PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS PARA O ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO
Introdução aos PCN
O Currículo em sua trajetória
Currículo Prescrito
• Os Currículos Prescritos indicam a posição da instituição governamental em termos de como ela vislumbra a educação, a escola, os processos de ensino e de aprendizagem de uma dada área de conhecimento, em face de objetivos a serem alcançados. Configuram‐se como um documento de referência para a elaboração de currículos apresentados e para a elaboração dos currículos moldados pelos professores no âmbito da escola. Além de fundamentos teóricos os currículos prescritos indicam as expectativas de aprendizagem para cada ano da escolaridade e que serão objeto do nível “currículo avaliado”.
Currículo Apresentado
• Os Currículos Apresentados aos professores são em geral resultantes da formulação de autores de livros didáticos e outros materiais, que
objetivam mostrar uma forma de traduzir as
orientações curriculares expressas nos currículos prescritos.
Currículo Moldado
• Os Currículos moldados pelos professores em seu planejamento no início do ano letivo e no decorrer dele são elaborados a partir dos
currículos prescritos e apresentados e levam em conta os diagnósticos preliminares que cada professor faz sobre o que foi ensinado a esses alunos nos anos anteriores e o que foi aprendido. Esse plano necessariamente se desdobra em outros mais específicos,
elaborados periodicamente e que inclui todas as especificidades das atividades de
aprendizagem que o professor pretende realizar com seus alunos.
Currículo em Ação e Realizado
• Os currículos em ação e os currículos efetivamente realizados são aqueles que se concretizam em sala de aula, em que as atividades vão sendo ajustadas em função da interação entre
professores, alunos e o conhecimento.
Muitas vezes o que foi planejado
inicialmente precisa adequar‐se melhor ao grupo de alunos, seja porque são observadas dificuldades para a
compreensão do que está sendo
trabalhado, seja porque observa‐se que os alunos são capazes de realizar
atividades mais avançadas.
Currículo Avaliado
• Os Currículos avaliados são o momento da confrontação entre as expectativas de
aprendizagem que o professor se propôs a trabalhar com os resultados de aprendizagem dos alunos. O professor procura captar os
avanços e dificuldades que vão se manifestando ao longo do processo, informando o que está acontecendo. Para tanto, é fundamental que ele tenha clareza quanto às expectativas de
aprendizagem que devem ser buscadas, faça um bom levantamento de conhecimentos prévios dos alunos, realize uma avaliação criteriosa das atividades de aprendizagem que planejou como também da sua realização em sala de aula.
Fundamentos Legais que direcionam e acompanham essa trajetória
Constituição Federal de 1988
Diretrizes Curriculares Nacionais
Parâmetros Curriculares Nacionais
Lei 9394/96 (LDB)
1‐ ConstituiÇÃo Federal
Art. 22, inciso XXIV e no caput do art. 210 da Constituição Federal de 1988, que dizem, respectivamente:
• Manter privativamente à União legislar sobre:
"diretrizes e bases da educação nacional";
• "Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais e artísticos, nacionais e regionais".
CEB e as Diretrizes Curriculares
Por decisão da Lei n
o9.131/95, que (re)criou o Conselho
Nacional de Educação (CNE), atribuiu‐se à sua Câmara
de Educação Básica (CEB), entre outras competências, a
função de deliberar sobre as diretrizes curriculares para
esse nível de ensino.
Diretrizes Curriculares Nacionais ‐ 1998
RESOLUÇÃO CNE/CEB Nº 2/1998 ‐ Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental, em seu Artigo 3, inciso IV estabelece que em todas as escolas deverá ser garantida a igualdade de acesso para alunos a uma base nacional comum, de maneira a legitimar a unidade e a qualidade da ação pedagógica na diversidade nacional. A base comum nacional e sua parte diversificada deverão integrar‐se em torno do paradigma curricular, que vise a estabelecer a relação entre a educação fundamental e a vida cidadã através da articulação entre vários dos seus aspectos‐ Saude, sexualidade, vida familiar e social…
3‐ ParÂmetros Curriculares Nacionais (
Para entender melhor)Elaboração e socialização:
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) foram elaborados pelo MEC ao longo do período de 1995 a 1998, com a finalidade de expor a política de formação do governo federal. A primeira versão dos PCNs foi elaborada junto às Secretarias do MEC, com a participação de consultores especialistas. Tal versão foi submetida ao debate junto às Secretarias Estaduais da Educação e a outros setores da sociedade.
Surgiram apoios e também contestações, particularmente no que se referia à metodologia utilizada para a sua elaboração, vinculada essencialmente a grupos escolhidos pela administração federal. Após amplo debate, os documentos foram aperfeiçoados e sua versão final apresentada formalmente ao Conselho Nacional de Educação.
ParÂmetros Curriculares Nacionais (
Para entender melhor)Conceito:
Os PCNs são propostas detalhadas de conteúdos que incluem conhecimentos, procedimentos, valores e atitudes no interior de disciplinas, áreas e matérias articuladas em temas. Abrigam os componentes curriculares, tais como língua portuguesa, ciências, história/geografia, matemática, artes e educação física. Ao lado desses componentes, foi introduzida a noção de temas transversais (saúde, ecologia, orientação sexual, ética e convívio social, pluralidade étnica, trabalho e economia) com a finalidade de abrir espaço para tais conteúdos no âmbito do currículo.
ParÂmetros Curriculares Nacionais (
Para entender melhor)Os PCNs não representam o conjunto de conteúdos mínimos e obrigatórios para o ensino fundamental, e também não chegam a ser uma proposta de diretrizes. Antes, apresentam‐
se como “um complexo de propostas curriculares em que se mesclam diretrizes axiológicas, orientações metodológicas, conteúdos específicos de disciplinas e conteúdos a serem trabalhados de modo transversal e sem o caráter de obrigatoriedade próprio da formação básica comum do art.
210 da CF/88” (CURY, 2002, p. 192).
ParÂmetros Curriculares Nacionais (
Para entender melhor)Os PCNs desencadearam amplo debate, tanto sobre o processo de elaboração da proposta da Diretrizes Curriculares quanto sobre certas características dos documentos.
A Câmara de Educação Básica do CNE percebeu que se tratava de uma política construída num movimento invertido, no qual um instrumento normativo de caráter mais específico, como os PCNs, foi construído e encaminhado de forma a orientar um instrumento de caráter mais geral, como as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs). Essa Câmara declarou, então, os PCNs não obrigatórios. Esse caráter não obrigatório dos PCNs foi a solução encontrada pelo CNE para firmar a sua competência de estabelecer as diretrizes curriculares.
ParÂmetros Curriculares Nacionais (
Para entender melhor)Desse modo, atualmente, é importante conceber os parâmetros como apenas uma proposta dentre outras possíveis, retirando‐se dos seus textos a marca de referência padrão. É crucial tal postura para a construção de novos sentidos para as políticas curriculares. Isso permitirá que outras propostas com princípios diversos, nos estados, nos municípios e mesmo nas escolas, tenham espaço para produzir novos sentidos para as políticas, valorizando o currículo como espaço da pluralidade de saberes, valores e racionalidades.
4‐ Lei de Diretrizes e Bases 9394/96
• Art. 26. Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia e da clientela.
§ 1º. Os currículos a que se refere o caput devem abranger, obrigatoriamente, o estudo da língua portuguesa e da matemática, o conhecimento do mundo físico e natural e da realidade social e política, especialmente do Brasil.
Debate Atual:
Currículo Nacional Comum ou Base
Nacional Curricular
Exigência da legislação atual: Lei 9394/96
Artigo 26:
Os currículos do ensino fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser complementada, em cada sistema de ensino e estabelecimento escolar, por uma parte diversificada...
Argumentos Contra à implementação à Base Nacional Comum
Discussão sobre autonomia do professor, sua formação, condição de trabalho e real participação no debate.
Está fadada ao fracasso se considerar o docente como um mero “implementador”.
Ao mesmo tempo que o professor não quer ser jogado à própria sorte na sala de aula, também não quer ser um mero reprodutor de realidade que não diz com a dele.
O professor deve ser respeitado pela sua formação, conhecimento e experiência. Quando alguém diz o que o professor deve fazer, deve ter o direito de dizer o que é necessário para fazê‐lo.
Uma resposta única sobre o que ensinar , é tratar o conhecimento como objeto ou resposta única.
A Política Curricular e o Currículo Prescrito
(Sacristán)
O Currículo Prescrito e o Sistema Educativo
O currículo prescrito para o sistema educativo e para os professores é aquele que existe anteriormente à ação, tanto em seus conteúdos quanto em seus códigos e sempre atende à instâncias políticas e administrativas.
O Currículo Prescrito como instrumento da Política Curricular
É difícil discutir o currículo, sem contextualizá‐lo, isto é, nessa discussão deve‐se levar em consideração o contexto social, cultural e histórico no qual o currículo está inserido. A política curricular é parte importante desse contexto, sendo ela quem dá as coordenadas. Na verdade ela governa as decisões gerais e se manifesta em circunstâncias jurídicas e administrativas.
O currículo e o Sistema Educativo
Fatores que levaram à intervenções política e administrativa no currículo:
• A passagem de alunos pelo sistema escolar;
• A necessidade de sua progressão (domínio progressivo de alguns conteúdos e aprendizados básicos);
• A ordenação do professorado especializado em áreas ou cadeiras do currículo;
• O currículo é validado em uma sociedade na qual o conhecimento é componente essencial a qualquer setor produtivo e profissional (influência no mercado de trabalho).
O currículo não só influencia na cultura dos indivíduos que estamos formando, como também em toda organização social e econômica da sociedade em que vivemos.
A intervenção política e o currículo mínimo
.
A prescrição de mínimos e de diretrizes curriculares para um sistema educativo ou para um nível do mesmo supõe um projeto de cultura comum para os membros de uma determinada comunidade, à medida que afeta a escolaridade obrigatória pela qual passam todos os cidadãos.
Currículo comum em uma sociedade democrática
• Em uma sociedade democrática é necessário que se reúnam os elementos da cultura comum às necessidades culturais comuns e essenciais dessa comunidade.
• Por isso a ideia de um currículo mínimo está ligada à pretensão de uma escola também comum.