havia sido substituída em 1930 por uma turbinamoderna movida a electricidade. A empresa
responsável
pela construgão
daturbina era de
origem
portuguesa,
maisprecisamente
aEmpresa
Fabril deMáquinas
Eléctricas do Porto.Assim,
esteôrgão
chegou
até aos dias dehoje
no seu estadooriginal,
sem ter sido alterado sobpretexto
dequaisquer
"tendências
modemas",
conformecomprovado
naoperagão
de restaurorealizada em 1998. Este restauro,
pela
significativa
quantidade
deinformagão
pesquisada,
será abordada de uma forma cuidada, mais adiante.1.2.
Constituigão
O
ôrgão
écomposto
portrês
secgôes dispostas
daseguinte
forma:Phncipal
(56 notas):
Bourdon
16';
Principal
8'; FlûteHarmonique
8';Prestant4';
Récit
(56 notas):
Cor de Nuit
8';
Viole de Gambe 8"; Voix Celeste 8'; FlûteOctaviante
4';
Hautbois 8'(c'
-g'");
Basse de Clairon 4'(C
-b);
Pedal
(30
notas):
Sonnette
(Bourdon)
16'.Acoplamentos:
Principal
e Récitpedal
ePrincipal;
pedal
e Récit "chamada" e"anulagão"
dosregistos
depalheta
doRécit;
pedal
deexpressão
geral;
pedal
para efeito de trémolo.1 .3.
Aspectos
técnicosLocalizado atrás do
altar-mor,
oôrgão
encontra-se enclausurado dentrode uma caixa
expressiva
de madeira de carvalhopintada
a imitar o mármore.Com as dimensôes de
3,33
metros decomprimento,
2,18
metros delargura
e4,54
metros de altura(base
de2,15
metros),
possui persianas
verticais em 3lados - frontal
e laterais
-controladas mecanicamente por um
pedal
centralcuja
finalidadeé,
evidentemente, arealizagão
de dinâmicas. A consola é emjanela
e encontra-se sobre a lateralesquerda
doôrgão.
Do ladodireito,
aindaexiste a alavanca que era usada antes da
alimentagão
de ar por meio de umaturbina e que
permitia
accionar o fole para o abastecimento doôrgão. É
desalientar que a alavanca ainda funciona. Com um someiro tradicional de
corredigas
eduplo
secreto, tem umapressão
de ar de 88 mm e umdiapasão
cujo
Lá tem umafrequência
de 435 Hz åtemperatura
de 15° C. Cada um dosregistos
tem um tubo para cada nota de cada teclado, o quesignifica
ainexistência de várias filas para cada
registo
e,consequentemente,
demisturas. Relativamente a cada um dos
registos
doôrgão,
os valoresimediatamente descritos serão sempre a
partir
do tubo maior para o tubo maispequeno, ou
seja,
do som mais grave para o som maisagudo
de cada teclado.No manual do Grand orgue, temos:
1) Principal
8'(Montre 8')
-Os tubos
referentes â
primeira
oitava do teclado têm o corpo em madeira e, apartir
daí,
corpo em estanho. Estes últimos têm uma
janela
deafinagão
na suaparte
superior.
Ocomprimento
dos tubos desteregisto
varia entre 2410 e 101milímetros. O diâmetro interno dos tubos deste
registo
varia entre 118 e15,2
milímetros. Relativamente â boca dos
tubos,
a sualargura
varia entre 85 e1 1 ,8 milímetros e a altura varia entre 29 e 3,1 milímetros. A espessura do bisel
enquadra-se
entre16,5
e11,8
milímetros(sô
nos tubosmetálicos)
e tem umainclinagão aproximada
de 40°+. Finalmente, o furo da base dos tubos variaentre 18 e
2,5
milímetros.2)
FlûteHarmonique
8'
-Os tubos referentes â
primeira
oitava do teclado têm o corpo em madeira e, apartir
daí,
corpo emestanho. Estes últimos têm uma
janela
deafinagão
na suaparte
superior.
0comprimento
dos tubos desteregisto
varia entre 2330 e 101 milímetros e o seudiâmetro interno varia entre 153 e
15,2
milímetros. Relativamente å boca dostubos temos a
largura
que varia entre 115 e11,8
milímetros e a altura quevaria entre 30 e
3,1
milímetros. A espessura do biselenquadra-se
entre16,5
e11,8
milímetros(sô
nos tubosmetálicos)
e tem umainclinagão aproximada
de40°+.
Finalmente,
o furo da base dos tubos varia entre 16 e2,5
milímetros.3)
Prestant 4'-Os tubos têm o corpo em estanho com uma
janela
deafinagão
na sua
parte
superior.
Ocomprimento
dos tubos desteregisto
varia entre 1253 e 44 milímetros. O diâmetro interno dos tubos desteregisto
varia entre 75 e 8,5milímetros. Relativamente â boca dos tubos temos a
largura
que varia entre 57e 6,2 milímetros e a altura que varia entre 15 e
1,8
milímetros. A espessura dobisel
enquadra-se
entre3,2
e 0,8 milímetros e tem umainclinagão aproximada
de 40°+.
Finalmente,
o furo da base dos tubos varia entre 7 e 2 milímetros. Nomanual do Récit, temos:
1)
Cor de Nuit 8'(Bourdon
8')
-Os tubos referentes â
primeira
oitava do teclado têm o corpo em madeira e, apartir
daí,
corpo emestanho. Os valores referentes aos tubos deste
registo
sô forampossíveis
apurar a
partir
dasegunda
oitava(c).
Ocomprimento
dos tubos desteregisto
varia entre 567 e 35 milímetros e o seu diâmetro interno varia entre 70 e
14,6
milímetros. Relativamente â boca dos tubos temos a
largura
que varia entre 53e 12,3 milímetros e a altura que varia entre
22,1
e 3,7 milímetros. A espessurado bisel
enquadra-se
entre20,4
e14,2
milímetros e tem umainclinagão
aproximada
de 50°. Finalmente, o furo da base dos tubos varia entre 7,5 e 2.5milímetros.
2)
Viole de Gambe 8'-Os tubos referentes âs
primeiras
6 notas doteclado têm o corpo em madeira e, a
partir
daí, corpo em estanho. Estesúltimos têm uma
janela
deafinagão
na suaparte
superior.
Ocomprimento
dostubos deste
registo
varia entre 2430 e 96 milímetros. O diâmetro interno dostubos deste
registo
varia entre 114 e 10 milímetros. Relativamente â boca dostubos temos a
largura
que varia entre 75 e 8 milímetros e a altura que variaentre 17 e
2,2
milímetros. A espessura do biselenquadra-se
entre 11,1 e9,3
milímetros
(sô
apartir
dec'")
e tem umainclinagão aproximada
de 40°+.Celeste 8'
-Não existe na
primeira
oitava do teclado, o corpo dos tubos é emestanho e têm uma
janela
deafinagão
na suaparte superior
até å nota b". Apartir
daí(c'")
os tubos estão cortados no tom. Ocomprimento
dos tubos desteregisto
varia entre 1276 e96,7
milímetros. O diâmetro interno dos tubos desteregisto
varia entre 50 e9,6
milímetros. Relativamente â boca dos tubos temos alargura
que varia entre 37 e7,5
milímetros e a altura que varia entre 12 e 2,1milímetros. A espessura do bisel
enquadra-se
entre10,2
e8,7
milímetros(sô
visível a
partir
dec'")
e tem umainclinagão aproximada
de 40°+. Finalmente, ofuro da base dos tubos varia entre
6,1
e 1,7
milímetros.4)
Flûte Octaviante 4'
-Os tubos têm o corpo em estanho com uma
janela
deafinagão
na suaparte
superior.
Ocomprimento
dos tubos desteregisto
varia entre 1248 e140,7
milímetros
(na
teclac'").
O diâmetro interno dos tubos desteregisto
varia entre66 e 12 milímetros. Relativamente â boca dos tubos temos a
largura
que variaentre 51 e
9,7
milímetros e a altura que varia entre16,5
e 2,4 milímetros. Aespessura do bisel
enquadra-se
entre20,4
e 12 milímetros e tem umainclinagão
aproximada
de 40°+. Finalmente, o furo da base dos tubos variaentre 6,5 e 2,4 milímetros.
5)
Basse de Clairon 4' -É
um
registo
que secomplementa
com o Hautbois 8'.Apenas abrange
asprimeiras
duas oitavas doRécit
(de
C atéb),
os tubos têm o corpo em estanho com umajanela
deafinagão
na suaparte
superior.
Apartir
da noz, os tubos têm umcomprimento
que varia entre 1 148 e 295 milímetros e um diâmetro interno que varia entre 95
e
56,8
milímetros. O diâmetro interior dapalheta
varia entre 8 e 4,8 milímetros e o diâmetro exteriorvaria entre 9,8 e 6,4 milímetros. A saliência dosuporte
dacânula varia entre 58 e 25 milímetros. O
comprimento
total do canal varia entre82 e 41 milímetros. Finalmente, o furo da base dos tubos varia entre 11 e
4,8
milímetros.
6)
Hautbois 8' -É
um
registo
que secomplementa
com o Basse deClairon 4'.
Comega
em c' e termina na última nota do manual do Récit(g'").
Ostubos têm o corpo em estanho com um afinador. A
partir
da noz, os tubos têmum
comprimento
que varia entre 555 e 80 milímetros e um diâmetro internomáximo que varia entre 48 e 21 milímetros. O diâmetro interior da
palheta
variaentre
5,2
e 3,9 milímetros(em
b")
e o diâmetro exterior varia entre 6,8 e 4,9milímetros
(em
b").
A saliência dosuporte
da cânula varia entre 36 e 12milímetros. O
comprimento
total do canal varia entre 36 e 12 milímetros.Finalmente, o furo da base dos tubos varia entre 6 e
4,5
milímetros.7) Trompette
8'-Os tubos têm o corpo em estanho com uma
janela
deafinagão
na suaparte
superior
atéd",
com uma altura que varia entre 68(em
c)
e36,5
milímetros(em c")
e umalargura
entre 17(em
c)
e10,5
milímetros(em c").
Apartir
ded#",
os tubos estão cortados ao tom. Ocomprimento
dostubos deste
registo
varia entre 2260 e 89 milímetros. O diâmetro interno dostubos deste
registo
varia entre 100 e42,5
milímetros. 0 diâmetro interior dapalheta
varia entre10,5
e4,1
milímetros e o diâmetro exterior varia entre12,5
e
4,9
milímetros(em c!").
A saliência dosuporte
da cânula varia entre 93 e 13milímetros. O
comprimento
total do canal varia entre 117 e 19 milímetros.Finalmente,
o furo da base dos tubos varia entre 12 e5,5
milímetros.8)
Sonnette-Este
registo
dopedal
não é mais do que Bourdon 16' do Grandorgue e a sua
denominagão
nada tem a ver com aregistagão
doôrgão.
Antesda existência das turbinas eléctricas, a Sonnette não era mais do que uma
verdadeira
campainha
que, ao serpuxada pelo organista,
advertia os foleirospara comegarem a trabalhar
(a
dar aofole).
Embora oregisto
exista com estadenominagão,
acampainha desapareceu.
1.4. O último restauro
O último restauro do
ôrgão
daigreja
de S. Luís dos Franceses foirealizado no ano de 1998
pelo organeiro
francês BernardHurvy, cujo
atelier sesitua em
Nantes,
Franga.
Possuindo esteôrgão
umaqualidade
e um valorpatrimonial inegáveis,
aoperagão
de restauro foi um trabalho cuidado e emprofundidade,
numaperspectiva
de preservar o futuro e assegurar a suafiabilidade a
longo
prazo do instrumento.Segundo
o senhorHurvy,
tudo isto foirealizado
segundo
adeontologia
prôpria
dos trabalhos em instrumentosantigos.
Relativamente â análise realizada ao
ôrgão
daigreja
de S. Luís dosFranceses e ås
intervengôes
realizadas no decurso da suahistôria,
apenas sesalientam
alguns
pequenosdesgastes superficiais
(efeitos
normais da idade eda
utilizagão),
a existência de uma turbina eléctricajá
emsubstituigão
daoriginal (muito
ruidosa)
e extensão do Bourdon 16', para ser utilizadoseparadamente pela
pedaleira.
Nesta extensão do Bourdon 16' ãpedaleira,
salienta-se que as
jungôes
foram realizadas para que estaadaptagão
nãoNa
organizagão
dos trabalhos foramseguidos
osseguintes
passos:1)
Desmontagem
do instrumento no local;reconstrugão
dos elementosque não necessitem de irpara o atelier
(estrutura
interna,tubos,
diversos);
2)
Trabalhos derestauragão
noatelier;
3) Remontagem
nolocal,
harmonizagão
eafinagão.
Esta
operagão
foi elaboradasegundo
duas vertentes: oscomponentes
mais
complexos,
tais como o someiro(com placas
descoladas e comfendas),
os foles
(com
aspeles
muitodeterioradas),
os manuais, apedaleira
e osmecanismos,
foram remetidos para o atelier em Nantes e aí restaurados nasmelhores
condigôes;
oscomponentes
maissimples
foramreparados
noprôprio
local.
Para assegurar a durabilidade e restabelecer o ar com as suas
qualidades
e característicasoriginais
foi feito oseguinte:
a)
Substituigão
daantiga
turbina por um ventilador silencioso e bemadaptado;
b)
Conserto dajungão
dos tubos e daregulagão
do ar;c) Fabricagão
ecolocagão
de uma nova conduta de arprincipal
emmadeira,
entre o ventilador e ofole,
substituindo a existente(banal,
mallocalizada e que
impede
o bom funcionamento da abertura da saída doardofole);
d)
Restauro dos doisfoles,
comsubstituigão
total dapele
exterior e interior;foram
tapadas
as fendas no interior da mesa do fole;e)
Restaurocompleto
do canal de saída de ar dofole,
com asubstituigão
total da
pele
exterior e interior e da correia intehor para a aberturaregulável
das pregasduplas;
f)
Foles bombeadores cuneiformes:reparagôes
simples
daspartes
deterioradas ou que
apresentavam
sinais dedesgaste; reconstrugão
dofragmento
debrago
dofole,
anteriormente cortado para a passagem daconduta dear
principal;
g)
Verificagão
das condutas de arsecundárias;
conserto dasjuntas
paraevitar
fugas
de arentre osregistos.
O restauro do someiro de
duplo
secretoabrangeu:
a)
Desmontagem
total dosomeiro;
b)
Revisão da mesasuperior,
ponto
deapoio
das válvulas e taco de fulcrodo molinetes;
c)
Trabalho decolagem
com colaquente
dasréguas
divisôrias e da mesasuperior
do someiro;d)
Verificagão
das válvulas dos foles esubstituigão
dapele;
verificagão
edesoxidagão
dospontos-guia
das molas e das chameiras dasmolas,
procedendo-se
âsubstituigão
das queapresentaram
sinais de maiordesgaste;
e)
Consertointegral
das membranascampanulares
empele
decordeiro;
f)
Verificagão
dos secretos; conserto dastampas
danificadas dossecretos;
aplicagão
dejungôes
novas;g) Verificagão
dos fundos do someiro esubstituigão
do tecido que reveste asarmagôes;
h)
Revisão dascabegas
dascorredigas, reparagão
emontagem
dosregistos,
dasfalsascorredigas
e dastampas
desuporte
dostubos;
i)
Conserto dascorredigas,
empele;
j)
Trabalhoscompletos
para umacolocagão precisa
e dequalidade
dastampas
(a
estanquicidade
dascorredigas
tem influência sobre aestabilidade da
afinagão
e sobre o bom funcionamento dosregistos);
k)
Revisão e tratamento dos molinetes deregisto
epandeiretes.
Quanto å consola e transmissôes mecânicas,
procedeu-se
åsseguintes
intervengôes:
a) Restauragão
total dos manuais:montagem,
substituigão
dorevestimento das teclas por um material aconselhado
hoje
em dia, emsubstituigão
domarfim,
polimento;
refazer o revestimento dasfendas-guia
emcasimira;
b)
Restauro dapedaleira,
substituigão
das teclasgastas
e feltrosamortecedores
refeitos;
c)
Conserto daaparência
da consola com aaplicagão
deverniz;
d)
Substituigão
daporcelana
doregisto
"Viole de Gambe 8'" por outro domesmo material ecom a mesma
grafia;
e) Substituigão
dos feltros amortecedores da mecânica dosregistos
emf)
Restauro do mecanismo dosregistos,
diminuigão
dosregistos
de cavilha ereforgos;
g)
Restauro daarmagão
dos foles da consola e dos seus mecanismos,acoplamentos
dapedaleira
e dosmanuais;
verificagão
dos eixos,substituigão
dos revestimentos,substituigão
das pegaspartidas
ouinutilizadas,
reparagôes,
realinhamentos,reposicionamentos
eafinagôes;
h)
Restauro dadupla
tábua deredugôes,
do revestimento do fulcro deapoio
do molinetes e dobrago;
i)
Verificagão
das varetas detracgão,
ganchos
de união do teclado ãsvaretas,
esquadros,
tirantes, molinetes deredugôes
e alavancas.j)
Substituigão
das porcas deregulagão
empele
deterioradas.A
reparagão
geral
da tubariaabrangeu:
a) Tiragem completa
dopô, moldagem
dos tubos;verificagão
dospés,
corpos,
biséis,
línguas
deafinagão
e orelhas dos tubos; pequenasreparagôes
e soldaduras conforme as regras;b)
Restauroaprofundado
dos pequenos tubos danificados(pés
comlepra
dos
estanho,
bocasesmagadas);
c)
Renovagão
dos revestimentos dosBourdons;
d) Verificagão
e tratamento de todos os tubos de madeira e dosrevestimentos das
tampas,
refazendo-se as que houvenecessidade;
e) Desmontagem completa
dos tubos depalheta
do Clairon-hautbois e doTrompette; limpeza
everificagão
das soldaduras das bases dospés,
palhetas,
canais,
cunhas e molas deafinagão;
desoxidagão
etratamento
protectordos
nôs; remontagem.
O restauro dos foles de
registos
graves, transmissôespneumáticas,
condutasde desvio de arenvolveu as
seguintes
acgôes:
a)
Restauro dos foles deregistos
graves dos someiros:tampas
canalizadas, secretos,
tampas,
válvulas,
membranascampanulares;
substituigão
das membranaspneumáticas
de controlo das teclas;b)
Restauro dasligagôes
pneumáticas
intermédias(fugas
de ar doBourdon
16'),
substituigão
de membranas-válvula com apele
deteriorada;
c)
Restauro dos sistemaspneumáticos
dosregistos (fugas
de ar naparte
superior
do Bourdon16'), substituigão
das membranas-válvula empele
deteriorada e das membranas
interiores;
calibragem;
d)
Revisão dosporta-vento
dechumbo,
tratamento e restauro das zonasdegradadas;
e)
Verificagão
da rede dos tubos em chumbo e do seu someiro departida
que se encontra sob a
pedaleira;
f)
Restauro do trémolo(do
tipo rápido);
g)
Revisão da caixaexpressiva,
daspersianas,
lubrificagão
doseixos,
redugão
da mecânica dosregistos;
h)
Criagão
de uma pequenaplataforma
escamoteável naparte
superior
dos
tubos,
de modo a facilitar aafinagão
e amanutengão
dosregistos
de fundo do Grand orgue, que eram pouco acessíveis;
i)
Revisôes diversas: pequenas condutas de ar, blocos de desvio de ar,suportes
dos tubos de madeira.No âmbito da
harmonizagão
e daafinagão,
procedeu-se
â:a)
Harmonizagão
sonora cuidada através de um trabalho tubo a tubo ebaseado no
respeito
do materialantigo
e dosparâmetros
sonoros deorigem: pressão
do ar,diapasão,
intensidade dosregistos
â "moda" deAristide
Cavaillé-Coll;
b)
Afinagão
geral
segundo
odiapasão
original
do instrumento-provavelmente
o Lá a 435 Hz a umatemperatura
de 15° C.Acgôes
nãoespecificadas pormenorizadamente:
a)
Tratamento com insecticida enutrigão
de todas as madeiras novas erestauradas;
b)
Acabamento das madeiras novas ou restauradas com o materialexistente
hoje
em dia(ocre,
tinta,verniz);
c) Conservagão
de eventuaisinscrigôes,
indicagôes
ouregistos
queapresentavam
um carácter histôrico;d) Colagem
a calor da pegasantigas
quejá
assim seencontravam;e) Criagão
de pegas novas idênticas âsantigas,
substituindo as maisdesgastadas;
Como conclusão resta salientar que o total
orgamentado
para o restauroconcedida uma
garantia
de 5 anos nas pegas(excepto
do motor,cuja
garantia
oferecida
pelo
seu construtor é de 1ano)
e na mão-de-obra emcondigôes
normais de
utilizagão
econservagão
do instrumento(atmosféricas
ehigrométricas).
2. Possível
registagão
para uma obra de C. FranckA obra a escolher teria que obedecer a certas regras, nomeadamente:
a)
possibilidade
de ser executada num instrumento de dois manuais epedaleira; b) permitir
"tempo"
suficiente para se mudarem osregistos.
uma vezque no instrumento não se
podem
memorizarcombinagôes,
para além da"chamada" e
"anulagão"
daspalhetas; c)
aproximidade
a umaregistagão
sugerida
por C. Franck tomando em conta o rol deregistos
existentes noôrgão,
para que o "distanciamento" sonoro relativamente aopretendido
pelo
compositor
fosse o menorpossível.
Neste contexto, a obra escolhida foi oPrélude,
Fugue
et Variation, em Si menor. Dedicada a C. Saint-Saéns, estaobra está escrita para um
ôrgão
de três manuais-Grand orgue,
Positif,
Réctit
-e
pedaleira,
o queorigina
problemas complementares quando
executadanum instrumento de apenas dois manuais e
pedaleira,
como é o caso doôrgão
da
igreja
de S. Luís dos Franceses. Comoponto
departida
penso que seriaimportante
referir aregistagão
indicadapelo
compositor
naprôpria
obra.Assim, relativamente ao
primeiro
andamento - Prélude-C. Franck sugere a
seguinte
registagão:
I-Grand orgue: Bourdon
8';
II-Positif. Flûte
8';
III-Récit
- Bourdon
8',
Flûte 8', Hautbois8';
Pedalier-Flûte
8',
Flûte 16'; Claviersséparés.
Antes dafuga,
existe uma pequenaponte
de nove compassos ecuja
registagão sugerida
é aseguinte:
I-Fonds 8', Fonds
16',
Prestant; II-Fonds
8',
Fonds16',
Prestant; III-Fonds
8',
Fonds 4', Anches 8' et Anches4';
Pedal
-Fonds
8',
Fonds 16'; Claviersaccouplés;
Tirasses. Relativamente aosegundo
andamento-Fugue
- temos: Grandorgue
-Fonds
8';
Positif- Fonds8';
Récit - Fonds 8' et Hautbois 8"; Pedal-Fonds 8' et Fonds 16'; Claviers
accouplés;
Tirasses. Quanto ao terceiro e último andamento-Variation
-C.
Franck indica: Grand orgue
-Bourdon
8';
Positif-Flûtes
8';
Récit-Bourdon
8', Flûte 8', Hautbois
8';
Pedal-Flûtes 8' et Flûtes 16'; Claviers
séparés.
Evidentemente que esta obra não foi escrita para o
ôrgão
daigreja
de S. Luísdos Franceses, no entanto e para que se possa
interpretar
C. Franck nesteinstrumento, penso que seria interessante adiantar uma
registagão possível
para arealizagão
desta obra.Considerando o que foi referido anteriormente, a
registagão
que meproponho
adiantarpoderá
ser, tal comoqualquer registagão,
emqualquer
ôrgão,
escolhida porqualquer organista,
alvo decríticas,
uma vez que se trata de umponto
muito sensível nainterpretagão
deste instrumento.Apesar
detentar
respeitar
sempre a vontade docompositor,
porforga
daslimitagôes
daregistagão
existente e dassecgôes
doôrgão
-Grand orgue, Récit e
Pedalier-foi necessário fazer
opgôes
eadaptagôes
para asquais
tentareiexplicar
arazão de ser.
Para o
primeiro
andamento - Prélude-a
registagão
quesugiro
é aseguinte:
Grand orgue-Flûte
Harmonique
8';
Récit-Viole de Gambe
8';
Pedal
-Sonnette;
acoplar
apedaleira
com o Grand orgue. Penso que seriaimportante
justificar
oprincipal
desvio relativamente ãregistagâo
proposta pelo
compositor,
ouseja,
autilizagão
da Viole de Gambe em vez do Hautbois8',
nosegundo
manual. Aexplicagão
para isso ésimples
e deve-se ao facto datessitura do Hautbois 8' estar limitada entre dô' e
sol'",
o quesignifica
aimpossibilidade
de serem tocadas todas as notas doPrélude,
considerandoque o som mais grave da obra é a nota si. Isso
provocaria
umaalteragão
tímbrica
perfeitamente
desnecessária em dois momentos deste andamento,que manchariam certamente o
desempenho
doorganista
e aprôpria
sonoridade da obra. Por outro lado, o facto de apenas ter
registado
o Récitcom a Viole de Gambe
(sem
o terreforgado
com a Cor de Nuit8\
que seriaoutra
hipôtese)
deve-se apenas ao facto de nãopermitir
que o desnível deintensidade relativamente ao Grand orgue
seja
muito acentuado, uma vez queeste se encontra
registado
apenas com a FlûteHarmonique
8\ que é umregisto
de bela sonoridade mas muito suave. Quanto aopedal,
pararespeitara
registagão
docompositor
e uma vez que sô existe umregisto
de 16'-Sonnette
-sugiro
oacoplamento
com o Grand orgue, de modo ajuntar
a FlûteHarmonique
8'.Para a
Ponte,
aregistagão
quesugiro
é aseguinte:
Grand orgue
-Principal
8', Prestant4',
Bourdon 16'; Récit-Cor de Nuit 8', Flûte Octaviante
4'; Pedal
Neste pequeno
fragmento,
adiferenga
relativamente aoproposto
por C. Francké a não
utilizagão
daspalhetas.
Evidentemente que estaspodiam
seraccionadas mas a
justificagão
pela
nãoutilizagão
foi esta: se noprimeiro
andamento não foi usado o Hautbois 8'
pelas
razôesjá
referidas,
penso que,considerando que as
palhetas
deste instrumento são muitopotentes,
ocontraste sonoro seria demasiado
exagerado,
não deixando coerência sonoracom o andamento anterior.
Para o
segundo
andamento-Fugue
-sugiro
aseguinte registagão:
Grand orgue
-Principal
8';
Récit-Cor de Nuit
8',
Viole de Gambe8';
Pedal-Sonnette;
acoplar
os dois manuais e apedaleira
com os manuais. O facto deC. Franck propor
registos
de fundo 8' em todos os manuais acrescido doHautbois no
Récit,
fez com queoptasse
pela
combinagão
referida. Assim, se noprimeiro
andamento esteregisto
foi 'substituído"pela
Viole de Gambe8',
neste caso e para além das razôes de tessitura, uma vez que o
acoplamento
dos manuais iriam provocar "buracos" tímbricos devido â extensão limitada do
Hautbois
8\
foi umaquestão
dehomogeneidade
e coerência sonora com ostimbres
adoptados
nos andamentos anteriores(incluindo
aPonte).
Para o terceiro andamento - Variation
-a
registagão
quesugiro
é aseguinte:
Grand orgue-Flûte
Harmonique
8'; Récit-Viole de Gambe
8';
Pedal - Sonnette;
acoplar
apedaleira
com o Grand orgue. Neste últimoandamento, tal como C. Franck
propôs
a mesmaregistagão
dophmeiro
andamento, penso que esta
registagão
quesugeri
para esse andamento sedeve manter. Este facto
pode
ser obviamentejustificado
por este andamentoser uma
variagão
do andamento inicial - Prélude-pois
sô vinte e doiscompassos
apôs
a entrada da voz solista é que difere melodicamente doprimeiro
andamento(embora
existam seis compassosintrodutôrios).
Uma vez que não é
possível
fazer o contraste sonoro, indicado por C.Franck,
entre o Récit e oPositif,
pois
este último não existe neste instrumento,sugiro
pequenas nuances de células melôdicas imitativas no Récit e aconsequente
imitagão
no Grand orgue, asquais
estão devidamente indicadas napartitura (compassos
21 e 29 do Prélude: compassos 6, 14, 27
-mudanga
para o
Récit.
43-regresso ao Grand orgue, 48 da
Fugue;).
Estasimitagôes
realizadas em diferentes manuais destinam-se a
quebrar
a monotonia epermitir
uma maior diversidade sonora, dentro daspossibilidades
que temos ânossa
disposigão.
II Parte
1.
Enquadramento
histôricoA
grande
vitalidade na arte daconstrugão
deôrgãos
daépoca
barroca,
a que não é alheio J. S.
Bach,
perde-se
naépoca
clássica,
bem como aprôpria
obra deste
compositor.
Adiminuigão
daimportância
doôrgão
e o cada vezmenor
repertôrio
escrito para o instrumento, leva a umasituagão
que eraurgente
alterar.Assim,
o uso deregistos
comimitagôes
de novos instrumentos,ritmos e
figuragôes
maiscomplexos
e sonoridades maispoderosas, permitiram
um maior colorido para a música de
ôrgão. Principalmente
noôrgão
romântico,
a
registagão
tendia a imitar os sonsorquestrais,
embora,
evidentemente, asdiferengas
existissem relativamente â real sonoridade dos instrumentos. Estatransposigão
sô erapossível
apôs
uma série de estudos sobre os instrumentos daorquestra
a nível deexpressão,
característicasparticulares,
reconhecimentoauditivo e da sua
prôpria
fisionomia. A prova disto é que apartir
doôrgão
romântico encontram-se
registos
com nomes de instrumentos daorquestra,
embora muitos deles
sejam réplicas
de instrumentosantigos
quejá
não fazemparte
dacomposigão
física daorquestra,
tais como: Unda Maris, Cromomo eHarpa
Eôlia. No entanto, maisimportante
do que estesregistos
imitativos sãoaqueles
quepermitem
aoôrgão
produzir
a sua sonoridadebela,
peculiar
einconfundível.
O
prestígio
dopianoforte (denominado
assim devido ã suacapacidade
dinâmica que está associada å
forga
com que as teclas erampressionadas)
emerge e o interesse dos ouvintes e mesmo dos executantes comega a ser
desviado do
ôrgão
para outros instrumentos,principalmente
para opiano.
Apesar
destasituagão
teratingido
várioscompositores
com diferenteintensidade,
a realidade é que oôrgão
foiperdendo
a suaimportância
comoinstrumento solista,
comegando
adesempenhar
umpapel
pouco relevante. Odecréscimo das obras escritas para
ôrgão,
a estrutura do concerto vai-setemático mostram uma crescente influência da sinfonia. No entanto,
algumas
obras de Johann Michael
Haydn
(1737-1806)
foram notáveis ecujas
concepgôes
marcaram umatransigão
entre o estilo Barroco e o estiloclássico;
W. A. Mozart,
compôs
muitas obras nasquais
oôrgão
tem umpapel
unificadorda sonoridade
orquestral,
quer emdiálogo,
querreforgando-a;
L. vanBeethoven exerceu o cargo de
organista
em Bona eteve uma escola deôrgão.
Apesar
do aumento daimportância
dopiano
e daorquestra
entre o fim do séc.XVIII e o
primeiro
quarto
do séc.XIX,
o mercado doôrgão
aumentou, na maiorparte
no querespeita
a pequenasigrejas
ealguns ôrgãos
degrande
qualidade
ainda foram construídos. A maior
parte
da música paraôrgão
era escrita porcompositores
secundários,
emboraalguma
dela ser dequalidade.
Tornava-seurgente
umamudanga
para recuperar aimportância
do instrumento no meiomusical.
Por volta do ano de
1800,
umarevolugão
tecnolôgica geral
estava acaminho. O
poder
do vapor, embora reconhecido duranteséculos,
sô foirealmente dominado a
partir
damáquina
a vapor de JamesWatt,
patenteada
em 1769. A
aplicagão
deste desenvolvimento â indústria náutica, ferroviária etêxtil
originou
uma verdadeirarevolugão
nos processos deprodugão
etransportes.
Estarevolugão
vai-serepercutir
no campo musical e maisconcretamente na
construgão
deôrgãos,
embora, pesar dealguns
precursores, não se tivesse manifestado até ao
segundo
quarto
do séc. XIXmas, uma vez
comegada,
progrediu
rapidamente.
Os actores destarevolugão
foram os construtores de
ôrgãos
e osorganistas
e.quando
a alturachegou,
estavam a trabalhar simultaneamente em
Inglaterra, Franga
e Alemanha. Apartir
de 1840 deu-se umperíodo
degrande
actividade inventiva na procura dodomínio de novas
tecnologias
porparte
dos construtores deôrgãos,
no sentidode satisfazerem as necessidades do
intérprete,
nomeadamente o auxílio âregistagão.
Até ao início do século isto era muitoprimitivo,
pois
aprôpria
registagão
barrocadesencorajava
afrequência
de ser alterada e,quando
necessário durante a
interpretagão,
erarequerida
ajuda.
Até ã
primeira
metade do séc. XIX,países
como a Itália,Inglaterra,
Estados Unidos, Holanda e
alguns países
nôrdicos, não tiveramalteragôes
significativas
no desenvolvimento doôrgão, pois
nestespaíses
asprincipais
diferengas
entre umôrgão
médio de 1790 e de 1840 era o seu maior tamanho,a
simplificagão
dosregistos
do colorido sonoro, das caixas de eco e dopedal.
Mas os
registos
do colorido sonoro eram naturalmente desconhecidos para osôrgãos
nôrdicos,
ospedais
para osingleses
e americanos e as caixas de ecopara os alemães. Em
países
como aFranga, Espanha,
Áustria,
Alemanhacentral e do sul e nos seus
países fronteirigos,
acontecimentos alheios âmúsica não levaram apenas â
estagnagão
daconstrugão
deôrgãos
nos finaisdo séc.
XVIII,
como também tiveram umimpetuoso
florescimento dosôrgãos
apartir
de 1830 emdirecgão
a novas técnicas. Empaíses
ocupados
pelos
franceses durante a
Revolugão,
como aHolanda,
Espanha,
Sul daAlemanha,
Áustria,
Prússia,
Polônia eMorávia,
osservigos religiosos
foram suspensosmuitas vezes e, nomeadamente em
Franga
apartir
de1792,
umaigreja
podia
serfechada â
utilizagão
dos cristãos, apesardo seuôrgão
ser útil para mantera fé dos
praticantes.
Para alémdisso,
aRevolugão
Francesa foiseguida
poruma escassez de fundos
financeiros,
apôs
1815. No sul da Alemanha e naÁustria,
apartir
de1803,
foi adissolugão
dos mosteiros que alterou atradigão
do
ôrgão.
EmEspanha
e emPortugal,
oôrgão
sofreu umeclipse parcial,
maisevidente nas
regiôes sujeitas
ås investidas das armadas deNapoleão
eWellington
e åapropriagão
dos fundos daigreja.
A Dinamarca manteve as suastradigôes
organísticas
inalteráveis e a Suéciaproduziu
algumas
inovagôes
apartir
de1820,
resultando deligagôes
culturais com a Saxônia ecom a Alemanha central.
0 movimento romântico vai
originar
uma série detransformagôes
a nívelcomposicional
e de atitude relativamente â músicacomposta
nopassado.
Por umlado,
acentuam-se as tensôesharmônicas,
alarga-se
a variedade deexpressão,
de estilo e oprôprio
rol deregistos
dosôrgãos
éalargado,
o quevem criar novos
problemas
deinterpretagão
eregistagão
aosorganistas.
Poroutro lado e muito por
responsabilidade
de Felix Mendelssohn(1809-1847).
ointeresse
pelas
obras dopassado,
mais concretamente de J. S.Bach,
éressuscitado. No entanto, a
contribuigão
de Mendelssohn não fica poraqui.
Com a
composigão
dos seusprelúdios,
fugas
e sonatas paraôrgão,
afeigoou-se ao instrumento e abordou-o com uma mentalidade romântica, associando
formas tradicionais
ligeiramente
alteradas a uma novalinguagem. Exemplo
disso é a Sonata n° 2. em Dô maior para
ôrgão,
cuja
organizagão
se regeencontre na "forma sonata". Nos
quatro
andamentos desta sonatapressente-se uma fusão entre a
linguagem
doôrgão
e a daorquestra
romântica,repletas
de colorido e
expressividade.
Também Johannes Brahms(1833-1897)
exerceuo cargo de
organista
emMunique
e, tomando Mendelssohn como modelo,fundiu várias técnicas nas poucas obras que escreveu para
ôrgão:
ocontraponto
barroco com o desenvolvimento temático do classicismo e ocolorido e
expressividade
românticos. Emalgumas
destas obras, aregistagão
dos diferentes manuais é deixada ao critério do
organista,
embora os editorescontribuam com as suas
sugestôes.
Brahmsexplorou
os vastos recursostímbricos do
ôrgão,
preferindo
a variedadefragmentária
ã uniformidade queconfere coesão â obra. Anton Bruckner
(1824-1896)
foiorganista
da catedralde Linz e fez recitais por toda a
Europa. Apesar
dogrande
impulso
que deu åmúsica sacra vocal e aos
prelúdios
efugas
de carácter sinfônico eespírito
romântico, as suas obras estiveram
algo esquecidas.
apesar de actualmente asituagão
seesteja
a alterar. MaxReger,
umrepresentante
do romantismotardio alemão,
produziu
umagrande
variedade de obras paraôrgão,
asquais
têm influências
contrapontísticas
de J. S. Bach e cromatismoswagnerianos.
Tal como
Brahms,
muitas vezes deixa aregistagão
ao critério doorganista,
oqual
deve ter em conta a coesão das obras. Se emalguns
dosprelúdios
coraisexiste uma
espécie
deimpressionismo
pontilhista,
noutros o processo utilizadoé o de dois manuais com
pedaleira,
numdiálogo
a trêspartes
independentes
não
fragmentadas
e também muitofrequente
em J. S. Bach.Foi so no séc. XVII que o
ôrgão
francês tinhaconseguido atingir
a suaforma
clássica,
com fortesligagôes
ã música de um estilo distinto e muito bemcaracterizado, apesar desta
época
pouco ter acrescentado å literaturaorganística
e âtransformagão
das técnicas deregistagão.
A notabilidade eunificagão
da escola francesa foraminspiradas
pela
grande quantidade
delivres
d'orgue publicados
aseguir
å Caeremonialeparisiense,
em 1662. Porvolta de 1700, a
objectividade
de todos osregistos
doôrgão
francês eraevidente e as tabelas de
registagão
para ainterpretagão
das obras eramfrequentemente
fornecidaspelos compositores.
Até ao reinado de Louis XIV, oôrgão
de então mostra o que de melhor tinha o sistema francês daaltura,
considerando a