A República do Peru

PERU

Almiro Petry

(2008)

A República do Peru

, com uma área de 1,285 milhões de km

, terceiro maior país da América do Sul, limita-se com o Oceano Pacífico, ao oeste; ao norte, com o Equador e a Colômbia; ao leste, com o Brasil e a Bolívia; ao sul, com o Chile. A planície do Pacífico estende-se de norte a sul e a cordilheira dos Andes segue a mesma trajetória, tendo no Nevado Huascaran (6.768m), seu pico mais alto. Ao oeste encontra-se a extensa mata amazônica, rica em biodiversidade e minerais. Na cordilheira dos Andes há vulcões ativos e se destaca o lago Titicaca, metade no Peru e a outra na Bolívia, por ser o lago navegável mais alto do mundo e importante meio econômico para as regiões circundantes dos dois países (ameaçado pela poluição da extração mineral), junto à montanha Nevado Misumi (5.316m), onde inicia uma vertente do rio Amazonas. No Pacífico, os fenômenos do El Niño e da La Niña afetam o clima de todo o Continente e, há suspeitas, de todo o planeta Terra.

Lá mora uma população de 29,1 milhões de pessoas formada por quíchuas e aimarás (45%); euramerídios (37%), europeus ibéricos (15%) e os demais, de outras nacionalidades. O crescimento demográfico é de 1,26% ao ano. Em 2005, 74,6% moravam em cidades, sendo Lima a capital, com mais de 8,2 milhões de habitantes (28,1% da população); a segunda cidade é Arequipa, com apenas 710 mil habitantes. Sua pirâmide etária é de zero a 14 anos:

29,7%; de 15 a 64: 64,7%; e, 65 anos e mais: 5,6%. A mortalidade infantil é elevada, estando em torno de 29,5/1000 n.v.. A expectativa de vida é de 70,4 anos, sendo de 72,3 para as mulheres e 68,6 para os homens. Os analfabetos são 12,3% e o IDH é 0,773 (15º da América Latina e o 87º do mundo). A força de trabalho é de 9,4 milhões de pessoas, com a seguinte distribuição: 9% no setor primário, 18% na indústria e 73% nos serviços. A pobreza do país é acentuada a tal ponto que 44,5% da população (2006) vivem abaixo da linha da pobreza. Esta população é assistida através do Programa Nacional de Apoyo directo a los Más Pobres -

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Mestre em Sociologia Rural (UFRGS) e Doutor em Ciências Sociais (Unisinos); Professor do Curso de Ciências Sociais da Unisinos e do Departamento de Sociologia da UFRGS (almiro.petry@gmail.com).

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Versão atualizada da publicada em 2007.

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1) SADER, Emir (Coord). Enciclopédia Contemporânea da América Latina e do Caribe. São Paulo:

BoiTempo, 2006. Verbete: Peru.

2) ALMANAQUE ABRIL: Enciclopédia de Atualidades 2008. São Paulo: Ed. Abril, 2008. Verbete: Peru.

3) CIA: The World Factbook https://www.cia.gov/cia/publications/factbook/geos/pe.html

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS

FORMAÇÃO HUMANÍSTICA

EIXO: AMÉRICA LATINA

JUNTOS

. Os 10% mais pobres acessam a 1,3% do PIB e os mais ricos, 40,9% o que se expressa no coeficiente Gini, na ordem de 0,52.

O PIB (2007) atinge os US$ 217,5 bilhões (PPP)

ou US$ 101,5 bilhões (por eqüivalência cambial), sendo 8,4% gerado pelo setor primário; 25,6% pelo setor terciário e 66% pelo setor de serviços. A renda per capita é de US$ 7.600 (PPP) ou US$ 3.480 (por eqüivalência cambial) e um crescimento anual de 7,5%

. As exportações (2007) somam US$

27,1 bilhões, tendo como destino 24,1% os EUA; 9,6% a China; 7,1% a Suíca; 6,8% o Canadá; 6% o Chile; 5,2% ao Japão; a outra parcela destina-se a parceiros menores. O país importa em torno de US$ 18,75 bilhões, sendo 16,5% originário dos EUA; 10,3% da China;

10,3% do Brasil; 7,2% do Equador; 6,1% da colômbia; 5,8% do chile; 4,8% da Argentina; 4%

do México. Chama a atenção do recente parceiro que é a China, já em segundo lugar tanto nas exportações quanto nas importações. A dívida pública corresponde a 29,3% do PIB e a dívida externa está em torno de US$ 27,81 bilhões (algo correspondente a 27,5% do PIB).

O Peru foi a sede do império Inca, desde há quinze mil anos até o início do século XVI, quando chegaram os invasores espanhóis. Os monumentos desta cultura e civilização estão retratados em Machu Pichu e na cidade de Cuzco, hoje patrimônios da humanidade. Em 1532, Francisco Pizarro destrói a capital do império Inca, correspondente à cidade de Cuzco.

Em 1535, Pizzaro funda Ciudad de los Reyes, hoje Lima. Os espanhóis extraíram ouro e outros minerais da colônia, escravizando e massacrando os indígenas. Entre 1780 e 1783, Tupac Amaru II lidera as revoltas contra a escravidão que se estendem até a Bolívia. Em 1820, o general argentino José de San Martin, comanda a luta para expulsar os espanhóis, que proclama a independência em 1821. Somente em 1824, os espanhóis foram derrotados e expulsos quando as tropas do general Antonio José Sucre desfecham a luta militar, na batalha de Ayacucho, confirmando a independência, proclamada anteriormente.

Bonilla

divide a história política do Peru do século XIX em cinco períodos conjunturais: a) a independência; b) o retraimento, de 1821 a 1850; c) a “idade” do guano, de 1850 a 1879; d) a guerra do Pacífico, de 1879 a 1884; e) a reconstrução e a “república aristocrática”, de 1890 até a crise de 1929. Naquele século, o maior desastre para o Peru foi a guerra do Pacífico. Aliado à Bolívia e com as forças armadas em desvantagem em relação às forças chilenas, o Peru acabou derrotado, perdendo a província de Arica, ao sul do país. A perda do território e a ocupação do país pelos chilenos durante parte do conflito deixaram

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http://www.juntos.gob.pe/intro.php

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Purchasing Power Party (PPP), o padrão de “paridade do poder de compra” adotado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

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De 2002 a 2006 o crescimento médio superou os 4%.

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BONILLA, Heraclio. Peru. In: SADER, Emir (Coord). Enciclopédia Contemporânea da América Latina e

do Caribe. São Paulo: BoiTempo, 2006, p. 942-956.

marcas na sociedade peruana que permanecem até hoje. Além de Arica, o país perde para o Chile o controle das jazidas de nitrato no deserto de Atacama e na província de Tarapacá

. O cenário internacional era dominado pela Inglaterra que se preparara para controlar o planeta.

No caso do Peru, a presença inglesa foi sinônimo de fluxos de mercadorias, de um lado, matérias-primas e, do outro lado, tecidos e capitais sob a forma de empréstimos. Assim, a Inglaterra controlou o setor externo do Peru e demais países da América Latina.

Na independência, o Peru somava uma população de 1 milhão e 200 mil habitantes, sendo a metade indígena e 500 mil negros. A estabilidade da “república aristocrática”, dado que a maioria dos presidentes que governaram o país pertenciam à elite social que proclamara a independência e a república, foi algumas vezes ameaçada, sem alterações significativas.

Após a independência, o Peru adota uma Constituição liberal (1828) e o governo do mestiço Ramón Castilla (1845-1851 e 1855-1862) liberta os indígenas do pagamento de tributos e os negros da escravidão. Entretanto, a principal variável é a mudança no cenário internacional pela conquista da hegemonia dos EUA, suplantando a Inglaterra no pós-primeira guerra mundial. No final da década de 1920, 50% das exportações peruanas eram controladas por empresas norte-americanas. Na época, 55% da população economicamente ativa estava trabalhando em atividades primárias.

Em meados do século XX, Víctor Raúl Haya de la Torre – fundador da Aliança Popular Revolucionária Americana (APRA), em 1924, o Partido Aprista Peruano – juntamente com José Carlos Mariátegui (o líder do Partido Comunista Peruano), chefiavam as duas principais forças políticas peruanas. De ideologias opostas, ambos criaram os primeiros partidos políticos na tentativa de solucionar os problemas sociais e econômicos do país.

Mariátegui (1894-1930) faleceu jovem e Haya de la Torre (1895-1979), como presidente do legislativo, sempre tentava evitar que o exército ganhasse o poder político.

Com a crise internacional, decorrente da quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929, as elites peruanas voltaram-se “para dentro” o que favoreceu as exportações no pós- segunda guerra mundial e durante a guerra da Coréia. As forças sociais e de ideologias políticas, que emergiram das décadas anteriores, giravam em torno do aprismo (Haya de la Torre)

, do sanchezcerrismo (Luiz Sanchez Cerro) da Unión Revolucionária e do socialismo

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O presidente Alan Garcia está exigindo este território de volta para reintegrá-lo ao território peruano.

Atualmente é um dos conflitos territoriais da América do Sul.

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“Mil veces ya hemos ratificado esta declaración terminante: el aprismo no es comunismo. Y no es comunismo,

no porque los apristas lo declaremos. Nuestra afirmación esta fundada en el propio Marx. El comunismo

científico, no el primitivo de los pueblos primarios ni el utópico y verbal de los fantaseadores revolucionarios, es

una etapa social y económica posterior al industrialismo capitalista. La gran industria crea al gran proletariado, y

cuando éste ha evolucionado suficienteinente hasta alcanzar un alto grado de conciencia y de cultura, es que el

comunismo es posible. Del examen realista de nuestras clases sociales ... hemos llegado a la conclusión de que

nuestro proletariado es incipiente como incipiente es nuestra industria” (Manifiesto de 1932, Haya de la Torre).

(José Carlos Mariátegui) e que tiveram no episódio do massacre de Chanchan (1932), com milhares de mortos, o símbolo de seu enfrentamento, sob a ditadura de Luiz Sanchez Cerro (1931-1933, ele messmo assassinado no exercício da presidência). Este decreta a ilegalidade do Partido Aprista Peruano

, obtendo, novamente, o status legal no período de democratização.

Na segunda metade do século XX, o Peru foi cenário de uma série de processos insólitos. O s governos de Luiz Sanchez Cerro (1931-33), Oscar Raymundo Benavides (1933- 39), Manuel Prado (1939-45), José Luis Bustamante y Rivero (1945-1948) e Manuel Apolinário Odría (1948-50), Zenón Oriega (1950), Manuel Apolinário Odría (1950-56) continuaram com uma política favorável à expansão da exportação de matérias-primas, como conseqüência da demanda internacional dinamizada. Manuel Odría, por sua vez, acabou com a ambígua democracia de Luís Bustamante, concentrando o poder em um reduzido círculo oligárquico. Esta estrutura oligárquica se manteve até o primeiro governo de Fernando Belaúnde Terry (1963-1968)

, tendo sido rompido o sanchezcerrismo que dominou mais de três décadas a política peruana.

A junta militar que depôs o presidente Manuel Prado (à frente da presidência pela segunda vez, de 1956-1962), com receio de uma ruptura institucional, apadrinhou o governo de Belaúnde Terry (1963-1968), apoiando a reforma agrária (que consistia na expansão da fronteira agrícola, sem mexer na estrutura fundiária) e a industrialização do país. No entanto, Belaúnde Terry não soube conduzir o processo; sofre ferrenha oposição no Congresso;

expande-se a insurreição camponesa o que leva as Forças Armadas a retomar o poder, em 1968. Sob a liderança do general Juan Velasco Alvarado (1968-1975) instala-se novo regime

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Desde 1930 el aprismo participó en múltiples comicios pero en muchos otros no le fue permitido actuar. En 1931, Haya de la Torre fue victima del fraude electoral y se estableció un gobierno autoritario que un año después expulsó a los parlamentarios apristas y encarceló a Haya de la Torre originando la revolución aprista de la ciudad de Trujillo que fue aplastada por la dictadura con miles de víctimas.

Impedido Haya de la Torre de ser candidato en 1936, fue elegido con apoyo del APRA el Dr. Luis Eguiguren, pero la elección fue anulada y Haya de la Torre y el Aprismo se mantuvieron clandestinos hasta que, en 1945, con los votos apristas fue elegido José Luis Bustamante, pero tres años después un nuevo golpe de estado abrió el paso a una dictadura que duró 8 años (1948-1956) en los que Haya de la Torre permaneció asilado al interior de la Embajada de Colombia en Lima y miles de apristas partieron al destierro o llenaron las cárceles hasta que en 1956 prohibida otra vez la candidatura de haya de la torre, los votos apristas dieron la victoria a Manuel Prado, estableciéndose un sistema de convivencia democrática para reconstruir las libertades.

En 1962 Haya de la Torre triunfó en la elección pero le fue impuesto públicamente un veto militar que originó un nuevo golpe de estado, a consecuencia del cual, al año siguente (1963), se elegiría a Fernando Belaunde.

Años después, en medio de la crisis generada por la devaluación de 1967 y el escándalo petrolero de la página 11, se produjo, en 1968, un golpe militar que creó el gobierno llamado revolucionario, de las fuerzas armadas, el cual proclamó que pondría en marcha las reformas que el Aprismo había propuesto desde 1930: la reforma agraria, la nacionalización petrolera en el litigioso tema de la brea y pariñas, la integración, etc.

Fonte: http://www.apra.org.pe/historia.asp

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Presidentes que antecederam: Manuel Prado Ugarteche (1956-1962); Ricardo Pérez Godoy (1962-1963);

Nicolas Lindley (1963).

militar sob a égide da doutrina de segurança nacional, reprimindo os movimentos camponeses e guerrilheiros. O Peru adere ao cenário militarista da América Latina.

Os militares no poder derrubam o controle do capital estrangeiro sobre os recursos naturais, nacionalizando suas empresas; reduzem o poder do capital privado nacional pela reforma agrária radical; expropriam os meios de comunicação e reorganizam o modelo industrial. O Estado assume o controle direto da economia, passando a depender 34% da produção industrial do Estado. Tal modelo dependia de financiamentos externos, paradoxal para um governo nacionalista. Tornou-se vulnerável por não se afirmar nem capitalista e nem socialista e sim, nacionalista cooperativista e comunitário.

O estabelecimento de cooperativas agrárias e comunidades industriais afetou o rendimento dos trabalhadores e fomentou a indisciplina nos diversos setores de atividades.

Com o modelo em crise, Velasco foi substituído pelo general Francisco Morales Bermudez Cerruti (1975-1980) que tentou corrigir o modelo anterior. A passagem para a democracia foi construída pela Assembléia Constituinte de 1979, sob a presidência de Victos Raul Haya de la Torre e uma coalizão das esquerdas. Nas eleições presidenciais que se sucederam, elege-se presidente Fernando Belaúnde Terry (1980-1985) da Ação Popular, partido que não apoiou as deliberações constitucionais.

Belaúnde Terry continuou o “desmonte” de Morales Bermudez, não ultrapassando aquela proposta. Isto estimulou o surgimento de setores descontentes cujo principal movimento foi o Sendero Luminoso

, que aparece em cena em 1980, como uma nova tempestade social. De inspiração maoísta e a nativização do ideário de José Carlos Mariátegui, tem no filósofo Abimael Guzmán Reynoso seu principal líder. O objetivo do movimento é destruir o imperialismo, o capitalismo burocrático, a propriedade feudal e construir a república popular, através da guerra revolucionária e da guerrilha popular.

Neste contexto Alan Garcia Pérez (1985-1990) chega à presidência pela Aliança Popular Revolucionária Americana (PARA) para devolver ao Estado o controle da sociedade.

Seus esforços resultaram em fracassos frente a erupção social e política dos movimentos populares. Como discípulo de Haya de la Torre, não conseguiu concretizar os ideais de seu mentor intelectual. Alan Garcia inicia as políticas neoliberais, dando ênfase ao livre mercado, à privatização das empresas públicas e à promoção da exportação dos produtos tradicionais e não tradicionais. Os princípios apristas eram neokeynesianos, que o governo de Alan Garcia abandona. A década de 1980 passa para história coma a “década perdida”. A inflação atinge o

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Suas origens remontam a 1971, como resultado de uma das divisões do Partido Comunista do Peru e do seu

enclave regional e institucional em Ayacucho e na Universidade San Cristóbal de Huamanga. O Peru foi palco

dos combates entre forças do governo e rebeldes do grupo guerrilheiro maoístas Sendero Luminoso, nas décadas

de 80 e 90, um confronto que matou em torno de 69 mil pessoas.

pico de 7.600%, a recessão econômica se tornou incontrolável pelos mecanismos político- financeiros aplicados.

Ema 1990, Alberto Kenya Fujimori (1990-2000) se elege presidente, derrotando o candidato popular e intelectual Mário Vargas Llosa e o Peru sai da “década perdida” para ingressar na “década infame”. Em 1992, Fujimori fecha o Congresso Nacional e suspende as garantias constitucionais, episódio conhecido como autogolpe. No mesmo ano, captura o líder Guzmán do Sendero Luminoso, que é julgado e condenado à prisão perpétua. Em 1993, uma nova Constituição é elaborada que introduz a reeleição presidencial e a pena de morte para terroristas. Fujimori é denunciado como violador dos direitos humanos, mesmo assim se reelege, em 1995, para a presidência. Em dezembro de 1996, o Movimento Revolucionário Tupac Amaru (MRTA) invadiu a embaixada do Japão e fez mais de 500 reféns. Em abril de 1997, a embaixada é tomada pelos militares, os reféns libertados e os seqüestradores mortos.

Fujimori, com artimanhas legais, se candidata pela terceira vez e vence as eleições, em segundo turno, contra Alejandro Toledo. Na posse de Fujimori, os protestos populares deixaram seis mortos. As denúncias de corrupção e os subornos praticados por Vladimino Montesinos

, seu braço-direito, levam Fujimori à renúncia, na viagem que fez ao Japão.

Mantinha duas cidadanias

. O Congresso não aceita a carta-renúncia e o destitui da presidência por “incapacidade moral”. Valentin Paniagua Corazao, presidente do Congresso, assume a presidência da república e convoca eleições presidenciais. Elege-se o economista indígena Alejandro Toledo Manrique (2001-2006) do partido Peru Possível (PP). Um dos atos mais importantes (e contestados) de Toledo foi assinar o Tratado de Livre Comérico com os EUA (2005), ratificado pelo Congresso Nacional, ás vésperas do segundo turno das eleições presidenciais (2006). No final do ano, Abimael Guzmán é novamente condenado à prisão perpétua. Este fato leva Alan Garcia a apresentar o projeto de lei da pena de morte no país, rejeitada pelo Congresso Nacional (2007).

A “infame década” de 1990 foi marcada pela aplicação da cartilha neoliberal, o

“fujichoque”, ou o “fujimorismos” que eliminou o controle de preços no setor privado;

aumentou os preços dos serviços públicos; estabeleceu o controle da inflação pelo controle salarial e política monetária (de 7.842%, em 1990, reduziu para 410% em 1991; diminuiu para 9%, em 1997; e para 3,7%, em 2002); abriu o mercado, reduzindo as taxas alfandegárias;

liquidou com as empresas públicas, devolvendo-as aos antigos proprietários etc. Estas

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Montessinos é condenado, em junho de 2004, a 15 anos de prisão por peculato, corrupção e associação ilícita.

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Ao voltar, em 2005, é preso no Chile, após desembarcar do Japão. O governo peruano pediu sua extradição

que so foi concedida em 2007. Preso, está sendo julgado pelos crimes de corrupção e de violação dos direitos

humanos (estima-se que o julgamento dure de nove meses a dois anos).

medidas tiveram resultados dramáticos a tal ponto que a pobreza atingiu a 70% da pouplação que, em 2001, ainda beirava os 54,8%.

Isto significa que mais da metade da população tinha um poder aquisitivo insuficiente para adquirir a cesta básica de consumo. No entanto, tal média nacional oculta situações fortemente contrastadas segundo árreas e em nível regional. Enquanto a incidência de pobreza era de 42%

nas cidades, nas áreas rurais do país quase oito de cada dez habitantes (78,4%) se encontravam em situação de pobreza. O risco de ser pobre era praticamente o dobro nas áreas rurais do que nas áreas urbanas (1,4% e 0,77%, respectivamente) (Bonilla, 2006, p. 954).

Toledo, ao fracassar no cumprimento das promessas de campanha e não criar os empregos, perde o apoio popular e, em 2002, ocorrem manifestações violentas contra a privatização das estatais de energia elétrica e o partido Peru Possível (PP) é derrotado nas eleições regionais. No ano seguinte, novo foco de tensão surge com os plantadores de coca, que o governo manda erradicar. O governo promete substituir o plantio de coca por outras culturas. Em 2004, 3 mil cocaleros fazem a marcha dos 500 quilômetros sobre a cidade de Lima. Entre denúncias de corrupção e pedidos de impedimentos, Toledo cumpre se mandato, no entanto, não elege seu sucessor. Na campanha eleitoral eclode um conflito diplomático com a Venezuela devido ao apoio que Hugo Chávez deu ao candidato Ollanta Humala Tasso, do Partido União pelo Peru (UPP), de esquerda, contra o ex-presidente Alan Garcia do APRA. Garcia vence as eleições, em junho, no segundo turno, com 52% dos votos (contra 47% de Humala) e é empossado presidente, em 28 de julho, para o período 2006-2011

.

O povo peruano deu a segunda chance a Alan Garcia, pois na primeira gestão (1985- 1990), quando tinha 35 anos, como primeiro presidente da república do APRA, frustrou todas as expectativas e esperanças da população. Em especial, ele não conseguiu deter o avanço da guerrilha maoísta Sendero Luminoso; mergulhou o país na hiperinflação e na recessão econômica, colaborando com a “década perdida”. Para vencer as eleições, em 2006, tentou apagar aquela imagem negativa (e a memória do povo?) e costurou uma aliança partidária de centro-direita, vencendo as eleições, inclusive no Departamento de Lima, onde o APRA jamais obtivera este êxito. Agora, Alan Garcia tem o desafio de preservar a aliança que venceu as eleições e o futuro do Peru depende de sua habilidade política para governar o país dividido

e profundamente cético em relação ao novo governo.

Visitar:1 https://www.cia.gov/cia/publications/factbook/geos/pe.html 2 http://www.ibge.gov.br/paisesat/

3 http://www.cimm.ucr.ac.cr/universalizacion/indice.html

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Ver Plano de Governo em: www.geocities.com/rhroca/PlandeGobierno-APRA.pdf

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O movimento União pelo Peru (UPP) de Humala venceu em 14 dos 25 Departamentos e conquistou a maior

bancada no congresso, com 45 parlamentares, dos 120 que compõem o Legislativo Unicameral. Humala promete

ser um opositor agressivo.