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APELAÇÃO CÍVEL Nº , DA COMARCA DE LONDRINA - 7ª VARA CÍVEL.

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(1)

CÍVEL.

APELANTE

: ESTADO DO PARANÁ

APELADO

: MASSA FALIDA DE DENTAL UNIVER LTDA.

RELATOR

: DES. EUGENIO ACHILLE GRANDINETTI

TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL – EXECUÇÃO

FISCAL – PENHORA ANTERIOR À DECRETAÇÃO DA

FALÊNCIA – POSSIBILIDADE DE REALIZAÇÃO DA

HASTA PÚBLICA – PRODUTO DA ALIENAÇÃO QUE

DEVE SER ARRECADADO E REMETIDO AO JUÍZO

UNIVERSAL DA FALÊNCIA.

RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.

VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Apelação

Cível nº 704.105-0, da Comarca de Londrina - 7ª Vara Cível, em que é

Apelante ESTADO DO PARANÁ e Apelado MASSA FALIDA DE DENTAL

UNIVER LTDA.

I – RELATÓRIO:

Dental Univer Ltda. opôs embargos à execução fiscal,

sustentando a impenhorabilidade dos bens constritos (computador, fac-símile e

impressora), com base no art. 649, VI do CPC, sob o fundamento de que se

(2)

tratam de instrumentos necessários ao exercício da profissão.

Durante o trâmite do processo, sobreveio informação

acerca da falência da embargante, conforme documento de fl. 32.

Ciente o Síndico da Massa Falida (fl. 37), o feito foi

sentenciado.

A julgadora rechaçou as alegações da embargante e

julgou subsistente a penhora, negando, porém, a possibilidade de realização de

hasta pública dos bens penhorados em razão da falência da embargante.

A embargante foi condenada ao pagamento das custas

processuais e honorários advocatícios, estes fixados em 10% sobre o valor do

débito em execução.

O Estado do Paraná apela a este Tribunal, irresignado

com a parte da sentença que determinou a impossibilidade do praceamento

dos bens penhorados.

Aduz que a Fazenda Pública não está sujeita ao

concurso de credores; os bens foram penhorados em época anterior à

decretação da falência, sendo cabível a alienação em hasta pública para

quitação parcial da dívida executada.

Pediu a correção do erro material constante do

dispositivo da sentença, vez que constou “julgo procedente”, quando toda a

fundamentação e o restante do dispositivo permite entender que o pedido foi

julgado improcedente.

Corrigido o erro material (fl. 61/62), os termos da

apelação reiterados (fl. 64).

Sem as contrarrazões, os autos vieram a este Tribunal.

Tendo em vista a ausência de intimação do Síndico da

Massa Falida em relação a interposição de recurso de apelação e do

reconhecimento e correção de erro material constante na sentença, os autos

(3)

baixaram para a cientificação devida, oportunizando-se a apresentação de

contrarrazões ao recurso.

Apresentada manifestação pelo administrador judicial à

fl. 87.

É a breve exposição.

II - VOTO E SUA FUNDAMENTAÇÃO:

Cuida-se de recurso aviado diante da parte da sentença

que determinou a impossibilidade de realização de hasta pública para a

alienação dos bens penhorados, em virtude da falência da empresa executada.

O apelante defende ser possível a alienação judicial dos

bens e a quitação parcial da dívida da executada, sustentando, para tanto, que

a Fazenda Pública não se submete ao concurso de credores e que a penhora

teria sido efetivada antes mesmo da decretação da falência.

Com razão, em parte, o recorrente.

O art. 6º da Lei de Falências e de Recuperação de

Empresas (L. 11.076/2004) enuncia que a decretação de falência suspende

todas as ações e execuções em face do devedor.

Exceção à regra diz respeito às execuções fiscais, visto

que o art. 187 do CTN disciplina que “a cobrança judicial do crédito tributário

não é sujeita a concurso de credores ou habilitação em falência...”.

Assim sendo, tem-se entendido que “a instauração da

execução concursal apenas não inibe o prosseguimento das execuções fiscais”

(FÁBIO ULHOA COELHO, Comentário à nova lei de falências e de

recuperação de empresas, 4ª Ed., São Paulo: Saraiva, 2007, p.37).

Igualmente ensina LEANDRO PAULSEN (Direito

Tributário, 11ª Ed., Porto Alegre: Livraria do Advogado, ESMAFE, 2009, p.

(4)

1229):

“A execução fiscal tem autonomia pela falência ou

recuperação judicial. Prossegue até seu final. O

produto obtido servirá à satisfação da dívida ativa,

que goza de preferência perante créditos de outra

natureza, salvo os créditos de natureza trabalhista

(art. 186).”

O extinto Tribunal Federal de Recursos possuía

entendimento consolidado nesse sentido, o qual, inclusive, foi sumulado, dando

origem ao enunciado 44:

“Ajuizada a execução fiscal anteriormente à

falência, com penhora realizada antes desta, não

ficam os bens penhorados sujeitos à arrecadação

no juízo falimentar; proposta a execução fiscal

contra a massa falida, a penhora far-se-á no rosto

dos autos do processo da quebra, citando o

síndico”.

Portanto, as alegações do recorrente procedem quanto à

possibilidade de realização da hasta pública.

Contudo, mesmo nos casos em que a penhora tenha

sido efetivada em época anterior à quebra, como ocorreu no caso concreto em

que efetivamente a penhora se deu em momento anterior à decretação da

falência, tem-se entendido que o produto da alienação dos bens penhorados

deve ser remetido ao juízo universal da falência para observância da ordem de

preferência dos credores.

Remansosa a jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça a respeito do tema:

“PROCESSUAL

CIVIL.

TRIBUTÁRIO.

EXECUÇÃO

FISCAL

E

FALÊNCIA

DO

EXECUTADO. LEILÃO. ARREMATAÇÃO.

1. O produto arrecadado com a alienação de bem

penhorado em Execução Fiscal, antes da

decretação da quebra, deve ser entregue ao juízo

(5)

universal

da

falência.

Precedentes:

REsp

188.418/RS, Rel. Min. HUMBERTO GOMES DE

BARROS, CORTE ESPECIAL, DJ de 27/05/2002;

gRg no Ag 1115891/SP, Rel. Ministro MAURO

CAMPBELL MARQUES, DJe 28/09/2009; AgRg

no REsp 783318/SP, Rel. Ministro HUMBERTO

MARTINS, DJe 14/04/2009; AgRg nos EDcl no

REsp 421994/RS, Rel. Min. TEORI ALBINO

ZAVASCKI, Primeira Turma, DJ 06.10.2003; AgRg

na MC 11937/SP, Rel. Ministro FRANCISCO

FALCÃO, Rel. p/ Acórdão Ministro LUIZ FUX,

PRIMEIRA TURMA, DJ 30/10/2006.

2. A falência superveniente do devedor não tem o

condão de paralisar o processo de execução

fiscal, nem de desconstituir a penhora realizada

anteriormente à quebra. Outrossim, o produto da

alienação judicial dos bens penhorados deve ser

repassado ao juízo universal da falência para

apuração das preferências.

3. Os embargos de declaração que enfrentam

explicitamente a questão embargada não ensejam

recurso especial pela violação do artigo 535, II, do

CPC.

4. Ademais, o magistrado não está obrigado a

rebater, um a um, os argumentos trazidos pela

parte, desde que os fundamentos utilizados

tenham sido suficientes para embasar a decisão.

5. Recurso especial provido.” (STJ, 1ª T., REsp

1.013.252, Rel. Min. LUIZ FUX, j. 19/11/2009) -

grifamos

“EXECUÇÃO FISCAL – PENHORA ANTERIOR À

DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA DO DEVEDOR –

PACIFICAÇÃO DA MATÉRIA PELA CORTE

ESPECIAL E PELA PRIMEIRA SEÇÃO DO STJ,

NO SENTIDO DE ARRECADAR O PRODUTO DA

PENHORA PARA O JUÍZO FALIMENTAR.

1. A controvérsia dos autos resume-se à

possibilidade de o bem imóvel, objeto de penhora

em execução fiscal, ser arrecadado pela massa

falida após penhora, ou mesmo após o leilão

daquele bem perante o juízo da execução fiscal.

2. A Súmula 44 do extinto Tribunal Federal de

Recursos assim dispõe: "ajuizada a execução

fiscal anteriormente à falência, com penhora

(6)

realizada antes desta, não ficam os bens

penhorados sujeitos à arrecadação no juízo

falimentar; proposta a execução fiscal contra

massa falida, a penhora far-se-á no rosto dos

autos do processo da quebra, citando-se o

síndico".

3. Entretanto, em vista da preferência dos créditos

trabalhistas em face dos créditos tributários, o

produto da arrematação realizada na execução

fiscal deve ser colocado à disposição do juízo

falimentar para garantir a quitação dos créditos

trabalhistas. Trata-se de interpretação sistemática

dos arts. 29 da Lei n. 6.830/80 e 186 e 187, estes

do Código Tributário Nacional - CTN.

4. Precedentes: EREsp 444.964/RS; Rel. Min.

Eliana Calmon, DJ 9.12.2003; AgRg no REsp

815.161/SP, Rel. Min. José Delgado, julgado em

11.4.2006, DJ 22.5.2006; REsp 440.787/RS, Rel.

Min. Eliana Calmon, Segunda Turma, DJU

13.9.2004.

Agravo regimental improvido.” (STJ, 2ª T., AgRg

no REsp 783.318, Rel. Min. HUMBERTO

MARTINS, j. 19/03/2009) - grifamos

“PROCESSUAL CIVIL – EXECUÇÃO FISCAL –

PENHORA – MASSA FALIDA – AUSÊNCIA DE

PRESSUPOSTO

RECURSAL

GENÉRICO

PREFERÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO –

PACIFICAÇÃO

DE

ENTENDIMENTO

(REsp

118.148/RS e EREsp 444.964/RS).

1. Inviável julgamento de recurso especial pela

alínea "a" cuja análise não se tornou possível

devido à ausência de pressuposto recursal

genérico.

2. A Corte Especial, no REsp 118.148/RS, e,

posteriormente, a Primeira Seção, no EREsp

444.964/RS, pacificaram entendimento de que a

preferência do crédito trabalhista há de subsistir

quer a execução fiscal tenha sido aparelhada

antes, quer depois da decretação da falência.

3. Mesmo já aparelhada a execução fiscal com

penhora, uma vez decretada a falência da

empresa

executada,

sem

embargo

do

prosseguimento da execução singular, o produto

da alienação deve ser remetido ao juízo

(7)

falimentar, para que ali seja entregue aos

credores, observada a ordem de preferência legal.

3. Agravo regimental provido em parte.” (STJ, 2ª

T., AgRg no REsp 761.912, Rel. Min. ELIANA

CALMON, j. 17/04/2008) - grifamos

A propósito, o escólio proferido por HUGO DE BRITO

MACHADO SEGUNDO (Código Tributário Nacional: anotações à Constituição,

ao Código Tributário Nacional e às leis complementares 87/1996 e 116/2003,

São Paulo: Atlas, 2007, p. 366):

“O disposto no art. 187 do CTN significa que, caso

o devedor do tributo venha a falir, a Fazenda não

precisará participar da ‘execução coletiva’ que é o

processo de falência. Poderá exigir seu crédito por

meio da ação de execução fiscal, normalmente.

Mas é preciso cuidado para que isso não leve a

situações que implicariam violação à ordem de

preferência

estabelecida entre

credores.

A

execução fiscal deve tramitar normalmente até a

realização do leilão de bens. Alienados estes,

porém, o produto obtido deve ser remetido ao

juízo da falência, para que não seja prejudicada a

ordem de preferências, independentemente de a

execução haver sido proposta antes ou depois da

quebra”.

Diante do exposto, voto no sentido de que seja dado

parcial provimento ao apelo, apenas para autorizar a realização de hasta

pública dos bens penhorados, devendo o produto da alienação ser repassado

ao juízo universal da falência, sem modificação da sucumbência.

III - DECISÃO:

Acordam os Desembargadores da 2ª Câmara Cível do

Tribunal de Justiça do Estado do Paraná em dar parcial provimento ao recurso

de apelação, para permitir a realização de hasta pública para alienação dos

(8)

bens penhorados, na forma do voto do Desembargador relator.

Participaram da sessão e acompanharam o voto do

Relator os Excelentíssimos Senhores Desembargadores CUNHA RIBAS e

SILVIO DIAS.

A

sessão

de

julgamento

foi

presidida

pelo

Desembargador LAURO LAERTES DE OLIVEIRA.

Curitiba, 24 de maio de 2011.

Des. EUGENIO ACHILLE GRANDINETTI

Relator

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