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O planeiamentoda ação didâtica

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Academic year: 2022

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Capífilo 4

O planeiamento da ação didâtica

l. A distinção entre planejamento e plano

É no6rio o fato de o pranejamento ser uma necessidade cons- tante em todas as âreas da atividade humana. cadavezmais, a aütu- dg d: planejar ganha-imporrânciae torna-se mais necessária, prin_

cipalmente nas sociedades complexas do ponto ae usta ãr!,.nizacio- nal. Hoie em dia, fala-se muito do ato dó praneiar

" à" iiuì-por- tància. Mas, afinal, o que é planejamento?

. Planeiar é analisar uma dada'realidade, refletindo sobre as con- dições existentes, e prever as formas arternaüvas de ação fu*,up"- rar as dificuldades ou alcançar os obietivos desejador.-Ëo.tunro, o planejamento é um processomentar que envolve

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previsão. Nesse senüdo, planejar é umã atiudadetipicamente huma- na.' e estâ presente na úda de todos os indiúduor, nos mais variados momentos.

De acordo com o professor Nério parra, praneizr consiste em prever e decidir sobre:

- "que pretendemos realizar;

- o que vamos fazer;

- como vamos fazer;

- o que e como devemos analisar a situação, a fim de verificar se o que pretendemos foi atingido"r.

I Nélio Parra, "Planeiamenro de currículo", Reu.rsta Escola, n. S, 1972, p.6.

O Dl:ureirtnrcrrto dt açim didzitica

0 plano é rl rcsultacl<>, é't culnrinância do proccsso mental cle plzurcianrcnto. o plano, sendo unr eslxlço tLus conclttsões resultan- tes do processo nrental dc ltlanejar, pocle ou não assumir uma ftrrma cscrita.

2. fipos de planeiaflrento naârea da educação

Na csfera da cclucaçã<l e clo eltsilìo, há vários nívcis de plancia- rìlerìto, rluc varianr em abrangôncia c c<lrttplexidade:

:t) planeizuncnto dc urn sistenrzt cducacionztl;

b) lllzrnciuncnto geriú das atividades de ttntzt cscolir;

c) planeiantento cle currículo;

tl) plancianrento didático ou dc cnsino:

- plalreiiurìento dc curso;

- planciamìento de unidade dictitica ou dc errsino;

- planejalÌìento cle aula.

Planejamento de um sistema educacional

O planeiarncnto dc unr sistenra ctlucacional é feito a nível sistê- rnic<1, ist<l cí, a nível nitciond, estaclual e ntunicipal. (krnsistc no pro- ccsso clc zutálise e reflcxão dzus váriius facetas dc ttnr sistetntt ecluca- cional, para clelinritar suas dificuldadcs e prever alternativels dc s<lltt- çíio. A pârtir dcssas constatirções é possível então clefinir prioridades e nìetzLs para o aperfeiçoarnento do sistenta educaci<lnal, estabeleccr fonnius cle atu:ção e calcular os custos necessários à rc'alização das rnctzt.s. O planejrunento de unt sistenra educacional reflete a política de educação adotadzt.

Planeiamento escolar

O planejamento geral dzr^s atividacles de uma escola é o proces- s<l de tomada de decisão quanto aos obietivos a serem atingidos e a preüsão das ações, tânto pedagógicas como adrninistrativas que devem ser executadas por toda a equipe escolar, paÍa o bom funci<t- namento da escola.

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O planejamento escolar deve ser participativo, isto é, toclos os segmentos que fazem parte da escola (professores, ftrncionários.

pais e alunos) devem participar d<l processo de tomada de decisão.

O resultado desse tipo de planejamento é o plano cscolar. que deve ser elaborado e executado por toda a equipe da escola.

Ao realizar o processo de planejamento geral de suas ativicrades, ca<la escola segue um esquemade açío, mas. em geral, as etapas são a-s seguintes:

l. Sondagem e diagnóstico da realidade da escola:

l. l. características da comunidade;

1.2. características da clientela escolar;

1.3. levantamento dos recursos humanos e materiais disponíveis:

1.4. avaliaçío da escola como um todo no ano anterior (eva.são, repetência, percentagem de aprovação, qualidade clo ensino ministrado, dificuldades e problemas superados e não superÍr- dos).

Observação: É interessante lembrar que a sondagem é o levan- tamento de dados e fatos importantes de uma realidade, enquanto o diagnóstico é a análise e interyrretação obietiva dos dados coleta- dos, permitindo que se chegue a uma conclusão sobre as concliçõc,s da retbdtde.

2. Definição dos obietivos e prioridades da escola.

3. Proposiçio da organização geral da escola no que se refere a:

3.1. quadro curricular e carga horária dos diversos componentes cl<r currículo;

3.2. cdendário escolar;

3..3. critérios de agrupamento dos alunos;

.3.4. definição do sistema de avaliação, contendo normas para a adaptação, recuperação, reposição de aulas, compensação de ausência e promoção dos alunos.

4. Elaboração de plano de curso contendo ÍLs programações das ati- vidades curriculares.

5. Elaboração do sistema disciplinar da escola, com a participação de todos os membros da escola, inclusive do corpo discente.

O planejamento da açío üdática

6. Atribuição de funções a todos os participantes da equipe escolar:

direção, corpo docente, corpo discente, equipe pedagógica, equi- pe administrüiva, equipe de limpeza e outros.

Planejamento curricular

O planeiamento de currículo é a preúsão dos diversos compo- nentes curriculares que serão desenvolvidos ao longo do curso, com a definição dos obietivos gerais e a previsão dos conteúdos progra- máticos de cada componente.

O primeiro passo p r o planeiamento curricular é definir, de forma clara e precisa, a concepção filosófica que vai nortear os fins e obietivos da ação educaüva. Essa definição é importante porque é a partir da proposição dos obieüvos que deseiamos alcançar que definiremos os critérios para seleção dos conteúdos. "De qualquer modo, o que o professor deverá disünguir, ao elaborar um currícu- lo, são os conteúdos significativos, funcionais, dos conteúdos caren- tes de significado e de funcionalidade, de mera informação sem outro obietivo que o de ser memorizado por tanto tempo quanto Possível."z

Outro aspecto a ser lembrado durante o planejamento do currí- culo é que os diversos componentes curriculares "devem convergir para uma reconstrução, no aluno, da substancial unidade do conhe- cimento humano".r. Assim sendo, para que o conhecimento consti- tua um todo orgânico e coerente, é preciso garantir o relacionamen- to dos componentes de uma mesma série (ordenaçío horizontal) e a sequência desses componentes ao longo das diversas séries, isto é, ao longo do curso (ordenação vertical).

Na elaboração gerul do plano curricular devem ser seguidas as diretrizes fixadas:

- pelo Conselho Federal de Educação paÍa^organizaçío curricu- lar a nível nacional, no que se refere ao estabelecimento dos componentes mínimos e obrigatórios (núcleo comum);

z Fìdna Cruz, "Princípios e critérios para o planeiamento da^s atiüdades didáticas". Em: Amélia Domingues de Castro et alii, Diúítica pra a escola de I? e 2? gfaus, p. 53.

J Parecer n" 853/71 do Conselho Federal de Educação.

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98 Capítulo 4 - pelo Conselho Estadual de Educação, que relaciona os compo-

nentes que a escola pode escolheÍ p t formar LpaÍte diversifi- caida do currículo.

A escola pode, também, propor ao Conselho de Educação de seu Estado outros componentes para L paÍte diversificada. Caso seiam aprovados, podeúo ser incluídos no currículo da escola.

O plano de currículo é elaborado pela escola, por todos aqueles que participam do processo pedagógico. Cada escola do sistema público de ensino elabora o seu plano de currículo, seguindo as diretrizes básicas do sistema a que pertence, e levando em conta as caracterísücas de sua clientela e as reais condições de trabalho que apresenta.

"Como vemos, o planeiamento tem níveis distintos de abrangên- cia; no entanto, cada nível tem bem definido e delimitado o seu uni- verso. Sabemos que um nível particulariza - um 6u váries - aspectos de[neados no nível antecedente, especificando com maior precisão as decisões tomadas em relação a determinados eventos da açío educaüva;'

3. O planejamento didático ou de ensino

O planeiamento de ensino é a previsão das ações e procedimen- tos que o professor vutealizar iunto a seus alunos, e a organização das atiúdades discentes e das experiências de aprendizagem, visan- do atingir os obietivos educacionais estabelecidos. Nesse sentido, o planeiamento de ensino ou diüítico é a especifictçío e operaciona- hzaçío do plano curricular.

"O professor ao planeiar o ensino antecipa, de forma orgtniza- da, todas as etapas do trabalho escolar. Cuidadosamente, identifica os obieüvos que pretende atingrr, indica os conteúdos que serão desenvolvidos, seleciona os procedimentos que utilizará como estra- té$adeação e prevê quais os instrumentos que empregará paÍLavt' liar o progresso dos alunos."5

c C. M. Turra et ú| PlaaQamento fu ensttn e awlfuzçfu, p. 21.

5ldem, ibidem, p. 49.

O planeiamento da ação dirJítica

Assim, no que se refere ao aspecto didático, planeiar é:

- a1la[s21 as características dâ clientela (aspirações, necessidades e possibilidades dos alunos);

- refletir sobre os recursos disponíveis;

- definir os objetivos educacionais considerados mais adequados p raa clientela em questão;

- 5slssisnar e estruturar os conteúdos a serem assimilados, distri- buindo-os ao longo do tempo disponível para seu desenvolü- mento;

- prever e otganizar os procedimentos do professor, bem como as atividades e experiências de construção do conhecimento consi- deradas mais adequadasptaa consecução dos obietivos estabe- lecidos;

- prever e escolher os recursos de ensino mais adequados para estimular a participação dos alunos nas atividades de aprendiza- gem;

- e prever os procedimentos de a:vúiação mais condizentes com os obietivos propostos.

Como podemos ver, o planeiamento didáüco também é um pro- cesso, que envolve operações mentais como: analisar, refletir, defi- nir, selecionar, estruturar, distribuir ao longo do tempo, prever for- mas de agir e otganiztr.

A culminância, ou melhor, o resultado do processo de planeia- mento da ação docente é o plano didtítico. Em geral, o plano didá- tico assume a forma de um documento escrito, pois é o registro das conclusões do processo de preüsão das atividades docentes e dis- centes.

Algumas vezes, o professor nío faz por escrito o seu plano, isto é, nío anota as conclusões a que chegou. No entanto, ele planeja mentalmente as etapas de sua aÍ]u ç^o na sala de aula, prevendo as suas aüvidades e as de seus alunos. Quando ele não anota as suas preüsões, pode correr o risco de se perder ao executar o que pla- nejou, pois a memória pode falhar, fazendo-o esquecer os procedi- mentos previstos. Por isso, é aconselhável que se faça o registro por escrito das conclusões do planejamento didático.

A forma de registro vai depender de cada professor, mas o que se recomenda é que ele faiça as anotações de modo simples, claro e 99

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1 0 0 Capítulo 4

preciso. A professora lrene Carvalho diz que "os planos devem ser pessoais. Precisam ÍetÍüaÍ a personalidade do professor, suas con- cepções individuais, sua capacitação profi ssional. Planos elaborados por outros, ou mesmo por equipes de educadores, poderão ser con- sultados como fontes de ideias, mas nunca deveremos copiá-los.

Todo trabalho didático tem de ser criativo, iamais repetitivo"ír.

Também é bom lembrar que o processo mental de planejamento esuá ligado ao processo mental de criação: planeiar é criar com base nas condições da realidade e tendo em vista obietivos definidos.

Outro aspecto a ser lembrado é que "o plano é apenas um rotei- ro, um instrumento de referência e, como tal, é abreviado, esquemá- tico, sem colorido e aparentemente sem vida. Compete ao professor que o confeccionou, dar-lhe vida, relevo e colorido no ato de sua execução, impregnando-o de sua personalidade dinâmica, sua úbração e seu entusiasmo, enriquecendo-o com sua habilidade e expressiúdade"7.

Existem três tipos de planeiamento didático ou de ensino, que relacionamos a seguir, de acordo com seu nível de especificidade crescente:

a) planeiamento de curso;

b) planeiamento de unidade üdâtica ou de ensino;

c) planeiamento de aula.

Planeiamento de curso

Planejamento de curso é a preúsão dos conhecimentos a serem desenvolvidos e das atiüdades a serem realizadas em uma determi- nada classe, durante um certo peúodo de tempo, geralmente duran- te o ano ou semestre letivos.

O resultado desse processo é o plano de curso, que é a previsão do trabalho docente e discente p rL o ano ou o semestre letivos. O plano de curso é um desdobramento do plano curricular.

Em geral, o planeiamento de curso segue a seguinte sistemática:

6Irene Mello Carvalho, O processo dtdático, p. 87.

7 C. M. Turra et alii, obra citadz, p. 47-8.

O planejamento da ação didática

l. Levantar dados sobre as condições dos alunos, fazendo uma son- dagem inicial.

2. Propor obietivos gerais e definir os obietivos específicos a serem aüngidos durante o período letivo estipulado.

3. Indicar os conteúdos a serem desenvolüdos durante o período.

4. Estabelecer as atiüdades e procedimentos de ensino e aprendiza- gem adequados aos obietivos e conteúdos propostos.

5. Selecionar e indicar os recursos a serem utilizados.

6. Escolher e determinar as formas deavaliaçío mais coerentes com os obietivos definidos e os conteúdos a serem desenvolüdos.

Planeiamento de unidade

A professora Irene Canalho diz que a unidade didáüca "reúne várias aulas sobre assuntos correlatos, constituindo uma porção sig- nificativa da mattêrt4 que deve ser dominada em suas inter-rela- Ções"s.

Segundo Claudino Piletti em seu lnro Diúítica geral, o profes- sor, ao planeiar a unidade de ensino, deve estabelecer três etapas:

l. Apresentação - Nesta fase, o professor vai procurar identificar e estimular os interesses dos alunos, tentando aproveitar seus conhecimentos anteriores e relacioná-los ao tema. da unidade.

Dentre as aüvidades desta etapa podemos relacionar: pré-teste para sondagem das experiências e conhecimentos anteriores dos alunos; diálogo com a classe; aula expositiva para introduzir o tema, comunicando aos alunos os obietivos da unidade; apresen- tzção de material ilustrativo para introdução do assunto (cartt- zes, iornais, revistas etc.).

2. Desenaoluimento - frlssta fase, o professor organiza e apresen- ta situações de ensino-aprendizagem que estimulem a participa- ção aüva dos alunos, tendo em vista atingir os obietivos específi- cos propostos (conhecimentos, habilidades e atitudes). Entre as aüvidades reüzadas nesta etapa podemos indicar: solução de

l 0 l

s Irene Mello Cawalho, obra citada, p. 73.

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problemas, proietos-, estudo de textos, estudo dirigido, pesquisa, experimentação, tabalho em grupo.

3. Integração - Nls5ta fase, os alunos farlo umasíntese dos conhe- cimentos trabalhados durante o desenvolvimento da unidade.

\anarczlizaçío dessa síntese, são sugeridas as seguintes aüvida- des: elaboração de relatórios orais oú escritos quã sintetizem ós aspectos mais importantes da unidade; organizaçío de resumos e de quadros sinóticos.

No que se refere a essa terceira etap', üz a proÍessora Irene carvalho: "completado o estudo de todas as subúnidades, deverá ser recomposta a unidade no seu todo. o melhor meio para alcan- çar esse objetivo é levar os alunos a organízar um quadro sinótico completo e abrangente, no qual figurem todos os èonhecimentos essenciais da unidade. De início, os discentes terão de ser cuidado- samente orientados pelo professor, diminuindo-se essa tutela à medida que eles vão dominando a técnica de condensar e organi- zar o pensamento"9.

Planejamento de aula

No planeiamento de aula, o professor especifica e operacionali- za os procedimentos diários paÍa a concreüzação dos planos de curso e de unidade.

Ao planeiar uma aula o professor:

- prevê os objetivos imediatos a serem alcançados (conhecimen- tos, habilidades, atitudes);

- especifica os itens e subitens do conteúdo que serão trabalhados durante aaula;

- define os procedimentos de ensino e organiza as atividades de aprenüztgem de seus alunos (individuais e em grupo);

- indiç2 os recursos (cartazes, mapas, jornais, livros, obietos variados) que vão ser usados durante a, aula para despertar o

'r ldem, ibidem, p. 85. ro Claudino Plleü, Didática geml, p.72

interesse, facilitar a compreensão e estimular a participação dos alunos;

- s5ta[sfece como seú feita a arvaliação das atiüdades.

Portanto, planeiamento de aula "é a sequência de tudo o que vai ser desenvolüdo em um dia letivo. (...). É a sistematização detodas as atiüdades que se desenvolvem no período de tempo em que o professor e o aluno interagem, numa dinâmica de ensino-aprendiza- gem"lo.

Além disso, o plano de aula deve estar adaptado às reais condi- ções dos alunos: suas possibilidades, necessidades e interesses.

Ao elaborar o seu plano de aula, o professor deve levar em conta as caracterísücas dos alunos e partir dos conhecimentos que eles iá possuem. Por isso, é importante que o professor faça uma sondagem do que os alunos já sabem sobre os conhecimentos a serem deien- volvidos.

Em geral, o plano de aula do professor assume a forma de um diário ou de um semanário.

4. A função do planejamento das atividades diúíticas Cabe aqui uma pergunta: afrnal, por que eparu,que planeiamos?

Em resposta t esta pergunta, podemos a^firmar que o trabalho planeiado, em qualquer setor da atiúdade humana, contribui para:

- aüngir os obietivos deseiados;

- superar diftculdades;

- controlar a improüsação.

Da mesma forma, o planeiamento didático é uma atiüdade importante e necessária porque tem como função:

a) Prever as dificuldades que podem surgir durante aaçío docenre, para poder supení-las com economia de tempo.

b) Evitar a repeüção rotineira e mecânica de cursos e aulas.

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ro4

Capítulo 4

c) Adequar o trabalho didático aos recursos disponíveis e às reais condições dos alunos.

d) Adequar os conteúdos, as atividades e os procedimentos de ava- Eaçío aos obietivos propostos.

e) Garantir a distribuição adequada do trabalho em relaçío ao tempo disponível.

Como podemos ver, o processo de planejamento permite ao pro- fessor organizar antecipadamente a ação didáüca, contribuindo para a melhoria tanto do trabalho docente como discente. É por isso que a professora Edna Cruz afirma que "uma das aüvidades básicas da qual depende em grande parte o êxito da ação docente é o planeia- mento didático. Talvez seia ela z ativrdade que menos preocupa os professores e a que se realiza de forma mais desvirtuada. Falha-se quanto aos reais obietivos do planejamento quando se faz dele mera atividade burocrática, um trabalho a mais a ser cumprido pelos pro- fessores que não se apercebem de suas finalidades"ll.

5. Características de um bom plano didático ou de ensino

Como ümos, o plano é o resultado do processo mental de pla- neiamento. É um esboço, um roteiro das conclusões e decisões tomadas.

Em todos os setores da aüvidade humana, um plano, para ser considerado adequado, deve seguir certos princípios. Da mesma forma, um plano didáüco adequado deve apresentar as seguintes caracterísücas:

a) Coerência e unidade - ii a conexão entre obietivos e meios, pois os meios devem ser adequados para atingir os obietivos pro- postos. No que se refere ao plano didático, trata-se da convergên-

cia, da correlação entre os obietivos, os conteúdos, os procedi- mentos de ensino e aprenüztgem e as formas de avalìaçãLo.

I I Edna Cruz, Princípios e cìüfi.os..., cit., p. 50, l2 C. M. Turra et 'alii, obra citadâ, p. 48.

O planei4glento da ação üdâtica

b) Continuidade e sequência -É,apreüsão do trabalho de forma integrada do começo ao fim, garantindo arclaçío existente entre

asvãnas atividades.

c) Flcxibilidade - É, a possibilidade de reaiustar o plano, adaptan- do-o às situações não preústas. O plano deve satisfazer os inte- resses e as necessidades dos alunos, sem afastar-se dos pontos essenciais a serem desenvolvidos. Isto quer dizer que o plano

"deve permitir a inserção sobre a matcha., de temas ocasionais, subtemas não previstos e questões que enriqueçam os conteúdos por desenvolver, bem como permiür alteração - resrição ou supressão - dos elementos preüstos de acordo com as necessi- dades e/ou interesses dos alunos"l2.

d) Objetiuidade efuncionalidade - Q6n5i51s em levar em conta a anrílise das condições da realidade, adequando o plano ao tempo, aos recursos disponíveis e às caracterísücas da clientela

(possibilidades, necessidades e interesses dos alunos). Assim, os conhecimentos a serem trabalhados e assimilados devem atender aos interesses e necessidades dos alunos de forma funcional, efe- tiva, e prâtica.

e) Precisão e clareza - O plano deve apresentar uma linguagem simples e clara: os enunciados devem ser exatos e as indicações precisas, pois não podem ser objeto de dupla interpretação.

ParaÏina-lizar, gostaríamos de salientar que o planeiamento didá- tico não deve ser apenas uma formalidade ou uma mera atiüdade ritualista, que visa simplesmente a elaboraçío de um plano vazio e sem sentido, p Í? saüsfazer uma exigência burocrática.

Como ümos, no decorrer deste capítulo, o planejamento é um processo, e como tal é aüvo e dinâmico, envolvendo operações men- tais como analisar, prevet selecionar, definir, estruturar, organizar.

Planeiar, poÍtanto, é refletir, é prever, ê crtar, é agir.

O plano didático, sendo a culminância desse processo eminen- temente dinâmico, não pode ser estático e rígdo. É por isso que a professora lrene Carvalho afirma que "nunca nos devemos escraü- zaÍ no planeiamento. Em contato direto com os planos, novas ideias nos podem ocorrer, novos enfoques nos parecerão mais opor-tunos,

l 0 5

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106 Capítulo 4

e aí seria absurdo nos atermos ao que planeiamos, e deixarmos de lado uma atuaçío mais conveniente e mais inspirada. Planeiamento criterioso e flexibilidade em sua execução são normas que não se contradizem. ï\rdo o que üse a tornar nosso trabalho mais eficien- te, ou a aiustá-lo às necessidades dos educandos deve ser emprega- do pelo professor competente e esclarecido"ls.

Resumo

1. O planejamenlo é um processo mental que supõe análise, refle- xão e previsõo. O plano é o resultado do planejamento.

2. O trabalho planejado é importante e necessário porque:

- evita a improvisação;

- ajuda a preyer e superar dificuldades;

- côntribul para a conseeução dos obietivos estabelecidos com economia de tempo e eficiência na ação.

3. As características de um bom plano são:

- coerência e unidade;

- continuidade e sequência;

- flexibilidade;

- objetividade e funcionalidade;

- clareza e precisão.

4. No campo da educação e do ensino há vários tipo-s de planeia- mento, que variam de acordo com o seu grau de abrangência:

a) planejamento de um sistema educacional;

b) planeiamento da escola;

c) planejamento de currículo;

d) planejamento didático ou de ensino:

- planejamento de curso;

- planejamento de unidade;

- planejamento de aula.

5. Do ponto de vista didático, planeiar é prever os conhecimentos a sórem trabalhados e organizar as atividades e experiências

13 Irene Mello Carvalho, obra citada, p. 87

O planeiamento da ação didática

dr elrsino-trprerrclizngerrr r.onsideradas nrais adt'qundls parâ ir corrse<.ução rlos objr.íivos eslalrt'lq.idos. k vrurdo t lrr r.olrla a reuIidade dos erlurros. sluìli !r(t(.essidtrdes r. ink'rerssts.

L07

Arividodes

L Determine o diÍerenço existente entre ploneiomento e plono.

2. Relocione, por ordem decrescente de obrongêncio e complexidode, os diversos tipos de ploneiomento existenles no seÌor do educoçõo e do ensino, explicondo, por escrito e com suos próprios polovros, codo um deles.

3. Indique quois sõo os Íunções do ploneiomento do oçõo didótico.

4. Determine guois sõo os corocterísticos de um plono de ensino ode quodo, explicondo codo umo delos.

5. Anolise e comente por escrito o seguinte oÍirmoçõo:

"Pelo ensino executodo de ocordo com plonos bem deÍinidos e flexí- veis, o proÍessor imprime um cunho de moior seguronço oo seu tro- bolho e oportunizo oos olunos um progressivo enriquecimento do seu sober e do suo experíêncio"l4.

ó. Trobolho em grupo

O professor Cloudino Piletti diz que "no processo de ploneiomento procuromos responder òs seguintes perguntos:

- O que pretendo olconçor?

- Em quonto tempo preiendo olconçor?

- Como posso olconçor isso que pretendo?

- O que fozer e como Íozer?

- Quois os recursos necessórios?

- O que e como onolisor o situoçõo o fim de veriÍicor se o que pre- tendo foi olconçodoÇ" | 5.

Anof ise essos perguntos, e relocione cado umo delos o umo dos elcr pos do processo de ploneiomento de ensino. Assim, oo concluir esso otividode, você teró identiÍicodo todos os Íoses do ploneiomento de

l, C. M. Turr.r et alii, obrz citâdâ, p. 50.

r5 Claudíno Pilctti, obra citadâ, p. 61.

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ensino, moslrondo o correloçõo existente enÌre codo etoPo e o ques- fõo opresentodo.

Depois, confiro o conclusõo do seu gruPo com o dos demois gruPos do closse.

Ie i turas c ornp lernentare s

Planeiamento de ensino e avaÍaçã;o

Pelo planeiamento o homem organiza' e disciplina a sua ação, paúndo sempre pararcúizações mais complexas e requintadas. 1p. t2)

Assim também acontece nos mais diversos campos da aüvidade humana.

Para a obtenção de êxito, o pl'aneiamento se impõe corno medida básica. O iuiz que preside um iulgamento prepara de antemão quais as ações que prattcará na corte de iustiça; o médico que realiza uma intervenção cirúrgica prevê sua ação compatibilizando-a com as norÍnas da técnica mais adequada ao caso; o üaiante tem sua preúsão feita para cadaetzpadavragem a ser realizada; a dona de casa planeia como administrar o lar.

Disso tudo, concluímos que o planejamento é um coniunto de ações coor- denadas entre si, que concorrem Para a obtenção de um certo resultado dese- jado. (p. 12)

Nunca devemos pensar num planeiamento pronto, imutável e definitivo.

Devemos antes acreditar que ele representa uma primeira aproximação de medidas adequadas a uma determinada realidade, tornando-se, através de sucessivos replaneiamentos, cada vez mais apropriado pata enfrentar a proble- mática desta realidade. Estas medidas favorecem a passagem gradativa de uma situação existente para uma situação deseiada. (p. t3)

õ planelamento requer que se pense no futuro. É composto de vária^s eta- pas interdependentes, as quais, através de seu coniunto, possibilitam à pessoa ou grupo de pessoas aüngir oS obieüvos-

É a base p Ía L ação sistemática. É utilizado na írea econômica, social, política, cultural e educacional, permitindo o maior progresso possível, dentro da margem de operação definida pelos condicionamentos do meio.

A educação é hoie concebida como fator de mudança, renovação e pro- gresso. Por tais circunstâncias o planeiamento se impõe, neste setor' como recurso deorgtnização.Ê'o fundamento de toda aaçío educacional. (p. 14)

O professor, concretizando suas decisões, num plano bem definido e coe- rente, terá sempre à mão o roteiro seguro da marcha a seguir e das providên- cizrs a tomar no seu deüdo tempo, relacionando todos os pormenores de sua

atuação com os obietivos traçados. ç. a7)

O planeiamento da ação didática 1 0 9

O planeiamento educacional e a práLtica dos educadores

O conüato direto com o trabalho dos educadores que atuam nas escolas tem mostrado algunras eüdências interessantes em relação à questão do plane- jamento das suas atiüdades. De maneira geral, conr alguma^s exceções, os pro- fessores manifestam uma opinião negativa em relação à tarefa de elaborar, exe- cutar e avaliar planos de ensino; verbalizam que este trabalho é inútil, burocrá- tico e que pouco tem contribuído para facilitar a sua prática em sala de aula.

Já os técnicos e especialistas que trabalham nas escolas, especialmente os super"visores escolares, apresentam opinião diferente: verbaliz.am que o planc- iamento (como sinôninto de plano) é nruito imporÍante, valioso e imprescindí- vel para o bom desempenho do professor em sala de zrula.

Por que será que, para os professores, a sistcmática de planeiamento é percebida de forma negativa, enquanto que os técnicos a percebem positiva- nrente? Por que essa diferença de atitude? (p. .13)

A questão do planeianrento não pode ser compreendicla de maneira des- vinculada da especificidade da escola, da competência técnica e do compro- nrisso político do educador e ainda das relações entre escola, educação e sociedade. O planejanrento não é neutro. O processo de planeiamento não pode ser encarado conìo uma técnica desvinculada da contpetência e clo com- prornisso políüco do educador. O bonr plan<l é aqucle quc conta corn o respal- clo da competência do suieito que o desenvolve. O b<lm plano é aquele que se amolda dizúeticamente ao real, transformarrdo-o. lì como recuperar isto nos professores tão desgastados pelo fazer burocrático? Uma outra questão pode dar a pista: o que o professor sabe fazer nrelhor apesar de toda a precarieda- cle da sua formação?

De maneira geral, podemos constatar que o professor entende do conteúr- do daquilo que ensina. Mesmo que este conteúdo fique diluído em técnica^s e rnétodos, pode-se afirmar que ele conhece os itens do programa e sabe como transmiti-los a seus alunos. Em suma, aprâlica do professor está "colada" ao conteúdo que ele sabe, que ele domina mesmo que precariamente. Como con- sequência, o professor acaba ensinando aquilo que ele sabe e nem sempre aquilo que o aluno precisa aprender. Por que, então, não partir desta eüdên- cia? Por que não recuperar uma fornra cle planefamento a partir da relação entre a prâtica do professor (sua experiência) e uma fundamentação teúrica crítica acerca da educação? O "saber o conteúdo" não poderia ser um ponto cle panida? Como?

Um ponto que necessita ser recuperado e reforçado no fabalho do pro- fessor é o do planeiamento das aulas que ele dá. A elaboração de planos de ensino, como tem sido feita, tradicionalmente, pode dar a falsa impressão de (C. M. Turra et

^lii, Planqanento de ewino e aaaliação.)

(9)

l l 0 Capítulo 4

que as aulas estão preparadas. No entanto, nem sempre isto é verdadeiro. A ela- boração de planos (obieüvos educacionais gerais, instrucionais, conteúdos, estratégias e avaliação) não elimina o preparo da aula, em si.

O preparo da uila, compromeüdo com a efetiva aprendizagem do aluno, envolve um conjunto de procedimentos ligados diretamente à competência téc- nica e ao compromisso do professor. Estes procedimentos, portanto, envolvem o saber do professor, o saber fazer e sua atitude frente ao seu trabalho como educador. Alguns pontos podem ser considerados básicos parl o preparo de uma boa aula: a) conhecimento do aluno concreto; b) conhecimento profun- do do conteúdo que ensina; c) conhecimento de procedimentos básicos e coe- rentes com L n l.J.tÍe?a dos conteúdos; d) conhecimento de procedimentos de avaliação que avaliem a consecução dos obietivos; e) conhecimento do valor da interação professor-aluno como elemento facilitador da aprendizagem;

0 conhecimento da dimensão social do trabalho do professor na sala de aula.

Como pode ser percebido, os conteúdos a serem ensinados e aprendidos pelo aluno centralizam, de certa forma, os elementos curriculares como obie- üvos, procedimentos, avalitçãio e interação professor-aluno. O importante é que o professor perceba a unidade dinâmica entre os elementos curriculares envolüdos numa aula, num curso, numa habilitação. A aula tem que ser perce- bida no todo do currículo da escola e o currículo da escola percebido na sín- tese complext que cada uma das aulas é.

A formação competente dos alunos depende diretaÍnente da qualidade de cada uma das aulas que estllo sendo dadas; a qualidade de ctda uma destas aulas depende diretamente do empenho do professor no seu preparo, na sua execução e na sua avaliação. E é nesÍe processo que os professores podem con- trar com o apoio do trabalho dos especialislas e coordenadores. (p. 35)

(fosé Cerchi Fusarl. "O planeiamento educacional e a prática dos educadores". ANDE, Reaista da Astoctação Nactonal de Educafio, n.8.)

Atividades sobre as leiturzs complementaf,es

I. Trabalbo índiaidual

Leia o primeiro teJcto cornplemer.tar e escolha o trecbo quc tncê con- sideta nais sígniJìcatíw, expllcando por esc,rito a razôío fu escolba.

O planeiamento da açío üdâtica_ - j * v w s c l r L 4 r r l

2. Trabalbo en gn4po

reia o squndo texto comprcmentar. No ínício do texto, o autor descre- üe um' situação que dcfato acoflt@e nas escolas:

" r*triê";;;-dc'atguns prolfessores fuÍuer um plano por escrito.

. Analrse a situaçiio desc-ritaperoprofessor Fusai no segando texto, ten- tando indicar s-turs causas.

olseruaçao: Ao longo deste capítulo, você poderá enconrrar argumas informa- ções que o ajudarão a indicar as .arôus p"i""!u"i, essa situação ocorre.

Referências

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