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Edit ores da Revist a Latino- Am ericana de Enferm agem da Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o, da Universidade de São Paulo, Cent ro Colaborador da OMS para o Desenvolvim ento da Pesquisa em Enferm agem : 1 Professor Titular, e-m ail: m arziale@eerp.usp.br; 2 Professor Titular, e-m ail: iam endes@eerp.usp.br Rev Latino- am Enferm agem 2007 setem bro- outubro; 15( 5) : 883- 4
www.eerp.usp.br/ rlae Edit orial
A I NSERÇÃO SOCI AL DA PÓS- GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
Mar ia Helena Palucci Mar ziale1
I sabel Am élia Cost a Mendes2
D
iant e da divulgação dos result ados prelim inares da avaliação t rienal dos cursos de Pós- Graduação( PG) no Brasil, realizada pela Coordenação de Aperfeiçoam ent o de Pessoal de Nível Superior ( CAPES) , m uit o se t em discut ido sobre est e assunt o no âm bit o da academ ia. O sist em a de avaliação vigent e valoriza aspect os ligados a qualidade dos program as relacionados á form ação de recursos hum anos e a geração de conhecim ento pr oduzido que são pont uados at r av és dos seguint es quesit os: qualidade da pr opost a do pr ogr am a, cor po docent e, corpo discent e, t eses e dissert ações, produção int elect ual e inserção social.
Consider ando que est e últ im o quesit o obj et iv a ident ificar com o os m est r es e dout or es, bem com o suas pesquisas e de seus orient adores, at uam em t erm os de desafios decisivos para a sociedade, e que cada área do conhecim ent o t em aut onom ia para definir e ent ender inserção social dent ro de suas part icularidades, buscou- se nest e edit or ial apr esent ar elem ent os par a subsidiar a r eflexão sobr e a inser ção social da PG na Enfer m agem br asileir a.
A PG em Enfer m agem no Br asil, desde a cr iação dos pr im eir os pr ogr am as de m est r ado ( 1972) e dout orado ( 1981) t em a m issão de cont ribuir na form ação de m est res e dout ores crít icos, ét icos e reflexivos, capazes de const ruir novos conhecim ent os em benefício da sociedade.
Observa- se que nos últ im os anos o núm ero de program as de m est rado e dout orado em enferm agem , credenciados na CAPES, aum entou na ordem de 69% passando de 16 program as no triênio 1998- 2000 para 27 no triênio 2004- 2006. No período de 2001 a 2006 foram form ados 2102 Mestres e 653 doutores em Enferm agem or iundos dos difer ent es est ados br asileir os, países da Am ér ica - Lat ina e da Áfr ica de língua por t uguesa. At ualm ent e est ão cr edenciados 32 pr ogr am as de PG; há apr ox im adam ent e 70 0 cur sos de gr aduação em Enferm agem e 200.000 enferm eiros graduados.
A academ ia desem penha um papel cent ral na geração de conhecim ent os e a PG é responsável pela m aior parte da produção científica da Enferm agem brasileira e esta produção, a cada dia ganha m aior visibilidade no cenário m undial, em bora ainda dist ant e, de áreas m ais t radicionais com o a Medicina, t ant o em núm ero de artigos com o no percentual de citações e índice de im pacto dos periódicos. No entanto, percebe- se que, assim com o em out ras áreas do conhecim ent o, há dificuldade para aplicar os conhecim ent os produzidos á prát ica e na produção de produt os.
Ent ende- se que para a expansão da PG na Enferm agem faz- se necessário discut ir o seu fut uro em relação não só ao aum ent o das publicações em periódicos int ernacionais de im pact o m as t am bém a inserção social da produção acadêm ica da PG e sua cont ribuição para o desenvolvim ent o social e econôm ico do país. Assim , faz- se necessár io a publicação dos r esult ados das pesquisas t am bém em per iódicos nacionais de qualidade e na m ídia popular para que os result ados das pesquisas com reflexos na vida das pessoas sej am percebidos por t oda a sociedade.
Sabe- se que as cont ribuições da pesquisa cient ífica à sociedade são m ediadas por processos polít icos,
cult urais e sociais am plos( 1); no ent ant o, alguns elem ent os podem ser considerados indicadores de quais são
est as cont r ibuições.
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A inserção social da pós- graduação... Marziale MHP, Mendes I AC.
Rev Latino-am Enfermagem 2007 setembro-outubro; 15(5): 883- 4 www.eerp.usp.br/ rlae
A inserção social da PG por sua vez, é m ais am pla pois inclui aspect os da produção do conhecim ent o e da form ação de recursos hum anos que são avaliados pela CAPES por m eio dos seguint es indicadores: - I nserção e im pact o regional e ( ou) nacional: avaliado pelo im pacto educacional ( contribuição para a m elhoria do ensino fundam ental, m édio, graduação, técnico/ profissional e para o desenvolvim ento de propostas inovadoras de ensino) , im pact o social ( for m ação de r ecur sos hum anos qualificados par a a adm inist r ação pública ou a sociedade civil que possam contribuir para o aprim oram ento da gestão pública e a redução da dívida social, ou para a form ação de um público que faça uso dos recursos da ciência e do conhecim ent o) ; im pact o cult ural ( form ação de recursos hum anos qualificados para o desenvolvim ent o cult ural e art íst ico, form ulando polít icas cult urais e am pliando o acesso à cult ura e às art es e ao conhecim ent o nesse cam po) ; im pact o t ecnológico/ econôm ico ( cont ribuição para o desenvolvim ent o m icro- regional, regional e/ ou nacional dest acando os avanços produtivos gerados; dissem inação de técnicas e conhecim entos) ; integração e cooperação com outros program as com vist as ao desenvolvim ent o da pesquisa e da pós- graduação - part icipação em program as de cooperação e intercâm bio sistem áticos; participação em proj etos de cooperação entre program as com níveis de consolidação diferent es, volt ados para a inovação na pesquisa ou o desenvolvim ent o da pós- graduação em regiões ou sub-r egiões geogsub-r áficas.
- Visibilidade ou t r anspar ência dada pelo pr ogr am a à sua at uação: efet uada pela m anut enção de página Web para a divulgação de dados internos, critérios de seleção de alunos, produção docente e discente, financiam entos recebidos, acesso a t eses e dissert ações.
Cabe dest acar que as at iv idades de ex t ensão são v alor izadas na PG, á m edida que os r esult ados t enham poder de t r ansfor m ação social, não se t r at ando de m er a aplicação de um conhecim ent o pr ont o á
realidades que clam am por ele, é im portante que esses trabalhos retro alim entem a pesquisa e a form ação( 1) ..
Diant e do ex post o acr edit a- se que a inser ção social e a av aliação do im pact o socioeconôm ico dos program as de PG e dos produt os da pesquisa cient ífica devam ser am plam ent e discut idos pelos program as de PG da ár ea de Enfer m agem , pois a r eflex ão sist em át ica sobr e im pact os da pesquisa pode pr oduzir nov os critérios para avaliação e a definição de estratégias pertinentes para uso pelos pesquisadores, além de estim ular o diálogo dos cient ist as e dos program as de pós- graduação com os usuários do conhecim ent o e a sociedade.