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SENTENÇA. Juntou aos autos os documentos de f. 18/104.

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Processo: 201302593239

SENTENÇA

1. Trata-se de mandado de segurança com pedido liminar ajuizado por CARLOEME ALVES DE OLIVEIRA em face de ato omissivo do Sr. Diretor ROSOLINDO DE SOUZA VILA REAL NETO da UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOÍAS - Unidade Campos Belos , ambos devidamente qualificados.

2. Sustenta o impetrante que é profissional graduado da área agropecuária e atualmente exerce a função de Policial Civil lotado na Cidade de Campos Belos-GO, com carga horária de 40 (quarenta) horas semanais, sendo das 8:00 às 12:00 horas e de 14:00 às 18:00 horas de segunda a sexta-feira.

3. Salienta que foi realizado Concurso Público da Universidade Estadual de Goiás na unidade de Campos Belos, com vagas para ministrar disciplinas da área de solo e fertilizantes do solo, horticultura e grandes culturas, com carga horária de 20 (vinte) horas, no período noturno, tendo o impetrante participado da seleção.

4. Relata que ficou classificado em 1º (primeiro) lugar no Concurso, garantindo o seu Direito Líquido e certo para preencher a vaga de professor nas matérias na área de sua formação acadêmica.

5. Informa que ao tentar tomar posse do cargo, o impetrante foi surpreendido com a notícia de que não poderia ser admitido pelo simples fato de já ser funcionário público e com isso não poderia acumular funções.

6. Rebateu questões de direito e ao final pugnou pelo deferimento de liminar para determinar à imediata contratação do impetrante a vaga pleiteada a que tem direito e por fim pugnou pela procedência do pedido.

Juntou aos autos os documentos de f. 18/104.

Através da decisão de fl. 109/113 (original fl. 116/118) foi deferida liminar para que o impetrante fosse empossado no cargo pelo qual foi aprovado, ressalvando o direito de acumular com o cargo de agente de policia civil.

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Às informações foram prestadas à fl. 119/127, sendo assinada pelo Diretor Educacional da UNU de Campos Belos. Alega que o cargo de agente de policia civil não pode ser considerado como cargo técnico. Rebateu ainda a impossibilidade do controle judicial do mérito do ato administrativo e a ausência do direito líquido e certo do impetrante. Ao final requereu o acatamento das preliminares e se não fosse o entendimento a improcedência do pedido.

Às fl. 132/140 foi juntada contestação aos autos, sendo rebatidas as mesmas questões alegadas nas informações.

O representante do Ministério Público instado a manifestar (fl. 141/142), pugnou pelo prosseguimento do feito, vez a ausência das causas previstas no art. 82 do Código de Processo Civil.

Às fl. 143/162, foi juntada aos autos informações da interposição de agravo de instrumento acerca da decisão de fl. 109/113.

A decisão do agravo de instrumento foi juntada aos autos à fl. 164/177, sendo negado provimento ao recurso e mantida a decisão recorrida.

É o relatório. Decido.

Trata-se de mandado de segurança que tem como fundamento a análise de eventual irregularidade na cumulação de cargos públicos pela parte impetrante.

A presente ação mandamental foi impetrada em virtude da omissão do Diretor da UEG - Unidade de Campos Belos-GO em dar posse ao impetrante ao cargo público em qual foi classificado em 1º (primeira) lugar, sob a alegação de que o mesmo irá acumular 02 (dois) cargos públicos.

(3)

in verbis:

'Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e, também, ao seguinte:

(...)

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos públicos, exceto, quando houver compatibilidade de horários, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI

(...)

b) a de um cargo de professor com outro técnico ou científico;'

Em relação a compatibilidade de horários, o impetrante demonstrou que exerce o cargo de agente de polícia civil nos horários de 08:00 às 12:00 horas e de 14:00 às 18:00 horas, de segunda a sexta feira. Por outro lado, o impetrante menciona que o cargo pelo qual foi aprovado tem carga horária de 20 (vinte) horas noturnas, fato não negado pela autoridade coatora, sendo compatível os horários.

Quanto à alegação do impetrado de que o cargo de agente de polícia civil não seria de natureza técnica, a Lei estadual n. 16.901/2010 (Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado de Goiás) no seu art. 48., § 2º estabelece que:

'Art. 48: O quadro básico de pessoal efetivo da Polícia Civil é integrado pelos seguintes cargos, como essenciais para o seu funcionamento:

I- Delegado de Polícia; II- Escrivão de Polícia; III- Agente de Polícia. § 1º: Omissis.

§ 2º Os cargos de Escrivão de Polícia e Agente da Polícia, de nível superior, são de natureza técnico- policial.

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expressamente que o cargo de agente de polícia possui natureza técnico policial, sendo suas atribuições de caráter inegavelmente técnico, pois exigem conhecimentos especializados de aplicação de métodos organizados, conforme dispõe o art. 51, da Lei Estadual nº 16.901/2010. Dessarte, resta caracterizada a natureza técnica do mencionado cargo, mostrando-se viável a acumulação deste com o de professor, mormente porque comprovada a compatibilidade de horários

Não compete ao subjetivismo da impetrada decidir se determinado cargo é técnico ou não; essa aferição deve decorrer exclusivamente de lei.

Conforme disciplinado na legislação estadual e na jurisprudência nacional, o cargo público possui natureza técnica quando o servidor nele investido obtém, através de curso oficial, o discernimento técnico necessário para desenvolver a atividade laboral, excluídas as funções burocráticas.

O artigo 28, inciso I, do Decreto nº 6.161/05, que aprova o Regulamento da Secretaria da Segurança Pública e Justiça - SSPJ/GO, dispõe que:

'Art. 28: Compete à Superintendência da Academia Estadual de Segurança Pública:

I- promover o recrutamento, a seleção e a matrícula de candidatos a cursos de formação profissional, para ingresso nos cargos dos quadros de pessoal da Secretaria da Segurança Pública e Justiça, diretamente ou por intermédio de ensino com ela conveniadas.'

O impetrante, na condição de agente da polícia civil, atende plenamente à exigência legal, haja vista que o curso ministrado pela academia de polícia civil possibilita aos alunos que integram o curso de formação de agentes conhecimentos específicos e essenciais para o desempenho da atividade policial.

Neste sentido é o entendimento do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, 'in verbis':

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inciso XVI, 'b', da Constituição da República.(TJGO, MANDADO DE SEGURANCA 421994-76.2012.8.09.0000, Rel. DES. ZACARIAS NEVES COELHO, 2A CAMARA CIVEL, julgado em 28/05/2013, DJe 1320 de 12/06/2013)'.

'MANDADO DE SEGURANÇA PREVENTIVO. ACUMULAÇÃO DE CARGOS PÚBLICOS. PROFESSOR E AGENTE DE POLÍCIA CIVIL. CARGO TÉCNICO. COMPATIBILIDADE DE HORÁRIOS. POSSIBILIDADE. I- A Constituição de 1988 introduziu a figura do juízo preventivo geral no ordenamento jurídico brasileiro, em seu artigo 5o, inciso XXXV, dizendo que 'a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito'. II- O Mandado de Segurança é preventivo quando existe uma situação de fato que ensejaria a prática de ato considerado ilegal, tendo o justo receio de que venha ser praticado pela autoridade impetrada, isso porque tende a evitar a lesão ao direito. III- O cargo de Agente de Polícia é definido como técnico pela Lei Orgânica da Polícia Civil do Estado de Goiás (Lei 16.901/2010) em seu artigo 48, § 2º, e, no artigo 51, da referida lei são especificadas as suas atribuições, pelo que demonstram a natureza técnica do cargo. IV- Havendo compatibilidade de horários, é permitida a acumulação remunerada de um cargo de professor com outro técnico, nos termos do art. 37, inc. XVI, letra 'b', da Constituição Federal. V- Demonstrada a natureza técnica do cargo de Agente da Polícia Civil e a compatibilidade de horários, é direito líquido e certo do Impetrante a acumulação com o cargo de professor. SEGURANÇA CONCEDIDA. (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA 407536-59.2009.8.09.0000, Rel. DES. MARIA DAS GRACAS CARNEIRO REQUI, 1A CAMARA CIVEL, julgado em 13/12/2011, DJe 963 de 19/12/2011).'

'MANDADO DE SEGURANCA. ACUMULACAO DE CARGOS PUBLICOS. PROFESSOR E AGENTE DE POLICIA CIVIL. CARGO TECNICO. COMPATIBILIDADE DE HORARIOS. POSSIBILIDADE. I - HAVENDO COMPATIBILIDADE DE HORARIOS, E PERMITIDA A ACUMULACAO REMUNERADA DE UM CARGO DE PROFESSOR COM OUTRO TECNICO OU CIENTIFICO, NOS TERMOS DO ART. 37, INC. XVI, LETRA 'B', DA CONSTITUICAO FEDERAL. II - DEMONSTRADA A NATUREZA TECNICA DO CARGO DE AGENTE DA POLICIA CIVIL, E A COMPATIBILIDADE DE HORARIOS, E DIREITO LIQUIDO E CERTO DO IMPETRANTE A ACUMULACAO COM O CARGO DE PROFESSOR. SEGURANCA CONCEDIDA. (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA 18777-3/101, Rel. DES. ABRAO RODRIGUES FARIA, 5A CAMARA CIVEL, julgado em 08/04/2010, DJe 569 de 03/05/2010)'.

Sobre a alegação da impossibilidade do controle judicial do mérito do ato administrativo, razão não assiste ao impetrado.

É relevante ponderar que o controle do ato administrativo se limita ao aspecto da legalidade, que deve ser feito em sentido amplo, abrangendo as regras constitucionais, incluindo seus respectivos princípios.

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incompatibilidade disciplinadas na Constituição Federal no Art. 37.

A administração é livre para estabelecer as bases do concurso e os critérios de julgamento através do edital, que é a lei do certame, sendo que cabe ao Poder Judiciário averiguar as ilegalidades suscitadas pela parte interessada, o que ocorreu no presente caso, não havendo que se falar em controle judicial ao mérito do ato administrativo.

Ademais, não se trata de ato discricionário da Administração, mas de ato vinculado, pois preenchidos os requisitos previstos na lei para a posse no cargo, esta é obrigatória.

Nesse sentido é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, 'in verbis':

'AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DECLARATÓRIA. CONCURSO PÚBLICO. POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS. REPROVAÇÃO NO TAF. PRELIMINARES AFASTADAS. ABDOMINAL CURL UP. POSSIBILIDADE DE REFAZER NOVO TESTE DE APTIDÃO FÍSICA. PREQUESTIONAMENTO. 1. O agravo de instrumento é um recurso secundum eventum litis e deve se limitar ao exame do acerto ou desacerto do que ficou decidido pelo juiz monocrático, não podendo extrapolar seu âmbito para matéria estranha ao ato judicial atacado, sob pena de supressão de um grau de jurisdição. 2. Não há falar-se na carência de ação pela impossibilidade jurídica do pedido, por não ser possível ao Poder Judiciário exercer o controle dos atos da administração pública, uma vez que este pode averiguar as ilegalidades suscitadas pelas partes, não caracterizando, pois, ingerência do Judiciário, tampouco violação ao mérito administrativo ou ao princípio da separação dos poderes. 3. A concessão ou não da antecipação dos efeitos da tutela jurisdicional está adstrita ao prudente arbítrio e ao livre convencimento do juiz, em estrita observância aos requisitos legais estabelecidos para a espécie (artigo 273 do CPC). 4. Restando devidamente comprovada a verossimilhança das alegações do autor e a existência de fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação, mister a manutenção da decisão que concedeu a tutela antecipada visando autorizar o candidato a realizar novamente o exercício (abdominal curl up), no qual foi reprovado, no concurso público de Soldado de 2ª Classe da Polícia Militar deste Estado. 5. No que tange ao prequestionamento, importante frisar que dentre as funções do Judiciário não se encontra cumulada a de órgão consultivo. Ademais, não é necessária, para o ingresso nas instâncias especiais e extraordinária, pronúncia expressa dos dispositivos levantados pela parte. AGRAVO DE INSTRUMENTO CONHECIDO E DESPROVIDO. (TJGO, AGRAVO DE INSTRUMENTO 300977-39.2013.8.09.0000, Rel. DES. NORIVAL SANTOME, 6A CAMARA CIVEL, julgado em 11/02/2014, DJe 1494 de 27/02/2014).'

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AFASTADA. PREVISÃO EDITALÍCIA ABUSIVA. 1. Não procede a preliminar de carência de ação, vez que não há que se falar em impossibilidade jurídica do pedido ante a vedação do controle do mérito administrativo pelo Poder Judiciário, tampouco em preclusão do direito de impugnar o edital, quando cabe ao Poder Judiciário averiguar o aspecto da legalidade do edital, quanto à sua conformação com o Direito, especificamente com a Constituição, bem como quando é legítimo o exercício do direito da ação mandamental a partir da efetiva produção de efeitos da regra editalícia. 2. Ainda que prevista em edital, a regra que considera inapto candidato com tatuagem revela-se abusiva, na medida em que os critérios aferíveis em concurso público devem guardar correlação com as especificidades da profissão, com o fundamento constitucional do pluralismo e com o princípio da isonomia. SEGURANÇA CONCEDIDA. (TJGO, MANDADO DE SEGURANCA 366060-02.2013.8.09.0000, Rel. DES. CARLOS ESCHER, 4A CAMARA CIVEL, julgado em 06/02/2014, DJe 1485 de 13/02/2014)'.

Assim sendo, CONCEDO a segurança pleiteada para determinar que a autoridade coatora emposse o impetrante no cargo em que foi aprovado, o de professor da Universidade Estadual de Goiás, unidade Campos Belos, na área de Solo de Fertilizantes do Solo, Horticultura e Grandes Cultura, tornando definitiva a liminar deferida à fl. 116/118.

Condeno a Universidade Estadual de Goiás a reembolsar as custas processuais antecipadas pelo impetrante.

Sem honorários advocatícios, nos termos do art. 25 da Lei 12.016/09.

Publique-se. Registre-se. Intimem-se.

Sentença sujeita ao reexame necessário conforme o artigo 14, § 1º, da Lei 12.016 de 2009, razão pela qual determino a remessa dos autos ao Egrégio Tribunal de Justiça de Goiás.

12. Campos Belos/GO, 10 de março de 2014. 13.

DEMÉTRIO MENDES ORNELAS JÚNIOR

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