UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS
DEPARTAMENTO DE FÍSICA
RELATÓRIO DE ATIVIDADES
(2º visita técnica ao Caparaó)
Título Monitoramento do Clima no Parque Nacional do Caparaó
Período 12 à 14 de Dezembro de 2012
Proex-UFES Siex 400202
SISBio Nº 35265
Coordenação Márcio Malacarne
RESUMO
Nos dias 12 e 14 de Dezembro de 2012 a equipe do GOA/UFES esteve no Parque Nacional do Caparaó, para instalação da Estação Meteorológica Automática (EMA) Davis Vantage Pro2 na Casa Queimada e realocação do registrador de temperatura para a Tronqueira, Alto Caparaó (MG) e observação da chuva de meteoros Geminídeas. Os dados coletados poderão se tornar projetos de pesquisas em meteorologia, e também nos indicará se a região é adequada a instalação de um observatório astronômico remoto.
2ª visita técnica do GOA ao Parque Nacional do Caparaó
Presentes: Marcio Malacarne (coordenador), Icaro Calixto Hammer (bolsista GOA), Ludmylla
de Andrade e Taislane de Oliveira Barbosa (estudantes de Física/Ufes), Patrícia Newlands (auxiliar de campo) e o motorista, Jades.
1º DIA (12/12/2012)
Carregamos os equipamentos numa uma Vãn da UFES, e saímos de Vitória com sol forte, cerca de 13h25. Chegamos na entrada do Parque, em Pedra Menina, por volta da 18h30, após forte chuvas terem caído na região.
A noite ficou nublada até as 2h do dia seguinte. Fomos descansar as 23h para acordar as 2h para realizar observações da chuva de meteoros. Ficamos até as 5h30 observando e tirando fotos com 3 câmeras: uma Câmera-de-Todo-Céu (CTC) Sbig340, uma Canon t3i e t4i.
Com o tempo parcialmente nublado fizemos a instalação da CTC para tentativa de tirar fotos do céu noturno. A expectativa era de capturar em imagem algum meteoro da chuva Geminídeas que estava próximo de seu máximo. Tivemos problemas quanto ao fornecimento de energia para o equipamento(Laptop+CTC). Usamos um nobreak como fonte de energia para o equipamento. Uma das dificuldades foi quanto ao fato da CTC necessitar de 12V de tensão e o notebook de 110V. Como a casa queimada é inteiramente sustentada com energia solar, e no mesmo dia não houve grande incidência de raios solares, havia pouca carga armazenada para os equipamentos. Devido a falta de carga no no break não foi possivel fotografar a noite toda.
Mesmo assim, observamos a maior chuva de meteoros já vista por nossa equipe. Chegamos a ver dezenas de rastros em apenas uma hora. Infelizmente, nesse dia, não conseguimos capturar nenhum meteoro pelas câmeras.
2º DIA (13/12/2012)
O dia amanheceu com leve chuva que permaneceu até por volta de 13h. Enquanto aguardávamos a chuva passar para iniciarmos a instalação, tivemos problemas com a energia do nosso Nobreak e do inversor 12V (CA) de 200W. Ou seja, não servia para a furadeira que era de 550W. Tivemos que ligar as duas baterias em série e conectá-las no nobreak de 850W. Dai conseguimos carga para furar a a coluna de paraju, onde seria parafusado o suporte da EMA. Deveríamos ter levado um arco pua manual.
Haviam fios com partes metálicas expostas, logo foram feitos os isolamentos devidos. Além disso 5 lampadas da casa não funcionavam. O fusivel do inversor queimou e foi preciso utilizar um fio provisório.
Escolha do local
O local para instalação da EMA não precisa ser o de melhor referencia para uma região, mas para uma microregião. Nosso objetivo ali é um registro do clima daquele pequeno vale durante alguns anos. Nossa hipótese, já conhecida da meteorologia, é que as montanhas funcionam como um escudo para a umidade. Entretanto, existem umidade (ou nuvens) vindas desde a amazônia, pelo lado Oeste,
conhecido como Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), como do lado Leste, vinda do oceano atlântico. A hipótese é que a umidade vinda do oceano são barradas pela montanha. Mas o quanto a umidade das ZCAZ influencia, tentaremos descobrir. Na foto do Google podemos observar que ambas regiões podem ser protegidas pelo escudo.
Colocaremos a EMA, nomeada GOAMet2, do lado mais a leste, num vale, em cima do telhado da Casa Queimada. Tentaremos, no futuro, colocar numa área cercada com grama, mais adequada. Mas isso demanda investimentos que não temos no momento. Fizemos a coleta com o termohigrômetro em vários pontos ao redor da Casa, durante o dia, e houve pequenas diferenças na umidade, em torno de 5 a 10%, praticamente dentro do erro do equipamento. Enquanto a variação da temperatura ficou em menos de 1ºC. No Noroeste deste ponto, na Tronqueira (MG), colocaremos apenas um registrador termohigrômetro.
Depois de muito trabalho em equipe, instalamos no Parque Nacional do Caparaó, sobre a varanda do alojamento da Casa Queimada, a 2.160m de altitude, a GOAMet2. A segunda EMA instalada pelo GOA.
A próxima foto dá uma boa representação da nossa hipótese de se instalar a Estação Meteorológica no meio do vale. No topo das montanhas podemos perceber a maior dinâmica das nuvens. Já dentro do vale, essa atividade é menor. Já nas foto de todo céu (abaixo), podemos notar "buracos", ou janelas de observação celeste com melhor qualidade, notadamente no Zênite, enquanto as nuvens formadas cruzam o horizonte no topo das montanhas
Na noite de quinta para sexta utilizamos câmeras fotográficas e lentes olho de peixe para fotografar o céu. Com sucesso obtivemos algumas fotos de meteoros.
3º DIA (14/12/2012)
Registrador de temohigrômetro (RegGOA)
Vale da Casa Queimada. Em destaque o local onde a GOAMet2 foi instalada.
Para avaliar essa hipótese, estamos instalando um registrador de temperatura (RegGOA ou datalogger, em inglês) do outro lado da montanha, a Noroeste da GOAMet2, região conhecida por Tronqueira, no lado de Minas Gerais, coletando dados de 15 em 15 minutos. Esse mesmo aparelho já estava coletando dados na Casa Queimada desde 24 de Agosto de 2012.
Dentro de 2 ou 3 anos de coleta de dados, poderemos ter uma melhor avaliação quanto essa hipótese e, quem sabe, criar um modelo numérico de turbulência atmosférica naquela microregião.
Na manhã de sexta feira fomos a Tronqueira e instalamos o o RegGOA debaixo do beiral externo do telhado do vestiário. Único local que encontramos seguro e que não tivesse grande variação em relação a outros pontos naquela camping.
Feito isso voltamos para o campus goiabeiras.
Nosso bolsista Icaro Hammer fez o vídeo acelerado e com belas fotos:
http://www.youtube.com/watch?v=81UoOLRjFxY
Pespectivas
A imagem acima mostra os dois principais pontos escolhidos para montar os instrumentos. A distância calculada pelo Google de 6,15 km.
O próximo objetivo é tentar instalar as antenas de internet desde a sede do Parque até a Tronqueira. Com isso colocaremos os dados em tempo real na internet e, assim que possível, instalar uma CTC no Parque. Além dos dados ficarem acessiveis a qualquer um pela internet, poderemos instalar nosso Sistema de Alarme Meteorológico. Assim, quando houver chuvas “fortes” no topo da montanha, poderemos avisar com antecedência sobre inundações nas regiões influenciadas.
Observações 1. As fotocélulas do painel solar estão instaladas voltadas para o lado Noroeste, enquanto o correto, para maioria dos equipamentos, é para o Norte. Isso causa menor carga de energia nas baterias. 2. Existem poucas lampadas funcionando na casa; 3. O fusível do Inversor 110V está queimado; 4. Avisar aos vigias do parque sobre a EMA e cuidados para não perder os dados.
Vista do Parque Nacional do Caparaó desde Minas Gerais.No destaque o local da Tronqueira (esquera) e da Casa Queimada, distante 6,15km.
Marcio Malacarne
Técnico em ótica da UFES e Coordenador do GOA - Tel: 27-8877 1181 e equipe GOA
