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Academic year: 2021

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As Licenças das Representações Comer-ciais Estrangeiras em Moçambique

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Assédio no Local de Trabalho 3 Transmissão de Quotas versus Transmis-são de Acções: Breve Referência às Dife-renças nos Procedimentos

4

Procedimentos Específicos Para Consulta a Comunidades Locais no Âmbito do DUAT

5

Publicação de Legislação Laboral

Nova Legislação Publicada 7 Novas Taxas a Pagar em Diversos Secto-res e Serviços

7

Obrigações Declarativas e Contributivas - Calendário Fiscal 2012 -(Março) 7

Índice

Fevereiro 2012 | N.º 50 | Mensal Tiragem 500 exemplares | Distribuição

Newsletter

Ficha Técnica

Áreas de Intervenção

Serviços Jurídico/Comerciais Contencioso Reforma Legal

Av. Julius Nyerere, nº 3412 - C.P. 2830 - Tel: + 258 21 24 14 00 - Fax: + 258 21 49 47 10 - Maputo Email: admin@salcaldeira.com - www.salcaldeira.com

Nota do Editor

Caros Leitores:

Para além de temas como o Licenciamento das Repre-s e n t a ç õ e Repre-s C o m e r c i a i s Estrangeiras, a Transmissão de Quotas e Acções e os Procedimentos Específicos para Consulta a Comunida-des Locais, trazemos-lhe também neste número uma análise sobre um tema demasiado delicado nas rela-ções laborais e humanas dentro das empresas, o Assédio no Local de Traba-lho.

Também uma boa nova: a Plural Editores acaba de publicar uma colectânea sobre “Legislação Laboral”, com direcção técnica da SAL & Caldeira Advogados, Lda. que já se encontra dis-ponível ao público.

Pode ainda, como habitual-mente, consultar o nosso Calendário Fiscal e a Nova Legislação Publicada.

Tenha uma boa leitura !

Proteja o ambiente: Por favor não imprima esta Newsletter se não for necessário

As opiniões expressas pelos autores nos artigos aqui publicados, não veiculam necessariamente o posicionamento da Sal & Caldeira. Direcção:

Edição, Grafismo e Montagem: Dispensa de Registo:

Colaboradores:

Jorge Soeiro Sónia Sultuane

Nº 125/GABINFO-DE/2005

Ermelinda Manhiça, Diana Ramalho, José Gama, Olga Pelembe, Raimun-do Nefulane, Rute Nhatave, Xiluva Costa.

A D V O G A D O S, L D A.

José Manuel Caldeira José Manuel Caldeira Samuel Levy

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A

s actividades económicas podem ser exercidas no terri-tório da República de Moçambi-que, para além de outras formas, através de uma filial, delegação, agência ou qualquer outra forma de representação de uma entida-de domiciliada no estrangeiro, como decorre da alínea p), n.º 1 do artigo 1º do Decreto n.º 49/2004, de 17 de Novembro, relativo ao Regulamento do Licenciamento da Actividade Comercial (daqui em diante, o “RLAC”).

Esta é uma opção que tem sido seguida por várias empre-sas, que preferem não constituir sociedades comerciais de Direito moçambicano. Teoricamente, o processo de abertu-ra de uma representação comercial estabertu-rangeiabertu-ra é mais sim-ples, pois, diferentemente do processo de constituição de uma sociedade, que requer a elaboração de um contrato de sociedade e a reserva de um nome, à representação comercial estrangeira aplicam-se os estatutos da empresa-mãe e o nome da representação é o mesmo nome da empresa-mãe. Porém, para que se possa abrir uma repre-sentação comercial estrangeira, exige o RLAC (para além de outros documentos constantes daquele regulamento) que se apresente um parecer do órgão que superintende a área em que se pretende exercer a actividade, o qual deve ser favorável à abertura da representação comercial estran-geira. A obtenção deste parecer, dependendo do órgão em causa, pode levar mais de dois meses, o que faz com que, na prática, este processo (de abertura de uma representa-ção) seja normalmente mais moroso que a constituição de uma sociedade, que leva no máximo um mês (sem contar com os eventuais contratempos, como sejam os acordos entre os sócios na elaboração do contrato de sociedade). Se compararmos o processo de abertura de uma represen-tação comercial estrangeira e o processo de constituição de uma sociedade comercial, encontraremos diversas similitu-des. Ambas têm que ser registadas na Conservatória de Registo das Entidades Legais, ambas têm que obter um Número Único de Identificação Tributária (NUIT) e ambas necessitam de uma licença para poderem operar, aspecto este que abordaremos adiante. Existem, contudo, algumas diferenças entre elas, nomeadamente, as representações não têm, como regra, personalidade jurídica própria, ao passo que as sociedades comerciais são entidades provi-das de personalidade e capacidade jurídica próprias, isto é, podem ser titulares de direitos e sujeitas a obrigações. Para além disto e no que se refere às diferenças, podemos ainda referir que o processo de dissolução de uma sociedade comercial é relativamente complexo, ao passo que, para o encerramento (temporário ou definitivo) de uma representa-ção comercial estrangeira basta, segundo a alínea c) do n.º 5 do artigo 17º do RLAC, uma comunicação ao Ministério da Indústria e Comércio.

A representação comercial estrangeira, por ser apenas uma delegação ou outra forma de representação de uma empre-sa sediada no estrangeiro, não tem, como se disse, autono-mia jurídica, estando dependente das decisões tomadas pela empresa-mãe. Quer isto dizer que, sempre que se pretenda alterar algo na representação comercial estrangei-ra abertas em qualquer parte do país, como seja, o manda-tário, o objecto, a sede, etc., é necessário, antes de dar entrada com o pedido de alteração no Ministério de Indús-tria e Comércio (daqui em diante, “MIC”) que a empresa-mãe delibere nesse sentido.

Por outro lado, saliente-se que, se a empresa-mãe decide,

por exemplo, alterar a sua denominação, essa alteração vai também repercutir-se na representação comercial estran-geira, que terá também de alterar a sua denominação. Uma questão que se levanta no que respeita a representa-ções comerciais estrangeiras, é a de saber se uma empre-sa sediada no estrangeiro pode abrir mais do que uma representação comercial estrangeira, mas com objecto, sede e mandatário diferentes. Por outras palavras, se uma empresa quiser alargar o âmbito de aplicação da licença de representação comercial estrangeira e, ao mesmo tempo, pretende alterar a sede, se terá que abrir uma nova repre-sentação comercial estrangeira ou se terá que solicitar a alteração da mesma. Resulta do n.º 5 do artigo 17º do RLAC que as alterações ao objecto, à identidade do man-datário e ao encerramento temporário ou definitivo da representação devem ser comunicadas ao MIC. No entan-to, tem acontecido que certas representações comerciais estrangeiras, por terem um alargado o objecto da activida-de e terem um novo mandatário, solicitam a emissão activida-de uma nova licença. Fará isto sentido? Pensamos que não. Para nós, e neste tipo de situações, não é correcto que se proceda à emissão de duas licenças para uma mesma empresa-mãe. De facto, o n.º 4 do artigo 32º do RLAC, conjugado com a alínea d) do artigo 2º do Decreto-Lei n.º 1/2006, de 3 de Maio (Regulamento do Registo de Entida-des Legais, daqui em diante, “RREL”), prevê que as repre-sentações comerciais estrangeiras devem ser registadas na Conservatória de Registo das Entidades Legais. Se uma mesma empresa abre duas representações comerciais estrangeiras, teria que se registar na Conservatória de Registo de Entidades Legais duas vezes, o mesmo suce-dendo com a obtenção o NUIT, levando a que a mesma representação tivesse dois NUIT´s. É nosso entender que cada licença de representação comercial estrangeira tem um número, sendo através desse número que se fica a saber quantas representações comerciais existem no País. Porventura ainda mais incisivamente a respeito, é o facto de as representações comerciais estrangeiras apenas visa-rem o reconhecimento jurídico em Moçambique de uma entidade que tem a sua sede no estrangeiro, isto é, através da emissão de uma licença de representação comercial estrangeira, reconhece-se que em Moçambique existe uma representação da empresa-mãe. Porém, o acima mencio-nado não dispensa a emissão da licença necessária para iniciar o exercício da actividade que pretende. Tomemos como exemplo uma empresa que pretenda abrir uma repre-sentação comercial estrangeira para o exercício da activi-dade de construção. Esta empresa terá primeiramente que solicitar ao Ministério de Obras Públicas e Habitação um parecer sobre a objecção ou não à abertura de uma repre-sentação comercial estrangeira na área da construção em Moçambique. Uma vez obtido o parecer, o mesmo deve ser entregue (juntamente com os documentos mencionados no n.º 3 do artigo 8º do RLAC) no MIC, de modo a que este órgão, após a realização da vistoria, emita a licença de representação comercial estrangeira. Posteriormente, e para que a representação possa operar, terá ainda que obter uma licença/alvará para o exercício da actividade de empreiteiro de obras públicas e de construção civil.

Por tudo exposto, podemos concluir que as representações comerciais estrangeiras, parecendo mais céleres de consti-tuir, terão que obter em Moçambique as mesmas licenças de funcionamento que as sociedades comerciais. Salvo nos casos em que para o exercício de determinada actividade, a lei exige a constituição de sociedades de Direito moçam-bicano (por exemplo para obtenção de concessões minei-ras), caberá ao empresário estrangeiro decidir sobre a for-ma for-mais adequada de operar em Moçambique.

SAL & Caldeira Newsletter Página 2/7 Fevereiro/2012

As Licenças das Representações Comerciais Estrangeiras em Moçambique

xcosta@salcaldeira.com Xiluva da Costa

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Assédio no Local de Trabalho

O

presente artigo tem por finalidade tecer algumas considerações à figura do assé-dio no local de trabalho.

A palavra assédio provém do latim “obsidiu” e do italiano “assedio”, que significa cerco. A doutrina destaca quatro modali-dades de assédio, designada-mente: o sexual, o moral, o reli-gioso e o racial, das quais tem maior expressão o assédio sexual.

Embora cientes de que estas modalidades possuem uma noção corrente, tentaremos, em poucas linhas, deixar ficar sua noção técnico-jurídica, e doravante faremos menção às mesmas neste sentido. Assim, é considerado:

i) Assédio sexual: conjunto de comportamentos,

ver-bais ou não verver-bais, de determinado sujeito (infractor), que represente apelos sexuais a outro sujeito (vítima), que não sejam desejados por este último, como por exemplo gestos sexuais explícitos ou convites para a prestação de favores sexuais, susceptíveis de afectar a relação jurídico-laboral.

ii) Assédio moral: conjunto de palavras e acções de

natureza psicológica, que expõe o assediado a situa-ções humilhantes sendo, portanto, susceptíveis de destruir a auto-estima deste e de afectar a relação jurídico-laboral, tais como: o isolamento e bloqueio de comunicação, os atentados à dignidade e a violência verbal ou física. Vale aqui destacar que se excluem da noção apresentada algumas situações típicas do uni-verso laboral, designadamente o stress motivado pelo trabalho sob pressão, bem como as situações de exer-cício dos poderes de direcção e disciplinar por parte da entidade empregadora.

iii) Assédio religioso: conjunto de comportamentos baseados em crenças religiosas ou práticas, que afec-te a relação jurídico-laboral. Tais comportamentos incluem, mas não se limitam a evangelização e propa-ganda religiosa forçada, promoções condicionadas a profissão de determinada fé religiosa, ridicularização de artigos usados por razões religiosas.

iv) Assédio racial: conjunto de comportamentos relativos à raça, etnia ou nacionalidade, que afecte a relação jurídico-laboral, incluindo, mas não se limitando a, ameaças, insultos ou comentários abusivos baseados na raça, origem étnica, cor da pele, ou princípios cultu-rais, anedotas racistas.

Conforme podemos inferir, as modalidades de assédio acima apresentadas partilham em comum o facto de repre-sentarem comportamentos verbais e não-verbais, não que-ridos pela vítima ou ofendido, e susceptíveis de por em causa a relação jurídico-laboral.

Segundo dados fornecidos pela Organização Mundial do Trabalho, alguns países adoptaram instrumentos legais para repreender a prática do assédio sexual no local do trabalho, a saber: a Índia e a Tanzânia, por via do Código Penal; o Chile e a Tailândia, por via da Legislação Laboral; o Brasil, as Filipinas e Israel, por vias das Leis contra o assédio sexual; o Japão e a vizinha África do Sul, por via da Legislação sobre a igualdade do género e discriminação sexual; o Canadá, as Ilhas Fiji e a Nova Zelândia, por via da Legislação sobre os direitos humanos e a Holanda, por via das Leis sobre as condições de segurança do trabalho.

O legislador moçambicano, a exemplo do Chile e da Tai-lândia, introduziu a prática de assédio sexual no leque de infracções disciplinares na Lei n.º 8/98 de 20 de Julho (antiga Lei do Trabalho). Com efeito, o n.º 1 do artigo 21º deste diploma legal dispunha que constituía infracção disci-plinar o assédio sexual praticado no local de trabalho, ou fora dele, desde que o mesmo interferisse na estabilidade do emprego ou na progressão profissional do ofendido. Deste preceito legal ressaltam dois requisitos que deve-riam estar preenchidos para que se estivesse em presença de um ilícito laboral, designadamente:

i) A prática de assédio sexual; e

ii) A interferência dessa prática na estabilidade de emprego ou na progressão profissional do trabalhador. No que concerne ao ponto ii.) ressaltamos que a conduta mencionada no ponto acima deveria partir de um superior hierárquico (infractor) para um subordinado (vítima), na medida em que somente nestes termos é que a mesma poderia: a.) ser considerada uma condição clara para que este mantenha o emprego ou b.) influenciar negativamente as promoções de carreira da vítima, em caso de recusa. Assim sendo, não se estaria perante a prática de assédio sexual sempre que o infractor e a vítima fossem do mesmo nível hierárquico ou quando o primeiro fosse hierarquica-mente inferior ao segundo.

A vítima de assédio sexual, nos termos do n.º 2 do artigo 21º da Lei em análise, poderia receber uma indemnização equivalente a dez vezes o seu salário, sempre que o infrac-tor fosse representante da entidade empregadora ou man-datário desta.

A nova Lei do Trabalho, a Lei n.º 23/2007, de 01 de Agos-to, manteve a prática de assédio como uma infracção disci-plinar, bem como os seus requisitos, tendo, contudo, intro-duzido algumas particularidades, designadamente:

i) A admissão de outras modalidades de assédio para além do sexual; e

ii) A alteração do critério para o cálculo do montante da indemnização.

No que concerne à admissão de outras modalidades de assédio, a Lei do Trabalho abriu espaço para que outras práticas de assédio, como por exemplo o moral, religioso e racial fossem também consideradas uma infracção discipli-nar, para além do sexual.

Relativamente ao quantum indemnizatório, o legislador moçambicano agravou a indemnização devida ao ofendido, para vinte salários mínimos, sempre que a conduta seja praticada pelo empregador ou seu mandatário.

Salientamos que a prática de assédio é regulada na Lei do Trabalho como uma infracção disciplinar sendo, portanto, passível de instauração de um processo disciplinar que culminará com a aplicação de uma medida disciplinar, e de instauração de procedimento judicial, nos termos da lei aplicável.

Actualmente, no domínio do Direito Criminal, a prática de assédio sexual no local de trabalho pode ser qualificada como um crime de atentado ao pudor, previsto e punido nos termos do artigo 391º do Código Penal em vigor. Resta-nos, entretanto, esperar que, aquando da revisão do Código Penal em vigor em Moçambique, o legislador cons-tituinte opte pela tipificação da prática de assédio sexual no local de trabalho, tal como ocorreu no Brasil, país em que a mesma foi introduzida como crime no Código Penal em 2001.

SAL & Caldeira Newsletter Página 3/7 Fevereiro/2012

dramalho@salcaldeira.com Diana Ramalho

Jurista

Organização Mundial do Trabalho. Sexual harrassmentatwork.

http://www.ilo.org/wcmsp5/groups/public/ ---ed_norm/---declaration/documents/publication/wcms_decl_fs_96_en.pdf

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Transmissão de Quotas versus Transmissão de Acções: Breve Referência às Diferenças nos Procedimentos

E

ntre os vários tipos societá-rios consagrados pelo nosso Código Comercial, aprovado pelo Decreto n.º 2/2005, de 27 de Dezembro com as alterações introduzida pelo Decreto-Lei n.º 2/2009, de 24 de Abril (adiante “C.Com”), a Sociedade por Quo-tas e a Sociedade Anónima representam a maior fasquia em termos de sociedades legalmente constituídas no nosso país. O presente artigo pretende elucidar em torno da transmissão inter vivosdas participações sociais nestes dois tipos socie-tário em particular, atendendo que esta transmissão tem-se revelado como um meio cada vez mais frequente de entra-da de investidores no país.

Nas sociedades por quotas, o capital social está dividido em quotas, ou seja, num valor representativo da participa-ção do sócio no capital social. Os sócios são de conheci-mento público, indicados nos estatutos e a lei estabelece o limite máximo de trinta sócios. Estas sociedades têm repre-sentado um veículo ideal para a organização de negócios de empresas de pequena e média dimensão. Nas socieda-des anónimas, o capital social está dividido em acções. Os accionistas não são de conhecimento público, uma vez que não constam dos estatutos. A lei estabelece que por regra, estas tenham pelo menos três sócios no momento da sua constituição e não fixa um número máximo de sócios. Estas sociedades estão vocacionadas para a realização de gran-des investimentos podendo envolver um grande número de accionistas e/ou ter o capital social aberto à subscrição pública.

As diferenças entre estes dois tipos societários também se verificam no que tange a transmissão das suas participa-ções sociais.

A transmissão de quotas nas sociedades por quotas deve constar de documento escrito, que pode ser meramente particular, excepto se houver disposição legal em contrário (tal é o caso das situações em que estejam envolvidos bens imóveis, para os quais a lei impõe que a transmissão seja por escritura pública). As partes directamente envolvi-das, ou seja, cedente e cessionário, devem manifestar a sua vontade na transmissão de quotas, devendo o sócio cedente dar a conhecer a intenção de ceder parte ou a totalidade da sua quota à sociedade e aos demais sócios para efeitos de garantia do exercício do direito de preferên-cia na aquisição da quota em causa.

Para que esta transmissão torne-se plenamente eficaz, deve-se proceder ao seu registo junto a Conservatória do Registo de Entidades Legais (CREL). Sendo o processo acompanhado por deliberação do órgão competente da sociedade para alteração dos estatutos, ou seja,

delibera-ção da Assembleia Geral e deliberadelibera-ção do órgão

compe-tente da adquirente, se esta for uma pessoa colectiva. E uma vez que a transmissão de quotas implica a alteração do pacto social, a lei impõe ainda que esta seja publicada no Boletim da República.

No que concerne a transmissão de acções, é pertinente fazer-se a distinção entre as acções ao portador e as acções nominativas (registadas ou escriturais). Sendo que para as primeiras, a transmissão opera-se por simples entrega do título.

Quanto às acções nominativas registadas, a sua transmis-são irá operar-se mediante termo de cestransmis-são lavrado no Livro de Transferência de Acções Nominativas ou em ins-trumento de controlo que o substitua, conforme instrução da CREL, com assinatura do cedente e do cessionário. E quanto às acções nominativas escriturais, uma vez que o C.Com impõe a manutenção destas acções em conta de depósito, em instituição bancária autorizada pelo Banco de Moçambique, a sua transmissão, dá-se pelo lançamento da operação, pela instituição bancária, nos seus livros ou con-trolos, em débito da conta de acções do cedente e em cré-dito da conta de acções do cessionário mediante ordem escrita que autorize a operação, documento que ficará arquivado na instituição bancária depositária.

A transmissão de acções não está sujeita ao registo junto a CREL e nem a publicação no Boletim da República. No entanto, a sociedade deve ter devidamente organizado o livro de registo de acções, com a indicação de todas as acções emitidas, seus titulares, as transmissões ocorridas, entre outros aspectos.

A transmissão de acções poderá ser igualmente feita mediante oferta pública, a ser conduzida nos termos previs-tos no C.Com e na legislação referente aos valores mobiliá-rios.

Pelo exposto, podemos aferir que a transmissão de partici-pações sociais em cada um dos tipos societários acima referenciados obedece a formalismos próprios, tendo o legislador procurado adequar os procedimentos para cada transmissão não só as características da sociedade, mas também às especificidades da participação social, à dinâ-mica do mundo dos negócios, sem deixar de lado a segu-rança necessária neste tipo de transacções.

“Estas sociedades têm representado um veículo

ideal para a organização de negócios de

empre-sas de pequena e média dimensão. Nas

socieda-des anónimas, o capital social está dividido em

acções. Os accionistas não são de

conhecimen-to público, uma vez que não constam dos

esta-tutos.”

jgama@salcaldeira.com José Durão Gama

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Procedimentos Específicos Para Consulta a Comunidades Locais no Âmbito do DUAT

M

oçambique é um país rico em recursos naturais e pos-suidor de uma grande extensão de terra disponível para explora-ção. É através da legislação de terras que o Estado regula o uso e aproveitamento da terra. O foco deste artigo prende-se com um dos vários requisitos que um potencial investidor deve cumprir para poder adquirir o direito de explorar a terra, nomeadamente, a consulta pública.

A Constituição da Republica de Moçambique, (“Constituição’), dispõe que a terra é propriedade do Estado e como tal não pode ser vendida ou, por qualquer outra forma alienada, hipotecada ou penhorada. Assim sendo, o Estado criou uma figura para que as pessoas pudessem usar e

aprovei-tar a terra de forma lícita e fiscalizada como um meio uni-versal de criação de riqueza e bem-estar social. Trata-se do Direito de Uso e Aproveitamento de Terra – “DUAT”. A Lei de Terras n.º 19/97, de 1 de Outubro, (“LT”), define o DUAT como “direito que as pessoas singulares ou colecti-vas e as comunidades adquirem sobre a terra, com as exi-gências e limitações da presente Lei”. O titular de um DUAT tem o direito de usar e desfruir a terra como quiser nos limites estabelecidos na lei, tendo em conta os objecti-vos que considerar, seja para fins de agricultura, minera-ção, indústria, entre outros. A LT confere ao titular do DUAT poderes para se opor contra terceiros bem como ter acesso à sua parcela e aos recursos hídricos de uso públi-co através das parcelas vizinhas, públi-constituindo para o devi-do efeito as necessárias servidões.

O DUAT pode ser concedido a nacionais ou estrangeiros, quer sejam pessoas singulares ou colectivas. Porém, o procedimento relativo à aquisição do DUAT por parte de estrangeiros apresenta algumas particularidades. Para as pessoas colectivas é necessário que as mesmas estejam constituídas ou registadas na Republica de Moçambique e, o requerimento deve ser acompanhado por um projecto de investimento aprovado em Moçambique normalmente obti-do através obti-do Centro de Promoção de Investimento – “CPI”. Tratando-se de pessoas singulares, é necessário residência há pelo menos cinco anos na Republica de Moçambique.

A LT fixa três formas de aquisição de DUAT: i) por ocupa-ção por pessoas singulares e pelas comunidades locais, segundo as normas e práticas costumeiras no que não contrariem a Constituição; ii) por ocupação por pessoas singulares nacionais que, de boa-fé, estejam a utilizar a terra há pelo menos 10 anos; e iii) por autorização de pedi-do apresentapedi-do por pessoas singulares ou colectivas na

forma estabelecida na LT.

Tendo em atenção o foco deste artigo, interessa-nos a terceira opção acima mencionada. Neste caso, o processo é instituído junto dos Serviços Províncias de Cadastro e Geografia, (“SPCG”) e o requerente deve juntar os devidos documentos e apresentar o pedido de DUAT. Decreto nº 66/98 de 8 de Dezembro, que aprova o Regulamento da Lei de Terra, (“RLT”), no seu artigo 24 arrola os documen-tos que o processo deve conter, um dos quais é o parecer do Administrador do Distrito, precedido de consulta à comunidade local no caso de terra localizada nas áreas rurais. Para o processo em zonas urbanas, isto é, toda área compreendida dentro do perímetro dos municípios, vilas e das povoações legalmente instituídas, os procedi-mentos encontram-se fixados no Decreto 60/2006, de 26 de Dezembro que aprova o Regulamento do Solo Urbano Os artigos supramencionados fazem referência a consulta à comunidade local e o artigo 27 do RLT estabelece que deve ser feito um trabalho conjunto envolvendo a SPCG, o Administrador do Distrito, ou seu representante e as comu-nidades locais. Este artigo sofreu alterações através do Decreto 43/2010 de 20 de Outubro, (“D43”) nos termos do qual também passou a ser determinante a participação dos Conselhos Consultivos de Povoação e de Localidade, dos membros da comunidade local e dos titulares ou ocupantes dos terrenos limítrofes para além do requerente ou o seu representante, sendo que a acta resultante da consulta deve ser assinada pelos dos membros dos Conselhos Con-sultivos de Povoação e de Localidade.

O Diploma Ministerial n.º 158/2011, de 15 de Junho, (“DM”), introduziu normas especificas relativamente a sulta comunitária. O Artigo 1 do DM determina que a con-sulta deve ser feita em pelo menos duas reuniões. A pri-meira fase da consulta consiste numa reunião pública cujo objectivo é informar à comunidade sobre o pedido de aqui-sição do DUAT e a identificação dos limites da parcela. A segunda fase, que deverá ocorrer até 30 dias após a pri-meira reunião, compreende uma declaração da comunida-de local sobre a disponibilidacomunida-de comunida-de área para a realização do empreendimento ou plano de exploração. Dependendo da existência de informações complementares a prestar à comunidade local, podem ser realizadas outras reuniões. As actas devem ser assinadas em três exemplares sendo assim distribuídas: uma para SPCG, uma para os membros dos Conselhos Consultivos de Povoação e de Localidade e uma para comunidade local.

O DM determina que, ao iniciar o processo de consulta, o requerente deve depositar uma caução para o financia-mento da mesma, que é devolvida caso a consulta não seja realizada. Este valor de financiamento é fixado pelo Ministro da Agricultura, ouvido o Ministro das Finanças. O DM exige ainda a, divulgação pelas autoridades adminis-trativas a nível do distrito, posto administrativo e localidade, dos procedimentos específicos devem ser divulgados por forma a garantir a participação efectiva das comunidades na gestão da terra e dos recursos naturais. O incumprimen-to dos procedimenincumprimen-tos estabelecidos no DM e demais legis-lação aplicável implica a invalidade da consulta

Em conclusão, a consulta à comunidade afectada muitas vezes não é dada a devida importância sendo frequentes nas consultas a eclosão de problemas relacionados com o cumprimento do acordado com as comunidades. É impor-tante que os investidores tenham conhecimento de que o cumprimento das leis e a boa relação com as comunidades é um factor importante para a boa execução dos seus pro-jectos em Moçambique.

SAL & Caldeira Newsletter Página 5/7 Fevereiro/2012

“É importante que os investidores tenham

conhecimento de que o cumprimento das

leis e a boa relação com as comunidades é

um factor importante para a boa execução

dos seus projectos em Moçambique.”

Ermelinda Gisela Manhiça Jurista

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SAL & Caldeira Newsletter Página 6/7 Fevereiro/2012

Plural Editores x SAL & Caldeira Advogados, Lda. - Publicação conjunta

É com enorme prazer que anunciamos aos nossos leitores, clientes e público em geral que a

Plu-ral Editores conjuntamente com a SAL & Caldeira Advogados, Lda., acaba de publicar uma

colec-tânea sobre “Legislação Laboral”, encontrando-se a mesma já á venda nas Livrarias.

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SAL & Caldeira Newsletter Página 7/7 Fevereiro/2012

Obrigações Declarativas e Contributivas - Calendário Fiscal 2012

Raimundo Nefulane Consultor Fiscal e Financeiro rnefulane@salcaldeira.com Março Leia os nossos artigos no jornal todas as quartas-feiras. INSS 10 IRPS 20 31 IPA 31 IRPC 20 31 31 ISV 31 IVA 31

Entrega das contribuições para segurança social referente ao mês de Feve-reiro 2012.

Entrega do Imposto retido na fonte durante o Mês de Fevereiro 2012. Fim do prazo para entrega da Declaração de Rendimentos (Modelo 10), com excepção dos sujeitos passivos que tenham auferido rendimentos para além da primeira categoria que deverão submeter até 30 de Abril

Até 31 de Março, pagamento do IPA referente ao ano de 2012. Entrega do imposto retido durante o mês de Fevereiro.

Até 31 de Maio, apresentação da Declaração Periódica de Rendimentos (Modelo 22).

Até 30 de Junho, apresentação da Declaração Anual de Informação Conta-bilística e Fiscal (Modelo 20 e seus anexos).

Até 31 de Março, pagamento do ISV referente ao ano de 2012.

Entrega da Declaração periódica referente ao mês de Fevereiro 2012 acom-panhada do respectivo meio de pagamento (caso aplicável).

Novas Taxas a Pagar em Diversos Sectores e Serviços

Informação sobre as taxas do imposto de reconstrução nacional a vigorar em 2012

O Diploma Ministerial nº 296/2011 de 30 de Dezembro estabelece as Taxas do Imposto de Reconstrução Nacional a vigorarem no ano de 2012 e regula sobre o destino das receitas, de acordo com o previsto no artigo 45 do Código do Imposto de Reconstrução Nacional, aprovado pelo Decreto nº 4/87, de 30 de Janeiro.

Segundo o artigo 3 do mesmo Diploma, as suas disposições não são aplicáveis nos territórios onde, nos termos da Lei nº 1/2008, de 16 de Janeiro, é cobrado o Imposto Pessoal Autárquico.

Taxas do Imposto de Reconstrução Nacional a vigorarem em 2012

Maputo, 24 de Fevereiro de 2012

Província Taxas a Vigorar - 2012

Normal Remisso

1 Maputo Província

Todos Distritos e Localidade

30,00 35,00

2 Gaza

Todos Distritos e Localidade

30,00 35,00

3 Inhambane

Todos Distritos e Localidades

15,00 20,00 4 Sofala Dondo Restantes Distritos 20,00 15,00 30,00 20,00 5 Manica Gondola Manica Sussundenga Mossurize Macossa Guro Tambara Machaze Barué 15,00 20,00 15,00 20,00 15,00 10,00 10,00 13,00 20,00 20,00 25,00 20,00 25,00 20,00 15,00 15,00 16,00 25,00 6 Tete

Todos Distritos e Localidades 15,00 20,00

7 Zambézia

Todos Distritos e Localidades 15,00 20,00

8 Nampula

Todos Distritos e Localidades 20,00 25,00

9 Cabo Delgado

Todos Distritos e Localidades 10,00

15,00

10 Niassa

Todos Distritos e Localidades 20,00 25,00

Nova Legislação Publicada

Lei nº 2.2012 de 23 de Janeiro de 2012 - Introduz um novo Código Pautal do Sistema

Harmoniza-do, na posição pautal 22.06, Capítulo 22.

Lei nº 3/2012 de 23 de Janeiro de 2012 -Altera os artigos 9, 12, 14, 15, 18, 19, 21 e 25 do Código

do Imposto Sobre o Valor Acrescentado, aprovado pela Lei n.º 32/2007, de 31 de Dezembro.

Lei nº 4.2012 de 23 de Janeiro de 2012 - Altera os artigos 17, 36, 61, 62, 67 e 75 do Código do

Imposto Sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas, aprovado pela Lei n.º 34/2007, de 31 de Dezembro.

Lei nº 5.2012 de 23 de Janeiro de 2012 - Introduz o artigo 4-A ao Código do Imposto sobre

Consu-mos Específicos, aprovado pela Lei n.º 17/2009, de 10 de Setembro. Rute Nhatave

Bibliotecária rnhatave@salcaldeira.com

Referências

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