Google: o lado negro da força
Em novembro de 2006, o Google comprou o YouTube por US$ 1,65 bilhão. Pagou em ações. O acordo saiu na televisão, na capa de revistas, virou assunto por toda parte. O preço, astronômico, surpreendeu a todos. Talvez ali estivesse o início da tevê via internet. Talvez. Sob o impacto do negócio, a revista Time elegeu como pessoa do ano de 2006 Você, que posta vídeos e produz o conteúdo da web.
Em maio deste ano, o Google anunciou a compra da DoubleClick, empresa de publicidade online, por US$ 3,1 bilhões. Se as agências que regulam esse tipo de negócio nos EUA disserem que o acordo não ameaça o mercado, o acerto será pago em dinheiro. Note bem: US$ 3 bilhões. Cerca de dois YouTubes.
Não é que a imprensa tenha ignorado o assunto. Ele foi coberto sem alarde nas páginas de negócios. E só. Por que é que a DoubleClick, sobre a qual ninguém ouviu falar, vale o dobro do que o YouTube, que todo mundo usa? Porque ela poderá dar ao Google o monopólio da publicidade online. Mas, para entender como, é preciso antes se familiarizar com as entranhas da internet.
A DoubleClick gerencia a exibição de banners – aqueles anúncios às vezes retangulares, outras quadrados, fazendo o meio-de-campo entre sites e os maiores anunciantes do mundo. Os números são os seguintes: banners, em 2006, movimentaram US$ 3,34 bilhões. Em 2010, devem ser US$ 4,5 bilhões. Nem é o maior negócio da publicidade online. Sabe os tais “links patrocinados” que o Google exibe associados ao tema que você está buscando? Deram lucro de US$ 6,76 bilhões no ano passado. Vão dar US$ 10,3 bilhões em 2010. O Google é o maior desse ramo. A DoubleClick, daquele. Junte os dois e o Google é dono de dois terços de toda a publicidade que circula pela internet no mundo.