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Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária Declaração após a conclusão de sua visita ao Brasil (18 a 28 março de 213)

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Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária Declaração após a conclusão de sua visita ao Brasil

(18 a 28 março de 213)

“O Grupo de Trabalho das Nações Unidas sobre Detenção Arbitrária realizou uma visita oficial ao Brasil de 18 a 28 de março de 2013, na sequência de um convite do Governo. A delegação foi composta de dois membros do Grupo de Trabalho: o Sr. Roberto Garretón (do Chile) e o Sr.

Vladimir Tochilovsky (da Ucrânia). Eles foram acompanhados pela equipe do Escritório das Nações Unidas do Alto Comissariado para os Direitos Humanos em Genebra.

O Grupo de Trabalho gostaria de agradecer o Governo da República Federativa do Brasil pelo convite para visitar o país. O Grupo de Trabalho foi capaz de realizar as diversas etapas da visita devido à total cooperação do Governo. Ele também gostaria de agradecer ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) pela assistência na preparação da visita. O Grupo de Trabalho também se estende seu apreço às organizações da sociedade civil que conseguiu receber no Brasil.

O Grupo de Trabalho se beneficiou de diversas reuniões com autoridades federais e estaduais e aprecia a valiosa informação que eles forneceram. Ele se reuniu com autoridades de alto escalão dos poderes Executivo e Judiciário da Federação, incluindo: o Ministro da Justiça; o Ministro da Saúde; o Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República; a Ministra-Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República; o Ministro-Chefe do Gabinete da Presidência da República; o Superior Tribunal de Justiça (STJ); o Conselho Nacional de

Defensores Públicos Gerais (CONDEGE); um representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB); o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP); o Conselho Nacional de Justiça (CNJ); a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP); o Departamento Penitenciário Nacional (DEPEN); a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos; o Conselho de Defesa dos Direitos Humanos; a Secretaria de Políticas para as Mulheres; a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial; a Secretaria de Atenção à Saúde; a Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente (SNPDCA); e a Secretaria Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos.

Em todas as cidades que visitou, o Grupo de Trabalho se reuniu com funcionários dos diversos Ministérios; juízes de primeira instância e procuradores; e autoridades locais. No Distrito Federal, reuniu-se com os representantes do Tribunal de Justiça, do Ministério Público e da Defensoria Pública, bem como com a Secretaria de Segurança Pública; a de Crianças; e a de Justiça, Direitos Humanos e Cidadania.

No Estado do Ceará, o Grupo de Trabalho se reuniu com representantes do Tribunal de Justiça, do Ministério Público e da Defensoria Pública, bem como a Secretaria de Justiça e Cidadania do Ceará. No Rio de Janeiro, o Grupo de Trabalho se reuniu com representantes do Tribunal de Justiça, do Ministério Público e da Defensoria Pública, bem como com a Secretaria de

Assistência Social e Direitos Humanos e a Secretaria de Segurança.

Durante a sua visita a São Paulo, o Grupo de Trabalho se reuniu com a Secretaria de Estado de Segurança Pública e com a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, bem como com

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representantes do Tribunal de Justiça, do Ministério Público e da Defensoria Pública. Por fim, no Mato Grosso do Sul, o Grupo de Trabalho se reuniu com representantes do Tribunal de Justiça, do Ministério Público e da Defensoria Pública, bem como com a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública e com a Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário. Nos Estados visitados, o Grupo de Trabalho também se reuniu com os membros do Parlamento; com os representantes das Ordens de Advogados; com representantes de organizações

internacionais; e com organizações da sociedade civil brasileira.

O Grupo de Trabalho reconhece que foi capaz de visitar todos os locais de detenção que solicitou e realizar entrevistas privadas com os detentos de sua escolha sem restrição.

O Grupo de Trabalho visitou lugares onde pessoas são privadas de sua liberdade em Brasília, Campo Grande, Fortaleza, Rio de Janeiro e São Paulo. No Ceará, o Grupo de Trabalho fez uma visita surpresa a uma delegacia e visitou o Centro de Detenção III "Professor Jucá Neto"

(Complexo Penitenciário Estadual Itaitinga II), bem como a Unidade de Psiquiatria do Hospital Geral e Sanatório Penal Otávio Lobo.

No Rio de Janeiro, visitou o Complexo Penitenciário de Bangu Gericinó (Penitenciária Vicente Piragibe), bem como o Centro de Atendimento Intensivo Belford Roxo (CAI-Baixada). No Estado de São Paulo, o Grupo de Trabalho visitou a Unidade Experimental de Saúde, bem como o

Centro de Detenção Temporária I de Pinheiros. Por último, a delegação visitou a Colônia Agrícola de Campo Grande.

No que diz respeito à proteção dos direitos humanos, o Brasil é parte em diversos tratados e acordos internacionais e regionais de direitos humanos, incluindo o Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos. Em nível nacional, a Constituição Federal de 1988 do Brasil oferece proteção para o núcleo de direitos fundamentais, incluindo o direito de não ser arbitrariamente privado de sua liberdade. Ele também prevê, inter alia, o direito à assistência jurídica gratuita para os indigentes; o direito de pessoas detidas a determinados recursos judiciais, como Habeas corpus; o direito de uma pessoa detida de ser informada do direito dela ou dele; o direito a ter uma ordem judicial absolvendo uma prisão ilegal e o direito de não ser preso, onde a lei permite a libertação por meio de fiança. Várias legislações foram promulgadas nos últimos anos, o que têm reforçado o direito constitucional à liberdade.

O Grupo de Trabalho observou iniciativas positivas, como as alterações em 2011 no Código de Processo Penal estipulando que a prisão preventiva deve ser considerada um último recurso para aqueles que cometeram crimes com pena de prisão inferior a quatro anos. A disposição sobre medidas de precaução também é progressiva, prevendo medidas alternativas à privação de liberdade. A Lei de Execução Penal, alterada em 2011, proporciona benefícios como redução de sentenças de prisioneiros se o preso tomou a iniciativa de buscar educação.

Reformas legislativas positivas sobre adolescentes em conflito com a lei e em relação às pessoas com deficiência mental têm sido promulgadas também. O Grupo de Trabalho também observou as boas práticas que têm o potencial de ser reforçadas para maior proteção do direito de ser livre da privação arbitrária de liberdade. Algumas delas incluem instituições existentes que podem ser reforçadas, como a força-tarefa do Conselho Nacional de Juízes que visita presídios e deu

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assistência nos últimos anos para liberar muitos presos que estavam detidos ilegalmente. Forças- tarefas independentes semelhantes têm a capacidade de ajudar na proteção contra a detenção arbitrária, se forem estabelecidas em nível de Estado no Brasil.

Não obstante as iniciativas positivas que o Grupo de Trabalho observou, este gostaria de chamar a atenção do Governo para uma série de questões que precisam ser tratadas de forma eficaz, a fim de assegurar a proteção rigorosa contra a privação arbitrária de liberdade.

Apesar das reformas positivas legais no sistema de justiça criminal, o Grupo de Trabalho

observou que, na prática, o acesso à justiça para as pessoas presas ou detidas é muito deficiente em muitos aspectos. Vários pré-requisitos existem como garantias fundamentais contra a

privação arbitrária de liberdade. Estes incluem os direitos fundamentais de pessoas presas e detidas em fase de pré-julgamento; fase de julgamento e depois que uma condenação tenha sido executada.

Ao longo de sua visita, o Grupo de Trabalho se referiu consistentemente a normas

internacionais de direitos humanos, particularmente aquelas consagradas no Pacto Internacional sobre os Direitos Civis e Políticos, ao qual o Brasil aderiu. Em particular, o artigo 9 fornece as salvaguardas contra a privação arbitrária de liberdade, a saber: que uma pessoa detida não deve ser privada de sua liberdade de forma ilegal, que ele/ela deve ter o direito de ser informado(a) no momento da prisão sobre as razões para a prisão; o direito a ser prontamente informado(a) de todas as acusações contra ele/ela; o direito de ser prontamente levado perante um juiz; e o direito de ser julgado num prazo razoável ou ser liberado. O artigo 9 também declara que não deve ser a regra geral que pessoas que aguardam julgamento sejam detidas sob custódia, mas a soltura poderá estar condicionada a garantias que aparecem para o julgamento.

Em vista disso, o Grupo de Trabalho está seriamente preocupado com o uso excessivo de privação de liberdade no Brasil. O Brasil tem uma das maiores populações de prisioneiros do mundo, com mais de 550 mil pessoas na prisão. O que é mais preocupante é que cerca de 217 mil detidos aguardam julgamento em prisão preventiva. O número de indígenas em relação à população carcerária também aumentou 33% durante os últimos anos. O Grupo de Trabalho também foi informado que as pessoas indígenas foram muitas vezes discriminadas tanto em relação a medidas preventivas aplicadas quanto em relação à punição imposta, o que muitas vezes envolveu uma prisão dura. A tendência preocupante observada é que a privação de

liberdade está sendo usada como primeiro recursos, em vez de último, como exigido por normas internacionais de direitos humanos.

O Grupo de Trabalho observou que, como resultado da detenção excessiva, instalações de detenção estavam geralmente superlotadas. Em alguns casos, o número de detidos excedeu a capacidade em 100%. Além disso, um número estimado de 192 mil mandados ainda têm de ser executados.

Apesar da alteração do Código de Processo Penal em 2011 para permitir a adoção de medidas alternativas à detenção, o Grupo de Trabalho observou que não houve redução significativa no uso de detenção desde a introdução desta alteração. Em incidências onde medidas como fiança foram aplicadas, o detido não foi capaz de pagar o montante exigido. O Grupo de Trabalho

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concluiu que a privação de liberdade foi imposta, mesmo em situações em que o crime foi

considerado de menor importância, como pequenos roubos não violentos ou o não pagamento de pensão alimentícia, levantando sérias preocupações sobre a aplicação do princípio da

proporcionalidade.

Durante a visita, o Grupo de Trabalho se deparou com casos em que a prisão preventiva prolongada durou por muitos meses, até anos. Durante esse período, o detido não sabia o que estava acontecendo com seu caso. O Grupo de Trabalho foi constantemente informado de que atrasos do Judiciário causaram atraso substancial e sério para os julgamentos. Recursos aos tribunais superiores também levaram muito tempo para resolver.

O problema com o acesso à justiça para os detidos tem sido agravado pela falta grave e, por vezes, inexistência de assistência jurídica efetiva. Uma queixa comum ouvida de todas as partes entrevistadas, incluindo os membros do Judiciário, foi a de que não há defensores públicos suficientes ou assistência jurídica disponível para atender aqueles que estão em detenção. A maioria dos que estão na prisão são homens jovens e negros de famílias pobres e que não podem pagar advogados privados. O Grupo de Trabalho observou que, em geral, a maioria das pessoas em desvantagem no sistema de justiça criminal, inclusive adolescentes e mulheres, eram pobres e não podiam pagar os meios para uma defesa jurídica adequada.

A sobrecarga de trabalho dos defensores públicos também é um problema crítico. Os defensores públicos que prestam assistência jurídica gratuita pode ter de lidar com até 800 casos ao mesmo tempo. Isso impactou negativamente o direito de um detento à igualdade e julgamento justo.

Mesmo em Estados onde há um sistema de defensoria pública, muitas vezes as áreas rurais ou do interior não têm defensores públicos atendendo as pessoas em detenção. A sobrecarga de

trabalho muitas vezes significava que os defensores públicos não foram totalmente eficientes na realização de suas responsabilidades.

Os detentos também afirmaram que só conheceram o seu defensor público no início de seu julgamento (acusação), o que pode ocorrer meses após a sua detenção. Em alguns casos, foram necessários anos antes dessa oportunidade no tribunal. A chance de conhecer e discutir um caso antes de julgamento foi maior se um prisioneiro tivesse um advogado particular. O Grupo de Trabalho observa que não faltam aos defensores públicos a necessária competência e qualificação para exercer as suas responsabilidades, mas que o problema está relacionado com a carga de trabalho pesado que eles têm para gerir. A deficiência em obter assistência jurídica eficaz é mais problemática, devido à ausência de serviços pro bono para detentos, como no Estado de São Paulo. Os juízes também informaram da sua própria dificuldade de lidar com o número de casos e, em alguns lugares, havia muito poucos juízes que lidam com casos criminais.

Devido à falta de assistência jurídica adequada, o Grupo de Trabalho encontrou muitos casos em que os detentos tinham direito a benefícios, como passar de um regime fechado para um regime semi aberto, o que não poderia ser obtido devido à ausência de assistência jurídica para garantir esse direito. O atraso na obtenção de uma ordem judicial para iniciar o processo era um

problema constante levantado durante a visita. O Grupo de Trabalho observou que a liberação em massa de presos pelo Conselho Nacional de Juízes nos últimos dois anos é prova de que o sistema de justiça criminal tem uma grave falta de fornecimento eficaz e adequado de assistência

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jurídica que pode ajudar no acompanhamento do caso de um detido. A natureza arbitrária desses casos é ainda exemplificada pelo fato de que aqueles que se qualificam para a liberação ou para os benefícios são os economicamente desfavorecidos, que não podem pagar assistência jurídica privada para ajudar em seu caso.

O Grupo de Trabalho também foi informado dos problemas com os detidos e presos acessando e se comunicando com seus parentes e advogados, devido à ausência de telefones ou canais de comunicação. Para entrar em contato com um advogado, um preso muitas vezes tinham de se comunicar através de membros da família quando estes iam visitá-lo. Se alguém não tem família, não havia nenhuma maneira de entrar em contato com o advogado para encontrar as informações sobre o seu caso.

O confinamento obrigatório de usuários de drogas também é uma questão de preocupação para o Grupo de Trabalho. O uso excessivo da prisão como medida punitiva no contexto dos usuários de drogas levanta questões sobre vários direitos humanos fundamentais.

O Grupo de Trabalho foi informado de que no Estado de São Paulo, o confinamento obrigatório de viciados em "crack" e em outras drogas ocorreu em um esforço para trazer os usuários que estão na rua para a detenção. No Estado do Rio de Janeiro, a maioria das pessoas abrangidas sob tratamento médico obrigatório foram crianças e adolescentes que vivem nas ruas. Os detidos, neste contexto, muitas vezes eram colocados em instalações que suas famílias ou advogados não conhecem e havia sérias dificuldades em acessá-los. O Habeas corpus é

permitido por lei, mas de difícil uso na prática, por exemplo, com os detidos por dependência de drogas. É necessário conhecer a sua identidade e onde estão detidos, informação que é muitas vezes difícil de obter.

Há informações de que Agentes da Polícia têm como alvo os usuários de drogas a fim de prendê-los e, muitas vezes, realizam prisões indiscriminadamente. O Grupo de Trabalho está seriamente preocupado com a informação de que estas medidas também são fortemente aplicadas devido a futuros grandes eventos, como a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 que o Brasil sediará.

A questão do confinamento compulsório também é preocupante, visto que a revisão periódica judicial muitas vezes não é realizada, uma vez que um usuário de drogas é colocado em detenção. A ausência de revisão judicial significa que uma pessoa também pode ser detida por períodos prolongados, mesmo quando ela ou ele é elegível para ser liberado. Isto é ainda mais importante dado que o número de pessoas presas por crimes relacionados com a droga no país é muito alta.

No que diz respeito à situação das pessoas em menoridade penal, o Grupo de Trabalho foi informado de que os crimes, delitos e contravenções cometidos por adolescentes e crianças são consideradas infrações e registradas no Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei. A legislação brasileira considera adolescentes os que estão na faixa etária entre 12 e 18 anos. Entre janeiro e junho de 2011, 29.506 adolescentes foram submetidos a medidas sócio- educativas e 91.321 foram colocados no Cadastro Nacional. Nenhum adolescente pode ser privado de sua liberdade durante mais de 45 dias à espera de uma decisão judicial. Um

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adolescente é detido por um período máximo de três anos, após o qual ela ou ele é liberada(o).

O Grupo de Trabalho reitera a necessidade de empregar medidas alternativas à prisão, como exigido por normas internacionais de direitos humanos, especialmente no trato com menores. O Grupo de Trabalho foi informado de muitos casos em que os menores são colocados em

detenção por pequenos delitos ou infrações que não justificam a privação da liberdade.

Uma das constatações mais graves do Grupo de Trabalho refere-se a seis adolescentes que estão detidos na Unidade Experimental de Saúde em São Paulo, que o Grupo de Trabalho foi capaz de visitar. Estes indivíduos foram detidos por crimes graves e perigosos e estavam perto de atingir os três anos máximos exigidos por lei. Eles foram, então, transferidos para a Unidade Experimental de Saúde, onde foram institucionalizados sem o devido processo legal. O Grupo de Trabalho está preocupado com a falta de base legal para a detenção destes indivíduos,

particularmente à luz do fato de que não há um prazo claro para a duração da sua detenção. O Grupo de Trabalho também foi informado de que não há revisão judicial eficaz sobre esses casos.

Alguns membros do Judiciário consideraram que a detenção nestes casos também poderia ser inconstitucional. Para justificar a privação de liberdade dos indivíduos e para responder à pressão social e da mídia para mantê-los na prisão, uma lei que remonta à década de 1930 tem sido usada para fornecer suporte jurídico para a detenção. Esta lei não responde aos princípios e normas consagrados na Constituição brasileira e no direito internacional dos direitos humanos. O Grupo de Trabalho entende que este tipo de privação de liberdade é arbitrária sob os padrões

internacionais de direitos humanos, particularmente se não possui base jurídica.

O Grupo de Trabalho também foi capaz de reunir informações sobre a privação de liberdade das pessoas no contexto de instituições psiquiátricas e foi informado de que algumas dessas

instituições são muitas vezes utilizadas para deter viciados em drogas também.

O Grupo de Trabalho observa que os problemas que encontrou durante a sua visita foram discutidos já dentro das diversas instâncias nas sociedades brasileiras. A maioria dos problemas que encontrou não é nova e a maioria dos entrevistados, tanto em reuniões governamentais quanto não governamentais, concorda que esses desafios existentes precisam ser resolvidos.

Membros do Judiciário também reconhecem que há uma necessidade de mudanças robustas a fim de reestruturar o sistema de justiça e permitir um melhor acesso à justiça. Esta é uma revelação positiva, à medida que a percepção dos problemas e desafios impulsionem, esperançosamente, ações e iniciativas para efetivamente resolver estas questões.

O Grupo de Trabalho reconhece os difíceis desafios que o Brasil enfrenta na luta contra

incidentes crescentes de atividades criminosas, como homicídios, violência de gangues, tráfico de drogas e de seres humanos, e assim por diante. Neste contexto, observa que a frequentemente a pressão pública e social apoiam legislações e políticas governamentais que são duras com o crime. No entanto, o Grupo de Trabalho adverte que as políticas governamentais e ações relacionadas à privação de liberdade no nível federal e estadual devem respeitar plenamente e estar em conformidade com as normas internacionais de direitos humanos, as mesmas que a República Federativa do Brasil aprovou por meio dos acordos já assinados e ratificados. Estes padrões internacionais claramente fornecem proteção contra a privação arbitrária de liberdade.

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Em conclusão, o Grupo de Trabalho gostaria de reiterar que está bem ciente das mudanças legislativas positivas em relação à privação de liberdade no Brasil. Ele encoraja o Governo a assegurar que tais situações sejam acompanhadas de medidas de implementação eficaz em estrita conformidade com as normas internacionais de direitos humanos. Ele também convida o Governo a considerar as questões que levantou hoje.

Estas são as observações preliminares do Grupo de Trabalho, no final de sua visita. Um relatório final sobre a visita será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos em 2014. Em seu

relatório, o Grupo de Trabalho apresentará várias recomendações ao Governo.

Muito obrigado.”

Referências

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