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QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE TRIGO TRATADAS PARA CONTROLE DE PRAGAS DE ARMAZENAMENTO

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Tratamento com inseticida e qualidade fisiológica destas sementes

QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE TRIGO TRATADAS PARA CONTROLE DE PRAGAS DE

ARMAZENAMENTO

Cairo Cezar Ferreira1 Francisco Amaral Villela²

Aline Klug Radke³ Luís Eduardo Panozzo4

O trigo (Triticum aestivum L.), pertencente à família Poaceae, é cultivado em todos os continentes, e seu consumo aumenta anualmente no Brasil e no mundo (Corrêa, 2015). O cultivo de trigo contribui para a viabilização econômica da propriedade produtora de milho e soja auxiliando na melhoria do solo pela da incorporação de restos culturais.

O trigo está presente na alimentação humana há cerca de 10 mil anos. Da região da Mesopotâmia, distribuiu-se pelo mundo. Na Europa, o cultivo do trigo expandiu-se nas regiões mais frias, como Rússia e Polônia. Pelas mãos dos europeus, no século XV, alcançou as Américas. No Brasil, chegou em 1534, trazido por Martim Afonso de Souza, porém só a partir da década de 1940, as áreas de cultivo de trigo começaram a se expandir no Rio Grande do Sul e no Paraná, que se transformou no principal Estado produtor no Brasil (ABITRIGO, 2012).

Pesquisas na área de sementes permitiram aumentar a área cultivada e o rendimento da cultura de trigo. Atualmente, a produção de trigo no Brasil se encontra nas regiões Centro- oeste, Sudeste e Sul. O Rio Grande do Sul produziu 1,5 milhões de toneladas na safra 2014/15, ocupando a segunda colocação

1 Eng. Agr., Mestre Profissional em C&T de Sementes, PPG em C&T de Sementes, D.Ft./FAEM/UFPel.

² Eng. Agr., Dr. Professor do PPG em C&T de Sementes, D.Ft./FAEM/UFPel. E- mail francisco.villela@ufpel.edu.br

³ Eng. Agr., Doutoranda do PPG em C&T de Sementes, D.Ft./FAEM/UFPel.

4 Eng. Agr., Dr. Professor do PPG em C&T de Sementes, D.Ft./FAEM/UFPel.

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dos estados maiores produtores desse cereal (CONAB, 2015).

Nesse contexto, há necessidade da adoção de práticas culturais para preservar a qualidade das sementes, sendo o tratamento de sementes pós colheita uma das etapas importantes para um bom armazenamento.

O trigo semeado na região meridional do Brasil (Norte e Oeste do Paraná, Sul e Sudoeste de São Paulo e Mato Grosso do Sul) tem apresentado problemas de qualidade de sementes, especialmente em razão de ocorrência de chuvas no período de pré-colheita e de danos mecânicos causados na colheita, secagem e armazenamento (OHLSON et al., 2010).

A obtenção de sementes de alta qualidade somente acontece se há manejo adequado durante sua produção, colheita, beneficiamento, armazenamento e transporte. O armazenamento dos lotes de sementes deve ser criterioso.

Semente de qualidade superior pode ser chamada aquela que após o período de armazenamento ainda manterá sua capacidade de gerar uma plântula normal, mesmo em ambientes desfavoráveis (CORRÊA, 2015).

Pós-colheita, pragas de armazenamento e tratamento de sementes

A pós-colheita de sementes e grãos é um processo dinâmico que demanda conhecimentos específicos, assim como tecnologia especializada e cuidados constantes. Entre esses cuidados, está a preocupação com a infestação causada por insetos pragas de produtos armazenados (LIMA JÚNIOR, 2012).

O armazenamento de sementes de trigo ocorre no verão, recebendo interferência de fatores como temperatura, umidade relativa do ar e insetos-pragas de armazenamento (OHLSON et al., 2010). Dentre os insetos-pragas de armazenamento, em especial Sitophilus zeamais, S. oryzae, Rhyzopertha dominica, Ephestia kuehniella e Ephestia elutella podem ser responsáveis

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Tratamento com inseticida e qualidade fisiológica destas sementes

pela deterioração física, fisiológica e sanitária do lote de sementes no armazenamento (LORINI, 2008).

O conhecimento dos hábitos alimentares de cada inseto- praga constitui fator importante para definir o manejo a ser aplicado durante o período de armazenamento. Segundo esse hábito, os insetos-pragas podem ser classificados em primários ou secundários.

Os insetos-pragas primários atacam sementes e grãos inteiros e sadios e dependendo da parte que atacam podem ser denominados insetos-pragas primários internos ou externos. Os primários internos perfuram as sementes e nestas penetram para completar seu desenvolvimento. Alimentam-se de todo o tecido de reserva da semente e possibilitam a instalação de outros agentes de deterioração. Exemplos desses insetos-pragas são as espécies Rhyzopertha dominica, Sitophilus oryzae e Sitophilus zeamais. Os insetos-pragas primários externos destroem a parte exterior da semente (cobertura protetora) e, posteriormente, alimentam-se da parte interna sem, no entanto, se desenvolverem no interior. Há destruição da semente apenas para fins de alimentação. Como exemplo cita-se a Plodia interpunctella (LORINI, 2008).

Os insetos-pragas secundários não conseguem atacar sementes e grãos inteiros, pois dependem que estes estejam danificados ou quebrados para que possam alimentar-se. Esses insetos-pragas encontram-se nas sementes trincadas, quebradas ou mesmo danificadas por insetos-pragas primários e, geralmente, ocorrem desde o período de recebimento até o de beneficiamento dos lotes de sementes. Multiplicam-se rapidamente e causam prejuízos elevados. Como exemplos citam-se as espécies Cryptolestes ferrugineus, Oryzaephilus surinamensis e Tribolium castaneum (LORINI, 2008).

A descrição, a biologia e os danos de cada inseto-praga devem ser conhecidos, para que seja adotada a melhor estratégia para evitar os respectivos prejuízos, Lorini et al (2009) destaca que existem dois principais grupos de insetos-pragas que atacam as sementes de trigo armazenadas, besouros e

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traças. Entre os besouros encontram-se as espécies: R.

dominica, Sitophilus oryzae, S. zeamais. As espécies de traças mais importantes são Sitotroga cerealella, Ephestia kuehniella e Ephestia elutella. Entre esses insetos-pragas, R. dominica, S.

oryzae e S. zeamais ( gorgulho do cereais) são os mais preocupantes economicamente e justificam a maior parte do controle químico praticado nos armazéns de sementes.

Os insetos-pragas que comumente infestam unidades de beneficiamento de sementes precisam ser controlados para evitar os prejuízos à qualidade e à comercialização das sementes. Para isto, é necessário medidas de controle como a limpeza das instalações, assim como a limpeza e secagem das sementes para evitar o ataque de insetos-pragas (Lorini, 2008;

Lorini et al. 2009).

Os insetos-pragas de armazenamento são limitadores da conservação de sementes de trigo, pois danificam o produto dificultando ou inviabilizando sua utilização, causando perdas qualitativas e quantitativas. As sementes requerem o uso de medidas preventivas, caso não estejam infestadas e curativas se infestadas por insetos-pragas, para garantir a preservação da qualidade fisiológica e sanitária durante o período de armazenamento.

Dependendo das condições ambientais em que as sementes são armazenadas, especialmente trigo, pode ocorrer incremento da incidência de insetos-pragas, o que exige a adoção de medidas preventivas e corretivas de controle de insetos-pragas para evitar ou minimizar danos causados às sementes armazenadas. Dentre estas medidas o expurgo, o tratamento de sementes com inseticidas e o uso de terra de diatomáceas, podem constituir-se em técnicas eficientes no controle de insetos-pragas durante o armazenamento de sementes de trigo.

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Tratamento com inseticida e qualidade fisiológica destas sementes

Sementes de trigo, tratamentos preventivos e curativos

Para evitar o desenvolvimento ou eliminar insetos-pragas presentes na massa de grãos e sementes, torna-se necessária a adoção de medidas de controle que podem ser preventivas ou curativas.

O controle químico de insetos-pragas de grãos armazenados é realizado, normalmente, com inseticidas protetores, que apesar de eficazes podem causar intoxicações aos aplicadores, presença de resíduos tóxicos nos grãos e o desenvolvimento de populações de insetos-pragas resistentes (BENHALIMA et al., 2004). Detalhes sobre os inseticidas recomendados, como doses, nomes comerciais, intervalo de segurança, formulações, classe toxicológica e empresa registrante, podem ser buscados no trabalho de LORINI et al.

(2009), apresentados na Tabela 1.

Um dos problemas que tem aumentado no Brasil refere-se à resistência de pragas ao pequeno número de inseticidas registrados no país. Já foram detectadas raças resistentes aos inseticidas químicos utilizados para controle. Torna-se, portanto, urgente a necessidade de se fazer o manejo integrado de pragas, para que se possa preservar estes inseticidas por maior tempo, devido à dificuldade de substituição (LORINI, 2008).

Para o controle preventivo, dentre os pós-inertes, os mais utilizados para o controle de insetos-pragas são as argilas e areias, terra de diatomáceas, sílica aerogel (silicato de sódio) e não derivados de sílica (rochas fosfatadas) (KLJAJIC et al., 2009). Dentre estes, a terra de diatomáceas destaca-se no controle prevde insetos-pragas de grãos e sementes armazenadas (LORINI et al., 2009).

A terra de diatomáceas é obtida de depósitos de carapaças de algas diatomáceas oriundas da era Cenozóica, constituídas predominantemente de sílica amorfa (dióxido de sílica). Existem aproximadamente 250 gêneros e 8.000 espécies de algas diatomáceas, cujas carapaças ricas em sílica foram

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sendo depositadas há mais ou menos 20 a 80 milhões de anos no fundo dos oceanos e lagos, formando camadas que podem ter de poucos centímetros a centenas de metros. As camadas depositadas principalmente em águas marinhas são extraídas e trituradas formando um pó fino, semelhante a talco, que é utilizado no controle de insetos-pragas (SUBRAMANYAM e ROESLI, 2000).

Conforme Fontes et al. (2010), o valor da diatomita e seu largo uso são determinados pelas suas propriedades como a forma de partículas, granulometria e composição química. Os insetos- pragas morrem devido ao modo de ação da terra diatomácea, que se dá pela desidratação ou dessecação, uma vez que partículas do pó aderem ao corpo dos insetos e ocorre a remoção da cera epicuticular, devido à abrasão no tegumento ou a adsorção. Assim, o inseto perde água excessivamente e morre (KORUNÌC, 1998).

O tratamento curativo deve ser realizado somente se houver a infestação de insetos-pragas, através de expurgos com fosfina, cujos efeitos na qualidade fisiológica das sementes ainda não estão totalmente elucidados (BRIDI et al., 2010).

Para que o expurgo seja eficaz na mortalidade de todas as fases de vida dos insetos-pragas de sementes armazenadas é necessária uma concentração mínima de 400 mg.dm-3 de fosfina, por período mínimo de 120 horas (DAGLISH et al., 2002). A liberação da fosfina proveniente da formulação comercial em pastilhas, única com registro no país, é dependente da temperatura e umidade relativa do ar no local de aplicação.

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Tratamento com inseticida e qualidade fisiológica destas sementes

TABELA 1 - Inseticidas indicados para tratamento preventivo e/ou curativo de insetos- pragas de sementes armazenadas. LORINI et al. (2009). NomeDose (i.a.)Nome comercialDose comercia/tFormulação¹ Concentração (g i.a./l,kg)Intervalo de Segurança²CT ³Registrante Fosfina*

2,0 g/m³Gastoxin6 gPF5704 diasI Bernardo Química 2,0 g/m³Phostek6 gPF5704 diasI Bernardo Química 2,0 g/m³Gastoxin B-576 gPF5704 diasI Bernardo Química 2,0 g/m³Degesch Aluphos6 gPF5604 diasI Degesch do Brasil 2,0 g/m³DegeschFumicel6 gPF5604 diasI Degesch do Brasil 2,0 g/m3Phostoxin6 gPF5604 diasI Detia Degesch 2,0 g/m3Fertox6 gPF5604 diasI Fersol 2,0 g/m3Fermag6 gPF6604 diasI Fersol Terra de diatomácea

0,9-1,7kg/tInsecto1-2 kg/t867-IVBernardo Química 0,9-1,7kg/tKeepdry1-2 kg/t860-IVIrrigação Dias Cruz Deltamethrin0,35-0,5 mg/dcm-3K-Obiol14-20 mlCE2530 diasIII Bayer Bifenthrin0,4 mg/dcm-3ProStore16 mlCE2530 diasIII FMC Bifenthrin0,4 mg/dcm-3Starion16 mlCE2530 diasIII FMC Fenitrothion5,0-10,0 mg/dcm-3Sumigran10-20 mlCE500120 diasIIIharabras Pirimiphos- methyl4,0-8,0 mg/dcm-3Actellic8-16 mlCE50030 dias!!Syngenta

¹ C

E = Concentrado emulsionável; PF = Pastilha fumigante; = seco.

² P eodo entre a última aplicação e o consumo. ³ CT = Classe toxicológica. *O peodo de exposão da fosfina é de, no mínimo, 168 horas, dependendo da temperatura e da umidade relativa do ar no armazém.

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Quanto maior a temperatura e umidade relativa do ar, mais rapidamente a concentração mínima necessária é atingida.

Assim, a taxa de liberação do gás fosfina proveniente das pastilhas fumigantes, determinarão o tempo necessário de duração do expurgo para a mortalidade total dos insetos-pragas, uma vez que a exigência anterior seja atendida (LORINI et al., 2011). A distribuição do gás deve ser uniforme em todos os pontos da massa de sementes a serem tratadas, controlando assim todos os insetos-pragas, nas suas diferentes formas do ciclo de vida (LORINI et al., 2002).

A hermeticidade do local a ser expurgado, no caso lotes de sementes, deve ser considerada para que se consiga esta concentração pelo tempo necessário para garantir a eficácia do processo (LORINI et al., 2009).

Sumarizando os métodos de controle de insetos-pragas de sementes armazenadas, verifica-se a necessidade e o uso adequado dos inseticidas registrados para controle dos insetos- pragas (Tabela 1).

Desta forma o presente trabalho teve como o propósito de determinar o efeito dos tratamentos inseticidas, aplicados para controle de insetos-pragas durante o armazenamento, na qualidade fisiológica das sementes de trigo.

Avaliação da qualidade fisiológica após tratamento O experimento foi conduzido na Unidade de Beneficiamento de Sementes (UBS) da Embrapa Produtos e Mercado do Escritório de Londrina, em casa de vegetação e no laboratório de Análise de Sementes da Embrapa Soja, localizados no município de Londrina, PR. O período de duração do trabalho foi de setembro de 2010 a agosto de 2011.

As sementes, colhidas em setembro de 2010, com umidade média de 13%, foram pré-limpas e armazenadas em silos ventiláveis até serem beneficiadas e tratadas em dezembro de 2010.

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Tratamento com inseticida e qualidade fisiológica destas sementes

Após o beneficiamento, foram segregados quatro lotes de sementes de trigo, cultivar BRS 210, produzidos na safra 2010/2010 e aplicados os tratamentos inseticidas em três, cada um com 1.850 kg, acondicionados em sacaria de papel multifoliado com capacidade para 25 kg, deixando o quarto lote, de 25 kg, como testemunha sem aplicação de inseticida.

Os tratamentos consistiram em:

a) Expurgo com fosfina na dose de 2,0 g de i.a. .m-3 (2 pastilhas de 3 g cada de Fertox.m-3). Depois de beneficiadas e ensacadas, as sementes foram cobertas com lona de expurgo e colocados pesos do tipo “cobras de areia” ao redor do lote garantindo a hermeticidade. As pastilhas foram colocadas em caixinhas medindo 10x10x10 cm nos dois lados do lote, no piso do armazém. Durante o expurgo de 216 horas foi monitorada a concentração do gás fosfina, diariamente, medindo a quantidade de gás liberado pelas pastilhas fumigantes. Para medição foi usado o medidor de concentração Silo Chek, cuja leitura máxima é de 2.000 mg.dcm-3.

b) Tratamento químico líquido aplicado logo após o beneficiamento das sementes, usando pirimiphos-methyl a 6 g de i.a. .t-1 (12 mL de Actellic 500 EC.t-1) + bifenthrin a 0,4 g de i.a. .t-1 (16 mL de ProStore 25 CE.t-1). Para aplicação dos inseticidas nas sementes foi usado o tratador modelo Grazmec, de modo que as sementes receberam a calda inseticida, no volume de 2,0 l.t-1, à medida que eram homogeneizadas no tratador e, posteriormente, embaladas em sacarias valvuladas de papel multifoliado e formados os blocos;

c) Pó inerte aplicado logo após o beneficiamento das sementes, usando terra de diatomáceas a 860 g.i.a. .t-1 (Keepdry a 1000 g.t-1). Para aplicação da terra de diatomáceas nas sementes foi usado o tratador modelo Grazmec, de forma que as sementes receberam o pó inerte dentro de um duto com helicóide, na quantidade de 1000 g de Keepdry.t-1 de sementes.

Depois de homogeneizadas no tratador foram embaladas em sacarias valvuladas de papel multifoliado e formados os blocos.

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Após o tratamento e a formação dos blocos, as sementes foram armazenadas sob condições ambientais não controladas de temperatura e umidade relativa do ar, por um período de seis meses, de dezembro de 2010 a julho de 2011.

Foi monitorada a presença de insetos-pragas de sementes armazenadas, através da ficha de monitoramento de pragas, realizada quinzenalmente durante todo o período experimental.

Nos lotes de sementes tratados com inseticidas, as amostras foram retiradas mensalmente no período de janeiro a julho de 2011. Todavia, no lote testemunha, as amostras foram retiradas mensalmente no período de janeiro a abril de 2011, uma vez que o lote encontrava-se com elevada infestação por insetos-pragas, correndo- se o risco de contaminação de toda a UBS e, por isto, foi descartado.

Para avaliação da germinação, emergência e vigor (envelhecimento acelerado), mensalmente foram coletadas amostras nos quatro lotes de sementes e levadas ao Laboratório de Análise de Sementes e à casa de vegetação. As amostras de cada lote de sementes foram provenientes de 15 subamostras, retiradas com calador simples, formando uma amostra representativa do lote.

As amostras de sementes foram submetidas às seguintes avaliações:

Germinação – foram utilizados rolos de papel, com quatro subamostras de 50 sementes cada, semeadas em papel Germitest umedecidas com quantidade de água, equivalente a duas vezes e meia a massa do substrato seco, e colocadas em germinador a 20°C. As avaliações foram realizadas conforme as Regras para Análise de Sementes (BRASIL, 2009) e os resultados expressos em porcentagem de plântulas normais.

Emergência de plântulas em casa de vegetação − foram semeadas quatro subamostras de 50 sementes, em caixas plásticas contendo areia lavada e esterilizada. Foram efetuadas irrigações periódicas e as avaliações, realizadas após 21 dias da semeadura, por meio de contagem das plântulas emergidas,

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Tratamento com inseticida e qualidade fisiológica destas sementes

sendo os resultados expressos em porcentagem de plântulas emergidas.

Teste de envelhecimento acelerado − conduzido com quatro subamostras de 50 sementes, foi utilizado de caixas plásticas tipo gerbox, com compartimento individual (minicâmaras), contendo 40 mL de água, uma bandeja de tela de alumínio, onde as amostras de sementes foram distribuídas formando uma camada uniforme. As caixas foram mantidas em incubadora por 60 horas a 42ºC. Decorrido o período de envelhecimento, as amostras foram submetidas ao teste de germinação, seguindo metodologia descrita anteriormente, (KRZYZANOWSKI et al., 1999).

Os resultados da medição da concentração de fosfina durante o expurgo das sementes foram representados graficamente e os dados de germinação e vigor (envelhecimento acelerado) foram submetidos à análise de variância. Para análise estatística, os dados foram transformados em raiz quadrada de x+1. Para as análises estatísticas, foi utilizado o software SASM - Agri (CANTERI et al., 2001).

Obtenção de dados

As análises dos resultados mostraram que os tratamentos com inseticidas foram eficazes na prevenção e controle dos insetos-pragas de sementes de trigo, deixando-as isentas de infestação (Tabela 2).

O monitoramento do gás fosfina durante o expurgo demonstrou a manutenção da concentração mínima necessária para eliminar todas as fases de vida dos insetos- pragas, garantindo a eficácia do tratamento (Figura 1). Em menos de 24 h, a concentração da fosfina ultrapassou 1.000 mg.dcm-3 e manteve-se acima desse nível, até sete dias (168 h) após a aplicação (Figura 1). Estes resultados evidenciam o período de ação e a capacidade de difusão da fosfina na pilha e no interior dos sacos de sementes. Além disso, vale destacar o cuidado necessário devido à persistência do produto.

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Tabela 2 – Concentração de fosfina em diferentes partes do lote de sementes de trigo no período de 216 horas - (mg.dcm-3) de fosfina.

Pontos de medição da fosfina* no lote

Concentração de fosfina (mg/dcm-3)/Tempo após a liberação da fosfina (horas)

3 24 48 72 96 120 144 168 192 216 Inferior

esquerda 333 1940 ≥2000 ≥2000 ≥2000 1745 1403 1041 805 653 Superior

esquerda 238 1913 ≥2000 ≥2000 ≥2000 1785 1344 1027 661 660 Inferior direita 339 1880 ≥2000 ≥2000 ≥2000 1708 1322 1018 823 653

Superior direita 340 1894 ≥2000 ≥2000 ≥2000 1720 1321 1022 673 656

Centro 330 1975 ≥2000 ≥2000 ≥2000 1741 1365 1070 678 671

Dentro do saco

de sementes 282 1883 ≥2000 ≥2000 ≥2000 1737 1310 1023 741 595

Média 310 1914 ≥2000 ≥2000 ≥2000 1739 1344 1034 730 648

*Fosfina a 2 g/m3 de PH3( = 6 g/m3 de Fertox = 2 pastilhas por m3)

Figura 1 - Concentração de fosfina (PH3) durante o período de expurgo de sementes de trigo cultivar BRS 210. Embrapa Produtos e Mercado - Escritório de Londrina, 2010.

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Tratamento com inseticida e qualidade fisiológica destas sementes

Os resultados das avaliações de germinação e emergência em casa de vegetação não diferiram entre os tratamentos empregando fosfina, inseticidas líquidos e terra de diatomáceas (Tabela 2), nas sete épocas de avaliação. Todavia, as sementes não submetidas aos tratamentos inseticidas apresentaram germinação nula aos 90 dias e emergência em areia aos 120 dias de armazenamento. Entre março e abril (30 dias) ocorreu uma redução de 40 pontos percentuais na emergência em areia das sementes não tratadas.

Em análise geral, as sementes submetidas aos três tratamentos inseticidas apresentaram ao final de sete meses de armazenamento, em condições ambientais, uma redução média de germinação e emergência de oito pontos percentuais relativamente ao início do período de armazenamento. Esta ocorrência pode ser atribuída às condições ambientais prevalecentes durante o período de armazenamento, que embora favoráveis, sempre há redução de qualidade, conforme destacam Baudet e Villela (2012). Armazenando sementes de trigo, cultivares IAC-24 e IAC-362, durante 12 meses com aplicação trimestral de fosfina com exposição por 120h, Rocha Junior e Usberti (2007) verificaram que a fosfina foi eficiente no controle da infestação por insetos-pragas e a qualidade fisiológica das sementes não tratadas decresceu mais rápida e acentuadamente do que a das sementes expurgadas.

O teste de envelhecimento acelerado (Tabela 2) indicou redução de vigor nas sementes não tratadas a partir do mês de março (90 dias) em relação às sementes tratadas com inseticidas. Esta ocorrência evidencia a redução antecipada de vigor (Tabela 2) relativamente à germinação (Tabela 2), concordando com as afirmações de Marcos Filho (2005). Vale destacar que mesmo as sementes tratadas com inseticidas apresentaram, de maneira geral, redução de vigor a partir de quatro meses de armazenamento.

Pode-se observar que decorridos sete meses após o uso dos tratamentos, o vigor das sementes reduziu drasticamente em comparação ao primeiro mês de armazenamento. O vigor das

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sementes de trigo, avaliado pelo teste de envelhecimento acelerado, apresentou redução de 26 pontos percentuais nas sementes tratadas com fosfina e 20 pontos percentuais nas sementes que receberam terra de diatomáceas, em comparação ao início do período de armazenamento.

Tabela 2 – Germinação, emergência de plântulas em casa de vegetação e envelhecimento acelerado em sementes de trigo submetidas aos tratamentos para controle de insetos-pragas durante o armazenamento. Londrina, PR, 2011.

Tratamentos

Meses

Jan. Fev. Mar. Abr. Mai. Jun. Jul.

Germinação (%)

Testemunha (sem controle) 89 a 94 a 90 a - b - b - b - b Expurgo com fosfina 93 a 93 a 90 a 87 a 94 a 90 a 89 a Tratamento químico 96 a 96 a 96 a 92 a 90 a 92 a 88 a Terra de diatomáceas 91 a 91 a 94 a 90 a 90 a 87 a 85 a CV (%) 2,02 1,74 1,59 2,56 2 2,91 1,88

Emergência (%)

Testemunha (sem controle) 91 a 90 a 89 a 49 b - b - b - b Expurgo com fosfina 94 a 91 a 88 a 89 a 90 a 89 a 86 a Tratamento químico 93 a 92 a 93 a 91 a 88 a 92 a 86 a Terra de diatomáceas 96 a 90 a 91 a 92 a 88 a 88 a 86 a CV(%) 1,38 1,37 1,98 1,61 1,77 2,27 1,35

Envelhecimento acelerado (%) Testemunha (sem controle) 62 a 61 a 50 b - b - b - b - c

Expurgo com fosfina 70 a 64 a 68 a 36 a 43 a 39 a 44 a Tratamento químico 58 a 61 a 68 a 46 a 35 a 33 a 35 b Terra de diatomáceas 56 a 59 a 67 a 38 a 45 a 38 a 36 b CV (%) 4,94 4,7 5,56 11 9,03 13,29 6,07

*Médias seguidas de mesma letra na coluna, não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de significância.

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Tratamento com inseticida e qualidade fisiológica destas sementes

A utilização de 42°C, por 60h, no teste de envelhecimento acelerado permitiu estimar os efeitos de tratamento, a semelhança do verificado por Ohlson et al (2010), ao concluírem que o teste de envelhecimento acelerado, utilizando temperatura de 43⁰C, por 48 h, forneceu informações consistentes que permitiram a diferenciação de lotes de sementes de trigo.

Uma análise geral dos resultados obtidos permite verificar que os tratamentos com fosfina, inseticidas líquidos e terra de diatomáceas permitiram um eficiente controle de insetos-pragas durante os sete meses de armazenamento das sementes de trigo, sob condições ambientais não controladas, mantendo elevada a qualidade fisiológica até o final do período de armazenamento.

Considerações finais

Os tratamentos com inseticidas foram eficazes na prevenção e controle dos insetos-pragas de sementes. O monitoramento do gás fosfina durante o expurgo demonstrou a manutenção da concentração mínima necessária para eliminar todas as fases de vida dos insetos-pragas.

Os inseticidas químicos e a terra de diatomáceas não permitiram o desenvolvimento de insetos-pragas e não afetaram negativamente a qualidade fisiológica das sementes de trigo durante o armazenamento das sementes pelo período de sete meses.

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Referências

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