Informativo mensal nº 24 Outubro/2015
AMÉRICA/EUROPA OCIDENTAL
CONFLITOS DA COLÔMBIA E DA VENEZUELA
No mês de outubro as negociações de paz entre a Colômbia e as Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia (FARC) continuaram acontecendo. A guerrilha suspendeu os treinamentos militares e o recrutamento e, mesmo com as divergências sobre a publicação de um documento referente ao tratado, ficou acordado que ambas as partes forneceriam informações sobre desaparecidos para que os restos mortais sejam entregues as famílias. O governo Colombiano afirmou que será possível um cessar fogo unilateral caso os cinco pontos de negociações com a guerrilha forem alcançados. A Colômbia também entrou em acordo com a Venezuela para realizar mais três reuniões sobre o problema fronteiriço dos países. A ONU está mediando o problema fronteiriço entre Venezuela e Guiana, e enviou uma equipe para a Guiana.
ÁSIA/LESTE EUROPEU
TENSÕES NO MAR DO SUL DA CHINA
O governo chinês afirmou que não irá tolerar violações de suas águas territoriais, após supostas invasões por parte dos Estados Unidos, que não reconhecem as demandas chinesas e alegam liberdade de navegação. A China reivindica grande parte do Mar do Sul da China e o governo norte-americano disse que continuará a operar onde a lei internacional permitir. Os Estados Unidos alegaram que enviariam ao Japão navios de combate, cujas patrulhas tem intenção de demonstrar o comprometimento de Washington com a liberdade de navegação na região. O Japão realizou com antecedência a revisão de sua frota naval devido aos conflitos com a China.
BOMBARDEIO DE HOSPITAL NO AFEGANISTÃO MATA PELO MENOS 19 PESSOAS
Um hospital administrado pela ONG Médicos Sem Fronteiras, na cidade de Kunduz, no norte do Afeganistão, foi bombardeado e ao menos 19 pessoas morreram e várias ficaram feridas. A ONG exigiu uma investigação independente do acidente. O general do Exército dos EUA John Campbell afirmou que as forças norte-americanas não estavam na linha de fogo e que o ataque aéreo não foi ordenado em seu nome, ao contrário do que fora informado anteriormente por militares dos EUA. O diretor-geral do Médicos Sem Fronteiras (MSF) declarou que os EUA são os responsáveis pelo ataque embora façam parte de uma coalizão. A Rússia advertiu ao Afeganistão para preparar defesas contra uma crise fronteiriça devido ao aumento da violência na região.
O país eslavo tem bases em países vizinhos e um acordo de defesa poderia aumentar as chances de intervenção terrestre naquele país.
ORIENTE MÉDIO
ESTADO ISLÂMICO
A Rússia e os EUA assinaram um acordo para evitar confrontos entre suas forças aéreas nos céus da Síria. A Rússia começou os ataques aéreos em setembro tendo o EI como alvo. No Iraque, forças paramilitares reconquistaram uma refinaria de petróleo próxima de Bagdá e o governo declarou a retomada total da cidade de Beiji e avanços em torno da cidade em Ramadi. Tropas curdas iraquianas confirmaram o uso de gás mostarda pelo EI, após batalhas no norte do Iraque. O Primeiro Ministro da Tunísia anunciou que o país irá se juntar a coalizão liderada pelos Estados Unidos para lutar contra o grupo extremista na Síria e no Iraque, porém, seu foco será a troca de informações. Assim, o país, incentivado pelos ataques do EI que mataram turistas no começo do ano, terá acesso a informações sobre os jihadistas e poderá se preparar melhor para ataques futuros. Um terrorista atirou e matou cinco pessoas em uma região xiita no leste da Arábia Saudita, antes de ser morto pela policia local. O Estado Islâmico assumiu a autoria de vários ataques, principalmente os que aconteceram no sul do país.
TENSÕES E MORTES ENTRE PALESTINOS E ISRAELENSES
Quatro palestinos foram mortos quando tentaram esfaquear israelenses em ataques distintos. Pelo menos 52 palestinos teriam sido mortos por tiros disparados por soldados israelenses em diferentes cidades da Cisjordânia, na cidade de Al-Quds e em Gaza. O ocorrido deu-se após ataques proferidos por soldados israelenses à palestinos. Também foram contabilizados vários ataques com faca executados por palestinos em locais distintos, sendo um deles no Portão de Damasco, gerando medo na população.
FORÇAS IEMENITAS TOMAM VÁRIAS ALDEIAS EM JIZAN, NA ARÁBIA SAUDITA
Soldados iemenitas, com o apoio do movimento popular dos combatentes Ansarolá, assumiram o controle de várias aldeias do distrito saudita de Al-Juba, segundo um canal televisivo libanês. O canal acrescentou que os soldados iemenitas dispararam vários morteiros em um acampamento militar situado na aldeia de Al-Rahwa, na região de Asir, no sudoeste da Arábia Saudita. Três bombas atingiram o hotel que abrigava membros exilados do governo e oficiais da coalizão saudita, na cidade de Áden, no
Iêmen. O atentado foi atribuído aos rebeldes hutis, muito embora o Estado Islâmico tenha se responsabilizado.
ÁFRICA
ATAQUES E AVANÇOS MARCAM A LUTA CONTRA O BOKO HARAM
Ataques suicidas com marcas do grupo extremista Boko Haram foram reportados na Nigéria, Níger, Chade e em Camarões, deixando diversos mortos e feridos. Os principais alvos foram mesquitas, mas incluíram também mercados e campos de refugiados. Além de apontado como responsável pelos ataques, o Boko Haram também foi acusado de envenenar fontes de água no nordeste da Nigéria. A Anistia Internacional mostrou preocupação com a quantidade de mortos pelo grupo durante o ano e afirmou que os governos dos países afetados têm que tomar todas as medidas legais necessárias para garantir a segurança dos civis. Na Nigéria, um ataque foi repelido por tropas que mataram ao menos 100 insurgentes e apreenderam armas, munições e equipamentos, além de terem sido presos 45 supostos membros do grupo. O Exército nigeriano realizou uma operação na região de Sambisa, um reduto do Boko Haram, e nela foram mortos 30 insurgentes, 338 pessoas foram resgatadas e armas e munições foram apreendidas. A Força Aérea da Nigéria afirmou ter bombardeado depósitos de veículos e combustíveis do grupo. O Reino Unido se comprometeu a ajudar as Forças Armadas nigerianas na guerra contra o grupo. Em Camarões, operações de inteligência, vigilância e reconhecimento contra o Boko Haram serão conduzidas pelos Estados Unidos que enviou cerca de 300 militares. A atuação dos militares norte-americanos não inclui ações ofensivas.
AÇÕES DIFICULTAM O ACORDO DE PAZ NO SUDÃO DO SUL
Rebeldes do Sudão do Sul disseram que o governo vem atacando suas posições, demonstrando, desse modo, a fragilidade do acordo de paz firmado entre as partes. O
Acordo foi ratificado no mês passado, mas acusações de não cumprimento têm sido frequentes e por ambos os lados. O governo não comentou as afirmações. Ademais, ao anunciar que aumentaria o número de estados administrativos, o Presidente foi acusado de ter tomado a decisão de maneira unilateral, indo contra o que foi firmado. Os rebeldes entenderam esse ato como uma falta de compromisso com a paz.
ELEIÇÕES NA REPÚBLICA CENTRO AFRICANA SÃO ADIADAS DEVIDO À ONDA DE VIOLÊNCIA
As eleições para o parlamento e para a presidência da República Centro-Africana marcadas para 18 de outubro, foram adiadas para 13 de dezembro, em parte, devido a atos violentos registrados na capital. Se houver necessidade, o segundo turno da eleição presidencial será realizado em 24 de janeiro de 2016. As eleições buscam a criação de um governo com autoridade suficiente para restaurar ordem e permitir a saída de tropas de paz francesas e da ONU do país. A violência que se instalou em setembro, após a morte de um muçulmano, matou ao menos 40 pessoas, fez com que 40.000 pessoas fugissem e que casas, lojas e escritórios humanitários fossem destruídos.
GRUPOS RIVAIS NA REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO CONGO ASSINAM ACORDO DE PAZ
No sudeste da República Democrática do Congo, líderes dos grupos Twa e Luba assinaram um acordo de paz. Comitês mistos serão organizados para rever as disputas de maneira neutra, imparcial e com respeito aos direitos humanos. O confronto causou a morte de centenas e deixou milhares de desabrigados. Membros dos dois grupos são acusados de crimes contra a humanidade e genocídio por um tribunal congolês.
CONSELHO DE SEGURANÇA DA ONU DEMONSTRA PREOCUPAÇÃO COM A VIOLÊNCIA NO BURUNDI
Foram mortas mais de dez pessoas em confrontos no Burundi. O Conselho de Segurança da ONU manifestou “profunda preocupação com a crescente insegurança e com o aumento continuado da violência", além de condenar a violação de direitos humanos e a violência, comprometendo-se a buscar os responsáveis pelos ocorridos. Os ataques recentes são motivados pela crise política do país, após o anúncio do terceiro mandato do Presidente.
ONU
ONU MEDIA MAIS ACORDOS DE PAZ E CESSAR-FOGO EM DIFERENTES TERRITÉRIOS ENQUANTO SOFRE REPULSA NO SUDÃO DO SUL E É
REQUERIDA A INTENSIFICAR ATIVIDADES NA ÁFRICA
Recentemente, a Presidente interina da República Centro-Africana, Catherine Samba- Panza, pediu por um mandato mais duro para a missão da ONU, MINUSCA, e o desarmamento das milícias e rebeldes, como medida de preservação da paz na região.
No Sudão do Sul houve certa tensão diplomática quando o governo opôs-se à resolução da ONU que permitia a utilização de drones no território. Ainda a respeito do Sudão do Sul, seu embaixador para a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) foi eleito para um posto-chave na Organização em meio a acusações de que Cartum estaria retendo rações alimentares de tropas internacionais em Darfur. Paralelamente, o grupo Huti do Iêmen e o partido do ex-presidente aceitaram um plano de paz mediado pelas Nações Unidas, abrindo o caminho para a retomada das negociações para finalizar os meses de conflito no país. Ambos os grupos disseram que tinham notificado oficialmente o Secretário Geral da ONU, Ban Ki-moon, de que eles estavam prontos para as conversações sobre um plano de paz proposto pelas Nações Unidas. Na Síria, a ONU buca um cessar-fogo em partes do território e acha que a escalada atual no conflito pode ser uma oportunidade para conversações políticas, facilitando, desta forma, a mediação de possíveis acordos.