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Cad. CRH vol.20 número51

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Academic year: 2018

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Paola Cappellin,Christian Az aïs

DOSSIÊ

INTRODUÇÃO

Seguindo uma abordagem comparativa, este dossiê reún e artigos cujo objeto é refletir sobre as recentes transformações, em diversas sociedades contemporâneas que manifestam a força de meca-n ismos de desregu lamemeca-n tação dos mercados de trabalho e do emprego, assim como a desregulação dos regimes de solidariedade e proteção social. Vários países são colocados a confronto: Brasil, Cabo Verde, França, Portugal, Uruguai e, em menor me-dida, os Estados Unidos e a União Européia.

O fenômeno da globalização parece estar su focan do as perspectivas disciplin ares, dificu l-tando a compreensão da noção de espaços nacio-nais, subordinando a dimensão regional dos fenô-menos e valorizando os acontecimentos internaci-on ais. Os artigos apresen tados n este dossiê têm em comum a idéia de manter ativa uma

perspecti-Paola Cappellin

*

Christian A zaïs

**

GLOBALIZAÇÃO E TRABALHO:

perspectiva comparativa entre Norte e Sul

v a d e t e r r i t o r i a l i d a d e d a s m a n i fe s t a ç õ e s , problematizando a atual ênfase que subordina toda e qu alqu er alteração das relações sociais à força reorganizadora da globalização. Esta preocupação de situ ar n os espaços n acion ais territorializados as recentes transformações que atingem as relações de trabalho, as configurações do mercado de traba-lho, as práticas de negociação e de relações indus-triais, e mais ainda as modalidades de desregulação dos sistemas de in serção n o trabalh o, é fru to do in teresses dos pesqu isadores de iden tificar as especificidades desses países. Alguns desses arti-gos ch egam a qu estion ar sobre as diferen tes for-mas de in serção dos in divídu os n estes espaços sociais, e, de outro, mostram a amplitude dos im-pactos da globalização sobre as formas de inserção no mercado de trabalho.

O que reúne os autores é também a ousadia intelectual de buscar nas reflexões cruzadas Sul e Norte os processos que diferenciam e aproximam as sociedades nacionais. Este exercício é possível pelo fato dos autores adotarem como central o con-ceito de sociedade salarial. Este concon-ceito, propos-to por Castel (1995), tem um estatupropos-to diferenciado

* Professor-Dou tor d o Dep artam en to d e Sociologia e d o Program a d e Pós-Grad u ação em Sociologia e An trop olo-gia d a Un iversid ad e Fed eral d o Rio d e Jan eiro. Pesqu isa-d ora CNPq. Largo S. Fran cisco isa-d e Pau la , n . 1 - Rio isa-d e Jan eiro - RJ - Brasil. cap p ellin @u ol.com .br

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da “relação salarial” fordista, própria à Escola da Regulação francesa. Ele refere-se a uma moldagem entre h istória e economia, onde a relação salarial pode assumir configurações diferentes quando se localizam as transformações que comandam as re-lações cada vez mais conflituosas na relação entre o pú blico e o privado, qu an do se redefin em o lu -gar do Estado n este processo.

A an álise da regu lação diferen ciada dos mercados de trabalh o no Sul e no Norte pode ser compreen dida median te o acompan h amen to do grau de desmercantilização/remercantilização da força de trabalho que cada uma das sociedades atin-giu ao lon go de seu desen volvimen to, ou ain da, da solidez/fragilidade/inexistência de suas socie-dades salariais.

O dossiê procurou explorar esta problemá-tica reunindo artigos de autores que compõem uma equipe de pesquisa, com formação multidisciplinar, n a medida em qu e agrega u m cien tista político, economistas e sociólogos.

A ordem de apresen tação dos artigos obe-dece à seguinte lógica: o primeiro texto, de Olivier Girau d , trata d e form a teórica a qu estão d a globalização; o segundo texto, de Liana Carleial e Ch ristian Azaïs aborda, de u m pon to de vista macro, as transformações pelas quais os mercados de trabalho da França e do Brasil, principalmente, estão passando; a partir do terceiro artigo entra-se n u ma an álise cen trada em diversos gru pos soci-ais, os empresários com Paola Cappellin, os sindi-catos com Fran cisco Pu cci e os trabalh adores n a pluma de Cinara Rosenfield.

Olivier Giraud apresenta as várias facetas do con ceito de globalização, lembran do qu e se o conceito não é novo, ele passou a ter feições múl-tiplas que não se limitam à abordagem econômica. Para o autor, a globalização é antes de mais nada um fenômeno sociológico. A globalização é então a transformação do quadro de inscrição do social. Os grupos, as identidades, as organizações, a ação coletiva, o poder, etc. são fen ômen os sociais qu e não se limitam a uma inscrição num espaço social em tensão entre o local – como lugar de emergên-cia - e o n acion al como lu gar de resson ân emergên-cia. Os

diferentes fenômenos sociais abrangidos existem, têm um significado, se conectam, têm conseqüên-cias, se interrelacionam num espaço mais amplo, n u m espaço global. Na maioria dos setores mais difu sos e men os estru tu rados do qu e os espaços nacionais, este espaço global toma profundidade, se nutre, se constrói incessantemente. No esporte, na arte, em vários setores industriais – automóvel-ou dos serviços – os softwares de m anagem ent – e no setor da energia ou da ciência, este espaço glo-bal é de fato altamente estruturado. No âmbito desta leitura peculiar da globalização, o artigo coloca a qu estão das defin ições e dos mecan ismos preci-sos que caracterizam a globalização. Ele indaga prin-cipalmen te a u n iversalidade deste fen ômen o. Os mecanismos que “fazem” a globalização se aplicam de maneira comparável nos países do Norte e nos países do Sul? Como a globalização afeta a distân-cia e as clivagens que separam os países do Norte e do Sul?

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Paola Cappellin,Christian Az aïs

segu n da asserção trata da desregu lamen tação do mercado de trabalho que, ao oposto das idéias vei-culadas pelos economistas liberais, defensores de uma flexibilização de um mercado de trabalho tido como demasiado rígido, é apresentada como con-dição sine qua non para alcan çar o equ ilíbrio n o mercado de trabalho. No entanto, elas não são cri-adoras de empregos. Os exemplos dos Estados Un idos e, em men or medida, de países como a França e o Brasil confirmam tal proposição.

A ru ptu ra en tre emprego/proteção social e diferenciadas modalidades de solidariedade naci-on al são man ifestações qu e têm proporcinaci-on ado a circulação internacional do lema da responsabili-dade social, entendida como recurso retórico em-presarial. Assumindo o interesse de diferenciar a aparen te h omogen eidade deste lema n os meios empresariais, as autoras Paola Cappellin e Raquel Giffon i Pin to tratam de três percu rsos: EUA, Bra-sil e União Européia. No primeiro caso, é evidente qu e as pressões de diferen tes atores sociais são dirigidas às empresas estado-unidenses, ao longo dos an os 1960. No Brasil, as elaborações do lema de responsabilidade social provêm de associações empresariais em meados dos an os 60 e se ampli-am ju sto qu an do a sociedade, n o fim dos an os 1990, demanda prosseguir em direção a integrar o compromisso da aplicação das n ormas e direitos do trabalh o. Na União Européia, este lema envol-ve o empresariado n o fin al da década de 1990, com o compromisso de fazer retroagir a alta taxa de desemprego estrutural. Esta percepção compa-rativa internacional chega a demonstrar a varieda-de varieda-de con teú dos da respon sabilidavarieda-de social qu e busca dar conta da grande questão hoje em debate n as sociedades: recompor o compromisso da ca-pacidade do vínculo de emprego ser fonte de cida-dania social.

Su cessivamen te a complexidade das rela-ções entre nação, mercado de trabalho e integração regional é desenvolvida pelo artigo de Francisco Pucci. Tendo como referência a realidade nacional do Uruguai, o autor analiza a evolução das rela-ç õ e s la b o r a is n o m a r c o d o s p r o c e s s o s d e reestru tu ração p rod u tiva qu e com eçam a ser

implementados a partir da conformação de merca-dos region ais n o Con e Su l. A h ipótese defen dida é qu e as tran sformações n o mu n do do trabalh o, ocorridas n o Uru gu ai, n ão dizem respeito u n ica-men te à aplicação de u m modelo econ ômico ou social específico de desen volvimen to, mas estão também inscritas em modificações estruturais de longo prazo, associadas às mudanças nas relações sociais que se produzem em escala mundial. Con-tudo, a evolução concreta das relações laborais se explicam através das características específicas dos processos de integração regional tal como vêm se conformando no âmbito do MERCOSUR.

Finalmente, a perspectiva das mudanças no reconhecimento social dos sujeitos em práticas de trabalh o inseridos no setor de Tecnologias de In-formação e Comunicação (TICs) é tratada pelo arti-go de Cin ara L. Rosen field, qu an do oferece u ma análise comparativa entre Brasil, Portugal e Cabo Verde. O objetivo da autora é compreender o con-texto do trabalho na chamada sociedade da infor-mação e as diferentes formas de trabalho que nela se desenvolvem, em especial o teletrabalho em call

centers. Diante de um novo paradigma tecnológico

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