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Biblioteca Digital do IPG: Relatório de Estágio Curricular – Maia Atlético Clube (Esposende)

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Academic year: 2021

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dWG

daj Guarda

Polytechnic of Guarda

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

Licenciatura em Desporto

António Alberto Moreíra Fragoso

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INSTITUTO POLITÉCNICO DA GUARDA

ESCOLA SUPERIOR DE EDUCAÇÃO, COMUNICAÇÃO E DESPORTO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO

RELATÓRIO PARA OBTENÇÃO DO GRAU

DE LICENCIATURA EM DESPORTO

ATLETISMO

António Alberto Moreira Fragoso Aluno Nº 5007964

julho 2016

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“A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita.” (Mahatma Gandhi, 1948)

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FICHAS DE IDENTIFICAÇÃO

Instituição de Ensino

Instituição de Formação: Instituto Politécnico da Guarda (IPG)

Escola de Formação: Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto (ESECD) Diretor da ESECD: Professor Doutor Pedro José Arrifano Tadeu

Diretora de Curso: Professora Doutora Carolina Júlia Félix Vila-Chã

Docente Orientadora: Professora Doutora Natalina Maria Machado Roque Casanova

Discente

Discente: António Alberto Moreira Fragoso Número de Aluno: 5007964

Grau pretendido: Licenciatura em Desporto

Instituição acolhedora/Local de Estágio

Clube: Maia Atlético Clube (MAC)

Local: Estádio Municipal Professor Doutor José Vieira de Carvalho

Tutor do Estágio 1. Nome:

Serafim Fernando Nogueira Alves Gadelho

2. Formação académica

Ano (1) Grau (2) Área (3) Instituição (4)

1995 Licenciatura Desporto e Educação Física FCDEF - UP 2004 Mestrado Ciência do Desporto - Treino de Alto

Rendimento FCDEF - UP

3. Grau de treinador e número da cédula

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4. Experiência profissional relevante na área (últimos 5 anos)

1996 a 2010, Futebol Clube do Porto. Coordenador das "Escolas de Atletismo";

1997 a 2010, Futebol Clube do Porto. Treinador responsável pelos setores da Velocidade e do Meio-Fundo Jovem da equipa de Atletismo;

2001 a 2008, Escola Superior Jean Piaget - Arcozelo, Instituto Piaget. Professor do Curso de Professores do 2º ciclo - Variante Educação Física;

2008 a 2010, Diretor do Centro de Formação de Atletismo da Zona Norte;

2015, Federação Portuguesa de Atletismo. Coordenador Regional do Programa Nacional da Marcha e Corrida;

2015, Federação Portuguesa de Atletismo. Colaborador Técnico do Departamento Juvenil; 2015, Federação Portuguesa de Atletismo. Colaborador Técnico do Departamento de Formação. Colaborador Técnico no Maia Atlético Clube

Diretor da Academia Fernanda Ribeiro

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AGRADECIMENTOS

Com a finalização deste Relatório de Estágio Profissional não posso deixar de agradecer a algumas pessoas que, direta ou indiretamente, me ajudaram nesta caminhada.

Em primeiro lugar, agradeço a orientação da Professora Doutora Natalina Maria Machado Roque Casanova pela sua disponibilidade em me ajudar sempre que solicitada para o efeito.

À Associação de Atletismo da Guarda, local onde exerço a minha atividade profissional, pelas facilidades que me concederam durante este tempo.

Aos meus pais e à minha mulher pela minha ausência.

Ao meu Tutor de Estágio, Direção do Maia Atlético Clube, Treinadores e atletas pela forma como me receberam e acarinharam.

Aos meus colegas do Curso de Desporto por todas as vivências e por todas as experiências partilhadas, ao longo dos últimos três anos.

Por último, a todos os que direta ou indiretamente contribuíram para a concretização deste Estágio e que por razões de esquecimento não se encontram aqui referidos.

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RESUMO

O meu Estágio em atletismo iniciou-se em 03 de setembro de 2015 no Estádio Municipal Professor Doutor José Vieira de Carvalho, na Maia, com um primeiro contato com o espaço, grupo de trabalho, outros agentes e com o treino. Foram definidas as regras, os dias da semana e o horário de trabalho, bem como os locais de treino.

Foi igualmente acordado situar a minha intervenção na colaboração, com os meus conhecimentos no planeamento da época desportiva dos atletas do grupo, na preparação das sessões de treino e no apoio ao Tutor e sua substituição na sua ausência. Com a minha intervenção pretendia-se que esta fosse uma mais-valia para uma formação não só desportiva, mas também humana dos atletas.

Uma vez que o grupo de trabalho era constituído por atletas já com uma formação específica na área da velocidade pura e prolongada outra vertente de preocupação fulcral seria dar importância à análise de aspetos mais técnicos da velocidade e da força que levassem ao aperfeiçoamento da técnica da corrida, aspetos sempre em constante transmutação.

Para além de apoiar os atletas diretamente nas sessões de treino também deveria haver um acompanhamento nas Competições Regionais e Nacionais.

Ao longo da época senti necessidade de desenvolver um estudo na área da transposição de barreiras e um outro na partida de blocos com vista a ajudar a melhorar alguns aspetos técnicos de alguns dos atletas.

A realização deste estágio foi de encontro aos meus interesses iniciais preenchendo um vazio que existia na minha formação. Deu-me oportunidade de viver outras realidades a nível de organização de um Clube grande e ao nível de treino e alertou-me para outro género de preocupações sempre importantes na obtenção do sucesso desportivo. O ambiente de companheirismo, amizade e compreensão encontrados tanto com a estrutura técnica do clube como com os atletas e dirigentes tornaram todo o estágio mais simples e com ligações interpessoais que vão perdurar por muito tempo. O planeamento de treinos, a observação, a execução de treinos e a

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presença em competições forneceram ferramentas que me serão extremamente úteis no futuro profissional.

(9)

Índice

1.INTRODUÇÃO ... 1

2. CONTEXTUALIZAÇÃO ... 3

2.1. Caraterização do Clube ... 3

2.1.1. Atletas inscritos no Clube na época de 2015/2016 ... 4

2.1.2. Departamento Técnico ... 5

2.2. Caracterização dos recursos ... 5

2.3. População alvo ... 7 3. OBJETIVOS DO ESTÁGIO ... 10 3.1. Objetivos Gerais ... 10 3.2. Objetivos Específicos ... 10 4. ESTÁGIO CURRICULAR ... 11 4.1. Fases do Estágio ... 11 4.2. Horário ... 11 4.3. Calendarização do Estágio 2015/2016 ... 112 4.4. Unidades de Treino ... 14 5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ... 15

5.1. Técnica de passagem das Barreiras... 15

5.1.1. Fases da corrida ... 16

5.1.2. Como se faz a passagem sobre a barreira? ... 17

5.2. Partida de blocos ... 21

5.2.1. Técnica de execução da partida de blocos ... 23

5.3. Parâmetros biomecânicos indicadores do desempenho técnico na partida de blocos ………...25

5.3.1. Antropometria ... 25

5.3.2. Posição do Centro de Massa ... 29

5.3.3. Cinemetria ... 30

5.3.4. Dinamometria ... 32

5.3.5. Electromiografia ... 33

6. COMPETIÇÕES QUE ENVOLVERAM A PARTICIPAÇÃO DOS ATLETAS 36 7. NÚMERO DE PARTICIPAÇÕES EM COMPETIÇÕES/ JORNADAS POR ATLETA ... 37

8. FORMAÇÕES FREQUENTADAS PELO DISCENTE ... 38

9. BIBLIOGRAFIA ... 40

(10)

Índice de Figuras

FIGURA 1 - LOGOTIPO DO MAIA AC ... 3

FIGURA 2 - ESTÁDIO MUNICIPAL DA MAIA ... 6

FIGURA 3 - PRAIA DE MATOSINHOS... 7

FIGURA 4 - PAVILHÃO DE EXPOSIÇÕES DE BRAGA ... 7

FIGURA 5 - TRAJETÓRIA DE UM BARREIRISTA NA PASSAGEM DE UMA BARREIRA... 18

FIGURA 6 - TÉCNICA DA PASSAGEM SOBRE A BARREIRA ... 19

FIGURA 7 - ANÁLISE NO KINOVEA DO DESEMPENHO DE S ... 20

FIGURA 8 - ANÁLISE NO KINOVEA DO DESEMPENHO DE GUY DRUT ... 21

FIGURA 9 - J "AOS SEUS LUGARES" ... 23

FIGURA 10 - J "PRONTOS" ... 24

FIGURA 11 - J "FASE DE PARTIDA" ... 24

FIGURA 12 - MODELO DA POSIÇÃO DO ATLETA NA SAÍDA (ADAPTADO DE ZAPOROZHANOV ET AL.,1992) ... 26

FIGURA 13 - ÂNGULOS DE FLEXÃO DAS PRINCIPAIS ARTICULAÇÕES DO CORPO, DE J NA POSIÇÃO DE “PRONTOS” ... 29

FIGURA 14 - MOMENTOS DAS ARTICULAÇÕES DA ANCA, DO JOELHO E DO TORNOZELO E VELOCIDADE ANGULAR DOS DIFERENTES PONTOS DA CADEIA CINÉTICA DA PERNA (ADAPTADO DE KORNELYUK, 1981) ... 35

(11)

Índice de Tabelas

TABELA 1 - DISTRIBUIÇÃO DOS ATLETAS DO CLUBE POR ESCALÃO ETÁRIO ... 4

TABELA 2 - CALENDARIZAÇÃO DO ESTÁGIO 2015/2016 ... 122

TABELA 3 - PERIODIZAÇÃO DA ÉPOCA ... 123

TABELA 4 - CARATERÍSTICAS DA POSIÇÃO DO ATLETA NA SAÍDA DOS BLOCOS ... 266

TABELA 5 - ÂNGULOS DA ARTICULAÇÃO DO JOELHO E DO TRONCO NA POSIÇÃO DE “PRONTOS” (ADAPTADO DE MANSO ET AL., 1998)... 277

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Índice de Gráficos

GRÁFICO 1 - DISTRIBUIÇÃO GRÁFICA DOS ATLETAS EM GRUPOS: FORMAÇÃO

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LISTA DE SIGLAS

CG - Centro de Gravidade CM - Centro de Massa

ESECD - Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto IAAF - Associação Internacional das Federações de Atletismo IPG - Instituto Politécnico da Guarda

MAC - Maia Atlético Clube MI - Membro Inferior

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1. INTRODUÇÃO

Este Relatório surge na sequência do Estágio em Atletismo que efetuei ao longo do presente ano letivo no Maia Atlético Clube (MAC). Inserido no Curso de Licenciatura em Desporto (Menor de Treino Desportivo) da Escola Superior de Educação, Comunicação e Desporto (ESECD) do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), tive como coordenadora a Professora Doutora Natalina Casanova e como Tutor o Mestre Serafim Gadelho.

A opção de realização deste Estágio em Atletismo prendeu-se com o fato de esta ser a minha modalidade preferida e há longos anos exercer uma atividade profissional nesta área ligado à Associação de Atletismo da Guarda, à Federação Portuguesa de Atletismo e outras Instituições. Apesar de já ter duas Cédulas de Treinador de Atletismo de nível III uma na área de Velocidade e Barreiras e outra na área de Meio Fundo e Marcha e deste modo este Estágio não contribuir para a obtenção de qualquer Cédula de Treinador considerei, desde o princípio, que seria importante passar por todo o processo da Licenciatura que me propus realizar. Assim, este Estágio foi mais um dos degraus dessa formação e também uma oportunidade para contatar com uma realidade de um Clube de grandes dimensões muito diferente da realidade do interior do País, à qual estou habituado.

Uma vez que para a realização do Estágio me teria de deslocar da minha área de residência, a Cidade da Guarda, dado que aqui não se encontravam as condições elegíveis para o efeito, com os conhecimentos que tenho poderia ter optado por qualquer outro Clube. No entanto, a opção acabou por recair sobre o Maia Atlético Clube devido ao fato de ser um Clube de dimensão nacional vocacionado para o atletismo com bastante intervenção na área da formação e por na área do grande Porto possuir uma segunda residência.

Repartidas por planeamento, preparação, treinos e competições foram 529 horas de Estágio que tiveram o seu início em 03 de setembro de 2015 e o seu términus em 31 de maio de 2016. Se inicialmente foi estipulado que iria acompanhar os treinos de 4ª a 6ª feira das 18h00’ às 20h00’ e ao sábado e domingo das 10h00’ às 12h00’, quando não houvesse competição, na prática com o decorrer do tempo apesar do acompanhamento se verificar nos dias da semana referenciados por vezes acontecia também noutros dias nomeadamente em períodos de interrupções letivas.

(15)

Este Estágio tornou-se numa experiência real de formação a qual visou igualmente encontrar um ponto de equilíbrio que me possibilitasse uma melhoria no futuro enquanto Treinador de Atletismo, a modalidade de eleição.

Ao longo de três anos de Licenciatura adquiri conhecimentos que complementaram os que já possuía e me prepararam para este momento o qual vem rematar todo o processo de formação que me permitirá enfrentar o futuro com outra visão.

A estrutura deste documento começa por abarcar a contextualização do clube na qual é efetuada uma caraterização do mesmo com indicação dos órgãos sociais atuais, fundação, recursos, palmarés, títulos recentemente alcançados pelos seus atletas, número de atletas e estrutura técnica de forma a elucidar acerca da dimensão do clube. Depois da definição dos objetivos, gerais e específicos, entramos num outro capítulo em que são definidas as fases do estágio, o horário bem como a calendarização. Segue-se um outro com dois estudos produzidos: um na área da transposição de barreiras e um outro na área da partida de blocos, os quais em determinada altura do estágio, depois de várias observações e avaliações, se fizeram sentir de forma a poder contribuir para uma técnica superior dos atletas, de modo a rentabilizar a sua prestação. Neste estudo passa-se em passa-seguida a uma análipassa-se da prestação dos atletas em competições com indicação das competições e do número de participações em que estiveram envolvidos neste período, bem como com as marcas e títulos alcançados pelos atletas. Ainda, antes de uma reflexão final sobre este ano de estágio, a qual fará o balanço de toda a experiência adquirida e aludirá às projeções futuras, é efetuada uma abordagem às formações frequentadas.

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2. CONTEXTUALIZAÇÃO

2.1.Caraterização do Clube 1

Inserido na Cidade da Maia, o Maia Atlético Clube (Maia AC), tem como lema

“Vencer é a nossa Paixão”, tem a sua Sede Social no Estádio Municipal Professor

Doutor José Vieira de Carvalho, sito na Rua José Rodrigues da Silva Júnior - Vermoim, 4470-316 Maia.

Uma das maiores empresas patrocinadoras oficiais do clube é a “Criobaby”, uma empresa do Grupo Cryo-Save, líder europeu em criopreservação de células estaminais do sangue e tecido do cordão umbilical.

Os Órgãos Sociais do Clube são constituídos pela Direção da qual fazem parte: Presidente: Rui Borges

Vices-Presidentes: Marta Moreira e José Carlos Ricardo

e, ainda, por uma Assembleia Geral, por um Conselho Fiscal, um Conselho Honorário e uma Estrutura Técnica constituída por onze Treinadores, enquadrados por um Diretor Técnico, Mestre José Regalo (ex-atleta Olímpico), e, ainda, outros Treinadores que não estando na estrutura do Clube treinam atletas pertencentes ao mesmo.

Fundado em 1995, o Maia AC desde que reativou a sua secção de Atletismo, em 2001, ganhou um novo fôlego fruto do dinamismo do seu Presidente, Rui Borges, um antigo atleta, e de antigos atletas internacionais que se juntaram a este projeto, na qualidade de Treinadores e, ainda, com o dinamismo de muitos outros e também pelo fato de se encontrar numa área metropolitana de grande densidade populacional, passou a ser uma referência a nível regional e nacional, integrando, presentemente, cerca de 200 atletas de ambos os géneros e nos diferentes escalões etários.

1 Página oficial do Clube, disponível em: https://maiaatleticoclube.wordpress.com Figura 1 - Logotipo do Maia AC

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Com atletas Internacionais nos seus quadros e outros que anualmente se encontram nos primeiros lugares dos Rankings Nacionais nas diferentes disciplinas e escalões e que frequentemente são chamados a Estágios Regionais e Nacionais e, ainda, a Seleções Regionais e Nacionais este Clube, fruto das conquistas dos seus atletas ano após ano, apresenta hoje em dia um palmarés bastante rico e diversificado do qual podemos destacar em 2014/2015:

27 Campeões Nacionais/Portugal Individuais; 25 Vice-Campeões Nacionais/Portugal Individuais;

16 Terceiros classificados em Campeonatos Nacionais/Portugal Individuais; 4 Vice-Campeonatos coletivamente;

15 vezes terceiros classificados coletivamente em Campeonatos Nacionais/Portugal; 46 Campeões da Zona-Norte Individuais;

7 Campeonatos da Zona Norte, coletivamente;

87 Campeões Distritais individuais da Associação de Atletismo do Porto; 20 Títulos Regionais Coletivos.

2.1.1. Atletas inscritos no Clube na época de 2015/2016

Uma das grandes preocupações deste Clube está centrada na formação como um objetivo, em si mesmo, e como uma prioridade, sem esquecer, obviamente, os atletas que estão fora dessa etapa. Assim, observando a tabela e o correspondente gráfico abaixo, verificamos que 74% dos praticantes pertencem à formação, ao passo que 26% pertencem aos escalões de seniores/masters.

Masculinos Femininos Total por Escalão Benjamins 11 17 28 Infantis 17 14 31 Iniciados 18 19 37 Juvenis 15 17 32 Juniores 9 5 14 Seniores 16 7 23 Veteranos 19 9 28 Total por Género 105 88 193

Tabela 1 - Distribuição dos atletas do clube por escalão etário e género, na época de 2015/2016 (Fonte Maia AC)

Gráfico 1 - Distribuição gráfica dos atletas em grupos: Formação (Benjamins a Juniores) e Seniores/Masters

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De acordo com esta realidade outros Clubes, consoante os seus objetivos pontuais ou com mais poder económico, nomeadamente os grandes da Capital no defeso/época de transferências vão até à Cidade da Maia à procura de reforços para as suas equipas de atletismo.

2.1.2. Departamento Técnico

Um departamento Técnico devidamente enquadrado e estruturado no qual se encontrem definidas as áreas de intervenção de cada um é fundamental para que haja um equilíbrio estável e ao mesmo tempo dinâmico para a consecução dos objetivos defendidos no plano anual de atividades. No caso do Maia AC o Mestre José Regalo é o Diretor Técnico Desportivo e simultaneamente exerce funções de Treinador do Clube de atletas da área do meio-fundo e fundo. Um conjunto de treinadores experientes acompanham-no no enquadramento dos cerca de 200 atletas do clube nos treinos e nas competições, a saber: Mestre Serafim Gadelho, Treinador do setor de velocidade e formação; Mestre Pompeu e Castro Treinador do setor de velocidade e meio-fundo; Professor Rui Carvalho, Treinador do setor de lançamentos, velocidade e saltos; Nuno Gonçalves, Treinador de meio-fundo e formação; Luís Cunha, Treinador de saltos e formação; Professor Carlos Monteiro, Treinador do setor de formação; Professora Cristina Regalo, Treinadora do setor de formação; Vitor Ribeiro, Treinador do setor de meio-fundo e formação.

2.2. Caracterização dos recursos 2

O Estádio Municipal Professor Doutor José Vieira de Carvalho, na Maia, fundado em 1930 com capacidade para 25 000 lugares sentados encontra-se apetrechado para a prática do futebol e do atletismo.

Com uma Pista de Atletismo em Piso sintético de 400m e zonas envolventes permite enquadrar um Centro de Treino de Alto Rendimento para o Atletismo, em cooperação estreita entre a Federação Portuguesa de Atletismo/Associação de Atletismo do Porto/CâmaraMunicipal da Maia/Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

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Esta infra-estrutura valoriza de forma significativa o treino de Alto Rendimento da modalidade no Norte do País e, em especial nos Concelhos da Maia e do Porto.

Inaugurado em 1987 e remodelado em 2015, o atual complexo desportivo serve o Atletismo Nacional e foi decisivo para dar resposta ao treino e competição dos atletas, no que se refere à zona norte do País.

A Pista de Atletismo encontra-se devidamente equipada com o material necessário para a Competição e para além disso existem outros equipamentos para treino espalhados em diversas arrecadações que são propriedade de diversas entidades, tais como: Federação Portuguesa de Atletismo/Associação de Atletismo do Porto/Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e Treinadores. Um ginásio, nas bancadas do Estádio, modestamente apetrechado com material de diversas entidades Federação Portuguesa de Atletismo/Associação de Atletismo do Porto/Faculdade de Desporto da Universidade do Porto e Treinadores era um dos locais utilizados para o treino de força dos atletas, até há bem pouco tempo. Este foi recentemente transferido para um espaço nas bancadas do Pavilhão Municipal, localizado ao lado da Pista de Atletismo, que foi adaptado para o efeito. O equipamento para além de ser o mesmo foi aumentado com outro que se encontrava espalhado por diversas áreas.

O areal da Praia de Matosinhos, em Matosinhos, foi igualmente um local elegível para o treino no início da época, numa fase pré-preparatória, em que os treinos multivariados eram uma constante.

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A Pista Coberta instalada no Pavilhão de Exposições de Braga (localizado a cerca de 50Km’s) foi outro dos locais elegíveis para alguns treinos semanais durante os meses de dezembro, janeiro e fevereiro incluídos nos períodos específico I e competitivo I.

2.3.População alvo

Do grupo de treino diretamente ligados ao Mestre Serafim Gadelho temos cinco atletas da área da velocidade, conforme passo a descrever:

- S - Ano de Nascimento: 1991 Escalão: Sénior

Nacionalidade: Portuguesa Altura: 1,72m; Peso: 63Kg

7 anos de prática de atletismo (anteriormente frequentou o ballet); iniciou-se no Futebol Clube do Porto (AA Porto), tendo passado pela Juventude Vidigalense (ADA Leiria) e Maia Atlético Clube (AA Porto) e presentemente encontra-se em processo de

Figura 3 - Praia de Matosinhos

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Transferência para a Associação Cultural e Desportiva do Jardim da Serra (AARA Madeira).

Recordes pessoais

Pista Coberta Ar Livre

60m - 8,13 - 10.01.15 - Braga 200m - 26,65 - 03.02.13 -Pombal 400m - 58,50 - 23.02.13 Pombal 200m - 26,28 - 19.07.15 Guimarães 400m - 58,16 - 26.06.13 Maia 400m Barreiras - 62,36 - 28.07.13 Leiria Melhores Marcas de 2014/2015

Pista Coberta Ar Livre

60m - 8,13 - 10.01.15 - Braga 200m - 27,04 - 11.01.15 Braga 400m - 58,60 - 28.02.15 Pombal 200m - 26,28 - 19.07.15 Guimarães 400m - 58,57 - 08.07.15 Guimarães 400m Barreira - 63,54 - 26.07.15 - Leiria - M - Ano de Nascimento: 1998 Escalão: Júnior Nacionalidade: Portuguesa Altura: 1,72m; Peso 53Kg

7 anos de prática de atletismo; iniciou-se na Associação Recreativa Luz e Vida Gondomarense (AA Porto); tendo depois passado pelo Grupo Desportivo do Marco (AA Porto); e presentemente encontra-se no Maia Atlético Clube (AA Porto).

Recordes pessoais

Pista Coberta Ar Livre

60m - 8,21 - 21.02.15 - Pombal 200m - 28,38- 11.02.15 - Braga 100m - 12,76 - 16.05.15 Guimarães 200m - 26,94 - 31.05.15 Póvoa do Varzim 400m - 64,81 - 12.07.15 Guimarães Melhores Marcas de 2014/2015

Pista Coberta Ar Livre

60m - 8,21 - 21.02.15 - Pombal 200m - 28,38- 11.02.15 - Braga 100m - 12,76 - 10.05.15 Guimarães 200m - 26,68 - 19.07.15 Guimarães 400m - 64,81 - 12.07.15 Guimarães - J - Data de Nascimento: 1999 Escalão: Juvenil Nacionalidade: Portuguesa Altura:1,58m; Peso: 49Kg

6 anos de prática de atletismo; iniciou-se no Grupo Desportivo do Marco (AA Porto); tendo depois ingressado no Maia Atlético Clube (AA Porto).

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Recordes pessoais

Pista Coberta Ar Livre

60m - 7,99 - 21.02.15 - Pombal 200m - 27,53 - 11.01.15 - Braga

100m - 12,56 - 10.05.15 Guimarães 200m - 26,30 - 14.06.15 Vagos Melhores Marcas de 2014/2015

Pista Coberta Ar Livre

60m - 7,99 - 21.02.15 - Pombal 200m - 27,53 - 11.01.15 - Braga 100m - 12,56 - 10.05.15 Guimarães 200m - 26,30 - 14.06.15 Vagos - R - Ano de Nascimento: 1989 Escalão: Sénior Nacionalidade: Portuguesa Altura: 1,88m; Peso: 68Kg

7 anos de prática de atletismo; iniciou-se no Futebol Clube do Porto (AA Porto), tendo passado pelo Clube de Campismo de S. João da Madeira (AA Aveiro); e presentemente encontra-se em processo de Transferência para o Maia Atlético Clube (AA Porto). - G - Data de Nascimento: 1985

Escalão: Sénior

Nacionalidade: Cabo Verdiana Altura: 1,90m; Peso: 94Kg

Presentemente representa a Associação Cultural e Recreativa da Senhora do Desterro (AA Guarda).

Este atleta integra o Desporto Adaptado na categoria T20, deficientes intelectuais.

Frequentemente atletas de outros grupos de treino ou não enquadrados tecnicamente integram o grupo.

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3. OBJETIVOS DO ESTÁGIO

3.1.Objetivos Gerais

Os objetivos gerais a que me propus neste Estágio foram:

- conhecer o nível de intervenção no processo de treino num Clube de Atletismo eclético, de grande dimensão e que se encontra entre os melhores Nacionais;

- adquirir conhecimentos práticos de frente com uma realidade de treino e de competição;

- colocar em prática as ferramentas e conteúdos adquiridos em contexto de sala de aula.

3.2.Objetivos Específicos

Como objetivos mais específicos saliento:

- adquirir novas competências e conhecimentos no atletismo em geral e na área da velocidade em particular;

- diagnosticar os procedimentos adequados no processo de formação e no rendimento do velocista;

(24)

4. ESTÁGIO CURRICULAR

4.1. Fases do Estágio

O Estágio organizado em três fases de desenvolvimento integrou:

- uma primeira fase de integração e planeamento que decorreu desde 03 de setembro até 31 de Outubro. Nesta fase para além da integração num novo contexto desportivo colaborei com o tutor na elaboração do plano anual de atividades. A nível individual, a caraterização do local estágio, os objetivos a que me propunha e a planificação anual das atividades a desenvolver com vista à preparação do plano individual de estágio foram outra realidade, nesta etapa. Depois de um período de observação dos métodos utilizados nas sessões de treino passei a

- uma segunda fase, que decorreu até ao início de maio, com a intervenção gradual no processo de treino, começando por dar alguns feedbacks e por vezes assumindo o treino sozinho.

- por último seguiu-se uma fase de conclusão e avaliação tentando perceber melhor a metodologia utilizada e entender se realmente seria a que eu utilizaria.

Em todo este processo o diálogo foi sempre uma constante com atletas, treinador/tutor, Diretores do clube, os quais eram uma presença assídua nos momentos de treino e nas competições. Com os atletas para além da comunicação em termos desportivos também os aspetos escolares e sociais eram uma realidade.

4.2. Horário

Tratando-se de uma modalidade individual os horários de estágio são muitas vezes adaptados às disponibilidades dos atletas, podendo chegar a dividir-se o grupo com treinos a diferentes horas ao longo do dia. Embora inicialmente tivesse ficado definido um horário semanal de quarta a sexta-feira das 18h00’ às 20h00’ e ao sábado e domingo das 10h00’ às 12h00’, isto quando não houvesse competição. Devido ao fato de haver disponibilidade, em determinadas ocasiões, férias escolares por exemplo, foram acrescentados outros momentos de treino.

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4.3. Calendarização do Estágio 2015/2016

Cientes de que “não há uma periodização ótima para cada desporto, nem dados precisos com relação ao tempo necessário para um aumento ideal do nível de treinamento e da forma atlética.” Bompa (2002), avançámos para uma calendarização onde estão definidas e sistematizadas as diferentes intervenções necessárias, que o treino teria de obedecer, para o desenvolvimento do desempenho competitivo dos atletas com vista à consecução dos objetivos propostos. No nosso caso obedeceu à calendarização abaixo

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Esta planificação adaptada de Matveiev (1991), pioneiro da planificação moderna de periodização do treino anual, abrange como podemos visualizar dois macrociclos: um primeiro de inverno, que vai de setembro a meio de março, que engloba a competição em Pista Coberta e um segundo, do meio de março a final de julho, final de maio para o discente, que engloba o período de verão e as competições de Pista ao Ar Livre.

Matveiev admitia o processo de treino como um contínuo com alternâncias de unidades de treino de carga e de recuperação em que deveria existir um aumento progressivo da carga dos esforços de treino baseados no volume e na intensidade. Por outro lado admitia a divisão da época desportiva em ciclos como o preparatório, o competitivo e o transitório.

Estamos, neste caso, perante um processo de treino de dupla periodização de Vorobiev (1979), o qual considera necessário realizar contínuas mudanças nas cargas específicas de forma a que existam constantes adaptações no organismo. Estes macrociclos por sua vez encontram-se subdivididos em mesociclos que englobam para o macrociclo I o período preparatório, preparação geral I, específico I e competitivo I e para o macrociclo II são considerados os mesociclos de preparação geral II, específico II e competitivo II. Em toda esta planificação, que decorreu de setembro a maio, foram considerados 39 microciclos semanais, conceito definido por Wathem (1993), sendo 28 correspondentes ao macrociclo de inverno. Os microciclos encontram-se divididos em unidades de treino. Todo este processo irá terminar no final de julho com um período transitório para posterior abordagem da época seguinte.

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4.4. Unidades de Treino

Uma típica unidade de treino aplicada no dia 12 de novembro, em pleno primeiro macrociclo, no período de preparação geral I, 11º microciclo encontra-se definido por

Aquecimento: 15’

Treino específico: Estiramentos + Técnica: Skiping tíbio-társico e Skiping médio (3 a 5 vezes cada skiping) e no final movimento de braços + Força: Multisaltos, 10 x skiping médio com 10 kg, sobre 20 metros + skiping médio sem carga sobre 20 metros + 10xmini-steps sobre 20 metros + 20 metros corrida (recuperação 1’ a 1’30’’) + core e no final 3 retas sobre 40m.

Retorno à calma: 10’

No dia 10 de fevereiro no decorrer do microciclo 24, em pleno período competitivo I, foi aplicada a seguinte unidade de treino

Aquecimento: 10’

Treino específico: Técnica: Skiping baixo, médio e alto (3 a 5 vezes cada skiping) + 3 retas sobre 20 metros + Treino cronometrado: 5x50m + 5x40m (recuperação 3´ a 5’).

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5. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

Este estágio centrou-se no acompanhamento de um pequeno grupo de atletas, que já se encontravam enquadrados pelo meu tutor, os quais de acordo com as caraterísticas apresentadas por Balyi et al. (2010), já se encontravam nas etapas Treinar

para competir, na qual se procura melhorar a condição física, as habilidades desportivas

e a performance, e na etapa Treinar para ganhar onde já se procura maximizar o rendimento. Na etapa “Treinar para competir”, na qual se enquadram os atletas Juvenis, começa a haver uma especialização inicial numa ou num grupo de disciplinas. Integrada nesta etapa a atleta J, procurou-se otimizar as suas capacidades físicas e técnicas específicas da velocidade não descurando a consolidação do trabalho realizado nas etapas anteriores. Para esta atleta as competições começaram a ter uma importância crescente no planeamento do treino, continuando, no entanto, a desenvolver-se os aspetos psicológicos os quais são fundamentais para uma boa prestação competitiva. Todos os outros atletas integravam a etapa do rendimento, do “treinar para ganhar”, em que o principal objetivo foi prepará-los para as competições, procurando através do treino maximizar as respetivas competências ao nível dos aspetos físicos, técnicos e psicológicos, para que ao longo da época pudessem atingir o seu potencial de acordo com os objetivos individuais traçados e com os compromissos assumidos com o clube.

A minha intervenção no treino foi ativa ao nível de feedbaks, na correção de exercícios e estímulos como reforços positivos ao nível da aprendizagem. Nos treinos de séries fazia o controlo de tempos. Substitui o Treinador na sua ausência e acompanhei igualmente os atletas a competições.

Também desenvolvi estudos de forma a melhorar a prestação desportiva dos atletas. Ao nível da passagem das barreiras por parte da atleta S e através da observação direta e depois com recurso a filmagens e tratamento das imagens no programa Kinovea procurei ajudar no processo de aperfeiçoamento.

5.1.Técnica de passagem das Barreiras

Antes de mais nada podemos dizer que as corridas com barreiras, nomeadamente as altas, são provas de velocidade. Muito embora os barreiristas se deparem com uma série de barreiras (10 barreiras) colocadas à sua frente na sua corrida, eles procuram

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passar as mesmas com a mínima de perda de velocidade e também de forma a que o seu centro de gravidade se desloque numa linha paralela ao solo, mesmo no momento em que executa a passagem de cada uma das barreiras.

Oficialmente a IAAF - Associação Internacional das Federações de Atletismo - reconhece as provas de 110m barreiras para homens e 100m barreiras para mulheres, as designadas por provas de barreiras altas, e os 400m barreiras para ambos os géneros. O atleta deve ultrapassar um total de 10 barreiras em qualquer uma destas provas, independente da distância, variando o intervalo entre as barreiras, bem como a distância entre a linha de partida até à primeira barreira e da última barreira à linha de chegada e a altura. Para os mais novos cada Federação Internacional/País poderá adotar as distâncias que entender cada uma das quais com regulamentação específica.

Apesar da variedade de provas existente, as técnicas para o seu desenvolvimento são muito semelhantes no que diz respeito à ação da corrida, aos gestos realizados pelo corredor e as fases de que se compõem.

5.1.1. Fases da corrida

Todas as provas de corridas com barreiras apresentam quatro fases, a saber: a) a partida;

b) da partida à primeira barreira; c) entre as barreiras;

d) da última barreira à meta.

a) A primeira fase diz respeito à partida. Esta é muito parecida com aquela utilizada nas corridas de velocidade planas, sendo necessárias apenas algumas adaptações ou pequenas mudanças de características, com o intuito de facilitar o ataque à primeira barreira.

b) Ao sair do bloco de partida para dar início à corrida, o barreirista precisa de percorrer uma determinada distância antes de chegar à primeira barreira. Esta distância varia de acordo com a distância total da prova na qual o corredor é especialista.

c) Todas as barreiras estão dispostas uniformemente dentro do corredor, com um espaço idêntico entre todas elas. De acordo com a distância total da corrida, esse espaço sofre uma variação. Por esse motivo, é preciso realizar um determinado número de passadas para cobrir a distância de separação entre as barreiras. Sendo assim, é muito importante

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que seja mantido o ritmo da corrida até ao final, para que se torne possível realizar sempre o mesmo número de passadas entre as barreiras.

d) Ao passar pela décima e última barreira, ainda resta ao corredor um trecho a ser vencido. Esse trecho também é variável conforme a prova. Mas a característica comum e principal desta fase é a manutenção da velocidade inicial da corrida, da mesma forma como faz um corredor de provas de corridas de velocidade planas. Antes de fazer qualquer comentário sobre a técnica de passar uma barreira, é preciso lembrar que se deve passar pela barreira e não saltar sobre ela. Além disso, devem-se levar em consideração certas regras gerais, a saber:

- abordar a barreira sem diminuir a velocidade;

- permanecer em suspensão sobre a barreira o menor tempo possível ao fazer a passagem, mediante uma elevação mínima da pélvis;

- após a passagem da barreira, procurar imediatamente o solo, o mais perto da barreira, para dar continuidade à corrida, sem qualquer tipo de prejuízo.

Tomando por base estas regras, podemos concluir que é praticamente impossível obter êxito nas corridas com barreiras sem ter as qualidades de base de um velocista, aliadas à melhor técnica de passagem, que é aquela na qual o barreirista consegue recuperar rapidamente o contato com o solo em posição correta, segundo um ritmo adaptado à corrida. Por isso, a passagem de uma barreira nada mais é do que uma modificação da passada. Se, ao contrário, a barreira for saltada em vez de passada, haverá um bloqueio, com consequente interrupção da corrida. É por isso que se dá uma grande importância ao treino da técnica de velocidade sem esquecer de treinar igualmente a técnica correta da passagem da barreira.

5.1.2. Como se faz a passagem sobre a barreira?

Após o ataque à barreira e a subsequente passagem da mesma deve-se procurar imediatamente o solo evitando deste modo estar muito tempo com o corpo no ar pois é do nosso conhecimento que o atleta desloca-se mais rapidamente estando em contato direto com o solo.

Detalhes da forma correta, tais como o ângulo no momento em que o atleta começa a deixar o solo para iniciar o ataque à barreira, a inclinação do corpo à frente sobre a barreira, a rapidez com que a perna de ataque procura o solo após a passagem e finalmente a posição correta da perna traseira (perna de passagem/impulsão), jamais

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podem ser esquecidos. É de grande importância que todos os procedimentos usados para a passagem da barreira tenham uma ação contínua, de acordo com os seguintes procedimentos:

- na passagem de uma barreira o corpo do barreirista deve descrever uma trajetória parabólica cujo ponto mais alto deverá situar-se antes da barreira, isto porque o ponto de impulso, que varia de acordo com a estatura, mobilidade e velocidade do corredor está mais distanciado da barreira do que o ponto de abordagem no solo após a passagem

Figura 5 - Trajetória de um barreirista na passagem de uma barreira

- Na passagem da barreira devem-se observar os seguintes procedimentos:

- a perna de ataque (a que vai à frente): inicia a passagem da barreira no momento em que é lançada “contra” a barreira, ligeiramente flexionada, para em seguida se estender quando estiver sobre a barreira. Quando o centro de gravidade do corredor ultrapassar a mesma e já estiver na fase descendente da parábola descrita pela passagem, esta perna procura descer rapidamente em direção ao solo, procurando efetuar uma recuperação rápida;

- a designada perna de passagem (a de trás), ao deixar o solo, flexiona-se, elevando-se horizontalmente para a lateral e deslizando no ar, acompanhando a trajetória aérea do corpo. Após a passagem do centro de gravidade do atleta pela barreira e a colocação bastante rápida da perna de ataque em contato com o solo, a perna de passagem começa a dirigir-se para a frente através da um movimento do joelho para cima e para a frente, a fim de ampliar a primeira passada a ser dada após a passagem da barreira para que ela tenha a mesma amplitude das seguintes;

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Figura 6 - Técnica da passagem sobre a barreira

A) impulsão no solo, enquanto a perna de ataque se flexiona, projetando o joelho em direção à barreira, juntamente com o braço contrário a essa perna. A inclinação total do corpo para a frente deve ser observada nesse instante;

B) a perna de ataque deverá chegar à barreira em extensão e o pé fletido, tendo o braço contrário a ela também para a frente, paralelamente à mesma, o tronco flexionado sobre a coxa da perna de ataque, com a cabeça adiantada para a barreira seguinte. Nesse instante, a perna de trás começa a flexionar-se, iniciando a elevação do joelho para a lateral. O outro braço, em posição normal de corrida, faz um bloqueio no momento em que o cotovelo está atrás do tronco;

C) na passagem sobre a barreira, a perna de ataque deverá estar em pequena flexão, braço contrário a esta perna ainda para a frente, perna de passagem flexionada em elevação lateral e tronco em acentuada inclinação para a frente;

D) terminada a passagem sobre a barreira, a perna de ataque procura rapidamente o contato com o solo para fazer a recuperação, tendo o braço contrário a ela iniciado o movimento que o coloca em posição de corrida. A perna de passagem começa a dirigir-se para a frente, elevando o joelho para cima e para diante, enquanto o tronco começa a elevar-se;

E) dá-se a recuperação, tendo já a perna de ataque apoiada no solo, a de passagem dirigindo-se para a frente para fazer a primeira passada após a passagem e os braços em posição normal de corrida.

- Braços: Normalmente são utilizados dois estilos para o seu posicionamento: o braço contrário à perna de ataque vai para a frente e o outro é normalmente flexionado para trás ou então ambos os braços são levados para a frente, juntamente com o tronco;

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- Tronco: No instante em que a perna de ataque começa a procurar a barreira, o tronco começa a inclinar-se sobre esta perna, formando no conjunto um movimento tipo "canivete". Quanto mais fechado for o ângulo formado por estes dois segmentos mais fácil se tornará a ação da passagem. Após a passagem sobre a barreira, o tronco começa a elevar-se, procurando voltar à posição normal, enquanto a perna de ataque procura o solo o mais rápido possível.

Tendo por base estes conhecimentos efetuei um estudo da atleta S procurando focar-me especialmente sobre a passagem da barreira e a deslocação e posição do centro de gravidade desde o momento de ataque à barreira até ao contato com o solo após esta passagem. Para o efeito elaborei uma ficha de observação (anexo 1), foram efetuadas filmagens da passagem da atleta sobre a barreira e recorri posteriormente ao programa Kinovea, software de análise de vídeo dedicado fundamentalmente ao desporto o qual nos permite muitas e variadas nuances de trabalho, sendo que no meu caso tornou-se uma ferramenta essencial para analisar os movimentos e técnica de passagem da barreira com o fim de corrigi-los e melhorá-los de forma a alcançar melhor rendimento desportivo.

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Não sendo perfeita, verifica-se a existência de uma corrida alta por parte da atleta e a preocupação de manter o centro de gravidade baixo no momento da passagem da barreira de forma a não haver muita variação de altitude na sua deslocação e a que a deslocação deste seja um parábola aberta e se mantenha o mais paralelo ao solo possível.

Uma análise no Kinovea do desempenho de um atleta de alto redimento, Guy

Drut - atleta Francês especialista em 110m Barreiras/1,067m, nascido em 1950,

alcançou por 13 vezes o título de Campeão de França, apresenta 13,28 como melhor registo pessoal nesta prova; Em Jogos Olímpicos alcançou uma medalha de ouro em Montreal 1976, com o tempo de 13,30, e outra de prata em Munique 1972, com 13,34; em Campeonatos da Europa alcançou o título em Roma 1974, com 13,40 - permite-nos obter a seguinte imagem, dentro da perfeição que se pretende alcançar

Também a atleta J foi alvo de uma atenção especial tendo em vista a correção da sua posição nos blocos de partida fundamentalmente na posição de “prontos”.

5.2. Partida de blocos

No Atletismo, as provas de velocidade até 400 metros inclusive são caraterizadas pela utilização de blocos de partida. Se para as distâncias olímpicas mais longas a partida poderá não ser determinante, para uma distância de 100 metros ou, mais em particular de 60 metros em pista coberta, uma boa partida, com redução do tempo de saída dos blocos, poderá contribuir para uma melhoria do tempo final.

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Harland e Steele (1997) referem que a aceleração eficiente sobre os primeiros metros da corrida é influenciada pela forma como o atleta se coloca nos blocos à voz de “prontos” e como deixa os blocos ao sinal de partida.

Apesar de não ser uma das fases mais importante, de acordo com os resultados apresentados por Téllez e Doolittle (1984), a partida contribui aproximadamente em 6% para o resultado final da prova de 100 metros.

A partida de blocos poderá ser dividida em fases, consoante as vozes de comando do juiz de partida, a saber:

- Fase da posição “aos seus lugares” - o atleta coloca-se nos blocos de partida e define a posição inicial mais apropriada;

- Fase da posição de “prontos” - o atleta move-se colocando-se na posição ideal para iniciar a corrida;

- Fase de partida (impulso) - o atleta deixa os blocos após o “tiro” e realiza a primeira passada de corrida.

A fase da partida (impulso) é dividida em duas partes distintas:

- tempo de reação - decorre entre o sinal de partida e o momento em que o atleta aplica força sobre os blocos (reação do atleta ao tiro de partida);

- tempo de movimento - decorre desde que o atleta aplica força sobre os blocos até deixar de estar em contato com os mesmos.

Durante a partida de blocos, nas fases de posição de “prontos” e de partida o atleta produz força sobre os blocos, desenvolvendo um conjunto de ações cujas variáveis cinemáticas e dinâmicas são cruciais para a execução de uma boa partida. Estas ações dependem das variáveis antropométricas do atleta, as quais implicam a colocação adequada dos blocos de partida, para que obtenha a posição corporal tecnicamente mais apropriada.

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5.2.1. Técnica de execução da partida de blocos 5.2.3.1.1 Fase da posição de “aos seus lugares”

A esta ordem, do juiz de partida, o atleta dirige-se para os blocos de partida e coloca-se na posição clássica de cinco apoios:

• Ambos os pés devem estar em contato com o chão e bem apoiados nos blocos; • O joelho da perna de trás deve estar apoiado no chão;

• As mãos são colocadas no chão, perto da linha de partida, ligeiramente mais afastadas do que a largura dos ombros e os dedos devem estar arqueados;

• A cabeça deve estar no prolongamento do tronco e o atleta deve olhar diretamente para o chão.

5.2.3.1.2 Fase da posição de “prontos”

A esta ordem o atleta eleva controladamente a anca até que fique ligeiramente mais alta do que os ombros e estes avançam ficando ligeiramente adiantados em relação às mãos, ultrapassando a linha de partida.

• Os pés devem pressionar fortemente os blocos para trás; • O joelho da perna de trás deixa de estar apoiado no chão;

• O joelho da perna da frente deve fazer um ângulo de aproximadamente 100º; • O joelho da perna de trás deve fazer um ângulo de aproximadamente 130º; • O tronco deve estar inclinado para a frente.

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5.2.3.1.3 Fase de partida (impulso)

Ao tiro, o atleta realiza uma rápida e simultânea ação de extensão dos membros inferiores, produzindo um desequilíbrio controlado para a frente;

• O tronco endireita-se e levanta-se enquanto os pés pressionam fortemente contra os blocos;

• As mãos largam o chão em simultâneo e os braços balançam alternadamente em sincronia com as pernas com movimentos enérgicos e equilibradores;

• A perna de trás balança rapidamente para a frente e o atleta deve manter a inclinação do tronco;

• A perna do bloco da frente deve estar em extensão completa na fase final da impulsão. Figura 10 - J "prontos"

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5.3. Parâmetros biomecânicos indicadores do desempenho técnico na partida de blocos

5.3.1. Antropometria

5.3.1.1.A posição dos blocos de partida

Embora com algumas diferenças conceituais, as partidas de blocos têm sido classificadas de acordo com a distância existente entre blocos e a distância do bloco da frente à linha de partida (Borzov, 1980).

Da literatura subordinada a este tema, destacam-se três tipos de partidas que são definidas através da distância entre blocos: a partida engrupada, em que a distância entre blocos é inferior a 30 cm, a partida média, com a distância entre blocos de 30 a 50 cm, e a partida longa, com a distância entre blocos superior a 50 cm (Harland e Steele, 1997).

Schmolinsky (1982) refere que quanto maior for a separação entre blocos, maior é o tempo de reação, maior é o tempo de impulso e consequentemente a velocidade de saída, tendo esta uma componente mais vertical.

A maioria dos trabalhos de investigação indica que a partida média é a mais aconselhada, uma vez que, permite um equilíbrio das variáveis mais importantes na realização da partida de blocos (Schot e Knutzen, 1992). Além disso, a partida média produz uma rápida aceleração, facilitando a realização de um impulso potente, bem como uma melhor recuperação da perna mais atrasada (Hoster e May, 1979, in Harland e Steele, 1997).

Zaporozhanov et al. (1992) referem que os resultados da generalidade dos estudos de colocação dos blocos de partida dos melhores velocistas mundiais, mostram que, na partida média, o bloco da frente é colocado a uma distância de 38 cm da linha de partida e o bloco de trás a 86 cm. Estas distâncias são ótimas para um atleta que mede 178 cm. Para cada centímetro de diferença da altura há que tirar ou acrescentar um centímetro às distâncias citadas.

5.3.1.2.Ângulos inter-segmentares dos membros inferiores (MI)

Tem sido referenciado, em vários estudos, que quanto mais forte for o velocista mais agudos poderão ser os ângulos na posição de “prontos” (Harland e Steele, 1997). Os velocistas fortes poderão utilizar a grande amplitude de extensão das articulações para adquirir maior velocidade quando deixam os blocos (Mero et al., 1983; in

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Vila-Chã, 1999). Contrariamente, Zaporozhanov et al. (1992), referem que, quanto mais perto estiver colocado o bloco trasei

articulação do joelho e menor é a capacidade dos músculos do MI realizarem um potente impulso com a máxima eficácia. Se o atleta assumir uma posição em que os músculos posteriores da per

rápida e potente.

Segundo Zaporozhanov et al. (1992) para velocistas de alto nível diferenças existentes nos fatores anatómicos e fisiológicos

principais articulações do corpo, na posição de “prontos”, podem ser consideradas como as do modelo da Figura 12

Figura 12 - Modelo da posição do atleta na saída (adaptado de Zaporozhanov et al.,1992)

Ângulo Valor do ângulo (em graus) V

A1

A2

M1

M2

Tabela 4 - Caraterísticas da posição do atleta na saída

V - ângulo entre o tronco do velocista e a vertical que passa pelo CG A1 - ângulo do joelho da perna da frente

A2 - ângulo do joelho da perna de trás

M1 - ângulo entre a coxa da perna da frente e

M2 - ângulo entre a coxa da perna de trás e a vertical

hã, 1999). Contrariamente, Zaporozhanov et al. (1992), referem que, quanto mais perto estiver colocado o bloco traseiro da linha de partida mais fletida se encontra a articulação do joelho e menor é a capacidade dos músculos do MI realizarem um ulso com a máxima eficácia. Se o atleta assumir uma posição em que os músculos posteriores da perna estejam bem estirados, a reação ao disparo será mais

undo Zaporozhanov et al. (1992) para velocistas de alto nível

as existentes nos fatores anatómicos e fisiológicos os ângulos de flexão das principais articulações do corpo, na posição de “prontos”, podem ser consideradas como

e com os valores apresentados na Tabela 5.

Modelo da posição do atleta na saída (adaptado de Zaporozhanov et al.,1992)

Valor do ângulo (em graus) Limites de variação (em graus)

104 98 - 112

100 92 - 105

129 115 - 138

21 19 - 23

13 8 - 17

Caraterísticas da posição do atleta na saída dos blocos

ângulo entre o tronco do velocista e a vertical que passa pelo CG ângulo do joelho da perna da frente

ângulo do joelho da perna de trás

ângulo entre a coxa da perna da frente e a vertical ângulo entre a coxa da perna de trás e a vertical

hã, 1999). Contrariamente, Zaporozhanov et al. (1992), referem que, quanto mais tida se encontra a articulação do joelho e menor é a capacidade dos músculos do MI realizarem um ulso com a máxima eficácia. Se o atleta assumir uma posição em que os ção ao disparo será mais undo Zaporozhanov et al. (1992) para velocistas de alto nível apesar das os ângulos de flexão das principais articulações do corpo, na posição de “prontos”, podem ser consideradas como

Modelo da posição do atleta na saída (adaptado de Zaporozhanov et al.,1992)

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De acordo com Baumann (1976), a partida de blocos depende primariamente dos músculos extensores da anca, joelho e tornozelo (Vila-Chã, 1999).

Numerosos estudos efetuados sobre as caraterísticas da força isométrica e isocinética, concluíram que a força de extensão do joelho é maior com ângulos de flexão entre 115º e 120º (Knapik et al., 1983; Murray et al., 1980; Pronk et al., 1985; in Schot e Knutzen, 1992). Relativamente às caraterísticas da força dinâmica da anca e do tornozelo existem poucos estudos, no entanto, Mero et al., (1983), referem que a posição ótima da anca, joelho e tornozelo são, respetivamente, de 41º, 111º e 115º, para o MI colocado no bloco da frente, e de 80º, 134º e 106º, para o MI colocado no bloco de trás (Vila-Chã, 1999). Num outro estudo efetuado por Mero (1988), os ângulos obtidos corroboram os resultados citados anteriormente, apresentando ângulos similares para a anca, joelho e tornozelo, sendo para o MI colocado no bloco da frente de 39º, 96º e 94º e para o MI colocado no bloco de trás de 77º, 126º e 96º, respetivamente.

Acerca deste âmbito, foram realizadas várias pesquisas com o objetivo de descobrir quais os ângulos ótimos da articulação do joelho do MI colocado no bloco da frente e no bloco de trás e da inclinação do tronco na partida de blocos na posição de “prontos”. Os resultados apresentam-se resumidos na Tabela 6.

Estudo Ângulo do joelho da perna da frente (em graus) Ângulo do joelho da perna da frente (em graus) Ângulo do tronco em relação à horizontal (em graus) Borzov (1980) 92 a 105 115 a 138 - 8 a - 12 Attwater (1982) 56 a 112 90 a 154 - 9 a - 34 Mero et al. (1983) 111 134 - 29 Tellez (1984) 90 135 - - Mero (1988) 96 126 - 21 Levchenko (1988) 104 130 - - Mero e Komi (1990) 99 136 - 21

Tabela 5 - Ângulos da articulação do joelho e do tronco na posição de “prontos” (adaptado de Manso et al., 1998)

De acordo com um estudo elaborado por Borzov (1980), os velocistas de elite da ex-União Soviética, adotavam na posição de “prontos” ângulos entre 92º e 105º para o MI anterior e entre 115º e 138º para o MI posterior, apesar das diferenças existentes a nível antropométrico. Esta observação permitiu-lhe concluir que existem posições

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ótimas e ângulos ótimos para efetuar a partida. Segundo este autor, os ângulos usados permitem ao atleta colocar os músculos quadricípites e glúteos numa posição intermédia da sua amplitude de contração possibilitando uma maior produção de força.

Em relação aos ângulos da anca na posição de “prontos”, têm sido encontradas diferenças significativas entre bons e médios velocistas (Harland e Steele, 1997). Na posição de “prontos”, o ângulo da anca para o MI colocado no bloco anterior, tem sido identificado como sendo de 41º para os bons velocistas e de 52º para velocistas médios (Mero et al., 1983; in Vila-Chã, 1999). Relativamente ao MI colocado no bloco de trás, os ângulos obtidos para a articulação da anca foram de 80º para bons velocistas e 89º para velocistas médios. Estes resultados sugerem que velocistas mais rápidos adquirem, na posição de “prontos”, um estiramento ótimo dos músculos extensores da anca comparativamente a atletas médios, o que provavelmente permite ao atleta alcançar uma maior produção de força por parte destes músculos, devido à relação extensão-tensão (Harland e Steele, 1997).

De acordo com o tipo de partida utilizado o ângulo dos blocos varia, ao aproximar os blocos da linha de partida o ângulo diminui (menos inclinados) e ao afastarmos os blocos de partida o ângulo aumenta (mais inclinados). Muitos atletas colocam o bloco da frente a um ângulo de 25 a 30º e o traseiro a um ângulo de 30 a 40º (Zaporozhanov et al. 1992).

5.3.1.3.Ângulos inter-segmentares dos membros inferiores (MI) da atleta J

Após uma observação mais cuidadosa verificou-se que nos blocos a posição de partida das atletas não era a ideal. Se bem que uma delas é quatrocentista e a mais nova é uma velocista pura foi por isso dado um cuidado maior a esta última. Depois de diferentes registos, observações a olho nu e com recurso ao programa Kinovea as quais resultaram em diversas alterações chegou-se a uma situação que, ainda, não é a ideal

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Figura 13 - Ângulos de flexão das principais articulações do corpo, de J na posição de “prontos” Foi modificada completamente a estrutura da partida da atleta J. Começou se alterar as distâncias entre apoios nos blocos bem como a distância do primeiro à linha de partida. A situação atual retratada na figura acima apresenta um desalinhamento da bacia na posição de “prontos” bem como se verifica que a projeção do centro de gravidade não se encontra à frente do pé da frente o que acarreta erros na posição dos segmentos. É necessário continuar a trabalhar na partida desta atleta que apresenta este ponto como o seu grande calcanhar de aquiles. Para além de se tentar procurar um alinhamento da bacia, os apoios terão de ser colocados uma posição mais atrás e a bacia elevar um pouco mais. Desta forma conseguir-se-ão melhores extensões dos membros inferiores na posição de “prontos” e melhores ângulos dos joelhos e um consequente melhor desequilíbrio da atleta à frente. De qualquer das formas com as alterações impostas já foram notórias melhorias nas partidas desta atleta, o que se veio refletir nos tempos alcançados e no fato de se encontrar na disputa direta dos lugares da frente desde o momento da partida em vez de andar constantemente a correr atrás do prejuízo derivado do fato de muitas das vezes ser uma das últimas a partir.

5.3.2. Posição do Centro de Massa

Na partida de blocos é também um fator importante a posição do CM do atleta na fase de “prontos”. Baumann (1976) constatou que aumentando a distância horizontal entre o CM e a linha de partida, verifica-se uma diminuição da performance. Foram encontradas diferenças significativas entre velocistas rápidos, médios e lentos, no que

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diz respeito à distância horizontal entre o CM e a linha da partida, sendo de 0,16 m para atletas rápidos e 0,20 m para médios e 0,27 m para velocistas lentos (Vila-Chã, 1999).

Harland e Steele (1997) referem que os velocistas de classe mundial apresentam uma distância horizontal do CM à linha de partida entre os 0,12 e os 0,20 m e uma altura em relação ao solo que varia entre os 0,48 e os 0,66 m.

Segundo os estudos de Mero (1988), a distância horizontal entre o CM total do corpo e a linha de partida deverá ser de 0,29m (16% da altura do atleta) e a altura do CM de 0,57m (31% da altura do atleta), para atletas com marcas entre os 10,45 e os 11,07 segundos, aos 100 metros.

5.3.3. Cinemetria

5.3.3.1.Velocidade de saída do centro de massa (CM)

De acordo com as Leis do Movimento de Newton, para mudar a velocidade de um objeto é necessário a aplicação de uma força e essa força deve ser tanto maior quanto maior for a velocidade desejada. Igualmente sabe-se que, quanto maior for o tempo de aplicação da força maior será a velocidade obtida, pelo que se conclui que, a velocidade é proporcional à quantidade de variação do movimento (impulso), ou seja, quanto maior for o impulso maior será a velocidade (Vila-Chã, 1999).

Os valores obtidos para a velocidade de saída resultante do CM dos velocistas de elite (10,02 e 10,22 segundos aos 100 metros) apresentam uma variação entre 3,46m/s e 3,94m/s (Baumann, 1976; Mero, 1988; Van Coppenolle et al., 1989; Mero e Komi, 1990; in Vila-Chã, 1999). Os velocistas menos rápidos (11,50 e 11,85 segundos aos 100 metros) apresentam velocidades de saída horizontal do CM inferiores (entre 2,94m/se 2,95m/s) quando comparados com os atletas acima citados (Baumann, 1976; Mero et al., 1983; in Vila-Chã, 1999). Os valores alcançados nos dois grupos são diferenciados pelos níveis de produção de força e pelo impulso (Vila-Chã, 1999).

A velocidade de saída resultante do CM está fortemente relacionada com o impulso horizontal total e com a força horizontal máxima, o que significa que os atletas de elite apresentam melhor velocidade de saída horizontal do CM devido à capacidade de produzir elevados índices de força durante um período limitado de tempo (Mero, 1988).

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Segundo Timmerman (1980), o atleta alcança entre 35 a 40% da velocidade média da corrida no momento em que deixa os blocos, havendo uma alta correlação entre a velocidade de saída resultante do CM e a velocidade do atleta durante os primeiros metros. Este autor realizou medições de tempo obtido aos 8, 12 e aos 16 metros da corrida e comparou com a velocidade de saída resultante do CM. Os resultados obtidos mostram uma correlação de 0,79 aos 8m, 0,77 aos 12m e 0,78 aos 16m (p < 0,05). De acordo com a correlação apresentada, entre a velocidade de saída do CM e a velocidade do atleta durante os primeiros metros e entre a velocidade de saída do CM e a produção de força, parece evidente que a força seja uma variável importante para a realização de uma partida eficiente (Mero, 1988).

5.3.3.2.Aceleração de saída do centro de massa (CM)

Uma outra variável importante na aquisição de uma boa performance é a aceleração de saída do CM (Manso et al., 1998). O aumento da aceleração é obtida quer através do aumento da velocidade, quer através da diminuição do tempo que demora a alcançar essa mesma velocidade, ou ainda, através da combinação dos dois pressupostos (Harland e Steele, 1997), o que permite concluir que a aceleração é proporcional à variação da velocidade e inversamente proporcional ao intervalo de tempo em que decorre a variação de velocidade.

Por aceleração de saída do CM, os autores (Payne e Blader, 1971; Baumann, 1976; Mero, 1988; Van Coppenolle et al., 1989) entendem como sendo a aceleração horizontal do atleta no momento em que abandona os blocos e é calculada através do quociente da velocidade horizontal pelo tempo do movimento (Vila-Chã, 1999).

De acordo com os estudos elaborados por Harland e Steele (1988) e Mero (1988), os velocistas rápidos (10,2 a 10,8 segundos aos 100 metros) apresentam uma aceleração de saída horizontal do CM entre os 8,68m/s e os 11,70m/s, enquanto os velocistas menos rápidos (11,50 a 11,85 segundos aos 100 metros) apresentam valores entre 6,83 m/se 8,46m/s (Baumann, 1976; Mero et al, 1983; Harland e Steele, 1995; in Vila-Chã, 1999).

Assim, a eficiência da partida reflete-se na aceleração de saída horizontal do CM, uma vez que os atletas devem sair dos blocos o mais rápido possível e à maior velocidade de saída horizontal do CM (Van Coppenolle et al., 1990). No entanto, Payne e Blader (1971) não possuem a mesma opinião e consideram que a aceleração média

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(calculada através do quociente da curva força-tempo pela massa do atleta) será o melhor para expressar a eficiência da partida (Vila-Chã, 1999).

5.3.4. Dinamometria

5.3.4.1.Produção de força sobre os blocos de partida

Segundo Baumann (1976), uma boa partida é caracterizada pelo grande desenvolvimento de força horizontal. Os velocistas rápidos, geralmente são capazes de produzirem maiores índices de força máxima horizontal quando comparados com atletas menos rápidos (Harland e Steele, 1995; in Vila-Chã, 1999).

A maioria dos estudos tem analisado a força resultante gerada nos blocos e as suas componentes horizontal e vertical, obtendo valores de produção de força diferentes.

A força máxima verificada para a componente horizontal, vertical e força resultante, em velocistas rápidos (10,45 e 11,07 segundos), tem variado entre 1186 e 1224N, 766 e 958N e 1426 e 1555N, respetivamente (Mero et al., 1983; Mero 1988; Mero e Komi, 1990; in Vila-Chã, 1999).

Na comparação da força realizada em cada bloco a maioria dos autores referem que, de uma forma geral, o MI colocado no bloco de trás produz uma força máxima maior, quando comparada com o MI colocado no bloco da frente, apesar do tempo de movimento ser inferior (Harland e Steele, 1997). De acordo com estes autores, a força máxima resultante criada no bloco da frente por velocistas masculinos rápidos varia entre os 874 e os 1230N, enquanto que no bloco de trás têm sido registadas forças máximas horizontais entre 535 e 1785N.

Van Coppenolle et al. (1989) apresentam valores idênticos quer para a força horizontal produzida no bloco da frente (929N) quer para o bloco de trás (1217N) (Vila-Chã, 1999).

Dado que os tempos de aplicação de força são muito limitados deverá ser o rápido desenvolvimento da força que permitirá uma saída eficaz e não os limites demasiado elevados dessa força (Manso et al. 1998).

A técnica de partida deverá permitir o desenvolvimento de uma grande taxa de produção de força, no mínimo tempo possível.

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5.3.4.2.Impulso

O impulso gerado por um velocista quando empurra os blocos incorpora o tempo de movimento e a produção de força (Harland e Steele, 1997) e é determinado através da integral da curva-tempo (Manso et al., 1998). Isto significa que a quantidade de movimento (impulso) é proporcional à força aplicada e ao intervalo de tempo da sua aplicação (Vila-Chã, 1999).

Os estudos de Payne e Blader (1971) indicam que os velocistas rápidos produzem um impulso horizontal superior (263N) a velocistas mais fracos (214N). Apesar das diferenças no tempo de movimento não serem significativas nestes grupos, o grande impulso criado pelos velocistas de elite, deve-se principalmente à grande produção média de força (Baumann, 1976; in Vila-Chã, 1999).

Relativamente às diferenças entre os impulsos realizados no bloco da frente e no bloco de trás foram encontradas diferenças significativas. De acordo com Harland e Steele (1997), o impulso produzido no bloco anterior tende a ser maior, visto que o tempo de movimento do MI colocado no bloco da frente é, na maior parte dos casos, duas vezes superior ao do MI colocado no bloco de trás, embora a produção de força sobre este seja superior.

Timmerman (1980) refere que o impulso horizontal sobre o bloco da frente representa em média 74,03% do impulso horizontal total e o impulso horizontal sobre o bloco de trás representa em média 25,97% do impulso horizontal total.

5.3.5. Electromiografia

5.3.5.1.Atividade eletromiográfica da partida

Num estudo eletromiográfico a cinco músculos pélvicos e dos membros inferiores na partida de blocos, Mero e Komi (1990), verificaram que o glúteo maior teve um tempo pré-motor mais curto (74 mseg) e um pico electromiográfico integral mais cedo (50mseg) do que qualquer músculo da parte posterior do MI. Estes resultados indicam a importância deste músculo durante a produção de força inicial no bloco de trás (Harland e Steel, 1979).

Guissard e Duchateau (1990) constataram que a sequência geral da ativação muscular, na partida de blocos, começa pelo bícepe femural, seguido do músculo quadríceps e depois os músculos da perna (o glúteo maior não foi analisado).

Referências

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