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Influências da ficção científica na divulgação de ciências Autor: André Leon S. Gradvohl

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Academic year: 2021

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Universidade Estadual de Campinas

Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo

Pós-Graduação Lato Sensu em Jornalismo Científico

Influências da ficção científica na divulgação de ciências

Autor: André Leon S. Gradvohl

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo da UNICAMP como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Especialista em Jornalismo Científico.

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Resumo

GRADVOHL, A. L. S. Influências da ficção científica na divulgação de Ciências. Campinas, 2010. 21 páginas. Trabalho de Conclusão de Curso (Especialização Lato Sensu em Jornalismo Científico) Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo. Universidade Estadual de Campinas. Este trabalho apresenta um breve histórico da ficção científica, discute as influências e as contribuições da ficção científica para a divulgação de conceitos científicos. Para isto, mostra alguns exemplos de como a Ciência pode ser popularizada através de iniciativas simples, mas com grande apelo intelectual. O trabalho também mostra algumas alternativas para a utilização da ficção científica para o ensino de ciências.

Palavras chave: Ficção científica, divulgação científica, educação.

Abstract

GRADVOHL, A. L. S. Influences of science fiction in sciences dissemination. Campinas, 2010. 21 pages. Dissertation (Lato Sensu degree in Scientific Journalism). Advanced Journalism Studies Laboratory. State University of Campinas.

This work presents a brief history of science fiction, discusses about its influences and contributions for the dissemination of scientific concepts. Thus, it shows some examples of how Science can be popularized through simple initiatives, with great intellectual appeal. The dissertation also shows some alternatives to use science fiction to science education.

Key words: science fiction, scientific dissemination, education.

Trabalhos afins publicados pelo autor

GRADVOHL, A. L. S. O flerte entre a astronomia e a ficção científica. ComCiência, Campinas-SP, 10 out. 2009. Disponível on-line em http://www.comciencia.br/comciencia/handler.php?section=8& edicao=50&id=628.

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À minha querida Silvia,

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Agradecimentos

Agradeço a Deus pela sabedoria, saúde e paciência para superar todas as adversidades.

Agradeço também à minha esposa, Silvia, por estar sempre ao meu lado, por me ajudar com sua criticidade salutar, por seu companherismo ímpar e seu amor incondicional. É sempre um prazer saber que estamos crescendo juntos.

Aos companheiros, companheiras, professores e professoras do Labjor pelo ensinamento e por abrir meus olhos para as ciências humanas e por me fazer deixar um pouco de lado as ciências duras e a tecnologia.

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Sumário

Lista de Figuras ... v Lista de Tabelas ... v Lista de Abreviaturas ... v 1 Introdução ... 1

2 Breve histórico da ficção científica ... 1

2.1 Ficção científica no Brasil ... 3

3 Influências da ficção científica nas ciências e na sua divulgação ... 4

3.1 Pintura ... 5

3.2 Literatura ... 6

3.3 Cinema, a 7ª arte ... 7

3.4 Histórias em quadrinhos, a 9ª arte ... 8

4 Utilização da ficção científica para o ensino de ciências ... 12

5 Conclusões ... 13

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Lista de Figuras

Figura 1 - "Ondina", pintura acrílica e grafite sobre tela de Walmor Correa, 2005. ... 5

Figura 2 - "Curupira", pintura acrílica e grafite sobre tela de Walmor Correa, 2005. ... 6

Figura 3 - Exemplo de HQ em que conceitos de física – elasticidade – são colocados em pauta (quadrinho superior). ... 10

Figura 4 - Exemplo de HQ em que propriedades da dinamite são explicados (quadrinho inferior esquerdo). ... 11

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Publicações que influenciaram conceitos científicos ou tecnologias atuais. ... 7

Tabela 2 - Filmes que influenciaram conceitos científicos ou tecnologias atuais. ... 8

Lista de Abreviaturas

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1 Introdução

Uma narrativa imaginária, irreal ou uma obra de arte criada a partir do imaginário do seu autor é a definição de ficção. Apesar de irreal, a ficção em suas diversas vertentes é construída a partir de elementos reais – sejam eles substantivos concretos, como os objetos que nos cercam, ou mais abstratos, como as relações humanas. De qualquer maneira, a ficção é um exercício de imaginação – uma utopia, segundo Baldessin (2006) – e como tal atrai muitos espectadores.

A ficção científica, por sua vez, possui uma característica singular. Esse gênero inclui as ciências como um componente essencial na elaboração da fantasia. Em alguns casos, a extrapolação é absurda e ultrapassa os limites do que é considerado possível pela Ciência moderna, embora isso não signifique que é impossível em um estado mais evoluído da Ciência. Em outros casos, atua exatamente na fronteira do conhecimento e especula sobre o que é possível atingir com o estado-da-arte da Ciência.

A divulgação científica, por outro lado, pode ser entendida como um processo de transposição ou tradução de uma linguagem especializada – discurso científico – para uma linguagem comum, com o objetivo de tornar o conteúdo acessível a um público leigo em um determinado assunto. Segundo Bueno (1985), a divulgação científica, não se restringe somente aos jornais impressos, mas também os livros didáticos, as aulas de ciências, os cursos de extensão para não especialistas, as histórias em quadrinhos, os suplementos infantis, os fascículos produzidos por grandes editoras, documentários, programas especiais de rádio e televisão, entre outros.

Neste texto pretede-se mostrar que as diferentes modalidades de ficção científica (FC) são meios para divulgação científica e podem ter impactos relevantes na conscientização dos cidadãos a respeito da Ciência. Mais além, serão postos exemplos de como a FC pode tornar a educação de crianças e jovens em Ciência mais prazerosa.

2 Breve histórico da ficção científica

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Contudo, é importante salientar que, apesar de considerar um embrião para a FC, o texto de Plutarco ainda não se enquadra no gênero. A FC exige uma proximidade com a Ciência e não somente a criação de cenários utópicos.

Muito tempo depois de Plutarco, em 1634, o filho de Johannes Kepler, Ludwig Kepler, após a morte do pai, publica o manuscrito Sonminum (Sonho), no qual um aluno do astrônomo Tycho Brahe é transportado para a Lua por forças ocultas. No manuscrito, Kepler apresenta uma descrição imaginativa detalhada de como a Terra pode parecer quando vista da Lua. Esse é considerado o primeiro tratado científico sério sobre astronomia lunar. Vê-se que o manuscrito apresenta características que o enquadram no gênero literário de FC uma vez que as relações com a Ciência são bem evidentes. Tanto que chega a influenciar o conhecimento da época sobre astronomia lunar.

Por volta de 1638, Francis Godwin escreveu o conto The man in the Moon (O homem na Lua). Em suas obras Godwin se declara partidário do sistema cartesiano e adota os princípios da lei da gravitação, ao supor que a massa inercial decresce com a distância da Terra. Observe-se que essa época é anterior a Isaac Newton e a lei da gravidade.

No mesmo século, usando os argumentos de Godwin, Cyrano de Bergerac escreveu sua obra L'autre

monde (O outro mundo) que se dividia em duas partes: Histoire comique des états et empires de la Lune (História dos estados e impérios da Lua, 1657) e Histoire comique des états et empires du Soleil (História dos estados e impérios do Sol, 1662). Os contos, publicados por Henri Le Bret após a

morte de Cyrano, relatam as aventuras de Dyrcona, que, na primeira parte, ao pousar na Lua, descobre que os habitantes de lá veem a Terra como uma lua sem vida. Na segunda parte, ao voltar da viagem à Lua, Dyrcona é acusado de bruxaria e preso, mas escapa e voa em direção ao Sol. Apesar de ter elementos fantasiosos, essa obra faz com que Cyrano de Bergerac seja considerado por Arthur C. Clarke, consagrado autor de ficção científica, como o primeiro a usar em suas obras foguetes para viagens espaciais.

Embora não considere esse período embrionário, Asimov (1953) estabelece um escalonamento cronológico da ficção científica em quatro períodos. São eles:

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Strange Case of Dr. Jekyll and Mr. Hyde (O médico e o monstro de autoria de Robert Louis

Stevenson, 1886).

• Período de Gernsback (1926-1938), marcado principalmente com a publicação das revistas de Hugo Gernsback. A mais notória dessas revistas é a Amazing Stories, criada em 1926. A primeira revista dedicada exclusivamente à FC e que lancou o gênero Pulp Fiction. Nessa época, o pensamento sobre a FC ainda é confuso e continua repleto de extrapolação científica, misticismo pseudocientífico, charlatanismo. Também nesse período começam a surgir os super-herois - Superman (1938) e Batman (1939) – e a FC começa a se dividir em FC hard e FC soft, conceitos que são abordados com mais detalhes posteriormente. São exemplos de publicações dessa época Admirável Mundo Novo de Aldous Huxley e A Máquina do Tempo de H.G. Wells.

• Período Social ou de Campbell (1938-1945) que se inicia com a revista Astouding Stories, publicada em 1938 por John W. Campbell. O editor também funda a chamada ficção científica social, que consiste na tese das consequências do avanço tecnológico na vida do homem. A ficção científica social narra principalmente os efeitos que a ciência causou no meio social. Nesse período os escritores escrevem sobre uma sociedade distorcida e impossível. Não há escritores expoentes dessa época.

• Período Atômico (1945-1958), cujo início coincide com o lançamento da bomba atômica em Hiroshima e o projeto Manhattan. Na FC esse período é ilustrado como período de iminente destruição da humanidade e as narrativas se concentram bastante em mutantes carbonizados e cidades destruídas. São publicações dessa época The Demolished Man, de Alfred Bester e O Futuro do Mundo, de Isaac Asimov.

Há ainda, segundo Leonardo (2007), um quinto período, chamado Período Sincrético, que se estende de 1958 até hoje. Neste período descreve-se um novo homem que controla a máquina, a técnica, a Ciência e não se subjuga por elas. Note-se também, principalmente no início desse período, que a FC aborda, com frequência, aspectos ligados à guerra fria.

2.1 Ficção científica no Brasil

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flutuações na Via Láctea, encontro com marcianos e outras incursões na área da astronomia (MACÊDO, 2008).

Segundo Ginway (2005), são três períodos notáveis na ficção científica brasileira. Na década de 1960 o primeiro grupo de escritores (Dinah Silveira de Queiroz, Jerônymo Monteiro, André Carneiro, Fausto Cunha, Rubens Teixeira Scavone e outros) fez uma ficção científica antitecnológica e apolítica, como uma forma de afirmar os mitos da identidade brasileira: o mito da sociedade edênica, o mito da harmonia racial, o mito da democracia racial etc. Na década de 1970, um segundo grupo de escritores usou a ficção científica e os mitos nacionais para falar contra o regime militar e criticar as más consequências da urbanização, da industrialização e repressão, criando textos distópicos (antiutópicos). Na década de 80 surge um terceiro grupo de escritores, pós-ditadura, familiarizados com o computador e com escritores anglo-americanos. Escrevem textos que oferecem uma visão mais abrangente do Brasil e de seus constantes problemas sociais. Jorge Luiz Calife, um dos autores dessa época, assume uma postura mais universalista escrevendo a chamada ficção científica hard. Apesar do terceiro grupo ser constituído por escritores já adaptados a industrialização e à tecnologia, eles constantemente criticam a modernização, mas sem evocar a figura edênica do Brasil como parte da identidade do país.

3 Influências da ficção científica nas ciências e na sua

divulgação

Antes de tratar das influências da FC na divulgação de ciências, é importante diferenciar o FC hard de FC soft. FC hard é aquela caracterizada pela ênfase em detalhes técnicos e científicos precisos. Neste caso, não se permite a extrapolação dos conceitos científicos muito além do que é plausível atualmente. O termo foi cunhado por P. Schuyler Miller em 1957.

A FC soft, por sua vez, é um termo que apareceu após 1970 e é uma categoria de FC na qual alguns conceitos científicos são extrapolados para além do que é plausível atualmente. Portanto, em alguns momentos pode violar o conhecimento científico atual.

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As influências da FC na divulgação de ciências podem acontecer através de diversas artes1. Dentre as 11 artes modernas, as seções a seguir destacarão aquelas em que a FC aparece com mais evidência.

3.1 Pintura

A FC também pode ser expressa através da pintura. Parte da obra de Walmor Corrêa, um artista plástico de Florianópolis, é um bom exemplo. Baseado em livros escritos por folcloristas brasileiros, Corrêa escolheu mitos populares para serem representados em termos fisiológicos e anatômicos. As pinturas ilustram, com rigor científico, como seriam as estruturas fisiológicas e anatômicas de alguns seres fantásticos. As figuras 1 e 2 a seguir apresentam alguns dos trabalhos do artista.

Figura 1 - "Ondina", pintura acrílica e grafite sobre tela de Walmor Correa, 2005.

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Note-se a descrição funcional de alguns órgãos adaptados às condições e ao ambiente em que o ser folclórico deveria viver. No caso da “Ondina” – uma espécie de sereia que vive na região amazônica – o coração possui estruturas ventriculares que permitem a adaptação dentro e fora d’agua.

Figura 2 - "Curupira", pintura acrílica e grafite sobre tela de Walmor Correa, 2005. No caso do “Curupira” – outro ser mitológico do folclore brasileiro – detalhes anatômicos dos pés, voltados para trás, e do olho são realçados para demonstrar as características do ser fantástico.

3.2 Literatura

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Livro Conceito científico ou tecnologia vislumbrada

Histoire comique des états et empires de la Lune.

Cyrano de Bergerac, 1657. Foguetes e viagens espaciais

20.000 Léguas Submarinas, Júlio Verne, 1869. Submarinos

The Ablest Man in the World.

Edward Page Mitchell, 1879 Inteligência artificial

Cybernetics. Norbert Wiener, 1948. Cibernética

Eu, Robô. Isaac Asimov, 1950. Robôs

Dragon’s Island. Jack Williamson, 1951. Engenharia Genética

Fahrenheit 451. Ray Bradbury, 1953 Home theaters

The Judas Mandala, Damien Broderick, 1982. Realidade Virtual

4euromancer. William Gibson, 1984 Ciberespaço Tabela 1 - Publicações que influenciaram conceitos científicos ou tecnologias atuais.

Além dessas publicações, várias outras serviram para divulgar ciências e discutir o papel do cientista. Um dos livros que merece destaque é Frankenstein ou o Moderno Prometeu de Mary Shelley, 1818. No romance, Victor Frankenstein, um estudante de ciências naturais, constrói um monstro em seu laboratório. Shelley coloca em pauta o poder exercido pela humanidade sobre a natureza através da Ciência e da Tecnologia. A publicação do livro encaixa-se no espírito da época, o estágio inicial da Revolução Industrial.

3.3 Cinema, a 7ª arte

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Dos filmes de maior sucesso, alguns daqueles que influenciaram algumas ciências ou, pelo menos, despertaram a consciência pública sobre o assunto são destacados na Tabela 2 a seguir.

Filme Conceito científico ou tecnologia vislumbrada

Metrópolis. Fritz Lang, 1927. Escravidão humana imposta através do trabalho mecanizado.

O planeta proibido. Fred M. Wilcox, 1956. Exploração espacial, robótica e cibernética.

2001 – Uma odisseia no espaço.

Stanley Kubrick, 1968. Inteligência artificial

The Andromeda Strain. Robert Wise, 1971. Ameaças biológicas

Contatos imediatos do 3º grau.

Steven Spielberg, 1977. Vida extraterrestre e formas de comunicação

Blade Runner. Ridley Scott, 1982. Engenharia genética, cultura cyberpunk.

De volta para o futuro. Robert Zemeckis, 1985. Viagens no tempo.

Matrix. Irmãos Wachowski, 1999. Realidade Virtual

AI – Inteligência Artificial. Steven Spielberg, 2001. Avanços da inteligência artificial e robótica Tabela 2 - Filmes que influenciaram conceitos científicos ou tecnologias atuais.

Não é possível citar todos os filmes que tiveram alguma influência nas ciências. Afinal, é difícil saber quais deles despertaram novas ideias ou novos conceitos que depois foram elaborados com critérios científicos. Contudo, é nítido que o cinema é um veículo interessante de divulgação. Ainda mais se adicionarmos a liberdade que o cinema tem de explorar alguns exageros científicos através dos efeitos especiais (FC soft).

3.4 Histórias em quadrinhos, a 9ª arte

Histórias em quadrinhos, segundo Will Eisner (1999), são o arranjo de fotos ou imagens e palavras para narrar uma história ou dramatizar uma ideia. Essa mistura de imagens e palavras ajuda bastante a ilustrar uma ideia. As histórias em quadrinhos (HQ) conseguiram aumentar seu público no período da Grande Depressão nos Estados Unidos com as revistas pulp fiction. Naquela época, o gênero pulp

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mais barata de entretenimento. Já nas primeiras edições, por volta dos anos 20 e 30, a ficção científica começou a achar espaço nessas publicações.

A história das HQs costuma ser dividida em eras. As três principais são a Era de Ouro, Era de Prata e Era de Bronze. Na Era de Ouro, situada entre 1938 e meados dos anos 50 no século XX, o estilo obteve grande popularidade. Nesse período foi inventado e definido o gênero dos super-heróis, com a estreia de alguns de personagens dos mais conhecidos do gênero. Entre eles o Super-Homem e o Batman

Na Era de Prata, que sucedeu a Era de Ouro e se situou entre 1950 e 1970, coincide com a época da

Big Science e o arquétipo do herói da ciência encaixava-se no zeitgeist da era atômica e espacial.

Nessa era formação dos super herois evoluiu e novos elementos de FC soft foram incorporados, especialmente na construção desses personagens. Aliás, muitos desses personagens eram pessoas comuns que, por força da Ciência ou do mau uso dela sofreram mutações e resolveram combater o mal.

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Figura 3 - Exemplo de HQ em que conceitos de física – elasticidade – são colocados em pauta (quadrinho superior)2.

No outro exemplo, na Figura 4, as propriedades da dinamite quando expostas ao fogo ou ao choque mecânico também são colocados em pauta. Nesse caso, explica-se que a dinamite só explode quando submetida ao choque mecânico e não às altas temperaturas.

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Figura 4 - Exemplo de HQ em que propriedades da dinamite são explicadas (quadrinho inferior esquerdo)3.

Como é possivel perceber, as HQs podem transmitir conceitos científicos e tecnológicos através de estórias simples e que cativam a atenção de jovens e crianças. Portanto, é um meio interessante de divulgação científica.

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4 Utilização da ficção científica para o ensino de ciências

A utilização da FC para divulgação de Ciências é uma atividade que pode ser útil, em especial no ensino médio. Piassi e Pietrocola (2007) afirmam que a utilização da FC para introdução de conceitos da Física como laser, a holografia, a física de partículas e a teoria quântica, produziu uma imediata motivação ao debate e ao trabalho de pesquisa de informações. Os resultados foram conseguidos porque os filmes apresentados – alguns da série Star Trek (Jornada nas Estrelas) ou o longa metragem Contato – forneceram suporte imagético inicial que auxiliou na imaginação hipóteses e possibilidades que foram verificadas em trabalhos de pesquisas posteriores (PIASSI e PIETROCOLA, 2008).

Fraknoi (2003) também relata que algumas iniciativas utilizam os filmes para envolver os estudantes nas descobertas de erros ou acertos científicos, tornando a aula mais lúdica e interessante. No entanto, Fraknoi sugere que textos de ficção científica são mais efetivos, pois a imaginação não é influenciada pelas imagens. Fraknoi (2003) ainda sugere as seguintes iniciativas para a utilização da FC em sala de aula:

• Ao tratar uma parte específica da Ciência, utilizar uma estória de ficção científica que retrata esse tópico.

• Atribuir uma estória a um aluno ou um grupo de alunos com antecedência e, em seguida, solicitar que apresente um relatório sobre o assunto para a classe ressaltando os aspectos científicos tratados.

• Escolher uma estória de ficção científica que esteja desatualizada ou incorreta no uso da Ciência e, em seguida, propor que os alunos discutam quais os erros científicos apresentados. • Depois de discutir uma série de estórias de ficção científica durante o curso, pode-se solicitar

aos alunos que escrevam suas próprias estórias, utilizando os conceitos tratados ao longo do curso.

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5 Conclusões

A imaginação do homem é o motor propulsor da Ciência e da Tecnologia. Este fato é facilmente constatado entre os cientistas e pessoas envolvidas com a Ciência. No entanto, o único espaço para registrar esses devaneios e explorá-los sem os grilhões do rigor do método científico, é na ficção científica, sob suas mais diversas formas, Pintura, Literatura, Cinema, Histórias em quadrinhos ou qualquer outra maneira de se expressar.

O método científico garante o rigor da ciência, sua falseabilidade e sua aplicabilidade nas mesmas condições. Mas a ficção científica que pode impulsionar as mentes a pensar em outros cenários, em outras circunstâncias e propor novas ideias.

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Bibliografia

ASIMOV, I. Social Science Fiction. In: BRETNOR, R. Modern science fiction: its meaning and its future. New York: Coward-McCann, 1953. p. 167.

BALDESSIN, M. G. S. A ficção científica como derivação da utopia - a inteligência artificial. Unicamp. Campinas, p. 151. 2006. Dissertação de Mestrado.

BUENO, W. Jornalismo científico: conceitos e funções. Ciência e cultura, São Paulo, v. 37, n. 9, p. 1420-1427, 1985. ISSN 0009-6725.

EISNER, W. Quadrinhos e arte sequencial. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FRAKNOI, A. Teaching Astronomy with Science Fiction: A Resource Guide. Astronomy Education, v. 1, n. 2, 2003. Disponível on line em: http://aer.noao.edu/cgi-bin/article.pl?id=33. FRAKNOI, A. Science Fiction Stories with Good Astronomy & Physics: A Topical Index.

Astronomical Society of the Pacific, agosto 2009. Disponivel em:

<http://www.astrosociety.org/education/resources/scifi.html>. Acesso em: 06 junho 2010.

GINWAY, M. E. Ficção Científica Brasileira - Mitos Culturais e +acionalidade no País do Futuro. 1. ed. São Paulo: Devir, 2005.

LEONARDO, E. M. A Ficção Científica no Brasil nas décadas de 60 e 70 e Fausto Cunha. Universidade Estadual de Campinas. Campinas, p. 104. 2007. Dissertação de Mestrado.

MACÊDO, F. M. D. Monteiro Lobato e a ficção científica:a “irradiação” da obra de Jules Verne no romance Choque das Raças ou O Presidente Negro. Espaço Acadêmico, n. 89, outubro 2008. ISSN 1519-6186.

PIASSI, L. P.; PIETROCOLA, M. Primeiro Contato: ficção científica para abordar os limites do conhecimento em sala de aula. XVII Simpósio Nacional de Ensino de Física. São Luiz: [s.n.]. 2007.

PIASSI, L. P.; PIETROCOLA, M. Questões socio-políticas de ciência através da ficção científica: um exemplo com Contato. XI Encontro de Pesquisa em Ensino de Física. Curitiba: [s.n.]. 2008. p. 1-12.

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