UNIVERSIDADE
FEDERAL DE
SANTA CATARINA
CENTRO TECNQLÓGICO
PROGRAMA
DE Pós-GRADUAÇÃO
EM
ENGENHARIA
DE
PRoDUÇÃo
SOCIEDADES
DE GARANTIA
SOLIDÁRIA
COMO
z
ALTERNATIVA DE
ACESSO
AO
CRÉDITO
PARA MICRO
E
PEQUENAS
EMPRESAS,
NO
ESTADO DE
SANTA CATARINA
RICARDO
ALEXANDRE
DE
MELLO
Florianópolis
'
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO TECNOLÓGICO
PROGRAMA
DE
PÓS-GRADUAÇÃO
EM
ENGENHARIA
DE
PRODUÇÃO
SOCIEDADES
DE GARANTIA
SOLIDÁRIA
COMO
.ALTERNATIVA
DE ACESSO
AO
CREDITO
PARA MICRO
E
PEQUENAS
EMPRESAS,
NO
ESTADO
DE
SANTA
CATARINA
RICARDO
ALEXANDRE
DE
MELLO
Dissertação apresentada
ao
curso deMestrado
em
Engenharia de
Produção
e Sistemasda
Universidade Federal
de
Santa Catarina,como
requisito parcial
a
obtençãodo
título deMestre
em
Engenharia.
Área
de
concentração:
Gestão de
negócios
Orientador:
Prof.Dr.
Nelson Casarotto
FilhoFlorianópolis
2002
SOCIEDADES
DE GARANTIA
SOLIDÁRIA
COMO
ALTERNATIVA DE
ACESSO
AO
CRÉDITO
PARA
MICRO
E
PEQUENAS
EMPRESAS,
NO
ESTADO DE SANTA
CATARINA
RICARDO
ALEXANDRE
DE
MELLO
Esta
dissertação foijulgada
adequada
para obtenção
do
títulode
MESTRE
EM
ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO
(área
de
concentração: gestão
de
negócios),e
aprovada
em
sua
forma
final
pelo
Programa
de
Pós-Graduação.
Prof.
Ricardp'
Mfitalyá
Barcia,
PhD
Coordegldor
do
Curso
Apresentada
à
comissã
minadora
inte
a
pelos professores:«R
22
¿/Prof.
Nelson
Casarott
F' o, r.Orientador
Próf.Cu
z
‹›Monfibëuzr
Eiuw,
Dr.
`Ê*
` _Se
eu
pudesse
deixar
algum
presente
a
você,deixaria
aceso
o
sentimento
de
amar
a
vida
dos
seres
humanos.
A
consciência
de aprender
tudo
o
que
foi
ensinado pelo
tempo
a
fora.
Lembraria
os
erros
que
foram
cometidos
para que não
mais
se
repetissem.A
capacidade de
escolher
novos rumos.
Deixaria
para
você se pudesse,
o
respeito àquilo
que
é
indispensável:
Além
do
pão,
o
trabalho.
Além
do
trabalho,
a
ação. E,
quando
tudo
mais
faltasse,um
segredo:
o de
buscar
no
interiorde
simesmo
a
resposta
e
a força
para
encontrar
a
saída. zDedicatória
a
Tia
Nadir
da
Silva
(Inmemárian).
AGRADECIMENTOS
°3°
Agradeço
aDeus
por ter concluído o mestradoem
Engenharia deProdução
eSistemas. -
_ 'i'
Agradeço
aoamor
daminha
mãe, esposa, queme
estimularam nosmomentos
mais difíceis desta dissertação, a qualsem
elasnão
seria possível superar este desafio.°Z° Agradeço a
F
AMPESC,
especialmenteao
seu Presidente Floriani e asAMPE's
das cidades de Joinville,
Blumenau,
Chapecó,São
José e Florianópolis.°1°
Agradeço
aoSEBRAE,
especialmente ao Sr Geraldo Corrêa e aoBRDE
pelasinformações fornecidas.
*2°
Agradeço
ao Professor Nelson Casarotto Filho pela confiança, oportunidade,ensinamentos e orientações transmitidos.
'i' Agradeço ao chefe
do
departamento de economia Professor Gilberto MontibellerFilho, pelas sugestões dadas
no
desenvolvimento desta dissertação.adeço ao grande tradutor e
amigo Mário
RobertoPena
Fiqueira, a qual0:0
>
grsem
ele seria impossível a conclusão deste trabalho e a José Carlos Fausta pela sua infinitasabedoria a
mim
prestada nosmomentos
delicados deste trabalho.'2°A todos os professores de economia/engenharia de produção e servidores da
UFSC
que, diretaou
indiretamente, colaboraram para o término de maisuma
etapa naminha
carreira acadêmica.
RESUMO
_Devido à baixa rentabilidade das operações bancárias e à dificuldade quanto ao
oferecimento de garantias reais para a obtenção
de
crédito pelas micro e pequenas empresas,inclusive pelo seu
pequeno
porte emínima
solidez, torna-se necessário que hajauma
interatividade entre as
mesmas,
com
relação às questões vivenciadasem
seu dia-a-dia,fazendo
com
que isto seja objeto de estímulo ao desenvolvimento, a título regional, nabusca de sua autonomia, isto baseado
em
estatuto próprio,do
qual consta a Sociedade deGarantia Solidária (SGS), de acordo
com
a Lei n° 9.841, artigos de 25 a 31, regulamentadapelo decreto 3.474, de 19/05/2.000, cuja proposta faz parte deste trabalho. Objetivou-se
desenvolver, teoricamente, através
do
SistemaFAMPESC,
critérios para a constituição edissolução da Sociedade, e estimativa de alavancagem para sua operação, além de
uma
proposta de convênio
com
bancos.A
referência analítica parao
presente estudo foi aSociedade de Garantia Recíproca da
Espanha
(SGR), pois a legislação daSGS
é derivada daoriginal espanhola (SGR).
Como
ocorre geralmente nas pesquisas, aabordagem
qualitativabusca descrever situações envolvendo pessoas e seu comportamento,
bem
como
citaçõesliterárias.
A
posteriori, procura-se relatarna
visão de cadaAMPE
e mediante entrevistas,quais as medidas que
devam
ser tomadas, amédio
prazo, para queo
acesso ao crédito possaser garantido. Conclui-se, que há
uma
possibilidade de se implantar aSGS
em
Santa Catarina,ela passará a depender
também
das autoridades públicas e regionais, devendo elas exerceremo
papel de indutorasou
promotoras, ao conceber maneiras diversas de participação,com
regras de saída progressivas, não deixando
de
responsabilizar as empresas etambém
não
asimpedindo de conseguir melhores condições financeiras
em
suas atividades.Palavras chaves: Sociedade de Garantia Solidária, micro e pequena empresa e desenvolvimento
ABSTRACT
Due
to thefew incomes
of the bankings and the complication in offering ofeffective guarantees.
When
the microand
small enterprises are getting to acquire credit, seeingthat their capacity is
low
and they have aminimum
solidity, it is highly recornrnendablethat
have
an interactivityamong
them, relative to the situations lived through day in, dayout,
making from
this an objective of incentive to the development in a regional way,searching their autonomy, based
on
their proper statute including Solidary' GuaranteeSociety
(SGS)
according to thelaw
number
9.841,from
the twenty-five to thirty-onearticle, regulated
by
the decree 3.474, startedon
may
19m, 2.000,which
purpose is part ofthis dissertation.
The
proposalwas
the development, theoretically,by
theFAMPESC
(Federation
on Micro
and Small Enterprises Associationsfiom
Santa Catalina/ Brazil)system,
some
rules to constitute and dissolve the society and the evaluation of leverage forand dissolve the Society and the evaluation
of
leverage for and dissolve the society and theevaluation of leverage fornits operation, reside another
of
convenant with the banks.To
analyse the origin
of
theSGS,
the referencewas
its similar in Spain denominated “ReciprocalGuarantee Society”, being the
SGS
a n authentic reproductionof
the Spanish model.As
itoccurs generally in the researches, the qualitative sample seeks to describe the positions
envoluing persons and their proper behaviors, besides literary citations. Afierwards,
we
tryto narrate in the eyes
of
eachAMPE
(Micro and Small Enterprises Association) andby
means of
interviews,which
kindof
attitude it has to bedone
on
amedium
account to warrantthe acess to the credit. Conseguently, there is a real possibility that it
comes
to provide acomplete dependence
from
the public and regional authorities since themoment
they practisethe role
of
inductors or promoters, grantingmany
kinds of participation withnorms of
progressive check-ups.
On
the hand,we
cannot leave to charge the enterprise and not toallow
them
to obtain better financial conditions in their activities.SUMÁRIO
AGRADECIIVIENTOS
... ..iRESUMO
... iiABSTRACT
... ... ._ iiiLISTA
DE
QUADROS
... ..vii'LISTA
DE
TABELAS
... ..xiCAPÍTULO
1 ›INTRODUÇÃO
... ..1 1.1Problema
de Pesquisa ... ..1 1.2 Objetivo Geral ... ..5 1.3 Objetivos Específicos ... ..6 1.4 Justificativas ... ..6 1.5 Metodologia ... ..8 1.6 Limitações ... ..101.7 Descrição e Organização dos Capítulos ... .. 13
CAPÍTULO
H
CONCESSÃO
DE CRÉDITO
Às
MICRO
E
PEQUENAS
EMPRESAS
... ..1s 2.1 Histórico das Políticas Governamentais de Crédito paraMicro
e PequenasEmpresas
15 2.2 Crédito ... ..172.2.1 Conceito de crédito ... .. 17
2.2.2 Análise econômico-financeira ... ..2O 2.2.3 Limite de
médiw
... ..'...2S 2.2.4 Risco de crédito ... ..292.3 Sistema Financeiro Nacional ... ..33
2.4
Mecanismos
de Financiamento paraMicro
e PequenasEmpresas
... ..392.4.1 Linhas de crédito disponíveis para micro e pequenas empresas ... ..41
2.5
Mecanismos
deFundo
de Aval ... ..452.5.1 Programas de apoio às micro, pequenas e médias empresas dos
EUA
... ..472.5.2 Programas de apoio às micro, pequenas e médias empresas italianas ... ..53
2.5.3 Principais diferenças dos programas
de
apoio asMPE's
da ItáliaeEUA
em
relação ao Brasil ... ... ..562.6 Microcrédito ... ..56
2.6. 1 .Microcrédito no Brasil ... ..59
2.6.2 Microcrédito
em
Santa Catarina ... ..64CAPÍTULO
111GARANTIA
soL11›ARrA
... ..ó9 3.1 Histórico das Cooperativas de Crédito ... ..693.2 Cooperativas de Crédito
no
Sistema Brasileiro ... ..723.2.1 Tipos de cooperativas de crédito ... ..75
3.2.2
O
surgimentodo
BANCOOB
-Banco
Cooperativodo
Brasil ... ..813.3 Alternativas para
o
BrasilSegundo
Alterações da Lei das Cooperativas de Créditox
Utilização da Lei dasMicro
ePequenas
Empresas (O
Estatuto) ... ..833.4 Cooperativas de Garantia de Crédito
na
Itália ... ..913.5 Sociedade de Garantia Recíproca na
Espanha
(SGR)
... .. 1003.5.1 Características da sociedde
de
garantia recíproca ... .. ... .. 1013.6 Sociedade de Garantia Recíproca na
Comunidade
Autônoma
de Galicia (SOGARPO) ... .. 1 10 3.6.1 Crédito às PMlE”s daSOGARPO
... ..1123.7 Conclusões ... .. 1 14
CAPÍTULO
Iv
r>RoPosTA
DE
1M1›LEMEN'rAÇÃo
Do
s1sTr‹:M.AzSQCIEDADE
DE
GARANTIA
soL1DÁiuA
... ... ..1154.1
Economia
Solidária ... .. 1154.3 Associacoes de
Empresas
... .. 1254.3.1 Caracterização da
FAMPESC
... .. 1284.4 Desenvolvimento e teste da Sociedade de Garantia Solidán'a na
AMPE
eF
AMPESC
1314.4.1 Estimativa de
alavancagem
naAMPE
eFAMPESC
... _. 1314.4.2 Jurisdição para a constituição da sociedade de garantia solidária ... .. 135
4.4.3 Estatuto social
da
sociedade de garantia solidária ... ... .. 1354.4.4 Simulação de operação de crédito na sociedade de garantia solidária ... 136
CAPÍTULQ
V
coNcLUsÃo
E
RECQMENDAÇÃQ
... ..14o5.1 Conclusão ... ..14O
5.2
Recomendação
... _. 142REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... .. 143LISTA
r›EiQUADRos
Quadro
1 - Classificação das empresassegundo o
número
deempregados
... .. 12Quadro
2 - Classificação dasMicro
ePequenas Empresas
segundo seu faturamento bruto anual ... ..12Quadro
3 - Critérios de classificação das empresasno
exterior ... ._ 13Quadro 4
-Resumo
sobre os indice de liquidez ... ..21Quadro
5 -Resumo
sobre os índices de retorno ... ..22Quadro
6 -Resumo
sobre os índices de endividamento ... ..23Quadro
7 -Demonstração
Financeira ... ..27Quadro
8 - Resolução 1.748 (antiga forma de oferta de crédito) ... ..30Quadro
9 - Resolução 2.682. (novaforma
de oferta de crédito) ... ..31Quadro
10 -Composição do
Sistema Financeiro Nacional(SFN)
... ..34Quadro
11 - Participação das Instituições financeirasno
PIB
... ..36Quadro
12 - ProgerUrbano
-
Micro
ePequenas
empresas (Setor Formal) ... ..42Quadro
13 - ProgerUrbano
-
Micro
ePequenas
empresas (Setor Informal) ... ..43Quadro
14 -Fundo
de
Aval paraMicro
ePequenas
empresas ... ..46Quadro
15 -Beneficiamento
das empresascom
garantia de risco por conta daSBA
... ..49Quadro
16 - Risco correspondente a parcelado
financiamento ... ..52Quadro
17 ~ Principaismodelos
cooperativosde
crédito ... .._. ... ..71Quadro
18 - Principais diferenças entre as cooperativas de crédito e os bancos ... ..74Quadro
19 - Principais elementosda
Resolução 2.608 (27.05. 1999) ... ..84Quadro 20
-Principais elementosda Resolução
2.771 (30.08.2000)em
comparação
a Resolução 2.608 (27.05.1999) ... ..87Quadro
21 - Principais elementos da Resolução n° 4.360 (maio de 1999) ... ..97Quadro 22
- Principais elementos da Lei 149.1,6/94 dasSGR(s)
naEspanha
... .. 106Quadro
23 - Espanha: Impactoeconômico
socialda
SGR
no
ano de2000
... .. 110Quadro 24
- Financiamento Livre daSogarpo
... 1 12Quadro
25 - Custode
aval daSogarpo
... .. 112Quadro 26
- Sócios participantes e sócios protetores (investidores)... .. 113
Quadro 27
-Magnitude
dos avais/riscos da Sogarpo... ... ..113
Quadro
28 - Critérios para a constituição e dissolução da Sociedade deGarantia Solidária.. 121
LISTA
DE TABELAS
Tabela 1 - Encargos trabalhistas de
um
analista de crédito aomês
... ..Tabela 2 - Cálculo
do
custo anual dos analistas de crédito e o capital social ... .. 132... .. 134
... ..l34
Tabela 3 - Encargos trabalhistas de
um
analista de crédito aomês
... ._Tabela 4 - Cálculo
do
custo anual dos analistas de crédito e o capital social¡
CAPÍTULO
i'
iNTRODUÇÃO
-1.1
Problema
de
PesquisaConforme
Tagliassuchi (1987), a inserção das micro e pequenas empresas (MPE”s)brasileiras no sistema capitalista esta fortemente ligada ao
modo
como
se desenvolveu aindustrialização brasileira.
Devido
à crisedo
cafe, na década de 20, os fazendeiros passarama investir na industria nacional e a partir
do êxodo
rural, que e O deslocamentodo
campo
para a cidade, ao intensificar a urbanização das áreas metropolitanas e a baixar a absorção
de mão-de-obra pelos capitalistas, parte da população desempregada passou a depender de
pequenas atividades produtivas e familiares
(MPE`
s). Estas setomam
as únicas opçoes para ostrabalhadores marginalizados
do
setor formalda economia
capitalista.Segundo
OSEBRAE
(2.001), as micro e pequenas empresas não resistem aosistema burocrático e
moroso que
envolve questões empresariais.O
baixo índice delucratividade acarreta a falência antes
mesmo
de completaremum
ano de existência .Para Botelho (1998), a sobrevivêncial das 1\/[PE's brasileiras (associadas
ou
isoladas) depende, indubitavelmente, da disponibilidade de recursos para investimentos
e capital de giroz das empresas, que na maioria dos casos, apresentam
poucos
recursospara a viabilidade
do
seu projeto e, raramente, apresentam garantias.Sendo
assim, taisempreendimentos são considerados frágeis
em
função das exigências dos bancos e dasdemais instituições financeiras para a concessão de crédito.
Na
visão de Ávila (2001), os micro e pequenos empresarios apresentam escassez'Ratner ( 1984) afirma que metade das PME`s fracassa durante os primeiros cinco anos de
sua existência e ate
90%
delas encerram suas atividades antes de completarem 10 anos. aonde tempo de existênciae'
indeterminado. Conforme Puga et al. (2000), a região sudeste foi a que apresentou a maior taxa de
monalidade no ano 1999. seguida pelas regiões centro-oeste. norte. nordeste e sul.
'Segundo
SEBRAE
(1999). a falta de capital próprio ou de giro foi apontado.em
oito dos onze estados (SP.RI. SC. BA, PE,
AM.
MG
e PR). tanto pelas empresasem
atividade como pelos negócios extintos, como a2
de capital fazendo
com
que não haja investimentosem
máquinas para substituir a mão-de-obra, impedido desta forma o
aumento
da produtividade e a implantação deuma
organizaçãoespecializada e eficiente.
'
Para amenizar essa dificuldade de acesso ao crédito no Brasil para as micro,
pequenas e médias empresas
(MPME”s),
foram criados osFundos
de Aval.Em
dezembro
de 1996 (artigo II da lei n° 9317), foi lançado o
FAMPE
-
Fundo
de Aval daMicro
ePequena
Empresa, gerido peloSEBRAE.
Em
dezembro
de 1997 (lei n° 9531), criou-se oFGPC
-
Fundo
de Garantia_para apromoção
da
Competitividade e gerido peloBanco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico
e Social(BNDES).
Em
outubro de 1999(Medida
provisória 1.922, de 05/10/99), o
Governo
Federal institui oFUNPROGER
- Fundo
deAval para a Geração de
Emprego
e Renda, gerido peloBanco do
Brasil, para as operaçõesno
âmbitodo
PROGER.
Para Casarotto (2000),
embora
a existência de taisfimdos venham
facilitaro crédito,
uma
vez que realmente garantem parte substancialdo
financiamentodo
banco,observa-se que, além de onerar significativamente
o mesmo,
em
razãodo
custo elevado dacomissão de aval não resolve o empecilho
da
elevada inadimplência.Tomando
como
exemplo
as operaçõesdo Banco
Regional de DesenvolvimentoExtremo
Sul(BRDE),
em
Santa Catarina, verifica-se que aquelas que
contam
com
o avaldo
FAl\/[PEtem
apresentado osmesmos
indices de inadimplência,em
tomo
de
10%
a15%,
que as demais operaçõesno
segmento
dasMPE°s.
Nos
Estados Unidos, a taxa de inadimplência dos programas de avaldo Small
Business Administratz`on3
(SBA)
é de apenas 1,4%.
Uma
possivel explicação para o fato éa elevada mobilidade dos pequenos empresarios que estariam fechando detemiinadas
empresas,
mas
abrindo outras. (Puga, 2000). .No
Brasil, as experiênciascom
microfinanças subdividem-seem
quatro blocosdistintos.
Em
um
primeiro bloco encontram-se as Sociedades de Crédito ao l\/Iicroempreendedor(SCM),
em
outro as cooperativas de crédito, rurais e urbanas, seguindo-seum
terceiro blococomposto
por programas de Microcrédito,com
destaque para oBanco do
Povo. Por últimodestaca-se aquele representado pelos programas de microfmanças de instituições financeiras
públicas,
como
oBNDES,
atravésdo Programa
de Crédito Produtivo Popular. Ainda é3
O
3
inexpressiva a participação dos bancos comerciais na concessão de crédito
quando
se tratade
financiarpequenos
negócios (Matei, 2001).Por
outro lado, a alta inadimplência dasgrandes empresas (que oferecem garantias
mas
nãocumprem
seus pagamentos) fazcom
que, paulatinamente os bancos privados
concedam
crédito para a população de baixa rendaou
a pequenos empreendedores (Bautzer, 2001),como
éo
caso doUnibanco
que estáconcedendo
crédito através daSCM.
As
experiênciascom
Microcréditoem
Santa Catarina têm-se destacado atravésdo Banco
daMulher
de Lages, dosBancos
Populares "Blusol" de Blumenau, e de váriosBancos
Solidários, fundados por prefeituras e entidades de classe. Este assunto referente ao micro crédito será abordadono
capítulo 2.4do
presente trabalho.Conforme
Tagiiassuchi (1983), a necessidadede contomar
esse problema deacesso ao crédito, está conscientizando as
MPE°s
seunirem
em
associaçõesou
consórcios,pois, assim isoladas, ,_a micro e pequena
empresa
ficam
extremamente frágeis diantedo
,
mercado.
Para
Sauer (1996), asmicro
epequenas
empresas, isoladamente,encontram
muitas dificuldades
em
sefazerem
representarcondignamente
junto às autoridadesgovemamentais,
poistem pouco
poderde
barganha e fundos reduzidos para substituir epromover
seu auto-desenvolvimento. Por esse motivo, várias vezes, a união das empresasde
uma
mesma
regiãopode
resultar na força necessária para que,em
conjunto, elaspossam
fazer frente aos problemas de acesso ao crédito e obter vantagens que individualmente
jamais conseguiriam.
Em
face a isto,um
conjunto de empresários de cidades de 'SantaCatarina
formam
associações deMicro
ePequenas Empresas (AMPE°s),
centralizadas naFederação das Associações das
Micro
e PequenasEmpresas
de Santa Catarina(FAMPESC), com
o
firme
propósito de auferir beneficios provenientes dessa união.'
As
associações deMPE's
deverão tomaruma
atitudeem
prol da Sociedade deGarantia Solidária, pois necessitam competir
num
mercado
cada vez mais exigente (Abreue Candido, 2000).
Embora
existamalgumas
iniciativas nessecampo,
elas ainda sãoinexpressivas.
A
fora isso, a criação desta Sociedade depara-secom
certas dificuldades,dentre elas
podem
ser citadas a falta de apoio legal eo
mínimo
grau de participaçãodo
4
Haverá
dificuldade para implementação desta sociedade, tendoem
vistaque
noBrasil
não
existeo
mesmo
espírito associativista, fatoincomum
em
algumas regiões daItalia através das Cooperativas de Garantia de Crédito (Casarotto, 1998) e na
Espanha
como
a Sociedade de Garantia Reciproca(CESGAIL
2001).i
A
Sociedade de Garantia Solidária(SGS)
constado
Estatuto daMicro
ePequena
Empresa
(capítulo VIII art 25 a 31, pela lei n° 9841, de 05/10/99, regulamentadapelo decreto n° 3.474 de 19/05/00),
com
pequenas modificaçõescom
relação a anterior(1.994).
i
Segimdo Hentz
(2001), aSGR
não
éum
fatonovo no mundo.
É
evidente queesta
pequena
alteração paraSGS
éuma
cópia fieldo
modelo
original espanhol (baseado naLei 149.1,6 de 12/03/1994).
Conforme
Casagrande (2001), as "Sociedades de Garantia Solidária" não sãoinstituições de crédito,
mas
sim de garantia de crédito, etem
como
finalidade suprir alacuna
no segmento
das micro e pequenas empresas, oferecendo reais garantias aos bancos.Através
da
redução de custos operacionais e de risco, elapode
conseguir para seusassociados
o
referido crédito deuma
fonna rápida, simplificada,com
taxas reduzidas emais compatíveis
com
a realidade de seus negócios.Além
disto, por não se tratar deinstituição "paternalista", acaba
provocando
um
processo de forte associativismo, e deinserção
do
empresariado na vidaeconômica da
região.Esta Sociedade
pode
levar osbancos
a acreditaremno
recebimento dos empréstimos e tratarem as empresascomo
aliadas, oferecendo-lhes crédito fácil e barato,pois
tem
o
seu custo operacional reduzido.Conforme
Garioni (1 .999apud
Casarotto, 2000), verifica-se que independentementeda forma
juridicado
mecanismo
de crédito, o sucesso acontecequando
ele éimplementado
com
apoio institucional local (empresas, associações empresariais, poder público e demaisentidades empresariais).
Para
que
esta dissertação induza realmente auma
execução fiitura, a Sociedadede Garantia Solidária através da
FAMPESC
na
regiãoda Grande
Florianópolis (decunho
regional) e nas
AMPE's
(decunho
local),buscam
condições diversas, tais como: sócios para6
SGS,
além de formar ecompor
a estrutura da Sociedade de Garantia Solidária, através deconvênio
com
os bancos.A
FAMPESC
tem
por objetivo desenvolver empresas de micro epequeno
porte, quer sejam elas industriais, comerciais, agrícolas e de serviços,
em
seus aspectostecnológicos, gerenciais e de recursos
humanos,
estimulando a práticado
associativismocomo
mecanismo
indispensável na garantia de seus resultados.A
FAMPESC
é constituidade
AMPE's,
e de entidades que representam as empresas de micro e pequeno porte, sediadasna maioria das cidades
do
Estado de Santa Catarina(FAMPESC,
2001).As
AMPE”s
tem
o objetivode
estimular e propor medidasque permitem
àsempresas o desenvolvimento e fortalecimento harmônico de suas atividades,
como
parcelarepresentativa
no
contexto econômico-socialdo
Município edo
Estado.Em
termos práticos, o resultado desta pesquisa vai interessar tanto aos micro epequenos
empresários,bem como
bancos, autarquias e inclusive órgãos governamentais.Além
disso, os dados nela levantados e analisados servirão de subsídios para outrasinstituições,
como
oSEBRAE,
etambém
pesquisadores, consultores e estudantes universitários.1.2 Objetivo
Geral
O
ob`etivo Jdo
trabalho é desenvolver teoricamenteum
“__
Sistema deH,__,_.
Garantiafli_dá_ria, através
da
FAMPESC
eAMPE,
baseado na Lei n° 9.841 de 05/10/1.999,regulamentada pelo Decreto n° 3.474 de 19/05/2000 voltada para as
MPE”s,
tendocomo
instrumento
o
contrato entre a Sociedade (tomador) eo
Banco
(prestamista).O
modelo
proposto busca, através de
uma
metodologia, instrumentos próprios e adequados, fomecer elementos parauma
melhor análisedo
projeto, pemaitindo,de
um
lado, a concessão efiscalização
do
crédito para a Sociedade, e de outro, a garantia aos bancos de que a operaçãose realizará, pois está implícito
o
fator riscono
estudo da análise e concessãodo
crédito.Em
outras palavras, omodelo
permite estabelecero
crédito solidário às MÍPE's,embasado
em
um
sistema operacionalde
créditobem
mais adequado
secomparado
aos sistemasatualmente adotados.
Tem-se
como
referência analítica neste estudo a experiência anterioradotada pelas Sociedades de Garantia Reciprocas da Espanha, já consideradas as condições
6
1.3 Objetivos Específicos
Para atingir
o
objetivo geral deste trabalho, alguns objetivos especificostiveram que ser estabelecidos. Para tanto, deverá ser necessário:
o Levantar os aspectos de crédito e risco;
o Descrever e analisar os
mecanismos
existentesno
mercado
para o financiamento das microempresas e empresas depequeno
porte;o Identificar e oferecer altemativas às micro e pequenas empresas para
um
financiamento
adequado
ao seu desenvolvimento, taiscomo
as Cooperativas de Garantiade Crédito e principalmente a Sociedade de Garantia Reciproca; s
o Propor
um
modelo
baseado na Sociedade de Garantia Solidária naAMPE
ea
F
AMPESC.
1.4 Justificativas
No
Brasil, a criação de Sociedades de Garantia Solidária pelas micro e pequenasempresas, poderá contribuir para io referencial teórico nos estudos ligados ao crédito deste
segmento
bem como
encaminhará soluções afim
de evitar problemas inerentes quenormalmente levam
ao fracasso empresarial.Assim
sendo, a presente pesquisa poderáauxiliar os meios governamentais e privados
na
criação e no desenvolvimento de programasde
fomento
e apoio às micro e pequenas empresas.No
Brasil,conforme
Kruglianskas (1994), asMPE”s
representam importantesegmento da
econornia, respondendo pela grande maioria dosempregos
existentesno
País.Na
economia
brasileira,o segmento
das micro e pequenasempresasé
estimadoem 70%
quanto aos
empregos
existentes atualmente; é responsável por48%
dos salários pagos epor
98%
do
número
de estabelecimentos produtivosem
funcionamentono
território nacional(Santana, 1993
apud
Viapiana, 2000) e porsomente
21%
do
PIB
nacional (Krunglianskas,1994)
i.
Os
principais motivosda
baixa participação das micro e pequenas empresas?
a) por serem as
medidas
de apoio para este setor de natureza eminentementesetorial e específica, estas
tendem
a favorecer o lobby; industrial, o que significa dizer quegrande parte dos financiamentos é canalizada para grandes empresas por apresentarem
garantias maiores, e
pouco
é feito para que sejam satisfeitas as necessidades dasMPE's
;b)
pouco
associativismo das micro e pequenas empresas brasileiras;c) baixa participação dos bancos privados
em
concessão de crédito para aspequenas e médias empresas.
Para as
MPE's,
necessário se faz diagnosticaruma
situação e definiruma
política exclusiva
que
permita condições demanutenção
e posterior desenvolvimento.Medidas
isoladaspodem
não produzir o efeito desejado, acabando por beneficiar setoresmais concentrados
ou
com
maior poder de barganha, e só teriam apoio pela mobilização derecursos (Bacic, 1998).
O
desenvolvimento de empresasmenores
é importante parauma
participaçãomais
ampla
em
termos de beneficios e decisões econômicas; as pequenas empresas,com
freqüência,
podem
servirmelhor
amercados
restritosou
fragrnentados, nos diversos paísesem
desenvolvimento, secomparadas
com
as grandes organizações.O
desenvolvimento daspequenas empresas
pode
contribuir para diminuir os desequilíbrios regionais, a concentraçãourbana e os efeitos adversos, oferecendo
uma
resposta mais rápida às necessidadesde
política econômica, fato de extrema importância
em
épocas de retomadado
crescimento,principalmente
no que
diz respeito à velocidadede
respostas aos investimentos realizadosea dependência
do
crédito eda
politicaeconômica
(Ávila, 2001).As
micro e pequenas empresas, seforem
encaradascomo
fonte dedinamismo
econômico, introduzirão novas perspectivas para esse segmento, sendo que delas se poderá
esperar
bem
maisdo que
apenas a absorçãode
mão-de-obra para aqueles que ainda nãotiveram acesso ao
emprego
nas grandes empresas.Em
vezde serem
utilizadascomo
instrumento de politicas sociais, as pequenas empresas
podem
de fato constituir importantesestratégias de desenvolvimento econômico, proporcionando maior competitividade entre
regiões inteiras (Abreu e Cândido, 2000).
Números
significativosdemonstram
a importância dasMPE's
para 0 desenvol-4
8
vimento
econômico, já que seestimam
em
4,5 milhões os estabelecimentos consideradosnesta categoria (Jornada Sebrae, 1997). Para Oliveira (_l995)
apud
Viapiana (2000), amédia
de novas empresas abertas no periodo que vai de 1993 a 1996 situa-se ao redor de 502 mil a cada ano
(SEBRAE,
2.000).Em
razão do universo da micro epequena
empresa na nova realidade econômicavigente,
uma
pesquisa se justifica nessa área paraque
se contribua na busca de alternativas,encaminhando
soluções para os problemas e facilitando o acesso ao crédito nesse segrnento.1.5
Metodologia
A
abordagem
desta pesquisa será qualitativa, pretendendo-se estudar, interpretare analisar a Sociedade de Garantia Solidária
como
alternativa de acesso ao crédito pelas asmicro e pequenas empresas,
buscando
desenvolver a Sociedade naFAMPESC
e naAMPE,
o
que
caracteriza o processo qualitativo.Em
sua maioria, as pesquisas qualitativas sepropõem
a preencher lacunasno conhecimento que
geralmente se referem àcompreensão
de processos
que
ocorremem
um
dada
instituição.Em
sua maioria essas pesquisas saodescritivas e exploratórias. '
A
pesquisa descritivatem
por finalidade a 'abordagem das caracteristicasde
determinada população
ou
fenômeno, e é classificada segundo quatro aspectos, detalhadosa seguir: registro, descrição, análise e explicação dos
fenômenos
atuais. Ela não procuraenumerar
e/ou medir os eventos estudados,nem
empregar
instrumental estatístico naanálise de dados (Fachin, 2.001).
Como
se trabalhacom
problemaspoucos
conhecidos, apesquisa é de
cunho
exploratório, tendocomo
objetivo primordialo
aprimoramento deidéias (Godoy, 1995
apud
Ávila, 2.oo1)_Para Ávila (2001), três são as características indicadas e multimetodologicamente
consideradas essenciais aos estudos qualitativos: visão holística, investigação naturalística e
abordagem
indutiva. 'A
visão holística partedo
principiode que
acompreensão do
significadode
um
evento só é possivelem
fimção
dacompreensão
das inter-relações queemergem
de
Q
A
investigação naturalística é aquelaem
que a intervençãodo
pesquisadorno
contexto observado é reduzida ao minimo.
A
natureza dos dados qualitativos são descriçõesdetalhadas de situações, pessoas e
comportamento
observados, citações literaisdo
que aspessoas
dizem
sobre seus pensamentos, experiências e documentos.A
abordagem
indutivapode
ser definidacomo
sendo aquelaem
que o observadorparte das pesquisas efetuadas, fazendo
com
que
asdimensões
e categorias de interessesurjam progressivamente durante
o
processo de coletas e análise de dados.O
processo de coletas e análise de dadosforam
subdivididosem
blocos,procurando traçar
o
perfil dos presidentes (idade, formação e área de atuação profissional) dasAMPE's/FAMPESC
e das associações por eles dirigidas (tempo de existência daassociação,
número
de funcionários eo
número
de empresas associadas),bem
como
tratandoda percepção dos presidentes
em
relação àsMPE's
na obtençãodo
crédito importantes parao sucesso e a sobrevivência das mesmas. Procurou-se
também
teruma
visão dos presidentesem
relação à criação :daSGS
euma
demonstração dos beneficios das micro, e pequenasempresas associadas às
AMPE”s
e àF
AMPESC.
Os
itensmais
utilizados nesta pesquisa são a observaçãodo
participanteea
própria entrevista.
Os
dados
primários são obtidos por entrevistascom
os responsáveisdas Al\/[PE's (Joinville,
Blumenau,
Florianópolis,São
José eChapecó)
eda
FAMPESC
(Florianópolis).
As
entrevistas sãodo
tipo semi-estruturadas, requerendo interpretação iedesenvolvimento
por partedo
pesquisador.Na
entrevista semi-estruturadaalgumas
perguntas-núcleo são formuladas após a exposição
do motivo da
pesquisa paraum
melhor posicionamento do entrevistadona
problemática a ser investigada.As
entrevistasforam
realizadas, individualmente,no
periodo de 10 de agosto a 15 de setembro de 2001,em
sessões de40
a60
minutos.A
pesquisa foi elaborada mediante consulta a periódicos, livros, revistas, anaisde congressos, encontros, seminários,
workshop
's,monografias
e dissertações de mestrado.Os
locais principais para a busca destas fontesde
consulta bibliográficaforam
asbibliotecas das universidades, os institutos
de
pesquisa e de desenvolvimento, nacionais e|0
Catarina
(UFSC),
a Universidade Federaldo Rio Grande do
Sul(UFRGS),
a Universidadede
Campinas
(UNICAMP),
oBNDES,
oBRDE,
o
BADESC,
oBanco do
Brasil (BB),Banco
Central
do
Brasil e oSEBRAE
.~
1.6 Limitações
A
orientação do trabalho deve haver rigor nosmétodos
utilizadosem
qualquerprocesso
de
investigação científica, sendo necessário esclarecer algumas limitações.Na
aplicação das entrevistas, objetivando a liberdade e a espontaneidade dasrespostas,
não
foram utilizados quaisquer recursos de gravação.O
registro das respostas foirealizado
em
formulário próprio, àmedida que
'o diálogo evoiuía.As
entrevistas foramrealizadas
em
seis associaçõesnum
total de 40, representadas pelonúmero
reduzido deentrevistados, por razões de restrições de recursos e tempo.
A
Outra limitação se refere à dificuldade de classificação das
MPE”s,
decunho
preciso e pertinente, pois diversos critérios
devem
ser utilizados nesta classificação, cadaum
conduzindo auma
definição diferenciadade
categoria.Segundo
Barros (1978apud
Sauer, 1996), a heterogeneidade de critérios declassificação se deve,
em
parte, ao fato deo
conceito de micro e pequena empresa se definirem
consonânciacom
as condições geraisdo
paísem
que
atuam.Sendo
assim, as empresasconsideradas pequenas
em
alguns países,podem
ser classificadascomo
médiasem
paisesmenores
ou
com
baixo nível de desenvolvimento. Situaçõescomo
essaspodem
se darem
países
de
grandes dimensões territoriais,onde
as distinções econômico-sociais regionais sãofontes, caso específico
do
Brasil.Para Morelli (1994
apud
Viapiana, 2000), apesar de os critérios de classificaçãodisponiveis serem muitos e variados, acredita-se ser possível separá-los
em
dois grupos:os
que
sevalem de
qualitativas, e os que utilizam variáveis quantitativas.As
variáveisqualitativas são aquelas que se eicpressam à
forma de
administração e ao tipo de inserçãono
mercado,enquantoque
a quantitativas geralmentetêm
inforrnações colhidasno
registrofl
As
variáveis qualitativas quemelhor
podem
conceituar as micro e pequenasempresas são o acesso ao
mercado
de capitais e as inovações tecnológicas,bem
como
aforma
eo
grau de concorrência, entre' outros.A
maior barreira naadoção
de critériosqualitativos de classificação, porém, é a dificuldade de sua efetiva constatação, devido ao
fato de essas variáveis, basearam-se,
em
sua maioria,em
conceitos de dificil mensuração.Para Morelli (1994
apud
Sauer, 1996), toma-se mais fácil classificarem
critériosquantitativos as variáveis
normalmente
utilizadas, taiscomo
'ovolume
de emprego, oinvestimento realizado (ativo~fxo), o faturamento bruto anual, -o capital social e o patrimônio
líquido.
Os
principais obstáculos à utilização dessas variáveis são a faltade
um
sistemacontábil
bem
organizado dentro das micro e pequenas empresas e a baixa precisão dosdados provenientes de levantamentos e censos econômicos.
No
aspecto quantitativo, os critériosque
podem
caracterizar a micro e a pequenaempresa são os mais diversos possíveis, visto que cada instituição
(como
por exemplo, oSEBRAE
e
o
IBGE)
estabelecem'uma
determinada norrna, acarretando entãouma
heterogeneidade.Para evitar essa heterogeneidade,
o
presente trabalho limitar-se-á, utilizandoo
critério quantitativo,
conforme o
SEBRAE,
a classificar as micro e pequenas empresassegundo
o número
deempregados
e o faturamento bruto anual, abrangendo somente asmicro e pequenas empresas.
Segundo
oSEBRAE
(2001),uma
microempresapode
apresentarem
seu quadrode funcionários
um
máximo
de 09
(nove)empregados no
comércio e serviços e até 19(dezenove) na indústria; já
uma
empresa
depequeno
porte apresenta,em
média, de 10(dez) a
49
(quarenta e nove)empregados no
comércio e serviços, sendoque
na indústriaoscila entre
20
(vinte) e99
(noventa e nove) na indústria.Uma
empresa de médio
porteapresenta
em
sua estrutura urna variante de 50 (cinqüenta) a 99 (noventa e nove) empregadosno
comércio e serviços, e outra,de
100 (cem) a499
(quatrocentos e noventa e nove)empregados
na indústria.A
empresa
de grande porte possuiem
seu quadro de funcionáriosuma
estrutura de99
(noventa e nove)empregados no
comércio e serviços, e mais de499
IZ
Quadro
1Classificação das empresas
segundo
onúmero
deempregados
PoRrE
~|
EMr>REGAr›os
Microempresa Comércio e serviços - até 09 empregados
Indústria - até 19 empregados
Empresa de Pequeno Porte Comércio e serviços - de 10 a 49 empregados
Empresa de médio Porte Comércio e serviços - de 50 a 99 empregados
f Indústria - de 100
a 499 empregados
Empresa de Grande Porte Comércio e serviços - mais de 99 empregados
. ‹
Indústria - mais de 499 empregados
Fonte:
SEBRAE,
2001.Outro critério
de
classificar otamanho
da empresa ésegundo
o seu faturamentobruto anual.
Uma
microempresa pode
faturar- anualmente atéR$
244.000,00.Uma
empresa
considerada
de
pequeno
portepode
apresentar faturamento entreR$
244.000,00 eR$
1.200.000,00 (ver quadro 2).Emsua
classificação oSEBRAE
abrange somente micro epequenas empresasl
3 . '
Quadro
2Classificação das
Micro
ePequenas Empresas
segundo seu faturamento bruto anual _`
PORTE
EMPREGADOS
Microempresa Até
R$
244.000,00Empresa de Pequeno Porte Entre
R$
244.000,00 aR$
1.200.000,00Fonte:
SEBRAE,
2001.Segundo
Viapiana, para definir aempresa
como
microou
pequenano
Brasil,geralmente, recorre-se à legislação, sendo
que
cada esfera (federal, estadualou
municipal)tem
adotadoum
critério.A
Constituição Federaldo
Brasil,em
seu artigo 179, discorre sobre a micro epequena empresa, determinando que a União, os Estados e os Municípios
devem
proporcionarum
tratamento diferenciado às micro e pequenas empresas,segundo
critérios definidos porlei. Contudo, a Carta Constitucional não classifica as micro e pequenas empresas quanto ao
seu porte, ela determina apenas que a legislação correspondente (estatuto) faça o referido
enquadramento.
l3
Quad
ro 3 _Critérios de classificação das empresas no exterior”
País Tipo de
empresa
Capital investidoç Mão-de-obra Característica
`
ocupada associada
i Itália Pequenas
e médias
L5 milhões de liras
MO<500
-Espanha Pequenas
e médias
6<MO<250
- Caráter privativo;-Não vinculada a outras
-
organizações industriais.
bancárias ou comerciais: -Dirigidas por seus proprietários;
-Pequena folha de pagamento;
-Capital e faturamento reduzidos:
-Não ocupam posição destacada
- no ramo.
. Peq. Empresas ~
MO<l0
~ - Pequenas < 500.000 rúpias - - empresas .Pequenas Turquia india ¡
aepúbiiczz Menor que
MO
< 50 |-Í
Arabe Unida empresas USS 23.000
Fonte: Batalha (1990 apud Sauer. 1996).
i
1.7 Descrição e
Organização
dos CapítulosEste trabalho é subdividido
em
cinco capitulos.No
primeiro capítulo visa-seestudar a problemática, os objetivos gerais e especificos, as justificativas, a metodologia
adotada e as limitações básicas da pesquisa.
O
segundo capítulo consiste na análiseda
concessão de crédito para asMPE”s,
como
o histórico das políticas de crédito, o crédito propriamente dito, o Sistema FinanceiroNacional, os
mecanismos
de financiamento paraMPE's
através dos bancos, o Microcrédito,os
Fundos
de Aval e a concessão de crédito na Itália, nos Estados Unidos e na Espanha.No
capitulo três descreve+se a Garantia Solidária. Serão apresentados o históricodas cooperativas de crédito, as cooperativas de crédito no Brasil, as cooperativas de Garantia
de Crédito (sistema italiano), as altemativas para o Brasil, destacando-se a
mudança da
Lei
do
Cooperativismo e a utilização dos estatutos concernentes às i\/[PE”s constantes da Sociedade de Garantia Solidária e a Sociedade de Garantia Reciproca da Espanha.°
Segindo o Banco Central (2001). na cotação feita
em
30/ l0/2001. a conversão de rúpias/Índia paraReal/Brasil. deu
uma
taxa de 0.00564-t9. o que significa dizer que 1 (uma) nlpia equivale a RS 0,00564¬l9 eaconversão de liras/Itália para Real/Brasil. deu
uma
taxa de 0.00 12718. o que significa dizer que l(uma) liraH
O
quarto capítulo relata a propostado
presente estudo da Sociedade de GarantiaSolidária quanto da constituição da
AMPE
e daFAMPESC.
Serão analisados a economiasolidária, a visão das
AMPE”s
e da FAl\/ÍPESCem
relaçäo ao crédito e à Sociedade e aSociedade de Garantia Solidária
no
Brasil. Inclui esteuma
descrição maisamiúde
sobre aSociedade de Garantia Solidária, desde sua metodologia até sua implementação.
O
capitulo cinco refere-se às conclusões, seguidas de recomendações para osCAPÍTULO
11CONCESSÃO
DE CRÉDITO
Às
w1cRo
E
PEQUENAS
EMPRESAS
_ Este capítulo sintetiza a política governamental de crédito para acesso das
MPE”s.
2.1 Histórico das Políticas
Governamentais de
Créditopara
Micro
ePequenas
Empresas
O
apoio àsMPE”s, no
Brasil, teve inicio nos anos 70 e era voltado basicamentepara dois aspectos: a capacitação gerencial
do
empresário eo financiamento
àsMPE°s.
Eram
ações isoladas, namedida
em
que não
se situavamem
uma
política previamentetraçada(Cardoso, 1996).
Início dos anos 70, Surgiu
o
CEBRAE
(Centro Brasileiro deApoio
àPequena
eMédia
Empresa
Brasileira), vinculado ao Ministériodo
Planejamento.Sua
ação,que
erafeita através
de
uma
redede
agentes estaduais (Centrosde
Apoio
Gerencial -CEAG),
baseava-se
em
cursos oferecidos a executivos e empresários das pequenas empresas, eno
incentivo a realização de eventos de
promoção
comercial.No
Banco
do Brasil(BB)
haviauma
linha de crédito para asMPE”s,
denorninadaMIPEM
e na CaixaEconômica
Federal(CEF)
haviao Programa
deApoio
àMicroempresa
(PAMICRO).
O
Banco
Nacional deDesenvolvimento
(BNDE),
através dosBancos de
Desenvolvimento
Estaduais, ofereciaum
programa
para aMicroempresa
-
PROMICRO
-e
o
POC
-Programa
de Operações Conjuntas destinado a pequenase médias empresas.
Nesse
período,uma
basede
vinte linhas subsidiadas de financiamento encontravam-se à disposição das empresasde pequeno
porte.De
inicio, opagamento não
apresentava correção monetária integral. Posteriormente, passou-se a cobrar- a correção
monetária integral,
sem
juros. Nestes últimosanos
têm-se cobrado correção monetária16
No
começo
dos anos 80, através da resolução 695/80, oBanco
Central determinouque
12%
dos recursosdo
compulsório dos bancos comerciais, na média, fossem direcionadosàs l\/ÍPE”s.
No
entanto, a partir de 1986,com
o Plano Cruzado, essas linhas de financiamentoforam sendo suspensas.
Desde
então, os bancos se recusavam a mantê-las, sob alegação deque as taxas de juros não
remuneravam
seus investimentos a contento...
No
primeiro ano apresentou grandeentusiasmo, ocasionando
tomada
de empréstimosem
grande quantidade.No
ano seguinte,com
o esgotamento das medidas, as taxas de jurosaumentaram,
em
relação ao período anterior, juntamentecom
a inflação.'Com
baseno
artigo 1058do Código
Civil quemenciona
"surgimento de casosfortuitos
ou
de força maior", várias empresas reivindicavam o direitodo
nãopagamento
pelo que estava sendo cobrado.
Aos
poucos, as ações foram aumentando, e as petiçõesindividuais e coletivas, passaram a ser consideradas nos juizados de todo o Brasil.
No
fim
do
ano de 1987, estas ações culminaram na aprovação, pelo CongressoNacional, da anistia às
MPE's,
com
relação aopagamento
de correção monetária relativaaos empréstimos contraidos
em
1986.As
empresas gozaram, a partir da promulgação da novacarta, de
um
tempo
de90
(noventa dias) para pagar o principal da divida.A
conseqüênciaprincipal foi o
fim
dos sistemas de crédito para asMPE's.
Os govemos
Collor e Itamar caracterizaram-se pela inexistência de qualquerpolítica, programa
ou
açãogdirecionada ao apoio àsMPE's,
salvo a privatização doCEBRAE.
Em
seu lugar foi instituído oSEBRAE,
cuja natureza juridica é privada.A
privatizaçãodo
CEBRAE
significou a retiradado
Govemo
Federal,em
relação às ações diretas de apoio às
MPE's
e, desde então, a partir.do
final da década de90, o
CEBRAE
vem, aos poucos, adotandoum
papel ativo no apoio àsMPE's.
Através de
Medida
Provisória, de n° 151,em
outubro de 1990 foi instituído oSEBRAE,
transfomiando oCEBRAE
em
Serviço SocialAutônomo.
Em
07
de janeiro de1991, o
CEAG/SC6
passou a denominar-seSEBRAE/SC,
sendo parte integrante e vinculadoao
novo
sistemaSEBRAE
(Cunha
1998). .Oiobjetivo
do
SEBRAE/SC
tem
sido o depromover
o desenvolvimento dasIT
MPE's
industriais, comerciais, agrícolas e de serviços,em
seus mais variados aspectos:tecnológicos, gerenciais e
de
recursoshumanos.
Õ
SEBRAE/SC
passou a executar osprojetos e os programas
do
SEBRAE
Nacionalem
Santa Catarina. p`
2.2 Crédito
Segundo
Gartner (1995),o
tema
análise de crédito é diretamente associado abancos comerciais.
Sua
importância é fundamental pois a lucratividade está relacionadaaos critérios de seleção de seus clientes. Isto ocorre porque
o
resultadodo
não recebimentode
uma
operação equivale 'à perdado
valor emprestado e dos juros devidos. Por outro lado,
limitações excessivas
que
limitem a concessão de crédito, poderão estimular os clientes atransferireni suas contas para bancos
mais
agressivosno que
tange aos riscos, assumidos.2.2.1
Conceito
de
crédito ede
financiamentoO
conceitoou
definiçãode
crédito consistena
entrega deum
valor presentemediante
uma
promessa
de pagamento.Em
um
banco,que
tem
a intermediação financeiracomo
sua principal atividade,o
crédito consisteem
colocar, à frentedo
cliente, (tomadorde
recursos) certo valor sob aforma de empréstimo ou
financiamento, medianteuma
promessa
depagamento
numa
data futura (Silva, 1997).A
finalidadedo
crédito podeiseralongo
prazo e a curto prazo.A
curto prazo: paracompra
de bens necessários à atividade operacional quantoà cobertura
de
caixaou
capital de giro e outros.A
longo prazo: para investimentosem
maquinário, despesas extra-operacionais,\Ê
«_
Figura
1Representação
do
crédito ARelação entre o
banco
e o tomador, identificando o significado restritodo
crédito.H I
Empréstimos
e Financiamentos Wív
É
UBANCO
H ÉTOMADOR
J Fonte: Silva, 1997.PROMES
SA
DE
PAGAMENTO
IConforme
Silva (~-1997-),numa
instituição financeira bancária as operações decrédito constituem seu próprio negócio. Desta forma , o banco empresta dinheiro
ou
financiabens aos seus clientes,
fimcionando
como
uma
espécie de "intermediário financeiro", jáque
os recursos aplicadosisão captados
no mercado
através de depósitos efetuados por milharesde clientes, os
chamados
depositantes e/ou aplicadores.Segundo Neto
et al. (1999), a concessão de crédito porum
banco consisteem
emprestar dinheiro, isto é, colocar à disposição
do
cliente certo valor monetário,em
determinado
momento,
mediantepromessa
depagamento
fiituro.A
taxa de juros será aretribuição por essa prestação
de
serviço, cujo recebimento poderá ser antecipado, periódicoou
ao finaldo
período, juntamentecom
o principal emprestado.Esta concessão de crédito
pode
fazercom
que as empresasaumentem
seu nívelde atividade, estimulem o
consumo
ao influenciar a demanda,cumpram
uma
função socialao ajudar as pessoas ai obterem
moradia
e bens,bem como
facilitem a execução de projetospara os quais as empresas
tenham
suficiência de recursos.A
tudo isso, por outro lado,deve-se acrescentar que o crédito
pode
sertomado
por empresasou
pessoas fisicas endividadas.Na
visãode
Gitman
(2001), aforma
tradicional de se decidir pela concessãoou
negativa de crédito sedá
atravésdo
chamado
"seis C'sdo
crédito". Estaabordagem
investiga o cliente