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O MITO DA RESSOCIALIZAÇÃO DO CONDENADO EM FACE DA NÃO APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 10 E 11 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL

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O MITO DA RESSOCIALIZAÇÃO DO CONDENADO EM FACE DA

NÃO APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 10 E 11 DA LEI DE EXECUÇÃO

PENAL

Ronan Nicolau Franzoi1 Adriana Spengler2

SUMÁRIO:

Introdução; 1 Da finalidade da Pena; 2 Da execução da pena privativa de liberdade; 2.1 Da Progressão de Regime; 3 Da execução penal 4 Das assistências previstas na Lei de Execução Penal; 4.1 Da assistência Material; 4.2 Da assistência à Saúde; 4.3 Da assistência Jurídica; 4.4 Da assistência Educacional; 4.5 Da assistência Social; 4.6 Da assistência Religiosa; 4.7 Da assistência ao Egresso; 5 Ressocialização;

Considerações Finais; Referências de fontes citadas.

RESUMO:

A situação do sistema carcerário no Brasil atualmente é precária, cadeias e presídios superlotados, em condições degradantes, pelo fato do Estado não oferecer assistência necessária expressa em lei, e esse contexto afeta toda a sociedade que recebe os condenados que saem da prisão da mesma forma como entraram ou piores. É direito de todo indivíduo, ainda que tenha cometido algum crime, ser tratado com dignidade e respeito. Além disso, cresce a importância do Estado em promover a recuperação do criminoso para o retorno ao convívio social e tendo por ferramenta básica a Lei de Execução Penal, mais precisamente seus artigos 10 e 11. O presente trabalho pretende demonstrar que se trata de um mito a possibilidade de ressocialização dos condenados, justamente pela falta de aplicação de certas assistências e garantias previstas na Lei de Execução Penal.

PALAVRAS CHAVE: Execução penal. Assistência ao preso. Ressocialização.

INTRODUÇÃO

A presente pesquisa tem por objeto questionar a não aplicação do disposto nos artigos 10 e 11 da Lei de Execução Penal por parte das autoridades competentes.

1

Acadêmico do 8º período do Curso de Direito da Univali. Ronan_franzoi@hotmail.com

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Em face dessa não aplicação uma das principais finalidades do sistema punitivo, que é a ressocialização do apenado não vem sendo colocada em prática, muito pelo contrario, o condenado entra no sistema carcerário praticando crimes de menor potencial ofensivo e deveria sair desse estabelecimento penal um individuo apto para conviver na sociedade, reintegrado, mas acaba cometendo crimes ainda mais graves em relação ao que fora condenado.

No sistema penitenciário atual constata-se que os condenados estão sendo privados de várias modalidades assistenciais previstas na Lei de Execução Penal.

Portanto, no presente trabalho serão apresentadas as assistências possíveis, as quais deveriam ser realmente oferecidas aos apenados, e os problemas decorrentes da falta de aplicação prática.

O problema central deste artigo científico reside na seguinte indagação: Como o sistema punitivo é capaz de alcançar um de seus objetivos (ressocialização) se não é aplicada a Lei como esta expressa?

Quanto à metodologia empregada neste trabalho, este se realizou pela base lógica Indutiva3, e foram utilizadas as Técnicas do Referente4, da Categoria5, do Conceito Operacional6 e da Pesquisa Bibliográfica7.

1 DA FINALIDADE DA PENA

Para as teorias chamadas absolutas, o fim da pena é o castigo, ou seja o pagamento pelo mal praticado. O castigo compensa o mal e dá reparação à moral, sendo imposto por uma exigência ética em que não se vislumbra qualquer conotação ideológica.8

3

“[...] pesquisar e identificar as partes de um fenômeno e colecioná-las de modo a ter uma percepção ou conclusão geral [...]”. PASOLD, Cesar Luis. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 11 ed. Florianópolis: Conceito editorial/Milleniuum, 2008. p. 86.

4 “[...] explicitação prévia do(s) motivo(s), do(s) objetivo(s) e do produto desejado, delimitando o alcance temático

e de abordagem para a atividade intelectual, especialmente para uma pesquisa.” PASOLD, Cesar Luis.

Metodologia da pesquisa jurídica: Teoria e prática. p. 53. 5

“[...] palavra ou expressão estratégica à elaboração e/ou à expressão de uma idéia.” PASOLD, Cesar Luis.

Metodologia da pesquisa jurídica: Teoria e prática. p. 25. 6

“[...] uma definição para uma palavra ou expressão, com o desejo de que tal definição seja aceita para os efeitos das ideias que expomos [...]”. PASOLD, Cesar Luis. Metodologia da pesquisa jurídica: Teoria e prática. p. 37.

7

“Técnica de investigação em livros, repertórios jurisprudenciais e coletâneas legais. PASOLD, Cesar Luis.

Metodologia da pesquisa jurídica: Teoria e prática. p. 209.

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Para as teorias relativas, dava-se a pena um fim exclusivamente prático, em especial o prevenção geral com (relação a todos) ou especial (com relação ao condenado).9 Nesta teoria a pena não seria um castigo, seria uma oportunidade de ressocializar o criminoso, tendo em vista a proteção da sociedade.

Para as teorias mistas, a pena, por sua natureza, é retributiva, tem seu aspecto moral, mais sua finalidade não é simplesmente de prevenção, trata-se um misto de educação e correção.10 Pretende-se com isso, transformar a pena em

oportunidade para promover a reintegração social do condenado, eis a ressocialização como uma das finalidades da pena.

2 DA EXECUÇÃO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

No que tange às modalidades de pena previstas no ordenamento jurídico

brasileiro, determina o art.32 do Código Penal em seu inciso I, as chamadas privativas de liberdade.

Sua característica principal é, como o próprio nome ressalta, a privação daquele condenado de sua liberdade.

A modalidade em questão se vale da prisão para o cumprimento da reprimenda imposta na sentença penal condenatória com algumas modalidades de regimes de cumprimento11.

9

MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal: Comentários à Lei n˚ 7.210, de 11-07-84. p. 38.

10 MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal: Comentários à Lei n˚ 7.210, de 11-07-84. p. 38. 11

O Código Penal prevê para o cumprimento da pena privativa de liberdade alguns regimes: Regras do regime fechado Art. 34 - O condenado será submetido, no início do cumprimento da pena, a exame criminológico de classificação para individualização da execução. § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho no período diurno e a isolamento durante o repouso noturno.

§ 2º - O trabalho será em comum dentro do estabelecimento, na conformidade das aptidões ou ocupações anteriores do condenado, desde que compatíveis com a execução da pena.

§ 3º - O trabalho externo é admissível, no regime fechado, em serviços ou obras públicas. Regras do regime semi-aberto

Art. 35 - Aplica-se a norma do art. 34 deste Código, caput, ao condenado que inicie o cumprimento da pena em regime semi-aberto. § 1º - O condenado fica sujeito a trabalho em comum durante o período diurno, em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. § 2º - O trabalho externo é admissível, bem como a freqüência a cursos supletivos profissionalizantes, de instrução de segundo grau ou

superior.

Regras do regime aberto

Art. 36 - O regime aberto baseia-se na autodisciplina e senso de responsabilidade do condenado.

§ 1º - O condenado deverá, fora do estabelecimento e sem vigilância, trabalhar, freqüentar curso ou exercer outra atividade autorizada, permanecendo recolhido durante o período noturno e nos dias de folga.

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Transitando em julgado a sentença que aplicar a pena privativa de liberdade, o juiz ordenará a expedição da guia de recolhimento para a execução quando o réu vier a ser preso.12

Esta guia de recolhimento, mais conhecida como “carta guia” é a prova de materialidade do título executivo judicial para fins de execução, e, com isso, a sentença ganha força executiva e deverá ser providenciado o regime da pena estabelecido na decisão.13

Quando cumprida a pena aplicada ao réu e se não houver outra razão para que o mesmo continue preso, será expedido um alvará se soltura a favor deste sendo imediatamente cumprido e o executado colocado em liberdade.14

2.1 Da Progressão de Regime

O sistema progressivo adotado pela Lei de Execução Penal determina a mudança de regime, passando o condenado do mais severo para o menos severo, tratando-se do instituto da progressão de regime.

Conforme estabelece o artigo 112:

A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão.15

A progressão de regime prisional, desde que satisfeitos os requisitos legais, é um direito público subjetivo do sentenciado. Integra-se ao rol dos direitos materiais penais. 16

Os requisitos mínimos para esta progressão são: os objetivos: que seria o cumprimento de 1/6 da pena no regime anterior em caso de crime comum e 2/5 ou 3/5 em caso de crime hediondo e o subjetivo: boa conduta carcerária, comprovada

§ 2º - O condenado será transferido do regime aberto, se praticar fato definido como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se,

podendo, não pagar a multa cumulativamente aplicada.

12 MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 104. 13 MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 104. 14

MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 109.

15

BRASIL. Lei 7.210 execução penal. in Vade mecum. 13. ed. ampl. atual. São Paulo: Saraiva, 2012.

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por atestado firmado pelo diretor do estabelecimento, portanto, mérito à progressão, não bastando a satisfação de apenas um dos requisites para à progressão de regime.17

No que tange o requisito objetivo o condenado cumprindo um sexto de sua pena no regime anterior e alcançando a progressão de regime, para a uma nova progressão o mesmo deverá cumprir apenas um sexto da pena restante, e não da pena total aplicada, da mesma forma com os patamares de cálculo em se tratando de crime hediondo.18

Porém, no requisito subjetivo, anteriormente à Lei de Execução Penal, exigia-se a comprovação de mérito por escrito e o exame criminológico era obrigatório para que o condenado progredisse do regime fechado para semi-aberto, sendo facultativo para o aberto.19

A pena de prisão tem encontrado sérias dificuldades por inexistência de presídios apropriados, superpopulação carcerária e falta de estabelecimentos adequados para a aplicação dos três regimes de pena (fechado, semi-aberto e aberto), e grande parte da comunidade não tem cooperado e resiste com relação a muitos fatores, e entidades que poderiam dar a devida contribuição, não confiam no condenado e tampouco manifestam interesse em sua recuperação por ocasião do retorno a sociedade.20

O elenco de assistências asseguradas aos presos na Lei de Execução Penal, caso sejam efetivadas, tornam-se um grande aliado na tão almejada ressocialização.

3 DA EXECUÇÃO PENAL

A execução penal é a fase mais importante para o direito punitivo, pois de

nada adianta a condenação sem que haja a respectiva execução da pena imposta. O objeto da execução penal é tornar executável ou efetiva a sentença

criminal que é imposta ao condenado pelo crime praticado.21

17 MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 116. 18

MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 117.

19 MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 118. 20

NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Comentários à Lei de Execução Penal. p. 4.

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Segundo Giovanni Leone a função da execução penal deita raízes em três setores distintos:

do que respeita a vinculação da sanção e do direito penal subjetivo estatal de castigar, a execução entra no direto penal substancial; no que respeita a vinculação como titulo executivo, entra no direito processual penal; no que toca a atividade executiva verdadeira e própria, entra no direito administrativo, deixando sempre salvo a possibilidade de episódicas fases jurisdicionais correspondentes, como nas providencias de vigilância e nos incidentes de execução.22

No Código de Processo Penal (decreto – lei n˚ 3.689, de 3-10-41), a execução penal foi considerada mista: jurisdicional e administrativa, correspondendo a primeira à solução dos acidentes da execução, à prescrição da medida de segurança.23

Na verdade, a execução penal não é focada apenas no direito administrativo, é matéria regulada de outros ramos do ordenamento jurídico, especialmente o direito penal e processual penal.24

Segundo Renan Severo Teixeira Cunha:

Há uma parte da atividade da execução penal que se refere especificamente a providências administrativas e que fica a cargo das autoridades penitenciarias e, ao lado disso, desenvolve-se a atividade do juizo da execução ou atividade judicial da execução. 25

E ainda, como bem acentua Ada Pellegrini Grinover citada por Julio Fabrinni Mirabete:

Não se nega que a execução penal é atividade complexa que se desenvolve entrosadamente nos planos jurisdicional e administrativo, e não se desconhece que nesta atividade participam dois poderes: o judiciário e o executivo, por intermédio, respectivamente, dos órgãos jurisdicionais e estabelecimentos penais”.26

4 DAS ASSISTÊNCIAS PREVISTAS NA LEI DE EXECUÇÃO PENAL

22 LEONE, Giovanni. Tratado de Derecho Processual Penal. p. 472.

23 MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal: Comentários à Lei n˚ 7.210, de 11-07-84. p. 33. 24 MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal: Comentários à Lei n˚ 7.210, de 11-07-84. p. 33. 25

CUNHA, Renan Severo Teixeira da, O ministério Público na Execução Penal: Curso sobre a reforma penal. p.186.)

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A lei de Execução Penal prevê expressamente em seu artigo 10, as medidas assistenciais aos presos e aos internados em medida de segurança como sendo dever do Estado.

O Legislador, por meio delas, buscou prevenir novos crimes por parte do condenado querendo assim, fazer com que esse retorne a sociedade em melhores condições daquela que o levou a ao estabelecimento prisional.

Art. 10 - A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado,

objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade.27

O preso é aquele que se encontra detido em um estabelecimento prisional, em razão de sentença penal condenatória. A lei não restringe a assistência apenas e tão somente aos condenados definitivamente.28

Internado, é o que se encontra submetido à medida de segurança consistente em internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, em razão de decisão judicial. Ainda que recolhido em estabelecimento prisional, aguardando vaga para transferência ao hospital de custódia e tratamento psiquiátrico, e que por razões óbvias, também tem assegurados os mesmos direitos.29

Por sua vez, o artigo 11 da Lei de Execução Penal prevê as modalidades de assistência: “Art. 11 - A assistência será: I - material; II - à saúde; III - jurídica; IV - educacional; V - social; VI – religiosa”.30

4.1 Da Assistência Material

Os direitos não são atingidos por consequência do cerceamento da liberdade, uma vez que não é excessivo afirmar que alimentos, vestuário e higiene devem ser condizentes com o mínimo que se espera para um tratamento digno.31

Dispõe o artigo 12 da Lei de Execução Penal que: “a assistência material ao preso e ao internado constituirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas”. 32

27 BRASIL. Lei 7.210 execução penal. in Vademecum. 13. ed. ampl. atual. São Paulo: Saraiva, 2012. 28 MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 18.

29 MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 18.

30 BRASIL. Lei 7.210 execução penal. in Vademecum. 13. ed. ampl. atual. São Paulo: Saraiva, 2012. 31 HAMMERSCHMIDT. Denise. Execução Penal. p. 36

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Sendo que, em seu artigo 13, afirma que:

o estabelecimento disporá de instalações e serviços que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não fornecidos pela Administração.33

4.2 Da Assistência à Saúde

Não há dúvidas que é importante para um estabelecimento prisional a existência de serviço médico adequado e equipado para as devidas necessidades dos presos que ali convivem.34

Outra forma de assistência, disposta na Lei de Execução Penal, é a saúde, assim prevê o artigo 14:

“será oportunizada ao preso e ao internado, tendo um caráter preventivo e curativo, e compreenderá o desenvolvimento de atendimento nos setores médicos, farmacêutico e odontológico”. 35

Essa estrutura, de acordo com o disposto no parágrafo 2˚:

“quando não existente, poderá ser prestada em outro local, que não o estabelecimento prisional, mediante autorização da direção do estabelecimento”.

A realidade mostra, entretanto, que os estabelecimentos penais não dispõem de equipamentos e pessoas apropriadas para os atendimentos médico, farmacêutico e odontológico.36

A rede pública, que deveria prestar tais serviços, é carente e não dispõe de condições adequadas para dar o devido atendimento de qualidade mesmo à população que também necessita de tal assistência estatal.37

Segundo Mirabete:

A assistência à saúde, oportunizada de maneira a suprir as necessidades da população carcerária, estende os efeitos à própria unidade penal, pois não há dúvida de que é fundamental para a vida de uma instituição prisional a existência de serviços médico eficiente

32 BRASIL. Lei 7.210 execução penal. in Vademecum. 13. ed. ampl. atual. São Paulo: Saraiva, 2012. 33 BRASIL. Lei 7.210 execução penal. in Vademecum. 13. ed. ampl. atual. São Paulo: Saraiva, 2012. 34 MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal: Comentários à Lei n˚ 7.210, de 11-07-84. p. 84. 35 BRASIL. Lei 7.210 execução penal. in Vademecum. 13. ed. ampl. atual. São Paulo: Saraiva, 2012. 36 MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 20.

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e adequadamente equipado para satisfazer às necessidades quotidianas da população.38

4.3 Assistência Jurídica

Oportuniza-se a assistência jurídica aos presos e aos internados sem condições financeiras para contratar um advogado, ou seja, aos que são considerados pobres na concepção jurídica, assim considerados aqueles que não possuem condições de pagar a contratação de advogado sem prejuízo do sustento próprio e de sua família.39

A assistência técnico - jurídica também deve ser analisada na execução penal, principalmente no que se refere ao requerimento de uma variedade de pedidos que são possíveis ao longo do cumprimento da pena, como remição de pena, progressão de regime, livramento condicional etc., onde alcança maior agilidade e adequação ao desenvolvimento do processo executório.40

4.4 Assistência Educacional

A atividade educacional, existente dentro dos estabelecimentos penais pelos presos e pelos internados busca o desenvolvimento intelectual, aperfeiçoamento de sua formação profissional (art. 17, LEP). Essa diretiva figura torna-se um dos pilares da perspectiva ressocializadora da sanção penal. 41

O art. 26 da Declaração Universal dos Direitos do Homem estabelece que: Todo homem tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos, bem como a instrução superior, esta baseada no mérito”.42

O objetivo da assistência educacional é proporcionar ao executado melhores condições sociais, aprimorando o apenado para um melhor retorno à vida em liberdade, demonstrando os valores de interesse comum. Não se pode negar, ainda,

38 MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal: Comentários à Lei n˚ 7.210, de 11-07-84. p. 84. 39 MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 21.

40 HAMMERSCHMIDT. Denise. Execução Penal. p. 38 41 HAMMERSCHMIDT. Denise. Execução Penal. p. 38 42 MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 22.

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a influência positiva na manutenção da disciplina dentro do estabelecimento prisional.43

4.5 Assistência Social

A assistência social tem como objetivo principal não somente o acompanhamento o cumprimento da pena, seu objetivo também é dar a assistência necessária a família do condenado. E, ainda, estas não são as únicas funções que a assistência social visa atingir.

Dentre todas as funções realizadas pelo serviço social em um estabelecimento penal, o artigo 23 da Lei de Execução Penal elenca as seguintes:

I – conhecer os resultados dos diagnósticos e exames; II – relatar, por escrito, ao diretor do estabelecimento, os problemas e as dificuldades enfrentadas pelo assistido; III – acompanhar o resultado das permissões de saídas e das saídas temporárias; IV – promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a recreação; V – promover a orientação do assistido, na fase final do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à liberdade; VI – providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da previdência social e do seguro por acidente de trabalho; VII – orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da vítima.44

Armida Bergamini Miotto relata sobre a assistência social:

O assistente social deve reconhecer, em cada caso, os limites

da prestação dos serviços, isto é, os limites,

concomitantemente, da prudência, da eficácia, da moral e do direito; deve saber distinguir a disposição do cliente de participar responsavelmente, diversa do desejo de permanecer dependente do assistente social, a quem procura transferir toda a responsabilidade.45

4.6 Assistência Religiosa

43 MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 22, 23.

44 BRASIL. Lei 7.210 execução penal. in Vademecum. 13. ed. ampl. atual. São Paulo: Saraiva, 2012. 45 MIOTTO, Armida Bergamini. Curso de Direito Penitenciário. p. 419.

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Outra forma de assistência existente é a religiosa, disposta no art. 24 da Lei de Execução Penal. Prevê que seja possível a permissão aos presos e aos internados, da prática de atividade religiosa, dentro de uma unidade penal. 46

Será facultativo a posse de livros de instrução religiosa no interior dos estabelecimentos, ou seja, nenhum preso ou internado será obrigado a participar dessas atividades, e o local onde deverão ser realizados os cultos deve ser próprio para a realização desses eventos.47.

E ainda, é importante que se ressalte, que a Constituição Federal assegura em seu art. 5˚, VI, a inviolabilidade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos.48

4.7 Assistência ao Egresso

Considera-se egresso o libertado definitivamente, pelo prazo de um ano, a contar da saída do estabelecimento penal, e o liberado condicionalmente, durante o período de prova.49

Dispõe o artigo 25 da Lei de Execução Penal que a assistência ao egresso consiste, conforme os incisos I e II:

na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade; II: e na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado pelo prazo de dois meses.50

Prazo este que poderá ser estendido uma única vez, porém, deve ser comprovado pelo assistente social, que o egresso se empenha na busca por emprego, segundo o artigo 25 parágrafo único da Lei de Execução Penal.

Enquanto o egresso esteja à procura de trabalho, a assistência social deverá dar total apoio, para que seja concretizada o sua meta.51

5 O MITO DA RESSOCIALIZAÇÃO EM FACE DA NÃO APLICAÇÃO DOS ARTIGOS 10 E 11 DA LEI DE EXECUÇÃO PENAL

46 HAMMERSCHMIDT. Denise. Execução Penal. p. 40 47 HAMMERSCHMIDT. Denise. Execução Penal. p. 40 48 MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 24. 49 MARCÃO, Renato. Curso de Execução Penal. p. 24.

50 BRASIL. Lei 7.210 execução penal. in Vademecum. 13. ed. ampl. atual. São Paulo: Saraiva, 2012. 51 HAMMERSCHMIDT. Denise. Execução Penal. p. 41.

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Da disposição das diversas modalidades de assistência previstas na Lei de

Execução Penal surge a questão da não concretização da ressocialização dos condenados em face da não efetivação de muitas daquelas assistências, essenciais a essa finalidade.

É necessária a efetivação de certas condições para que a recuperação do infrator ocorra de fato, tais como uma instituição penitenciária idônea, funcionários capacitados, é preciso, ainda, que a capacidade da unidade não seja extrapolada. É importante também que haja uma pena condizente com o ato praticado, ou seja, a necessária observância do princípio da proporcionalidade: a pena privativa de liberdade não deve ser a solução para todos os casos.

Paralela a essas questões surge a necessidade de se colocar em prática as diversas modalidades assistenciais já levantadas, tendo em vista a maneira eventual com que se constata a aplicação desses mecanismos ressocializadores, sem profissionais qualificados, sem estrutura condizente, e suficientes a comportar a grande população carcerária atual.52

E para Everaldo da Cunha Luna, “a finalidade das penas privativas de liberdade, é ressocializar, recuperar, reeducar ou educar o condenado, tendo uma finalidade educativa que é a natureza jurídica”.53

E, segundo um consenso comum e generalizado, a prisão não ressocializa nenhum condenado, mas, pelo contrário, tem sido causa de rebeliões e revoltas, com profundos reflexos na reincidência.54

Falar em ressocialização hoje em dia soa como mito porque o Poder Executivo não vem dando a necessária atenção na concretização e efetivação do elenco de assistências a que o preso e o internado fazem jus.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A execução penal tem como principal objetivo tornar executável a sentença condenatória do apenado pelo crime praticado, porém, de nada adianta condenar

52 NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Comentários à Lei de Execução Penal. p. 16.

53 MIRABETE, Julio Fabbrini. Execução Penal: Comentários à Lei n˚ 7.210, de 11-07-84. p. 39. 54 NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Comentários à Lei de Execução Penal. p. 16.

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um réu sem que haja uma assistência para que quando retorne a sociedade não torne a delinquir.

A Lei de Execução Penal foi criada justamente com o intuito de que os apenados passem por várias etapas fazendo assim com que tenham uma certa progressão, não apenas no regime de penas, mas também uma progressão psicológica.

Desta forma, torna-se imprescindível a efetivação dos Artigos 10 e 11 da Lei de Execução Penal, os quais determinam como dever do Estado prestar a devida assistência ao preso, com o objetivo de prevenir o crime e orienta-lo a um melhor retorno a sociedade e todas as assistências devidas pelo Estado aos condenados, porém, não sendo aplicadas, a ressocialização acaba por se tornar cada vez mais um mito.

REFERÊNCIAS DE FONTES CITADAS

BRANCO, Vitorino Prata Castelo. Falência da pena de prisão. São Paulo: Saraiva, 9 jul. 1981.

BRASIL. Lei 7.210 Execução Penal. in Vade mecum. 13. ed. ampl. atual. São Paulo: Saraiva, 2012.

CUNHA, Renan Severo Teixeira da. O ministério Público na Execução Penal:

Curso sobre a reforma penal. São Paulo, Saraiva, 1985.

HAMMERSCHMIDT, Denise. MARANHÃO, Douglas Bonaldi. COIMBRA, Mário. Coordenação Luiz Regis Prado. Execução Penal: Processo e

LEONE, Giovanni. Tratado de Derecho Processual Penal. São Paulo: Ed. Ejea. Bs. As. 1990.

LOPES, Mauricio Antonio Ribeiro. Penas Restritivas de Direito: Retrospectiva e

Analise das Novas Modalidades, in penas restritivas de direito. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999.

MARCÃO,Renato. Curso de Execução. 3˚. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2006.

Execução Penal. 3. vol. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2009.

MIRABETE, Júlio Fabbrini. Execução Penal: Comentários à lei nº 7.210, de

11-07-84. São Paulo: Atlas, 1987.

NOGUEIRA, Paulo Lúcio. Comentários à lei de execução penal: Lei n. 7 210 de

11-7-1984. 3˚. ed. rev. e ampl. São Paulo: Saraiva, 1996.

PIMENTEL, Manoel Pedro. O drama da pena de prisão, in reforma penal. (diversos autores). São Paulo: Saraiva, 1985

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