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Avaliação da eficiência na aplicação de recursos públicos em financiamento de projetos de iniciativa comunitária como alavancador do desenvolvimento econômico

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AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA NA APLICAÇÃO DE RECURSOS

PÚBLICOS EM FINANCIAMENTO DE PROJETOS DE INICIATIVA

COMUNITÁRIA COMO ALAVANCADOR DO DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO

AUTORA: ILIANAALVESCANOFF

ORIENTADORA: PROFESSORADOUTORAADELAIDEFIGUEIREDO

(2)

ILIANA ALVES CANOFF

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E

CONÔMICO

Brasília 2005

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação “Strictu Sensu” em Economia de Empresas da Universidade Católica de Brasília como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Economia de Empresas.

(3)

FICHA CATALOGRÁFICA

TERMO DE APROVAÇÃO

Ficha elaborada pela Divisão de Processamento do Acervo do SIBI – UCB.

C227a Canoff, Iliana Alves.

Avaliação da eficiência na aplicação de recursos públicos em financiamento de projetos de iniciativa comunitária como alavancador do desenvolvimento econômico / Iliana Alves Canoff ; orientadora Adelaide Figueiredo – 2005.

217 f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2005.

Política Pública. 2. Financiamento público - projetos.

3. Desenvolvimento econômico. I. Figueiredo, Adelaide, orient. II. Título.

(4)

TERMO DE APROVAÇÃO

Dissertação Defendida e aprovada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Economia de Empresas, defendida e aprovada em 25 de novembro de 2005, pela banca examinadora constituída por:

PROF. ADELAIDEFIGUEIREDO, DOUTORA

(ORIENTADORA)

PROF. CARLOSEDUARDOGASPARINI, DOUTOR– UFPE/PIMES

(EXAMINADOR INTERNO)

PROF. PEDROHENRIQUE ZUCHI DACONCEIÇÃO, DOUTOR-USP/ESAL

(EXAMINADOREXTERNO)

(5)

Aos meus pais, Lourenço e Noeli, que me deram a oportunidade de estar neste mundo e construir meu próprio caminho.

À minha orientadora, Professora Adelaide Figueiredo, pela paciência e orientação.

Ao José Carlos Jacob de Carvalho, meu agradecimento especial, pelo apoio e colaboração fundamental para que eu concluísse este trabalho.

Ao meu amigo, Professor Wilson Cano, pelos comentários e sugestões.

Ao meu amigo André Luiz Ferro de Oliveira, e aos Professores Carlos Eduardo Gaparini e Pedro Zuchi da Conceição pela paciência na leitura, suas críticas e sugestões.

(6)

“Temos enormes potencialidades e enormes desigualdades. Precisamos retomar o hábito de pensar pela nossa cabeça qual o modelo que mais nos convém”.

(7)

RESUMO

Muitos são os projetos de desenvolvimento local financiados com recursos públicos. Este

trabalho tem como objetivo avaliar a eficiência na aplicação desses recursos em projetos de

iniciativa comunitária, como alavancador do desenvolvimento econômico. Para essa análise

foi escolhido como objeto de estudo o Programa de Apoio às Iniciativas Comunitárias

(PAIC), financiado com recursos oriundos de empréstimo do Banco Mundial, no âmbito do

Plano Agropecuário e Florestal do Estado de Rondônia (Planafloro). Para atingir o objetivo

inicial, os valores referentes ao financiamento das comunidades foram agregados por

município e foi construído o Índice de Desenvolvimento do Município (IDM), com o objetivo

de verificar o desenvolvimento sócio econômico das comunidades. Para testar a eficiência na

aplicação dos investimentos foi utilizada a Análise de Envoltória de Dados - Data

Envelopment Analysis (DEA), modelo que permite elaborar um ranking de eficiência técnica

quanto aos resultados da aplicação dos recursos investidos nos municípios. Com esta técnica

utilizada foi possível observar quais os municípios que apresentam eficiência relativa, bem

como o seu comportamento em comparação ao IDM. Foi possível analisar ainda, os

resultados apresentados pelos municípios com infra-estrutura disponível em àqueles

localizados em áreas com predominância de reservas florestais e indígenas. Verificou-se que

estas técnicas de análise podem ser utilizadas como importante instrumento para a formulação

de políticas públicas que visem o desenvolvimento sócio-econômico das localidades.

PALAVRAS-CHAVE: Desenvolvimento Regional, Avaliação de Projetos, Índice de

(8)
(9)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...14

1.1. OBJETIVOS...19

1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA...19

1.3. HIPÓTESE...23

1.3.1. Hipótese principal...23

1.3.2. Hipótese secundária...23

1.4. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO...23

1.5. ABORDAGEM METODOLÓGICA...24

2. REFERENCIAL TEÓRICO...26

2.1. AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL...26

2.2. CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO REGIONAL...28

2.3. GEO-REFERENCIAMENTO...31

2.4. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO...33

2.5. ANÁLISE DE ENVOLTÓRIA DE DADOS (DEA)...33

3. UM OLHAR SOBRE O ESTADO DE RONDÔNIA...38

3.1. DISCUSSÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO ESTADO DE RONDÔNIA...38

3.2. CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO ESTADO DE RONDÔNIA...40

3.3. O PLANO AGROPECUÁRIO E FLORESTAL DE RONDÔNIA (PLANAFLORO)...43

3.4. CONCEPÇÃO DO PROGRAMA DE APOIO ÀS INICIATIVAS COMUNITÁRIAS (PAIC)...44

4. ESTRUTURA E ANÁLISE DA PESQUISA...47

4.1. DADOS...49

4.2. CONSTRUÇÃO DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO DO MUNICÍPIO (IDM)...51

4.2.1. Construção dos indicadores...55

4.2.2. Cálculo dos indicadores...60

4.2.3. Concepção das dimensões...63

(10)

4.2.5. Cálculo do IDM...66

4.2.6. Análise dos resultados dos índices de desenvolvimento do município...66

4.3. ANÁLISE DE ENVOLTÓRIA DE DADOS...80

4.3.1. Adequação das variáveis...82

4.3.2. Orientação do modelo...87

4.3.3. Resultado e análise dorankingde eficiência técnica...88

4.4. ANÁLISE COMPARATIVA ENTRE OS RESULTADOS ENCONTRADOS COM O IDM E A EFICIÊNCIA TÉCNICA VERIFICADA POR MEIO DA APLICAÇÃO DO MODELO BCC DO DEA...96

5. CONCLUSÕES...100

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...105

ANEXO A – DADOS BASE UTILIZADOS...111

ANEXO B – CÁLCULOS DO IDM...127

ANEXO C – MAPAS DO GEO-REFERENCIAMENTO DO IDM E MAPAS DO ESTADO DE RONDÔNIA...142

ANEXO D – ADEQUAÇÃO DAS VARIÁVEIS UTILIZADAS PARA O DEA E RESULTADO DO MODELO BCCDA DEA...145

ANEXO E – RESULTADO DA REGRESSÃO SIMPLES ...180

APÊNDICE A – ARCABOUÇO TEÓRICODA DEA...185

(11)

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Resultados dos Indicadores – 1991\2000...61

Tabela 2: Resultados dos Indicadores – 1991\2000...62

Tabela 3: Resultados dos Sub-Índices...65

Tabela 4: Resultados do IDM e Recursos Transferidos pelo PAIC...67

Tabela 5: Indicadores Utilizados para o Cálculo da DEA...83

Tabela 5.1: Ajuste dos Indicadores de saída...85

Tabela 6: Indicadores Ajustados...86

Tabela 7: Dados Utilizados para Rodar o Modelo BCC da DEA...90

Tabela 8: Solução do Modelo BCC para os indicadores (saídas) e transferências de recursos do PAIC, (entrada)...92

Tabela 9:Rankingde Eficiência Técnica...93

Tabela 10: Municípios que apresentaram queda no IDM...98

Tabela 11: Municípios onde o IDM manteve-se no mesmo nível...98

Tabela 12: Municípios que apresentaram melhora no IDM...99

Anexo A Tabela 1: Detalhamento das receitas municipais...112

Tabela 2: Convênios PAIC realizados no período de 1997 a 1998...113

Tabela 3: Dados 1991...120

Tabela 3.1: Dados 1991...121

Tabela 3.2: Dados 1991...122

Tabela 4: Dados 2000...123

Tabela 4.1: Dados 2000...124

Tabela 4.2: Dados 2000...125

Tabela 5: População do Estado de Rondônia 1991 e 2000...126

Anexo B Tabela 1: Cálculo do indicador de pobreza – 1991...128

Tabela 2: Cálculo do indicador de pobreza – 2000...129

Tabela 3: Cálculo dos indicadores de concentração de renda, expectativa de vida e saúde – 1991...130

Tabela 4: Cálculo dos indicadores de concentração de renda, expectativa de vida e saúde – 2000...131

(12)

Tabela 6: Cálculo do indicador de escolaridade – 2000...133

Tabela 7: Cálculo do indicador de receita própria – 1991...134

Tabela 8: Cálculo do indicador de receita própria – 2000...135

Tabela 9: Cálculo do indicador de presença de conselho – 1991...136

Tabela 10: Cálculo do indicador de presença de conselhos – 2000...137

Tabela 11: Cálculo do indicador de renda – 1991...138

Tabela 12: Cálculo do indicador de renda – 2000...139

Tabela 13: Cálculo dos sub-índices – 1991...140

Tabela 14: Cálculo dos sub-índices – 2000...141

Anexo D Tabela 1: Base de dados - 1991 - para o cálculo do modelo BCC da DEA...146

Tabela 2: Base de dados - 2000 - para o cálculo do modelo BCC da DEA... 147

Tabela 3: Inversão dos indicadores – 1991...148

Tabela 4: Inversão dos indicadores – 2000...149

Tabela 5: Recursos transferidos pelo PAICper capita...150

Tabela 6: Cálculo da variação e ajuste dos índices: percentual de pobres, índice de gini, mortalidade até um ano, probabilidade de vida, número de médicos por 1000 habitantes...151

Tabela 6.1: Cálculo da variação e ajuste dos índices: taxa de alfabetização, receitas tributárias, presença de conselhos e rendaper capita...152

Tabela 7: Média, desvio padrão e limites superior e inferior das variáveis...153

(13)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Fluxograma dos passos metodológicos e técnicas na estrutura

e análise de dados ...48

Figura 2: Composição do Índice de Desenvolvimento do Município...52

Figura 3: Gráfico dos Índices de Desenvolvimento do Município 1991 e 2000...68

Figura 4: Mapa do Índice de Desenvolvimento do Município 1991 e 2000 ...70

Figura 5: Mapa da Dimensão Vulnerabilidade Social...70

Figura 6: Mapa da Dimensão Acesso ao Conhecimento...71

Figura 7: Mapa da Dimensão Disponibilidade de Recursos...71

Figura 8: Mapa da Dimensão Receita dos Municípios...72

Figura 9: Mapa da Dimensão Participação Social...72

Figura 10: Mapa do Zoneamento Socioeconômico-Ecológico do Estado de Rondônia...74

Figura 11: Divisão política do Estado de Rondônia...77

Figura 12 Gráfico da eficiência técnica...95

Anexo C Figura 7: Mapa das áreas indígenas do Estado de Rondônia...143

Figura 9: Mapa das unidades de conservação do Estado de Rondônia...144

(14)

1.

INTRODUÇÃO

A sociedade brasileira é caracterizada por contrastes profundos, sendo que o principal deles é

a enorme concentração da renda nacional, que coloca o país na 4ª posição, conforme o

ranking mundial de concentração de renda, do Índice de Desenvolvimento Humano -IDH

elaborado pela Organização das Nações Unidas (ONU), só perdendo para Serra Leoa,

República Sul Africana e Suazilândia (BORGES, 2003). O índice de Gini, que afere a

concentração da renda, assume a média nacional de 0,54, chegando a 0,84 no município de

Amuturá no Estado do Amazonas (LEMOS, 2005) .

Essa forte concentração da renda nacional reflete-se nos indicadores sociais e econômicos.

Em que pese o Brasil estar situado entre o grupo de países classificado pela ONU como

intermediários, no que se refere à renda per capita, esta não é a realidade se a análise for feita

por região. Um exemplo disto é a assimetria entre o Produto Interno Bruto - PIB per capta

médio brasileiro e o da Região Nordeste. Enquanto o PIBper capita médio do Brasil em 1988

era de US$ 4.527,77 e em 1998 de US$ 4.793,26, na Região Nordeste era de US$ 2.496,59

em 1998 e US$ 2.689,96 em 1998 (LEMOS, 2005).

Após os Planos Nacionais de Desenvolvimento (PNDs), da década de 1970 e início da década

de 1980, o Estado brasileiro não tem se preocupado em elaborar um projeto nacional que vise

uma estratégia de desenvolvimento econômico e social, e na falta de uma política nacional de

desenvolvimento regional o poder público brasileiro tem utilizado paliativos que minimizem

as conseqüências da ausência de um planejamento global, que vise uma mudança realmente

estrutural na distribuição de renda no Brasil. Muito embora a criação do Ministério da

Integração Nacional, em 2000, tenha como objetivo buscar alternativas para o

(15)

crescimento da economia, aumentando a parcela destinada a diminuir as desigualdades sociais

e as diferenças regionais.

Entre as alternativas adotadas pelo governo federal, observam-se diversos projetos isolados

entre si, financiados com recursos do orçamento fiscal, ou oriundos de financiamentos de

organismos internacionais, como Banco Mundial (BIRD) e Banco Interamericano de

Desenvolvimento (BID). Estes projetos e programas visam oferecer alternativas para o

desenvolvimento, através do financiamento de pequenos produtores rurais, micro empresas e

pequenas industrias, como é o caso do Programa das Mesoregiões Diferenciadas, do

Ministério da Integração Nacional, do Projeto de Reforma Agrária e de Combate à Pobreza –

Cédula da Terra, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUMBIO), entre outros.

Dada a ausência de um projeto nacional o que se verifica é a pulverização de um volume

considerável de recursos públicos em programas cuja concepção e implementação padece de

alguns problemas básicos. Entre eles, pode-se destacar: a falta de diagnósticos

sócio-econômicos iniciais das localidades onde os recursos serão investidos e a baixa, quando não

nula, participação da comunidade que será beneficiada, na concepção dos projetos.

Em muitos casos, esta concepção segue um padrão que não atende a todas as comunidades e

que, em geral, têm características próprias e hábitos culturais específicos, acabando, muitas

vezes, por inviabilizar as iniciativas. Ao fim da implementação dos projetos, e após os

investimentos, na maioria dos casos, não são realizadas avaliações que permitam visualizar

com clareza os resultados gerados pelos investimentos aplicados.

Os fatores acima destacados, tanto a falta de um diagnóstico inicial, quanto a avaliação dos

resultados finais dos projetos implementados, levam a um questionamento essencial que é

(16)

públicos com vistas ao desenvolvimento das localidades. Esta é a preocupação levantada neste

trabalho, em que se busca uma alternativa que permita verificar os impactos sociais e

econômicos gerados pela implementação dos de apoio às iniciativas comunitárias.

Para realizar este estudo, optou-se por avaliar o Programa de Apoio às Iniciativas

Comunitárias (PAIC), financiado pelo governo federal, com recursos oriundos de empréstimo

do Banco Mundial, no âmbito do Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia (Planafloro),

no Estado de Rondônia. Segundo o Manual Operativo do PAIC (PNUD, 1997), seus

objetivos são: “viabilizar o financiamento e a implementação de projetos concebidos a partir

das necessidades, iniciativas e prioridades de ação definidas pelas próprias comunidades,

visando o melhoramento das condições de vida, emprego, renda, tecnologia e produção, ao

fortalecimento da cidadania, organização social, participação e autogestão e conservação

ambiental”.

A tarefa de levar a cabo a missão de avaliar os impactos da implementação deste programa

mostrou-se bastante complicada, em razão da falta de um diagnóstico inicial das comunidades

beneficiadas pelos projetos e a impossibilidade de levantamento de dados após a conclusão

dos mesmos, por falta de recursos financeiros. Isto exigiu que se buscasse uma metodologia

que permitisse a avaliação dos resultados dos projetos utilizando-se dados secundários, por

município, divulgados pelos institutos de pesquisas oficiais do governo federal.

Para cumprir o objetivo inicial deste trabalho, que é o de avaliar a eficiência na

implementação de programas de apoio às comunidades, como alavancador do

desenvolvimento econômico, procurou-se alternativas através da mensuração do

desenvolvimento local por meio de um conceito de desenvolvimento ampliado, de maneira

que ali estivesse contemplado o desenvolvimento humano. Inicialmente, buscou-se um índice

(17)

investimentos do programa, realizados nos municípios. Com esta perspectiva foi desenvolvido

o Índice de Desenvolvimento do Município – IDM.

Os resultados do IDM foram apresentados em mapas do Estado de Rondônia, onde é possível

observar o comportamento do desenvolvimento nos dois períodos abordados. Este

geo-referenciamento permite a visualização do comportamento dos índices no espaço geográfico

do estado e ainda a comparação com o mapa do zoneamento socioeconômico-ecológico. Esta

análise comparativa oferece a oportunidade para uma série de observações quanto à presença

de reservas florestais e de reservas indígenas, bem como a destinação da ocupação do solo e o

comportamento dos indicadores econômicos e sociais frente a este desenho da ocupação do

estado.

Outra forma encontrada para observar os reflexos dos investimentos nos municípios foi a

utilização do método Data Evelopment Analysis (DEA), ou em português, Análise de

Envoltória de Dados. Este método permite verificar a eficiência na aplicação dos recursos

investidos pelo programa nos municípios.

A DEA oferece diversos modelos que podem ser utilizados, sendo que nesta pesquisa foi

utilizado o modelo BCC, desenvolvido por Banker, Charnes e Cooper (PASTOR, 1996). O

modelo BCC verifica se estão presentes ganhos variáveis de escala. O que está implícito neste

modelo é que as DMUs são comparadas com outras de porte similar e o resultado está

depurado dos efeitos de escala de produção. Com este método de análise foi possível construir

um ranking de eficiência dos municípios quanto à aplicação dos recursos investidos pelo

(18)

A apresentação desta pesquisa está estruturada em cinco capítulos. No primeiro capítulo, além

desta introdução, são apresentados os objetivos, a definição do problema, as hipóteses, a

delimitação do estudo e a metodologia utilizada.

No Capítulo 2 é apresentado o referencial teórico, onde inicialmente são abordadas

metodologias de avaliação de projetos de desenvolvimento regional. Em seguida, discutem-se

os conceitos de desenvolvimento econômico e na seqüência apresenta-se o

geo-referenciamento bem como as técnicas para o tratamento de dados socioeconômicos.

Apresentam-se ainda as bases teóricas para a elaboração do IDM.

Finalizando este capítulo, são apresentados dois estudos que utilizam o método DEA para

avaliar a eficiência do desenvolvimento sócio-econômico. No Apêndice 1 é apresentado o

método de Análise de Envoltória de Dados – DEA, onde são abordadas as bases da DEA, a

orientação e os principais modelos utilizados. É realizada ainda uma comparação entre os

métodos paramétricos e não paramétricos e as vantagens e limitações da DEA.

No Capítulo 3, por sua vez, contextualiza-se o Estado de Rondônia e apresenta-se o Plano

Agropecuário e Florestal do Estado de Rondônia - Planafloro e o Programa de apoio às

Iniciativas Comunitárias – PAIC.

No Capitulo 4 é discutida a estrutura e a análise da pesquisa. Inicialmente, são discutidos os

dados utilizados neste trabalho sendo, em seguida, demonstrada a construção do Índice de

Desenvolvimento do Município – IDM, bem como os conceitos, cálculos e os resultados do

índice. Na seqüência, estes resultados são apresentados na forma de mapa, por meio do

método de geo-referenciamento, e realizada uma análise comparativa com o mapa do

(19)

A análise da eficiência na aplicação dos recursos é realizada por meio do modelo BCC da

DEA, sendo discutidas as adequações das variáveis utilizadas e a orientação do modelo. Após

a obtenção dos resultados, é montado o rankingde eficiência técnica na aplicação de recursos

pelos municípios. Por fim, traça-se uma análise comparativa entre os resultados encontrados

com índice de desenvolvimento do município e a análise de eficiência verificada por meio da

DEA. A conclusão do trabalho é apresentada no Capítulo 5.

1.1.OBJETIVOS

O presente trabalho visa estudar os impactos sociais e econômicos gerados pela

implementação do projeto de financiamento às Iniciativas Comunitárias (PAIC).

Os Objetivos Específicos são:

- Identificar se a implantação de projetos financiados com recursos públicos, mais

especificamente recursos oriundos de financiamentos de organismos

internacionais, promoveram o desenvolvimento econômico do Estado de

Rondônia.

- Avaliar os impactos gerados nos índices de desenvolvimento econômico, a parir da

implantação dos projetos;

- Avaliar se o impacto destes índices está relacionado com o volume de

investimentos aplicados nos projetos de desenvolvimento local.

1.2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Muitos são os programas e projetos de desenvolvimento regional implementados no espaço

(20)

brasileiro, desde a década de 1960, com a criação da SUDENE, tem se preocupado em buscar

formas alternativas de injetar recursos públicos no setor econômico, buscando vencer as

disparidades entre as regiões e intra-regionais.

Mais recentemente, já na década de 1990, a criação do Ministério da Integração Nacional e a

consolidação do programa das Mesorregiões diferenciadas demonstram, por um lado, a

preocupação do governo federal com o desenvolvimento regional, por outro refletem uma

contradição, uma vez que este mesmo governo não apresenta uma política nacional de vise o

desenvolvimento.

Uma das formas observadas para a destinação de recursos é a criação de fundos sociais, que,

conforme destaca (WEISS, 2000) “em geral, se originam como parte de processos de reforma

estrutural das economias em vários países, normalmente consistindo de elementos de

contenção fiscal, redução de déficits, privatização e proteção social” .

Os Fundos Sociais, segundo o Banco Mundial, “são agentes com função similar a

intermediários financeiros que canalizam recursos, segundo critérios pré-determinados de

elegibilidade, a pequenos projetos de grupos vulneráveis de baixa renda, formulados e

implementados por agências públicas ou privadas, tais como governos locais, ONGs ou os

próprios grupos comunitários” (WEISS, 2000).

Dentre os programas e projetos do Governo Federal, com características de fundo social,

voltados ao desenvolvimento das regiões, existem diversos financiados e/ou apoiados com

recursos de instituições internacionais, como o BIRD. Como exemplo destes programas

podem-se citar: Projeto de Combate à Pobreza Rural de Pernambuco, Rio Grande do Norte e

Maranhão; Projeto Reforma Agrária e de Combate à Pobreza – Cédula da Terra do Estado de

(21)

de Bahia; Projeto de Manejo de Recursos Naturais e Alívio à Pobreza do Rio Grande do Sul –

Pró-Rural 2000; Projeto de Manejo de Recursos Naturais e Alívio à Pobreza do Paraná –

Funparaná; Programa Nacional de Meio Ambiente – Projeto de Execução Descentralizada

(PED); Programa de Apoio Direto às Iniciativas Comunitárias (PADIC), componente do

Projeto de Desenvolvimento Agroambiental de Mato Grosso – Prodeagro; Programa de Apoio

às Iniciativas Comunitárias (PAIC), componente do Plano Agropecuário e Florestal de

Rondônia – Planafloro; Projetos Comunitários/DST-AIDS I; Fundo de Apoio às Parcerias

(FAP), componente do Programa de Pequenas Doações; Projeto RESEX; Projetos

Demonstrativos (PD/A); Projeto de Conservação e Utilização Sustentável da Diversidade

Biológica Brasileira (PROBIO) e Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUMBIO).

Quanto à eficácia deste tipo de projeto, relatório do Banco Mundial destaca comentários feitos

por ONGs envolvidas com fundos sociais. Segundo ele, os fundos “desempenham um papel

útil, porém limitado; devem ser implementados no contexto de uma estratégia ampla de

redução da pobreza e de uma reforma econômica que apóie - e não penalize - o pobre; não

substituem programas nacionais de desenvolvimento social; não devem ser motivo de

abandono de políticas de redução de pobreza de longo prazo; quando são implementados

através de unidades autônomas com recursos externos, faltam garantias para sua inserção

nos programas do governo e sua eventual sustentabilidade” (WEISS, 2000).

Observa-se ainda que estes programas, projetos e fundos sociais, em que pesem as louváveis

iniciativas, padecem de alguns problemas básicos. Entre eles pode-se destacar: a falta de

diagnósticos iniciais das localidades onde os recursos serão investidos; a baixa, quando não

nula, participação da comunidade que será beneficiada; a concepção dos projetos acaba

seguindo um padrão que não atende a todas as comunidades, que em geral têm características

(22)

Ao fim dos projetos, e após os investimentos, na maioria dos casos, não são realizadas

avaliações que permitam visualizar com clareza os resultados gerados pelos investimentos

aplicados. Isto se dá em função de diversos motivos, entre eles pode-se destacar: a mudança

na orientação política, ou seja, a mudança do comando político do governo estadual ou

federal; a falta de previsão de recursos para realizar tais avaliações; a tentativa de encobrir

desvios na aplicação dos recursos, ocorridos durante a implementação dos projetos; a falta de

um diagnóstico inicial que permita uma simples analise comparativa entre o momento anterior

e o momento posterior, entre outros.

Os fatores acima destacados, tanto a falta de um diagnóstico inicial, quanto a avaliação dos

resultados finais dos projetos implementados, levam a um questionamento essencial que é

justamente a dificuldade em visualizar os resultados obtidos na aplicação de recursos públicos

com vistas ao desenvolvimento das regiões subdesenvolvidas.

Para se ter uma idéia da falta de uma avaliação que permita visualizar os resultados deste tipo

de projeto, pode-se recorrer ao próprio material pesquisado para a realização deste trabalho. A

Avaliação final do Planafloro de 2002, (PNUD, 2002), elaborado pelo Governo do Estado de

Rondônia, e o relatório final do Banco Mundial, Implementation Completion Report de 2003,

apresentam uma discussão bastante rápida e pouco aprofundada no que se refere ao Projeto de

Apoio às Iniciativa Comunitária – PAIC, objeto deste estudo.

Diante destas observações, pode se perguntar: este tipo de investimentos em comunidades é

um fator indutor do desenvolvimento econômico e da melhora da qualidade de vida das

(23)

1.3. HIPÓTESE

1.3.1. Hipótese principal

O financiamento às comunidades promove o desenvolvimento econômico e garante uma

melhoria na qualidade de vida das mesmas.

1.3.2. Hipótese secundária

O resultado depende do volume de recursos aplicados na continuidade.

1.4 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO

Inicialmente pensou-se em estudar os resultados apresentados pelo Programa de Apoio Direto

às Iniciativas Comunitárias (PADIC), implementados no Estado de Mato Grosso, no âmbito

do Programa de Desenvolvimento Agroambiental (Prodeagro). Observou-se, porém, que o

Estado de Mato Grosso apresentou um crescimento extraordinário na última década, em

função de fatores diversos e que não são objeto de estudo neste trabalho. Isto dificultaria a

identificação dos verdadeiros reflexos dos investimentos realizados pelo PADIC.

Esta constatação, e considerando, por outro lado, que no Estado de Rondônia foi

implementado o PAIC, programa semelhante ao PADIC, porém situado em uma região com

carcteristicas específicas quanto à intervenção do Estado, no que diz respeito à ocupação

teritorial e a sua própria formação econômica. Estas caracteristicas levaram à conclusão de

que este seria um cenário propício para o estudo dos municípios do Estado de Rondônia em

relação aos recursos transferidos pelo Projeto de Apoio às Iniciativas Comunitárias (PAIC),

(24)

1.5. ABORDAGEM METODOLÓGICA

São diversos os métodos que podem ser utilizados para o desenvolvimento de uma pesquisa,

cada ciência conta com critérios próprios e específicos de investigação, para orientar a busca

de respostas às perguntas formuladas pelos pesquisadores. Quanto à diversidade de métodos,

conforme destaca (MUNHOZ, 1989) “Dentre os vários métodos podem ser destacados,

portanto, os métodos analítico, sintético, indutivo e dedutivo, além dos métodos objetivo e

subjetivo, métodos de investigação histórica e método histórico de investigação, métodos

estático e dinâmico, microeconômico e macroeconômico. A tais métodos se agregam os

chamados métodos auxiliares, com os métodos matemático, estatístico e contábil”.

Este trabalho foi desenvolvido com base no método indutivo, que admite para casos

particulares a validade de conclusões geradas para comportamentos mais gerais. “Enquanto a

indução chega a conclusões empíricas, extraídas da experiência, a dedução estabelece

conclusões lógicas, ou enquanto as proposições do método indutivo são conclusões que

estabelecem como são os fenômenos, suas causas e efeitos reais, as do método dedutivo são

abstrações que tratam de estabelecer o significado dos fenômenos segundo o raciocínio do

investigador”(MUNHOZ, 1989).

O método é a forma que será utilizada para desenvolver a pesquisa ou, a linha de raciocínio

que será utilizado para responder à pergunta que está sendo feita. Enquanto que a técnica é o

sistema de normas e princípios que será utilizado para desenvolver a pesquisa. Este trabalho

foi realizado no campo da pesquisa empírica, uma vez que tem por objetivo observar o

comportamento dos indicadores sócio econômicos. Será realizada com base em um arcabouço

de hipóteses ainda em discussão, como é o caso dos indicadores sintéticos, da análise

(25)

Portanto, para o desenvolvimento da pesquisa foi realizada uma extensa pesquisa empírica e

utilizados dados estatísticos secundários, colocados à disposição pelos órgãos de pesquisas

oficiais do governo brasileiro. A análise de resultados se deu com a aplicação da análise

espacial de dados, por meio do geo-referenciamento em diferentes escalas, levantamento dos

índices de desenvolvimento do município para avaliar os índices sócio-econômicos, e a

Análise de Envoltória de Dados (DEA), que teve o objetivo de avaliar a eficiência da

(26)

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO

O período compreendido entre as décadas de 1960, 1970 e até meados da década de 1980 foi

muito profícuo no debate quanto ao planejamento, implementação e avaliação de projetos de

desenvolvimento. Neste período foi publicada farta literatura sobre o assunto, em especial pela

Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) da ONU, IPEA, BNDE, e

diversas universidades brasileiras.

É importante destacar a existência de pelo menos duas vertentes quando se trata de avaliação de

projetos. A primeira refere-se àqueles projetos, em geral, associados aos esforços do Estado em

promover o crescimento econômico. Este tipo de avaliação gira em torno do investimento e do

retorno financeiro. A outra vertente é a avaliação de projetos orientados para o desenvolvimento

sócio-econômico.

Antes, porém, de se discutir os aspectos referentes à metodologia é fundamental definir o conceito

de projeto. “Os projetos são convencionalmente considerados como a menor unidade de

planejamento; no entanto, para que isso seja verdade e para que a análise de projetos tenha um

caráter seletivo é preciso que se tenha um planejamento efetivo e que os objetivos de política não

se restrinjam aos mais gerais, descendo particularmente ao nível setorial” (ARAÚJO e

MODENESI, 2002).

Outros autores destacam ainda que: “A análise de projeto deverá evidenciar não só a sua

viabilidade sob a ótica microeconômica, mas também, como se insere no contexto mais amplo,

setorial e macroeconômico. Neste sentido, avalia os aspectos microeconômicos sob a abordagem

da inter-relação destes com os efeitos buscados em nível de planejamento”. Como se vê, os

projetos devem estar contidos em um plano mais estratégico, ou em uma política de

(27)

Araújo e Modenesi, destacam que a avaliação de projetos que visam o crescimento econômico e,

portânto, mais centrados em retornos financeiros, está concentrada em três aspectos principais: a

avaliação da capacidade gerencial; a análise de mercado do bem final; e a análise de mercado dos

fornecedores e em especial da matéria-prima principal. É importante frisar que esse tipo de

avaliação é realizada na concepção do projeto e trata basicamente de investimentos privados, que

podem ser, ou não, financiados pelo poder público. Em geral, este tipo de projeto não apresenta

grandes dificuldades quanto à avaliação posterior à sua implementação, uma vez que, em geral,

não tem como objetivo beneficiar uma coletividade.

Quando se trata da vertente voltada para a avaliação de projetos que visam o desenvolvimento

sócio-econômico, destaca-se o citado no relatório da Oficina de Avaliação do BID (1997),

Evaluación: Una herramienta de gestión para mejorar el desempeño de los proyectos: “Em

muitos projetos tem sido difícil determinar o seu êxito, e de verificar se na hora de desenhar o

projeto não se entendeu bem a problemática e não ficou bem estabelecida a sua vinculação com a

solução proporcionada pelo projeto”.

O que se verifica é uma carência de metodologias que permitam a avaliação dos resultados dos

projetos orientados para o desenvolvimento social e econômico e sejam capazes de abordar os

amplos aspectos que envolvem esse tipo de projeto.

Alguns pesquisadores têm se debruçado sobre este tema. Lage e Barbieri (2002), propõem uma

metodologia para avaliar o desenvolvimento sustentável baseado nas dimensões do

desenvolvimento, quais sejam: dimensão ecológica; dimensão econômica; dimensão social;

dimensão espacial; dimensão cultural; dimensão tecnológica; e dimensão política. Esta

metodologia demonstra a necessidade de analisar as implicações dos projetos públicos da sua

implementação e fundamentalmente testar, ao final, se os resultados de fato beneficiaram à toda a

comunidade envolvida e se trouxeram perspectivas para um desenvolvimento sócio-econômico

(28)

2.2. CONCEITO DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

Há muito, o conceito de desenvolvimento econômico vem sendo objeto de discussão entre os

teóricos da economia, em especial entre aqueles que se dedicaram ao estudo da economia

regional. Para Souza (1999), não existe uma definição universalmente aceita de

desenvolvimento. Uma primeira corrente de economistas, de inspiração mais teórica,

considera crescimento como sinônimo de desenvolvimento. Já uma segunda corrente, voltada

para a realidade empírica, entende que o crescimento é condição indispensável para o

desenvolvimento, mas não é condição suficiente.

Enquadram-se, no primeiro grupo, os modelos de crescimento de tradição neoclássica, como o

de Meade e o de Solow, além dos de inspiração Keynesiana, como os de Harrod, de Domar e

de Kaldor. Na segunda corrente, economistas como Lewis, Hirschman, Myrdal e Nurkse,

embora com raízes ortodoxas, realizaram análises e elaboraram modelos mais próximos da

realidade das economias subdesenvolvidas.

Pode-se destacar ainda a contribuição fundamental da CEPAL em especial Prebisch e Celso

Furtado, como pioneiros na discussão que resultou na construção de uma Teoria do

Subdesenvolvimento Econômico (CANO, 2005).

O Relatório sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil (PNUD, 1996), em sua introdução,

discute com muita propriedade o conceito de desenvolvimento humano. Para aqueles autores:

“Desenvolvimento humano é um conceito amplo e integral que pode ser definido como o

processo para a ampliação da gama de opções e oportunidades das pessoas. Dentro deste

espectro, três opções básicas estão presentes em todos os níveis de desenvolvimento e

aparecem como condição para as demais: desfrutar uma vida longa e saudável, adquirir

(29)

as opções humanas não se esgotam aí; são infinitas e se modificam ao longo do tempo, à

medida que avança o próprio processo de desenvolvimento. Assim, para dar conta dessa

amplitude, o conceito de desenvolvimento humano deve incorporar múltiplas dimensões em

que se manifestam essas opções: econômica, social, política, cultural e ambiental”.

Para Sachs “outra maneira de encarar o desenvolvimento consiste em reconceituá-lo em

termos de apropriação efetiva das três gerações de direitos humanos: direitos políticos, civis

e cívicos; direitos econômicos, sociais e culturais, entre eles o direito ao trabalho digno,

vitricamente importante, por motivos intrínsecos e instrumentais; direitos coletivos ao meio

ambiente e ao desenvolvimento” (SACHS, 2004).

O conceito de desenvolvimento sustentável foi discutido por Rocha e Bacha (2000). Os

autores discutem os conceitos de desenvolvimento sustentável, na perspectiva de visualizar a

forma como este pode ser alcançado. Inicialmente, fazem uma discussão a fim de buscar uma

definição para crescimento e desenvolvimento sustentável. Para os autores, o crescimento

“...é um aumento em quantidade, não tem possibilidade de ser sustentável indefinidamente

em um mundo finito”. Já o desenvolvimento “é uma melhoria da qualidade de vida, sem

gerar, necessariamente, uma elevação na quantidade dos recursos consumidos – pode ser

sustentável”.

Os autores entendem que “desenvolvimento sustentável, segundo a concepção do Relatório

Nosso Futuro Comum, é aquele que atende às necessidades atuais da população sem limitar

as possibilidades de consumo das gerações futuras”. “Quando se fala em desenvolvimento

sustentável não se deve olhar apenas os aspectos materiais e econômicos, mas um conjunto

multidimensional e multifacetado que compõe o fenômeno de desenvolvimento, com os seus

(30)

na sustentabilidade conjunta de suas partes”. (STAHEL, 1995), citado por Rocha e Bacha

(2000).

Ao tratar de Economia Ecológica os autores buscam enfocar a relação entre economia,

sociedade e ambiente. Destacam: “Para a Economia Ecológica, as políticas públicas bem

sucedidas são aquelas que conciliam crescimento econômico, com preservação ambiental,

estimulando o uso ordenado dos recursos naturais, com o objetivo de tornar disponível ao

menos a mesma quantidade, desses recursos, às populações futuras, alcançando um

desenvolvimento sustentável. Para tanto, ao serem formuladas, devem ser precedidas de uma

política de meio ambiente que organize e coloque em prática as várias ações que possuem

como meta primordial atender às solicitações sociais e à proteção ambiental. Essa política

deve estar calcada em instrumentos técnicos, econômicos e regulamentos que amenizem as

discordâncias entre os interesses dos agentes do Estado e da sociedade civil. A economia

ecológica propõe dois desses instrumentos, que são a gestão ambiental e o zoneamento

econômico-ecológico”.

Assim, a economia, que é, na sua essência, uma ciência humana, não pode ignorar o ser

humano. Se não existisse o ser humano, não existiria a economia. Nesta linha de raciocínio,

não se pode falar em desenvolvimento econômico, dissociado do desenvolvimento humano,

por uma razão simples e que deveria ser obvia e clara: a economia está para o ser humano.

Portanto, pretende-se aqui ampliar o conceito de desenvolvimento econômico elevando-o à

categoria de economia humana.

A economia humana coloca o ser humano no centro da discussão e leva em consideração,

além do processo de crescimento da produção, da produtividade e do estoque de capital, os

reflexos deste crescimento na qualidade de vida das pessoas, considerando como fatores

(31)

acesso à saúde, o comportamento da aplicação dos recursos públicos e a participação da

sociedade nas decisões dos agentes de organização do estado.

2.3. GEO-REFERENCIAMENTO

O geo-referenciamento vem sendo muito utilizado para a realização de estudos das técnicas de

análise espacial de dados sócio-econômicos, em diferentes escalas espaciais e temporais. Este

é um poderoso instrumento para o diagnóstico, formulação e monitoramento de políticas

públicas de inclusão social. Estudos desta natureza vêm sendo desenvolvidos pelo Núcleo de

Seguridade e Assistência Social da PUC/SP, em parceria com o Instituto de Pesquisas

Espaciais – IMPE, entre outros centros de pesquisa.

Galvão e Vasconcelos (1999), realizaram um diagnóstico, expresso na forma de mapas,

contemplando a tipologia espacial/territorial brasileira, com o objetivo de fornecer elementos

para a constituição de um fundo de apoio ao desenvolvimento regional. A tipologia

empregada pelos autores inspira-se no modelo utilizado pelo Fundo Europeu de

Desenvolvimento Regional (FEDER).

Inicialmente, os autores discutem as tendências mais recentes do desenvolvimento regional.

Abordam três fases do desenvolvimento brasileiro: “(a) fase do isolamento relativo ou do

arquipélago regional, representado pelos antigos complexos exportadores, que perdurou até o

princípio deste século; b) fase da articulação comercial, concomitante com a primeira etapa

da industrialização brasileira, que perdurou até os anos 60, e c) fase daintegração produtiva,

que alcança os anos 80. O período a partir de meados da década de 1980, segundo os autores

tende a caracterizar uma quarta fase do desenvolvimento econômico espacial. Deste período,

(32)

reconcentração da dinâmica econômica e outra que defende um processo de fragmentação

econômica do território nacional.

Para os autores“a tese da fragmentação do desenvolvimento do país em termos espaciais não

diverge radicalmente da idéia de uma tendência genérica de reconcentração da dinâmica da

economia em torno de um polígono localizado no interior do Centro-Sul, mas implica sua

qualificação, sobretudo quanto à necessidade de incorporar à análise algumas frações

exógenas ao território. Baseia-se na percepção de que, desde pelo menos o princípio dos

anos 80, o motor do crescimento nacional esteve associado crescentemente à exploração de

algumas poucas opções exportadoras, desatreladas de nexos mais orgânicos com a estrutura

produtiva implantada até então, como ocorria no passado. Estruturado em torno da

produção de bens intermediários industriais e dos oriundos da agroindústria, esse processo

autonomizou determinados circuitos produtivos e comerciais, e deu lugar ao surgimento de

dinâmicas localizadas de crescimento, as quais, no agregado, refletiam menor ritmo de

evolução da economia do país”.

Os autores demonstram a dinâmica regional brasileira, a partir de uma série de mapas que

destacam seis microrregiões geograficas. A partir da análise dos mapas é possível identificar

subespaços dinâmicos de menor nível de renda; subespaços estagnados de renda média e

subespaços deprimidos tradicionais.

Fundamentados nesse diagnóstico, os autores apresentam uma tipologia como base de um

fundo de desenvolvimento regional. Eles definem as características gerais para o fundo de

desenvolvimento, voltado para o financiamento de programas sub-regionais com

investimentos em infra-estrutura econômica de pequena e média escala e ações vinculadas a

(33)

2.4. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO

Barros et. al. (2003), em “O Índice de Desenvolvimento da Família (IDF)”, desenvolveram

um índice calculado no nível de cada família, sendo que o objetivo dos autores foi o de criar

uma metodologia simples e que pudesse ser agregada para qualquer grupo demográfico. O

objetivo apresentado pelos autores é demonstrar que existe a possibilidade de construir um

índice sintético que seja similar ao Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, com a

especial diferença de levar em consideração várias dimensões da pobreza, além da

insuficiência da renda. Essa proposta “permite acomodar qualquer número de indicadores e

dimensões e também qualquer sistema de pesos”.

Os autores apresentam como justificativa para a construção desse índice as “limitações

amplamente conhecidas do IDH”. O IDF, construído com base nos dados da PNAD, expande

consideravelmente o escopo do IDH, ao adotar várias dimensões e ampliar o número de

indicadores utilizados para a construção do índice. A principal vantagem do IDF é que este

pode envolver agregações não só de natureza espacial/geográfica, mas também se pode

agregar em termos de grupos sociais e demográficos.

2.5. ANÁLISE DE ENVOLTÓRIA DE DADOS (DEA)

Diversos são os estudos que vêem sendo desenvolvidos utilizando a Data Envelopment

Analysis (DEA) para verificar a eficiência do desenvolvimento sócio-econômico.

Karkazis e Thanassoulis (1998), utilizam a DEA para comparar a efetividade dos

investimentos públicos em infra-estrutura e incentivos para atrair investimentos privados para

as regiões do norte da Grécia. Os incentivos aos investimentos são responsáveis por uma

grande proporção de gastos públicos na Grécia, onde um dos seus objetivos declarados é

(34)

A DEA torna possível identificar regiões onde os incentivos e gastos em infra-estrutura

atraem com sucesso investimentos privados de tal forma que os fatores deste sucesso podem

ser analisados com vistas a melhorar a política de desenvolvimento regional no governo

grego. Ressaltam que dois instrumentos chaves utilizados pelo governo grego para atrair

investimentos privados são o investimento público em infra-estrutura e garantias de

investimentos regionalmente diferenciadas.

Os autores utilizaram como variáveis de saída os níveis de investimentos privados nos setores

de serviço, industria e agricultura. Estas variáveis tornam possível aferir o equilíbrio setorial

dos investimentos atraídos. Prefeituras gozando de grandes linhas costeiras podem ter melhor

potencial de atrair investimentos em serviços, especialmente turismo, enquanto que

prefeituras gozando áreas cultivadas podem ser mais capazes de atrair um volume maior de

investimentos em agricultura. O modelo de aferição enfatiza estes setores e ainda, se eles

oferecem vantagem para uma dada prefeitura em comparação com outras.

São consideradas duas variáveis de entrada: investimentos públicos e incentivos aos

investimentos. Estas duas variáveis são os meios usados pelo estado para atrair investimentos

privados. Os investimentos públicos incluem gastos em rodovias, portos, escolas,

universidades e assim por diante. Esses investimentos alteram a imagem da prefeitura e níveis

mais altos de investimento público deveriam levar a níveis maiores de investimentos privados.

Gastos em incentivos monetários são usados como uma garantia para os investimentos feitos

para o período correspondente. Esta variável influencia as variáveis de saída de duas formas.

Em primeiro lugar, investimentos privados feitos durante o período imediatamente anterior ao

período de aferição geram o potencial para investimento durante o período de aferição. Em

(35)

investimentos em infra-estrutura, e assim podem influenciar o nível de investimentos futuros

para a área. As variáveis de input são denominadas gastos públicos.

Claramente, pode ser esperado que os gastos públicos afetarão os níveis das variáveis de

output com uma defasagem. O que é menos claro é o tamanho dessa defasagem. Os autores

escolheram uma defasagem de no mínimo um ano e no máximo de 10 anos, identificando

como impacto do gasto público em atrair novos investimos, que cai com o tempo, é o ponto

principal, mas que não é totalmente tratado neste trabalho.

Portanto, segundo os pesquisadores, existem duas deficiências no modelo, primeiro ele ignora

quaisquer investimentos gerados pelas variáveis input fora do período de análise, e segundo é

que ignora o impacto do gasto público na atração de novos investimentos no mesmo período

de analise.

Os autores consideram mais apropriado o modelo BCC1 que verifica retornos variáveis de

escala, uma vez que permite avaliar melhor a capacidade que duas prefeituras que fazem

gastos públicos semelhantes e tem de capacidade específica de atração de investimentos

privados. O modelo foi orientado para output, pois desta forma é possível observar o máximo

nível de investimentos privados em cada setor.

O método DEA permitiu aos autores concluir que das vinte prefeituras avaliadas cinco

apresentaram baixa eficiência atraindo, quando muito, 20% a 25% do investimento privado

possível, em qualquer setor da economia dado um determinado gasto público, outras oito

prefeituras tiveram eficiências medianas, de 40% a 60%. Desta forma mais da metade das

prefeituras parecem atrair pouco investimento privado para o seu nível de gasto público.

1O Apêdice A deste trabalho apresenta o arcabouço teórico sobre o qual se sustenta a Análise de

(36)

Muitos outros autores têm discutido a utilização da DEA para avaliar o desenvolvimento

sócio-econômico, Despotis (2005), destaca que em geral a literatura sobre desenvolvimento

adotou a renda per capita como uma medida de desenvolvimento em diversos paises, ainda

que isto tenha sido criticado desde a década de 50.

Nas duas últimas décadas é totalmente reconhecido que indicadores econômicos puros não

podem, por si só, capturar a multidimensionalidade do desenvolvimento humano. Numa

tentativa de considerar diferentes aspectos da vida quando relacionados ao desenvolvimento

humano, o Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas introduziu em 1990 o Índice de

Desenvolvimento Humano (IDH).

O autor critica o IDH no sentido de que pesos iguais são tomados para os três componentes do

índice, quais sejam: longevidade, educação e padrão de vida. Isto afeta em alguma extensão a

posição relativa no ranking do IDH, as posições dos países podem ser atribuídas a duas razões

principais: uma é estrutural e está relacionada aos dados em si mesmo, e a outra está

relacionada ao esquema particular de pesos atribuídos no IDH.

De fato, determinados países vão assumir algumas posições no IDH em função destes pesos,

posições estas que seriam totalmente alteradas se o esquema de pesos fosse outro. Em função

deste problema, Mahlberg e Obersteiner (2001)2 introduziram a idéia de utilizar o DEA para

medir a performance relativa dos países em termos de desenvolvimento humano. Neste

sentido, os autores sugeriram uma orientação para o produto, assumindo retornos constantes

de escala. No seu modelo todos os indicadores individuais são considerados como output e

umadummy inputigual a 1 é assumida para todos os país.

(37)

Para restringir a flexibilidade do modelo na seleção de pesos eles introduziram restrições

arbitrárias nas razões dos pesos e inverteram os resultadosda DEApara torna-los comparáveis

ao IDH.

O autor aplicou a DEA às regiões da Ásia e do Pacífico. Dentro do contexto da DEA ele

estimou a eficiência dos países na conversão de renda em conhecimento e oportunidade de

vida. A capacidade dos países em converter prosperidade econômica em melhores condições

de vida para o seu povo pode ser modelada e aferida se a renda é vista como um meio para

expandir conhecimento e oportunidade de vida para além do alcance de um padrão de vida

decadente.

Esta é uma mudança na abordagem do desenvolvimento humano que coloca renda no lado da

entrada e expectativa de vida e educação no lado da saída. Ele utiliza a renda real per capita

no paradigmainput-outputpara refletir a expansão da capacidade da população em acessar os

recursos necessários para adquirir conhecimento e para alcançar uma vida mais longa e

saudável.

O modelo de retornos variáveis de escala é usado para medir a performance relativa dos

países. Para o autor o uso da DEA tem como vantagem em relação ao IDH o fato de usar

pesos menos arbitrários e contestáveis.

Outros autores que utilizam o modelo DEA para analisar a eficiência do setor público, é o

caso de Wang (2005), que busca medir a performance dos investimentos estatais nas

províncias da China utilizando os modelos BCC e CCR da DEA, e Sampaio (2005) que

(38)

3. UM OLHAR SOBRE O ESTADO DE RONDÔNIA

Antes de discutir a estrutura e análise desta pesquisa, apresenta-se uma síntese da formação do

Estado de Rondônia, que tem em suas características parâmetros que ajudam explicar o seu

processo de desenvolvimento. Neste capitulo, foi lançado um rápido olhar sobre o processo de

formação do Estado de Rondônia, buscando fornecer informações básicas quanto às

especificidades do território do Estado, localizado na região amazônica, cuja área territorial é

formada, em grande parte, por reservas indígenas e florestais. Foram abordadas as bases

conceituais do Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia (Planafloro), programa ao qual

estão inseridos os Projetos de Financiamento às Comunidades (PAIC). Ao final são discutidos

os conceitos sob os quais o PAIC foi concebido.

3.1 DISCUSSÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL NO ESTADO DE

RONDÔNIA

As políticas públicas referentes à ocupação do Estado de Rondônia são discutidas por Rocha e

Bacha (2000), e traçam um olhar sobre a posição de Rondônia como membro da Amazônia

Legal e as ações adotadas pelo governo federal, a parir de 1960, no sentido de integrar as

regiões brasileiras, por meio de estradas que ligassem a Amazônia às regiões nordeste e sul do

país.

Os autores analisam os fluxos migratórios do Estado de Rondônia a partir da década de 1970

e destacam os impactos da ocupação do seu território sobre as florestas. A ocupação do estado

ocorreu, por um lado, devido a fatores de expulsão, no sul e sudeste do País, provocada pela

diminuição das oportunidades de trabalho, decorrente da difusão dos sistemas mecanizados

(39)

Por outro lado, verificaram-se fatores de atração, determinados pela conclusão das obras da

BR 364 bem como pela possibilidade de se conseguir lotes de terrenos de 100 hectares, com

serviços básicos e infra-estrutura necessária, por preços baixos, nos diversos projetos de

colonização do Estado.

Estes projetos de colonização faziam parte dos Projetos Integrados de Colonização (PIC),

criados pelo Governo Federal na década de 1970, com o objetivo de assentar agricultores sem

terra e de baixa renda.

A pavimentação da BR 364, parte integrante dos objetivos do Polonoroeste, Projeto do

Governo Federal abrangendo parte do Estado de Mato Grosso e do Estado de Rondônia,

implementado na década de 1980, em parceria com o Banco Mundial, gerou novo fluxo

migratório e colaborou para a expansão significativa do setor de extração de madeira, em

especial madeira em tora, no Estado de Rondônia.

Ainda buscando “...obter um ordenamento da ocupação, de acordo com critérios mais

sustentáveis, houve a preocupação do Governo Estadual, por volta de 1986, em corrigir

alguns pontos de Polonoroeste, por meio da incorporação da idéia do ordenamento territorial,

numa visão de sustentabilidade de longo prazo ...” “...Com a criação do Plano Agropecuário e

Florestal de Rondônia (Planafloro)” Rocha e Bacha (2000).

Os autores abordam, ainda, o ICMS ecológico, que vem ser “a alocação específica de parte do

ICMS recolhido pelos estados aos municípios que preservem o meio ambiente”. Concluem

que “a preocupação com o desenvolvimento sustentável ampliou-se nas políticas estaduais

implementadas a parir da segunda metade da década de 80, mas não conseguiram, ainda,

(40)

3.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO ESTADO DE RONDÔNIA

A ocupação e a formação do Estado de Rondônia estão diretamente ligadas à intervenção do

estado como agente responsável pela ocupação e desenvolvimento territorial.

Um breve olhar na história da ocupação do estado mostra que, dadas a localização e as

condições do território onde está localizado, tornou-se essencial que fosse estabelecida uma

política de ocupação do norte do país. A ocupação territorial, como é natural, ocorre

estimulada por questões econômicas.

No caso da região em que se encontra o Estado de Rondônia, os fatores de atração foram os

ciclos econômicos de extração mineral e vegetal: ciclo do ouro (século XVII), da borracha

(século XIX), do diamante, da cassiterita (meados do século XX) e da agricultura (inicio dos

anos 1970).

No século XVII a presença, na região, dos espanhóis fez com que a Coroa portuguesa,

preocupada com o domínio do território e com o grande volume de ouro extraído da região,

implantasse o Real Forte Príncipe da Beira, localizado em Guajará Mirim, iniciando com isto

a ocupação do território, basicamente uma ocupação militar, acompanhada de poucos

povoados de garimpeiros (AGRA, 2005).

Já no século XIX, com o ciclo da borracha e a necessidade de controle do território, a

Comissão Rondon, com a implantação das Linhas Telegráficas do Mato Grosso ao Amazonas,

proporcionou uma nova rota de ocupação, tendo como referência suas estações telegráficas.

Neste mesmo período, a construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, iniciada em 1903 e

concluída em 1912, atraiu alguns contingentes migratórios, principalmente de bolivianos,

(41)

Até meados do século XX, a região continuava pouco habitada, quando novos ciclos

econômicos tiveram importante papel na ocupação definitiva da região. Os grandes fluxos

migratórios, atraídos pela possibilidade de crescimento econômico da região e a falta da

presença do estado, geraram sérias tensões sociais, em especial pela posse da terra

(AGRA,2005).

Na década de 1970, o então governo militar, instalado no comando do país, definiu como uma

de suas metas integrar o norte ao resto do país. Neste período, foram gestados e implantados

os Planos Nacionais de Desenvolvimento, os PNDs. Entre seus objetivos estavam: a

colonização agrícola, a construção de estradas que ligassem o norte ao sul do País e diversos

incentivos fiscais, com vistas a incentivar novas atividades na região.

Na década de 1980, o governo federal, preocupado com a ocupação desordenada da região e

com a utilização desordenada dos recursos naturais, em conjunto com o Banco Mundial,

elaborou e implementou o Programa Polonoroeste. Parcialmente Financiado com recursos do

BIRD, foi bastante amplo e visava a integração nacional com a pavimentação da BR 364, que

liga a cidade de Cuiabá, no Mato Grosso a Porto Velho, Capital de Rondônia, dar condições a

uma ocupação ordenada dos dois estados, com aumento da produção, levando em conta a

preservação ambiental e a proteção das comunidades indígenas Rocha e Bacha (2000).

Os objetivos do projeto foram parcialmente atingidos, e em parte gerou externalidades muito

complicadas. Por exemplo, com a pavimentação da BR 364, trecho Cuiabá - Porto Velho,

deu-se a ocupação desordenada das áreas às margens da rodovia, gerando a exploração dos

recursos naturais sem a sutentabilidade, inicialmente pensada pelo Polonoroeste. O objetivo

de desenvolver a produção agrícola reduziu-se ao extrativismo, principalmente de madeiras

nobres, e à exportação destas em toras, sem passar por nenhum processo que agregasse valor e

(42)

Além disso, os próprios órgãos do governo federal, neste caso a SUDAN, financiavam

projetos totalmente dissonantes dos objetivos propostos pelo próprio governo federal, quando

da concepção do Polonoroeste, e os projetos financiados pela SUDAN, eram “mais voltados à

extração de madeira, não havendo a devida preocupação com a sustentabilidade da atividade

no longo prazo” (ROCHA E BACHA, 2000).

Como destaca a Avaliação de Meio Termo do Planafloro (PNUD, 1996) “O impacto

ambiental causou grandes repercussões e provocou a imediata reação de organismos

internacionais, principalmente os ligados às questões ambientais, que elegeram o Banco

Mundial como alvo principal, acusando-o de financiar o desmatamento da Amazônia”. As

severas críticas dirigidas ao Banco, aliadas à necessidade do governo do estado em obter

recursos para investimentos em infra-estrutura, criou um clima político favorável à realização

de um novo programa que pudesse reverter os resultados negativos do Polonoroeste. O Banco

buscava um Programa capaz de frear as crescentes taxas de desmatamento, voltado à

exploração sustentável dos recursos naturais e à proteção de grandes unidades de conservação

– este procedimento minimizaria as críticas e pressões a ele dirigidas.

Assim, a união dos interesses, de um lado do estado em lançar mão do crédito

internacional oferecido, que lhe garantiria investimentos e prestígio e, do outro, do Banco em

responder positivamente às críticas e pressões dos grupos ambientalistas internacionais,

resultou num acelerado processo de negociação de um Programa que partia dos sucessos e

insucessos do Polonoroeste. Sob esta ótica foi concebido, a partir de 1986, o Plano

Agropecuário e Florestal de Rondônia (Planafloro), que só iniciou sua implementação em

19913.

3Sobre este assunto ver: Projeto Úmidas, (Banco Mudial, 1999) e Avaliação Final do Planafloro,

(43)

Como se pode observar, a ocupação e a própria conformação e da sociedade do estado

tiveram a presença constante de programas do Governo Federal, com intervenção direta na

tentativa de promover, tanto a ocupação do território, quanto o crescimento e o

desenvolvimento da economia local.

Observa-se que a falta de planejamento e de uma política integrada de governo provocou

distorções nas tentativas de buscar o desenvolvimento, em especial nas ações desencadeadas a

partir de meados do século XX.

3.3 O PLANO AGROPECUÁRIO E FLORESTAL DE RONDÔNIA (PLANAFLORO)

Na base conceitual deste projeto está a necessidade de fazer o zoneamento territorial, que tem

como objetivo conhecer os recursos naturais disponíveis, planejar a ocupação e a exploração

do território.

O Planafloro foi um projeto multidisciplinar, sendo que os componentes originais do projeto

eram: zoneamento sócio-econômico-econlógico; regularização fundiária, de terras públicas e

privadas; estabelecimento, gestão e proteção de reservas, proteção de povos indígenas;

Monitoramento, fiscalização e controle; pesquisa agropecuária e agroflorestal, extensão rural,

crédito rural; serviços e infra-estrutura para educação e saúde; infraestrutura para transporte,

eletrificação rural, abastecimento de água; fortalecimento institucional, assistência técnica.

Estes componentes buscavam: demarcar e proteger Unidades de Conservação, Áreas

Indígenas, Florestas Públicas e Reservas Extrativistas, incentivo à produção em áreas aptas à

agricultura, e ao manejo florestal e a extração de produtos não madeireiros da floresta. Além

disso, visavam realizar investimentos dirigidos em infra-estrutura sócio-econômica, qualificar

(44)

instituições públicas e, principalmente realizar o Zoneamento sócio-econômico-ecológico de

todo o território do Estado de Rondônia (PNUD, 1996).

A insatisfação de segmentos da sociedade civil organizada do estado e as crescentes criticas

da comunidade internacional levaram o governo brasileiro e o BIRD a uma Revisão de Meio

Termo. Este foi um processo de negociação que envolveu o governo do Rondônia, ONGs e o

BIRD, resultando em mudanças significativas no desenho inicial do projeto.

Diversos componentes foram excluídos, restando, da concepção original, apenas quatro

componentes: Zoneamento; Conservação ambiental e Infraestrutura rodoviária. Foi também

criado o Componente Programa de Apoio ás Iniciativas Comunitárias – PAIC, projeto este

que foi concluído em 2001 (PNUD, 1996).

3.4 CONCEPÇÃO DO PROGRAMA DE APOIO ÀS INICIATIVAS COMUNITÁRIAS

(PAIC)

O PAIC foi concebido na Revisão de Meio Termo, do Planafloro. Segundo o Manual

Operativo do PAIC (PNUD, 1997) seu objetivo geral é “viabilizar o financiamento e a

implementação de projetos concebidos a partir das necessidades, iniciativas e prioridades de

ação definidas pelas próprias comunidades, visando o melhoramento das condições de vida,

emprego, renda, tecnologia e produção, ao fortalecimento da cidadania, organização social,

participação e autogestão e conservação ambiental em consonância com os objetivos do

(45)

O programa objetivava:

“- Melhorar as condições de vida das comunidades rurais e populações tradicionais, através

de investimentos de natureza econômico-social, de infra-estrutura básica de proteção e

conservação ambiental, que satisfaçam as demandas mais urgentes e prioritárias;

- Contribuir para a organização social e política das comunidades rurais e populações

tradicionais, fortalecendo a qualidade desses movimentos, estimulando o processo de

democratização para o exercício da cidadania;

- Incentivar a participação social local e a promoção de parcerias das instituições públicas

com ONGs na implantação do PAIC;

- Auxiliar a descentralização progressiva do processo de desenvolvimento sustentável,

criando capacidades técnicas e gerenciais que contribuam para a conservação e preservação

do meio ambiente, incluindo as áreas protegidas por lei;

- Garantir a consolidação do eixo ambiental do Planafloro, em todos os níveis, através de

ações programáticas e conscientização dos beneficiários diretos e indiretos do projeto

(PNUD, 1997).

O repasse dos recursos do programa era feito diretamente às comunidades, estas deveriam

estar organizadas em entidades legalmente constituídas como pessoa jurídica, sem fins

lucrativos, e que se enquadrassem nas normas legais vigentes, de maneira que permitisse

firmar convênio com o poder público, cujo projeto havia sido aprovado pela coordenação do

(46)

Os recursos eram transferidos por meio de conta bancária, em parcelas, que iam sendo

liberadas mediante a prestação de contas relativas à parcela anterior. No total, entre 1997 e

1998, foram firmados 201 convênios no Estado de Rondônia, conforme Tabela 2 do Anexo A

Imagem

Figura 1: Fluxograma dos passos metodológicos e técnicas na estrutura e análise de dados
FIGURA 2 – Composição do Índice de Desenvolvimento do Município
TABELA 1 – Resultados dos Indicadores – 1991\2000
TABELA 2 – Resultados dos indicadores – 1991\2000
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Referências

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