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EIXO TEMÁTICO: 06. A Região do Semiárido e o reconhecimento da Caatinga como um bioma brasileiro: especificidades regionais,
territorialidades e políticas públicas
PRENUNCIADORES ETNOCLIMATÓLOGICOS: PERCEPÇÕES CLIMÁTICAS E A VARIAÇÃO DA PLUVIOSIDADE LOCAL DOS PEQUENOS AGRICULTORES RURAIS DAS COMUNIDADES DE
OITICICA E OLHO D’ÁGUA NORDESTE DO BRASIL
Maria Aparecida Oliveira Silva¹ Licenciando em Geografia pela – UEPB/CH cida_moliveira@hotmail.com Resumo:
O referente artigo é resultado de uma pesquisa de campo e de várias atividades de cunho acadêmico desempenhados nas comunidades de Oiticica/Dona Inês (PB) e Olho D`água/Tacima (PB) sendo as duas localizadas na microrregião do Curimataú Oriental.
Onde analisamos percepções e prenúncios de chuva realizada pelos pequenos agricultores em sua região. Tais fenômenos é conhecida nas literaturas afins como, etnoclimatologia, está é definida como a relação entre fatores do clima e as culturas humanas interagindo entre si. As percepções dos cientistas locais sobre as variações do clima e as observações dos sinais da natureza dependem da cultura de cada indivíduo. Objetivamos a partir desta pesquisa analisar as percepções climáticas dos pequenos agricultores de ambas as comunidades e seu índice de pluviosidade, e sobre a ótica dos mesmos avaliar suas observações sobre mudanças climáticas em relação a suas comunidades. No que tange os procedimentos metodológicos, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre o tema, além disso, realizamos pesquisa empírica, onde foram feitas entrevistas semiestruturadas, aplicando 80 questionários, nas já citadas comunidades em um total de 125 famílias. A pesquisa iniciou-se em janeiro 2017 a janeiro de 2018. Ainda foi feito uma pesquisa em órgãos que disponibilizam dados pluviométricos dos municípios em que estão localizadas as nossas áreas e estudo, tais como: AESA (Agência Executiva das Águas), ANA (Agência Nacional das Águas) e EMATER (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural). Ressaltamos ainda as dificuldades enfrentadas pelos pequenos agricultores, no manejo de algumas culturas e da manutenção da criação de animais de consumo familiar e para comercialização. Na ótica sertaneja o fato da observação das manifestações da natureza surge como apoio para resistência a um longo tempo de estiagem, ocasionado por fatores como: escassez de água e aridez, acarretando uma “mudança de tempo”
instável, segundo os prenunciadores da região. A partir do olhar sensível em relação ao
tempo\clima que eles vão aprendendo formas de adaptações que sejam mais eficazes a
falta de chuva. Deste modo, consideramos que logo a pós a tabulação e análise dos dados
houve a comprovação das experiências e percepções destes prenunciadores (profetas da
chuva) em confluência com os dados meteorológicos obtidos nos órgãos mencionados, e
ainda podemos observar que os agricultores são detentores dos conhecimentos
tradicionais com relação ao tema percepção e pluviosidade, sendo estes de extrema
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importância para tomada de decisões, adaptações em permanência em seu lugar do
“homem do campo”.
Palavras chaves: Agricultores; Observações; Percepções; Pluviosidade;
INTRODUÇÃO
O presente estudo trata sobre a convivência e percepção dos agricultores nordestinos para com a natureza, dando ênfase a duas comunidades, sendo Olho D`água/Tacima e Oitcica/ Dona Inês ambas localizada no Curimataú Oriental paraibano. Sendo muito comum na região, estes costumam observar a natureza com um olhar aguçado e muito sensível, analisando as manifestações da natureza de diversas formas, as quais serão pontuadas no decorrer desta discussão enquanto meio de adaptação para permanência as constantes mudanças.
OBJETIVOS
Propomos como intuito principal, analisar as percepções e observações das mudanças de clima/tempo feita pelos pequenos agricultores das comunidades Oiticica/Dona Inês e Olho D`água/Tacima Curimataú Oriental, Nordeste do Brasil.
Fazendo cruzamento de informações dos últimos anos (2000-2012) com base nos dados científicos pluviométricos disponibilizados pela AESA (Agência executiva de gestão das Águas). Partindo do senso comum dos agricultores, junto aos órgãos responsáveis, buscamos perceber a veracidade de tais indagações colocadas pelos mesmos durante as entrevistas.
METODOLOGIA
Como procedimentos metodológicos buscamos suporte em Albuquerque (2010) a
partir de entrevistas semiestruturadas, onde foram entrevistados individualmente
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aproximadamente 40 agricultores num total de 125 famílias nas comunidades Oiticica em Dona Inês e Olho D`água em Tacima segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) ambas localizadas na mesorregião do Agreste Paraibano e na microrregião do Curimataú Oriental.
No decorrer da pesquisa, observamos que não se trata apenas de colocações de agricultores de enfoque empírico e do senso comum, mas também da convergência e afirmação dispostas pelos órgãos responsáveis, entre eles a AESA (Agência executiva de gestão das Águas) o supracitado durante esta abordagem, transparecendo a veracidade para as informações pontuadas pelos pequenos agricultores.
RESULTADOS PRELIMINARES
O Nordeste é a região brasileira que mais “sofre” com escassez de água, e consequentemente com falta de possíveis recursos advindos das chuvas. Contudo, a irregularidade das chuvas torna-se uma realidade quase que constante para os agricultores do Curimataú Oriental.
Conforme, Marengo
“ O Nordeste brasileiro ocupa 1.600.000 km² do território nacional e tem incrustado em 62% da sua área, o Polígono das Secas, uma região semiárida de 940 mil km2, que abrange nove Estados do Nordeste e enfrenta um problema crônico de falta de água e chuva abaixo de 800 mm por ano. No Semi-árido, espalhado por 86% do território nordestino, vivem aproximadamente 30 milhões de pessoas, ou cerca de 15% da população nacional” (2008, p. 149).
A realidade de altas estiagens é problema frequente e pertinente na região. Guerra, et. al, nos permite entender um pouco mais, quando ressalta que;
A escassez de água e de alimentos e a presença de animais mortos pelos caminhos revelam a paisagem amarga do fenômeno natural e cíclico da seca (Guerra, 1981), causando temores aos povoadores desse espaço. Sob tais condições, ao longo de gerações, os sertanejos desenvolveram as ‘experiências de inverno’, em parte com o intuito de se proteger dos efeitos da seca. Alguns destes, ao dominar esta prática e comunicar suas previsões, passaram a ser reconhecidos pela comunidade como ‘profetas da chuva’ (Guerra, 1981, Apud Silva El. Al 2014).
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Além disso Silva (El. Al 2014, p.774) também destaca que a leitura dos sinais da natureza e uma forma de realizar previsões climáticas, ou simplesmente a realização de
‘experiências de inverno’, como são reconhecidas, constitui um traço importante do modo de vida do sertanejo, pois uma cultura nordestina que vai passando por gerações e gerações.
É neste víeis que nos deparamos com agricultores identificados posteriormente como profetas da chuva que fazem observações a partir de astros, da fauna e da flora com o intuito de resistir e permanecer as manifestações e mudanças postas pela natureza.
Para Tuan (2012), “ a percepção e atitude ambiental como dimensão da cultura ou da interação de cultura e meio ambiente”. Ele entende que as pessoas analfabetas de comunidades pequenas são examinadas em algum detalhe e numa abordagem holística, ou seja, sugere um olhar que não seja fragmentado da realidade. Desta forma junta-se todos os elementos citados posteriormente para que possam ser percebidos na natureza, em virtude de melhores condições para convivência em seu lugar.
No gráfico (01) a seguir, podemos observar a partir dos conhecimentos etnoclimáticos dos agricultores a percepção para o aumento de chuvas nos últimos anos na região.
GRÁFICO 01: FREQUÊNCIA DE ANO SECOS E CHUVOSOS
Fonte: Pesquisa de campo 2017/2018 adaptado pelo autor.
90,00%
10,00% 10,00%
90,00%
0,00%
20,00%
40,00%
60,00%
80,00%
100,00%
frequecia de anos secos frequencia de anos chuvosos
Frequência de anos secos e chuvosos
aumentou reduziu chuvas forte chuvas mais fracas
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Os agricultores ressaltaram a frequência de anos secos e chuvosos, no gráfico 01 percebemos que 90% dos agricultores notaram que a frequência de anos secos aumentou em relação a anos anteriores, já os outros 10% acreditam que reduziu, eles ainda salientam que antigamente existia uma frequência maior de anos secos e que com o passar dos anos as chuvas apesar de não serem fortes remediava secas como antigamente.
Com base nos dados disponibilizados pela AESA observamos a veracidade das percepções dos pequenos agricultores, como nos mostra o gráfico (02) a seguir.
GRÁFICO 02: ANÁLISE DOS ÚLTIMOS 12 ANOS DE CHUVA NO CURIMATÁU ORIENTAL (DONA INÊS E TACIMA/PB)
Adaptado pelo autor com base nos dados disponibilizados pela AESA.
A partir dos dados onde os agricultores ressaltam um tempo de vasta estiagem na região, onde pontuam a escassez e as frequentes dificuldades, faz-se necessário perceber que conforme os dados científicos disponibilizados pela AESA a uma predominância e pertinente presença dos índices pluviométricos baixos. Contudo, entre a análise feita dos últimos 12 anos, os agricultores com total certeza pontuam o ano de 2004 como sendo um dos mais vindouros entre os analisados, onde destacam: água em abundância, colheita satisfatória da maioria das culturas cultivadas, pastagem para os animais, cheias e vazantes.
Neto e Vianna (2006) relatam esses acontecimentos,
0 500 1000 1500 2000 2500
mm/ Índice Pluviométrico
ANÁLISE DOS ÚLTIMOS 12 ANOS DE CHUVA
TACIMA DONA INÊS