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PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO VIOLAÇÃO DO CONTRADITÓRIO

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Tribunal da Relação de Guimarães Processo nº 1072/18.7T8VNF-D.G1 Relator: ANA CRISTINA DUARTE Sessão: 12 Março 2020

Número: RG

Votação: UNANIMIDADE Meio Processual: APELAÇÃO

Decisão: PROCEDÊNCIA DA APELAÇÃO – ANULAÇÃO DA SENTENÇA

PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO VIOLAÇÃO DO CONTRADITÓRIO

NULIDADE DA SENTENÇA

Sumário

I- O princípio do contraditório deve ser entendido como garantia da participação efectiva das partes no desenvolvimento de todo o litígio, em termos de, em plena igualdade, poderem influenciar todos os elementos (factos, provas, questões de direito) que se encontrem em ligação, directa ou indirecta, com o objecto da causa e em qualquer fase do processo apareçam como potencialmente relevantes para a decisão.

II- No plano probatório, o princípio do contraditório exige (além do mais) que as partes possam pronunciar-se sobre a apreciação das provas produzidas por si, pelo adversário e pelo tribunal.

III– O desrespeito pelo princípio do contraditório conduz à nulidade da

sentença por excesso de pronúncia pois que o juiz conhece de questão que, em tais circunstâncias, lhe estava defeso apreciar.

IV– É o que acontece quando é considerado na motivação da decisão de facto um elemento de prova – relatório pericial junto aos autos de insolvência – de que não foi dado conhecimento às partes nesta ação e sobre o qual não puderam pronunciar-se.

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Texto Integral

Acordam no Tribunal da Relação de Guimarães

I. RELATÓRIO

C. D. intentou contra a Massa Insolvente de E. P., ação de impugnação de resolução em benefício da massa insolvente pedindo que seja declarada a nulidade da resolução levada a cabo pelo administrador, por a mesma não se mostrar devidamente fundamentada, o que deverá conduzir à sua ineficácia nos termos previstos nos artigos 280.º, 294.º e 295.º do Código Civil, ou, caso assim não se entenda, que seja declarada a invalidade ou ineficácia da

resolução levada a cabo pelo administrador, por não se mostrarem verificados os requisitos necessários e inerentes, quer à resolução condicional, quer à resolução incondicional, nos termos previstos nos artigos 120.º e 121.º, n.º 1 c) e h) do CIRE.

A ré contestou, pedindo que se declare válida a resolução do negócio efetuado, no que compete o ato praticado pela insolvente e o autor e a este comunicada, devendo ser julgado improcedente todo o pedido formulado pelo autor.

Teve lugar a audiência prévia. Aí se decidiu a prossecução dos autos por não se considerar relevante apreciar concretamente se o contrato promessa de 29/04/2009 foi ou não validamente resolvido pela insolvente, uma vez que o aditamento vale por si próprio e não está dependente de ser ou não

considerado resolvido o contrato promessa de 29/04/2009. Também aí ficou decidido que a carta enviada pelo Senhor Administrador da Insolvência, comunicando ao autor a resolução do negócio, se encontra devidamente

fundamentada, pelo que inexiste qualquer nulidade, cabendo apenas averiguar se os fundamentos invocados se verificam no caso concreto, questão essa a decidir em sede de sentença.

Foi identificado o objeto do processo e enunciados os temas da prova.

Teve lugar a audiência de julgamento, após o que foi proferida sentença que julgou improcedente o pedido formulado pelo autor e válida e eficaz a

resolução em benefício da massa insolvente operada pelo Senhor

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designado com a epígrafe “Aditamento ao Contrato Promessa de Compra e Venda celebrado a 29 de abril de 2009” outorgado entre aquele e a insolvente a 4 de janeiro de 2018.

O autor interpôs recurso, tendo finalizado a sua alegação com as seguintes Conclusões:

A) Não se conforma o Recorrente com a Sentença na parte em que decidiu: “pensamos que outra conclusão não pode ser retirada senão a de que, com o negócio objecto destes autos (datado de 4/1/2018), a insolvente praticou um acto oneroso, no ano anterior à data do início do processo de insolvência (a foi sentença proferida nos autos principais a 19/2/2018), em que as obrigações por si assumidas excederam manifestamente as do A.. Mostram-se, assim, preenchidos os requisitos elencados na alínea h) do nº 1 do art. 121º do Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas e, desta forma, legitimada a resolução operada pelo senhor Administrador da Insolvência. Deve improceder o pedido formulado pelo A..”

“Pelo exposto, e nos termos das disposições legais citadas, decido julgar totalmente improcedente o pedido formulado por C. D. e válida e eficaz a resolução em beneficio da massa insolvente operada pelo senhor

Administrador da Insolvência quanto ao negócio formalizado por documento designado com a epígrafe “Aditamento ao Contrato Promessa de Compra e Venda celebrado a 29 de Abril de 2009”, outorgado entre aquele e a Insolvente a 4 de Janeiro de 2018”.

B) A decisão sob recurso padece, no entendimento do Recorrente, de claros vícios que a inquinam, no que respeita à decisão em matéria de facto,

nomeadamente quanto à não inclusão de factos de enorme relevância para a boa e sã decisão da causa, bem como, por consequência, no que concerne ao enquadramento legal do acervo material a considerar.

DA NULIDADE DA SENTENÇA, POR OMISSÃO POR PRONÚNCIA

C) Nos termos previstos no artigo 615.º, n.º 1 d) do CPC “É nula a sentença quando:

d) O juiz deixe de pronunciar-se sobre questões que devesse apreciar ou conheça de questões de que não podia tomar conhecimento”

D) Neste caso, o Tribunal a quo incorreu numa notória omissão de pronúncia quanto a uma questão essencial para que fosse proferida uma justa decisão da causa, nos termos configurados pelo Autor – aqui Recorrente.

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E) Conforme foi cabalmente trazido aos autos pelo Recorrente, o aditamento objecto de resolução assumiu-se como a solução mais adequada pelas partes, uma vez que que a ora insolvente, com toda a sua astúcia, engenho e manha, tinha conseguido convencer o Recorrente – pessoa já de idade avançada e que confiava cegamente na insolvente - que os bens objecto do contrato promessa em questão – dois terrenos baldios, compostos, somente, por “mato”- teriam um valor que, em muito, supera o seu valor real, concretamente em 100 vezes o seu valor patrimonial.

F) Razão pela qual foi alegado e é de importância fundamental para a boa decisão da causa que se considere que este contrato inicial se encontra ferido de evidente e ostensiva usura.

G) Sendo que, apesar do Recorrente até poder ter considerado o valor do negócio – 750.000,00 € - como razoável, não podemos olvidar que o mesmo se encontrava toldado pela confiança cega que depositava na Insolvente.

H) Foi então pelo reconhecimento deste vício que o Recorrente e a Insolvente entenderam celebrar o aditamento em crise, que representava um acerto de contas com vista a reequilibrar as prestações, nomeadamente através de um ajuste de valores e de redistribuição de áreas dos prédios em causa.

I) No entanto, o Tribunal a quo entendeu não se pronunciar relativamente a tão importante questão – reconhecimento do negócio inicial como usurário e ofensivo aos bons costumes – que foi a circunstância que levou à

concretização do aditamento objecto de resolução.

J) Já em sede de sentença, limita-se o Tribunal a quo a considerar “como certo” “a obrigação incumprida do Autor de entregar à Insolvente (ou agora à massa insolvente) a quantia de mais 354.000,00 €”, esquecendo que a referida quantia só não foi entregue precisamente pelo facto do negócio inicial se

claramente usurário, o que justificou a realização do aditamento.

K) Assim, o facto do negócio inicial ter sido configurado como usurário e ofensivo aos bons costumes (artigos 39.º, 40.º, 42.º, 49.º, 50.º, 68.º, 110.º da petição inicial) e tal circunstância não ter merecido na sentença recorrida qualquer tratamento, apreciação ou decisão, fez com que a mesma esteja ferida da nulidade ora invocada.

L) Ademais, sempre se dirá que, por ser de conhecimento oficioso – nos termos previstos no artigo 280.º n.º 2 do Código Civil – sempre o Tribunal deveria ter-se pronunciado relativamente à nulidade proveniente do negócio ofensivo aos bons costumes, ainda que o Recorrente não o tivesse invocado. M) Pelo que, quando o Tribunal a quo se refere ao desequilíbrio das

prestações, incumbia-lhe analisar o facto do negócio inicial ter sido celebrado por 750.000,00 € e o valor actual dos bens – reestruturados e integralmente recuperados – se cifrar em 367.900,00 €, ou seja, mais de 380.000,00 €

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relativamente ao seu valor actual de mercado, o que faz do mesmo totalmente contrário à ordem pública e aos bons costumes.

N) Razão pela qual, o Tribunal a quo não poderia dispensar-se de se

pronunciar sobre esta questão – que se mostra essencial para a justa decisão da causa – fazendo incorrer em clara omissão de pronúncia, o que constitui a nulidade prevista na alínea d) do n.º 1 do artigo 615.º do CPC, que ora se argui.

DA NULIDADE PELO FACTO DO TRIBUNAL TER TOMADO CONHECIMENTO DE QUESTÕES DE QUE NÃO PODIA TOMAR CONHECIMENTO

O) A sentença sob recurso refere que “a alínea L) da matéria de facto assente resulta da análise ao relatório pericial junto pelo senhor Administrador de Insolvência ao processo principal a 2/10/2018, que foi notificado a todos os credores e não foi impugnado nesta parte, tendo sido confirmado pela testemunha J. M., seu autor, em audiência de julgamento”

P) Ora, do supra mencionado, bem como da leitura integral da sentença, não resta qualquer dúvida que a mesma teve como “pedra de toque” um elemento probatório que não consta dos autos – o relatório de avaliação dos imóveis, junto aos autos principais pelo senhor administrador de insolvência.

Q) O Tribunal a quo conheceu de um meio de prova que não podia conhecer pelo simples facto do mesmo não ter sido junto aos autos, nem pelo Autor, nem pela Ré, violando assim o princípio dispositivo bem como os mais basilares princípios respeitantes ao ónus da prova.

R) Ainda contrariamente ao referido na sentença, tal relatório não só foi objecto de impugnação no âmbito do processo principal como foi ainda requerida, pelo ora Recorrente, uma perícia sobre os imóveis objecto do contrato promessa.

S) Pelo que, uma vez que nenhuma das partes trouxe aos autos este meio de prova, nos termos e momentos legalmente previstos para o efeito:

- Conforme dispõe o artigo 415.º do CPC:

“1 - Salvo disposição em contrário, não são admitidas nem produzidas provas sem audiência contraditória da parte a quem hajam de ser opostas.

2 - Quanto às provas constituendas, a parte é notificada, quando não for revel, para todos os atos de preparação e produção da prova, e é admitida a intervir nesses atos nos termos da lei; relativamente às provas pré-constituídas, deve facultar-se à parte a impugnação, tanto da respetiva admissão como da sua força probatória.”

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autor deve apresentar o rol de testemunhas e requerer outros meios de prova; caso o réu conteste, o autor é admitido a alterar o requerimento probatório inicialmente apresentado, podendo fazê-lo na réplica, caso haja lugar a esta, ou no prazo de 10 dias a contar da notificação da contestação.”).

T) Também o Tribunal a quo, não poderia usá-lo, sem permitir o contraditório quanto ao mesmo.

U) Pois, “caso o juiz não faculte à parte a possibilidade de se pronunciar quanto às provas oferecidas pela contraparte (…) a prova é invalidamente constituída, podendo tal situação gerar uma nulidade nos termos do art. 195.º n.º 1. Já nos casos em que o resultado esteja coberto por decisão judicial (v.g. afirmando explícita ou implicitamente a recusa do contraditório), justificar-se-á a impugnação oportuna da respectiva decisão (cf. Abrantes Geraldes,

Recursos no NCPC, 5.ª ed., pp. 25-30)”. Cf. Abrantes Geraldes, Paulo Pimenta e Luís Filipe Pires de Sousa, in Código de Processo Civil Anotado, Vol. I, 2019, pp. 488, ponto 4. Da anotação ao artigo 415.º.

V) Apesar de não ter sido apresentada por qualquer das partes em juízo, também não estamos perante o caso deste meio de prova estar a coberto por qualquer decisão judicial, não tendo recaído qualquer despacho sobre este elemento probatório, pelo que, uma vez que o mesmo tem enorme influência na decisão da causa – conforme já se demonstrou – é evidente a sua nulidade, que ora se argui nos termos e para os efeitos do artigo 195.º n.º 1 do CPC. W)Mais violou a decisão sob recurso o princípio do contraditório, nos termos previstos no artigo 3.º n.º 3 do CPC, quando determina que “o juiz deve observar e fazer cumprir, ao longo de todo o processo, o princípio do

contraditório, não lhe sendo lícito, salvo caso de manifesta desnecessidade, decidir questões de direito ou de facto, mesmo que de conhecimento oficioso, sem que as partes tenham tido a possibilidade de sobre elas se

pronunciarem.”

X) Pelo que, “antes de decidir, o juiz deve facultar às partes a possibilidade de se pronunciarem sobre a matéria, o que poderá evitar decisões precipitadas ou, no mínimo, decisões que surjam contra a corrente do processo ou contra as expectativas legitimamente foram criadas pelas partes quanto à sua

evolução no sentido da prolação de uma decisão de mérito. Sobre a matérias, cf. A fundamentação do AUJ n.º 13/96, onde se alude ao princípio do

contraditório como instrumento destinado a evitar decisões-surpresa (cf. Ainda RC 12-9-17, 444/16) Cf. Abrantes Geraldes, Paulo Pimenta e Luís Filipe Pires de Sousa, in Código de Processo Civil Anotado, Vol. I, 2019, pp. 20, ponto 15. Da anotação ao artigo 3.º.

Y) Atento o exposto, ao utilizar com elemento probatório principal para fundamentar a sua decisão o relatório de avaliação dos imóveis apresentado

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no âmbito do processo principal, em grosseira violação de um conjunto de princípios que regem a produção de prova – como o princípio do contraditório e do dispositivo – tomou conhecimento o Tribunal a quo de um meio de prova que não podia conhecer, o que o fez incorrer na nulidade prevista no artigo 615.º n.º 1 d) e no artigo 195.º n.º 1 do CPC, que desde já se argui.

CASO ASSIM NÃO SE ENTENDA,

IMPUGNANDO A DECISÃO RELATIVA À MATÉRIA DE FACTO –

MODIFICABILIDADE DA DECISÃO DE FACTO – DO ADITAMENTO DE FACTOS NOVOS PARA A BOA DECISÃO DA CAUSA – AMPLIAÇÃO DA MATÉRIA DE FACTO

Z) Apesar do Tribunal a quo afirmar na sentença que “a restante factualidade alegada pelas partes, ou constitui matéria de impugnação (ainda que

motivada) apresentada pelo A., ou não reveste qualquer interesse ou

relevância para a boa decisão da causa, não tendo sido, por isso, selecionada acima”, considera o Recorrente que existem factos que deveriam ter sido selecionados e que representam enorme relevância para a boa decisão da causa, conforme se demonstrará.

AA) Nos presentes autos, foram fixados os seguintes Temas da Prova:

“1) Da prejudicialidade do acordo em apreço para a massa insolvente e seus credores;

2) Da intenção das partes na celebração de tal negócio;

3) Do desequilíbrio entres as prestações assumidas por ambas as partes no negócio em apreço;

4) Do conhecimento, pelo A., da situação de insolvência da devedora à data da celebração do negócio.”

BB) Tal como foi fixado o seguinte objecto do processo:

“Consiste em averiguar se existem fundamentos para considerar válida a resolução em benefício da massa insolvente operada pelo senhor

Administrador da Insolvência relativamente ao “Aditamento ao Contrato Promessa de Compra e Venda celebrado a 29 de Abril de 2009”, outorgado entre o A. e a Insolvente a 4 de Janeiro de 2018”

CC) Quanto a este âmbito, alegou o Recorrente na sua petição inicial o seguinte:

“39. Desde a data da celebração do referido contrato promessa de compra e venda – Abril de 2009 - o Autor tomou posse, nomeadamente, do prédio misto, sito no lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo ...º e na matriz predial rústica sob o artigo ...º e descrito na Conservatória de Registo Predial ... sob o n.º …, tendo, por isso,

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havido tradição da coisa, pelo que, passou, desde essa data, a exercer poderes de facto sobre o imóvel, correspondentes ao direito real de propriedade.

40. O Autor usou, como coisa própria sua, o referido prédio, que, na época, mais não era senão um terreno baldio, tendo-o reabilitado estrutural e integralmente, através de múltiplas obras para o efeito, nomeadamente: - remoção e movimentação de terras, preparação do terreno, construção de parque de estacionamento, jardins, recuperação do poço, instalação de sistema de rega, colocação de pavimento, plantação de árvores decorativas, muros de suporte e vedação, colocação de portão de entrada de grande dimensão, construção de um anexo com telheiro, instalação de pedras decorativas, construção de passeios..”

“42.Constatou o Autor, que havia celebrado um negócio claramente usurário e ofensivo dos bons costumes, tendo a Insolvente se aproveitado da

inexperiência e confiança que aquele depositava na mesma (em virtude de ser sua mandatária em alguns assuntos), que o convenceu a adquirir dois prédios com valor patrimonial de cerca de 7.000,00 € por, imagine-se (!!!), 100 vezes mais do que efectivamente os mesmos valiam.”

“49.Esta solução foi assumida pelas partes como a mais adequada, já que a insolvente, com toda a sua astúcia, engenho e manha, tinha conseguido convencer o Autor – pessoa já de idade avançada, sem estudos, crente, que confiava cegamente na sua mandatária (a insolvente) - que os bens objecto do contrato promessa em questão – repita-se, dois terrenos baldios, compostos, somente, por “mato”- teriam um valor que, em muito, supera o seu valor real, aliás, conforme se referiu - pasme-se!!! – em 100 vezes o seu valor

patrimonial.”

“50.À medida que se foi apercebendo das várias “obras de agiotagem” que a insolvente artisticamente “engendrou”, acabou por concluir o Autor que havia sido também enganado quando assinou um contrato promessa de compra e venda, cujos valores em causa representam uma clara e ostensiva usura.” “59.Assim, em 04.01.2018, as partes formalizaram o referido aditamento, no âmbito do qual ficou acordado que o Autor não teria que entregar à insolvente mais qualquer quantia por conta do preço do negócio, para além das já

entregues e, em contrapartida, o objecto do contrato foi reduzido, através da restituição à insolvente, de uma parte total da área dos prédios prometidos comprar, correspondente ao prédio rústico, sito no lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial rústica sob o artigo ...º e descrito na Conservatória de Registo Predial ... com o n.º … - cfr. Aditamento junto como doc.2.”

“68. Simplesmente, o Autor foi ludibriado pela insolvente quando acordou proceder ao pagamento do preço peticionado pela mesma – 750.000,00 € - por

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dois prédios que, à época mais não eram do que terrenos baldios, compostos somente por “mato”, que mais não valeriam do que 100 vezes menos do que o valor contratualizado!”

“69.Conforme se referiu, o Autor realizou benfeitorias que valorizaram significativamente o terreno, sendo que, ainda que à presente data nos reportemos, podemos facilmente constatar – nomeadamente através de uma avaliação para o efeito – que o mesmo não terá hoje valor patrimonial que se aproxime ao valor que o Autor já pagou por ele.

70.Pelo que, considerar por não resolvido o aditamento celebrado entre o Autor e a insolvente, mantendo a sua validade, mais não é do que repor a elementar justiça, uma vez que o preço do imóvel já foi há muito

integralmente liquidado.”

DD) Posto isto, entendemos que o Tribunal a quo optou por omitir factos essenciais, reduzindo-se aos que entendeu por convenientes para sustentar a sua decisão, o que não se poderá conceber, pois se assim fosse, aquele teria a possibilidade de delimitar a factualidade como melhor lhe aprouvesse sem que, em sede de recurso, o Tribunal da Relação exercesse o seu poder de sindicância.

EE) Ora, conforme se lê no art. 662º, nº 1, do C.P.C., que a «Relação deve alterar a decisão proferida sobre a matéria de facto, se os factos tidos como assentes, a prova produzida ou um documento superveniente impuserem decisão diversa» e conforme dispõe ainda o n.º 2 c) do mesmo preceito legal, “A Relação deve ainda, mesmo oficiosamente c) Anular a decisão proferida na 1.ª instância, quando, não constando do processo todos os elementos que, nos termos do número anterior, permitam a alteração da decisão proferida sobre a matéria de facto, repute deficiente, obscura ou contraditória a decisão sobre pontos determinados da matéria de facto, ou quando considere indispensável a ampliação desta;”

FF) Pelo que, uma vez que os elementos fornecidos pelo processo impõem decisão diversa da proferida, a modificação da matéria de facto – que a ela conduza - constitui um dever do Tribunal de Recurso, e não apenas uma faculdade, pelo que se afigura como indispensável para a boa e justa decisão da causa que se proceda à ampliação da matéria de facto, através do

aditamento dos seguintes factos:

1 - Os terrenos em causa (prédio misto, sito no lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo ...º e na matriz predial rústica sob o artigo ...º e descrito na Conservatória de Registo Predial ... sob o n.º …, e prédio rústico, sito no lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial rústica sob o artigo ...º e descrito na Conservatória de Registo Predial ... com o n.º …) eram, à data do

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negócio inicial – 2009 – dois terrenos baldios, compostos somente por mato e não tinham o valor de mercado de 750.000,00 €;

2 - A Insolvente, aproveitando-se da inexperiência e confiança que o Autor nela depositava celebrou o negócio originário com a consciência que o mesmo configurava um benefício excessivo e injustificado, pelo facto do valor do mesmo consistir no pagamento de um valor superior em pelo menos

382.100,00 € do que o seu valor actual (diferença entre o que valem hoje – 367.900,00 € - e o valor do negócio em 2009 – 750.000,00 €)

3 - À data de hoje, o terreno que ficou na posse do autor é composto por um parque de estacionamento, jardins, poço integralmente recuperado, instalação de sistema de rega, pavimentação integral do terreno, plantação de árvores decorativas, muros de suporte e vedação, portão de entrada de grande dimensão, um anexo com telheiro, pedras decorativas e passeios

integralmente construídos.

4 - No aditamento celebrado em 04.01.2018 ficou acordado que o Autor

prometia comprar o prédio misto, sito no lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo ...º e na matriz predial rústica sob o artigo ...º e descrito na Conservatória de Registo Predial ... sob o n.º …, cuja área seria rectificada para 10.529,00 m2, sendo que a Insolvente manteria na sua esfera jurídica a posse e a propriedade do prédio rústico, sito no lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial rústica sob o artigo ...º e descrito na Conservatória de Registo Predial ... com o n.º …, cuja área seria rectificada para 8.477,50 m2.

5 - No aditamento celebrado em 04.01.2018 a insolvente comprometeu-se a requerer a rectificação das áreas de ambos os prédios, na Conservatória de Registo Predial e no Serviço de Finanças, para as dimensões acordadas no mesmo, bem como em respeito do levantamento topográfico que é anexo e parte integrante do referido aditamento.

DOS CONCRETOS MEIOS PROBATÓRIOS CONSTANTES DO PROCESSO QUE IMPUNHAM DECISÃO DIVERSA DA RECORRIDA

Aditamento do Contrato Promessa celebrado 04.01.2018

GG) Andou mal o Tribunal a quo quando entendeu selecionar parte do teor do aditamento do contrato promessa celebrado a 04.01.2018, adaptando-o à sua decisão, descurando e omitindo os factos que se propõem aditar e que supra se indicaram, desconsiderando assim este meio probatório que exige ser apreciado na sua integralidade.

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HH) O contrato promessa inicial, celebrado a 29.04.2009, pelo valor de 750.000,00 €, tinha por objecto os seguintes bens:

1) prédio misto, sito no lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo ...º e na matriz predial rústica sob o artigo ...º e descrito na Conservatória de Registo Predial ... sob o n.º …, e

2) prédio rústico, sito no lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial rústica sob o artigo ...º e descrito na Conservatória de Registo Predial ... com o n.º …

II) Estes prédios tinham, à data, um valor patrimonial de 7.000,00 €, sendo que o prédio indicado no ponto 1) tinha a dimensão de 17.154,00 m2 e o prédio indicado no ponto 2) tinha a dimensão de 1.730,00 m2.

JJ) Por força da celebração daquele contrato, a ora Insolvente permitiu que o Recorrente tomasse posse do imóvel e nele implementasse um conjunto de benfeitorias de valor significativo (nele construindo um parque de

estacionamento, jardins, poço integralmente recuperado, instalação de sistema de rega, pavimentação integral do terreno, plantação de árvores decorativas, muros de suporte e vedação, portão de entrada de grande dimensão, um anexo com telheiro, pedras decorativas e passeios

integralmente construídos de raiz), tendo transformado, assim, o que à data do contrato promessa originário não passava de uma bouça composta apenas por mato, num prédio totalmente recuperado.

KK) O dito aditamento teve a intenção de proceder a um acerto de contas, que se concretizou através de uma rectificação de áreas, distribuindo

equitativamente as dimensões dos prédios por cada um dos intervenientes: uma vez que o Recorrente já havia pago à ora Insolvente 396.000,00 €, entendeu e acordou com a Insolvente que, não havendo mais nada a pagar, reduziria a área do prédio que prometia comprar de 17.154,00 m2 para 10.529,00 m2, enquanto que à ora Insolvente seria aumentada a área do prédio que se manteria na sua propriedade, passando de 1.730,00 m2 para 8.477,50 m2.

LL) O aditamento que há muito se preparava e negociava – elaborado pela testemunha B. M., advogado, a quem o Tribunal a quo reconheceu que “prestou um depoimento sólido, credível e peremptório, com profundo

conhecimento de causa, derivado do facto de ter sido advogado do A., de o ter apoiado quanto ao negócio objecto dos autos, tendo o mesmo elaborado o texto desse acordo” (sic. Sentença) – previa que a ora Insolvente prescindia receber a quantia em falta – 354.000,00 € - e, em contrapartida, retificava as áreas dos prédios em causa, retirando do escopo do contrato e mantendo um deles na sua propriedade – cuja área seria significativamente aumentada.

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MM) Porém, apesar do referido aditamento e do levantamento topográfico que do mesmo faz parte integrante, ter sido junto aos autos como doc. 2 da petição inicial, o Tribunal a quo, não só olvidou proceder à leitura atenta do mesmo, como optou por “seleccionar” as partes que melhor lhe aprouveram para

sustentar a sua decisão – e que reproduziu na sentença sob recurso -, omitindo as mais importantes para o que seria a boa decisão da causa, conforme se irá demonstrar.

NN) Ora, desde logo a cláusula segunda - que, por razões que se desconhece foi omitida da sentença - dispõe que “o prédio identificado na cláusula

precedente tem a configuração assinalada na planta topográfica anexa a cor azul, que depois de rubricada por ambos os outorgantes passará a ser parte integrante do presente contrato promessa, e tem uma área total de 10.529,00 m 2, correspondendo 52,30 m2 à área de implantação de uma casa de

pavimento térreo e 10.477,00 m2 à área de terreno livre”

OO) E a cláusula quinta dispõe que “o prédio identificado na cláusula

precedente tem a configuração assinalada na planta topográfica anexa a cor verde, que depois de rubricada por ambos os outorgantes passará a ser parte integrante do presente contrato promessa, e tem uma área total de 8.477,50 m 2”.

PP) Pelo que, daqui resulta que o prédio que ficaria na posse do Recorrente e que seria o único objecto do contrato promessa passaria a ter uma área total de 10.529,00 m2, em substituição da anteriormente existente de 17.100,00 m2 e o prédio que se manteria na esfera jurídica da ora Insolvente, passaria a ter 8.477,50 m2, em vez dos originais 1.730,00 m2. (coisa bem diferente do que foi concluído na sentença recorrida).

QQ) Assim, contrariamente ao afirmado na sentença, com este aditamento, procedeu-se a uma reconfiguração dos prédios de tal ordem que a área total de ambos foi distribuída de forma praticamente igualitária por ambos os intervenientes e não com a desproporção que o Tribunal a quo faz crer que existe.

RR) A cláusula sexta do aditamento prevê ainda que “uma vez que as áreas constantes da matriz e do registo predial dos prédios identificados nas precedentes cláusulas primeira e quarta não correspondem às áreas

assinaladas na planta topográfica anexa, a primeira outorgante, na qualidade de proprietária da raiz ou nua propriedade dos prédios, obriga-se a requerer, juntamente com o usufrutuário, a rectificação de áreas de ambos os prédios no Serviço de Finanças e na Conservatória do Registo Predial, no prazo de 60 dias a contar da presente data, sendo o custo da rectificação das áreas suportado pelo segundo outorgante”.

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áreas junto do serviço de finanças e da conservatória de registo predial, o que não fez, tendo antes vindo apresentar-se à insolvência, sem que nada o fizesse prever e para enorme espanto do Recorrente que, conforme se determinou na sentença sob recurso “quanto ao conhecimento da situação de insolvência, as declarações de parte do A. e o depoimento das testemunhas B. M. 8sobrinho do A.) parecem-nos claros, sinceros e lógicos no sentido do A. desconhecer totalmente a situação de insolvência da devedora”

TT) Face a tudo quanto se acaba de expor, andou mal o Tribunal a quo, quando concluiu que é “flagrante a desproporção entre a obrigação que a insolvente assumiu (de prescindir da quantia de 354.000,00 €) e a obrigação que o A. assumiu e de que a Insolvente beneficiou (a de manter na propriedade desta um imóvel no valor de 10.600,00 €)”

UU) Porquanto, tal como acaba de se demonstrar através do conteúdo integral do aditamento, para prescindir do pagamento de 354.000,00 €, o Insolvente abriu mão de 6.570,10 m2 que foram transferidos para o prédio que ficou na propriedade da ora insolvente e que saiu do escopo do contrato promessa, passando este a ter a dimensão de 8.477,50 m2 em vez de 1.730,00 m2, o que praticamente equilibrou as áreas dos imóveis em causa.

VV) Pelo que, em súmula, não existe qualquer desproporção, mas antes total equilíbrio das prestações em causa, leitura esta que corresponde à realidade e que o Tribunal a quo se dispensou de fazer.

Relatório de Avaliação dos Imóveis

WW) O relatório de avaliação dos imóveis da Insolvente junto aos autos principais pelo senhor administrador de insolvência, a 02.10.2018, e que foi utilizado para sustentar a decisão sob censura, avalia os bens em causa no contrato promessa inicial, da seguinte forma:

1 - prédio misto, sito no lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial urbana sob o artigo ...º e na matriz predial rústica sob o artigo ...º e descrito na Conservatória de Registo Predial ... sob o n.º … – valor de mercado de 422.225,00 € e valor de liquidação de 358.900,00 €. 2 - prédio rústico, sito no lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial rústica sob o artigo ...º e descrito na Conservatória de Registo Predial ... com o n.º … – valor de mercado de 10.600,00 € e valor de liquidação de 9.000,00 €.

XX) Sucede que, os referidos bens foram avaliados segundo as dimensões que sempre tiveram – 17.100,00 m2 o imóvel indicado no supra indicado ponto 1) e 1.730,00 m2 o imóvel supra indicado no ponto 2) e, naturalmente, não de

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acordo com as áreas que seriam actualizadas de acordo com o previsto no aditamento de 04.01.2018.

YY) No entanto, esta análise cumpre ser rigorosamente feita, tal como o competia ao Tribunal a quo, que a ignorou.

ZZ) Porquanto, o imóvel que, segundo este aditamento, se manteria na esfera jurídica da ora Insolvente não teria 1.730,00 m2, mas antes 8.477,50 m2, razão pela qual não poderia o Tribunal a quo ter retirado a conclusão de que -segundo as novas áreas que o aditamento pretendia implementar - esse prédio tenha o valor de mercado de 10.600,00€!

AAA) Bem como o imóvel que se manteve no objecto do contrato promessa – supra indicado no ponto 1) – com a dimensão de 17.100,00 m2, passaria a ter a dimensão de 10.529,00 m2, pelo que, sofreu uma redução de 6.570,10 m2 na sua área total.

BBB) Atenta esta significativa redução da sua área, facilmente se

compreenderá que o valor pelo qual este bem foi avaliado e que consta do relatório – 358.900,00 € - também será necessariamente reduzido!

CCC) Ademais, também não faz qualquer sentido o raciocínio do Tribunal a quo quando concluiu que o Recorrente pagou 369.000,00 € por conta do contrato promessa que incluía dois prédios que, nem actualmente, – deixando de ser uma mera bouça composta por mato e com todas as benfeitorias

implementadas que o transformaram num imóvel totalmente reabilitado – lhes é atribuído um valor de liquidação superior ao já pago por aquele.

Muito pelo contrário,

DDD) O tão prezado relatório de avaliação atribui antes um valor de liquidação para estes dois imóveis no total de 367.900,00 €, ou seja, um montante inferior ao já pago pelo Recorrente.

EEE) Pelo que, esta linha de raciocínio seguida pelo Tribunal a quo está pejada de incongruências, uma vez que aquele interpreta este relatório à medida da sua decisão, adaptando-o como melhor entende, prescindindo de uma análise concreta do mesmo, o que invalida na íntegra a sua análise. FFF) Pois, perante estes factos, não se compreende como pode o Tribunal a quo defender que existe uma desproporção entre as obrigações das partes, já que o Recorrente pagou, há muito, valor mais do que suficiente para liquidar o bem em causa.

DO ÓNUS DA PROVA NAS ACÇÕES DE IMPUGNAÇÃO DE RESOLUÇÃO

GGG) Na sentença sob censura é referido que “Para que pudesse vingar a tese do A., de que já entregou à A. à insolvente a quantia suficiente para pagar o

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seu real valor e de que nenhum prejuízo adveio para a massa insolvente, o A. teria que atacar de alguma forma o contrato promessa e seu aditamento,

tentando fazer cessar as obrigações que para si decorriam do mesmo – o que é um facto incerto e, pelo menos neste momento, longe da realidade.”

HHH) Perante tal afirmação mais não podemos concluir senão pela total

desconsideração do Tribunal a quo de que estamos no âmbito de uma acção de simples apreciação negativa e que, portanto, nos termos previstos no n.º 1 do artigo 343.º do Código Civil “compete ao réu a prova dos factos constitutivos do direito que se arroga”, o que, nos presentes autos, a Recorrida claramente não fez.

III) Face a tudo quanto se considerou na sentença sob censura, não podemos deixar de referir que, por mais boa vontade que o Tribunal a quo tenha em se substituir à Ré na sua obrigação de provar, não terá o poder de inverter as regras sobre o ónus probatório que sobre aquela parte recai, nem para impor sobre o Recorrente um ónus que a lei não lhe atribui.

JJJ) Ora, de acordo com o entendimento maioritário da jurisprudência,

seguimos defendendo que a ação prevista no art. 125º do CIRE é uma ação de simples apreciação negativa, visando a demonstração da inexistência ou a não verificação dos pressupostos legais da resolução declarada pelo A.I. na carta resolutiva, cabendo por isso à massa insolvente o ónus da prova da verificação de tais pressupostos e não ao impugnante a prova de que tais pressupostos não se verificam, em consonância com o que dispõe o art. 343º do C. Civil (v. neste sentido Ac. do STJ de 25/2/14, desta Relação de 10/4/14, da R. C. de 21/05/13, da Ac. R. P. de 12/05/15, todos disponíveis em www.dgsi.pt e Luís A. Carvalho Fernandes e João Labareda na obra “Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas anotado, 3ª ed., pág. 514).

KKK) Porém, contrariamente ao solidamente consagrado, a Ré não provou, em momento algum, qualquer facto que sustente o que alegou, nomeadamente, não provou que as obrigações assumidas pela Insolvente excedem

manifestamente as do Autor, ora Recorrente, tendo-se provado antes o seu contrário, que o Recorrente pagou, pelos imóveis em questão, à data da celebração do contrato promessa originário (396.000,00 €) um valor muito superior ao que os mesmos tinham, o que se constata facilmente pelo valor actual que os mesmos apresentam (367.900,00 €).

DA DECISÃO QUE, NO ENTENDER DO RECORRENTE, DEVE SER PROFERIDA

LLL) De acordo com o que se acaba de expor, a decisão proferida, para além de ser omissa quanto aos pontos da matéria de facto que ora se pretendem

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aditar e que são essenciais para a justa decisão da causa, padece de notórios lapsos, provenientes quer da leitura apenas parcial dos documentos juntos aos autos – nomeadamente do aditamento de 04.01.2018 – quer da interpretação deficiente do relatório de avaliação que o próprio Tribunal a quo considerou como meio probatório.

MMM) Assim, se tal não tivesse ocorrido, se o aditamento fosse analisado na integralidade e se o relatório de avaliação tivesse sido interpretado

correctamente, outra decisão não poderia ter sido proferida senão a da

procedência da acção e a declaração da invalidade ou ineficácia da resolução levada a cabo pelo senhor administrador.

NNN) E se assim fosse, manter-se-iam os termos do aditamento do contrato promessa e, por consequência, o Senhor Administrador, em representação da Insolvente, procederia à rectificação das áreas dos imóveis nos moldes ali plasmados e a massa apreenderia o prédio rústico, sito no lugar de ...,

freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial rústica sob o artigo ...º e descrito na Conservatória de Registo Predial ... com o n.º …, com a área de 8.477,50 m2, que seria liquidado por valor bem superior ao indicado no relatório de avaliação, uma vez que este se cinge a um imóvel com apenas 1.730,00 m2.

OOO) Isto porque, fruto do facto de, com a celebração do aditamento de 04.01.2018, ter ocorrido um acerto de contas entre os intervenientes, que se concretizou mediante a redistribuição de áreas dos prédios em causa, levando a que o Recorrente mantivesse no contrato promessa o prédio indicado no ponto 1), que veria a sua área reduzida de 17.100,00 m2 para 10.529,00 m2 e, por outro lado, a Insolvente manteria na sua propriedade e fora do escopo do contrato promessa o prédio indicado no ponto 2), que passaria a ter 8.477,50 m2 em vez dos originários 1.730,00 m2, mais não poderia o Tribunal a quo concluir senão pela existência de total equilíbrio nas prestações inerentes a este aditamento.

PPP) Razão pela qual deveria o Tribunal a quo, ter considerado como não preenchido o requisito previsto na alínea h) do artigo 121.º do CIRE e, consequentemente, ter julgado como não provado que do aditamento de 04.01.2018 resulta que as obrigações assumidas pela Insolvente excedem manifestamente as do Recorrente.

QQQ) Porquanto, dispõe a alínea h) do n.º 1 do artigo 121.º do CIRE que são resolúveis em benefício da massa insolvente “os actos a título oneroso

realizados pelo insolvente dentro do ano anterior à data do início do processo de insolvência em que as obrigações por ele assumidas excedem

manifestamente as da contraparte”, no entanto, quando criou este preceito legal, o legislador quis claramente configurar a “clássica situação de laesio

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ultra dimidium, ou seja, a situação objectiva que também se caracteriza a usura (cfr. art.º 282.º do C. Civ.). Como é manifesto, um acto que envolva lesão enorme para o insolvente prejudica a massa, por afectar a satisfação dos

credores”. Luís A. Carvalho Fernandes e João Labareda in Código da

Insolvência e da Recuperação de empesas anotado, pág. 436. (com destaque nosso).

RRR) De tudo quanto se acaba de expor resulta que não pode ser dado como provado o que não foi provado!

NESTES TERMOS E NOS MAIS DE DIREITO QUE V. EXAS. MUI DOUTAMENTE SUPRIRÃO:

Deve ser, por V. Exas, concedido provimento ao presente recurso, revogando-se o decisório recorrido, com a conrevogando-sequente procedência da acção nos termos aí peticionados, com as legais consequências.

Assim se fazendo JUSTIÇA!

A ré contra alegou, pugnando pela manutenção da sentença recorrida.

O recurso foi admitido como de apelação, a subir imediatamente nos próprios autos, com efeito meramente devolutivo.

No despacho que admitiu o recurso, o Senhor Juiz pronunciou-se quanto às invocadas nulidades, entendendo que as mesmas não se verificam.

Foram colhidos os vistos legais.

As questões a resolver prendem-se com a invocada nulidade da sentença por omissão de pronúncia e por ter tomado conhecimento de questões de que não podia tomar conhecimento. Vem também impugnada a decisão sobre a matéria de facto e questionado o ónus da prova nas ações de impugnação de resolução em benefício da massa insolvente.

II. FUNDAMENTAÇÃO

Na sentença foram considerados os seguintes factos:

“Os factos provados são os seguintes (os únicos com relevância e interesse para a boa decisão da causa):

A. Por sentença proferida nos autos principais a 19/2/2018, já transitada em julgado, foi declarada a insolvência de E. P..

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B. O senhor Administrador da Insolvência, Dr. C. P., através de comunicação remetida ao Autor, C. D., em 4 de Junho de 2018, declarou proceder à

resolução em benefício da massa insolvente de E. P. do negócio formalizado por documento designado com a epígrafe “Aditamento ao Contrato Promessa de Compra e Venda celebrado a 29 de Abril de 2009”, outorgado entre aquele e a Insolvente a 4 de Janeiro de 2018.

C. Em 29/04/2009, por escrito particular, entre A. e insolvente foi celebrado um acordo de promessa de compra e venda, nos termos do qual a insolvente lhe prometeu vender os seguintes prédios:

a) Prédio misto, sito no Lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial urbana da extinta freguesia de ... sob o artigo …, correspondente ao atual artigo … da União de freguesias de ... e ... e na matriz predial rustica da extinta freguesia de ... sob o artigo … correspondente ao atual artigo … da União de freguesias de ... e …, descrito na Conservatória de Registo Predial ... com o n.º …;

b) Prédio rústico, sito no Lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial rustica da extinta freguesia de ... sob o artigo … correspondente ao atual artigo … da União de freguesias de ... e …, descrito na Conservatória de Registo Predial ... com o n.º …;

D. O preço acordado para aquisição dos referidos imóveis foi de 750.000,00€ (setecentos e cinquenta mil euros).

E. Também por escrito particular de 18/06/2009, A. e insolvente fizeram um aditamento ao acordo atrás referido, fixando os termos e as datas em que se procederia ao pagamento das quantias a liquidar por conta do preço, sendo o pagamento do A. realizado em prestações, a última das quais (que constituiria a quantia total de € 750.000,00) realizada a 30/9/2014 no valor de €

31.500,00.

F. Em obediência ao acordado, o A. pagou à insolvente a quantia de 396.000,00€ (trezentos e noventa e seis mil euros), que a insolvente reconheceu ter recebido.

G. No dia 4/1/2018, A. e insolvente celebraram um aditamento ao acordo referido em C), assinado por ambas as partes, de onde consta que:

“f) Os outorgantes estão de acordo em que o acerto de contas relativo a direitos e obrigações reciprocamente assumidas passa por considerar que o segundo outorgante (o aqui A.) não terá de entregar à primeira outorgante (a insolvente) mais qualquer quantia por conta do preço do negócio para além das quantias já entregues e que, em contrapartida, o objecto do negócio será reduzido através da restituição, à primeira outorgante, pelo segundo

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H. Mais consta que: “PRIMEIRA

A primeira outorgante promete vender ao segundo outorgante, e este, por sua vez, promete comprar àquela, o prédio misto sito no Lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial urbana da extinta

freguesia de ... sob o artigo …º (correspondente ao atual artigo … da União de freguesias de ... e ...), e na matriz predial rústica da extinta freguesia de ... sob o artigo …º (correspondente ao atual artigo …º da União de freguesias de ... e ..., descrito na Conservatória de Registo Predial ... com o numero … (…)” I. Consta ainda: “TERCEIRA

Pela compra do referido prédio, o segundo outorgante não terá de pagar qualquer quantia à primeira outorgante, uma vez que os outorgantes estão de acordo em que a quantia entregue até à data por conta do preço, acima

referida, corresponde ao preço da aquisição do mesmo prédio. QUARTA

Em contrapartida, a primeira outorgante manterá na sua esfera jurídica a posse e a propriedade do prédio rústico, sito no Lugar de ..., freguesia de ..., concelho de Barcelos, inscrito na matriz predial rustica da extinta freguesia de ... sob o artigo … correspondente ao atual artigo 1491 da União de freguesias de ... e ..., descrito na Conservatória de Registo Predial ... com o n.º ...”

J. Consta também: “SÉTIMA

A primeira outorgante autoriza o segundo outorgante a permanecer na posse do prédio ora prometido (…).

K. E ainda: “DÉCIMA TERCEIRA

As partes declaram expressamente que pretendem atribuir eficácia real ao presente contrato, do qual este aditamento faz parte integrante, nos termos e para os efeitos previstos no art. 413º do Código Civil.”

L. O prédio supra descrito em C) – b) tem o valor de mercado de € 10.600,00. Matéria de facto não provada

M. Com tal conduta, pretenderam as partes, entre outros, sonegar ativos que deveriam integrar a ora R. e assegurar juridicamente que o produto da venda pela R. dos bens imóveis prometidos vender seria destinado ao A., assim se pretendendo frustrar e/ou diminuir a satisfação dos interesses dos demais credores da insolvência.

N. Pretenderam, ainda, as partes, uma forma de o A. não ter que proceder ao pagamento à R. de um montante ainda em dívida à ordem daquele contrato promessa, prejudicando a R. e lesando todos os credores que viessem a reclamar os respetivos créditos.

(20)

iminente) da promitente vendedora.

Na sentença recorrida considerou-se que, com o negócio objeto destes autos, a insolvente praticou um acto oneroso, no ano anterior à data do início do

processo de insolvência, em que as obrigações por si assumidas excederam manifestamente as do autor, pelo que se mostram preenchidos os requisitos elencados na alínea h) do n.º 1 do artigo 121.º do CIRE e, portanto, legitimada a resolução operada pelo Administrador da Insolvência.

Para concluir pela desproporção entre a obrigação que a insolvente assumiu (a de prescindir da quantia de € 354.000,00) e a obrigação que o autor assumiu e de que a insolvente beneficiou (a de manter na propriedade desta um imóvel no valor de € 10.600,00), o tribunal socorreu-se de facto – alínea L) dos factos provados – que considerou provado pela “análise a um relatório pericial junto pelo senhor Administrador da Insolvência ao processo principal a 02/10/2018, que foi notificado a todos os credores e não foi impugnado nesta parte, tendo sido confirmado pela testemunha J. M., seu autor, em audiência de

julgamento” – cfr. motivação da decisão de facto.

O apelante invoca a nulidade da sentença pelo facto de o tribunal ter tomado conhecimento de questões de que não podia tomar conhecimento, apoiando-se num meio de prova que não constava do processo – o relatório de avaliação dos imóveis da insolvente apresentado pelo Senhor Administrador de

Insolvência no âmbito do processo principal, relatório esse que terá sido

impugnado pelo recorrente nos autos principais, onde terá sido requerida uma outra perícia, ainda não realizada. Entende que, como consequência de o

tribunal ter feito uso de um meio de prova que não está junto ao processo e, acerca do qual, não foi dada a possibilidade de as partes se pronunciarem, exercendo o contraditório, a sentença é nula, conforme resulta do disposto nos artigos 195.º, n.º 1 e 615.º, n.º 1, alínea d) do CPC.

Vejamos.

A sentença é nula quando o juiz conheça de questões de que não podia tomar conhecimento – artigo 615.º, n.º 1, alínea d) do CPC.

Tal nulidade verifica-se não só quanto às questões de direito que não tenham sido invocadas e que não sejam de conhecimento oficioso, mas também no âmbito das questões de facto - Abrantes Geraldes, Paulo Pimenta e Pires de Sousa, Código de Processo Civil Anotado, Vol. I, Parte Geral do Processo de Declaração, 2018, p. 738.

“Tal nulidade (excesso de pronúncia) estende-se às situações em que o juiz, ao proferir a decisão, se abstém de apreciar situação irregular ou omite

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formalidade imposta por lei, designadamente o cumprimento do contraditório, assim conhecendo de questão que, sem a observância deste, lhe é defeso conhecer. Impondo-se ao juiz a observância do contraditório em vista de proferir decisão com repercussão nos interesses das partes, o desrespeito de tal dever acarreta nulidade processual, pois que a omissão de acto ou

formalidade prescrito na lei acarreta nulidade quando a irregularidade possa influir no exame ou decisão da causa (art. 195º, nº 1 do CPC) – com

consequente anulação do acto e dos actos subsequentes que dele dependam (art. 195º, nº 2, 1ª parte do CPC)”. – Acórdão desta Relação de Guimarães de 06/02/2020, processo n.º 1002/19.9T8VNF-A.G1 (Ramos Lopes), in

www.dgsi.pt.

Trata-se de nulidade secundária que deve ser arguida pelo interessado através de recurso, quando coberta por decisão judicial que sancionou tal omissão. Assim, quando o próprio juiz ao proferir a sentença, omita o respeito pelo contraditório, pode considerar-se que em tais situações ocorrerá excesso de pronúncia, nos termos do art. 615º, nº 1, d) do CPC, pois que o juiz conhece de questão que, em tais circunstâncias, lhe estava defeso apreciar - Abrantes Geraldes, Recursos no Novo Código de Processo Civil, 5ª edição, pp. 27/28. Como já vimos, o apelante invoca a nulidade da sentença por a decisão recorrida ter considerado e valorizado na respectiva fundamentação um relatório pericial de avaliação de imóveis junto pelo administrador da

insolvência no processo principal, não lhe tendo sido dada oportunidade de sobre o mesmo se poder pronunciar no âmbito dos presentes autos, assim violando o princípio do contraditório previsto no artigo 3.º, n.º 3 do CPC. O princípio do contraditório é um princípio basilar do nosso processo civil que manda que seja observada uma estrutura dialéctica, excepto nos casos de manifesta desnecessidade.

O n.º 3 do artigo 3.º do CPC impõe ao juiz um especial cuidado, determinando que ele deve observar e fazer cumprir, ao longo de todo o processo, o princípio do contraditório, não lhe sendo lícito, salvo caso de manifesta desnecessidade, decidir questões de direito ou de facto, mesmo que de conhecimento oficioso, sem que as partes tenham tido a possibilidade de sobre elas se pronunciarem. “Não se trata já apenas de, formulado um pedido ou tomada uma posição por uma parte, ser dada á contraparte a oportunidade de se pronunciar antes de qualquer decisão e de, oferecida uma prova por uma parte, ter a parte

contrária o direito de se pronunciar sobre a sua admissão ou de controlar a sua produção. Este direito à fiscalização recíproca das partes ao longo do processo é hoje entendido como corolário duma concepção mais geral da contraditoriedade, como garantia da participação efectiva das partes no

(22)

desenvolvimento de todo o litígio, em termos de, em plena igualdade, poderem influenciar todos os elementos (factos, provas, questões de direito) que se encontrem em ligação, directa ou indirecta, com o objecto da causa e em qualquer fase do processo apareçam como potencialmente relevantes para a decisão” - José Lebre de Freitas, João Redinha e Rui Pinto, in “Código de Processo Civil Anotado”, vol. I, 1999, pág. 7.

Reconhece-se, assim, o direito da parte à sua audição antes de ser tomada qualquer decisão e o direito a conhecer todas as condutas assumidas pela contraparte e a tomar posição sobre elas, o que decorre, aliás, do princípio do processo justo e equitativo (artigo 20.º da CRP) - Miguel Teixeira de Sousa, Estudos Sobre o Novo Processo Civil, Lex, 1997, pp. 46/47.

No plano probatório, como vem salientado no Acórdão deste Tribunal da Relação já supra citado, o princípio do contraditório exige (além do mais) que as partes possam pronunciar-se sobre a apreciação das provas produzidas por si, pelo adversário e pelo tribunal (Lebre de Freitas, Introdução ao Processo Civil, Conceitos Princípios Gerais à luz do Novo Código, 4ª edição, p. 130) – qualquer prova deve ser sujeita a prévia apreciação da parte para que o tribunal possa, à luz do processo justo e equitativo, valorizá-la e considerá-la na decisão a proferir.

Ao ter feito uso de um meio de prova, relevante para a decisão de facto, que nem sequer está ou foi junto ao processo, muito menos tendo sido dado conhecimento do mesmo às partes para sobre ele se pronunciarem, foi cometida a invocada nulidade, tendo a sentença sancionado aquela omissão geradora de nulidade, incorrendo em excesso de pronúncia, cujo

conhecimento pode fazer-se através de recurso – neste sentido, cfr. Acórdão da Relação de Coimbra de 04/06/2000, in BMJ, 496.º-314, onde se pode ler “É que a nulidade está coberta por uma decisão judicial que a sancionou ou confirmou, pelo que o meio próprio de a arguir será precisamente o recurso”. No mesmo sentido, citados em Abílio Neto, CPC Anotado, 19.ª edição: M. Andrade, Noções, 1979, pág. 183, Alberto dos Reis, CPC Anotado, 5.º, 424 e Comentário, 2.º, 507 e Antunes Varela, Manual, 2.ª edição, pág. 393.

Deve dizer-se, ainda, que o facto de tal relatório ter sido levado ao

conhecimento do apelante no âmbito do processo principal não traduz o cumprimento do contraditório – importava que no âmbito desta ação de

impugnação de resolução em benefício da massa o tribunal se assegurasse de que o apelante pudesse pronunciar-se sobre o mesmo, até porque o mesmo contraria a versão factual por si alegada, designadamente tendo em vista a não conclusão pela desproporção entre as obrigações assumidas pelas partes (que esteve na base da improcedência da ação) – neste sentido, o Acórdão de 06/02/2020, desta Relação, que temos citado.

(23)

Assim, ao ter valorizado e considerado na decisão recorrida um relatório pericial, sem que o apelante tivesse tido a possibilidade de sobre o mesmo se pronunciar, incorreu o Senhor Juiz em excesso de pronúncia, o que importa a nulidade da sentença recorrida, com a consequente procedência da apelação. A procedência desta invocada nulidade, com a consequente anulação da

sentença para que o meio de prova em causa seja notificado às partes a fim de que estas possam pronunciar-se sobre o mesmo, cumprindo o contraditório, conduz a que fique prejudicado o conhecimento das demais questões

enunciadas na apelação. II. DECISÃO

Em face do exposto, decide-se julgar procedente a apelação, anulando-se a sentença recorrida para que seja cumprido o contraditório relativamente ao relatório pericial junto pelo Administrador da Insolvência ao processo

principal e que foi utilizado na motivação da decisão de facto, seguindo, depois, os autos os seus regulares termos.

Custas pela parte vencida a final. ***

Guimarães, 12 de março de 2020 Ana Cristina Duarte

Fernando Fernandes Freitas Alexandra Rolim Mendes

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