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ETNOMATEMÁTICA E ECONOMIA SOLIDÁRIA NO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

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Academic year: 2022

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ETNOMATEMÁTICA E ECONOMIA SOLIDÁRIA NO TRATAMENTO DA DEPENDÊNCIA QUÍMICA

Gabriel Nogueira Malta - USP - Universidade de São Paulo Renata Cristina Geromel Meneghetti - USP - Universidade de São Paulo

E-mail para contato: gabriel.malta@usp.br Apoio: Pró-reitoria de Graduação da USP (Programa Ensinar com Pesquisa e

Programa Unificado de Bolsas para Graduação)

Eixo Temático: Eixo 9 - Educação, Interculturalidade e Movimentos Sociais

Categoria: Comunicação oral

RESUMO

Este artigo aborda uma pesquisa realizada no contexto do processo de implantação de um Empreendimento em Economia Solidária (EES), a saber, uma horta orgânica em construção por um grupo de pacientes de uma unidade do Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas em São Carlos, SP. O trabalho tem o objetivo de explorar as relações entre a Economia Solidária, a Etnomatemática e o tratamento da dependência química, buscando evidenciar como a Etnomatemática se desenvolve nesse cenário e como favorece a consolidação do EES e o próprio tratamento da dependência. A pesquisa foi realizada na fase de implantação do EES, seguiu uma abordagem qualitativa e se enquadra na metodologia de pesquisa-ação. Os resultados obtidos na pesquisa mostram que a Etnomatemática pode contribuir no processo de construção de um EES, como é o caso da horta focalizada neste trabalho, e no tratamento da dependência química.

Palavras-chave: Etnomatemática. Dependência Química. Economia Solidária.

1. INTRODUÇÃO

Este trabalho faz parte de um projeto de pesquisa voltado para membros de uma horta orgânica em vias de se tornar um Empreendimento Econômico Solidário (EES), que se dá com pacientes de um Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas (CAPS AD) em São Carlos, interior de São Paulo. O objetivo

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2 do presente artigo é elucidar as possíveis contribuições do trabalho conjunto da Etnomatemática com a Economia Solidária (ES) para o tratamento da dependência química.

Um dos pressupostos teóricos do nosso trabalho é o Programa Etnomatemática que, segundo D’Ambrósio, é “[...] um dos mais significativos exemplos do enfoque transdisciplinar e transcultural do conhecimento, que repousa sobre o resultado da dinâmica do encontro de culturas” (D’AMBROSIO, 2009, p. 14).

A Etnomatemática parte do princípio de que todo conhecimento é gerado e organizado a partir de um determinado grupo em um espaço e num tempo delimitado, ou seja, que a Matemática é a expressão de um conhecimento gerado a partir de um determinado grupo cultural. Apesar de existirem muitas formas de se pensar e fazer matemática, apenas uma delas é apresentada nas escolas e tida como única possível. Isso se deve à negação dos conhecimentos tradicionais dos povos historicamente marginalizados, ao se aprofundar no sentido de etno na constituição da palavra Etnomatemática, Leira (2014) ressalta que sua significação vai para além do sentido de etnia justamente por ter a pretensão de destacar a negação histórica pela qual passaram os grupos marginalizados e também por procurar demonstrar as implicações desses saberes marginalizados não serem validados academicamente.

No contexto dos dependentes químicos, cabe analisarmos onde se situam no mercado de trabalho e compreender o papel terapêutico da atividade laboral para essas pessoas. Back e David (2007) defendem que o desemprego pode acarretar uma menor autoestima e um sentimento depressivo, fatores que podem dificultar o retorno desses trabalhadores ao mercado de trabalho formal.

Tais autoras ainda apontam que para pacientes em situação de dependência química, o trabalho é muito relevante na elevação da autoestima e positividade dos pacientes e, portanto, tal ocupação é importante para seu tratamento, elas acrescentam também a problemática da estrutura social exploratória envolvida no trabalho. Outro aspecto complicado que envolve a estrutura social e capitalista da nossa sociedade é o desemprego sistêmico que muito afeta os dependentes químicos.

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3 Segundo Amaral (2018), o emprego da força de trabalho cresce inversamente proporcional ao crescimento do oferecimento de mão de obra.

Essa ampliação do contingente de desempregados, exército industrial de reserva (EIR), força a diminuição dos salários e uma produção superior de mais- valia, ou seja, o desemprego é característica inerente ao capitalismo e fundamental para sua reprodução. Nesse sentido, como apontam Souza e Quinelato (2018), as margens do desemprego estão cada vez mais avassaladoras no nosso país, corroborando com essa mazela do capitalismo.

Assim, para Costa (2001), a pessoa usuária de substâncias psicoativas tornam-se vítimas do seu vício, acarretando numa dificuldade de sociabilidade que pode atrapalhara a manutenção/inserção no mercado de trabalho. Diante disso, é possível perceber a ES como uma saída para as problemáticas colocadas, pois ela permite uma organização do trabalho coletivo que não se baseia na exploração e consegue gerar trabalho e renda para os setores marginalizados, e se sustenta sobre quatro princípios fundamentais: a cooperação, autogestão, viabilidade econômica e a solidariedade (BRASIL, 2006). Segundo Singer e Souza (2000), uma Economia Solidária é baseada na propriedade coletiva do capital e na liberdade individual, valorizando de forma igualitária os trabalhadores e tendo como resultado a solidariedade e a igualdade. Sendo assim, um EES é uma organização de trabalhadores que segue os princípios da Economia Solidária.

Como já foi dito, a Etnomatemática valoriza grupos culturais diversos reconhecendo seus próprios saberes e fazeres, atuando no sentido de aprofundá-los e desenvolver novos a partir desses, isto pode se aplicar também em grupos marginalizados, como é o caso dos dependentes químicos. E é justamente por partir da valorização das culturas marginalizadas que a Etnomatemática tem o potencial de contribuir no desenvolvimento destas tanto culturalmente quanto economicamente quando vincula seus princípios ao desenvolvimento de um EES. Tendo na Economia Solidária uma forma de organização de trabalhadores visando à viabilização das condições materiais e imateriais de subsistência de determinado grupo social e na Etnomatemática um programa compromissado com a defesa da soberania social e cultural de grupos

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4 marginalizados, ao relacionar a Etnomatemática com a ES estamos potenciando o resultado de ambas.

Tal ligação consegue contribuir com a Etnomatemática fortalecendo seu vínculo com o compromisso social e também é capaz de fortalecer os EES.

Pretendemos agora esclarecer de que forma se dá e quais são essas possíveis contribuições da Etnomatemática e da ES no tratamento da dependência química, a partir da análise das intervenções e observações realizadas na horta do CAPS AD.

2. METODOLOGIA

Esta pesquisa segue uma abordagem qualitativa e se enquadra na metodologia de pesquisa-ação (THIOLLENT, 2000), onde os pacientes do CAPS AD e os pesquisadores atuam de modo cooperativo nesta realidade social específica, com a finalidade de promover mudanças no contexto social, trazendo desenvolvimento cultural aos membros envolvidos e a proposta de construção de um EES que contribua na geração de renda para eles. A formação do EES se inicia em conjunto com a própria pesquisa e objetiva a satisfação das necessidades materiais através da produção em uma horta orgânica.

Para o desenvolvimento da pesquisa, os procedimentos metodológicos incluíram: acompanhamento das atividades do CAPS AD, principalmente as atividades da horta orgânica (por meio de observação participante) e planejamento e realização de intervenções de educação matemática no contexto das atividades de trabalho da horta. A coleta de dados se deu por meio de observações participantes e intervenções pedagógicas realizadas na horta.

O número de pacientes é variável durante a pesquisa, mas mantém uma média de 7 pacientes presentes nas atividades. As atividades têm sido feitas durante o turno da tarde, semanalmente às segundas-feiras começando no dia 10 de setembro e se prolongando até os dias atuais.

Algumas intervenções pedagógicas em matemática foram feitas junto ao grupo, porém a maioria da nossa atuação se restringiu à observação participante do cotidiano do trabalho do grupo.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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5 Apesar da inconstância da participação do grupo, consolidou-se um núcleo de pacientes, constituído por 4 membros, que participa assiduamente da horta desde o início dos trabalhos até hoje (8 meses), acredito que em parte isso se deve à forte identificação dessas pessoas com o projeto embrionário do EES.

Esse núcleo tem sido o conjunto dos principais responsáveis pelo manejo da horta, comprometidos com as tarefas ordinárias e se envolvendo nas atividades de reflexão e planejamento. As pessoas desse núcleo também relatam que passaram a cultivar temperos e hortaliças em suas próprias casas.

O tratamento no CAPS AD não se faz através de internação, funcionando apenas de segunda a sexta nos turnos da manhã e tarde, uma dificuldade enfrentada, e já relatada pelos pacientes, é o tempo ocioso que ficam fora do CAPS AD, que temem ter uma recaída durante tais períodos. O trabalho com a horta contribuiu em preencher esse tempo ocioso, pois a partir da experiência dentro do CAPS AD, alguns dos pacientes também dedicavam o tempo fora da instituição para o cultivo de horta em suas casas.

Um hábito desenvolvido no grupo ao longo dos 8 meses é a coletivização das decisões, isso gerou entre o grupo a responsabilização pela horta e fortaleceu um dos princípios da ES no projeto de empreendimento da horta. A Etnomatemática tem uma parcela de mérito nesse resultado pois as decisões eram conduzidas de forma sistemática e planejada, analisando sempre se as condições locais sustentariam tais decisões.

Um bom exemplo da contribuição da Etnomatemática no processo de tomada de decisões foi durante o planejamento do que seria plantado no espaço.

Para essa deliberação dois fatores foram levados em consideração: o tempo de produção que a planta leva para começar a produzir e o espaço que ocupa. O tempo que a planta leva para crescer foi um elemento importante devido à ansiedade, característica do quadro clínico dos pacientes, pelo início da colheita.

O elemento espacial também foi central para a decisão já que a área disponível para plantio é pequena.

Para o planejamento foi preparada uma oficina que se dividia em quatro momentos: a medição do espaço da horta; a eliminação de possibilidades devido ao prazo longo até a colheita; eliminação de possibilidades devido à área exigida

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6 pela planta; e decisão final do que seria plantado. Para medir o espaço da horta, por falta de instrumentos, aproximamos 1 metro por 1 passo, um exemplo de procedimento etnomatemático familiar aos pacientes. Foi interessante observar que essa aproximação é usual para os pacientes, que já a usaram em experiências prévias de trabalho com construção civil e plantações e de forma alguma o erro da aproximação teve consequências negativas para o planejamento da horta.

O primeiro momento da intervenção que se deu em forma de oficina, portanto, dialogou com conhecimentos e experiências prévias de alguns indivíduos ao utilizar seus métodos usuais de medição. A partir da medição, observamos que o espaçamento entre uma fileira da horta e outra é de 1 metro e que a área disponível para o plantio mede 9m x 3m, após a primeira etapa, voltamos para o ateliê do CAPS AD. Na sala retomamos algumas sugestões, levantadas pelos pacientes, de plantas para a horta e, em cima dessas sugestões, fomos avaliando se seria viável ou não, primeiro levando em consideração o tempo de produção. Entre as muitas sugestões levantadas, a única que se mostrou inviável foi a abóbora por demorar cerca de quatro meses para a produção, segundo Malta (2018).

Após a fase de análise sobre o tempo de colheita, verificamos as possibilidades diante da área disponível para a horta, com esse fator eliminamos também a possibilidade do plantio de chuchu, pois a planta necessita um espaço de 6m x 6m (MALTA, 2018). Essa segunda etapa foi finalizada com uma lista de plantios viáveis para a nossa realidade, diante disso nos restou o planejamento pormenorizado do que seria plantado em cada fileira e quantas mudas caberiam.

Partindo da medição das fileiras da horta - 7 fileiras cada uma medindo aproximadamente 3m x 1m – foi calculado quantas das mudas sugeridas conseguiríamos plantar por fileira, sendo que já sabíamos o espaço ocupado por cada planta e o espaço total disponível. Relembrando o tempo de produção da alface, um dos pacientes sugeriu de plantarmos duas fileiras da hortaliça pois ela estaria pronta para colheita durante o verão, época em que mais se consome salada, todos concordaram e ficou decidido que 2 das 7 fileiras seriam de alface.

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7 A partir dessa decisão, foi perguntado ao grupo qual era a largura aproximada de uma fileira, ao que responderam que é aproximadamente 30cm, como cada pé de alface deve ocupar 20cm x 20cm, de acordo com Malta (2018), foi indagado também quantos pés de alface poderíamos plantar em uma fileira e esse questionamento fez com que um dos pacientes relatasse que na horta em que ele trabalhava, eles faziam "ruinhas", nome dado à subdivisão de uma fileira em várias filas de mudas para que coubessem mais. O pesquisador então questionou: então quantas "ruinhas" conseguiríamos fazer na fileira da alface?

E os participantes responderam corretamente que poderíamos dividir a fileira em 2 "ruinhas" e colocar uma muda a cada 20cm dentro da ruinha. Em seguida nos questionamos sobre quantas mudas de alface a gente ia precisar para um metro da fileira, sendo que dividiríamos a fileira em 2 "ruinhas", os pacientes, após uma reflexão e algumas tentativas, responderam que caberiam 5 mudas de alface em cada “ruinha” e então caberiam 10 mudas em 1 metro de fileira, como a fileira tem 3 metros, então caberiam 30 mudas de alface em uma fileira, como eram só para alface precisaríamos de 60 mudas.

Assim como planejamos o plantio da alface, também organizamos os demais, partindo, por fim para o cálculo de quantas mudas seriam acomodadas na horta, concluindo então: 14 mudas de couve; 24 de salsinha; 24 de cebolinha;

194 de cenoura; 30 de rúcula; e 30 de almeirão. Além do cálculo da quantidade, também fizemos o planejamento espacial distribuindo as mudas pelas fileiras da horta da melhor forma possível.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Relatamos aqui a experiência de acompanhamento do processo de implantação um EES como forma alternativa e viável de geração de renda; da Etnomatemática como educação comprometida com a transformação social; e do trabalho com grupos sociais marginalizados, sob o recorte da saúde mental.

Consideramos que esse trabalho atingiu seu objetivo de relacionar os três temas que, a princípio, parecem desconexos, mas que, quando interligados, se potencializam mutuamente, no nosso caso, oferecendo aos dependentes químicos em tratamento, um grupo excluído do mercado de trabalho formal, uma

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8 alternativa econômica viável ao mesmo tempo em que promove também a formação de novos valores nas relações sociais de trabalho. Os resultados obtidos na pesquisa mostram que a Etnomatemática pode contribuir no processo de construção de um empreendimento econômico solidário, como é o caso da horta focalizada neste trabalho e no tratamento da dependência química.

5. REFERÊNCIAS

AMARAL, Marisa Silva. Ainda a categoria superexploração da força de trabalho:

mais reflexões sobre novas e velhas controvérsias. In: ENCONTRO INTERNACIONAL DE POLÍTICA SOCIAL, 6ª edição, 2018, Vitória (ES). Anais...

Vitória (ES): UFES, Programa de Pós-Graduação em Política Social, 2018.

BECK, Lucia Maria; DAVID, Helena Maria Scherlowski Leal. O abuso de drogas e o mundo do trabalho: possibilidades de atuação para o enfermeiro. Escola Anna Nery Revista de Enfermagem, v. 11, n. 4, p. 706-711, 2007.

COSTA, Selma Frosard. O Processo de Reinserção Social do Dependente Químico Após Completar o Ciclo de Tratamento em uma Comunidade Terapêutica. Serviço Social em Revista, Londrina, vol. 1, n. 1, p. 215-242, 2001.

D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Etnomatemática e História da Matemática. In:

FANTINATO, Maria Cecília de Castello Branco (Org). Etnomatemática – novos desafios teóricos e pedagógicos. Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense, 2009, p. 12-23.

LEIRA, Rossana Daniela Cordeiro. Etnomatemática e educação popular: um diálogo cultural. Pelotas, RS. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação. Programa de Pós-Graduação em Educação.

Universidade Federal de Pelotas, 2014.

MALTA, Antônio Wilson de Oliveira. Agroecologia e Produção Orgânica. In:

SEMANA DO PRODUTOR RURAL, 49º edição, 2018, Florestal (MG). Anais...

Florestal (MG): UFV, 2018.

SOUZA, Renata Silva; QUINELATO, Marineia Viale; VARGAS, Nayane Viale.

Pobreza, trabalho e crise capitalista no brasil na perspectiva Marxiana. In:

ENCONTRO INTERNACIONAL DE POLÍTICA SOCIAL, 6ª edição, 2018, Vitória (ES). Anais... Vitória (ES): UFES, Programa de Pós-Graduação em Política Social, 2018.

THIOLLENT, Michel. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2000.

108p.

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