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O PRINCÍPIO DA LAICIDADE E O USO DE ARTIGOS RELIGIOSOS NO BRASIL E NA FRANÇA

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Academic year: 2021

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O PRINCÍPIO DA LAICIDADE E O USO DE ARTIGOS RELIGIOSOS NO BRASIL E NA FRANÇA

Mariana Teixeira Thomé 1 Ana Carolina dos Santos 2

RESUMO:

A laicidade nos Estados Democráticos é um tema que sempre está em voga no cenário jurídico nacional e internacional, por levantar o debate do limite da liberdade religiosa e a autonomia da vontade dos indivíduos quanto ao uso de determinadas vestimentas. Nesse sentido, no presente estudo discute-se o princípio da laicidade como fundamento do uso ou da proibição de determinados artigos religiosos no Brasil e na França. Com efeito, analisa-se o princípio da laicidade no ordenamento jurídico brasileiro e no ordenamento jurídico francês, correlacionando-o com a utilização de símbolos religiosos no Brasil e com a proibição de vestimentas de cunho religioso e burkinis na França. Trata-se das Constituições federais brasileiras, das Constituições federais francesas e de decisões jurídicas no tocante à temática. O lapso temporal da pesquisa é o cenário atual com foco nos anos de 2004, 2012 e 2016, quando houve, respectivamente, a proibição do uso de vestimentas de cunho religioso nos estabelecimentos escolares na França, o protocolo de um requerimento para retirada de símbolos religiosos das instituições públicas no Brasil e a proibição do uso de burkinis nas praias francesas. Por se tratar de um estudo descritivo e exploratório, utiliza-se o método dedutivo, a revisão bibliográfica, documental e histórica dos temas em questão.

Palavras-chave: Direitos Humanos; Liberdade religiosa; Burkini; Secularismo; Secular.

1 INTRODUÇÃO

A discussão do princípio da laicidade nos Estados democráticos de direito, como, por exemplo, o Brasil e França, é um tema sempre relevante, pois envolve não somente a liberdade religiosa nesses Estados, mas, também, o afastamento da predileção de uma religião pela administração política estatal.

1 Mestranda em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPG-DH/UFMS). Especialista em Direito Constitucional e Direito Administrativo pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Bacharel em Direito pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Advogada. E-mail: marianatthome@hotmail.com.

2 Mestranda em Direitos Humanos pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (PPG-DH/UFMS). Especialista em Direito Civil pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Advogada. E-mail: carolinasantos.adv@outlook.com.

Anais do XVI Congresso Internacional de Direitos Humanos. Disponível em http://cidh.sites.ufms.br/mais-sobre-nos/anais/

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Com efeito, o presente estudo tem por escopo analisar o princípio da laicidade no Brasil e na França, correlacionando-o com a utilização de emblemas religiosos no Brasil e com o impedimento de trajes de cunho religioso e burkinis na França.

Validamente, para melhor compreensão do princípio da laicidade, faz-se, de início, alguns apontamentos sobre o conceito de laicidade, a secularidade e as perspectivas do Estado Democrático de Direito.

Adiante, faz-se um panorama histórico, com base nas Constituições federais brasileiras pretéritas e atual, com desígnio de observar a construção da identidade do princípio laicidade no Brasil. Em seguida, reflete-se sobre o princípio da laicidade no Estado francês, por meio de uma visão histórica e atual do tema.

O estudo foca nos anos de 2004, 2012 e 2016, quando houve, respectivamente, a proibição do uso de vestimentas de cunho religioso nos estabelecimentos escolares na França, o protocolo de um requerimento para retirada de símbolos religiosos das instituições públicas no Brasil e a proibição do uso de burkinis nas praias francesas.

Desta feita, considerando as perspectivas adotadas no Brasil e na França acerca do princípio da laicidade, questiona-se se os símbolos religiosos incorporados aos órgãos públicos brasileiros e a proibição de uso de vestimentas religiosas na França ofendem os direitos humanos dos praticantes e não praticantes religiosos.

Assim sendo, o presente trabalho discute as principais nuances envolvendo o princípio da laicidade e os direitos humanos.

Por se tratar de um estudo descritivo e exploratório, utiliza-se o método dedutivo, a revisão bibliográfica, documental e histórica dos temas em questão.

2 ESTADO DEMOCRÁTICO, PRINCÍPIO DA LAICIDADE E SECULARIZAÇÃO Inicialmente, insta consignar que a característica basilar de um Estado democrático de direito é o poder que o povo tem sobre o Estado. Noutros dizeres, parafraseando a Lei maior brasileira, o poder advém do povo. Assim sendo, a tomada de decisões dos governantes deve estar de acordo com os anseios da maioria do povo.

Não obstante o poder estar na mão do povo, um tema sempre em voga é a autonomia estatal e a liberdade religiosa. Isso porque, ao se pensar em um Estado livre em que o povo é detentor do poder, imagina-se que ele também terá a liberdade para professar sua fé, ou seja, os

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cultos religiosos não podem ser embaraçados pelo entre estatal e, tampouco, o Estado pode impor uma fé.

É nesse contexto que surge o princípio da laicidade, o qual apregoa que os indivíduos são livres para escolher qualquer religião. Nesse sentido, explica Domingos (2009, p. 50) que: O princípio da laicidade é, ao mesmo tempo, o de afastamento da religião do domínio político e administrativo do Estado, e do respeito ao direito de cada cidadão de ter ou não ter uma convicção religiosa e de professá-la. Tem como ideal a igualdade na diversidade, o respeito às particularidades e a exclusão dos antagonismos.

Acrescenta-se que para um Estado se declarar laico, é imperioso também o respeito às diversidades e às particularidades religiosas que há em seu território. Dessa maneira, não basta o distanciamento do Estado das religiões existentes, são necessários o respeito e a proteção a qualquer culto.

Já a secularização trata-se de um processo em que a compreensão das práticas e instituições religiosas diminuem a significação social. Sendo assim, os valores fundamentais que conduzem as sociedades modernas não decorrem de normas religiosas. Logo, as imposições religiosas não estruturam, nas modernas sociedades secularizadas, a base da organização social (WILSON, 1969 apud RANQUETAT JR, 2009)

Destarte, compreende-se por secularismo o afastamento do ideal religioso da administração política do Estado.

3 A LAICIDADE NO BRASIL

A primeira Constituição do Brasil, de 1824, rompeu as relações de dependência estatal do Brasil (colônia) com Portugal (metrópole), iniciando um novo ciclo soberano. Com efeito, em que pese o distanciamento político de Portugal, a Carta Magna outorgada pelo imperador suportou resquícios da cultura portuguesa.

Desse modo, embora o Brasil, país de proporção continental, tivesse diversas religiões praticadas – como, por exemplo, as africanas (escravos), a indígena (cultos a diversos deuses) e a católica – a ideia de laicidade não fora observada nessa Constituição.

A Carta de 1824 mencionava, expressamente, em seu preâmbulo a crença em Deus e, em seu artigo 5º, a religião católica apostólica romano como religião oficial do Brasil. As demais religiões poderiam ser praticadas, conquanto que em cultos domésticos e/ou particulares, de portas fechadas (BRASIL, 1824).

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Com efeito, Constituição de 1891, quebrando os resquícios da imposição de uma religião oficial, foi a primeira a tratar do secularismo ao não fazer menção a Deus, prever a liberdade de culto (§ 3º, art. 72) e o caráter secular dos cemitérios (§ 5º, art. 72) (BRASIL, 1891).

Adiante, a Constituição de 1934, embora fizesse menção a Deus em seu preâmbulo, repetiu o texto da Constituição de 1891 no que tange à liberdade de culto e ao caráter secular dos cemitérios. Ademais, positivou que a frequência do ensino religioso nas escolas seria facultativa (art. 153) (BRASIL, 1934).

As Constituições de 1937 e 1946 trataram a temática da mesma forma que a Carta de 1934 (liberdade de culto, secularismo dos cemitérios e faculdade do ensino religioso nas escolas). A única diferença relaciona-se à menção a Deus no preâmbulo da Constituição de 1946 (BRASIL, 1937) (BRASIL, 1946).

A Carta de 1967 também fez menção a Deus em seu preâmbulo e tratou de modo semelhante à Lei anterior no que tange à liberdade de culto e à faculdade do ensino religioso nas escolas (BRASIL, 1967).

No ano de 1980 foi editado o Decreto nº 119-A, que tratava sobre a proibição de intervenção do Estado em matéria religiosa, consagrando a plena liberdade de cultos e de organização religiosa. É com a edição desse documento que o princípio da laicidade adentra, de fato, no cenário jurídico doméstico.

No mesmo sentido, a Constituição Federal de 1988 ratificou a liberdade de cultos e a faculdade do ensino religioso nas escolas públicas, apesar de mencionar a proteção de Deus em seu preâmbulo (BRASIL, 1988).

Nesse contexto, reitera-se que, conforme sopesado no tópico anterior, para a configuração da laicidade é necessário o afastamento da identidade religiosa da esfera governamental. A religião não deve fazer parte da organização política-administrativa de um Estado. Ademais, para um Estado afirmar que é laico é necessário não apenas o secularismo, mas também, o respeito aos diversos cultos religiosos existentes.

É nesse cenário que se discute sobre o uso de crucifixos nas repartições públicas. O questionamento sobre a temática baseia-se no fato de o Estado ser laico não devendo, portanto, fazer uso de objetos religiosos em suas repartições.

O último censo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que analisou a escolha religiosa das pessoas, demonstrou que a população é formada por: 65% de católicos; 13,4% de evangélicos pentecostais/neopentecostais; 8% de pessoas que se

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declaram sem religião; 4,9% de evangélicos não determinados; 4,1% de evangélicos em missão; 2,7% de pessoas que possuem outras religiosidades; e 2% espíritas (IBGE, 2019).

Ressalta-se que a pesquisa foi feita em 2010 e que, considerando os resultados obtidos no ano 2000, a religião católica teve um decréscimo de 8,7% (no ano 2000 73,7% das pessoas se declararam católicas) (IBGE, 2019). Essa pesquisa confirmou a tendência de transformação do cenário religioso brasileiro demonstrando uma “[...] mutação que se acelerou a partir da década de 1980, caracterizando-se, principalmente, pelo recrudescimento da queda numérica do catolicismo e pela vertiginosa expansão dos pentecostais e dos sem religião” (MARIANO, 2013, p. 119).

Há de se observar, também, a seguinte questão: grande parte da população pratica mais de um tipo de religião, fato que a estatística realizada pelo IBGE não computou na avaliação de dados. Como explica Antoniazzi (2003, p. 76):

Ora, um bom número de brasileiros freqüenta [sic] práticas religiosas de vários cultos. [...] O Censo não considera esses fenômenos de dupla (ou mais...) pertença, de mistura de várias religiões. Dificilmente um sociólogo ou um antropólogo reduzirá os adeptos de Umbanda e Candomblé, em todo o Brasil, a pouco mais de 570.000 indivíduos (0,33% da população!) [...] Certamente há muitas pessoas freqüentando [sic] estes cultos, ao menos ocasionalmente, mas que não se declaram “umbandistas”.

Assim, diante de uma diversidade religiosa imensa, o uso de símbolos religiosos de uma determinada religião em órgãos e instituições públicos viola a representatividade democrática. Uma vez que a Constituição prevê a laicidade do Estado, esse não deve demonstrar predileção religiosa por uma determinada religião ao usar símbolos religiosos em suas instituições e órgãos.

Consoante explica Sarmento (2007, n.p):

Em uma sociedade pluralista como a brasileira, em que convivem pessoas das mais variadas crenças e afiliações religiosas, bem como indivíduos que não professam nenhum credo, a laicidade converte-se em instrumento indispensável para possibilitar o tratamento de todos com o mesmo respeito e consideração.

No ano de 2007, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) manifestou-se pela permanência de objetos religiosos nos órgãos do judiciário, decidindo que tais aparatos não ferem o princípio da laicidade do Estado.

Em 2012, a Rede Feminista de Saúde; as Organizações Não Governamentais (ONGs) SOMOS – Comunicação, Saúde e Sexualidade e NUANCES – Grupo pela livre Orientação Sexual; a associação civil THEMIS – Assessoria Jurídica e Estudo de Gênero; o movimento Marcha de Mulheres; e a Liga Brasileira de Lésbicas protocolaram um requerimento

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administrativo solicitando a retirada do crucifixo e de símbolos religiosos dos prédios da Justiça do Rio Grande do Sul.

Na oportunidade, as entidades acima alegaram que o uso de símbolos religiosos nos órgãos e instituições públicos fere o princípio da laicidade, inviabilizando a democracia no país. À época o requerimento foi deferido em decisão unânime e o relator da matéria, o desembargador Cláudio Baldino Maciel, afirmou que “[...] o julgamento feito em uma sala de tribunal sob um expressivo símbolo de uma Igreja e de sua doutrina não parece a melhor forma de se mostrar o Estado-juiz equidistante dos valores em conflito” (JUSBRASIL, 2019).

Apesar da decisão proferida pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), a temática chegou, novamente, até o CNJ que decidiu pela manutenção dos símbolos religiosos nas repartições públicas. O Conselho Nacional de Justiça pautou sua decisão nos seguintes fundamentos: a) inegável prevalência do cristianismo como fé predominante da nação; b) a maioria dos brasileiros professam a religião cristã e essa não pode ser elemento de diminuída garantia às minorias que professam outras crenças; e c) a Constituição não prevê em nenhum artigo a vedação para que símbolos religiosos sejam expostos em entidades públicas.

O aludido conselho também previu que, acatar a retirada de símbolos religiosos das instituições públicas sob o argumento de o Estado ser laico acarretaria em extinguir os feriados nacionais religiosos, abolir símbolos nacionais e até alterar o preâmbulo da Constituição Federal.

A decisão proferida pelo Conselho Nacional de Justiça vai de encontro com princípio da laicidade, haja vista que coloca a religião e a religiosidade – o crucifixo é um símbolo religioso – em repartições que representam o Estado.

Há, também, o desrespeito às demais religiões existentes no país ao optar-se pelo uso do símbolo religioso de uma, preterindo as demais. Outro ponto é que os órgãos e entidades públicos desempenham um papel de representatividade democrática, sendo assim, devem espelhar a composição multicultural de um local e não acolher uma em específico.

4 A LAICIDADE NA FRANÇA

O início da laicidade no Estado francês remonta à época da Revolução Francesa, período que fundamentou os Direitos Humanos. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 abordou, sumariamente, o princípio da laicidade ao dispor sobre a liberdade de opinião religiosa (RINCK, 2019). Anais do XVI Congresso Internacional de Direitos Humanos. Disponível em http://cidh.sites.ufms.br/mais-sobre-nos/anais/

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A Constituição de 1791 tratou sobre a laicidade ao consignar em seu preâmbulo, que a Lei não mais reconhecia os votos religiosos ou outros compromissos que seriam contrários aos direitos naturais ou à Constituição. O documento também previu a liberdade de culto (art. 3º) (FRANÇA, 1791).

De maneira semelhante à Constituição anterior, a Carta de 1795 previu, em seu art. 352, que a Lei não adota votos religiosos ou convenções contrárias aos direitos naturais do homem (FRANÇA, 1795).

Já as Constituições de 1793, de 1799 e de 1802 não fizeram menção a Deus, à religião e à laicidade. A Carta do império, de 1804, fez menção a Deus em seu texto de promulgação (art. 140) e na redação modelo que tratava sobre as decisões executórias (art. 141) (FRANÇA, 1804).

A Lei maior de 1814, no título que trata sobre o direito público francês, previu, expressamente, que a religião católica apostólica romana era a religião do Estado. Apesar de ter reconhecido uma religião oficial, o documento previu a liberdade de culto em seu art. 5º (FRANÇA, 1814).

Mais à frente, a Constituição de 1830 previu a liberdade de culto (art. 5º) e dispôs que os ministros da religião católica apostólica romana e os de outros cultos cristãos recebem salários do tesouro público (art. 6º) (FRANÇA, 1830).

A Carta da segunda república, de 1848, fez menção a Deus em seu preâmbulo e no art. 48 ao dispor sobre o juramento a ser feito pelo presidente da república na Assembleia Nacional. Há também dispositivo que trata da liberdade de culto e da proteção do Estado em relação à sua prática (art. 7º). O preâmbulo também menciona que o Estado protegerá os cidadãos em relação ao exercício de sua religião (FRANÇA, 1848).

A Constituição do segundo império, de 1852, menciona a religião em seu art. 26 ao dispor que o senado se opõe à promulgação de leis que sejam contrárias ou que violem o exercício da religião (FRANÇA, 1852). A Carta da terceira república, de 1875, faz menção a Deus ao tratar sobre as sessões do senado e da câmara dos deputados (FRANÇA, 1875).

A Constituição da quarta república, de 1946 não faz menção a Deus e previu o princípio da laicidade do Estado ao dispor que a França é uma república indivisível, laica, democrática e social (art. 1º); e que o ensino público é laico (em seu preâmbulo) (FRANÇA, 1946).

Finalmente, a Constituição da quinta república, de 1958, também não menciona Deus e aborda o laicismo da mesma maneira que a Carta da quarta república. O seu art. 1º estabelece

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que a república da França é indivisível, laica, democrática e social e assegura a igualdade a todos os cidadãos perante a lei independentemente da religião que professem (FRANÇA, 1958). Conforme demostrado, somente as Constituições de 1946 e de 1958 trataram expressamente sobre a laicidade estatal. Dessa forma, percebe-se que a separação entre religião e Estado possui uma dupla recusa. Sobre a temática, Rinck (2019, n.p) dispõe que:

[...] pode-se concluir que a laicidade francesa caracteriza-se, numa primeira análise, por uma dupla recusa tanto da formação de um Estado ateístico (ao respeitar todas as religiões), como a de um Estado crente (ao estabelecer a separação entre Igreja e Estado, o ensino público laico e a não oficialização de uma religião), objetivando garantir a igualdade total dos cidadãos no tocante à matéria de crenças, além de assegurar a plena liberdade de consciência.

O sistema normativo francês, considerando o disposto na Carta da quinta república, promulgou, em 2004, uma lei que proíbe o uso de vestimentas que manifestem ostensivamente uma mostra religiosa. A lei teve sua origem em sugestões e considerações da Commission de

reflexion sur l’application du príncipe de laïcité dans la Republique3, que promoveu, em 2003

um debate na sociedade civil francesa com o fim de analisar o contexto social para uma concretização do princípio da laicidade no âmbito público. A intenção era preservar a pluralidade, liberdade religiosa e o princípio da igualdade (RINCK, 2019, n.p).

A Lei n° 2004-228, de 15 de março de 2004, teve por desígnio aplicar o princípio do secularismo proibindo o uso de cartazes ou vestimentas de cunho religioso no âmbito das instituições de ensino. Em 22 de maio do mesmo ano editou-se uma circular que melhor elucidou o seu campo de aplicação.

A circular dispõe que a lei de 15 de março aplica o princípio constitucional da laicidade, que é um dos fundamentos do ensino público. O ato normativo discorre que os sinais e trajes proibidos são aqueles cujo uso leva a ser imediatamente reconhecido por sua filiação religiosa como o véu islâmico, o quipá ou uma cruz de tamanho manifestamente excessivo. A redação do documento foi redigida com o intuito de se aplicar a todas as religiões.

Nesse aspecto, percebe-se que a proibição do uso de vestimentas de cunho religioso, por mais que se paute no princípio da laicidade, também se ampara no princípio da igualdade, haja vista que a lei não pretere determinada vestimenta ou artigo religioso em favor de uma específica (o que ocorre no Brasil em relação ao uso de crucifixos nos órgãos públicos). Pelo texto legal, todas as religiões foram abarcadas pela proibição (católicos, evangélicos, protestantes, judeus, muçulmanos e outras).

3 Tradução livre do francês para o português: Comitê de reflexão sobre a aplicação do princípio da laicidade na República. Anais do XVI Congresso Internacional de Direitos Humanos. Disponível em http://cidh.sites.ufms.br/mais-sobre-nos/anais/

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A mesma correlação entre o princípio da laicidade e a igualdade de tratamento não pode ser realizada no que tange à proibição do uso de burkinis pelas mulheres nas praias francesas. Essa vestimenta foi banida após os atentados terroristas em 2016. À época, pelo menos 29 prefeitos baniram o seu uso alegando que se tratava de uma questão de segurança e que o traje era uma provocação contra a autoridade do secularismo francês (RESETDOC, 2019).

Mendelski (2018, p. 404) explica que:

Essas proibições a respeito do burkini contaram com forte apoio do governo federal. O então premier Manuel Valls declarou, em agosto de 2016, que a vestimenta “não era compatível com os valores da França e da República”. Disse, ainda, que o burkini não representa um novo tipo de roupa de banho ou uma moda. É uma expressão de um projeto político, uma contra-sociedade baseada principalmente na escravização da mulher” (KROET, 2016, online).

Das declarações emitidas pelo então premier da França, percebe-se que a proibição do burkini não se baseia somente na aplicação do laicismo. Trata-se de uma forma de perseguição religiosa voltada aos praticantes do islamismo. Seguindo o raciocínio de proibição de vestes com fundamento no princípio da laicidade, dever-se-ia proibir o uso de quaisquer vestimentas religiosas nos ambientes públicos (batinas, casulas, dalmáticas, túnicas e kaftans, por exemplo). A proibição de vestimenta atinge somente as mulheres que são praticantes da doutrina islã. Nesse ponto, há de se considerar que a religião islâmica é a segunda maior da França, ficando atrás apenas do cristianismo (STATISTA, 2015).

A proibição do uso de burkini pautou-se em decretos editados pela municipalidade, haja vista que não há uma lei francesa que aborde a temática. Os decretos permitem que a polícia aborde e multe a mulher que usa essa vestimenta (há multas que chegam ao valor 38 euros) (INDEPENDENT, 2016).

Em julho de 2019, o Institut d'études opinion et marketing en France et à l'international4

(IFOP) realizou uma pesquisa que tratou sobre a necessidade de se legislar acerca da proibição desse traje de banho pelas mulheres. O resultado demonstrou que 68% dos homens e 65% das mulheres são favoráveis à regulamentação da proibição do uso de burkinis nas praias. Quando se trata de uma normatização que proíba o seu uso nas piscinas públicas, 73% dos homens e 72% das mulheres são favoráveis à elaboração da lei (IFOP, 2019).

Nessa mesma pesquisa o IFOP apresentou que 68% dos homens e 69% das mulheres franceses se incomodam em ver uma mulher de burkini na praia. Quando se trata do ambiente

4 Tradução livre do francês para o português: Instituto de estudos de opinião e marketing na França e no exterior.

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de uma piscina pública, 72% dos homens e 77% das mulheres dizem se incomodar (IFOP, 2019).

Ressalta-se que, embora o Conseil d’Etat (Corte Suprema Administrativa da França) tenha declarado que a medida é ilegal e viola as liberdades fundamentais, os municípios continuam proibindo o uso dos burkinis.

A National Consultative Commission on Human Rights5 juntamente com o

Observatoire de la laïcité6 expressou que o princípio constitucional do secularismo implica em

neutralidade do Estado, dos serviços públicos e das autoridades locais e garante aos cidadãos a liberdade de consciência e liberdade em expressar suas convicções dentro dos limites da ordem pública (LOUATI, 2016, p. 197).

Percebe-se, dessa forma, que o princípio do secularismo não deve ser interpretado de forma única e desconexa com os demais direitos fundamentais.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente estudo observou-se que, de forma geral7, o princípio da laicidade é utilizado com parcialidade para fundamentar o uso de determinados artigos religiosos no Brasil e na França. Essa predileção por uma determinada religião foi observada, principalmente, quando se considera a representatividade da maior população religiosa de ambos os países: a católica.

Considerando as nuances do princípio da laicidade no Brasil e na França, afirma-se que a manutenção de símbolos religiosos nas repartições públicas brasileiras e a proibição de uso de vestimentas religiosas na França, como a burkini, ofendem os direitos humanos dos praticantes e não praticantes religiosos, indo de encontro à liberdade religiosa positivada em ambos os ordenamentos jurídicos.

O trabalho demonstrou que o princípio do laicismo tange à liberdade religiosa de cada indivíduo, ou seja, a não há uma imposição pelo Estado de qual religião se deve seguir. Ao mesmo tempo, notou-se que a secularização tange ao afastamento das influências religiosas nas decisões do Estado.

5 Tradução livre do francês para o português: Comissão Consultiva Nacional dos Direitos Humanos. 6 Tradução livre do francês para o português: Observatório do secularismo.

7 A única lei em estudo, que se fundamentou no princípio da laicidade e que o aplicou de forma imparcial foi a lei francesa n° 2004-228, de 15 de março de 2004. Essa proibiu o uso de cartazes ou vestimentas de cunho religioso no âmbito das instituições de ensino, pautando-se pelo princípio da igualdade – pelo texto legal, todas as religiões foram abarcadas pela proibição.

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Ao longo do estudo procurou-se fazer um retrospecto histórico da legislação brasileira e francesa acerca da entrada do princípio da laicidade nos ordenamentos jurídicos brasileiro e francês. Para tanto, utilizou-se as Constituições de cada Estado e a legislação específica sobre a temática.

Com efeito, na análise brasileira verificou-se que embora a atual Constituição apregoe a liberdade religiosa, algumas instituições públicas mantêm símbolos referentes ao cristianismo em suas sedes, indo de encontro com o princípio da laicidade e ferindo o direito de liberdade religiosa de outros indivíduos não declaradamente cristãos. Esses sentem-se ofendidos ou preteridos com a posição estatal, tanto que pugnaram judicialmente a retirada dos símbolos cristãos nos órgãos públicos. Nesse aspecto, o Conselho Nacional de Justiça, indo de encontro ao princípio ventilado pela Constituição, compreendeu ser possível a manutenção desses artigos religiosos.

Na análise francesa, viu-se a entrada do princípio da laicidade no ordenamento jurídico e a posição do Estado francês quanto ao uso do burkini. Vislumbrou-se que, apesar de o princípio da laicidade ser enraizado na estrutura jurídica francesa, o Estado tomou uma posição adversa ao proibir o uso em locais públicos do artigo religioso, fulminado o princípio da laicidade e ofendendo a cultura islã.

6 REFERÊNCIAS

ANTONIAZZI, Alberto. As Religiões no Brasil Segundo o Censo de 2000. Revista de Estudos da Religião, São Paulo, SP, p. 75-80, set. 2003. Disponível em: https://www.pucsp.br/rever/rv2_2003/p_antoni.pdf. Acesso em: 30 jul. 2019.

BRASIL, CAMARA DOS DEPUTADOS. Constituição de 1934. Disponível em: http://www2.camara.leg.br/legin/fed/consti/1930-1939/constituicao-1934-16-julho-1934-365196-publicacaooriginal-1-pl.html. Acesso em 31 jul. 2019.

BRASIL, PLANALTO. Constituição Federal de 1937. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao37.htm. Acesso em 31 jul. 2019

BRASIL. PLANALTO. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 31 jul. 2019

BRASIL. PLANALTO. Constituição de 1824. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm. Acesso em 31 jul. 2019

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BRASIL. PLANALTO. Constituição Federal de 1946. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao46.htm. Acesso em 31 jul. 2019 DOMINGOS, Marília De Franceschi Neto. Ensino Religioso e Estado Laico: uma lição de tolerância. Revista de Estudos da Religião, São Paulo, SP, p. 45-70, set. 2009. Disponível em: http://www4.pucsp.br/rever/rv3_2009/t_domingos.pdf. Acesso em: 30 jul. 2019.

FRANÇA. CONSEIL CONSTITUTIONNEL. Constitution de 1791. Disponível em: https://www.conseil-constitutionnel.fr/les-constitutions-dans-l-histoire/constitution-de-1791. Acesso em: 30 jul. 2019.

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