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Cresce peso dos funcionários aposentados no gasto com pessoal

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1 VALOR ECONÔMICO

04abr18

Cresce peso dos funcionários aposentados no gasto com

pessoal

Por Marta Watanabe | De São Paulo

Os gastos com inativos e pensionistas dos Estados avançaram no ano passado. De 2016 para 2017 a fatia dos inativos subiu de 40,2% para 41,72% da despesa bruta com pessoal total dos Estados, incluindo o Distrito Federal. A representatividade da rubrica tem aumentado de forma acelerada nos últimos anos, o que deve dificultar cada vez mais o ajuste da despesa de pessoal para os limites da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Em 2015, a fatia dos inativos foi de 38,72% da despesa de pessoal. Ou seja, em dois anos a participação dos inativos e pensionistas avançou três pontos percentuais na despesa total de pessoal. Em 2017, os gastos com inativos nos Estados subiram 10,2%, bem acima da média de 6,2% da despesa total de pessoal.

Em 20 dos 27 entes federados o gasto com inativos aumentou mais que o total da despesa de pessoal. Os dados foram levantados pelo Valor com base nos relatórios fiscais dos Estados.

Para José Roberto Afonso, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre-FGV) e professor do Instituto de Direito Privado, a melhor prova de que a Previdência está na raiz da falência dos Estados é que, entre aqueles em que inativos mais pesaram no total em 2017, alguns coincidem com os entes mais impactados pela crise: Rio Grande do Sul com 65% e Minas Gerais e Rio de Janeiro, em torno de 47%. Sem reformar a

Previdência, diz ele, a crise estadual deverá persistir.

Segundo Afonso, o inativo reduz o raio de manobra para fins de ajuste da LRF. "Estourado o teto, a lei previa corte de gratificações e até demissões. Isso, porém, só pode atingir os ativos, que na média global, já não chegam a 60% da folha salarial consolidada. Ou seja, embora todos tenham aumento de salário e aposentadoria, o ajuste só é possível sobre os ativos. Quanto mais inativos, maior tem que ser o ajuste, e mais difícil fica de ser realizado."

"Os dados mostram que todos os Estados estão na mesma correnteza, com uma grande queda à frente na qual alguns já foram tragados", diz Ana Carla Abrão Costa, sócia da consultoria Oliver Wyman. O envelhecimento da força de trabalho dos servidores e as restrições que os Estados enfrentam para a contratação de novos funcionários

contribuem para o aumento mais acelerado dos gastos com inativos, diz ela. A solução para a situação, avalia a economista, demanda não somente a reforma previdenciária no âmbito da União - com elevação das contribuições e imposição de

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idade mínima -, ou medidas do poder local, com adoção de previdência complementar, por exemplo.

"Mais do que isso, é preciso uma reforma da máquina pública, com maior racionalidade no trabalho dos servidores ativos. O aposentado migra da folha de ativos para a conta dos inativos e o Estado perde força de trabalho, mas não ganha espaço fiscal", afirma Ana Carla. Caso a reforma na máquina não aconteça, diz, o problema será amplificado com a aposentadoria dos funcionários hoje na ativa e dos novos servidores.

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Em 5 Estados, total de inativos supera quadro de

servidores na ativa

Por Ana Conceição | De São Paulo

Em alguns Estados brasileiros, o número de servidores inativos inscritos no Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) supera o de servidores ativos. Esse cenário pode se ampliar nos próximos anos, o que, além das implicações financeiras para os governos regionais, também impõe desafios administrativos, já que a situação fiscal complicada de muitos deles pode ser uma barreira à reposição ou renovação do quadro de

servidores.

Em 2016, dado consolidado mais recente, cinco Estados tinham mais servidores inativos que ativos no RPPS, de acordo com o mais recente Anuário Estatístico da Previdência Social. Segundo as Declarações de Informações Previdenciárias e Repasses (DIPR), repassadas pelos Estados à Secretaria da Previdência do Ministério da Fazenda esse número subiu para sete Estados em 2017.

Os dados da DIPR ainda têm que ser harmonizados pela secretaria, mas são um indicativo de que o quadro se agrava. O anuário de 2016 informa que outros nove Estados têm quase tantos servidores inativos quanto ativos. Nas demais 13 unidades da federação, o cenário é mais tranquilo.

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A situação mais dramática é a do Rio Grande do Sul, onde o número de inativos ultrapassa em 74,5% o dos funcionários que estão na ativa. Em Minas Gerais, a

proporção de inativos é 47% maior; no Rio de Janeiro, 17,5%; em Santa Catarina, 2,2%; na Paraíba, 0,1%.

No Ceará, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Piauí, Sergipe, Goiás, Espírito Santo e São Paulo, a relação entre ativos e inativos caminha para um empate. Os Estados com situação mais confortável são os ex-territórios federais (Amapá, Roraima), em que os inativos migraram para a União quando viraram Estados, e o Rio Grande do Norte. O crescimento do número de inativos e as regras de aposentadoria do RPPS, em alguns casos mais favoráveis que as do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), geram um déficit crescente na previdência dos Estados, o que, para alguns deles, tornou-se um peso considerável. No Rio Grande do Sul, por exemplo, o déficit vem numa escala crescente há dez anos e em 2017 chegou a R$ 10,5 bilhões, o equivalente a 30% da receita corrente líquida (RCL) do Estado.

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segundo o Boletim de Finanças dos Entes Subnacionais divulgado em dezembro de 2017 pelo Tesouro Nacional. Segundo o boletim, as despesas com pessoal ativo e inativo dos Estados subiram de 53% para 59,5% da receita corrente líquida entre 2010 e 2016. O teto para despesa total de pessoal estabelecido pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é de 60% da RCL. Nesse avanço do gasto com pessoal equivalente a 6,5 pontos da receita, os aposentados e pensionistas responderam por alta de 3,7 pontos, e os ativos por 2,8 pontos.

As despesas previdenciárias, que em 2010 eram inferiores aos investimentos, tornaram-se aproximadamente o dobro deles em 2016. Os gastos com previdência saíram de 10,6% para 14,3%, enquanto os investimentos caíram de 14,2% para 7,5% da RCL no período. As receitas mantiveram-se praticamente estáveis como proporção do PIB (de 9% para 9,2%).

Os Estados também têm servidores no Regime Geral de Previdência Social (RGPS), mas neste caso o déficit é contabilizado na conta geral do regime.

No Rio Grande do Sul, desde agosto de 2015 o número de servidores ativos no RPPS é menor do que o de inativos, segundo Luiz Antônio Bins, secretário-adjunto da Fazenda do Estado. Segundo ele, há carência de funcionários em várias áreas do serviço público, por causa do comprometimento da receita com os gastos de pessoal e dos limites da LRF. "Diante da situação financeira extrema, há muitas limitações em nomear novos servidores. É a realidade de um Estado que há muitos anos vem gastando mais do que arrecada e que já esgotou as fontes extraordinárias para cobrir seus déficits."

Segundo o secretário-adjunto, há carências em áreas importantes, como segurança pública, e em atividades-meio. Ele cita o caso dos auditores-fiscais, equipe que hoje é metade do previsto em lei. "Esse é o momento de a sociedade discutir o Estado e a sua capacidade de prestar serviços, redefinindo prioridades", afirma. Para Bins, o grande desequilíbrio entre o número de servidores ativos e inativos no Rio Grande do Sul é resultado de uma "opção histórica".

"O Estado optou no passado pela qualidade dos serviços públicos e se estruturou para tanto, porém sem adotar medidas necessárias para suprir, no futuro, os custos

previdenciários e a manutenção dos serviços para a sociedade", diz o secretário. Segundo ele, o governo tem realizado concursos e nomeado servidores em áreas prioritárias, como a segurança pública, mas muitas vezes suprindo apenas vagas deixadas pela aposentadoria.

As mudanças previdenciárias que estavam ao alcance do Estado já foram

implementadas, afirma Bins. "Ainda em 2015, foi aprovada a adoção da aposentadoria complementar, que passou a vigorar em agosto de 2016. No ano passado, houve um aumento da alíquota de contribuição para 14%."

Em Minas Gerais, os servidores têm sido repostos em áreas prioritárias como segurança e educação, segundo o secretário de Planejamento e Gestão, Helvécio Magalhães. Houve uma reforma administrativa em 2016, que, segundo ele, racionalizou processos, mas ainda não foi suficiente para resolver o problema.

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passado, como redução de carga horária, que demandou mais servidores, e ainda tem sob sua tutela os anos iniciais do ensino fundamental. Temos uma rede muito grande de escolas, muitos servidores", diz Magalhães. Segundo ele, a política do governo estadual tem sido a de não elevar o número de servidores e apenas repor o necessário, além de substituir contratos de trabalho precários.

O sistema previdenciário mineiro teve déficit de R$ 16 bilhões em 2017 e a estimativa para este ano é de R$ 18 bilhões, de um orçamento total de R$ 92 bilhões, o mesmo do ano passado. "É quase o que se gasta em saúde e educação em Minas Gerais", afirma. Sem alterações no sistema, avalia Magalhães, num futuro próximo os municípios estarão na mesma situação. "É urgente discutir essa questão que, entre outras coisas, tem inviabilizado os investimentos públicos no país."

Em Goiás, onde a relação entre ativos e inativos aproxima-se do empate, a alíquota de contribuição dos servidores subiu de 11% para 14,25% e a patronal aumentou para 28,5%. Joaquim Mesquita, secretário do Planejamento do Estado, diz que a iniciativa resolve apenas parte do problema. O déficit do RPPS goiano foi de R$ 2,27 bilhões em 2017, o dobro do de 2014, de R$ 1,08 bilhão.

O secretário dá um exemplo com base na folha de pagamento do Estado de fevereiro. O gasto previdenciário do mês foi de R$ 337 milhões. Deste total R$ 71 milhões foram cobertos pelas contribuições dos servidores e R$ 115 milhões pela contribuição patronal. Sobraram R$ 174 milhões de déficit, coberto pelo tesouro estadual.

Mesquita também atribui a opções feita anos atrás o problema existente hoje. "Até 1996, não havia contribuição do servidor para a previdência. Quando passou a existir, era de 6%", diz. Hoje, a solução passa por mudanças estruturais, que passam pelo Congresso. "Os entes têm pouca margem para lidar com a questão", afirma Mesquita. Assim, como outros Estados, Goiás tem dado prioridade à contratação de servidores em áreas

essenciais, como segurança pública e educação. "Estamos tentando otimizar as demais atividades."

Escassez de recursos exige reformas, diz pesquisador

Por Ana Conceição | De São Paulo

Reforma da Previdência e do próprio Estado são necessárias para que os governos regionais enfrentem, de um lado, a situação de recursos e pessoal escassos e, de outro, a demanda por melhoria nos serviços ao cidadão, afirma Manoel Pires, pesquisador do Ibre-FGV e ex-secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda.

A reforma da Previdência, diz, é importante porque, entre outros pontos, prolonga a permanência de uma parcela relevante dos servidores na ativa, reduzindo uma pressão inicial por substituição de funcionários. Já a reforma do Estado "tem que olhar para o

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cidadão". O Brasil, afirma Pires, fez um grande investimento na rede de proteção social, por meio do sistema de transferência de renda, mas prestação de serviços coletivos é algo muito mais complexo e está sempre em transformação.

"Está claro que o setor público produz avanços. Nos anos 1990, tínhamos a famosa fila do INSS. Isso não existe mais e não nos damos conta disso, mas o processo de

desenvolvimento é bastante exigente, as aspirações sociais mudam muito e requerem um Estado mais ágil e sensível às demandas. Esse é o desafio". Segundo ele, os

governos ainda têm dificuldade em incorporar novas tecnologias para ganhar eficiência. Há exemplos positivos de boa gestão pelo país, mas não é a regra, diz o economista. Ele cita a Embrapa e a educação no Ceará. "A questão é: por que conseguimos gerar bons exemplos em alguns casos, mas não em outros?"

Com a recuperação gradual da economia, os Estados devem observar melhora das receitas, o que, no curto prazo, deve ajudar na estabilização dos serviços públicos. A situação, contudo, continuará complicada naqueles com maiores dificuldades

financeiras como Rio, Minas e Rio Grande do Sul.

"No longo prazo, é preciso reorganizar os gastos de pessoal para que pesem menos nas contas, revisando as estruturas salariais. É importante ter claro que esse é um processo delicado de ser conduzido já que existem corporações muito poderosas", afirma. Ainda na questão previdenciária, Pires julga que existe pouco para ser feito pelos Estados. "As regras fundamentais estão definidas na Constituição e a verdade é que essa é uma agenda complexa para ser tocada pelos governadores", diz.

No ano passado, lembra, surgiu a possibilidade de uma mudança constitucional permitir que os próprios Estados regulassem seu sistema previdenciário. Muitos governadores foram contra porque colocaria um problema grande sob suas gestões e Estados em crise têm muito pouco espaço político para fazer tais mudanças. "Vamos aguardar a reforma da Previdência do próximo governo, em 2019."

O ex-ministro da Fazenda Nelson Barbosa apresentou as linhas gerais de uma reforma da remuneração dos servidores públicos, durante seminário em São Paulo, em março. Assim como a reforma da Previdência, afirma, o tema será inevitável para o novo governo em 2019. Na União, tudo indica que haverá reajuste do teto de remuneração do Supremo Tribunal Federal (STF) após as eleições, como ocorreu em 2014, o que

costuma ter um efeito cascata em Estados e municípios.

Segundo dado do Ipea, citado por Barbosa, 40% do quadro civil da União terá

condições de se aposentar até 2022, o que pode colocar mais pressão por contratação de servidores. Entre os pontos de reforma sugeridos estão: estabelecer um valor máximo para aumento global da folha, com base nas metas de gasto estabelecidas pelo governo, com prazo de quatro anos; criar comitê independente de remuneração do serviço

público, de caráter consultivo, vinculado ao Poder Executivo; alinhar remuneração entre o setor público e o setor privado no longo prazo, baseando os reajustes dos servidores na variação dos salários no setor privado; reorganizar as estruturas de remuneração em menos carreiras ou tabelas do que existe atualmente, especialmente no Executivo e, por fim, revisar o teto de remuneração federal, com eliminação de "penduricalhos".

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Referências

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