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Características dos hábitos alimentares, índice de massa croporal, gordura corporal e pressão arterial de escolares em Floriano - PI

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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa

Programa de Pós-Graduação

Stricto Sensu

em Educação Física

Dissertação de Mestrado

CARACTERÍSTICAS DOS HÁBITOS ALIMENTARES, ÍNDICE

DE MASSA CROPORAL, GORDURA CORPORAL E PRESSÃO

ARTERIAL DE ESCOLARES EM FLORIANO-PI

Brasília

DF

2012

(2)

IRINEU DE SOUSA JÚNIOR

CARACTERÍSTICAS DOS HÁBITOS ALIMENTARES, ÍNDICE DE MASSA CROPORAL, GORDURA CORPORAL E PRESSÃO ARTERIAL DE ESCOLARES

EM FLORIANO-PI

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, como requisito para obtenção do Título de Mestre em Educação Física.

Orientadora: Profª. Drª. Nanci Maria de França

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12,5 cm

7,5 cm 7,5cm

Ficha elaborada pela Biblioteca Pós-Graduação da UCB 01/10/2012 S678c Sousa Júnior, Irineu.

Características dos hábitos alimentares, índice de massa corporal, gordura corporal e pressão arterial de escolares em Floriano-PI. / Irineu de Sousa Júnior – 2012.

75f. ; il.: 30 cm

Dissertação (mestrado) – Universidade Católica de Brasília, 2012. Orientação: Profa. Dra. Nanci Maria de França

1. Hábitos alimentares. 2. Adolescentes. 3. Estilo de vida. 4. Pressão arterial. I. França, Nanci Maria de, orient. II. Título.

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Dissertação de autoria de Irineu de Sousa Júnior, intitulada “CARACTERÍSTICAS DOS HÁBITOS ALIMENTARES, ÍNDICE DE MASSA CORPORAL, GORDURA CORPORAL E PRESSÃO ARTERIAL DE ESCOLARES EM FLORIANO-PI, apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Educação Física da Universidade Católica de Brasília, em 30 de Agosto de 2012, defendida e aprovada pela banca examinadora abaixo assinada:

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Daqui seguem algumas palavras à

Cyntia:

Você tem todo o meu amor, meu respeito e minha admiração;

Eu sei o quanto você sofreu com a minha ausência, mas sempre me recebeu de braços abertos na minha chegada;

Esteve do meu lado nos momentos mais difíceis que passei;

Eu te amo e é contigo que eu pretendo envelhecer.

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AGRADECIMENTO

Este é um daqueles momentos em que passa um filme da nossa trajetória de vida. É um momento em que me recordo principalmente do início da minha caminhada científica, mais precisamente como estudante de graduação na Educação Física (UESPI/Teresina-Piauí). Foi um período de muitos sonhos e incertezas sobre a minha caminhada acadêmica, afinal, estávamos iniciando o construir “Ser Educador”. Neste momento em que finalizo a minha dissertação, percebo que fazem 9 anos de história e naturalmente vejo que muitas coisas aconteceram e tantas outras estão por vir.

Os meus agradecimentos, portanto, são as expressões mais sinceras traduzidas por sentimentos oriundos da minha essência humana.

É com muita felicidade e amor que eu agradeço primeiramente a Deus, fonte de sabedoria e esperança; aos meus pais, Irineu e Fátima; aos meus irmãos Leonardo (in memoriam), Lanielder e Liêda. Vocês se tornaram parte pulsante da minha vida. Obrigado!

Nestes últimos 9 anos, outras pessoas passaram a fazer parte da minha existência, pessoas que me acolheram como filho e como irmãos em períodos difíceis. Meus agradecimentos à minha segunda família: meus Professores e Amigos de Profissão.

É claro que tudo isto foi motivado por uma pessoa maravilhosa que iluminou a minha vida, Cyntia, minha esposa e quem compartilho mais uma etapa da nossa vida. Você tem todo o meu amor, meu respeito e minha admiração. É com você que quero continuar construindo a minha terceira família. Eu te amo!

A minha quarta família vem do IFPI/Campus Floriano. De alguma forma, sempre aprendi com vocês. Ao IFPI/Campus Floriano, minha casa. Muitos passaram e marcaram este grupo; muitos permanecerão ao longo dos anos. Aqui nascemos, crescemos e voamos academicamente. Seria injustiça citar nomes, agradeço a todos!

Nos últimos três anos, com mais responsabilidade e serenidade, passei a formar uma quinta família. Uma família que depositou em mim a confiança de compormos um grupo de pesquisa. A Família UCB. Sou extremamente grato a todos os professores e colaboradores da Universidade Católica de Brasília (UCB) por acreditarem em mim. Agradecimentos especiais seguem para a Professora Nanci França, minha orientadora, por me acolher nos momentos mais difíceis e pelos ensinamentos iluminados.

Termino estes meus agradecimentos dedicando as últimas palavras ao meu amigo, ora irmão, ora pai. Nestes últimos anos já “choramos”, brincamos, trabalhamos e crescemos. Mesmo sem às vezes entendê-lo, não me afastei. Procurei escutar. Com convicção agora digo: Você, Enivaldo (ou melhor, KENT) é um exemplo de dignidade Humana.

Por fim, um indivíduo que constitui uma família tão alargada, só pode ser uma pessoa feliz.

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“Não sei se a vida é curta ou longa para nós, mas sei que nada do que vivemos tem sentido, se não tocarmos o coração das pessoas. Mintas vezes basta ser colo que acolhe, braço que envolve, palavra que conforta, silêncio que respeita, alegria que contagia, lágrima que corre, olhar que acaricia, desejo que sacia, amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, é o que dá sentido à vida. É o que faz que ela não seja nem curta, nem longa demais, mas, que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar. Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina”

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RESUMO

Referência: SOUSA JÚNIOR, Irineu de. Características dos hábitos alimentares, índice de massa corporal, gordura corporal e pressão arterial de escolares em Floriano-PI. 2012. 74 f. Dissertação de Mestrado (Programa Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação Física) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2012.

Introdução: A saúde geral dos indivíduos, durante o período de crescimento e desenvolvimento, está estreitamente ligada ao seu estilo de vida, que por sua vez repercute sobre os hábitos alimentares, gordura corporal e pressão arterial. Neste sentido, podemos entender a epidemia de obesidade e doenças crônicas relacionadas ao consumo excessivo e desequilibrado de alimentos que é característica marcante das últimas décadas. Objetivo:

Caracterizar os hábitos alimentares, índice de massa corporal, gordura corporal e padrões de pressão arterial dos escolares adolescentes da cidade de Floriano no Piauí. Material e Método: Estudo observacional de prevalência do tipo descritivo com delineamento de corte transversal. A amostra incluiu 385 adolescentes com idade cronológica entre 14 e 17 anos, de ambos os sexos, regularmente matriculados no ensino médio das escolas públicas da zona urbana da cidade de Floriano. Para a coleta das informações foi utilizado um questionário (COMPC, validado por Nahas et al. 2005). O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Católica de Brasília (UCB-DF), sob o parecer de nº 077/2011 de 23/05/2011.Para a analise estatística realizou-se análise descritiva, análise univariada (tabela de frequência) e bivariada (tabela de contingência através do teste do qui-quadrado, com nível de significância de p≤0,05). O índice de confiança considerado foi de 95%. Resultados: Os principais resultados demonstram alto consumo de arroz com feijão na dieta desses escolares. Ficou evidenciado um baixo número de escolares (7%) que apresentaram excesso de peso, que 50% apresentaram percentual de gordura de moderadamente alto a alto, além de uma associação positiva e significativa entre gordura corporal e níveis de pressão arterial, o que demonstra que há um maior número de escolares com hipertensão dentro dos grupos mais elevados de gordura corporal. Conclusão: Portanto, conclui-se que o consumo de arroz com feijão influencia na manutenção salutar do índice de massa corporal na adolescência e que as altas taxas de gordura corporal estão relacionadas com a hipertensão arterial.

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ABSTRACT

Introduction: The general health of individuals, during the period of growth and development is closely linked to his lifestyle, which in turn has repercussions on dietary habits, body fat and blood pressure. In this sense, we can understand the epidemic of obesity and chronic diseases related to excessive and unbalanced food which is hallmark of recent decades. Objective: To characterize dietary habits, body mass index, body fat and blood pressure patterns of schoolchildren in the city of Floriano Piauí. Methods: Observational study of prevalence, descriptive cross-sectional design. The sample included 385 adolescents with chronological age between 14 and 17 years, of both sexes, enrolled in the public schools in the urban area of the city of Floriano. To collect the information a questionnaire was used (compc validated by Nahas et al. 2005). The study was approved by the Ethics Committee on Human Research of the Catholic University of Brasília (UCB-DF), on the advice of No. 077/2011 of 23/05/2011. For the statistical analysis was performed descriptive analysis, univariate (frequency table) and bivariate (contingency table using the chi-square test, with significance level of p ≤ 0.05). The confidence index considered was 95%. Results: The main results show high consumption of rice and beans in the diet of these individuals. Evidenced a low number of students (7%) who were overweight, 50% had fat percentage of moderately high to high, and a positive and significant association between body fat and blood pressure levels, which shows that there are a greater number of school children with hypertension within groups higher body fat. Conclusion: Therefore, it is concluded that the consumption of rice and beans influences the maintenance of healthy body mass index in adolescence and high rates of body fat are associated with hypertension.

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LISTA DE TABELA

TABELA 01 – VALORES PERCENTUAIS DE INDIVIDUOS, EM CADA NÍVEL DE CLASSIFICAÇÃO DO IMC, NOS GRUPOS MASCULINO, FEMININO E GERAL...34

TABELA 02 – VALORES PERCENTUAIS DA FREQUÊNCIA SEMANAL DOS HÁBITOS ALIMENTARES DOS ESCOLARES E VALORES DO TESTE DO QUI-QUADRADO (2) PARA HÁBITOS ALIMENTARES E IMC, EM AMBOS OS

SEXOS...36

TABELA 03 – VALORES PERCENTUAIS DA GORDURA CORPORAL (%G), EM CADA NÍVEL DE CLASSIFICAÇÃO, NOS GRUPOS MASCULINO, FEMININO E GERAL...41

TABELA 04 – VALORES PERCENTUAIS PARA: PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA (PAS) E PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA (PAD), NOS GRUPOS MASCULINO, FEMININO E GERAL...43

TABELA 05 – VALORES DA MEDIANA PARA %G, PAS E PAD; VALORES DO TESTE DO QUI-QUADRADO (2) PARA %G E PAS, %G E PAD, NOS GRUPOS MASCULINO,

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...10

2 REVISÃO DE LITERATURA...13

2.1 HÁBITOS ALIMENTARES...13

2.1.1 Parâmetros Alimentares Adequados...16

2.2 SOBREPESO E OBESIDADE...19

2.3 HIPERTENSÃO...24

3 OBJETIVOS...29

3.1 OBJETIVO GERAL...29

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...29

4 MÉTODOS E TÉCNICAS...30

4.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA...32

4.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA...32

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...33

5.1 INFORMAÇÕES DEMOGRÁFICAS...33

5.2 HÁBITOS ALIMENTARES E CONTROLE DE PESO...33

5.3 RELAÇÃO ENTRE PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA E DIASTÓLICA E PERCENTUAL DE GORDURA...40

6 CONCLUSÃO...47

REFERÊNCIAS...48

APÊNDICE...58

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1 INTRODUÇÃO

A adolescência tem sido foco da atenção e preocupação de boa parte da sociedade e de muitos pesquisadores, designando-a enquanto uma fase de tempestade e tormenta. Diversos profissionais a entendem como uma etapa da vida criada historicamente pelos homens, enquanto fato social e psicológico e enquanto representação, de modo que se observam diferentes significações dela na cultura e na linguagem, no contexto das relações sociais, bem como experiências culturais em que não é referida (CUSTÓDIO, 2009).

A Organização Mundial de Saúde define adolescência como o período compreendido entre dez e dezenove anos de idade. Nessa etapa, o crescimento e desenvolvimento físico são fortemente influenciados pela interação de fatores genéticos e ambientais, que explicam o estilo de vida (CARVALHO et al., 2001; CONTI; FRUTUOSO; GAMBARDELLA, 2005).

Segundo Nahas (2003), o estilo de vida individual é um conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das pessoas, ou seja, nosso padrão de comportamento apresenta um elevado impacto sobre a saúde, em geral, determinando para a grande maioria das pessoas, o quão doentes ou saudável serão a médio e longo prazo. O estilo de vida individual com seus comportamentos relacionados à saúde é que surgirão os reflexos positivos ou negativos em nossa qualidade de vida atual e na velhice (MORAES et al., 2009).

Desde o século passado, têm ocorrido mudanças no modo de viver da sociedade, marcadas pela redução da atividade física, aumento do estresse e inadequada alimentação (NAHAS; BARROS; FRANCALACCI, 2000). Essas transformações elevam os riscos à saúde, principalmente pela associação com as doenças envolvidas neste processo de mudança no estilo de vida, das populações no mundo (SOAR, 2003; ILHA, 2004; REIS, 2004; OLIVEIRA et al, 2009; FETT et al, 2010).

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dos óbitos e 39% das internações no Sistema Único de Saúde (SUS) (FISBERG, 2009).

Segundo Both (2008), um estilo de vida adequado influencia na expectativa de vida da população e na manutenção da saúde. Nesse sentido, a saúde é definida como um recurso para a vida, e não o objeto de vida, sendo um conceito positivo que requer recursos sociais, pessoais e capacidades físicas (WHO, 1998).

Para Cabral (2009), a saúde e sua manutenção ao longo da vida estão relacionadas a um estilo de vida ativo e a hábitos preventivos que englobam, principalmente, controle do estresse, redução da gordura corporal, o não tabagismo, redução de bebidas alcoólica e ingestão balanceada de macros nutrientes.

No entender de Silva et al. (2009), está ocorrendo uma redução no nível de atividade física da população, sobretudo durante a adolescência, sendo que, para se obter benefícios à saúde, basta o envolvimento com atividades de intensidades moderadas a vigorosas na maioria dos dias da semana. Outros comportamentos influenciam o estilo de vida pouco ativo fisicamente, tais como: assistir TV, jogar vídeo games, utilizar computador, atividades intelectuais e ausência nas aulas de Educação Física.

Ser ativo fisicamente é um dos fatores que determinam um estilo de vida ideal na população adolescente. O próprio meio de transporte que os escolares utilizam para se deslocarem até a escola e a distância percorrida são fundamentais.

Por outro lado, alguns fatores, como a redução do espaço de lazer, aumento dos índices de violência e a menor prática de caminhada e de ciclismo como meio de transporte, são responsáveis por alterações no estilo de vida dos jovens. Além disso, estão expostos a comportamentos que levam ao aumento do risco à saúde, dentre os quais: consumo de álcool, tabagismo e comportamento sedentário (LEGNANI et al., 2009; GUEDES et al., 2010).

As evidências científicas mostram que o desenvolvimento de várias doenças tem seu início na infância e adolescência, principalmente as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que estão vinculadas ao estilo de vida da sociedade. Esse fenômeno tem elevado o interesse sobre os fatores comportamentais que podem originar tais doenças.

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consumo alimentar a fim de identificar os hábitos alimentares juvenis, prevenindo o surgimento de comorbidades associadas (SILVA et al., 2009). Verificou-se a ausência de investigações acerca da temática: hábitos alimentares e características do estilo de vida em adolescentes, na cidade de Floriano, em importantes bibliotecas virtuais latino-americanas (LILACS e Scielo), demonstrando a pertinência de se pesquisar esse fenômeno nessa cidade do nordeste brasileiro. Adicionada à escassez de estudos sobre esse tema, tem-se a ascensão dos índices de distúrbios alimentares e doenças crônicas como a obesidade. Assim, decidiu-se investigar alguns componentes do estilo de vida de adolescentes de escolas públicas de Floriano-Piauí.

A discussão acerca dos hábitos alimentares é pertinente, já que, na contemporaneidade, uma alimentação saudável, incluindo frutas e verduras, tem custo elevado para famílias de baixa renda. Paralelamente, a indústria alimentícia disponibiliza vários alimentos hipercalóricos, mais saciáveis, palatáveis e baratos, o que os torna acessíveis a todas as classes de renda. Além disso, observam-se, nas pessoas de menor renda do continente latino-americano, mais dificuldades e menos oportunidades de se engajar em atividades físicas, o que decorre da falta de conhecimento sobre os benefícios que tais atividades proporcionam (SILVA et al., 2009).

Pela ampla relação entre comportamento adolescente e desenvolvimento de doenças crônicas (por exemplo, a obesidade), é fundamental uma investigação sobre o estilo de vida de escolares, principalmente relacionada ao controle de peso, gordura corporal e pressão arterial. Dados sobre as características do estilo de vida dos escolares de Floriano são poucos disponíveis na literatura, não havendo um padrão loco-regional para escolares.

Nesse contexto, justifica-se esse trabalho pela necessidade de conhecimento sobre o perfil do estilo de vida de escolares da cidade de Floriano, o qual irá balizar políticas e estratégias de saúde pública relacionadas ao estilo de vida desses escolares.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 HÁBITOS ALIMENTARES

A globalização tem possibilitado a decadência das doenças infecciosas e a ascensão das doenças crônico-degenerativas, principalmente pela incorporação, por parte das sociedades urbanas, de um estilo de vida sedentário e um consumo alimentício rico em lipídios, açúcares e pobre em fibras e micronutrientes. Dessa forma, a evolução do estado nutricional dos brasileiros indica um aumento para os casos de sobrepeso, especialmente com uma tendência preocupante em adolescentes escolares (SILVA et al., 2009).

A orientação dos hábitos alimentares na adolescência está relacionada ao ambiente social e ao contexto econômico-cultural em que o adolescente está inserido, haja vista que as suas decisões cotidianas são influenciadas pela família e amigos, ligados a grupos contextualizados em diversas culturas e subculturas. Neste sentido, esses hábitos são baseados em um reduzido consumo de frutas, hortaliças e leite e, em contrapartida, em um aumento da ingestão de refrigerantes, doces e salgadinhos fritos, os quais são relacionados a elevadas quantidades de gordura saturada, açúcares e sódio. Isso contribui para o aumento na prevalência de diversas doenças crônicas nessa população, tais como o diabetes, hipertensão e obesidade (ARAÚJO; BLANK; OLIVEIRA, 2009; NEUTZLING et al., 2010; TORRES et al., 2011).

Assim, para Chiarelli, Ulbrich e Bertin (2011), a obesidade, contextualizada pelos maus hábitos alimentares e pelo sedentarismo, tem crescido entre adolescentes, o que traz preocupação para os padrões de saúde pública, pois a adoção de um estilo de vida na adolescência poderá repercutir na vida adulta.

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adolescentes (BOZZA et al., 2009; ROSSETTI; BRITTO; NORTON, 2009; RECH et al., 2010; MATUK et al., 2011).

Assim, as diferentes taxas de sobrepeso/obesidade estão relacionadas às diversidades geográficas, econômicas e culturais. Neste contexto é que estudos com adolescentes, particularmente, nas escolas podem servir na identificação, prevenção e monitoração de riscos à saúde da população pediátrica (ARAÚJO; BLANK; OLIVEIRA, 2009; RECH et al., 2010).

O comportamento alimentar inadequado da população infanto-juvenil, marcado pela carência de produtos lácteos, frutas e hortaliças e excesso de açúcares e gorduras, deve merecer especial atenção das políticas públicas preventivas, haja vista que as transformações do comportamento alimentar, relacionada com contexto socioeconômico e cultural, têm efeito sobre a saúde desses indivíduos (CARVALHO et al., 2001; CUNHA; SINDE; BENTO, 2006; SILVA et al., 2009).

O processo de transição nutricional, constatado nas sociedades modernas, está relacionado a hábitos alimentares inadequados (alta ingestão de gordura saturada, açúcares processados industrialmente e proteína), o que predispõe ao excesso de peso (OLIVEIRA, 2009).

Devemos ressaltar que a qualidade dos alimentos ingeridos é influenciada por aspectos que vão desde as questões sociais até preferências e influências familiares, culturais e políticas. Com isso, o que se come não é fruto apenas de uma decisão individual, mas da exclusão social e falta de acesso a informações corretas (TORAL et al., 2006; SILVA et al., 2009).

Uma alimentação saudável pode contribuir, segundo estudo de Cunha, Sinde e Bento (2006), envolvendo 362 adolescentes do meio rural e urbano, na prevenção de doenças/manter-se saudável, na melhoria da qualidade de vida, no controle do peso e no melhor desempenho esportivo. Também, verificaram vários erros alimentares, tanto na população urbana quanto na rural, sendo que existe uma baixa ingestão diária de hortofrutícolas e um elevado consumo de alimentos de elevada densidade energética (com adição de açúcar e gordura), principalmente refrigerante e alimentos de fast-food.

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alimentação habitual se vincula aos carboidratos (arroz, feijão e pão) e às carnes, em detrimento das frutas e verduras. Evidenciou-se, também, que a média de consumo de refeições foi de 3,9 refeições diárias, com omissão dos lanches matinais e vespertinos. Além disso, verificou-se que a preparação dos alimentos é feito, em boa parte, pela mãe (44,7%); e que há o hábito de comerem enquanto assistem TV (72,7%) (SILVA et al., 2009).

Essa mesma tendência é seguida por alunos de Teresina, estado do Piauí, onde os alimentos mais consumidos foram: feijão, arroz, pão branco, refrigerantes e carne bovina (CARVALHO et al., 2001).

Em relação ao levantamento sobre a disponibilidade de alimentos no Brasil, entre os anos de 1973 e 2003, há características positivas marcadas pelo adequado teor protéico das dietas com elevado consumo relativo de proteínas de alto valor biológico (proteínas de origem animal). Já as negativas são marcadas pela presença excessiva de açúcares e insuficiência de frutas e hortaliças na dieta (LEVY-COSTA et al., 2005).

Essa tendência de insuficiência no consumo de frutas e verduras é demonstrada em outro estudo envolvendo 234 adolescentes (estudantes do SENAI-SP), o qual identificou, através do Modelo Transteorético de Mudança de Comportamento, uma média de consumo alimentar de frutas e verduras entre 0,9 e 1,2 porções diárias, o que está em desacordo com o recomendado (5 porções diárias) pela Organização Mundial da Saúde (TORAL et al., 2006).

A adolescência é a fase que ocorre grandes mudanças físicas, comportamentais, psicológicas e socioculturais. O desenvolvimento dessa identidade é marcado pela experimentação de novas vivências, circunstâncias e eventos, sendo que a escolha alimentar está envolvida nesse comportamento. No estudo envolvendo 362 adolescentes, a maior parte (90%), refere fazer o desjejum, o qual é caracterizado por conter pão com manteiga, leite com chocolate e leite com cereais (CUNHA; SINDE; BENTO, 2006).

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2.1.1 Parâmetros Alimentares Adequados

O interesse atual pelo tema estilo de vida está relacionado à possibilidade de melhoria das condições de vida das pessoas através de ações pontuais em populações específicas, podendo envolver aspectos físicos, psicológicos, sociais e ambientais, conforme afirma Gordia et al. (2009).

Estudos vêm demonstrando que mudanças no estilo de vida da sociedade contemporânea, tais como a diminuição da atividade física, o aumento do peso corporal e o consumo exacerbado de bebidas alcoólicas, estão associadas às doenças crônico-degenerativas e à baixa qualidade de vida em adultos. Levando-se em consideração que fatores de risco para doenças crônicas podem ter seu início na adolescência, esta fase da vida pode ser considerada como chave para intervenções e modificações de hábitos e comportamentos, bem como melhora da qualidade de vida (SOAR, 2003; ILHA, 2004; REIS, 2004).

Entretanto, investigações que visam identificar a relação entre o estilo de vida e a qualidade de vida em adolescentes ainda são escassas. Além disso, a maioria dos estudos utilizados focaliza somente os adolescentes que possuem doenças crônicas, e, desta forma, os aspectos relacionados à qualidade de vida dos adolescentes saudáveis ainda são pouco estudados.

Nos últimos anos, devido ao grande ônus econômico ocasionado pelas doenças cardiovasculares e pelas dislipidemias (concentrações anormais de lipídios ou lipoproteínas no sangue) relacionadas à doença arterial coronariana, estas vêm sendo estudadas extensivamente, conforme afirma Stabeline Neto (2007).

Tem sido evidenciado que pessoas de vários países, grupos sociais ou étnicos que consomem grandes quantidades de gordura têm níveis elevados de colesterol sérico e maior incidência de aterosclerose coronariana e aórtica em relação àqueles que consomem menos gordura. Isto se deve ao fato do alto consumo de gorduras na dieta inclui, frequentemente, grandes quantidades de colesterol e gorduras saturadas, os quais resultam um maior risco de desenvolver um perfil aterogênico (OLIVEIRA et al., 2009; FETT et al., 2010).

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como proceder diante dessas situações, utilizando técnicas adequadas de mudança comportamental.

Assim, na tentativa de evitar um perfil aterogênico, as recomendações dietéticas para o tratamento das hipercolesterolemias são: consumo de gordura de 25 a 35% das calorias totais; consumo de ácidos graxos saturados menor que 7% das calorias totais; consumo de ácidos graxos poliinsaturados maior que 10% das calorias totais; consumo ácidos graxos monoinsaturados maior que 20% das calorias totais; consumo de carboidratos de 50 a 60% das calorias totais; consumo de proteínas aproximadamente 15% das calorias totais; consumo de colesterol menor que 200mg/dia e consumo de fibras de 20 a 30g/dia (STABELINE NETO, 2007).

O colesterol ingerido na alimentação influência diretamente os níveis plasmáticos de colesterol. O colesterol é encontrado apenas em alimentos de origem animal e possui um menor efeito sobre a colesterolemia quando comparado à gordura saturada (CARVALHO et al., 2001).

Os ácidos graxos saturados elevam a colesterolemia por reduzirem receptores celulares B-E, inibindo a remoção plasmática das partículas de LDL-C.

Além disso, a gordura saturada, em função da sua estrutura retilínea, permite maior entrada de colesterol nas partículas de LDL-C, sendo a principal causa alimentar de elevação do colesterol no plasma (CUNHA; SINDE; BENTO, 2006; SILVA et al., 2009).

Para diminuir o consumo de ácidos graxos saturados, aconselha-se a restrição na ingestão de gordura animal (carnes gordurosas, leite e derivados), polpa de coco e alguns óleos vegetais no preparo dos alimentos.

Os ácidos graxos insaturados são representados pelas séries ômega-6 (linoléico e araquidônico), ômega-9 (oléico) e ômega-3 (linolínico, eicosapentaenôico-EPA e docosahexaenôico-DHA). O ácido linoléico é o precursor dos demais ácidos graxos poliinsaturados da série ômega-6, cujas fontes alimentares são os óleos vegetais, exceto os de coco, cacau e palma (TASSITANO; TENÓRIO; HALLAL, 2009).

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níveis plasmáticos de HDL-C e de induzir maior oxidação lipídica. Os ácidos graxos monoinsaturados (ácido oléico) reduzem igualmente o colesterol, sem, no entanto, diminuir o HDL-C e provocar oxidação lipídica (NETTO-OLIVEIRA et al., 2010).

O ácido graxo ômega-3 (EPA e DHA) é encontrado em peixes de águas muito frias e a sua concentração depende da composição do fitoplâncton local. As fontes do ácido linolínico são os tecidos verdes das plantas, óleo de soja e de canola. O ácido graxo ômega-3 diminui os triglicérides plasmáticos por reduzirem a secreção hepática de VLDL-C (RECH et al., 2010).

Os ácidos graxos trans são sintetizados durante o processo de hidrogenação dos óleos vegetais na produção de margarinas. As moléculas de hidrogênio na posição (ácido oléico) produzem configuração com ângulo na cadeia de carbono, enquanto que na forma trans a cadeia é retilínea, semelhante à dos ácidos graxos saturados (RODRIGUES et al., 2011).

Pela semelhança estrutural com a gordura saturada, a gordura trans também provoca elevação da colesterolemia, com a desvantagem de elevar o LDL-C e reduzir o HDL-C. Outras fontes importantes de gordura trans são: óleos e gorduras hidrogenadas, definidas como gorduras industriais presentes em sorvetes, chocolates, pães recheados, molhos para salada, maionese, cremes para sobremesas e óleos para fritura industrial (SIÑÉ et al., 2007).

Ao contrário das gorduras, as fibras são carboidratos complexos (polissacarídeos) não absorvidos pelo intestino, com ação reguladora na função gastrointestinal. As fibras são classificadas de acordo com sua solubilidade em água: solúveis e insolúveis. As fibras solúveis são representadas pela pectina (frutas) e pelas gomas (aveia, cevada e leguminosas), elas reduzem o tempo de trânsito gastrointestinal e ajudam na eliminação do colesterol.

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2.2 SOBREPESO E OBESIDADE:

Os seres humanos são constituídos de massa óssea, água, massa muscular e massa gorda, sendo essa última bastante útil para as funções fisiológicas humanas, tal como: produção de energia, participação na constituição de membranas celulares, organelas subcelulares e diversos tecidos (adiposo nervoso). Além disso, é um excelente isolante térmico, protetor de órgão e precursor na síntese de hormônios e lipoproteínas. Apesar de ser benéfica e fundamental, a gordura corporal em altos níveis é precursor de diversas doenças (CASTILHO, 2006).

Atualmente, os países desenvolvidos e em desenvolvimento estão passando por uma transição nutricional, onde há uma prevalência do excesso de peso (sobrepeso ou obesidade) e diminuição da desnutrição, sendo que essa prevalência acomete todas as faixas etárias, independente de raça e sexo (TASSITANO; TENÓRIO; HALLAL, 2009; NETTO-OLIVEIRA et al., 2010; RECH et al., 2010; RODRIGUES et al., 2011).

A prevalência de obesidade, nos Estados Unidos e na Europa, nas últimas três décadas, duplicou entre crianças e triplicou entre adolescentes. Além disso, acomete cerca de 50% dos adultos dos Estados Unidos, Canadá e Europa Ocidental com excesso de peso. No Brasil, o excesso de peso (índice de massa corporal acima de 25kg/m²) está prevalente em 21% da população adulta (SIÑÉ et al., 2007; TASSITANO; TENÓRIO; HALLAL, 2009).

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Além disso, o excesso de peso corporal é um fator modificável de risco para o diabetes e certos tipos de câncer, sendo crescente a taxa de morbi-mortalidade associada a essa condição, além de problemas socioeconômicos, como o aumento dos gastos com saúde pública com atenção à obesidade (SIÑÉ et al., 2007; TASSITANO; TENÓRIO; HALLAL, 2009; RODRIGUES et al., 2011).

O aumento excessivo de gordura corporal repercute de maneira negativa tanto na qualidade de vida quanto na expectativa de vida dos indivíduos. Sendo assim, o excesso de gordura corporal é explicado pela disposição de energia no organismo para além do que é gasto. Essa energia a mais se armazena na forma de gordura no tecido adiposo, ocasionando peso corporal mais elevado (GUEDES; GUEDES, 2003).

Existem surpreendentes desencontros quanto à terminologia e à definição dos conceitos utilizados para descrever excesso de gordura e de peso corporal. Sendo assim, diferenciar esses termos é fundamental, haja vista que são distintos. Portanto, sobrepeso é definido para o excesso de peso corporal total, o que pode ocorrer pela modificação de um ou vários constituintes corporais (água, gordura, músculo, osso). Já a obesidade, refere-se ao aumento, generalizado ou localizado, de gordura em relação ao peso corporal, associados a elevados riscos para a saúde. Portanto, é verdade que a obesidade provoca excesso de peso corporal, mas o inverso somente será verdadeiro se o aumento no peso corporal estiver relacionado ao aumento da quantidade de gordura (GUEDES; GUEDES, 2003; TORES et al., 2011).

Com isso, para determinar se o excesso de peso corporal (sobrepeso) está associado ao excesso de gordura corporal (obesidade), tem-se que utilizar de procedimentos da composição corporal, na tentativa de estimar a quantidade de gordura e de massa livre de gordura. Um dos métodos mais utilizados de medida de excesso de peso corporal, o que não traduzirá necessariamente em excesso de gordura corporal, é o índice de massa corporal (IMC), o qual é produto do peso corporal expresso em kilograma (kg) pela estatura em metros (m) elevada à função

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Apesar de suas limitações metodológicas e conceituais, o IMC tem preferência de utilização por profissionais que tratam do diagnóstico e tratamento da obesidade. Para populações especiais (crianças e adolescentes, idosos, gestantes e outras), utilizam-se outros pontos de corte para classificação do excesso de peso corporal (GUEDES; GUEDES, 2003; NETTO-OLIVEIRA et al., 2010).

Já para estimar o excesso de gordura corporal (o que indica obesidade), deve-se utilizar de métodos da composição corporal classificados como: diretos, indiretos e duplamente indiretos, os quais terão a sua aplicabilidade em função da amostra e objetivo da pesquisa (GUEDES; GUEDES, 2006).

Portanto, a obesidade, tanto em crianças como em adultos, é desencadeada por fatores relacionados aos aspectos ambientais (exógenos) e/ou endógenos metabólicos. Assim, a obesidade exógena é decorrente do equilíbrio energético positivo entre ingestão e demanda energética, sendo responsável pela maior parte dos casos clínicos de obesidade (mais de 90%). Já a obesidade endógena (menos de 5% dos casos clínicos), está associada a causas hormonais provenientes de alterações metabólicas e síndromes genéticas (GUEDES; GUEDES, 2003).

Além desses, outros fatores estão associados com a obesidade infantil, tal como a maior chance de crianças obesas filhas de pais obesos se tornarem adultos obesos, devido à influência genética e aos hábitos adotados pela família, tal como a inatividade física e alimentação rica em gordura e pobres em fibras e vitaminas (SIÑÉ et al., 2007).

A obesidade é um problema crescente na infância, chegando a atingir entre 25 a 30% da população infantil nos países ricos. Tem sido atribuída principalmente a fatores ambientais e socioculturais, tais como o incentivo a uma dieta pouco saudável, com alta proporção de gorduras, e a uma atitude sedentária (SILVA et al., 2005; TASSITANO; TENÓRIO; HALLAL, 2009).

As crianças vêm se tornando cada vez mais vulneráveis ao excesso de peso, numa versão amena da epidemia global de obesidade adulta, e apresentam crescente prevalência associada às mudanças no modo de viver, particularmente o sedentarismo e maior consumo de gorduras e açúcares. Além disso, podemos destacar o número de horas assistindo televisão, número de refeições e o hábito de tomar café da manhã (RECH et al., 2010).

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que se tornaram obesos na vida adulta, além da alta associação entre obesidade na infância e adiposidade na vida adulta, em especial, pelo acúmulo de gordura corporal do tipo andróide, a qual está à região abdominal (SILVA et al., 2005; RECH et al., 2010; RODRIGUES et al., 2011).

As consequências da obesidade na infância podem ser notadas a curto e em longo prazo. No primeiro grupo, estão as desordens ortopédicas, os distúrbios respiratórios, o diabetes, a hipertensão arterial e as dislipidemias, além dos distúrbios psicossociais. Em longo prazo, tem sido relatada mortalidade aumentada por causas diversas, em especial por doença coronariana nos adultos que foram obesos durante a infância e adolescência. Há evidências de que o processo aterosclerótico inicia-se na infância, progride com a idade e exibe gravidade diretamente proporcional ao número de fatores de risco apresentados pelo indivíduo (RECH et al., 2010; RODRIGUES et al., 2011).

Diferenças no estado nutricional podem ser decorrentes tanto de influência genética, quanto do meio ambiente e da interação entre ambos. A correlação entre sobrepeso dos pais e de filhos é grande e decorre do compartilhamento da hereditariedade e do meio-ambiente. A atividade física é um importante determinante das características físicas do adolescente, uma vez que a obesidade resulta do desequilíbrio entre atividade reduzida e excesso de consumo de alimentos densamente calóricos (SIÑÉ et al., 2007).

Estudos recentes têm demonstrado uma redução na prevalência da desnutrição e um predomínio do excesso de peso em crianças e adolescentes, com

taxas significativas de incremento anual desse último. Verifica-se que a prevalência

de excesso de peso triplicou no Brasil; enquanto a prevalência de déficit ponderal

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Para Silva, Lopes e Silva (2007), o excesso de peso corporal na infância alcançou proporções epidêmicas em países desenvolvidos e em desenvolvimento, e sua crescente prevalência associada a custos elevados e problemas de saúde atinge meninos e meninas indistintamente.

Com o amadurecimento biológico, os meninos tendem a ter um maior aumento da massa magra, coincidindo com o período que ocorre o pico de velocidade de crescimento, fatores estes que podem influenciar nos resultados obtidos quanto ao IMC (BOZZA et al., 2009).

Para Rodrigues et al. (2011), ao pesquisarem os índices de sobrepeso e obesidade entre 480 crianças (10,8±3,38 anos), identificaram um total de 12,5% e 11,8% para sobrepeso em meninas e meninos, respectivamente, e 4,2% e 2,9% para obesidade para os respectivos sexos. Quanto aos fatores de riscos para obesidade entre crianças e adolescentes, apenas a obesidade do pai demonstrou ser significativa.

Para 719 escolares entre 11 e 13 anos do Rio Grande do Sul, Suñé et al. (2007) desenvolveu um estudo para caracterizar o sobrepeso e obesidade entre esses escolares, bem como a associação com diversos fatores. Identificaram, para ambos os sexos, uma prevalência de 21,3% para o sobrepeso e de 3,5% para a obesidade. Quanto ao tipo de escola, a prevalência de sobrepeso foi de 39,2%, 25,7% e 17,1% entre as escolas particulares, municipais e estaduais, respectivamente. Quanto à associação com o comportamento, há uma prevalência de sobrepeso ou obesidade de 31,4% entre escolares que mantém uma conduta sedentária por mais de 4,5 horas. Além desse fator de associação, escolares com pelo menos um dos pais acima do peso apresentam 50% de risco de tornarem sobrepesados ou obesos.

Em um estudo desenvolvido com 147 adolescentes da cidade de Santo André (SP), verificou que 18,9% das meninas investigadas apresentam sobrepeso e obesidade, sendo que esse número duplica para os meninos (44,2%). Detectou-se, também, uma associação estatisticamente significativa entre excesso de peso e insatisfação corporal entre os meninos, principalmente entre as áreas em que se observa um acúmulo de gordura na região abdominal (CONTI; FRUTUOSO; GAMBARDELLA, 2005).

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6,5%, aumentou com a idade da criança a partir do segundo ano de vida, a escolaridade e a qualificação profissional dos pais, a renda familiar per capita e o índice de peso para a idade gestacional. A prevalência foi menor quando a mãe tinha trabalho remunerado, era adolescente ao nascimento da criança e o bebê esteve hospitalizado nos dois primeiros anos de vida.

Em seu estudo desenvolvido com 1442 crianças de 7 a 10 anos do Rio Grande do Sul, Rech et al. (2010) evidenciaram que a obesidade e sobrepeso foram de 8% e 19,9%, respectivamente, Não sendo encontradas diferenças significativas entre obesidade e sobrepeso em relação ao sexo (masculino e feminino) e redes de ensino (pública e particular).

Também, Netto-Oliveira et al. (2010) investigaram o índice de massa corporal e sua relação com a classe socioeconômica de 1634 escolares entre 6,0 a 7,9 anos de idade, 22,1% (ambos os sexos) foram classificados com excesso de peso (13,8% com sobrepeso e 8,3% com obesidade). Em relação ao nível econômico (baixo, médio e alto), esse se associou positivamente com o excesso de peso, 28,5% entre os escolares de classe alta, em comparação com aquelas classificadas como classe média (20,5%) e baixa (16,7%).

2.3 HIPERTENSÃO ARTERIAL:

A hipertensão arterial sistêmica (HAS) pode ser definida como uma síndrome multifatorial caracterizada pela presença de níveis tensoriais elevados, associados a alterações metabólicas, hormonais e fenômenos tróficos, os quais consistem na hipertrofia cardíaca e vascular (VI DIRETRIZES BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2010). As causas da hipertensão arterial são desconhecidas em 90% dos casos (hipertensão essencial ou primária, causada por fatores genéticos e ambientais), sendo que os outros 10% (hipertensão secundária) têm origem em enfermidades subjacentes, dentre as quais podemos destacar a doença renal crônica, a coarctação da aorta, a Síndrome de Cushing e a feocromacitoma (VI DIRETRIZES BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2010; MOSER, 2010).

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número fica em torno de 140 milhões de pessoas no continente americano. Além disso, metade desses hipertensos desconhece a sua patologia, pois não apresentam sintomas e tampouco procuram o serviço de saúde. Além disso, 30% dos que descobrem ser hipertensos não realizam o tratamento adequado. No Brasil, o número de hipertensos adultos varia entre 22,3% e 43,9% (PINTO et al., 2011).

Entretanto, os dados oficiais que comprovam a HAS entre crianças e adolescentes (entre 2,5% e 44,7%) são apenas resultados de estudos pontuais em algumas regiões do nosso país, não contendo inquéritos epidemiológicos referentes à prevalência desse agravo que cubram todo o território nacional, o que inviabiliza políticas eficientes de combate à hipertensão entre crianças e adolescentes (PINTO et al., 2011). Alguns estudos apontam para uma taxa de 3,5 milhões de crianças e adolescentes com hipertensão arterial, o que é um fator de risco para a doença cardiovascular no futuro (MOSER, 2010).

Conforme relata Salgado e Cravalhaes (2003), durante o último século, as doenças cardiovasculares (DCV) se tornaram a principal causa de morbidade e mortalidade no mundo. No Brasil, estima-se que as DCV respondam por aproximadamente 20% dos óbitos por causas conhecidas em sujeitos a partir dos vinte anos de idade. Em 2000, estas doenças foram responsáveis pela principal alocação de recursos públicos em hospitalizações e foram a terceira causa de permanência hospitalar prolongada. Entre os fatores de risco de maior probabilidade para o desenvolvimento das DCV destacam-se o fumo, a hipertensão arterial, as dislipidemias e o diabetes mellitus. A obesidade e a inatividade física também foram positivamente associadas com o risco de desenvolver DCV, constituindo-se nos fatores de risco mais significativos.

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principalmente, a sua agregação confere a este jovem um perfil cardiovascular desfavorável.

A literatura apresenta fortes evidências no sentido de que as DCV manifestadas na idade adulta podem ter origem na infância e na adolescência. Portanto, aqueles jovens que eventualmente venham a apresentar fatores de risco, com o avanço da idade tendem a apresentar maior predisposição ao desenvolvimento das DCV. Sendo assim, tentar detectar precocemente a presença de fatores de risco no jovem possibilita o planejamento e a implementação de programas preventivos direcionados à redução da probabilidade de manifestação das DCV futuras (ROMANZINI et al., 2008; PINTO et al., 2011).

As mudanças dos maus hábitos de saúde já instalados na vida adulta são objetivos difíceis de serem atingidos devido à fraca aderência da população alvo. Por outro lado, hábitos saudáveis adquiridos na infância que se perpetuem na vida adulta podem contribuir para a prevenção primária das DCV. Dessa forma, surge uma nova necessidade de intervenção na faixa etária pediátrica, como forma de prevenção de doenças crônicas na vida adulta, baseada nos fatores de risco tradicionais da cardiopatia como a obesidade, as dislipidemias e o sedentarismo (ROMANZINI et al., 2008; PINTO et al., 2011).

A hipertensão faz com que o coração trabalhe mais intensamente que o normal, o que gera uma grande tensão sobre arteríolas e artérias. Isso faz com que o coração aumente de tamanho patologicamente, além de tornar menos elásticas as artérias e arteríolas e um, conseqüente, quadro de arteriosclerose. Essas consequências podem desencadear um infarto do miocárdio, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral e insuficiência renal (CASTILHO, 2006).

Em estudo desenvolvido com 644 adolescentes com média de idade de 16,4±1,0 anos para homens e 16,2±1,0 para mulheres, Romanzini et al. (2008) relataram que o consumo inadequado (< 4 vezes ao dia) de frutas e verduras (56,7% e 43,9%) e a inatividade física (39,2%) foram os comportamentos de riscos para doenças cardiovasculares mais freqüentes entre adolescentes.

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população; além de associações positivas e significantes entre: pré-hipertensos e aqueles com sobrepeso/obesidade; hipertensão e sexo feminino, hipertensão e sobrepeso/obesidade, e hipertensão e padrão alimentar de risco (óleos e café).

É evidente que a diminuição dos níveis de gordura corporal para indivíduos com excesso de peso contribui com a não aquisição da hipertensão, sendo um controle não farmacológico. Esse controle não farmacológico é desenvolvido principalmente com auxílio dos exercícios físicos regulares (CASTILHO, 2006)

Assim, Neder e Borges (2006), em seu estudo de revisão sobre os conhecimentos epidemiológicos da hipertensão arterial no Brasil, afirmam que a influência do estilo urbano de vida sobre alimentação e atividade física, independente do estrato social, contribuem para o aumento da prevalência da hipertensão arterial sistêmica primária entre crianças e adolescentes, sobretudo de escolares. Além disso, é ressaltada a importância da medida rotineira da pressão arterial pelos pediatras, pois níveis elevados são preditores de HAS nos indivíduos adultos.

O acúmulo de tecido adiposo na região central do corpo é um fator determinante mais importante para o desenvolvimento da hipertensão arterial quando comparado à adiposidade corporal total, certamente pela sua associação com a resistência à insulina, a qual é maior em indivíduos caracterizados com concentração de gordura corporal ao nível do abdômen (andróide) (MOSER, 2010).

Para Santos (2004), que conceitua pressão arterial como pressão hidráulica aplicado no sistema arterial de forma pulsátil e determinante do fluxo sanguíneo na rede arterial, não é um hábito a mensuração da pressão arterial em crianças e adolescentes pelos pediatras. Até 1977, não havia padronização para a hipertensão arterial na criança e adolescentes, considerando os limites utilizados para adultos. Com o passar dos anos e com o avanço da ciência relacionada a essa temática, destacou-se a importância de se definir a hipertensão arterial na criança e adolescente em associação com a idade, sexo e estatura.

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Hipertensão Arterial quando a pressão arterial sistólica e/ou diastólica for igual superior ao percentil 95 para idade peso e estatura (Anexos 1 e Anexo 2).

Para Moser (2010), o comportamento da pressão arterial entre meninos e meninas difere entre as fases de crescimento e desenvolvimento. Até os 12 anos de idade, temos uma pressão arterial sistólica e diastólica semelhante entre os gêneros. Após essa fase e por conta da maturação sexual, a qual acontece primeira nas meninas, a uma diferença na pressão arterial, a qual é mais elevada no início da adolescência nas meninas e no final dessa fase em relação aos meninos. Entretanto, essa diferença na pressão arterial sob a influência da maturação sexual é bastante questionada.

Em uma pesquisa desenvolvida por Santos (2004) com 5174 escolares de ambos os sexos com idade entre 13 e 17 anos, apenas 0,68% estavam realmente hipertensos, segundo os critérios estabelecidos nos anexos 1 e 2 (VI DIRETRIZES BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2010).

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3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Caracterizar os hábitos alimentares, índice de massa corporal, gordura corporal e padrões de pressão arterial de escolares, com idade entre 14 e 17 anos, do ensino médio de escolas públicas da zona urbana da cidade de Floriano-PI.

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Determinar os hábitos alimentares dos escolares envolvidos no estudo;

 Identificar o índice de massa corporal (IMC) dos adolescentes presentes nessa pesquisa, bem como a sua associação com os hábitos alimentares;

 Definir o perfil de gordura corporal dos escolares envolvidos no estudo;

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4 MÉTODOS E TÉCNICAS

A pesquisa ora apresentada caracteriza-se como um estudo observacional de prevalência do tipo descritivo com delineamento de corte transversal, pois as variáveis foram observadas, analisadas e descritas sem que houvesse manipulação das mesmas, sendo os sujeitos analisados em uma única oportunidade (PEREIRA, 1999; THOMAS; NELSON; SILVERMAN, 2007; ARANGO, 2009). O mesmo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Católica de Brasília (UCB-DF), sob o parecer de nº 077/2011 de 23/05/2011 (Anexo-03).

Como critério de inclusão na pesquisa, os escolares deveriam apresentar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) devidamente assinado por seus pais ou responsáveis (Apêndice 01). Caso esse critério não fosse atendido, o adolescente era excluído desse estudo. As escolas foram escolhidas de forma aleatória, mas somente aquelas em que seus diretores autorizaram a coleta dos dados foram incorporadas nessa pesquisa.

Quanto aos critérios para suspensão ou encerramento dessa pesquisa, isso ocorre em qualquer fase da mesma, caso a pesquisa traga prejuízos de qualquer natureza (social, afetiva, psicológica, cognitiva, funcional) para a amostra envolvida ou seus responsáveis. Além disso, os escolares envolvidos na pesquisa tem o direito de abandonar, a qualquer momento, a pesquisa sem penalidades e/ou prejuízos, retirando o seu consentimento (TCLE – Apêndice 01).

Os dados referentes às informações pessoais e aos hábitos alimentares foram coletados através do questionário sobre estilo de vida e comportamentos de riscos de adolescentes catarinenses – COMPAC (NAHAS et al., 2005 – Anexo 04), que foi construído a partir de diversos instrumentos já validados para populações similares. Esse é um questionário semi-estruturado com perguntas abertas e fechadas, as quais tratam de: informações pessoais, informações sobre o trabalho, hábitos alimentares, controle de peso, características da Educação Física e atividade física habitual, componentes de risco, percepção de saúde e bem estar.

(33)

Corporal dividida pelo quadrado da estatura (MC/E²). Para a classificação segundo o índice para sexo e idade, seguiram-se os critérios propostos internacionalmente (COLE et al., 2000).

Em relação à coleta dos níveis de pressão arterial, essas ocorreram seguindo as recomendações do American College of Sport Medicine (2003) e os procedimentos para medidas da pressão arterial definidos pela VI Diretrizes Brasileira de Hipertensão (2010), sendo que nesse último define-se também a tabela de classificação da pressão arterial para crianças e adolescentes.

Também, foram coletadas as dobras cutâneas (DC) do tríceps, subescapular e abdominal, seguindo as recomendações propostas por Petroski (2007). A coleta dessas dobras foi executada em uma sala fechada e com a divisão por sexo (meninas separadas dos meninos), além de acontecer em grupos de três adolescentes (a escolha desses grupos foi feita de acordo com o critério de afinidade/amizade). Para essas coletas, os meninos trajaram somente calção, e as meninas, short e blusa regata. Para o calculo do percentual de gordura relativo (%G), utilizou-se a fórmula proposta por Boileau (1985 apud PETROSKI, 2007).

Para a realização da coleta dos dados, foram enviados documentos para os diretores e/ou representantes legais dos estabelecimentos de ensino, com a finalidade de esclarecer o objetivo do estudo e solicitar a permissão para tais coletas. Por deterem um maior número de alunos matriculados no ensino médio da região na zona urbana e por autorizarem a realização da coleta, o Instituto Federal do Piauí (IFPI/Campus Floriano) e o Colégio Agrícola de Floriano (CAF/Floriano) foram os centros de coleta das amostras.

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4.1 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população deste estudo inclui adolescentes de 14 a 17 anos, de ambos os sexos, regularmente matriculados nas séries do ensino médio das escolas públicas da zona urbana da cidade de Floriano no Piauí. Essa população é constituída de aproximadamente 3944 escolares da rede de ensino público.

O número de alunos na amostra foi determinado visando garantir a representatividade por sexo, através da estratificação em séries, garantindo a representatividade proporcional ao número de alunos em cada escola. O dimensionamento amostral a ser considerado foi de 95%. Para tanto, o tamanho da amostra foi calculado através da formula (n = N x n0 / N + n0), onde n = amostra; N = população; n0 = primeira aproximação da amostra calculada pela formula (n0 = 1/E0 2) erro amostral tolerável, neste caso de 0,05. Neste sentido, foi estabelecida uma amostra de 395 escolares. Desse total, 194 (49,1%) eram do sexo masculino e 201 (50,9%) do sexo feminino.

4.2 ANÁLISE ESTATÍSTICA

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5 RESULTADO E DISCUSSÃO

5.1 INFORMAÇÕES DEMOGRÁFICAS:

Nessa pesquisa, foram coletadas informações sobre vários indicadores sociais, econômicos e educacionais.

A média da idade ficou em 15,28±1,36. Em sua maioria, os estudantes relataram que eram solteiros (97%; n=383), residiam na zona urbana (99%; n=391) e moravam com a família (74,2%; n=293). Todos os componentes da amostra relataram não ter filho e que estudavam no período diurno.

Quanto à escolaridade, 34,9% (n=138) cursam a 1º série do ensino médio, 36,2% (n=143) cursam a 2º série do ensino médio, 22,0% (n=87) cursam a 3º série do ensino médio e somente 6,8% (n=27) cursam a 4º série do ensino médio, para a escola que divide o ensino médio em quatro anos.

A amostra é caracterizada por um núcleo familiar reduzido, onde o número de pessoas que moram juntas (incluindo o entrevistado) é de no máximo quatro pessoas em 63,8% dos entrevistados. Apenas 25,1% dos escolares envolvidos no estudo possuem três irmãos ou mais. Em relação à renda familiar, 25,8% (n=102) relataram uma renda mensal familiar de até R$ 600,00, 35,2% (n=139) entre R$ 601,00 e R$1.200,00 e 30,6% (n=121) entre R$1.201,00 e R$ 3.000,00. Apenas 8,4% (n=33) relataram uma renda superior a R$ 3.000,00.

5.2 HÁBITOS ALIMENTARES E CONTROLE DE PESO:

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SUMMERBELL, 2009; ROSSETTI; BRITTO; NORTON, 2009; NEUTZLING et al., 2010).

A média do IMC foi 20,4±2,94, estatura com média igual a 1,66±0,88 e a massa corporal com media de 56,17±10,63.

A tabela abaixo (tabela 01) mostra a distribuição da amostra em relação ao IMC:

TABELA 01 - VALORES PERCENTUAIS DE INDIVIDUOS, EM CADA NÍVEL DE CLASSIFICAÇÃO DO IMC, NOS GRUPOS MASCULINO,

FEMININO E GERAL.

Masculino Feminino Geral

Abaixo do Peso 4,0 5,0 4,5

Eutrófico 87,8 88,5 88,1

Sobrepeso 7,20 6,00 6,60

Obeso 1,00 0,50 0,80

TOTAL - - 100%

Há um predomínio (92,6%) de escolares nos níveis “abaixo do peso” e “eutrófico” (meninos+meninas), o que demonstra uma reduzida taxa de escolares

com excesso de peso (sobrepeso+obesidade). Esses dados são diferentes dos encontrados em outros estudos, tais como: o de Guedes et al. (2010), no qual a taxa média de sobrepeso no sexo masculino é de 14,7% e no feminino de 19,7%. Já a prevalência de obesidade nesse mesmo estudo foi de 2,8% para ambos os sexos.

Esse perfil parece ser reflexo do nível de sócio-econômico, pois pouco mais

de 60% têm renda familiar de até dois salários mínimos e do tipo de escola “pública”,

além da oferta de alimentação pelas instituições a qual os escolares pertencem, sendo que essa alimentação é prescrita e acompanhada por nutricionista.

Para Wang, Monteiro e Popkin (2002), em seu estudo desenvolvido em 4 países que representam um terço da população mundial, há um aumento da prevalência de excesso de peso entre crianças e adolescentes de 10 a 18 anos em três desse países (Brasil, China e Estados Unidos), sendo que apenas a Rússia observou uma diminuição na prevalência de sobrepeso e obesidade na população envolvida, sendo que essa redução ocorreu em um período de estresse econômico.

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encontrados em escolares de 14 a 18 anos de João Pessoa-PB (FARIAS JUNIOR; SILVA, 2008).

Segundo Freedman et al. (2005), em seu estudo desenvolvido com crianças e adolescentes de 2 a 17 anos dos Estados Unidos, níveis elevados de IMC na infância e adolescência estão associados com a adiposidade em idade adulta, o que se opõe ao nosso estudo, pois menos de 7% dos escolares pesquisados estão com sobrepeso ou obesidade. Essa tendência é relatada no estudo de Onis, Blössner e Borghi (2010). Além disso, padrões de excesso de peso podem desencadear esteatose hepática (doença hepática gordurosa não alcoólica) 11 vezes mais em adolescentes com sobrepeso ou obesidade do que aqueles com peso normal (CAMPBELL; HESKETH, 2007; LIRA et al., 2010).

A saúde geral dos indivíduos, durante seu crescimento e desenvolvimento, está estreitamente ligada aos hábitos alimentares (NEUTZLING et al., 2007). Para a Organização Mundial de Saúde (OMS) e Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), o consumo mínimo diário de frutas, legumes e verduras devem estar entre 6% e 7% (400g/dia) das calorias totais de uma dieta de 2.300Kcal diárias.

Quanto aos hábitos alimentares (Tabela 02), foram investigadas questões relacionadas à ingestão de: sucos naturais, frutas, legumes, batatas, refrigerantes, salgadinhos fritos, pizza/lasanha, docinhos/biscoitos, arroz com feijão e carne bovina.

Em relação à ingestão de frutas (o que não inclui suco de fruta), foi evidenciado que pouco mais da metade dos entrevistados (53,9%) o fazem com a frequência de 1 a 3 vezes por semana. Já no estudo de Costa, Cordoni Junior e Matsuo (2007), são relatados dados inferiores, sendo que apenas 38,2% dos indivíduos pesquisados fazem esse consumo semanal.

Essa frequência semanal em pouco mais de 50% dos entrevistados pode estar associada ao nível sócio-econômico dos escolares envolvidos no estudo ora apresentado, pois 61% dos entrevistados têm renda familiar de até dois salários; sendo que a falta de meios financeiros para a compra de frutas está associado à sua baixa ingestão (GATES et al., 2011).

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apropriado tanto para a ampliação do conhecimento dos benefícios para a saúde das frutas e verduras como para o próprio consumo (SA; LOCK, 2008).

TABELA 02 VALORES PERCENTUAIS DA FREQUÊNCIA SEMANAL DOS HÁBITOS ALIMENTARES DOS ESCOLARES E VALORES DO TESTE DO QUI-QUADRADO (2)

PARA HÁBITOS ALIMENTARES E IMC, EM AMBOS OS SEXOS. FREQUÊNCIA

SEMANAL

2 Todos os dias/ 3x ou + Todos os dias/ 2x Todos os dias/1x

4 a 6x/ semana

1 a 3 x/ semana

Nenhu ma vez

SUCO DE FRUTA 0,5 6,1 8,4 15,9 56,5 12,7 0,392

FRUTAS 1,8 5,3 10,1 20 53,9 8,9 0,836

LEGUMES 3,5 6,3 16,7 16,2 40,5 16,7 0,761

BATATAS 0,8 1 4,6 8,9 55,7 29,1 0,783

REFRIGERANTES 1,8 6,3 12,4 23,5 46,6 9,4 0,402

SALGADINHOS

FRITOS 2,5 6,6 16,2 24,1 39,2 11,4 0,306 PIZZA/LAZANHA 1 2 2 7,3 60,5 27,1 0,863

DOCINHOS/

BISCOITOS 9,1 8,4 18,7 27,8 30,6 5,3 0,045* FEIJÃO COM

ARROZ 14,2 41,5 25,8 9,1 5,8 3,5 0,01* CARNE BOVINA 9,1 23 18,5 24,8 22,3 2,3 0,748 * Associação entre a variável referente ao Hábito Alimentar e o IMC, em ambos os sexos.

Para Greenhalgh, Kristjansson e Robinson (2007), o consumo de frutas entre escolares é bem sucedido quando existe: distribuição eficiente; intervenção desenvolvida por equipes locais; incentivo à palatabilidade e aceitabilidade; utilização de espécies locais.

Quanto à ingestão de legumes (cenoura, vagem, abóbora, couve-flor, etc.) para a frequência de 1 a 3 vezes por semana, encontramos no nosso estudo que esse hábito está presente em 40,5% dos escolares envolvidos. Esse dado é semelhante ao deparado na pesquisa de Costa, Cordoni Junior e Matsuo (2007), onde 40% dos entrevistados fazem esse consumo semanal de legumes e verduras.

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Perry et al. (1998) e Reinaerts et al. (2008), afirmam que houve um incremento (30g/dia), entre escolares dos Estados Unidos e Europa, respectivamente, do consumo de legumes, principalmente durante o almoço, após a intervenção de um programa de educação e incentivo alimentar. Outro ponto importante é o aumento do aporte calórico diário atribuído ao consumo de legumes. Já em relação à ingestão de açúcar refinado, principalmente através de refrigerantes e doces/biscoitos, os dados dessa pesquisa diagnosticaram um consumo de refrigerantes (frequência de 1 a 3 vezes por semana) em 46,6% das escolares pesquisados, e um consumo de 30,6% em relação aos doces/biscoitos para a mesma frequência.

Esses dados são semelhantes os que foram encontrados na pesquisa desenvolvida por Neutzling et al. (2010), onde 34,6% dos entrevistados ingerem bolo ou biscoito (no máximo duas vezes por semana). Entretanto, no estudo de Costa, Cordoni Junior e Matsuo (2007), o consumo de balas e doces diário foi de 59,5% entre os entrevistados, superior ao encontrado na nossa pesquisa; e o consumo de refrigerante semanal esta presente em 58,8% dos escolares.

Para James et al. (2004), a redução de bebidas carbonatadas (refrigerantes) é fundamental para evitar o excesso de peso, principalmente entre escolares. Deve-se, para tanto, incentivar o consumo de água e de suco diluído em água.

A composição e qualidade da dieta, assim como o volume da ingestão alimentar, estão relacionados com a obesidade, em especial, pelo aumento de guloseimas e refrigerantes As doenças cardiovasculares são influenciadas diretamente pelas gorduras. Essa tendência de consumo de gorduras em geral e de gorduras saturadas é ainda maior quando se trata de populações que vivem em regiões mais desenvolvidas economicamente, situadas no meio urbano e com famílias com maior rendimento (TRICHES; GIUGLIANI et al., 2005; NEUTZLING et al., 2007).

No Brasil, há uma tendência de consumo excessivo de açúcar e insuficiente ingestão de frutas e hortaliças na dieta, o que acarreta o aumento na adiposidade das crianças (TRICHES; GIUGLIANI et al., 2005; CLARO et al., 2007; NEUTZLING et al., 2007).

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envolvendo 2.209 estudantes de escoas públicas, evidenciaram que 46,9% desses escolares ingerem salgadinho no máximo uma vez por semana. Dados semelhantes aos de Neutzling foram encontrados em uma pesquisa envolvendo 2562 escolares entre 14 e 19 anos do Paraná, na qual, metade dos entrevistados faz uso de salgadinhos, pelo menos, uma vez por semana como forma de alimento (COSTA; CORDONI JUNIOR; MATSUO, 2007).

Já no estudo desenvolvido, também, por Neutzling et al. (2007), envolvendo 4.452 indivíduos do Rio Grande do Sul, foi evidenciado que 83,9% consumia dieta pobre em fibra e mais de um terço da população estudada (36,6%) consumia dieta rica em gordura, principalmente salgadinhos fritos.

Quanto ao consumo de arroz com feijão para uma frequência diária (no mínimo, uma vez ao dia), encontramos esse consumo presente em 81,5% dos escolares entrevistados. No entanto, dados inferiores foram relatados no Rio Grande do Sul, onde 51% dos escolares envolvidos referiram fazer esse tipo de alimentação diariamente (NEUTZLING et al., 2010). Já na pesquisa desenvolvida no Paraná, o consumo diário de arroz com feijão foi relatado por 64,6% dos escolares pesquisados (COSTA; CORDONI JUNIOR; MATSUO, 2007).

Um consumo diário de arroz e feijão favorece um estilo de vida saudável, pois é fator de proteção contra sobrepeso e obesidade (COSTA; CORDONI JUNIOR; MATSUO, 2007; NEUTZLING et al., 2010).

Quanto ao consumo de carne bovina, 50,6% dos escolares envolvidos nesse estudo o faz todos os dias (no mínimo uma vez). Toda via, dados inferiores foram encontrados no Paraná, onde apenas 27,5% dos escolares entrevistados relataram fazer consumo de carne bovina diariamente (COSTA; CORDONI JUNIOR; MATSUO, 2007).

Os dados ora apresentados podem estar associados à disponibilidade, por conta das instituições de ensino envolvidas, que oferecem esse tipo de alimento, haja vista que as escolas possuem refeitórios e que há um predomínio de alunos de famílias de classe baixa (poucos mais de 60% têm renda familiar de até dois salários mínimos), o que leva esses alunos a fazerem suas refeições na própria escola.

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TABELA 02  –  VALORES PERCENTUAIS DA FREQUÊNCIA SEMANAL DOS HÁBITOS  ALIMENTARES DOS ESCOLARES E VALORES DO TESTE DO QUI-QUADRADO ( 2 )
TABELA 03 - VALORES PERCENTUAIS DA GORDURA CORPORAL  (%G), EM CADA NÍVEL DE CLASSIFICAÇÃO, NOS GRUPOS
TABELA 04  –  VALORES PERCENTUAIS PARA: PRESSÃO ARTERIAL SISTÓLICA (PAS) E  PRESSÃO ARTERIAL DIASTÓLICA (PAD), NOS GRUPOS MASCULINO, FEMININO E GERAL
TABELA 05  –  VALORES DA MEDIANA PARA %G, PAS E PAD; VALORES DO TESTE DO QUI- QUI-QUADRADO ( 2 ) PARA %G E PAS, %G E PAD, NOS GRUPOS MASCULINO, FEMININO E

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