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O fosso entre a produção. nacional e o produto importado vai ser maior

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RIL nos primeiros seis meses do ano (milhões USD) 29/Jan: 8.796,93 26/Fev: 8.727,90 31/Março: 8.424,35 30/Abril: 7.995,31 31/Maio: 7.984,70 30/Junho: 8.313,13 7 de Setembro 2021 Terça-feira Semanário - Ano 6 Nº275 Director-Geral Evaristo Mulaza

Angola Telecom

lança concurso

para gestão de

infra-estruturas

Bancos deixam

de negociar

valores

mobiliários

ESTA SEMANA

I TRIMESTRE DE 2022

Pág. 13

Pág. 12

Pág. 28

“O fosso

entre a

produção

nacional e

o produto

importado

vai ser

maior”

JOSÉ MACEDO, DG DA NOVAGROLIDER

OPINIÃO

Lisa Rato, Senior Manager EY, Tax Services

Pág. 19

IVA relativo

a créditos

de cobrança

duvidosa –

Time for

Action

Porto do

Namibe

declara

‘guerra’

aos preços

elevados

ADMINISTRAÇÃO

ENTREVISTA.

Ainda a refazer-se da

perda do irmão e sócio, João Macedo,

com quem criou um dos

gru-pos mais bem-sucedidos do

agronegócio em Angola,

o novo director-geral da

Novagrolider fala, pela

pri-meira vez, sobre a situação da

empresa, dos investimentos e dos

projectos. José Macedo admite haver

menos burocracia, mas queixa-se

dos custos das exportações e

mostra--se céptico quanto à redução dos

pre-ços da cesta básica. E mais: não tem

dúvidas de que as empresas são

taxa-das sob várias formas, o que lhes retira

(2)

Editorial

Director-Geral: Evaristo Mulaza Directora-Geral Adjunta: Geralda Embaló Editor Executivo: César Silveira

Redacção: Edno Pimentel, Emídio Fernando, Isabel Dinis,

Guilherme Francisco, Júlio Gomes e Suely de Melo

Fotografia: Mário Mujetes (Editor) e Santos Samuesseca Secretária de redacção: Rosa Ngola

Paginação: Edvandro Malungo e João Vumbi

Revisores: Edno Pimentel, Evaristo Mulaza e Geralda Embaló Colaboradores: Cândido Mendes, EY, Mário Paiva e Pedro Narciso Propriedade e Distribuição: GEM Angola Global Media, Lda Tiragem: 00 Nº de Registo do MCS: 765/B/15

GEM ANGOLA GLOBAL MEDIA, LDA Administração:

Geralda Embaló e Evaristo Mulaza

Assistente da Administração: Geovana Fernandes Departamento Administrativo: Jessy Ferrão e

Nelson Manuel

Departamento Comercial: Geovana Fernandes Tel.: +244941784790-(1)-(2)

Nº de Contribuinte: 5401180721

Nº de registo estatístico: 92/82 de 18/10/82

Endereço: Avenida Hoji-Ya-Henda, 127, Marçal, Luanda-Angola;

222 320511 Fax: 222 320514 E-mail: administracao@gem.co.ao; comercial@gem.co.ao

FICHA TÉCNICA

V

crise político--m i l i t a r n a Guiné-Conacri é apenas mais uma prova de uma verdade incontestada: os africanos são genericamente gover-nados por bandos errantes que se renovam por herança ou por con-tágio. Interpretado na perspectiva do progresso do continente, o afro--pessimismo não é, portanto, uma combinação de convicções basea-das na descrença infundada. É uma tese sustentada diariamente por lideranças que personificam a desgraça em carne e osso.

Depois de infinitos anos na opo-sição a contestar a ditadura, Alpha Condé chegou ao comando do seu país com o selo de primeiro pre-sidente eleito democraticamente. Só por isso tinha o suficiente para deixar um legado de dignidade e honra no seu país e no continente. Por uma razão acessível. Na fase actual de construção das demo-cracias africanas, qualquer gesto

A

CRISE NA GUINÉ E OS

BANDOS ERRANTES

de ruptura com o autoritarismo e com o apego ao poder é um sinal bastante na edificação do almejado progresso. Depois de dois manda-tos de cinco anos cada um, Condé tinha, portanto, de tomar uma única decisão histórica: abando-nar o poder em respeito pela Cons-tituição que não permitia que ele se mantivesse sentado no cadeirão presidencial sequer por mais um dia. Mas, contagiado pela febre do poder dos seus pares africanos, o apeado Condé não se quis distan-ciar do autoritarismo que condenou a vida toda. Mexeu na Constituição para um terceiro mandato, à custa de dezenas de mortes e detenções na sequência da contestação popu-lar que durou meses.

Hoje, a União Africana e os seus associados atiram-se contra os gol-pistas, ordenando a reposição de uma ordem constitucional que o próprio Condé fez questão de detur-par em 2020. Hoje, a União Africana e ‘sus muchachos’ condenam cini-camente a queda de Condé, como se o golpe fosse a causa de um novo

ciclo de crise na Guiné-Conacri e não uma consequência inquestio-nável do cancro do apego ao poder.

Dito isto, é obvio que este texto não faz apologia aos mecanismos de tomada do poder pela força das armas. É antes um necessário lem-brete de que, na leitura dos retro-cessos africanos, as consequências não se podem substituir às causas. Condé não é por isso nenhuma vítima, é o maior responsável pelo novo caos em que mergulhou o seu país. E não há teoria nenhuma da conspiração que o salve. Mas a União Africana, que se tem empe-nhado sem mãos a medir no amparo das novas ditaduras africanas, não se exime de culpas. Porque, ao colo-car-se invariavelmente ao lado dos batoteiros das constituições e dos regimes que trocam o progresso dos seus povos pela manutenção do poder, a União Africana opta deliberadamente pela instabili-dade e pelo retrocesso. Reafirmar, por isso, que os africanos são gene-ricamente governados por bandos errantes é dizer o mínimo.

(3)

3

Valor Económico

A semana

COTAÇÃO

PETRÓLEO SEGUE EM QUEDA…

O petróleo abriu o dia a recuar, após fechar a sessão anterior no vermelho por conta dos cortes acentuados da Arábia Sau-dita nos preços de contrato e as preocupações da procura na Ásia. O brent abriu a negociar 72,12 dólares, já o WTI iniciou o dia nos 68,81 dólares.

BOLSAS EUROPEIAS TAMBÉM RECUAM…

As bolsas europeias encerram em baixa nesta terça-feira. O índice pan-europeu STOXX 600 caiu 0,5%, depois de fechar a sessão anterior perto de um máximo. Por sua vez, o DAX caiu 0,56%, a 15.843,09 pontos; o CAC-40 perdeu 0,26%, a 6.726,07 pontos, e o Financial Times recuou 0,53%, a 7.149,37 pontos.

3

ANTAS MIGUEL,

vice-governador do

Kuando-Kubango, para os serviços técnicos e infra-estruturas

Que projectos estão agendados para a requalificação da velha cidade de Menongue?

A urbe tem a vantagem de estar entre dois rios, o Kuebe e o Laúca. Mas, no geral, quando estamos a falar da requalifica-ção de Menongue, estaremos também a abordar a requalifi-cação das margens do Kuebe.

E o que está previsto para estas margens?

Existe um programa de embe-lezamento, para tornar as mar-gens atractivas, onde as pessoas possam acampar para o lazer. A ideia é tornar o espaço entre duas pontes um pólo turístico, enfim, um lugar fundamental-mente recreativo.

De concreto, o que será feito?

O actual pavilhão gimnodes-portivo vai ser ampliado para a prática das modalidades de salão. A província nunca teve uma equipa de basquetebol, ou de futebol de salão. Em simul-tâneo, com dinheiro do PIIM estamos a construir de raiz o estádio de futebol. Aliás, na zona da Banca está a ser desenvolvida toda a estrutura de apoio que levará a massifi-cação do desporto. PERGUNTAS A...

01

QUARTA - FEIRA

31

TERÇA - FEIRA

30

29

28

02 03

O Banco de Desenvolvimento

de Angola (BDA) indica que disponibilizou, desde Novembro de 2020, cerca de 547,9 milhões de kwan-zas às cooperativas agrícolas e aos Operadores de Comér-cio e de Distribuição (OCD) do Bengo.

A Administração Geral Tribu-tária (AGT) realiza um leilão nacional online de mercado-rias diversas contentorizadas e não-contentorizadas, com destaque para viaturas.

SÁBADO

DOMINGO

QUUITA - FEIRA

São exonerados os adminis-tradores da Empresa Por-tuária do Amboim (EPA) e da empresa de Transpor-tes Coletivos e Urbanos de Luanda (TCUL) e nomeados os respectivos sucessores. O Presidente da República exonera Sérgio Santos de ministro da Economia e Pla-neamento para o qual havia sido nomeado em Janeiro de 2020 e, para o seu lugar, foi nomeado o ex-secretário de Estado da Economia, Mário Caetano.

O Governo aprova um diploma que estabelece regras e procedimentos para a atribuição de concessões petrolíferas em Regime de Oferta Permanente, o que permite a promoção e nego-ciação de blocos licitados não adjudicados.

O BNA decreta medidas para tentar acabar com as enchen-tes nos multicaixas, nomea-damente o alargamento do horário das agências bancá-rias e disponibilização de pelo menos 95% em numerário nos caixas automáticos nos períodos com mais procura.

SEXTA - FEIRA

SEGUNDA-FEIRA

A Comissão Económica do Conselho de Ministros aprova um diploma que cria um novo regime para o reconhecimento e tratamento da dívida atrasada que permitirá a correcção do valor dos créditos a preços do mercado.

(4)

Entrevista

Somos taxados na

produção sob várias

formas o que nos

leva a não ser

competitivos e sem

capacidade de fazer

investimentos.

Temos

terminais como o

recente da DP World

que veio agravar

as taxas, retirando

os benefícios que

os exportadores

tinham nas

gestões anteriores

facturando o

dobro dos outros

terminais.

Ainda a refazer-se das feridas causadas pela morte do irmão e sócio, o novo director-geral da Novagrolider fala pela primeira sobre

a situação da empresa, os investimentos e os projectos. José Macedo queixa-se dos custos das exportações, acusa os portos de

terem agravado as taxas e mostra-se céptico com a redução dos preços da cesta básica. “Somos taxados sob várias formas, o que nos leva a

não ser competitivos e sem capacidade de fazer investimentos”.

omo está a Novagrolider? A Novagrolíder está a trabalhar, tem algumas dificuldades inerentes aos problemas que o país atravessa e com a perda do poder de compra das populações. Todos sofremos, mas, felizmente, a Novagrolider continua bem.

Quando o poder de compra baixa, as receitas das empresas seguem o mesmo caminho…

A única forma que conheço de ultra-passar as crises é produzir mais, não baixámos o nosso volume de factu-ração embora estejamos a vender mais barato, mas temos de aumen-tar a produção para vender mais.

Compensa produzir mais tendo em conta os custos e a queda do poder de compra?

É a única forma que conheço para ultrapassarmos a crise. Se produ-zir menos, tenho custos fixos que se mantêm. Se for baixar a produ-ção, porque se ganha menos, é pior. Portanto, tem de se produzir mais, as margens estão apertadas.

C

Por Guilherme Francisco e César

“Houve anos em que se

ganhava muito com a

agricultura, agora quase

que não se ganha dinheiro”

É possível partilhar o custo de alguns dos principais produtos?

Cada produto tem o seu custo. Não consigo dizer dada a desvaloriza-ção da moeda, a situadesvaloriza-ção conjun-tural, a falta de poder de compra, desde a baixa do preço do petró-leo à pandemia. Todos estes facto-res causaram alguns problemas. A situação é produzir mais para se importar menos para haver mais divisas. É a única equação.

Os reajustes afectaram muito?

Afectam sempre, porque houve anos em que se ganhava muito na agri-cultura. Agora não se ganha muito dinheiro, ganha-se pouco dinheiro ou quase não se ganha dinheiro. Consegue-se ganhar dinheiro para manter a estrutura, pagar obriga-ções fiscais, salários, fornecedores. Já não se ganha dinheiro, como em tempos atrás, quando a moeda estava estabilizada e os preços bas-tante bons, em que se ganhava muito dinheiro e todos os anos se investia muito. Ganha-se dinheiro para manter a estrutura, já não se ganha para fazer investimentos. Se calhar, quem quiser fazer grandes investimentos é obrigado a recor-rer à banca. Nós fazíamos grandes investimentos sem recorrer à banca.

Mesmo com os incentivos do Estado?

(5)

5

Valor Económico Terça-Feira 7 de Setembro 2021

O fosso entre a produção nacional e o produto

importado vai ser maior. Todos os produtos importados são subsidiados,

quer na produção quer na exportação.

~

~

Perfil

José Macedo, nasceu em Alcobaça, pequena cidade a Oeste de Portu-gal, tradicionalmente virada para a agricultura. Tem 60 anos de idade. Sempre esteve ligado à agricultura, pecuária e comércio e, por isso, considera ter crescido numa Nova-grolider mais pequena.

Autodidacta na agricultura, mas é formado em Gestão e Contabilida-de e em Arquitectura. Orgulha-se Contabilida-de ter na equipa pessoas com títulos. Tem agora o sonho de continuar a obra que começou com o irmão, João Macedo, falecido recentemen-te “enquanto tiver forças” e promerecentemen-te “nunca se reformar”.

Um homem

do agronegócio

Continuação na página 6

Ganha-se

dinheiro para

manter a estrutura,

já não se ganha

para fazer

investimentos.

Ainda não usufruímos desses incen-tivos. Temos estado a estudar, a pre-parar um projecto de investimento. Tenho de equacionar as dívidas que não posso pagar e se nós não ganharmos dinheiro, não consegui-mos pagar as dívidas. Teconsegui-mos de ser muito ponderados porque, quando temos um grande projecto, como a Novagrolider, temos de ser cautelo-sos para não chegar a um ponto de falência. Às vezes, é melhor cami-nharmos mais lentos do que estar-mos com euforias, de situações de endividamento que, depois, não conseguimos cumprir.

As políticas não são tão favoráveis?

Temos de ser cautelosos. As polí-ticas são favoráveis, os juros não são assim tão maus, embora deves-sem ser melhores. Há uma série de políticas económicas para um sec-tor que se fala que pode ser o pólo de desenvolvimento do país, por-que a produção nos dá condições, mas deveria haver mais incenti-vos, olhando mais caso a caso. A Novagrolider emprega mais de quatro mil funcionários, deveria haver incentivos fiscais e não virem dar dinheiro. Temos de trabalhar, merecer certas situações consoante os resultados. Deveria haver incen-tivos para certas empresas inova-doras que empregam um grande número de pessoas que contri-buem para o país.

A falta de incentivos aprisiona o país na teoria de a agricultura se tornar o motor do desenvol-vimento?

Não digo que aprisiona, mas deveria haver mais incentivos à agricultura. As políticas do Estado acabam por ser um pouco prejudiciais. Pode-ríamos ter mais, mas o Estado não pode dar mais, temos de nos con-tentar com o que temos e indo viver com o que temos.

Sem fazer investimentos é um risco para a própria empresa…

Vamos fazendo investimentos. Todos os dias, investimos na empresa. Todos os lucros são reinvestidos. A empresa não está em risco, continua bastante saudável mesmo com a con-juntura. Antes, chegava a uma casa de tractores e comprava 20, agora chego, compro um ou aquele de que mais preciso. Temos uma carteira de investimentos, ainda não abran-dámos, mas já não se fazem gran-des investimentos sem a ajuda da banca. Antes fazíamos sem a ajuda da banca. As margens de lucros de hoje estão muito diminutas.

uva de mesa para exportação e con-sumo nacional e estamos em testes com uma variedade de uvas para a produção de vinho. Possivelmente, vamos caminhar para este sector de produção. Exige muitos inves-timentos, uma fábrica, madeira, mas vamos fazer.

Para quando poderá iniciar a pro-dução de vinho?

Dentro de dois anos possivelmente já temos vinho da Novagrolider no mercado nacional. Estamos em fase de testes, a fazer alguns pequenos investimentos. Assim que tiver-mos resultados mais concretos e o estudo, vamos avançar com o investimento.

Qual é a previsão de investimento?

Mais de 10 milhões de dólares na produção de vinho.

Projecta exportar?

Em princípio, vamos produzir para o consumo interno. Se con-seguirmos qualidade para expor-tação, melhor, vamos tentar. O desafio da Agrolider é cada vez mais exportar.

Como estão as exportações?

Este ano, queremos chegar, na exportação de banana, aos 20% da nossa produção. Estávamos em cerca de 10%.

A pandemia não impactou nas exportações?

No ano passado, fomos os úni-cos a aumentar substancialmente a exportação e a produção. Todos os anos, temos aumentado a pro-dução e a exportação.

E, na produção de banana, a aposta continua a ser o Bengo?

Continuamos a apostar no Bengo, felizmente. Temos conseguido outras áreas e um dos problemas é o terreno. Estamos também a apostar na produção de banana no Bom Jesus, vamos aumentar a área porque temos também a pro-dução de uva para o Porto Amboim e, nos terrenos onde tínhamos uva, vamos pôr banana. Se for necessá-rio, Porto Amboim tem potencial para ser produtor de banana.

Têm tido dificuldades no acesso à terra?

O país tem muita terra livre. As entidades governamentais estão a analisar situações para transfe-rir as pessoas que não estão a tra-balhar nas imediações dos pólos e transferi-las para outros lados para que a nossa empresa possa conti-nuar a crescer, para não ter várias unidades. É mais um custo. Ten-tamos sempre dar seguimento ao projecto, porque é um conjunto de máquinas e equipamentos que não têm de ser transferidos da fazenda.

Nestes locais, tem encontrado água, energia…?

Em algumas, já beneficiamos, em outras estamos à espera que che-gue lá energia.

Têm investido para garantir as condições essenciais?

Temos feito investimentos para garantir que a água não falte. Temos a fazenda da Kibala, tínhamos um pequeno riacho e hoje temos gran-des represas que reservam biliões de metros cúbicos que nos garan-tem continuidade sem quaisquer constrangimentos.

E os fertilizantes?

Importamos alguns e compramos outros no mercado nacional. Nesta altura, os fertilizantes no mercado estão caros.

Se existissem no mercado preços competitivos, não importávamos. Não somos propriamente importa-dores, queremos tornar-nos expor-tadores. Para importar, tenho de abrir uma carta de crédito, demora

A Novagrolíder é uma referên-cia no agro-negócio. Quantas empresas semelhantes seriam necessárias para o país se tornar auto-sustentável?

Dada a quantidade de produtos pro-duzidos pela Novagrolider, teria de haver muitas ‘novagrolíderes’ para o país ser auto-sustentado e para se poder afirmar como grande produ-tor. Quantos mais produtores houver, mais será a procura internacional, que só acontecerá quando o país for reconhecido como grande produtor.

E quando olha para o mercado, quantas empresas vê ao nível da Novagrolíder?

A Novagrolider é um caso parti-cular em virtude da diversidade de produtos produzidos, existem outras grandes empresas, com um volume de produção bastante ele-vado, mas mais focados para três ou quatro produtos.

Qual é a carteira de investimentos?

A nossa carteira de investimentos é grande, o nosso projecto conti-nua ambicioso. Vamos fazendo aquilo que conseguimos com os lucros. Mas são de muitos milhões de dólares. Se as coisas estão mal, temos de ser cautelosos.

O cultivo de uva é uma das apostas?

(6)

Continuação da página 5

Entrevista

90 a 120 dias a chegar a Angola e é um investimento. Tenho de fazer o pagamento antecipado. Quando compro no mercado nacional, pago no dia ou dão-me oito, 15 ou um mês para pagar. Então, só tenho vantagens quando compro cá.

TAXAS AGRAVADAS

Além de Bengo e Kwanza-Sul, tenciona produzir noutras pro-víncias?

Continuamos com a consolidação da empresa, temos muito para cres-cer. Temos espaços vastos, não estão ocupados na totalidade, possivel-mente vamos fazer outros inves-timentos noutras províncias com outros produtos.

Que outros produtos exportam?

Já exportamos mais de duas mil toneladas de papaia por ano. Esta-mos também a exportar quantidade considerável de pitaia, maracujá, meloa, melão. Já chegámos a expor-tar jindungo e quiabo.

Qual é a meta este ano?

Entre bananas e outras frutas, este ano vamos passar as 20 mil toneladas. Estamos a conquistar posição de vendas com a exportação. Temos já uma quota de mercado bastante considerável, principalmente em Portugal. Estamos a exportar para vários países como a África do Sul, Marrocos, França, Espanha, Itália, Rússia e estamos em nego-ciações com a Turquia. Vamos con-tinuar a expandir a nossa marca e o nome de Angola.

O processo de exportação já foi muito criticado por supostamente ser muito burocrático. Concorda?

Os processos são muito burocrá-ticos, embora tenham melhorado. Deveria ser criado um guiché do exportador, onde os exportadores se dirigissem e pudessem tratar de toda a documentação, ao invés de terem de irem aos vários minis-térios com processos demorados e caros. Também os portos e os terminais marítimos são buro-cráticos e extremamente caros. Basta ver que é uma prestação de serviço taxada em dólares ao câmbio do dia. Por outro lado, temos terminais como o recente da DP World que veio agravar as taxas, retirando os benefícios que os exportadores tinham nas gestões anteriores, facturando o dobro dos outros terminais. No

dutores internos ou que o Governo se terá precipitado quando deci-diu taxar estes produtos?

A isenção dos produtos pouco vai reduzir os preços. Estes produtos já são isentos por natureza. Esse esforço deve ser canalizado para apoio à produção interna, a fim de estimular a agricultura e a agro--indústria. O fosso entre a produ-ção nacional e o produto importado

tes na Zona Livre de Comércio de África?

Estamos preparados, mas as polí-ticas de apoio à produção interna têm de ser revistas e equipara-das às desses países. Só seremos competitivos em igualdade de circunstâncias.

Recentemente, faleceu o funda-dor da empresa, João Macedo. Que desafios agora tem?

Tenho responsabilidades acresci-das pela perda irreparável do meu irmão. O trabalho era muito para dois e hoje está em grande parte em cima de mim. Estou a tentar adaptar-me o melhor possível, tenho de trabalhar mais. Se traba-lhava 10 a 12 horas por dia, agora tenho de trabalhar 16 ou 18 horas. Tenho uma grande responsabili-dade social. Tenho certeza de que consigo dar seguimento a este pro-jecto, não há nada que seja surpresa ou desconhecido por mim. Tínha-mos uma amizade e cumplicidade muito grande, não havia segredos dentro da empresa, partilhávamos tudo. Vou conseguir, com toda a certeza e à minha maneira, com muita responsabilidade. Como mais velho, sempre deixei a gestão a ele, era uma pessoa única pela sua exi-gência e disciplina. Não há quebra, o projecto continua até para fazer jus à sua memória.

Está em condições de o fazer?

Estou em condições de o fazer. Enquanto me sentir capacitado, vou fazer, quando entender que não consigo chamo profissio-nais. Não vou deixar cair empresa nenhuma, não faz parte da minha pessoa, porque o trabalho está feito na Agrolider com a gestão do meu irmão e com a minha. Eu era o co-piloto, sempre estive ao lado dele, conversávamos sobre todos os assuntos. Não há nada novo para mim, não há nenhum enge-nheiro que me consiga aldrabar, porque tenho conhecimentos. O projecto é bastante importante para se deixar cair, temos de ter inteli-gência quando sabemos que não somos capazes.

Que desejo de João Macedo pre-tende realizar imediatamente?

Continuar sem baixar os braços, honrar a agricultura de Angola. A única forma que tenho de honrar o meu falecido irmão é continuar com o projecto conforme vinha, trabalhar cada vez mais, mostrar que é possível fazer mais, ajudar os outros a fazer mais.

vai ser maior. Todos os produtos importados são subsidiados, quer na produção, quer na exportação. Ao contrário, somos taxados na produção sob várias formas, o que nos leva a não ser competi-tivos e sem capacidade de fazer investimentos.

Face a esta situação, estamos pre-parados para sermos

concorren-A isenção dos produtos pouco vai reduzir os preços. Estes produtos já são

isentos por natureza. Esse esforço deve ser canalizado para apoio à produção

interna, a fim de estimular a agricultura e a agro-indústria.

Mário Mujetes ©

VE

caso da banana, entre Porto e Terminal, fica com cerca de 25% do valor da mercadoria, o que é um absurdo.

ISENÇÃO POUCO EFICAZ O Governo voltou a isentar os pro-dutos da cesta básica. Essa decisão pode ser entendida como um cer-tificado de incapacidade dos

(7)
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n q u a n t o a proposta do Governo de u m a n o v a Divisão Polí-tica Adminis-trativa (DPA) do país não chega à Assembleia Nacional, na sociedade, as opi-niões divergem quanto à opor-tunidade da iniciativa, mas também quanto ao impacto esperado da sua efectivação, incluindo no plano orçamental.

O economista José Chilun-dulo pensa, por exemplo, que é “fundamental” pensar a DPA, relativizando as preocupações sobre a eventual elevação da des-pesa pública (ver página 10). O economista lembra que grande parte dos países com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) possui territórios peque-nos, mas densamente povoados e espera que, no longo prazo, as novas províncias tragam mais emprego, impostos e riqueza.

Opinião diferente tem o con-tabilista Eduardo Martins, que olha para a DPA, em termos imediatos, como uma hipótese

pública”, mas lembra que, “se se pretende reduzir as assimetrias regionais, é preciso ter em conta uma gestão séria dos programas de desenvolvimento, desde a pla-nificação, organização, direcção e controlo”. “Temos de mudar a forma como gerimos as coi-sas. Os administradores públi-cos devem satisfação a quem governa. Por mais que queiramos dividir o país, se continuarmos de “acomodação” dos quadros

do partido governante. “Se serão sete ou oito províncias novas, isso significa que serão também mais governadores e adminis-tradores a serem indicados para ocupar esses cargos, o que nada agrega em termos de ganhos no desenvolvimento local”, observa. Martins não nega, entretanto, a possibilidade de a DPA “aproxi-mar o cidadão da administração

E

Por Júlio Gomes

a geri-lo da mesma forma, não haverá sucesso”, refere.

Martinho Nguelessi, tam-bém economista, avisa que a elevação de um território a um certo estatuto “deveria obedecer a critérios claros e objectivos” como população, ou habitan-tes, potencialidades económi-cas e infra-estruturas.

Mas o vice-presidente da Associação Industrial Angolana (AIA), Elizeu Gaspar, é mais incisivo e diz que “o momento não é apropriado para a divisão territorial”, identificando outras prioridades que têm que ver com o “combate à indigência que se apoderou da população”. “Não estamos contra a divisão, mas entendemos que numa conjun-tura de pandemia e de défice de recursos financeiros, e a aproxi-mação de eleições, não faz sen-tido”, defende, ao mesmo tempo que pede “realismo” ao Governo. “Lá onde se quer dividir o ter-ritório só há capim. Então, se a lógica é levar desenvolvimento, o melhor seria impulsionar as autarquias e apostar no agro--negócio, que levaria as pes-soas à procura de terras férteis nestes espaços com fraca den-sidade populacional, mas com enormes riquezas subaprovei-tadas”. Por isso, avança ainda que os modelos de governação deviam começar mesmo ao redor de Luanda, onde há sérios pro-blemas, como em Icolo e Bengo, ou em Caxito, no Bengo.

O jurista Hélder Chiuto tam-bém encontra na institucionali-zação das autarquias, de forma gradual, a solução para a redu-ção das assimetrias e, por isso, reprova a divisão administrativa pensada para cinco províncias, quando todo o país carece de proximidade. “A melhor saída para o país seria a instituciona-lização das autarquias locais”, insiste, afirmando que, nesta fase, o lema devia ser o “combate à indigência social alargada”.

Ideia semelhante à defendida por um antigo quadro sénior do governo do Kwando-Kubango para quem, mais importante do que a divisão geográfica, deve-ria apostar-se no perfil de desen-volvimento da província, cujo potencial está na agricultura e turismo que não são explora-dos, sendo a população “muito carente”. “E mais: cerca de 60% da chamada província B corres-ponde a um parque intra-países,

Dúvidas sobre

a Divisão

Político-Admnistrativa

persistem

PAÍS PODERÁ TER SETE NOVAS PROVÍNCIAS

ADMINISTRAÇÃO DO TERRITÓRIO.

Governo decidiu avançar com a divisão

político-administrativa do Kuando-Kubango, Moxico, Lunda-Norte, Malanje e Uíge.

Projecto seguirá à Assembleia Nacional na última fase, mas, para já, não há consensos.

A DPA proposta pelo Governo prevê repartir o Kuando-Kubango em duas províncias, o mesmo que Uíge e a Lunda-Norte, ao passo que do terri-tório de Malanje surgirão duas novas províncias assim como do Moxico. Nada ainda está definido, mas,f ace a essa caracterização avançada pela comissão multissectorial, seriam sete novas circunscrições, passando o país a ter 25 províncias.

Número de províncias a

meio de Setembro

Mário Mujetes ©

VE

(9)

9

Valor Económico

a província não tem infra-estru-turas. Quem for governar esta província terá muitas dificulda-des para estabelecer o Estado”, insiste, questionando, ao mesmo tempo, o “impacto da divisão” sobre o projecto Okavango.

RECURSOS JÁ INSCRITOS NO OGE 2022

Na cerimónia de lançamento do projecto da DPA, no Kuando--Kubango, o secretário de Estado do Planeamento, Milton Reis, garantiu que a proposta do Orça-mento Geral do Estado para 2022 contempla recursos financeiros para as novas províncias que serão criadas, para assegurar a fase de transição e o funciona-mento das instituições.

Indicando que será também acautelado um valor adicional na reserva orçamental para a cons-trução e reabilitação de infra--estruturas sociais, para que as províncias criadas possam conhecer um desenvolvimento acelerado para a melhoria das condições de vida da popula-ção, Milton Reis explicou que, na perspectiva financeira, se deve olhar para a caracteriza-ção económica actual, princi-palmente o levantamento por município das potencialidades económicas e infra-estruturas sociais e administrativas.

Defendeu também ser neces-sária uma atenção à densidade populacional, recursos huma-nos e naturais para a criação de riquezas, de modo a que sem tenha “uma noção precisa” da necessidade financeira para se materializar a nova DPA.

mente, opção que admite repre-sentar, entretanto, mais despesas para o Estado.

Considerando, por exemplo, o valor mais baixo atribuído a uma província no orçamento geral do ano em curso, no caso os 59,211 mil milhões de kwan-zas para o Kuando-Kubango (0,40% do OGE), as cinco novas províncias reclamariam uma despesa superior a 296,054 mil milhões de kwanzas. Tendo ainda em conta o orçamento de 2021, cuja dotação por local está ava-liada em mais de 14,785 biliões de kwanzas, esta despesa passa-ria para cerca de 14,800 biliões de kwanzas.

A dotação média para o Kuando-Kubango, nos últimos cinco anos, foi de 47 267 026 055, a mais baixa entre as provín-cias que podem ser repartidas. A divisão desse valor para duas províncias em partes iguais dei-xaria cada um com cerca de 24 mil milhões de kwanzas.

Pela mesma lógica, as três-províncias resultantes de Malange receberiam cerca de 37.322.089.066,6 kwanzas, visto que, nos últimos cinco anos, Malange recebeu uma dotação média de 111 966 267 200.

Por sua vez, as províncias que resultassem da divisão da Lunda-Norte receberiam cerca de 31 434 195 441,enquanto as províncias oriundas do Moxico receberiam cerca de 19 004 333 608. Já a dotação estimada das províncias que resultariam da divisão do Uíge é de 36 267 797 498, no pressuposto de uma repartição equitativa.

O DESAFIO

ORÇAMENTAL

A DPA trará, entre outros desa-fios, o da gestão orçamental, mais concretamente da despesa orçamental. Serão mais sete uni-dades orçamentais, o que leva muitos observadores a questio-narem a metodologia que será

seguida para a divisão das des-pesas. Por um lado, admitem a hipótese de repartição do ‘bolo’ que é atribuído às províncias a serem divididas, por outro, con-sideram a possibilidade de as dotações orçamentais serem fei-tas independentemente do que cada província receba

actual-111

14

0,4

Mil milhões de kwanzas, dotação

média orçamemtal de Malange nos últimos cinco anos

Biliões de kwanzas, despesas totais

do OGE dem exercício Parcela do OGE canalizada para o Kuando-Kubango, no Orçamento Geral do Estado de 2021

As cinco novas províncias

reclamariam uma despesa superior a 296,054 mil milhões de kwanzas.

O que cada uma recebeu nos últimos cinco anos

0 0,48% 2017 2018 2019 2020 2021 35.335.253.469,00 56.851.151.681,00 59.210.932.123,00 43.790.333.529,00 41.147.459.473,00 47.267.026.055,00 0,31% 0,40% 0,45% 0,55%

Kuando Kubango

0 0,90% 2017 2018 2019 2020 2021 66.747.539.934,00 63.611.683.038,00 87.336.174.662,00 62.097.731.552,00 82.884.845.796,00 72.535.594.996,4 0,62% 0,59% 0,64% 0,61%

Uíge

2017 2018 2019 2020 2021 66.562.153.910,00 100.039.239.632,00 73.356.025.866,00 137.573.119.418,00 182.435.797.175,00 111.966.267.200,00

Malanje

0 0,90% 1,03% 0,71% 1,02% 1,23%

Lunda-Norte

0 2017 2018 2019 2020 2021 53.282.340.448,00 55.063.260.265,00 47.112.540.029,00 57.081.193.453,00 101.802.620.223,00 62.868.390.883,6 0,72% 0,57% 0,45% 0,42% 0,69% 0 0,70% 2017 2018 2019 2020 2021 51.778.228.815,00 53.529.112.317,00 72.076.200.818,00 57.010.240.505,00 50.671.221.672,00 57.013.000.825,4 0,38% 0,49% 0,59% 0,51%

Moxico

Valor percentual Orçamento médio

Terça-Feira 7 de Setembro 2021

MEMORIZE

l No Kuando-Kubango, o

secretário de Estado do Planeamento garantiu que a proposta do OGE para 2022 contempla recursos financei-ros para as novas províncias.

Temos de mudar a forma como gerimos as coisas. Os administradores

públicos devem satisfação a quem governa. Por mais que queiramos dividir o país, se

continuarmos a geri-lo da mesma forma, não haverá sucesso.

~

(10)

Economia/Política

ual é a sua opi-nião sobre a proposta nova Divisão Polí- tico-Admi-n i st r at iv a (DPA)? P o d e n ã o parecer, mas existe uma coin-cidência em que grande parte dos países a nível do mundo, que têm uma lógica de desen-volvimento e com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) avançado e com maior capacidade governativa, possui territórios pequenos, mas den-samente povoados. Modelos de desenvolvimento económico bem estudados fazem coincidir uma boa gestão do território a uma boa gestão da população como

Q

tem 11 municípios e um uni-verso de mais de um milhão de habitantes, há-de constatar que só a sede tem 600 mil habitantes, portanto, absorve mais de 60% da população. Quem pensa em Malanje pensa em Mavinga, no Kuando-Kubango. Mavinga é o maior município de Angola. Do ponto de vista de descrição geo-gráfica, é mais extenso que a pro-víncia do Huambo e tem pouco menos de 300 mil habitantes, e, ao mesmo tempo, é um território potencialmente rico em recursos minerais, mas não explorados e, por isso, sem capacidade de agregar valor à riqueza nacional. Em função desses pormenores que elenco, claramente, discu-tir DPA e distribuição facial da população no nosso país é

pen-Por Júlio Gomes

condições sem as quais a eco-nomia não acontece, os direi-tos económicos e sociais não se realizam e até a ciência gover-nativa é comprometida.

Mas é oportuno?

Pensar em divisão político--administrativa em Angola é fundamental.

Porquê?

Temos 164 municípios e pouco menos de 30 absorvem, de acordo com o senso populacional, perto de 60% da população angolana. E, se olharmos para a caracteri-zação dos municípios por pro-víncia, as sedes municipais têm normalmente entre 50 e 60% da população destas mesmas pro-víncias. Se for a Malanje, que

sar em estratégia de desenvolvi-mento nacional.

E como vê a forma como o Governo conduz o processo, quanto à participação da socie-dade?

Como tem sido recorrente, ou melhor, é tendência natural, o Governo conduzir o debate e assumir as rédeas. Não pode ser!

Mas o tema está em consulta pública…

O debate tem de ser levado à con-sideração das academias. O Estado dá muito dinheiro para o funcio-namento das universidades, dos centros de estudos. Logo, têm de ser estes a discutir o tema e depois é importante que seja feito um debate profundo, levando-o à con-sideração da sociedade civil e das autoridades tradicionais com uma perspectiva técnica e política, mas salvaguardando questões antropo-lógicas para que a divisão emane do consenso, apesar das diferen-ças do ponto de vista da percepção.

E como analisa o facto de o plano surgir num momento de escassez de recursos financeiros?

É falaciosa a ideia de a divisão onerar o orçamento. Lá onde surge uma nova cidade surgem também infra-estruturas, opor-tunidades de emprego e arreca-dação de receitas para o Estado. Nestas zonas, onde se pensa levar o desenvolvimento, há potencia-lidades minerais e hídricas que, ao serem exploradas, as tornarão atractivas. Portanto, vai ser gasto no curto prazo muito dinheiro, mas, a longo prazo, trará mais emprego, mais impostos e riqueza. Em face disso, haverá a deslocação de pessoas, atraídas sobretudo pelo trabalho.

Em suma, parece-lhe que será mais fácil promover o desenvol-vimento do país com 23/25 pro-víncias do que com as 18 actuais?

É como o satélite. Quando foi gizado, as pessoas questionavam, quando é um bem público necessá-rio. No caso em análise, se me vol-tasse perguntar, diria que divisão do território, sim, porque o país precisa de novas estradas, novas linhas ferroviárias, etc. É neces-sário superar o atraso económico das localidades, mas o problema está, no entanto, na forma como o país tem sido administrado. Ou seja, a gestão administrativa pode comprometer o plano.

ANÁLISE.

Considerando que o plano é

necessário na óptica de levar progresso às

zonas potencialmente ricas, mas desabitadas,

Chilundulo antecipa que a DPA poderá

fracassar por causa da gestão pública.

JOSUÉ CHILUNDULO, ECONOMISTA

©

Lá onde surge

uma nova

cidade surgem

também

infra-estruturas,

oportunidades

de emprego

e arrecadação de

receitas para o

Estado.

“É falaciosa

a ideia

de a divisão

onerar o

orçamento”

(11)

11

Valor Económico

O CORREDOR DO LOBITO passará a ser gerido por uma

empresa privada, e está para quarta-feira (8), o lançamento do concurso público para concessão do serviço de exploração, gestão e manutenção da infraestrutura ferroviária do transporte geral de cargas - minério, líquido e gás, denominado Corredor do Lobito.

Terça-Feira 7 de Setembro 2021

Custos com electricidade

e água impedem

competitividade

qualidade das infra-estruturas nas estradas e o fornecimento de água e elec-tricidade ainda i mp e dem a competitividade das exportações, com estas últimas a terem custos “elevados” por causa da utilização de meios alternativos como gera-dores e cisternas. Estas são algu-mas das conclusões do Centro de Estudos e Investigação Científica da Universidade Católica (Ceic/ Ucan), que acrescenta ainda que os “custos retiram a competitividade da produção nacional”.

No seu Relatório Económico de Angola, 2019/2020, o Ceic subli-nha que a flexibilização da taxa de câmbio, desde Janeiro de 2018, “já é um grande passo” para os expor-tadores e potenciais exportado-res. No entanto, sugere ser “ainda necessário remover outras barrei-ras que impedem a competitividade da produção nacional”.

Angola vende petróleo bruto, gás, diamantes, granito, mármore,

cimento, madeira, café, peixe, sal, bebidas, bananas e mel. O sector petrolífero representou 96% no total contra os 3,5% até 2019.

O investigador do Ceic Fran-cisco Paulo explica que alguns exportadores, apesar de reconhece-rem o trabalho do Governo, enten-dem que as medidas ainda não são suficientes. E dá como exemplo as empresas que exportam nas pescas, em que os custos associados com as vendas no exterior são “muito elevados”, além dos direitos adua-neiros que pagam para exportar. Lembrando que Angola é dos úni-cos países do mundo que cobram

A

MERCADOS.

Custos

fazem com que

sector não-petrolífero

continue na cauda.

Governo reconhece o

constrangimento, mas

defende que prefere

ver os benefícios dos

últimos anos.

Por Isabel Dinis

ENCARGOS ADUANEIROS TAMBÉM CONTESTADOS NAS EXPORTAÇÕES

que vai para a China chega a um custo médio mais elevado do que o contentor chinês que vem para Luanda ou Benguela”, detalha.

Um empresário que não quis ser identificado e que produz pro-dutos não perecíveis e quer come-çar a exportar já iniciou o processo há algum tempo e encontrou dois principais obstáculos: o primeiro, explicou ao Valor Económico, "passa logo pela licença". Um dos requisitos exige a comprovação de que as divisas já estão em conta ou que o cliente já pagou a mercadoria adiantada. “Já trabalhei em muitos países da América e Europa, mas

nunca os clientes pagaram antes de receber as mercadorias ou condi-cionaram as exportações”, explica. O segundo obstáculo tem que ver com o facto de o país cobrar direi-tos aduaneiros para exportar. “Não faz sentido nenhum. Devia fomen-tar-se as exportações e não cobrar para se exportar”, critica.

Ao Valor Económico, Lukonde Luansi, ex-director nacional do Comércio Externo, também cha-mou a atenção para as barreiras que Angola coloca às suas próprias exportações, enquanto outros paí-ses facilitam.

Questionado, na semana pas-sada, ainda como secretário de Estado da Economia, Mário Cae-tano João, admitiu também a este jornal “haver desafios na expor-tação, mas que “não se deve pegar num pequeno desafio e generalizar”. “O que estamos a ver é que está a haver mais exportações, porque, por um lado, os operadores económi-cos estão a encontrar mecanismos para se ultrapassarem estes desa-fios, ou seja, há uma maior capaci-tação de entender melhor como sair do mercado nacional para entrar no mercado externo. Existe com-petitividade nos mercados aonde chegamos. Por outro lado, há o com-promisso das instituições públicas em melhorar o ambiente de negó-cios e, em terceiro, está a haver pro-dução nacional suficiente para que de facto possa haver exportação”, assegurou o agora ministro da Eco-nomia e Planeamento.

O governante deu como exemplo o cimento que, no período homólogo do ano passado, teve um registo de aproximadamente cinco milhões de dólares e actualmente está em apro-ximadamente 15 milhões dólares. “Houve um aumento de mais de 200%”, sublinha.

direitos aduaneiros nas suas pró-prias exportações, Francisco Paulo entende que as exportações de bens e serviços deviam ser livres para que não houvesse aumento do custo.

O investigador afirma, por exemplo, que os contentores, quando ficam nos terminais das empresas gestoras dos portos, em especial, nos da Sogester, podem pagar até sete milhões de kwanzas durante três dias só com facturas de ener-gia enquanto esperam para expor-tar. “Como vamos promover as exportações se os serviços asso-ciados com a exportação são muito caros? O nosso peixe ou marisco

Exportações de bens 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 I sem.

Sector petrolífero 69.716,3 66.902,1 57.641,9 31.895,0 26.366,0 33.312,5 39.408,7 33.365,2 9.467,2

Sector diamantífero 1.159,5 1.167,1 1.335,4 1.065,8 980,0 1.130,1 1.151,9 1.214,8 435,7

Outros sectores 217,6 177,4 192,5 220,4 242,8 170,9 197,2 145,6 53,5

(12)

Mercados & Negócios

Fim das enchentes

nos bancos

comerciais só

com banco digital

s medidas do Banco Nacio-nal de Angola ( B N A) q u e visam a redu-ção das enchen-tes nos bancos comerciais e nos terminais mul-ticaixa, especialmente no fim do mês, são consideradas “paliativas” por vários especialistas que apon-tam soluções a nível digital.

Por determinação do BNA, os bancos estão obrigados, desde a semana passada, a abrir as agên-cias bancárias de maior movimento até ao meio-dia de sábado, assim como devem aumentar o volume de notas nos terminais multicaixa entre 25 de cada mês e 05 do mês subsequente. Mas, para o econo-mista Sérgio Hirose, a solução do regulador terá “efeitos temporários”, apontando como saída “mais acer-tada” a implementação do banco digital. “Ter uma conta num banco digital não é muito diferente de ter uma em agência física. O diferen-cial desse serviço é que tudo o que você precisa faz através da internet, usando o site ou o aplicativo do banco no seu telemóvel”, explica.

A

REACÇÕES ÀS MEDIDAS DO BNA

O também fundador do banco digital Dubank descarta as questões referentes à segurança visto que os operadores, em regra, investem for-temente em soluções para garan-tir a segurança digital dos arquivos dos clientes, minimizando a pos-sibilidade de ataques cibernéticos. “Existem os mecanismos de cloudcomputing (computação na nuvem) e do acesso através de dis-positivos móveis, como desktop e smartphones que potencializam ainda mais o fluxo de transferên-cia de informações”, observa.

Por sua vez, Euclides Manuel, fundador da Yetu Bit e da comuni-dade criptomoedas de Angola, vê nas criptomoedas a resolução do problema. E entende que dão “mais poder” aos usuários de gerir o seu dinheiro, ou seja, ser o seu próprio banco através de um simples aplica-tivo. “Estamos a ter enchentes nos bancos e multicaixa porque existe um intermediário que não está a fazer, infelizmente, o seu serviço com competência. A solução é pro-curar eliminar este intermediário com criptomoedas, usando aplica-ções sem necessidade de ter acesso forte à internet”, explica. Para tal, o

órgão regulador e demais institui-ções públicas teriam de estabelecer parceria com as fintechs. “São menos burocráticas, procuram resolver os problemas dos usuários ou clien-tes de forma mais rápida e, acima de tudo, usando o digital já que o objectivo é não usar tanto papel--moeda”, aponta o também ges-tor, criticando a banca tradicional e propondo a legalização dos ban-cos digitais. “Cada vez mais, as pes-soas que vão entrando no mundo digital têm menos necessidade de levantar dinheiro físico. A melhor maneira de resolver isso é torná--las responsáveis pelo seu destino financeiro”, salienta.

O também economista Ale-xandre Manganda, além de con-cordar com a solução do banco digital, atribui culpa das enchen-tes à falta de qualidade de atendi-mento das instituições. “Devemos criar condições eficientes, fac-tíveis, que atendam à necessi-dade do cliente, não é só injectar dinheiro. A qualidade de serviço determina-se com profissionais mais qualificados”, indica.

Por Guilherme Francisco

Banco Nacio-nal de Angola e a Comissão de Mercado de Capitais têm estado a traba-lhar no sentido de estabelecerem “um prazo limite para os bancos transferirem a pres-tação de serviços e actividades de investimento em valores mobiliá-rios e instrumentos derivados para as instituições financeiras não ban-cárias ligadas ao mercado de capi-tais e ao investimento”.

A informação foi avançada, esta terça-feira, pelo governador do BN Angola, José de Lima Massano, quando discursava no Workshop sobre as empresas no mercado de valores mobiliários. “É nossa expec-tativa que o processo de transfe-rência esteja concluído ainda no primeiro semestre de 2022, sendo mais um passo para a dinamiza-ção de tão importante mercado”, garantiu.

Bancos deixam

de negociar valores

mobiliários

O

NO I TRIMESTRE DE 2022

Na ocasião, José Massano defende que “a existência de um mercado primário de valores mobiliários activo, que possa servir de fonte de financiamento das empresas” faci-lita o desenvolvimento e crescimen-tos destas. “Todavia, o mercado de valores mobiliários só será eficiente e capaz de responder às necessida-des de financiamento das empresas se os investidores puderem dispor de um mercado secundário líquido, transparente e eficiente”, observa. O governador do BNA estima que, nos últimos 12 meses, os títulos e valores mobiliários representaram cerca de 33,63% do crédito cedido pela banca, “sendo a rubrica de maior expressão no activo da banca, mas representada exclusivamente por emissões do Tesouro Nacional”. No mesmo período, segundo ainda José Massano, a concessão de cré-dito pela banca comercial registou um crescimento de 8,4%, passando a representar um peso de 17% do activo da banca comercial.

José de Lima Massano,

(13)

13

Valor Económico Terça-Feira 7 de Setembro 2021

A SOCIEDADE Mineira de Catoca descarta

a presença de metais pesados na água dos rios afectados pelo vazamento de polpa da bacia de rejeitados em consequência do incidente no seu sistema de drenagem de rejeitados.

epois de uma queda de 10% para os 1,9 mil m i l h õ e s d e k wa n z a s em 2020, as previ-sões de recei-tas da GásTem, para este ano, são “mais sombrias”, segundo o director comercial da empresa, Amaro Servente, que aponta o recuo de 80% nas vendas a gra-nel como a principal causa da esperada quebra, além das ven-das de botijas que recuaram 20%. O desempenho negativo projectado é imputado direc-tamente à pandemia, fenómeno que ditou o encerramento de várias indústrias (principais

Vendas a granel da

GásTem recuam 80%

D

INDÚSTRIA.

Pandemia tornou mais complicada a sobrevivência da empresa de

enchimento de gás butano. Gestor comercial da GásTem defende alteração nos preços

ou aumento da subvenção estatal de 30 para 60%.

Por Guilherme Francisco

SEGMENTO DAS BOTIJAS TAMBÉM NO ‘VERMELHO’

poder pagar o frete ou com-prar mais transportes”. A alter-nativa, explica Servente, seria um aumento da subvenção dos actuais 30% para os 60%. “Seria fundamental”, insiste.

Nas contas da empresa, o cenário de perdas contribui para a desaceleração do inves-timento que se arrasta desde a retirada da isenção de impos-tos. O único investimento feito até então é a compra de botijas que, por sua vez, chega ao con-sumidor final ao preço de 30 mil kwanzas. A isto juntam-se os “avultados pagamentos” (de 1 milhão de kwanzas) no alu-guer de camiões para levar gás à região leste do país, uma vez que parte dos meios próprios se encontra avariada. Face ao “péssimo estado das estradas”, o frete demora entre uma e duas semanas, o que está a precipi-tar subidas no preço do aluguer. preço actual do gás é de 1.200

kwanzas para o consumidor final, conforme decretado em 2015. “Houve variação cambial, o preço do gás não acompanhou e, em função disso, somos obri-gados a vender com os mesmos preços. A única variável que nos está a movimentar é a quanti-tativa, quanto mais você con-segue vender, mais concon-segue sobreviver”, explica Servente, acrescentando que, apesar das reclamações dos operadores, o Governo se recusa a cumprir a lei, pelo facto de o preço real estar à volta de mais de 3 mil kwanzas.

O preço real está, ainda assim, muito acima da pro-posta de aumento de GásTem. Para a empresa, um acréscimo de 50% para os 1.800 kwanzas já seria suficiente para “sobre-viver melhor”, já que “o agente consegue ter margem maior para clientes da empresa) e que levou

também a que cerca de 66% dos agentes revendedores da Gás-Tem colocassem fim à activi-dade comercial.

Resultados consolidados de Julho deste ano situam os cus-tos em 102 milhões de kwanzas, números que, segundo o director comercial, são muito próximos das vendas do período. “Com a mesma facturação do ano pas-sado, não vamos sobreviver”, avisa, defendendo a “autoriza-ção imediata “para o aumento de preços. “Com o agravamento da pandemia, ficamos afectados, nós trabalhamos com preços fixos, seja para nós empresas e agentes, todos custos elevaram--se, principalmente de transpor-tes”, argumenta.

Lembrando que a lei deter-mina alterações de preços na ocorrência de variação cambial, Amaro Servente observa que o

Está marcada, para esta semana, a abertura do con-curso público internacio-nal de subconcessão para a exploração e gestão das infra-estruturas de trans-porte nacional metropoli-tana da Angola Telecom.

O Valor Económico apurou que os interessa-dos, entre outras obrigações, devem pagar 50 mil dóla-res pela obtenção das peças do procedimento concursal. E devem submeter as pro-postas num prazo de 60 dias que, segundo consta, deve ser a 10 de Novembro. Os candidatos deverão ainda depositar uma caução, equi-valente a 5% do valor do investimento da proposta adjudicada.

A decisão do Governo de avançar com um concurso internacional foi anunciada em Junho deste ano atra-vés de um despacho presi-dencial, dando conta que o objectivo é “captar o ‘know how’ do sector privado para a gestão e exploração da infra-estrutura”.

O documento salientava ainda “a necessidade de ali-nhamento da estratégia do Executivo em dinamizar e rentabilizar o Sector Empre-sarial Público”.

Telecom lança

concurso

para gestão

das

infra--estruturas

ESTA SEMANA

O único investimento

feito até então é a compra de botijas que, por sua vez, chega ao consumidor final ao preço de 30 mil kwanzas.

(14)

DE JURE

Acordo reforça

direitos de

emigrantes

residentes

s provedorias de Justiça de Angola e Cabo Verde rubri-caram, esta terça-feira, um acordo de coo-peração, que prevê a partilha de

conhecimentos, formação, faci-litação e apoio no tratamento de

queixas nos dois Estados. O acordo, celebrado via Zoom, pelos provedores de

Jus-tiça de Angola e Cabo Verde, designadamente Florbela Rocha Araújo e José Carlos Delegado, prevê ainda a promoção de

publi-cações científicas conjuntas e a troca de experiências para uma melhor defesa dos direitos,

liber-dades e garantias dos cidadãos. Com a assinatura deste acordo, a provedora de Justiça de Angola acredita que as duas

A

ANGOLA E CABO VERDE

no tratamento de queixas dos nacionais do outro Estado, à troca de informações, visitas de trabalho recíprocas. Já para o provedor de Justiça de Cabo Verde, a assinatura do acordo justifica-se não só pela existência de laços históricos e de amizade entre os dois

paí-ses, mas pela necessidade do reforço das relações institui-ções, "de forma a podermos ter

um mecanismo de conjugação de esforços no quadro das

nos-sas atribuições". José Carlos Delegado elucida que o provedor de Justiça é uma entidade pública independente que tem por objecto a defesa dos direitos, liberdades e garantias dos cidadãos, assegurando,

atra-vés de meios informais, a justiça e a legalidade da actividade da Administração Pública. instituições ficam “mais

for-tes e motivadas” pela vontade de desenvolverem acções para

res-ponder às preocupações dos cidadãos com base nos princí-pios da celeridade, informalidade

e defesa da dignidade da pessoa humana. Para Florbela Araújo, é “fundamental” fortalecer as condições de partilha de

conhe-cimentos, de boas práticas e de troca de experiências, bem como facilitar o acesso dos emigrantes residentes aos serviços da Prove-doria de Justiça, quer em Angola, quer em Cabo Verde. A provedora defende ser necessário desenvolver uma estratégia internacional activa e concertada entre as duas insti-tuições, consoante as necessida-des sentidas em cada momento

concreto, indo desde o apoio

Sindicato dos Ofi-ciais de Justiça de Angola (Soja) ameaça avançar com uma “parali-sação total” no dia 13 deste mês (próxima segunda--feira) caso as propostas apresentadas não satisfaçam o sindicato.

O início da greve, cuja primeira fase iria de 6 a 10 deste mês, abrangendo os tribunais de primeira ins-tância, estava previsto para esta segunda-feira (06), em Luanda, mas acabou sus-pensa devido a um pedido do Conselho Superior da Magistratura Judicial (CSMJ).

O secretário-geral,

Joa-quim Teixeira, avançou, em declarações à Essencial, que só não cruzaram os braços por causa da solicitação de uma carta em que o CSMJ convocava o Soja para um encontro para esta semana com vista a negociações.

Segundo Francisco Tei-xeira, em causa está a rei-vindicação de melhoria das condições de traba-lho, revisão do regulamento do estatuto remuneratório, ingresso e promoção, sub-sídios em falta e seguro de saúde para os oficiais de justiça.

O Soja deu entrada do caderno reivindicativo ao CSMJ em Abril deste ano, tendo sido atendida, no entanto, apenas uma das nove reclamações apresen-tadas.

Oficiais de

justiça ameaçam

“paralisação

total” no dia 13

EM CASO DE INCUMPRIMENTO

O

(15)

15

Valor Económico

Gestão

Terça-Feira 7 de Setembro 2021

Do domínio soviético à

ascensão chinesa

1981

1991

2001

2011

2021

Mundo industrial

a vermelho

Guerra fria em

patentes

A vez do Japão

Ascensão

asiática

Império

chinês

A luta titânica entre a União Soviética e os EUA atinge o auge na inovação, em especial, no desenvolvimento tecnoló-gico e informático e no fabrico de armas. O domínio soviético é firme e ainda vive da glória da exploração do espaço. A URSS lidera o número de patentes, dei-xando, à distância, o rival EUA. Mas, pelo meio, emerge uma potência a ameaçar as hegemo-nias industriais: o Japão.

A guerra fria, que marcou a diplomacia e as relações interna-cionais no mundo, já tinha atin-gido o pico na década anterior. No início dos anos 1990, começa a reviravolta. No entanto, a URSS, mesmo perto do fim, con-segue dominar a emissão de patentes, mantendo, à distância, o rival EUA.

O fim da URSS, em 1991, e a uni-ficação da Alemanha alteram os equilíbrios mundiais. As inven-ções soviéticas são distribuídas pelos novos países que resulta-ram da URSS. A Alemanha soma as criações do mundo ociden-tal com os alemães do Leste que já se destacam, no armamento, na maquinaria, nos automóveis e no material médico. Com as mudanças nestes países, surge a oportunidade do Japão, muito por força das tecnologias infor-máticas, de começar a dominar a emissão de patentes.

Automóveis, computadores e electrodomésticos, 'smartphones' e 'tablets', televisões e aparelhos de utilização médica colocam o Japão no topo do registo de ino-vações. Como na década ante-rior, consolida-se o domínio asiático com o forte crescimento da China, que viria a ser maior nos anos seguintes. O número de patentes emitidas dispara.

A China registou, em média anual, mais de 60 mil patentes industriais, na última década. Não admira que lidere, desde os finais de 2016, o ranking do número de patentes. Ultrapassa o Japão e mantém, em considerá-vel distância, os EUA. Como na década anterior, o domínio asiá-tico é constante.

PATENTES.

Até ao seu fim, enquanto país, a União Soviética (URSS) dominou a emissão do número de patentes

industriais e de inovação. EUA e Japão nunca largaram o topo da lista. China, há mais de duas décadas, mostra

o seu poder e a influência asiática é reforçada pela Coreia do Sul. Inovação e criação da propriedade industrial fazem

da Ásia a maior potência mundial. Este quadro mostra o número de patentes registadas, por cada um dos países, no mês

de Março, de 1981, 1991, 2001, 2011 e 2021.

Por Emídio Fernando

NÚMERO DE PATENTES INDUSTRIAIS

URSS

Japão

EUA

Alemanha Ocidental

França

94.146

39.440

38.114

8.911

8.026

URSS

EUA

Japão

Alemanha Ocidental

França

66.511

48.200

46.333

8.997

7.859

Japão

EUA

Alemanha

Coreia do Sul

França

187.313

137.291

47.721

29.190

23.841

Japão

EUA

China

Coreia do Sul

Alemanha

289.965

182.834

90.643

79.978

71.039

China

EUA

Japão

Coreia do Sul

Alemanha

468.582

368.841

334.443

161.603

123.819

(16)

(In)formalizando

Os empreendedores que dão os primeiros passos ou tenham simplesmente ideia de negócios sem quaisquer condições financeiras de os materiali-zar passarão a integrar a plataforma denominada “O Empreendedor”.

Segundo o seu mentor, Matias Daniel, a plataforma serve de cone-xão entre pequenos empreendedores e potenciais investidores, desde que o negócio ou ideia esteja registada e publicada na referida plata-forma. Daniel explica que a intenção é dar resposta às dificuldades dos empreendedores no acesso a investimentos privados para que consigam escalar. E acrescenta que, antes da divulgação, todos recebem ajuda de profissionais a nível de organização do projecto ou negócio.

“O mercado é fechado quanto a investimentos para pequenos negó-cios. Mas temos muitos jovens com boas ideias e projectos, há quem não consiga investimentos por questões organizacionais para atrair inves-tidores”, repara.

A ser lançada a 24 deste mês, ‘O Empreendedor’ congregará empreen-dedores de diversos sectores e zonas do país, sem qualquer discriminação pelo modelo de negócio que só será analisado pelos potenciais investi-dores em caso de interesse. “A ideia é tirar o negócio do informal para o formal com apoio dos investidores”, sublinha Daniel.

Mais de 10 cooperativas agríco-las de ex-militares dos municí-pios no Huambo beneficiaram de tractores com respectivas alfaias do programa de apoio às famí-lias, fomento à produção local e diversificação da economia.

O projecto é financiado pelo Fundo de Apoio ao Desenvolvi-mento Agrário (Fada), sendo que os beneficiários têm um ano para reembolsar o valor com uma taxa de juro de 3% do valor global.

Segundo a governadora do Huambo, Lotti Nolika, a entrega teve início em Dezembro do

ano passado no município do Cachiungo, e já beneficiou 39 cooperativas agrícolas legali-zadas, igual número de tracto-res com tracto-respectivas alfaias, de ex-militares, órfãos e viúvas de guerra das zonas abrangidas.

Além dos tractores, as coopera-tivas agrícolas receberam também créditos de campanha no valor de 10 milhões de kwanzas cada uma.

Enquanto isso, em Viana, Luanda, a administração local procedeu a entrega de aves e suí-nos a mais de 250 famílias vulne-ráveis e camponeses da comuna

de Calumbo, no quadro Programa Integrado de Desenvolvimento Local e Combate à Pobreza.

“O principal objectivo é que estas famílias possam ter rendas para sustentar as suas necessidades”, explicou Rogério Neves, director municipal da Agricultura, Pecuá-ria e Pesca.

Igualmente, o responsável salienta que foram entregues ração animal para um período de um mês para que “os beneficiários criem os animais, até começarem a multi-plicar-se em grande número, para depois passarem a ser vendidos.”

O preço da corrida do táxi, na Lunda Sul, aumentou 100% nos últimos dias, passando de 200 para 400 kwanzas com os taxis-tas a justificarem a decisão com a escassez de combustível nos pos-tos de abastecimento da região. Segundo reportagem da Angop,

Plataforma

aproxima

empreendedores

e investidores

Cooperativas agrícolas

recebem tractores e crédito

Preço de táxi aumenta 100%

‘O EMPREENDEDOR’

NO HUAMBO

LUNDA SUL

apenas um dos 12 postos de abaste-cimento da província tem gasolina e, sequencialmente, regista-se uma redução considerável do número de carros em circulação.

Taxistas e mototaxistas jus-tificam ainda a subida do preço da passagem com o argumento

Matias Daniel,

mentor da plataforma

de que estão a comprar o com-bustível no mercado informal e a preços especulativos. Exem-plificam que um litro de gaso-lina está a ser comercializado no mercado informal a 800 Kwan-zas e 20 litros de gasóleo a 7 e ou 8 mil Kwanzas.

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Segunda-feira 28 de Maio 2018 Valor Económico

96.1 fm

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