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ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE GESSO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO JOÃO PESSOA-PB.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE GESSO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO JOÃO PESSOA-PB.

Samara Cíntia Alves Gama

João Pessoa- PB

2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA CENTRO DE TECNOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL

ANÁLISE DO GERENCIAMENTO DOS RESÍDUOS DE GESSO DA CONSTRUÇÃO CIVIL NO MUNICÍPIO DE JOÃO PESSOA-PB.

Dissertação submetida ao Programa de Pós- Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Federal da Paraíba, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre.

Samara Cíntia Alves Gama

Orientador: Dr. Joácio de Araújo Morais Júnior

João Pessoa- PB

2015

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(4)

(5)

Àquele que é digno de toda glória e louvor, o Criador de todas as coisas, Jesus Cristo.

Dedico.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente e acima de tudo, agradeço a Deus por todas as bênçãos concedidas, por tudo que tenho e sou, pois tudo provém Dele.

À minha família, pai, mãe e irmão, por todo o apoio, amor e carinho em todos os momentos da minha vida.

Ao meu amado noivo, Jefter Barbosa Rodrigues, por toda ajuda que me deu em todas as etapas deste trabalho, sem você eu não faria a metade do que fiz. Obrigada por todo amor, atenção e dedicação. Eu te amo.

Ao professor Joácio de Morais Araújo Júnior, agradeço-lhe pela orientação que me foi dada, por todo apoio e compreensão em muitos momentos difíceis, pelo incentivo e por todos os ensinamentos ao longo destes dois anos. Muito obrigada por tudo!

À professora Cláudia Coutinho Nóbrega, obrigada por todo ensinamento durante a disciplina “Gestão de Resíduos Sólidos” que foi muito importante para o desenvolvimento da pesquisa, obrigada por ter aceitado participar da minha banca de mestrado e por toda a sua paciência. A senhora é dez!

A todos os professores do PPGCAM, em especial àqueles com os quais tive maior contato durante as disciplinas. Professor Rênio, Cláudia Coutinho, Gilson Athayde, Pimentel, Elisângela e Carmem, obrigada por todos os ensinamentos e pelo conhecimento transmitido de forma tão excelente.

À minha querida amiga desde os tempos de graduação, Beatriz Cristina Barbalho de Melo, por todo o apoio e amizade ao longo desses oito anos de amizade e caminhada.

A todos os meus colegas de turma, em especial Robson Arruda dos Santos e Rômulo

Wilker Neri de Andrade pelo companheirismo, apoio e parceria durante esta importante

etapa das nossas vidas.

(7)

À Sára Pedrosa, secretária do PPGCAM, por toda ajuda e suporte dado a mim, por sua doçura, conversas descontraídas e por sempre tentar resolver os problemas de todos da melhor forma possível.

Ao CAPES pelo apoio financeiro dado por meio da concessão da bolsa que permitiu a

realização do trabalho.

(8)

VIII

RESUMO

Ao longo da cadeia produtiva do gesso é possível observar a geração de um grande volume de resíduos. Esses resíduos apresentam características químicas peculiares que exigem um tratamento especial para a destinação final. Todavia, estudos mostram que a facilidade de reversão da composição do gesso propicia a sua reciclagem para várias formas de reutilização, fazendo-se necessário apenas um gerenciamento eficiente do resíduo. Visto que a disposição irregular é algo notório no município de João Pessoa e traz inúmeros problemas à sociedade e ao poder público, o presente estudo buscou identificar a problemática existente no gerenciamento dos resíduos de gesso, sob a perspectiva das novas exigências trazidas pela Resolução 431/2011 do CONAMA, que reclassificou o gesso como material reciclável. A análise do processo de gerenciamento foi feita através de uma metodologia qualitativa com base em um estudo exploratório, onde foram feitas pesquisas bibliográficas, análise documental em órgãos públicos, observação de campo, visitas às empresas e órgãos responsáveis pelo gerenciamento do Resíduo da Construção Civil (RCC) e entrevistas não estruturadas. O presente estudo constatou que o gerenciamento dos resíduos de gesso no município de João Pessoa é inadequado em praticamente todas as etapas, atendo-se apenas ao preenchimento do Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil pelos geradores. O estudo apontou várias fragilidades dos órgãos públicos responsáveis pela gestão e fiscalização, especialmente no que se refere ao cumprimento da própria legislação municipal vigente e à fiscalização das atividades dos geradores e transportadores. Através das entrevistas, foi possível notar uma disposição por parte dos transportadores em evitar a deposição irregular dos resíduos de gesso, bem como o interesse dos órgãos públicos em discutir alternativas que busquem solucionar o problema no município. A disposição irregular dos resíduos de gesso em João Pessoa se dá, principalmente, devido à falha na fiscalização e à ausência de um local adequado para a destinação destes resíduos.

Embora a legislação ambiental obrigue a reciclagem dos resíduos de gesso, não há na

cidade uma usina que faça o tratamento deste material e promova a sua destinação

adequada. No entanto, através da pesquisa foi constatado que existe solução viável para

o reaproveitamento dos resíduos de gesso no município de João Pessoa, esta se dá

através da reutilização como matéria prima para a indústria cimenteira. No centro de

João pessoa está localizada uma das maiores fábricas de cimento do nordeste que utiliza

(9)

IX

cerca de 3.000 toneladas de gesso por mês para a produção do cimento. Este material pode ser substituído por resíduo de gesso da construção, desde que o mesmo não esteja contaminado a outros resíduos, dependendo apenas de um correto gerenciamento na etapa de triagem na obra.

Palavras-chave: gerenciamento, resíduos da construção civil, resíduos de gesso

ABSTRACT

Along the productive chain of gypsum is possible observe a big amount of waste. These

wastes have peculiar chemical characteristics that require a special handling for

disposal. However, studies show that the easy reversion of gypsum composition

provides it recycling to several destinations, being necessary only an eficient

management of the wastes, enabling its reuse. This study aim to indentify the problems

in the management of gypsum waste in the municipality of João Pessoa, since the

irregular disposal is commom bringing several problems to both society and

government, from the perspective of the new requirements brought by Resolution

431/2011 of CONAMA, that classified the gypsum waste as recyclable. The analysis of

the management process was made with a qualitative methodology based on an

explanatory study, which were carried out literature searches, document analysis in

government agencies, field observations, visits to companies and agencies responsible

for the management of construction waste and unstructured interviews. This study

found that the management of gypsum waste in municipality of João Pessoa is

inadequate in almost all the stages, complying with only the completing the form

regarding to Construction Waste Management Project by those responsible. This study

pointed out several failures from the government agencies responsible for manage and

inspection, especially with regard to complying of one’s current municipal legislation

and inspection of the activities of the generators and transporters. With the interviews,

was possible to note the interest by those transporters to avoid the irregular disposal of

gypsum waste, as well as the interest of the government agencies at discuss about

alternatives that solve it problem in the city. The irregular disposal of gypsum waste in

municipality of João Pessoa happen, mainly, because the inspection is insufficient and

(10)

X

lack suitable places to disposal these wastes. Although the environmental legislation requires the recycling of gypsum waste, there is not in the city any factory the make the processing of gypsum waste and finally provide its adequate disposal. However, this research found that there is practicable solution to the reuse of gypsum wastes in municipality of João Pessoa, it is possible through of the reuse as feedstock to manufacturing cement. In João Pessoa city is located one of the largest cement plants of Northeastern of Brazil that use approximately 3.000 tons of gypsum per month for cement production. It can be replaced for the construction gypsum waste, on condition that it is not contaminated with another kind of wastes, depending only of the adequate treatment at the screening stage when the wastes are generated by construction.

Keyword: management, construction waste, gypsum waste.

(11)

XI

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1- Uso do gesso ao longo do tempo...25

Figura 2- Formas encontradas da Gipsita...27

Figura 3- Tipos de gipsita encontradas no pólo gesseiro de Araripe...31

Figura 4- Localização do pólo gesseiro do Araripe e extração (lavra) de gipsita localizada em Araripina-PE...33

Figura 5- Utilização da pasta de gesso para revestimento de paredes e tetos na construção civil...38

Figura 6- Parede divisória e forro feito de gesso acartonado...39

Figura 7- Impacto na paisagem e por interrupção de tráfego de pedestres...45

Figura 8- Obstrução de córrego causada pela deposição irregular de RCC...45

Figura 9- Deposição irregular de RCC em áreas urbanas que podem causar a proliferação de vetores...45

Figura 10- Deposição irregular de RCC áreas urbanas que podem causar a proliferação de vetores...46

Figura 11- Triagem do RCC no canteiro de obra...58

Figura 12 a- Área de Transbordo e Triagem e Usina de beneficiamento de RCC de João Pessoa- PB...58

Figura 12 b- Ponto de Entrega de Pequenos Volumes no Rio de Janeiro...59

Figura 13- Adesivos indicadores de cada tipo de resíduo...59

Figura 14 a- Caminhão Poliguindaste apropriado para o transporte de caçambas de RCC...61

Figura 14b- Caminhão caçamba basculante...61

Figura 15- Agregado reciclado provenientes do RCC classe A...65

(12)

XII

Figura 16- Resíduo de gesso acartonado...69

Figura 17a- Utilização do gesso para revestimento em alvenaria...69

Figura 17b- placas de gesso utilizadas para forro...69

Figura 18- Resíduo de gesso de aplicação para revestimento em alvenarias...69

Figura 19- Resíduo de gesso não segregado no canteiro de obra...70

Figura 20- Armazenamento do resíduo de gesso...71

Figura 21- Métodos de segregação para os diferentes resíduos de gesso...71

Figura 22- Acondicionamento de RCC feito de forma irregular em um canteiro de obra na cidade de João Pessoa...81

Figura 23- Caminhão basculante e caminhão poliguindaste de caçambas estacionárias utilizados no transporte de RCC na cidade de João Pessoa...82

Figura 24- Vala de deposição de RCC no Aterro Sanitário Metropolitano...85

Figura 25- Chegada de caminhão poliguindaste trazendo pouca quantidade de RCC para depositar no Aterro Sanitário Metropolitano...85

Figura 26- Disposição irregular de RCC no bairro Quadramares...86

Figura 27- Deposição irregular de RCC no bairro Altiplano...87

Figura 28- Disposição irregular de RCC no bairro Portal do Sol. Fonte: Autor da Pesquisa...87

Figura 29- Disposição irregular de RCC no bairro Quadramares...88

Figura 30- Deposição irregular de RCC no bairro Quadramares...88

Figura 31- Deposição irregular de RCC no bairro Quadramares...88

Figura 32- Disposição irregular de RCC em logradouros na cidade de João Pessoa...89

Figura 33- Deposição irregular de resíduos de gesso no bairro do Altiplano...90

Figura 34- Deposição irregular de resíduos de gesso no bairro Quadramares...90

Figura 35- Disposição irregular no bairro do Valentina...90

(13)

XIII

Figura 36- Deposição irregular de resíduos de gesso no bairro de Mangabeira...91

Figura 37- Deposição irregular de gesso próximo a corpos d’água no bairro de Mangabeira...91

Figura 38 - Deposição irregular de resíduo de gesso no bairro dos Bancários...91

Figura 39- Fábrica de cimento da Cimpor localizada no centro de João Pessoa...93

Figura 40- Processo de reutilização dos resíduos de gesso na indústria cimenteira...94

Quadro 1- Formas de utilização do gesso mais utilizada na construção civil...36

Quadro 2- Principais impactos ambientais causados em cada etapa do processo de construção...44

Quadro 3- Principais instrumentos legais e normativos utilizados no estudo...49

Quadro 4- Classificação dos resíduos da construção civil...54

Quadro 5- Cores padronizadas para cada tipo de resíduo...60

Quadro 6- Tipo, classe e destinação final adequada para alguns tipos de RCC...62

Quadro 7- Resumo da metodologia da pesquisa...77

Quadro 8- Valores da demanda de gesso em real e estimativa da quantidade de resíduos gerada segundo os valores das notas fiscais emitidas na cidade de João Pessoa-PB...78

Gráfico 1- Porcentagem do uso do gesso no Brasil na forma calcinada...35

Gráfico 2- Consumo anual de gesso acartonado desde o início da sua utilização...39

Gráfico 3- Geração diária de RSU em 2013 comparado com 2012...41

Fluxograma 1- processo de produção da gipsita para a fabricação do gesso destinado à contrução civil, indústria cimenteira e agricultura...32

Fluxograma 2 - Etapas da fabricação do gesso...33

Fluxograma 3- Divisão das etapas da fabricação do gesso na mina e na usina...33

(14)

XIV

Fluxograma 4- Impactos ambientais na cadeia da construção civil...43

LISTA DE TABELAS Tabela 1- Composição química da gipsita...26

Tabela 2- Distribuição das minas de gipsita no Brasil...30

Tabela 3- Produção brasileira de gipsita no ano de 2013...30

Tabela 4- Contribuição dos estados na produção de gipsita no Brasil em 2015...31

Tabela 5- Exigências das propriedades químicas para o gesso utilizado na construção civil...37

Tabela 6- Exigências das propriedades físicas e mecânicas do gesso utilizado na construção civil...37

Tabela 7- Exigências das propriedades granulométricas e tempo de pega do gesso utilizado em construção civil...37

Tabela 8- Quantidade de resíduo da construção coletado por região no Brasil...42

(15)

XV

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABELPRE Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ATT Áreas de Transbordo e Triagem

ART Anotação de Responsabilidade Técninca CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente CTR Controle de Transporte de Resíduo DIFI Divisão de fiscalização

DIEP Divisão de Estudos e Pesquisas DIOP Diretoria de Operações

DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária EMLUR Autarquia Especial Municipal de Limpeza urbana FIEP Federação das Indústrias do Estado da Paraíba IAP Instituto Agronômico de Pernambuco

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística ICC Indústria da Construção Civil

LP Licença Prévia LI Licença de instalação LO Licença de Operação

PGRCC Projeto de Gerenciamento de Resíduos da Construção Civil PNRS Política Nacional dos Resíduos Sólidos

RCC Resíduo da Construção Civil

(16)

XVI

RSU Resíduos Sólidos Urbanos

SEMAM-JP Secretaria de Meio Ambiente de João Pessoa SINDUSGESSO Sindicato da Indústria do Gesso

UNICAMP Universidade de Campinas

USIBEN Usina de Beneficiamento de Resíduos da Construção Civil

USP Universidade de São Paulo

(17)

XVII

SUMÁRIO

RESUMO...VIII ABSTRACT...IX LISTA DE ILUSTRAÇÕES...XI LISTA DE TABELAS...XIV LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS...XV

1- INTRODUÇÃO... 20

1.2- OBJETIVOS...23

1.2.1- Objetivo Geral...23

1.2.2- Objetivos Específicos...23

1.3. JUSTIFICATIVA...24

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO...25

2- REVISÃO DA LITERATURA...26

2.1 Histórico...26

2.2 A matéria prima do gesso e seus empregos atuais...28

2.2.1- Gipsita...28

2.2.2- Os empregos da gipsita...29

2.2.2.1- Utilização na forma bruta...30

2.2.2.2- Utilização na forma beneficiada (calcinada)...30

2.3 As reservas de gipsita no Brasil...31

2.4 A produção do gesso de construção...34

2.5 O uso do gesso na construção civil...36

2.5.1- Uso do gesso como pasta para revestimento na construção civil...40

2.5.2- Uso do gesso acartonado na construção civil...40

2.6. Resíduos da construção civil...42

2.6.1- Geração de RCC e sua contribuição nos resíduos sólidos urbanos...43

2.6.2- Impactos ambientais dos resíduos da construção civil e a problemática nos centros urbanos...44

2.7 O gerenciamento dos resíduos da construção civil...48

2.7.1- Bases legais do gerenciamento dos resíduos da construção civil...50

2.7.2- Resolução 307/2002 do Conselho Nacional do Meio Ambiente...52

2.7.3- Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS)...53

2.7.4- Principais normas técnicas para a gestão dos RCC...54

(18)

XVIII

2.7.5- Classificação dos resíduos da construção civil de acordo com a Resolução

307/02 do CONAMA...55

2.7.6- A reclassificação do gesso na Resolução CONAMA 307/2002 dada pela Resolução 431/2011...56

2.7.7- Projeto de gerenciamento dos resíduos da construção civil...57

2.7.8- Etapas do gerenciamento dos resíduos da construção civil...59

2.7.9- Reciclagem dos resíduos da construção civil...65

2.8 A construção civil no município de João Pessoa...67

2.9 Os resíduos da construção civil e sua problemática...68

2.9.1- Perdas do gesso na construção civil...70

2.9.2- Gerenciamento dos resíduos de gesso da construção civil...72

2.9.3- Reaproveitamento e reciclagem dos resíduos de gesso...74

2.9.4- Reaproveitamento do resíduo de gesso na indústria cimenteira...75

2.9.5- Reaproveitamento do resíduo de gesso na agricultura...75

2.9.6- Reaproveitamento do resíduo de gesso como material de construção...76

3. METODOLOGIA...77

3.1. Procedimento de coleta de dados...78

4. RESULTADOS...78

4.1 Geração...80

4.2. Caracterização do gerenciamento dos resíduos da construção civil no município de João Pessoa...81

4.2.1- Triagem, acondicionamento dos RCC nos canteiros de obra...82

4.2.2- Triagem dos resíduos de gesso...83

4.2.3- Transporte dos RCC...84

4.2.4- Transporte e destinação final dos resíduos de gesso...84

4.2.5- Áreas de recebimento dos resíduos da construção civil no município de João Pessoa...86

4.3. Deposição irregular dos RCC no município de João Pessoa...88

4.3.1- Deposição irregular dos resíduos de gesso no município de João Pessoa...91

4.4. Alternativa para a destinação final dos resíduos de gesso no município de João Pessoa...94

5. CONCLUSÃO...96

(19)

XIX

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...98

ANEXO A...111

ANEXO B...117

(20)

20

1. INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o crescimento populacional e o avanço tecnológico desencadearam um aumento considerável no consumo de bens e serviços em diversos setores da produção. Este aumento está atrelado ao desenvolvimento industrial que, por sua vez, proporcionou a intensificação da exploração de matérias-primas gerando cada vez mais resíduos, especialmente aqueles que não se decompõe facilmente na natureza.

A visão ambiental contemporânea tem revelado uma enorme preocupação com os impactos ambientais causados pelos mais variados setores da atividade industrial. A intensa geração de resíduos sólidos tornou-se um grave problema urbano, apresentando um gerenciamento complexo e oneroso devido ao grande volume de massa produzida nas cidades.

O setor da construção civil é conhecido como um dos que mais cresce no país e ocupa lugar de destaque na economia. Desde 2005 os números do desenvolvimento da Indústria da Construção Civil (ICC) mostram a sua grande contribuição no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Todavia, é importante destacar que o setor é considerado como grande consumidor de recursos naturais- cerca de 15% a 50% dos recursos extraídos do planeta- e um grande gerador de resíduos que são produzidos, em sua maioria, através das perdas e do desperdício de materiais na própria obra (AGOPYAN, 1998; JOHN, 2000, 2003).

O constante desenvolvimento gerado pela ICC gera impactos nocivos ao meio ambiente, quer pela modificação do meio natural ou pela grande quantidade de resíduos gerados, que, sem o controle e gerenciamento adequado, causam danos desastrosos e muitas vezes irreparáveis ao meio ambiente (GUEDES, 2014).

No Brasil, o problema ocasionado pelos RCC em ambientes urbanos alcançou

índices preocupantes nos últimos anos. O segmento que mais contribuiu para a geração

desse resíduo foi o desperdício nas obras de construções por falta de gerenciamento

adequado (JOHN, 2000; NOVAIS; MOURÃO, 2008). Um gerenciamento correto é de

grande relevância para o meio ambiente e para saúde pública, pois quando esse tipo de

resíduo é manejado ou depositado de forma inadequada, pode gerar contaminação do

solo, da água e do ar. Segundo Bidone (2001), para cada 1t de lixo urbano recolhido, 2t

são recolhidas de RCC, indicando que a quantidade de entulho é, em massa, maior que a

quantidade de resíduo sólido doméstico. Sabe-se que o RCC é um resíduo gerado em

(21)

21

grande quantidade, necessitando de grandes áreas para a disposição final, o que resulta em uma rápida saturação na capacidade dos aterros. Esse problema gera outro ainda mais alarmante que é a disposição em áreas clandestinas e locais inapropriados, o que acarreta uma série de impactos graves ao meio ambiente e à população (JOHN, 2007).

No Brasil, a legislação que regulamenta o gerenciamento dos resíduos da construção civil são as Resoluções Nº 307/02 e Nº 431/11 do CONAMA. Por exigência da Resolução CONAMA Nº 307/02, os órgãos ambientais dos municípios têm por responsabilidade elaborar a política local de gerenciamento de resíduos da construção civil. Infelizmente, a maioria dos municípios brasileiros ainda não estabeleceu o seu Plano Integrado de Gerenciamento, e ainda tem muita dificuldade em gerenciar a correta destinação dos RCC, bem como estabelecer regras que promovam a reutilização e redução desses resíduos (FAGURY, 2007; ROTH, 2009). Na cidade de João Pessoa- PB, a lei N° 11.176/2007 que dispõe sobre os resíduos da construção só foi sancionada cinco anos depois e ainda tem suas dificuldades para atingir seus objetivos, principalmente devido à deficiência na fiscalização que favorece a disposição irregular.

Dentre os resíduos gerados na construção civil, o gesso é um dos mais complicados de se gerenciar e demanda um manejo especial em função do seu alto teor de contaminação (JOHN; CINCOTTO, 2003). É um material que gera muita quantidade de resíduo, além da sua baixa taxa de reutilização e reciclagem, fato que vai de encontro à nova legislação vigente e que contribui ainda mais para os impactos ambientais ocasionados por deposições irregulares. O gesso quando disposto em locais inadequados, como terrenos baldios, áreas de preservação e próximo a corpos d’água, pode contaminar o solo e o lençol freático. Um problema ainda maior é quando o resíduo do gesso é levado aos aterros sanitários, pois, quando o gesso entra em contato com a matéria orgânica, libera gás sulfídrico, que é altamente prejudicial à saúde humana (JOHN, 2007).

Desde a década de 1990 tem se estudado técnicas e alternativas que viabilizem a

reciclagem do gesso, apesar das dificuldades que existem devido à sua toxidade que

acaba tornando o custo da reciclagem mais oneroso (PINHEIRO, 2011). Atualmente,

estudos constatam que o resíduo de gesso é altamente reciclável, sendo o produto desse

processo muito semelhante (características físicas e mecânicas) ao gesso puro utilizado

na construção civil, podendo este ser facilmente substituído pelo gesso reciclado. O

gesso reciclado pode ser utilizado não apenas na construção civil, mas também de várias

(22)

22

outras formas, tais como: na indústria cimenteira (aglomerante no cimento), fabricação de pré-moldados de gesso, na agricultura para correção de toxidade do solo por alumínio, aditivos para a compostagem, forração para animais, secagem de lodo de esgotos, entre outras (RIBEIRO 2006; PINHEIRO, 2011).

Antes, a Resolução N° 307/2002 do CONAMA em seu artigo 3° classificava o gesso como sendo “Classe C”, ou seja, resíduos para os quais não foram desenvolvidas tecnologias viáveis que permitam sua reciclagem. Em 2009, a Associação Brasileira dos Fabricantes de Chapas para Drywall enviou um parecer ao Conselho Nacional do Meio Ambiente solicitando a mudança do artigo 3° da Resolução N° 307/2002 do CONAMA, após vários estudos e testes feitos em parceria com a Universidade de São Paulo, verificou-se que o gesso é um produto altamente reciclável e poderia ser reutilizado para diversas finalidades. Após estes estudos, em 2011 a Resolução N° 431/2011 do CONAMA deu uma nova redação ao texto da lei passando o gesso para a “Classe B”, que são os resíduos que devem ser reciclados para outras destinações. Desde então técnicas economicamente viáveis para a reciclagem do gesso estão sendo desenvolvidas (PINHEIRO, 2011).

A alteração na Resolução N° 307/2002 reclassifica o gesso para a classe materiais recicláveis, significando que o resíduo de gesso deve ser obrigatoriamente reciclado. A reciclagem de gesso é um mercado promissor, tendo em vista que o gesso utilizado na construção civil gera muito resíduo. Além da valorização comercial, a nova classificação favorece o processo de gerenciamento e diminui os impactos ambientais que são provocados quando o resíduo é disposto de forma inadequada.

Apesar da nova legislação já vigorar há 4 anos, este resíduo que apresenta alto potencial de desestabilização do meio ambiente, ainda não recebe o tratamento adequado e disposição correta. No Brasil, são poucas as empresas que fazem o trabalho de reciclagem de gesso da construção civil, uma delas é a OK Ambiental localizada no Paraná, que recebe mais de 4.000 toneladas de gesso por mês e 100% desse resíduo é reciclado e vendido como fertilizante para a agricultura.

Assim como na maioria das cidades brasileiras, o município de João Pessoa tem

dificuldades para gerenciar a grande quantidade de resíduos de gesso que atualmente

vem sendo gerada devido ao crescimento no ramo da construção civil na cidade. De

acordo com a legislação ambiental, o gesso não pode ser direcionado aos aterros

sanitários devido a seu potencial de contaminação e também não existe na cidade um

(23)

23

programa de reciclagem e reutilização desses resíduos. Devido a isto, o gesso muitas vezes é depositado em locais irregulares, geralmente em terrenos baldios ou em áreas de preservação. Infelizmente, este é um problema grave que o município de João Pessoa vem enfrentando e que necessita de alternativas e soluções que facilitem a correta destinação desse resíduo.

Frente aos problemas trazidos devido às disposições irregulares dos resíduos de gesso provenientes da construção civil, este trabalho visa analisar o gerenciamento desses resíduos identificando os principais problemas existentes no mesmo, bem como propor uma alternativa economicamente viável para a reutilização dos resíduos de gesso dentro da cidade de João Pessoa-PB.

1.2. OBJETIVOS

1.2.1- Objetivo Geral

No mercado da construção civil as empresas devem atender as exigências da atual legislação ambiental. Deste modo, esta pesquisa tem por objetivo analisar o gerenciamento dos resíduos de gesso provenientes da construção civil frente às mudanças ambientais que classifica o gesso como material reciclável, bem como propor uma alternativa economicamente viável para a reutilização destes resíduos dentro do município de João Pessoa-PB.

1.2.2- Objetivos Específicos

 Caracterizar e analisar todas as etapas do gerenciamento dos resíduos de gesso no município de João Pessoa;

 Observar os fatores que mais influenciam no gerenciamento dos resíduos de gesso e identificar quais as problemáticas que possam impedir um correto e eficaz gerenciamento;

 Propor uma medida ambientalmente correta e economicamente viável para a

destinação e reutilização destes resíduos no município de João Pessoa.

(24)

24

1.3. JUSTIFICATIVA

O uso do gesso tem crescido gradativamente nos últimos anos e, como conseqüência, a quantidade de resíduos também. O gerenciamento desse material residual precisa ser diferenciado devido à sua toxidade e seu alto potencial de contaminação do meio ambiente. Além dos danos ambientais, os transtornos causados por deposições irregulares podem sobrecarregar os serviços municipais de limpeza pública e também afetar a qualidade de vida nas áreas urbanas. Hoje, os resíduos de gesso apresentam um gerenciamento falho em sua maioria. Devido a esta realidade, faz- se necessário disciplinar o gerenciamento dos resíduos de gesso através de soluções tecnicamente corretas, bem como uma maior conscientização e fiscalização por parte dos órgãos responsáveis para que se faça cumprir a legislação e o gesso receba o tratamento e destinação de forma correta.

Devido às conseqüências que um mau gerenciamento dos resíduos de gesso

pode trazer para o meio ambiente e saúde pública, analisar as etapas do gerenciamento

dos resíduos de gesso com a finalidade de identificar os erros e contribuir para a gestão

correta destes resíduos determinam a relevância principal desse trabalho. A partir dos

resultados obtidos, propor medidas que melhorem e incentivem um gerenciamento

eficiente, bem como encontrar uma maneira para que esses resíduos possam ser

reaproveitados de forma economicamente viável para o município de João Pessoa. No

que diz respeito ao conhecimento científico, a futura pesquisa ampliará o conhecimento

a respeito de novas estratégias de gerenciamento dos resíduos de gesso e servirá

também como base para outros trabalhos que busquem informações sobre o tema.

(25)

25

1.4. ESTRUTURA DO TRABALHO

A pesquisa foi organizada em cinco capítulos. No primeiro capítulo é apresentada a introdução, os objetivos, a justificativa e relevância do trabalho e a estrutura do mesmo. No segundo capítulo é apresentada a revisão da literatura sobre o tema em questão, abordando conceitos, classificações, normas e leis relacionadas ao gerenciamento dos resíduos da construção civil, com ênfase nos resíduos de gesso.

Também são abordados as formas de utilização deste material e os impactos ambientais trazidos pelo gerenciamento incorreto de seus resíduos.

O terceiro capítulo apresenta a metodologia aplicada na pesquisa, detalhando todo

o procedimento de coleta de dados necessário para a caracterização do gerenciamento

dos resíduos de gesso. O quarto capítulo mostra os resultados obtidos no estudo

exploratório abordando todas as etapas do gerenciamento dos resíduos de gesso no

município de João Pessoa, da coleta do resíduo a sua destinação final, indicando todos

os problemas encontrados em cada uma delas. No quinto capítulo encontra-se a

conclusão da pesquisa e recomendações finais.

(26)

26

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Histórico

O gesso é um dos mais antigos materiais de construção fabricados e utilizados pelo homem, estudos datam mais de 9.000 anos da sua utilização por diversas civilizações. Evidências mostram que os romanos utilizavam a gipsita no acabamento de suas construções, assim como os egípcios para argamassa na construção de pirâmides e revestimento interno, há cerca de 3.000 anos a.C. (THOMPSON, 1956; BOLOGNA, 1976).

Descobertas arqueológicas em ruínas na Síria e na Turquia revelaram que o uso do gesso data mais de 8.000 anos a.C. A generalização do uso da gipsita veio na Península Ibérica durante o período de ocupação romana, onde era utilizado para a decoração de igrejas e capelas (DOMINGUEZ; SANTOS, 2001; SYNDICAT NATIONAL DES INDUSTRIES DU PLATRE, 2002). Durante o Renascimento (século XIII) e o Barroco (século XVIII), foi utilizado como elemento decorativo em toda a Europa. No século XIX, o gesso também foi utilizado na decoração e foi incorporado na arquitetura civil como reboco. Gradativamente, o uso do gesso foi se generalizando na Europa, tendo a França como maior pólo disseminador e também como fonte da matéria prima (PERES et al., 2001; CINCOTTO et al., 1988).

Desde a antiguidade, o sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO

4

.2H

2

O) tem sido utilizado por gregos e romanos como fertilizante na agricultura (fonte de cálcio e enxofre para plantas cultivadas), e ainda vem sendo utilizado desta forma até hoje. Na Europa do século XVIII, o gesso já era utilizado na agricultura como corretivo para o solo, onde atuava na modificação química do mesmo, o que melhorava a colheita (SYNDICAT NATIONAL DES INDUSTRIES DU PLATRE, 2002).

O primeiro registro da utilização do gesso como um condicionador de solos foi

em 1798, quando, em um experimento feito na Suíça, foram observados benefícios no

crescimento do trevo. Nos Estados Unidos o gesso foi aplicado em um campo nativo

por Bejamin Franklin que foi transformado em um gramado verde e intenso. O produto

ficou conhecido como “Gesso agrícola Ben Franklin” e é utilizado até hoje no mercado

(BORKERT et al., 1987; JONES, 1979). Os primeiros estudos científicos com o gesso

que se tem registro foram feitos no início do século XVIII (1798) com Lavoisier, que

(27)

27

apresentou um estudo sobre os fenômenos relacionados à preparação do gesso. Em seguida, Vant’Hoff, em 1887, que mostrou a ciência da desidratação e hidratação da gipsita para formar o gesso (GOURDIN; KINGERY, 1975; PERES et al., 2001).

Apesar da utilização da gipsita pelos antigos, o gesso não poderia ser aproveitado em grande escala e de forma diversificada por falta de tecnologias que facilitassem a produção. Com o desenvolvimento industrial no século XX, novas tecnologias foram atribuídas à produção do gesso, e, a partir daí, os equipamentos para a sua fabricação deixaram de ter uma estrutura incipiente e passaram a incorporar maiores tecnologias que proporcionaram novas aplicações e a produção de materiais de maior desempenho e qualidade (CINTOCCO, et al., 1988).

No século XXI o gesso é tido como um material com grande potencial de utilização devido ao seu baixo consumo energético e custo de produção, diferentes formas de aplicação e versatilidade. É utilizado não apenas na construção civil, mas também na indústria de cerâmicos, cimento, agricultura, odontologia, ortopedia, etc. O gesso é um material versátil, de baixo custo, resistente ao fogo, estável e de peso leve.

Devido a tais características, o gesso se tornou um dos elementos mais utilizados principalmente na construção, sua aplicabilidade abrange o uso para revestimento de paredes e tetos, placas de gesso, blocos divisórios entre outros (JOHN; CINCOTTO, 2003; SEVERO, 2011).

Figura 1- Uso do gesso ao longo do tempo.

Fonte: Adaptado de Gourdin e Kingery (1975).

Período Ocorrência

7.000aC a 2.800 aC

Argamassa, afrescos, moldes e modelagens

300 aC a 222 aC Extração de gipsita e início do seu uso na Europa ocidental

Sec. V a XVII Disseminação do uso na Europa Sec. XVIII a XIX Estudos científicos

Sec. XX Agregação de tecnologia e uso mundial

(28)

28

2.2. A matéria prima do gesso e seus empregos atuais.

2.2.1- Gipsita

A gipsita, sulfato de cálcio di-hidratado (CaSO

4

.2H

2

O), é um mineral que ocorre em diversas regiões do mundo. É bastante solúvel e de cores que variam de acordo com as impurezas contidas nos cristais; incolor, branca, cinza e marrom. A gipsita é um mineral pouco resistente que se desidrata sob temperatura de calcinação 160°C originando um material semi-hidratado (CaSO

4

.

1/2

H

2

O), comumente conhecido como gesso. Os termos gipsita, gipso e gesso são comumente utilizados como sinônimos, contudo, a denominação gipsita é mais adequada ao mineral em seu estado natural, enquanto que a denominação “gesso” é o termo mais apropriado para ser usado ao produto calcinado (BALTAR, 2005, CINCOTTO, et al., 1998; JOHN, 2000).

A composição química da gipsita (tabela 1) consiste em: 32,5% de CaO, 46,6%

de SO

3

e 20,9% de H

2

O (ANGELERI et al., 1982; BALTAR et al., 2005). O minério de gipsita ou rocha gipsífera é constituído também de outros minerais sempre em menor quantidade, são eles a anidrita, dolomita, calcita, halita, enxofre quartzo e argilas. Em geral, a produção do gesso é obtida a partir de minério com 80 a 95% de pureza (BALTAR, 2005; CINCOTTO, et al., 1998). Na figura 2, pode-se observar as três formas de gipsita: as que ocorrem como cristais monoclínicos prismáticos ou tabulares (Selenitas); as que ocorrem como fibras longas paralelas aglomeradas (gipsita fibrosa);

e as que têm forma maciça e granulação fina (alabastro), esta ultima é a mais importante economicamente, e também a mais freqüente (BALTAR, 2005; PINHEIRO, 2011).

Tabela 1- Composição química da gipsita.

Composto químico Composição em %

CaO 32,5 SO3 46,6 H2O 20,9

Fonte: Adaptado de Baltar (2005).

(29)

29

Figura 2- Formas encontradas da Gipsita. 2a: Selenita; 2b: fibrosa; 2c: alabastro.

Fonte: Núcleo de Geotecnia da Universidade Federal de Juíz de Fora.

À gipsita é atribuída uma característica peculiar: a facilidade de desidratação e re- hidratação, esta é uma das principais características que a torna economicamente importante. O processo de produção do gesso consiste na desidratação térmica da gipsita, moagem do produto e a seleção granulométrica de acordo com a sua posterior utilização. A gipsita é um sulfato de cálcio que apresenta duas moléculas de água de cristalização e que pode perder de 1/5 a 2 destas moléculas se submetida a temperaturas específicas. O gesso é produzido a partir da calcinação da gipsita. É um aglomerante aéreo (apresenta baixa resistência quando exposto à ação prolongada da água), e também um material não combustível muito resistente ao fogo (CINCOTTO, et al., 1998; JOHN; CINCCOTO, 2000; BALTAR, 2005).

No processo de calcinação, a gipsita é submetida a temperaturas entre 150 e 200°C em fornos industriais, sob pressão atmosférica. O produto final deste processo é o gesso de construção, sulfato de cálcio hemi-hidratado (CaSO

4

.1/2H

2

O), esse composto quando misturado com água, pode ser moldado antes de endurecer e adquirir consistência mecânica estável podendo ser utilizado de diversas formas (JOHN, 2003, 2007).

2.2.2- Os empregos da gipsita

Devido à suas características peculiares, a gipsita apresenta várias formas de

aplicações tanto da forma bruta quanto da calcinada. A forma bruta é amplamente

utilizada na indústria cimenteira e agrícola, já a beneficiada é utilizada

predominantemente na construção civil. A utilização comercial do hemidrato

(30)

30

(CaSO

4

.1/2H

2

O) é dividida em dois campos: o gesso da construção civil e o gesso industrial.

2.2.2.1- Utilização na forma bruta:

a) Indústria cimenteira: utilizada na fabricação do cimento portland, a gipsita é indispensável na produção do cimento, serve para retardar o tempo de pega do mesmo.

O gesso é adicionado ao clínquer durante o processo de moagem na proporção de 5%.

b) Agricultura: o gesso agrícola é a gipsita moída; pode atuar na dessalinização de solos, condicionador de solos tornando-os mais permeáveis e aerados, corretivo para solos ácidos, fonte de cálcio e enxofre e fertilizante (LEITE, et al. 2007; VELHO, GOMES e ROMARIZ, 1998).

2.2.2.2- Utilização na forma beneficiada (calcinada):

a) Construção civil:

Para este mercado é utilizado o gesso do tipo beta, produzido do minério de gipsita com pureza acima de 75%. O gesso β é obtido através da calcinação sob pressão atmosférica. Em geral, o processo de produção do gesso-beta é mais rápido (cerca de 40 minutos), proporcionando uma liberação mais rápida da água de cristalização. Devido o processo de retirada da água de cristalização ser rápido, seus cristais ficam com a morfologia irregular. O gesso beta é amplamente utilizado na construção civil.

No mercado da construção civil existem dois tipos de gesso: Gesso para fundição e o gesso para revestimento. O gesso β pode ser do tipo A ou B, o do tipo A é formado basicamente por hemidrato (CaSO

4

.1/2H

2

O), esse constitui o gesso para fundição e é usado para a confecção de pré-moldados como: placas, blocos, divisórias, placas para rebaixamento de teto, etc. O gesso β tipo B é constituído de hemidrato e anidrita insolúvel (CaSO

4

), esse é o gesso para revestimento e é usado para revestir paredes e tetos, substituindo rebocos e massas para acabamento.

b) Gesso industrial:

O gesso industrial é um produto de maior pureza e pode ser obtido a partir do

gesso  ou β, dependendo da aplicação. O diferencial do gesso  é o seu processo de

(31)

31

calcinação que é realizada em um equipamento fechado sob pressão maior que a atmosférica (autoclave), esse processo proporciona uma liberação mais lenta da água de cristalização, proporcionando um produto mais homogêneo. Com o produto mais homogêneo, após a mistura com água, obtém-se um produto com maior resistência mecânica. Diferente do gesso beta, o gesso alfa é produzido em um processo bem mais lento (cerca de 5 horas), isto proporciona uma demora na retirada da água de cristalização produzindo cristais de morfologia uniforme. O gesso alfa apresenta uma menor demanda de água para formação da pasta, resultando em produtos de melhor qualidade. O que vai classificar o gesso como sendo alfa ou beta é o seu processo de calcinação. Se a gipsita for desidratada em fornos de sob pressão atmosférica, produz-se o gesso beta, se for desidratada em fornos do tipo autoclave, produz-se o gesso alfa. O preço do gesso alfa é cerca de seis vezes maior que o gesso beta. O gesso industrial é do tipo e é utilizado na produção de moldes, decoração, porcelanas, cerâmica sanitária, indústria de vidro; na produção de papel, plásticos, adesivos, tintas alimentos; indústria farmacêutica, ortopédica, odontológica, entre outras.

2.3. As reservas de gipsita no Brasil

No Brasil, as reservas de gipsita estão localizadas nas Bacias sedimentares do Tocantins, Amazonas, Parnaíba, Potiguar, Araripe e Recôncavo (Tabela 2). Dessas, destacam-se por volume e qualidade da gipsita as reservas de Pernambuco, Pará e Bahia, todavia, do ponto de vista econômico, as principais reservas se localizam na Bacia Sedimentar do Araripe, região nos limites dos estados do Pernambuco, Ceará e Piauí (ARAÚJO, 2004; DPMN, 2009).

A mineração da gipsita no Brasil teve início na década de 1960. Até hoje, muitas

jazidas aproveitam este recurso em escala pequena atendendo geralmente a demanda

local. A jazida de Camamu, localizada na Bahia, por exemplo, embora se localize mais

próxima da região sudeste que é o principal centro comercial, apresenta vários

obstáculos que dificultam a mineração, um deles é a grande espessura do capeamento,

impossibilitando a produção em larga escala (ARAÚJO, 2004). A Tabela 2 mostra a

distribuição das minas de gipsita ativas no Brasil.

(32)

32

Tabela 2- Distribuição das minas de gipsita no Brasil.

Distribuição das minas no Brasil

Estado Número de Minas Minas ativas PE 55 37

AM 1 1 MA 11 3 PI 2 0 CE 4 2 TO 2 2 Fonte: Adaptado de DNPM (2009).

No Brasil, o principal estado produtor de gipsita é Pernambuco. Neste cenário, destaca-se o pólo gesseiro do Araripe, que abrange os municípios de Araripina, Trindade, Ipubi, Bodocó e Ouricuri. Em 2013 a produção brasileira de gipsita (Tabela 3) bruta foi de 3.332.991t, o estado de Pernambuco foi responsável por 87,6% do total de gipsita produzida no país, os demais estados produtores foram responsáveis por 12,4%

da produção nacional (DNPM, 2014). Em 2015, os estados produtores de gesso (Tabela 4) foram: Pernambuco (Araripina, Trindade, Ouricuri, Ipubi e Bodocó) com 97% da produção; Maranhão (Grajaú, Codó e Balsas) 1,5%; Ceará (Nova Olinda) 0,8% e Tocantins (Filadélfia) com 0,7% (Sindusgesso, 2015).

Tabela 3- Produção brasileira de gipsita no ano de 2013.

Produção brasileira de gipsita (2013)

Estado Produção (%) Produção (t) Pernambuco 87,6 2.919.700,12 Maranhão 9,1 303.302,181

Ceará 2,5 83.324,775 Amazonas 0,6 19.997,946 Pará 0,2 6.665,982

Fonte: Adaptado de DPMN (2014).

(33)

33

Tabela 4- Contribuição dos estados na produção de gipsita no Brasil em 2014.

Produção de gipsita no Brasil (%) Pernambuco 97 Maranhão 1,5 Ceará 0,8 Tocantins 0,7 Fonte: Adaptado de DNPM (2014).

O Pólo gesseiro do Araripe se destaca devido às condições favoráveis de mineração e qualidade industrial das suas jazidas, sendo produtor de 97% da gipsita consumida no país. A gipsita encontrada nesta área é considerada a de melhor qualidade do mundo; o minério apresenta elevada quantidade de sulfato e impurezas praticamente desprezíveis (2 a 5%). A localização, elevada pureza da gipsita (em torno de 95%) e a geomorfologia da jazida tornam o pólo o melhor e maior produtor de gesso do Brasil (ARAÚJO, 2004; IAP, 2014). A sua geologia também permite que o minério seja extraído a céu aberto (BALTAR et al., 2005). Nas jazidas do Araripe existem cinco variedades de gipsita, cada uma apresenta destinações econômicas distintas, dependendo do produto que se deseja obter: alabastro (Figura 3a), pedra Johnson (Figura 3b), rapadura (Figura 3c), estrelinha (Figura 3d) e selenita (Figura 3e) (SOBRINHO et al., 2001; ARAÚJO, 2004; BALTAR, et al., 2004).

Figura 3- Tipos de gipsita encontradas no pólo gesseiro de Araripe.

Fonte: Figuras 3a, 3b e 3c Pinheiro (2011); Figura 3d Baltar (2004)

.

(34)

34

2.4 A produção do gesso de construção

O gesso de construção civil é um material produzido através do processo de calcinação do sulfato de cálcio di-hidratado (gipsita bruta), em fornos industriais, sob pressão atmosférica e temperatura entre 160 a 200°C. A calcinação da gipsita produzirá o sulfato de cálcio hemi-hidratado (CaSO

4

. 0,5H

2

O), gesso utilizado na construção civil, e outros compostos como anidritas (CaSO

4

). O método de extração é o de lavra a céu aberto (Figura 4) com utilização de explosivos e equipamentos convencionais para a retirada do minério. O processo de lavra consiste nas etapas de limpeza do terreno, perfuração, desmonte utilizando explosivos, fragmentação e transporte da gipsita (BALTAR, 2005). O fluxograma 1 mostra o processo de fabricação da gipsita posteriormente utilizada na fabricação do cimento, na agricultura e na construção civil.

Fluxograma 1- processo de produção da gipsita para a fabricação do gesso destinado à

contrução civil, indústria cimenteira e agricultura.

(35)

35

Figura 4- Localização do pólo gesseiro do Araripe e extração (lavra) de gipsita localizada em

Araripina-PE.

Fonte: SINDUSGESSO- PE (2013).

O processo para a produção do gesso beta (amplamente utilizado na construção civil) consiste nas etapas de extração, catação manual, britagem, moagem, peneiramento e calcinação (fluxograma 2). O produto resultante da britagem deve apresentar granulometria uniforme para possibilitar a desidratação regular das partículas de gipsita (BALTAR, et al., 2005).

Fluxograma 2 - Etapas da fabricação do gesso.

A fabricação do gesso envolve duas etapas: as atividades executadas nas minas e as atividades executadas na usina (Fluxograma 3). As atividades executadas na mina são: extração, catação, redução do tamanho dos blocos e britagem; já as atividades executadas na usina são: rebritagem, moagem, peneiramento, secagem, calcinação, ensilamento e acondicionamento (JOHN; CINCOTTO, 2007).

Fluxograma 3- Divisão das etapas da fabricação do gesso na mina e na usina.

(36)

36

Os blocos de gipsita são extraídos da jazida e fragmentados a um tamanho de 45 a 50 cm, para serem transportados ao setor de britagem primária que, geralmente, fica localizado perto da mina. Neste local, os blocos de gipsita fragmentados passam pelo primeiro processo de britagem (britagem primária) a fim de reduzir o seu diâmetro.

Após a primeira britagem, a gipsita é transportada para a usina onde será submetida a uma nova britagem (britagem secundária) a fim de reduzir seu diâmetro para 100 mm, isso tornará possível o transporte do material em esteiras até o setor de moagem.

Na moagem, a gipsita será reduzida a um diâmetro de 25 mm, essa granulometria tornará possível o processo de calcinação. Em seguida, o material é submetido ao peneiramento para que se tenha a granulação máxima para a calcinação. Após o peneiramento, o produto pode ainda apresentar umidade em torno de 10%, então, o mesmo é submetido ao processo de secagem. Todos estes processos participam da etapa de preparação da gipsita para a calcinação.

A calcinação é a mais importante etapa no processo de fabricação do gesso e exige condições específicas para cada tipo de produto desejado. No processo ocorre a desidratação do produto em fornos a 160°C sob pressão atmosférica ou em fornos do tipo autoclaves, isso vai depender da destinação comercial que será dada ao produto.

Após a calcinação, o gesso é armazenado em silos para que haja a estabilização dos seus elementos. O ensilamento torna o material mais homogênio e aumenta a qualidade do gesso. Na etapa de acondicionamento o gesso é seguido para as ensacadeiras onde será ensacado em sacos específicos que protegem o gesso da umidade. O ensacamento é feito, dependendo do produto, em sacos de 40 kg ou em big bags de 1.400 kg já prontos para a comercialização.

2.5. O uso do gesso na construção civil

O uso do gesso apresenta uma vasta amplitude no mercado, principalmente como

material de construção, isso porque o gesso é um material versátil e apresenta

características como a facilidade de hidratação e re-hidratação. A gipsita perde água

durante o processo de calcinação, tranformando-se em sulfato de cálcio hemidratado

(CaSo

4

. 0,5 H

2

O), popularmente conhecido como gesso. Esse material quando em

contato com água pode ser trabalhado antes de adquirir a consistência mecânica dura e

estável. O gesso apresenta características peculiares que faz com que seja um material

de vasta utilização em diversos mercados e principalmente no da construção civil.

(37)

37

Antunes (1999) afirma que, pelo fato do gesso apresentar rápido endurecimento e ausência de retração por secagem, é possível aumentar a velocidade da execução, aumentando assim a produtividade do serviço. Apesar das vantagens, o gesso também apresenta uma desvantagem que pode limitar seu uso: é um aglomerante aéreo com baixa resistência à água, isso restringe sua aplicação apenas a ambientes secos. Quando exposto também à ambientes com umidade alta e baixa ventilação, pode ocasionar crescimento de fungos como os bolores (ANTUNES, 1999; PINHEIRO, 2011).

Das formas de utilização na construção civil se destacam: argamassa para revestimento, placas, blocos, divisórias de gesso acartonado e decoração como sancas de gesso. Cerca de 95% do gesso produzido no Brasil é oriundo do estado de Pernambuco. Como mostra o gráfico 1, deste percentual, 61% são destinados à fabricação de blocos e placas de gesso acartonado, 35% para revestimento, 3% para moldes cerâmicos e 1% para outros usos, sendo assim, 96% do gesso produzido no Brasil é destinado à indústria da construção civil (SINDUSGESSO, 2014). Segundo o DNPM (2013), em 2013, o Brasil consumiu 3,5 milhões de toneladas de gipsita no setor da construção civil.

Gráfico 1- Porcentagem do uso do gesso no Brasil na forma calcinada.

Fonte: Adaptado de SINDUSGESSO (2014).

Como mostram os dados do Sindusgesso, o gesso aplicado na construção civil é amplamente utilizado na forma de argamassa para revestimento. No entanto, a produção

0%

10%

20%

30%

40%

50%

60%

70%

Gesso acartonado

Gesso para revestimento

Moldes cerâmicos

Outros

Utilização do gesso

(38)

38

de divisórias de gesso acartonado, placas e blocos são onde o gesso tem maior utilidade neste setor. A utilização do gesso em forma de pasta é, tradicionalmente, aplicada no revestimento interno das edificações. Segundo John e Cincotto (2007), no Brasil, a aplicação do gesso está mais voltada para o revestimento de alvenaria, fabricação de blocos, painéis para forro e divisórias. A descrição e a utilização desses materiais são mostradas no quadro 1.

Quadro 1- Formas de utilização do gesso mais utilizada na construção civil.

Tipo de material Utilização Constituição

Gesso acartonado Divisórias em geral Duas lâminas de papel cartão envolvidas por gesso.

Gesso em pasta Aplicação de revestimentos Gesso em pó misturado com água.

Placas de gesso Forros e rebaixamento de teto

Mistura de gesso e água com possíveis aditivos (fibras e pigmentos).

Blocos de gesso Vedação vertical, paredes e divisórias internas.

Mistura de gesso e água podendo conter aditivos.

Fonte: Adaptado de PERES et al. (2001).

No Brasil, a utilização do gesso na construção civil é regulada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), através das NBR 13.207 com as diretrizes do gesso para revestimento e NBR 12.127; NBR 12.128, NBR 12.129 e NBR 12130 com as demais diretrizes. A NBR 13.207 define o gesso como: “Material moído em forma de pó, obtido da calcinação da gipsita, constituindo predominantemente de sulfato de cálcio, podendo conter aditivos controladores de tempo de pega” (ABNT, 1994). As demais normas que regulam a utilização do gesso na construção civil estão descritas a seguir:

- NBR 12.127: Gesso para a construção – Determinação das propriedades físicas do pó- Método de ensaio.

- NBR 12.128: Gesso para a construção- Determinação das propriedades físicas da pasta- Métodos de ensaio.

- NBR 12.129: Gesso para construção- Determinação das propriedades físicas da pasta-

Métodos de ensaio.

(39)

39

- NBR 12130: Gesso para a construção- Determinação de água livre e de cristalização e teores de óxido de cálcio e anidro sulfúrico- Método de ensaio.

As exigências das propriedades químicas, físicas, mecânicas e glanulométricas do gesso para ser utilizado na construção civil são mostradas nas tabelas 5, 6 e 7.

Tabela 5- Exigências das propriedades químicas para o gesso utilizado na construção civil.

Componentes Limite permitido (%)

Água livre 1,3 (Max)

Água de cristalização 4,2-6,2

Óxido de cálcio (CaO) 39,0 (mín)

Anidrido sulfúrico (SO

3

) 53,0 (mín)

Fonte: NBR- 13.207 (ABNT, 1994).

Tabela 6- Exigências das propriedades físicas e mecânicas do gesso na construção civil.

Variáveis Limite Norma

Dureza (MN/m²) > 30 NBR-12129

Resistência à compressão (MPa) > 8,40 NBR 12129

Massa unitária (Kg/m²) > 700 NBR 12127

Fonte: NBR- 13.207 (ABNT, 1994).

Tabela 7- Exigências das propriedades granulométricas e tempo de pega do gesso utilizado em construção civil.

Classificação Tempo de pega NBR 12129 Módulo de finura (NBR 12127) Gesso fino (revestimento)

Gesso grosso (revestimento) Gesso fino (fundição) Gesso grosso (fundição)

Início (min) Fim (min)

< 1,10 > 1,10 < 1,10 > 1,10 > 10

> 10 4-10 4-10

> 45 > 45 20-45 20-45

Fonte: NBR- 13.207 (ABNT, 1994).

(40)

40

2.5.1- Uso do gesso como pasta para revestimento na construção civil

Este composto gera um rápido endurecimento e um material que adere muito bem ao concreto ou alvenaria. O gesso em pasta é uma das formas mais utilizadas na construção civil, sendo o gesso aplicado como revestimento interno de paredes e tetos de ambientes secos (Figura 5) (DIAS; CINCOTTO, 1995; JOHN; CONCOTTO, 2007).

O gesso de revestimento é um material de mistura fácil que utiliza apenas água e gesso em pó. A pasta de gesso promove excelente aderência em diversos tipos de materiais, tais como: alvenaria, concreto e blocos cerâmicos. O revestimento de paredes e tetos promove uma superfície mais plana e regular, além disso, o gesso proporciona baixo custo e maior produtividade no serviço, pois a velocidade do seu endurecimento diminui o tempo de aplicação (ANTUNES, 1999; BERNHOEFT; GUSMÃO;

TAVARES, 2011; GUSMÃO, 2008; SOBRINHO, 2009). Todas estas características em conjunto tornam o uso do gesso para revestimento algo estratégico e cada vez maior na construção civil. No entanto, deve-se ressaltar que o uso da pasta de gesso pode gerar grande quantidade de resíduo se a mão-de-obra não for qualificada.

Figura 5- Utilização da pasta de gesso para revestimento de paredes e tetos na construção civil.

Fonte: Associação Brasileira do Drywall (2012); Santos (2011).

2.5.2- Uso do gesso acartonado na construção civil

O uso do gesso acartonado iniciou no Brasil em meados dos anos 1990 e o

mercado brasileiro da construção civil respondeu positivamente a esta iniciativa devido

a sua inovação tecnológica, às facilidades da sua instalação e redução de custos

(DRYWALL, 2014). O gesso acartonado é usado como divisórias, forros e

(41)

41

revestimentos de diversos tipos. Consiste em uma edificação de parede de gesso mais leve e com menor espessura que as paredes de alvenaria. A utilização das chapas de gesso acartonado, conhecidas como sistema Drywall, reduz o tempo de trabalho, o volume da mão de obra, bem como o desperdício de materiais; o gesso acartonado é resistente ao fogo, muito estável (não dilatam nem contraem), excelente isolante térmico/acústico e imune ao ataque de fungos (SABBATINI, 1998). Todas estas qualidades fizeram com que o uso do gesso acartonado crescesse expressivamente no Brasil (Gráfico 2). A utilização do gesso acartonado continua se expandindo fortemente no Brasil. Em 2012, o consumo cresceu 12,2% em relação ao ano anterior e, em 2013, fechou com um aumento no consumo de 13,5% atingindo 49,7 milhões de metros quadrados de chapas de gesso acartonado. As regiões sudeste e sul lideram o mercado consumindo 76% do total de gesso acartonado, os 24% restantes de dividem entre as regiões centro-oeste e nordeste com 15% e 9%, respectivamente (DNPM, 2013).

Gráfico 2- Consumo anual de gesso acartonado desde o início da sua utilização.

Fonte: Adaptado de Associação Brasileira do Drywall (2014).

Figura 6- Parede divisória e forro feito de gesso acartonado.

Fonte: Associação Brasileira do Drywall (2014).

0 10 20 30 40 50

2013 2011 2009 2007 2005 2003 2001 1999 1997 1995

(42)

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2.6. Resíduos da construção civil

A construção civil é um dos setores mais importantes da economia, porém, também se destaca pelo seu elevado consumo de recursos naturais e, mais ainda, pelos resíduos que gera (JOHN, 2004; GUEDES, 2014). Em escala geral, as atividades na construção civil são as que mais trazem impactos ao meio ambiente; estima-se que, em todo o mundo, a ICC consome de 40 a 75% dos recursos naturais que existem. O vasto consumo de recursos naturais gera também uma grande quantidade de resíduos.

(TEIXEIRA; CARVALHO, 2005; JOHN, 2000, 2004; GUEDES, 2014).

No Brasil, a construção civil é responsável por cerca de 25% do total de resíduos produzidos pela indústria em geral (DIAS, 2007). A geração crescente e contínua dos RCC está diretamente relacionada ao desperdício de materiais nas obras de construção.

A maior causa deste desperdício é a ineficiência na utilização dos materiais, falta de planejamento e de mão-de-obra qualificada, bem como a falta de um gerenciamento eficaz no canteiro de obra. Esses fatores aumentam o índice de perdas de materiais, que é a principal causa da geração de resíduos (DIAS 2007; JOHN, 2004; SOUZA, 2005).

Os RCC apresentam um dos maiores problemas para o saneamento em áreas urbanas, pois o grande volume de resíduo produzido quando gerenciado de forma falha, degrada a qualidade de vida nos centros urbanos e sobrecarrega os serviços municipais (DIAS, 2007). Esta realidade revela a necessidade de projetos que atuem de forma eficaz em todas as etapas do gerenciamento e que viabilizem a reutilização destes como forma de materiais reciclados para serem utilizados como matéria prima na confecção de novos materiais.

Dados do Sindicato da Indústria da Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-

JP) mostram que a construção civil desperdiça cerca de 30% dos seus materiais e, a cada

três obras, boa parte do próximo empreendimento poderia ser erguido apenas com

material desperdiçado (SINDUSCON-JP, 2013). Segundo a Federação das Indústrias do

Estado da Paraíba (FIEP) (2013), o setor da construção civil é um dos mais aquecidos

do estado e as empresas ligadas a esta atividade totalizam 40% das indústrias no

mesmo. Este dado indica um aumento no desperdício de materiais e grande parte desse

desperdício já acontece na etapa de transporte e aumenta devido à falta de qualificação

na mão-de-obra e à falta de planejamento na construção de um empreendimento

(SINDUSCON-JP, 2013).

Referências

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