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USO DE CONSÓRCIO COM BRAQUIÁRIA

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USO DE CONSÓRCIO COM BRAQUIÁRIA

INFORMATIVO DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO ANO 3 • NÚMERO 11 NOVEMBRO 2014

Introdução

A utilização de cobertura do solo tornou-se fundamental, devido à degradação causada por práticas rotineiras no sistema de plantio convencional, como o preparo do solo com arados e grades, que causam sérios problemas de erosão.

Nesse cenário, a Monsanto facilitou a expansão do plantio direto ao inserir no mercado o glifosato, herbicida sistêmico de elevada eficiência e custo acessível.

No Cerrado brasileiro, devido ao longo período seco (entre abril e setembro), a formação de palhada sempre foi uma dificuldade. Essa característica limita a expansão do plantio direto na região, mas a solução dos cultivos safrinha e do milheto contribuiu para o considerável aumento da cobertura do solo na entressafra. No entanto, principalmente no que diz respeito à qualidade e quantidade de palhada, o milheto não possui bom desempenho.

Nesse contexto, a utilização de Brachiaria sp. tornou-se uma alternativa para o incremento de palhada nos sistemas agrícolas do Cerrado. Além disso, propicia a criação de animais para abate na entressafra. As espécies do gênero Brachiaria têm alta produção de matéria seca, não são exigentes em fertilidade, possuem elevada rusticidade e resistência a pragas e a doenças. O seu consórcio, principalmente com milho e soja, proporciona cobertura de solo adequada, assim como benefícios às culturas subsequentes (Figura 1).

A partir deste enfoque, trataremos neste Agronômico do manejo, vantagens e desvantagens da utilização de soja e milho consorciados com braquiária.

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O gênero Brachiaria possui três espécies com maior aptidão para a implantação visando à cobertura do solo e fornecimento de forragem a animais: Brachiaria brizantha, B. decumbens e B. ruziziensis. A B. brizantha possui alta produção de matéria seca, no entanto necessita de doses maiores de glifosato no seu manejo. Da mesma maneira, a espécie B. decumbens também possui boa produção de massa seca e apresenta maior dificuldade no seu manejo com glifosato, além de não tolerar o excesso de sombreamento e ser suscetível ao ataque de cigarrinhas. A B. ruziziensis, por sua vez, apresenta menor produção de matéria seca, porém possui maior resistência ao sombreamento e maior suscetibilidade ao glifosato e, por essas características, apresenta melhor aplicabilidade no sistema plantio direto (CHIODEROLI et al., 2010). Deve-se salientar ainda que o plantio sobre a palhada formada por B. ruziziensis é facilmente realizado pela semeadora (Figura 3).

A cobertura de solo é fundamental para a manutenção de produtividade elevada e uso eficiente de produtos químicos. A cobertura morta sobre o solo propicia a manutenção da umidade e da temperatura do solo, além de reduzir a incidência de plantas daninhas (Figura 2).

FIGURA 2 - Produtividade de milho safrinha (sc ha-1) plantado sobre diferentes coberturas mortas

(fonte: TD MONSANTO, 2009).

FIGURA 3 - Semeadura de soja sobre palhada de B. ruziziensis a 0 DAP (A) e 14 DAP (B).

Por que implantar?

A

B

FOTO: TORRES, R. FOTO: TORRES, R.

Produtividade (sc ha-1) de milho safrinha (2009) em sistema de plantio direto, sobre diferentes tipos de cobertura

140

130

120

110

Plantio de milho sobre B. ruziziensis Plantio de milho sobre Cober Crop Plantio sobre pousio

139 137

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Pontos que favorecem a utilização de Brachiaria sp.:

· Disponibilidade de sementes

· Rusticidade · Ampla adaptação

· Baixa incidência de pragas e doenças · Baixa exigência nutricional e hídrica

· Alta produção de biomassa verde (± 40 t ha-1) e biomassa seca (± 12 t ha-1) · Elevada relação C/N (degradação mais lenta)

· Raízes estoloníferas e em profundidade no solo

· Semeadura a lanço (maior quantidade de sementes) ou incorporada ao solo · Redução de patógenos de solo

· Espécie com micorrização e recicladora · Excelente sequestradora de carbono

No entanto, um dos fatores limitantes para a utilização de Brachiaria sp. na entressafra é seu desenvolvimento inicial lento, mas sua utilização em consórcio pode ser uma alternativa para a formação de cobertura morta para o próximo cultivo. Esta característica limita sua utilização como planta de cobertura na cultura do algodão. Como alternativa, a implantação no início do período chuvoso, em consórcio com milho ou soja, proporciona maior período de desenvolvimento e o devido acúmulo de matéria seca até a semeadura do algodão, criando condições para o seu plantio direto. O milho é considerado um competidor eficaz no sistema de consórcio, por apresentar rápido desenvolvimento (Figura 4).

FIGURA 4 - Produção de biomassa seca de milho e de B. brizantha em monocultivo e em consórcio (SILVA et al., 2004). Produção de biomassa seca de milho e de B. brizantha em monocultivo e em consórcio

1.800 1.500 1.200 900 Milho solteiro Milho consorciado Braquiária solteira Braquiária consorciada a (g m -2 )

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As espécies do gênero Brachiaria podem ser implantadas de maneiras diferentes, variando de acordo com a espécie que fará o consórcio. Outro fator que deve ser levado em consideração é o nível de fertilidade do solo onde será implantado o consórcio. Solos pobres irão retardar o desenvolvimento da forrageira, que estará exposta a grande supressão pelo crescimento mais rápido da cultura principal, que se encontra em condições mais favoráveis na linha de semeadura. A adequação da época de semeadura do consórcio também pode afetar a interferência entre as culturas. Semeaduras fora de época podem propiciar períodos de estiagem no início do desenvolvimento do consórcio. Isso faz com que a cultura principal, como o milho, sofra maior influência do déficit hídrico, enquanto a braquiária mantém seu crescimento normal e afeta o desempenho da cultura principal do consórcio.

A utilização da cobertura de solo, proporcionando a melhoria de suas condições físicas e químicas, comprovadamente eleva a produtividade das culturas. A utilização do consórcio com milho é possível graças ao diferencial de tempo e espaço no acúmulo de biomassa entre as espécies. Porém, em alguns casos, há necessidade de aplicação de nicosulfuron em subdoses para reduzir o crescimento da forrageira, garantindo pleno desenvolvimento do milho (CRUSCIOL & BORGHI, 2007). A implantação da forrageira consorciada com milho é realizada principalmente de duas maneiras: implantada entre as linhas do milho “em linha” ou “a lanço” (Figura 5), ambas conjuntamente com a aplicação de ureia em cobertura (Tabela 1). O atraso do plantio acarretará maior sombreamento da forrageira e menor acúmulo de matéria seca durante o período do consórcio.

Como e quando implantar?

TABELA 1 - Comparativo dos modos de plantio de braquiária em linha e a lanço em consórcio com milho (fonte: TD MONSANTO).

FIGURA 5 - Implantação de Brachiaria ruziziensis em linha (A) e a lanço (B) na cultura do milho.

EM LINHA A LANÇO

Semeadura: conjuntamente com a

semeadura da cultura ou com a aplicação de ureia incorporada (de 15 a 20 DAE)

Semeadura: conjuntamente com a aplicação de ureia a lanço (de 10 a 20 DAE)

Germinação: uniforme Germinação: lenta e gradativa

Competição: na maioria dos casos, não há

competição com o milho por água ou nutrientes Competição: na maioria dos casos, não há competição com o milho por água ou nutrientes Herbicidas: na maioria dos casos, não há

interferência no seu desenvolvimento* Herbicidas: na maioria dos casos, não há interferência no seu desenvolvimento* * Em alguns casos, devem-se utilizar herbicidas em subdoses para reduzir o crescimento na forrageira.

A

B

(5)

FIGURA 6 - Dois espaçamentos diferentes e a relação com o rendimento de híbridos de milho e produção de matéria seca de Brachiaria ruziziensis (fonte: TD MONSANTO - Luiz Eduardo Magalhães/BA, 2005).

FIGURA 7 - Implantação de Brachiaria ruziziensis a lanço em cultura de soja dias antes da colheita.

Com relação ao nível de interferência, a cultura do milho apresenta comportamento variado de desempenho consorciada com Brachiaria sp. A utilização de híbridos mais precoces é uma alternativa para reduzir o período de interferência e evitar possíveis prejuízos, uma vez que eles encerram seu ciclo mais cedo, propiciando maior tempo de exposição da forrageira à radiação solar, consequentemente acumulando mais matéria seca. O maior espaçamento (ex.: 90 cm) na semeadura do milho também provoca leve influência no aumento de massa da forrageira, graças à maior disponibilidade de radiação solar. No entanto, em trabalho avaliado pelo Departamento de Desenvolvimento Tecnológico da Monsanto, verificou-se que a variação de espaçamento do consórcio pouco alterou o desempenho de híbridos (Figura 6).

O consórcio de braquiária com soja também é viável, no entanto o manejo deve ser mais cuidadoso, devido à menor capacidade competitiva da soja e à baixa estatura da cultura. Para facilitar a implantação da forrageira e não afetar o desempenho da soja, deve-se semear a braquiária mais tardiamente e optar por cultivares de soja de ciclo precoce, com maior porte e maior altura de inserção da primeira vagem. A busca pela antecipação da semeadura da cultura de cobertura deve-se, principalmente, ao período seco após a colheita da safra, o que dificulta sua implantação. Assim, a semeadura a lanço da braquiária antes da colheita da soja propicia condições climáticas favoráveis para o estabelecimento da forrageira e formação de massa seca no período seco (Figura 7).

10.000 8.000 6.000 4.000 2.000 0 AG9010 AG7000 DKB330 DKB390 Milho kg ha-1 90 cm B. ruziziensis M.S. kg ha-1 90 cm B. ruziziensis M.S. kg ha-1 45 cm Milho kg ha-1 45 cm

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Como manejar?

A época de implantação da braquiária, visando ao consórcio, e a época de manejo, visando à cultura subsequente, são essenciais para o manejo e o desenvolvimento adequados da cultura principal. É necessário ajustar a população de braquiária à cultura principal. Caso haja aumento da interferência, a utilização de herbicidas específicos pode ser uma opção importante, a fim de evitar o crescimento excessivo da forrageira durante o desenvolvimento da cultura, principalmente milho safrinha (CECCON, 2013) (Figura 8).

A adubação do consórcio deve ser manejada da mesma maneira que no cultivo solteiro. Na aplicação de base e na de cobertura (V4 – quatro folhas), não há absorção de nutrientes pela forrageira, devido ao tamanho reduzido do sistema radicular. Por isso, maiores doses de fertilizantes não terão influência no desenvolvimento ou podem gerar aumento exagerado de massa verde da forrageira no momento errado e incremento desnecessário no custo. Em estudo com alternância das três épocas de semeadura das principais espécies de braquiária, foi verificado que, embora as épocas não influenciem o desempenho produtivo de híbridos de milho, foi verificada a produção do acúmulo de matéria seca das forrageiras. Este comportamento é causado pela elevada competitividade inicial do milho e, consequentemente, do sombreamento da forrageira (TSUMANUMA, 2004). Em alguns casos, o consórcio pode beneficiar o milho, pois a forrageira limita o estabelecimento de plantas daninhas, reduzindo a necessidade de aplicação de herbicidas pós-emergentes e, por conseguinte, diminuindo a fitotoxicidade na cultura (KLUTCHCOUSKI & AIDAR, 2003).

FIGURA 8 - Área pós-colheita de milho consorciado com B. ruziziensis.

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Por outro lado, o manejo antecipado da braquiária para a implantação do próximo cultivo deve ser analisado cuidadosamente, para que não haja influência negativa de exsudatos radiculares no estabelecimento da cultura subsequente (Figura 10).

FIGURA 9 - Influência da época de aplicação da atrazina sobre a produção de matéria seca (kg ha-1)

da B. ruziziensis semeada na cultura do milho (fonte: TD MONSANTO - média de 6 locais, 2005).

FIGURA 10 - Influência da época de manejo de B. ruziziensis na produtividade da soja (kg ha-1)

(fonte: TD MONSANTO - Lucas do Rio Verde/MT, 2005).

FOTO: TORRES, R. 2.700 2.500 2.300 2.100 6.000 4.000 2.000 0 Lanço 600 PVC Lanço 350 PVC 7 DBA 3041 4267 7 DAA 3079 3377 14 DAA 3483 3311

Em outra avaliação do time de Desenvolvimento de Tecnologia (TD) da Monsanto, a aplicação de atrazina em pré (DBA) ou pós-emergência (DAA) do milho não influenciou o desenvolvimento da B. ruziziensis (Figura 9).

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Milho RR no sistema braquiária

Manejo de insetos no consórcio milho e braquiária

Considerações finais

A inserção do milho RR no consórcio braquiária pode proporcionar maior flexibilidade na implantação e controle da braquiária e plantas daninhas no consórcio, trazendo benefícios ao produtor. No entanto, principalmente nas semeaduras de milho safrinha, deve ser feita a avaliação do custo de implantação.

A utilização de consórcios comprovadamente eleva a variabilidade populacional da macrofauna do solo, devido à maior estabilidade térmica e hídrica em sistemas com cobertura vegetal constante. Os consórcios promovem melhorias na macroporosidade, porosidade total e na densidade do solo (MENDONÇA et al., 2013). Sistemas de consórcio entre milho e braquiária propiciam aumento de grupos como Coleoptera, Oligochaeta e Formicidae (SILVA et al., 2006; SANTOS et al., 2008), já em consórcios com leguminosas a variedade de grupos de invertebrados é maior (SANTOS et al., 2008). O monitoramento de doenças e pragas no milho, principalmente percevejos e lagartas desfolhadoras, deve ser manejado da mesma maneira que no cultivo solteiro, de modo a avaliar a infestação e o grau de dano, efetuando-se o controle assim que necessário (vide Agronômico ano 3 n° 2).

A utilização de consórcio com braquiária, principalmente Brachiaria ruziziensis, é uma alternativa viável para a preservação do solo e manutenção do sistema plantio direto no Centro-Oeste brasileiro. Entretanto, para a adoção do consórcio, devem-se avaliar o custo de implantação, a época mais adequada, o objetivo da produção (grãos ou massa verde/seca) e as características do solo onde o consórcio será implantado.

Referências bibliográficas

CECCON, G. Desafios no consórcio milho safrinha e braquiária. Revista Cultivar. Disponível em: <http://www.grupocultivar.com.br/site/content/artigos/artigos. php?id=922>. Acesso em: fev. 2013.

CHIODEROLI, C. A.; MELLO, L. M. M.; GRIGOLLI, P. J.; SILVA, J. O. R.; CESARIN, A. L. Consorciação de braquiárias com milho outonal em plantio direto sob pivô central. Eng. Agríc., Jaboticabal, v.30, n.6, p.1101-1109, nov./dez. 2010.

CRUSCIOL, C. A. C. & BORGHI E. Consórcio de milho com braquiária: produção de forragem e palhada para o plantio direto. Revista Plantio Direto, edição 100, julho/agosto de 2007. Aldeia Norte Editora, Passo Fundo, RS.

KLUTCHCOUSKI, J. & AIDAR, H. Implantação, condução e resultados com o sistema Santa Fé. In: KLUTCHCOUSKI, J.; STONE, L. F.; AIDAR, H. (Ed.). Integração Lavoura-Pecuária. Santo Antônio de Goiás: Embrapa Arroz e Feijão. Pg. 407 – 441, 2003.

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Autores:

MENDONÇA, Z., et al. Avaliação dos atributos físicos do solo em consórcio de forrageiras e milho em sucessão com soja em região de cerrados. Revista Brasileira de Ciência do Solo, vol. 37, núm. 1, pg. 251-259, 2013.

SANTOS, G. G., et al. Macrofauna edáfica associada a plantas de cobertura em plantio direto em um Latossolo Vermelho do Cerrado. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.43, n.1, p.115-122, jan. 2008.

SILVA, R. F.; AQUINO, A. M.; MERCANTE, F. M. & GUIMARÃES M. F. Macrofauna edáfica invertebrada do solo sob diferentes sistemas de produção em Latossolo da região do Cerrado. Pesq. agropec. bras., Brasília, v.41, n.4, p.697-704, abr. 2006.

TSUMANUMA, G. M. Desempenho de milho consorciado com diferentes espécies de braquiárias, em Piracicaba, SP. Dissertação (mestrado), Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, 2004.

Referências

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