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O CONCEITO DE HÁBITO EM TOMÁS DE AQUINO: ESTUDO NA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO (SÉC. XIII)

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doi: 10.4025/10jeam.ppeuem.04013

O CONCEITO DE HÁBITO EM TOMÁS DE AQUINO: ESTUDO NA

HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO (SÉC. XIII)

SARACHE, Mariana Vieira (IC Balcão-CNPq/UEM) OLIVEIRA, Terezinha (GTSEAM/ PPE/UEM)

Introdução

Este trabalho é vinculado a pesquisa Ensino e debate teórico na universidade parisiense no século XIII: Tomás de Aquino e Boaventura de Bagnoregio, sob coordenação da Profª. Drª. Terezinha Oliveira, e o título de nossa pesquisa é O conceito de hábito em Tomás de Aquino: estudo na História da Educação. Temos por objetivo principal analisar o conceito de hábito em Tomás de Aquino, como relevante para a educação e formação do homem, especialmente no século XIII. Para atender ao proposto, faremos um estudo do contexto social e político, ressaltando os elementos que, a nosso ver, contribuíram para as considerações de Tomás de Aquino sobre o hábito.

Acreditamos que este estudo sobre a Idade Média nos possibilita uma visão de construção de processos históricos e de civilização, assim como perceber como os estudiosos da sociedade do século XIII estavam, estamos em busca de conhecer o processo de formação do homem e, portanto, o hábito ser um objeto de estudo tão importante neste processo.

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Consideramos o estudo sobre aspectos educativos importantes para Tomás de Aquino (1224-5/1274), pois é no século XIII, que as condições para se tratar de formação humana surgem com muita influencia no que diz respeito às discussões feitas pelo filósofo e teólogo, na Universidade de Paris, onde lecionava como professor de Teologia. (1252-9).

O século XIII tem características peculiares no que respeito ao desenvolvimento. É nesta época que se tem uma expansão comercial, a reconstrução das cidades e o surgimento das Universidades. Esta última tem grande importância para nós, pois é neste ‘locus’ que veremos como Tomás de Aquino defendeu suas ideias e então faremos um paralelo para compreendermos de que forma a sociedade alcançará este conhecimento que será produzido pelos intelectuais deste período.

Antes de tratarmos dos assuntos específicos sobre a Universidade, precisamos destacar quão presente era o ideal cristão neste momento da história, a Igreja como veremos por Guizot mais adiante, foi um dos elementos fundamentais para o desenvolvimento de pensamento e do desenvolvimento humano, afinal ainda que membro de um grupo de pensadores da Universidade, Tomás de Aquino é um religioso de ordem Cristã, e suas ideias a fé e o conhecimento, estarão sempre presentes.

O fato de este teólogo e filosofo tratar de religião e conhecimento, causará grandes discussões e possibilitará novas formas de se pensar o homem.

Essas discussões eram feitas na Universidade, fundamentadas no pensamento escolástico, como produção de pensamento e de questões que apresentavam uma nova forma de ensino, a Escolástica terá seu êxito por sua característica fundamental: de dar possibilidade a exposição do pensamento de cada indivíduo, mesmo que se oponha a outros.

Neste momento, a busca para compreender o homem e os elementos que o constitui, levou o filósofo e teólogo Tomás de Aquino a utilizar esse pensamento escolástico para formular e responder seus questionamentos. Tomás de Aquino considerava o homem um ser completo e indivisível, deu importância ao corpo tanto quanto à alma, dizendo que não há um elemento sem o outro.

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pensamento cristão tradicional porque, até então, só a alma era considerada o elemento essencial do homem. (OLIVEIRA, 2005, p. 34).

Esse novo pensamento de cuidado do corpo para a preservação da alma, cria a necessidade de novos conceitos e conhecimentos que implicariam no uso da razão, assim o homem trilhava em um caminho que admitia sua totalidade que geravam hábitos para determinadas coisas.

Os hábitos para Tomás de Aquino são o que compõe o princípio dos atos humanos. Tomás de Aquino ao estudar quanto ao que define o comportamento e pensamento do homem, preocupa-se em compreender o ser humano, enquanto um ser que é formado por tais substâncias: “potência”, “ato”, “matéria”, "forma”, ”qualidade”, “disposição”, etc.

[...] Chamemos, desde já, a atenção para o fato de que, ao longo deste estudo, aparecerão outras palavras cujo sentido filosófico clássico não coincide exatamente com o sentido usual que lhes damos hoje. (TOMÁS DE AQUINO, 2000. p, 8)

Portanto precisamos nos atentar para a importância de contextualizar cada conceito a realidade que envolve seu uso e significação.

Quando pensamos que o teólogo e filósofo foi um estudioso que se preocupou com as questões de seu tempo, e devolveu para a sociedade determinadas respostas norteadoras de um pensamento, percebemos que antes deste, outros autores e pensadores pudessem ter analisaram em outros tempos, situações semelhantes as de Tomás de Aquino. Para que este pensasse na teoria sobre o hábito, seu conceito e suas implicações se basearam e fundamentaram-se no pensamento aristotélico.

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realidade propriamente humana. Já para Tomás há, no homem, uma união

intrínseca de espírito e matéria.

Essa importância á relação do que é extrínseco e o que é intrínseco ao homem, Tomás de Aquino faz referência logo no inicio quando apresenta a intenção de sua tese sobre o hábito na questão 49 da Suma Teológica, assim o autor diz:

[...] há que considerar os princípios dos atos humanos. Primeiro, os princípios intrínsecos, segundo, os princípios extrínsecos. Os princípios intrínsecos são a potencia e o hábito [...] depois, as virtudes e os vícios, e outros hábitos semelhantes, que são princípio dos atos humanos. (Tomás de Aquino, p.37).

Ao olhar o homem dessa forma e compreender a essência humana, considerando alma e matéria, faz a diferença entre o que já existe no homem e o que este pode adquirir, Tomás de Aquino explica esse pensamento de uma forma que se entende que há determinados elementos que contribuem para o aprendizado de determinadas coisas e outras já temos em nós por sermos humanos, mas precisamos de fatores que influenciem para que venha a ser ato.

“O hábito se diz como se fosse uma certa ação do que tem e do que é tido” ; conforme se dá com aquilo que temos em nossa volta[...]

Se, porém, ter é tomado no sentido de uma coisa que, de alguma forma, se tem em si mesma ou relativamente à outra, como esse modo de ter supõe alguma qualidade, então o hábito é uma qualidade. Daí a afirmação do filósofo: “chama-se hábito a disposição pela qual a coisa disposta se dispõe bem ou mal em si mesma ou em relação à outra coisa, de modo que a saúde é um hábito”. (TOMÁS DE AQUINO, p. 38).

Esse estudo em relação ao que subsiste no homem é fundamental para a compreensão da nova postura de homem que se tem no século XIII, os hábitos neste contexto são elementos estudados como intrínsecos ao homem e que assim sendo, pertencem tanto á matéria quanto ao espírito. Serão descobertos e utilizados na medida em que houver disposições para determinada atividade.

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isso surgem as inquietações sobre determinadas situações decorrentes do crescimento e desenvolvimento social, as instituições dirigentes da sociedade de alguma forma tiveram que pensar em modos que unissem os homens, independente de suas diferenças. Veremos essa atuação da Igreja nas instituições de ensino.

Os mosteiros e a Igreja necessitaram conviver com as diferenças de costumes, de etnias. Para que os ensinamentos bíblicos fossem ouvidos pelo povo, os homens da Igreja precisaram se aproximar dele. Precisara dizer aquilo que o povo entendia e aceitava ouvir. Nesse sentido, quanto maior a aproximação, maior a conversão, a aceitação do cristianismo. Esse aspecto de aproximação e aceitação das diferenças foi um elemento fundamental no processo de construção do pensamento Escolástico/filosofia cristã. (OLIVEIRA, 2005, p. 19).

Para que tal força de mudança fosse possível, ou seja, para que os homens passassem a conviver uns com os outros respeitando suas diferenças, e aprendessem a lidar com o sofrimento que envolvia toda a reconstrução de um espaço público, que eram as cidades, era necessário que cada indivíduo desenvolvesse um sentimento de pertença a este espaço, ao mesmo tempo dar valor as questões que envolviam as relações conseqüentes deste meio.

Para tal, concordamos com o que Guizot entende por civilização e acreditamos que houve um desenvolvimento e crescimento no âmbito material e espiritual, neste processo de renovação de pensamento, tanto do ensino, quanto na forma de se aproximar, da Igreja foi condição para a sociedade se desenvolver como um todo.

“Dois fatos estão, então, compreendidos neste grande fato; ele subsiste em duas condições, e se revela em dois sintomas: o desenvolvimento da atividade social e o da atividade individual, o progresso da sociedade e o progresso da humanidade. Em toda parte onde a condição exterior do homem se desenvolve, se vivifica, se aperfeiçoa, em toda parte onde a natureza do homem se manifesta com brilho, com grandeza, nesses dois sinais, e freqüentemente malgrado a profunda imperfeição do estado social, o gênero humano aplaude e proclama a civilização.”(OLIVEIRA, 1997, p. 283).

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deixa-nos a realização de uma atividade de puro pensar sobre o processo que envolve as relações políticas e humanas. O autor francês nos orienta para uma visão sem julgamentos quanto à postura e atuação da Igreja no desenvolver da civilização durante a Idade Média.

O cristianismo era um exemplo de uma grande crise da civilização onde verificamos uma mudança no estado interior o homem. Ele teria regenerado o homem moral, intelectual. A Revolução Francesa por seu turno, teria mudado a condição exterior do homem: mudou e regenerou a sociedade.( OLIVEIRA, 1997, p. 284).

A Igreja teve grande valor no que diz respeito ao ensino. O autor considera que esta instituição começa com lutas que se iniciam no século V e foram fundamentais para as transformações que ocorreram desde então em todos os campos, religioso, pessoal, social e do conhecimento, da formação do pensamento, até ser possível a condição que se percebe no século XIII.

Assim cita oliveira, a Igreja proporcionou:

A ideia de aperfeiçoamento nas leis e costumes e um desenvolvimento da sociabilidade e do bem-estar. Designava também um sistema de valores e um processo histórico. Em conseqüência era compreendida como o princípio e a síntese do desenvolvimento social e do desenvolvimento moral da humanidade. (OLIVEIRA, 1997, p. 286).

A ideia de desenvolvimento, portanto, esta vinculada a possibilidade que se cria neste contexto de se discutir sobre todos os assuntos que digam respeito ao homem enquanto ser integral, sendo considerados corpo e alma, nesse sentido, se vê também a importância do pensamento direcionado a formação humana, ao pensamento e a dignidade compreendida enquanto força de vontade por uma série de mudanças.

O homem medieval se vê impulsionado a querer pensar e resolver seus problemas de maneira que seja para um bem maior, para a possibilidade de convivência com o outro, e isso é decorrente de um pensamento formado, no seio da Igreja e no meio do pensamento da Universidade.

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espírito- por dar aos homens a possibilidade de pensar abstratamente.( OLIVEIRA, 1997, p. 291).

A Igreja e o meio contribuem para a realização de um processo de mudança na vida social e vida de cada pessoa. É por conta dessa possibilidade de mudança que Tomás de Aquino escreve e estuda a respeito dos hábitos, que para o autor se adquirem mediante ao que envolve o ser humano. Podemos dizer que a inteligência e a disposição para mudança de comportamento e pensamento da sociedade só se tornou um fato, quando as instituições se colocaram a disposição de serem formadoras do ser humano.

Considerações finais

Assim, ao concluir esta ideia permeada no estudo da história da educação como fonte de desenvolvimento humano e social, podemos olhar para o conhecimento como estruturas de uma cultura, de uma espécie e como Tomás de Aquino acreditar no conhecimento como uma condição do ser humano. Portanto como pessoas em processo de formação para nos tornar professores e formadores de pensamentos e valores pensamos que:

[...] um homem é verdadeiro professor, que ensina a verdade e ilumina a mente, não porque infunda a luz da razão em outro, mas como que ajudando essa luz da razão para a perfeição do conhecimento, por meio daquilo que propõe exteriormente [...](TOMÁS DE AQUINO, De

magistro, art. 1, Respostas às objeções 9).

REFERÊNCIAS

TOMÁS DE AQUINO. Suma Teológica. São Paulo: Loyola, 2005. (I Sessão da II Parte- Questões 49- 54, v. IV)

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. IN: Brasileira: UNB, 1985.

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