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A influência das receitas dos royalties do petróleo na redução da pobreza no estado do Rio de Janeiro

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Academic year: 2021

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INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO REGIONAL (ESR)

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS DE CAMPOS (CEC)

TAÍS DA SILVA FREIRE

A INFLUÊNCIA DAS RECEITAS DOS ROYALTIES DO PETRÓLEO

NA REDUÇÃO DA POBREZA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Campos dos Goytacazes 2017

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A INFLUÊNCIA DAS RECEITAS DOS ROYALTIES DO PETRÓLEO

NA REDUÇÃO DA POBREZA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Projeto de Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas, pela Universidade Federal Fluminense, Centro de Ciências Econômicas, campus de Campos dos Goytacazes.

Orientador(a): Prof. Drª. Patrícia de Melo Abrita Bastos

Campos dos Goytacazes 2017

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Bibliotecária responsável: Juliana Farias Motta - CRB7/5880 F866i Freire, Taís da Silva

A INFLUÊNCIA DAS RECEITAS DOS ROYALTIES DO PETRÓLEO NA REDUÇÃO DA POBREZA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO. / Taís da Silva Freire ; Patrícia de Melo Abrita Bastos, orientadora. Campos dos Goytacazes, 2017.

61 f. : il.

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências Econômicas)-Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional, Campos dos Goytacazes, 2017.

1. Royalties. 2. Petróleo. 3. Pré-sal. 4. Pobreza. 5. Produção intelectual. I. Bastos, Patrícia de Melo Abrita, orientadora. II. Universidade Federal Fluminense. Instituto de Ciências da Sociedade e Desenvolvimento Regional. III.

Título.

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A INFLUÊNCIA DAS RECEITAS DOS ROYALTIES DO PETRÓLEO

NA REDUÇÃO DA POBREZA NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Projeto de Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas, pela Universidade Federal Fluminense, Centro de Ciências Econômicas, campus de Campos dos Goytacazes.

BANCA EXAMINADORA:

_______________________________________________ Prof. Drª. Patrícia de Melo Abrita Bastos (Orientadora)

_______________________________________________ Prof. Dr. Vladimir Faria dos Santos

______________________________________________ Prof. Dr. Roberto Cezar Rosendo Saraiva da Silva

Campos dos Goytacazes 2017

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Agradeço primeiramente a Deus, o autor da minha vida, a quem eu confio sem temer, e que me dá toda força e segurança para realizar tudo o que almejo. E como dizem as escrituras sagradas na qual eu acredito: “As coisas que olhos não viram, nem ouvidos ouviram, nem penetraram o coração do homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” 1ª Coríntios 2:9.

À minha mãe Elzinea de Souza, que sempre acreditou no meu potencial, se alegrando com as minhas conquistas e oferecendo-me todo apoio e incentivo nas horas mais difíceis desta jornada.

Meus agradecimentos a toda minha família, por todo amor oferecido a mim e pelos constantes incentivos.

Ao meu, companheiro, marido e melhor amigo Leonardo Carino, que me estimulou durante todo tempo, muita das vezes não permitindo com que eu desistisse, e entendeu perfeitamente a minha ausência pelo tempo dedicado aos estudos.

Às melhores amigas que eu poderia ter feito durante todo o período da graduação. Talita Mury a minha eterna dupla, Gabriela Almeida a melhor companheira de risadas e Manuela Peixoto a mais inteligente do grupo. Foram elas que fizeram essa caminhada tão árdua ficar mais leve, devido às boas conversas e risadas, e por mais que fosse de desespero, estávamos sempre sorrindo. Amo muito vocês, amigas queridas.

Aos amigos que fiz durante meu estágio na Secretaria Municipal de Fazenda de Campos dos Goytacazes, vocês foram essenciais na minha formação profissional.

À minha orientadora Patrícia Abrita, que com toda paciência e dedicação me orientou da melhor forma possível para a realização desta pesquisa.

Por fim, agradeço aos professores do Departamento de Economia pela grande contribuição em minha formação.

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“A riqueza de uma nação se mede pela riqueza do povo e não pela riqueza dos príncipes.”

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A descoberta de petróleo na camada do pré-sal intensificou a polêmica em torno da distribuição dos royalties, visto que há uma imensa riqueza submersa em nossa plataforma continental capaz de gerar volumosas receitas para estados e municípios exploradores e produtores de petróleo e gás. Diante deste fato, o Brasil apresentou elevados índices de receitas provenientes de royalties e participações especiais, o Rio de Janeiro em especial, foi o estado que mais arrecadou esse tipo de receita. O uso de forma consciente e eficiente desses recursos é de suma importância, para que políticas sociais com intuito de reduzir a pobreza e promover o bem-estar da população sejam implementadas. Por este motivo, o presente trabalho busca analisar os a relação dos

royalties do pré-sal sobre os índices de pobreza no estado do Rio de Janeiro, isto é, se

houve melhorias dos índices de pobreza no estado que mais recebe recursos de exploração e produção de petróleo. De modo a alcançar os objetivos desse trabalho, foram utilizados os índices de mensuração de pobreza unidimensional e multidimensional. Para estimar o índice de pobreza unidimensional foi utilizado o índice de Foster, Greer e Thorbecke (FGT) e para estimar o índice de pobreza multidimensional, foram empregados os 12 passos necessários baseados no método de Foster e Alkire (2007). A partir da análise verificou-se que realmente houve uma melhora nos índices de pobreza multidimensional e unidimensional, porém essa melhora não foi muito significativa. Tendo em vista que o período analisado foi um período bastante favorável economicamente, onde os programas sociais de transferência de renda incluíram um número maior de beneficiários e que o país não passava por crise, era de se esperar que a melhora fosse acentuada.

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1. INTRODUÇÃO ... 11 2. HIPÓTESES E OBJETIVOS ... 14 2.1 Hipótese ... 14 2.2 Objetivos ... 14 2.2.1 Objetivo geral:... 14 2.2.2 Objetivos específicos: ... 15 3. REFERENCIAL TEÓRICO ... 15

3.1 A doença holandesa e o caso brasileiro. ... 15

3.2 A maldição dos recursos naturais na Nigéria. ... 18

3.3 Os recursos naturais e suas perspectivas positivas na Noruega. ... 20

3.4 A pobreza e suas definições ... 21

4. METODOLOGIA ... 23

4.1 Índice de Pobreza Unidimensional ... 24

4.2 Índice de Pobreza Multidimensional ... 25

4.3 Fonte de dados ... 28

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 29

5.1 Análise Descritiva ... 29

5.2 Análise dos royalties no estado do Rio de Janeiro para os anos de 2004 e 2014. 29 5.3 Análise da renda das pessoas que residem no estado do Rio de Janeiro para os anos de 2004 e 2014. ... 36

5.4 Análise da pobreza unidimensional no estado do Rio de Janeiro para os anos de 2004 e 2014 respectivamente. ... 41

5.5 Análise da pobreza multidimensional no estado do Rio de Janeiro para os anos de 2004 e 2014 respectivamente. ... 51

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 56

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Figura 1: Exemplo da aplicação de linhas de pobreza, parte 1. ... 27

Figura 2: Exemplo da aplicação de linhas de pobreza, parte 2. ... 27

Figura 3: Percentual da distribuição dos Royalties para cada estado no ano de 2004. ... 31

Figura 4: Percentual da distribuição dos Royalties para cada estado no ano de 2014 ... 33

Figura 5: Rendimento médio de todos os trabalhos das pessoas brancas e não brancas nos anos de 2004 e 2014. ... 37

Figura 6: Rendimento médio de todos os trabalhos dos homens e das mulheres nos anos de 2004 e 2014. ... 38

Figura 7: Rendimento médio de todas as fontes das pessoas brancas e não brancas nos anos de 2004 e 2014. ... 39

Figura 8: Rendimento médio de todos as fontes dos homens e das mulheres nos anos de 2004 e 2014. ... 40

Figura 9: Número de pobres no estado do Rio de Janeiro para o ano de 2004. ... 52

Figura 10: Percentual do numero total de privações no ano de 2004. ... 53

Figura 11: Número de pobres no estado do Rio de Janeiro para o ano de 2014. ... 54

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Tabela 1: Royalties arrecadados em 2004. ... 30

Tabela 2: Royalties e Participações especiais arrecadadas em 2004. ... 31

Tabela 3: Distribuição dos Royalties aos municípios no ano de 2004. ... 32

Tabela 4: Royalties arrecadados em 2014. ... 32

Tabela 5: Royalties e Participações especiais arrecadadas em 2014. ... 33

Tabela 6: Distribuição dos Royalties aos municípios no ano de 2014. ... 34

Tabela 7: Arrecadação de royalties e participações especiais nos municípios fluminenses no ano de 2004. ... 35

Tabela 8: Arrecadação de royalties e participações especiais nos municípios fluminenses no ano de 2014. ... 35

Tabela 9: Índices de pobreza Foster-Greer-Thorbecke para todas as observações no ano de 2004. ... 41

Tabela 10: Índices de pobreza Foster-Greer-Thorbecke para cada observação no ano de 2004. ... 42

Tabela 11: Participações relativas da pobreza para cada grupo de pessoas. ... 43

Tabela 12: Risco de pobreza para cada grupo de pessoas. ... 43

Tabela 13: Índices de pobreza Foster-Greer-Thorbecke para todas as observações no ano de 2014. ... 44

Tabela 14: Índices de pobreza Foster-Greer-Thorbecke para cada observação no ano de 2014. ... 44

Tabela 15: Participações relativas da pobreza para cada grupo de pessoas. ... 45

Tabela 16: Risco de pobreza para cada grupo de pessoas. ... 46

Tabela 17: Índices de pobreza Foster-Greer-Thorbecke para todas as observações no ano de 2004. ... 47

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ano de 2004. ... 47 Tabela 19: Participações relativas da pobreza para cada grupo de pessoas. ... 48 Tabela 20: Risco de pobreza para cada grupo de pessoas. ... 48 Tabela 21: Índices de pobreza Foster-Greer-Thorbecke para todas as observações no ano de 2014. ... 49 Tabela 22: Índices de pobreza Foster-Greer-Thorbecke para cada observação no ano de 2014. ... 49 Tabela 23: Participações relativas da pobreza para cada grupo de pessoas. ... 50 Tabela 24: Risco de pobreza para cada grupo de pessoas. ... 51

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1. INTRODUÇÃO

As mais recentes explorações de petróleo na camada do pré-sal1, desperta na economia brasileira grandes chances de desenvolvimento, visto que há uma imensa riqueza submersa em nossa plataforma continental. Segundo Magalhães e Domingues (2012) um país como o Brasil que até o ano de 2006 não era soberano na produção de petróleo, se encontra agora em uma enorme possibilidade de se tornar um grande e importante produtor mundial dessa commodity. Com as descobertas de petróleo e gás natural, na camada de pré-sal, o Brasil começa a alcançar novos desafios, pelo fato de existir um gigantesco potencial de reservas, podendo tornar o país um exportador líquido de petróleo e derivados.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), mais da metade da produção brasileira de petróleo oriundo do pré-sal está concentrada na Bacia de Campos, localizada no Rio de Janeiro. Em segundo lugar fica a Bacia de Santos, localizada em São Paulo. Juntas essas duas bacias são responsáveis por cerca de 40% da produção de petróleo operada no Brasil. Segundo a mesma agência, o estado do Rio de Janeiro é o mais beneficiado pelos royalties2 e participações provenientes de atividades de exploração e produção de petróleo.

Segundo Morillos (2013) para manter um crescimento econômico é necessário que o país invista em políticas energéticas3 propícias, com o objetivo de realizar e sustentar investimentos nos projetos de educação, geração de empregos, infraestrutura, saúde, e em tantos outros segmentos que possam contribuir para o desenvolvimento do país, não apenas o crescimento. Para Oliveira (2012) a descoberta da província do pré-sal realizada pela Petrobrás pode ser fonte de numerosos empregos, desenvolvimento de novas técnicas e de equipamentos de vários tipos de segmentos, devido ao recebimento de rendas provenientes dos royalties do petróleo, onde essas rendas recebidas poderão ser reinvestidas em educação, ciência e tecnologia, entre

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As reservas de petróleo de Pré sal, são extensas reservas de óleo e gás que podem ser encontradas em águas profundas e ultra-profundas nos oceanos. A região do pré-sal vai do litoral entre os estados do Espírito Santo até Santa Catarina medindo aproximadamente 800 milhas de comprimento e 200 quilômetros de largura, e tem potencial para se tornar a maior do país no que tange a produção.

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O royalty é uma compensação financeira devida à União pelas empresas que produzem petróleo e gás natural no território brasileiro: uma remuneração à sociedade pela exploração desses recursos não renováveis. Fonte: ANP.

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A política energética nacional assenta em dois pilares fundamentais, a racionalidade econômica e a sustentabilidade, preconizando para isso medidas de eficiência energética, a utilização de energia proveniente de fontes endógenas renováveis e a necessidade de reduzir custos. Fonte: ADENE – Agência para a Energia.

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outros de modo a possibilitar um progresso à sua população, e as cidades que contribuem e apoiam as regiões exploradoras de petróleo também poderão contar com uma melhora em sua logística e principalmente na infraestrutura.

Além dos royalties destinados para a saúde e educação, a legislação que foi proposta e sancionada no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva criou o fundo social do pré-sal, isto é, uma poupança para o futuro do país, que tem como objetivo ser fonte contínua de recursos para que sejam realizados projetos e programas com o objetivo de combater à pobreza, desenvolvimento da educação, ciência e tecnologia, cultura e também da sustentabilidade ambiental. Sendo assim, ficou acordado de que parte dos recursos advindos da exploração de petróleo no pré-sal seria destinada a esse fundo, que segundo Caretta (2011) apresenta uma característica hibrida, sendo ao mesmo tempo, um fundo social e um fundo soberano.

De acordo com Givisiez e Oliveira (2007) é muito comum a afirmação de que as chamadas cidades do petróleo são ricas. A cidade ser chamada ou considerada rica consiste no fato da mesma receber rendas petrolíferas advindas dos royalties. Porém não há relação alguma entre a riqueza das prefeituras e a riqueza da população. A riqueza ou a pobreza das prefeituras não significa que a população que ali reside seja rica ou pobre. Mas levando em conta um poder municipal rico, ele possui total capacidade de investir mais na cidade.

Sendo assim, ao avaliar os rendimentos médios da população, a proporção de pobres e ricos, e a desigualdade de renda, não é factível realizar uma associação direta de rendas provenientes do petróleo para a cidade com a riqueza ou pobreza das populações. Analisar se uma população é rica ou pobre apenas tendo como base a renda é algo muito limitado. No entanto é necessário que se leve em consideração as necessidades básicas do individuo, aquelas que estão relacionadas à sobrevivência (GIVISIEZ E OLIVEIRA, 2007).

Segundo Silva e França (2009) o setor petrolífero por si só, é responsável por desencadear um processo de industrialização. Ademais várias outras atividades que apóiam a exploração e produção de petróleo surgem e acabam contribuindo para uma maior dinamização econômica do local e também um desenvolvimento econômico. Ao levar em consideração as condições de vida nos municípios que são produtores de petróleo, será possível perceber a contrariedade entre as condições de vida da população e as riquezas que são introduzidas aos cofres públicos da maioria desses municípios.

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Silva e França (2009) relatam que mesmo depois de um longo processo de exploração e produção do petróleo no Brasil, há sobre um subsolo rico uma população pobre e com possibilidades reduzidas de desfrutar dos benefícios que a produção de petróleo pode oferecer, caso houvesse uma satisfatória gestão dos recursos. No entanto uma situação como essa intensifica a obrigação de um município “rico” investir em diversificação produtiva, a fim de proporcionar oportunidade de empregos de modo a dar um salto na economia desses municípios, sendo necessária também a elaboração de políticas públicas sociais de combate a pobreza e desigualdade tendo em vista uma maior participação da população nos lucros provenientes do petróleo.

A exploração de petróleo na camada de pré-sal brasileira coloca o país em uma posição considerada boa no que tange a desenvolvimento econômico, sendo capaz de promover uma melhoria na renda da população, através da criação de novos empregos. Gerar empregos possibilitaria então uma redução na pobreza, e para analisar e calcular essa redução da pobreza pela ótica da renda utiliza-se então a abordagem unidimensional da pobreza, isto é, a abordagem monetária.

A abordagem monetária da pobreza significa definir um padrão mínimo, como por exemplo, a linha de pobreza4. Segundo Santana (2012) embora haja várias contradições de autores sobre a definição dessa linha de pobreza, atualmente a mais utilizada tem como referência o salário mínimo, isto é, pobre é quem tem renda per capita familiar igual a meio salário mínimo e indigente é aquele que possui renda familiar per capita equivalente a metade de meio salário mínimo, ou seja, a um quarto do salário mínimo. E o indivíduo que se encontra abaixo desse padrão mínimo é considerado pobre, mas, se acontece o inverso o indivíduo não é considerado pobre (Rocha, 2006).

A renda proveniente dos royalties, se utilizada pelo poder público de forma consciente e justa, há enorme possibilidade de proporcionar à população, melhores condições de vida, educação, moradia, saúde, infra-estrutura e então reduzir a pobreza da população, e uma forma de mensurar esse impacto na redução da pobreza é através da abordagem multidimensional da pobreza.

Segundo Sen (2000) a pobreza é tida como privação das capacidades básicas de uma família ou indivíduo e não apenas como uma renda inferior a um

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Linha de pobreza é o termo utilizado para descrever o nível de renda anual com o qual uma pessoa

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padrão mínimo preestabelecido; e por capacidades básicas entende-se como um tipo de liberdade, isto é, a liberdade que o indivíduo tem para ter estilos de vida diversos e para realizar combinações alternativas de funcionamentos. Sendo assim, a privação dessas capacidades básicas essenciais pode gerar várias consequências, como por exemplo, a morte prematura, analfabetismo, desnutrição, entre outras.

Há inúmeras peculiaridades contidas na pobreza, como, a limitação e a incapacidade de acesso à determinados recursos para que haja uma satisfação das necessidades básicas do ser humano como alimentação, moradia, saneamento básico, educação, saúde, lazer entre outras. Neste contexto, verifica-se a necessidade de um estudo mais aprofundado da relação de recursos resultantes do pré-sal na redução da pobreza no estado do Rio de Janeiro.

Sobre a pobreza, busca-se analisar os impactos socioeconômicos, pelo fato de que a partir desse “descobrimento de óleo em águas profundas”, houve uma importante fonte de renda para o Brasil, e principalmente para o estado do Rio de Janeiro. Incorporado a esse estudo será analisado a importância dos recursos, benefícios e oportunidades proveniente do pré-sal.

2. HIPÓTESES E OBJETIVOS

2.1 Hipótese

Parte-se da hipótese de que se as transformações advindas do pré-sal impulsionaram de forma expressiva o crescimento econômico, gerando novos empregos, e proporcionando melhoria no bem estar, saúde e educação, então, espera-se uma melhoria nos índices de pobreza unidimensional e multidimensional, respectivamente.

2.2 Objetivos

2.2.1 Objetivo geral:

Analisar e comparar a evolução do índice de pobreza unidimensional e multidimensional para os anos de 2004 e 2014.

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2.2.2 Objetivos específicos:

a) Analisar a renda das pessoas que residem no estado do Rio de Janeiro para os anos de 2004 e 2014.

b) Calcular e analisar o índice de pobreza unidimensional. c) Calcular e analisar o índice de pobreza multidimensional.

3. REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 A doença holandesa e o caso brasileiro.

Sabe-se que o Brasil está diante de grandes desafios ligados a exploração e produção do pré-sal. Um desses grandes desafios é o fato de saber conciliar todos os benefícios concedidos pela exploração com a ameaça de um desequilíbrio fiscal, conhecido por muitos autores como “maldição dos recursos naturais”. A “maldição dos recursos naturais” foi um dos primeiros trabalhos da CEPAL, que alega de forma geral, que nem sempre a abundância dos recursos naturais pode ser benéfica para a economia e desenvolvimento do país. Pode-se considerar que uma abundância de recursos naturais pode ser mais uma maldição do que uma bênção. (MAGALHÃES E DOMINGUES, 2012).

Auty (1993) descreveu como alguns países abundantes em recursos naturais não conseguiram usar de forma eficiente essa riqueza para estimular sua economia e desenvolvimento. Muito pelo contrário, esses países tiveram um crescimento econômico menor do que países que não são ricos em recursos naturais. Segundo Magalhães e Domingues (2012), a abundância de recursos naturais pode trazer diversas consequências sobre a economia, como a deterioração dos termos de troca e a especialização em bens primários nos países.

Esse conflito representa o que ocorreu na Holanda, na década de 60, quando a descoberta de gás natural em grandes proporções causou impactos diferenciados com relação a alocação eficiente de recursos da economia do País. Se de um lado, as exportações proporcionaram uma elevação na renda das pessoas, do outro lado, a apreciação da moeda que se deu pela entrada de divisas internacionais advindas da venda do gás natural, fez com que a competitividade das

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exportações de produtos industrializados reduzisse. Dessa forma, a descoberta de gás natural ocasionou uma diminuição no setor manufatureiro como conseqüência do deslocamento dos fatores para extrair os recursos naturais. Esse fenômeno então ficou conhecido na literatura como “doença holandesa”. (MAGALHÃES E DOMINGUES, 2012)

De acordo com Bresser-Pereira, Marconi e Oreiro (2008), a doença holandesa trata-se de um problema antigo, no qual é essencial para que haja uma compreensão do desenvolvimento e do subdesenvolvimento, mas só foi identificada na década de 60, em países periféricos, onde a descoberta e exportação de gás natural causaram uma apreciação da taxa de câmbio e ameaçou acabar com toda indústria manufatureira do país. O que acabara de surgir poderia trazer uma grande e positiva fonte de renda para o país, mas ocorreu exatamente o contrário, gerou um inapropriado processo de desindustrialização, trazendo enormes prejuízos à economia do país.

Segundo Bresser-Pereira (2008), a chamada doença holandesa era a sobreapreciação da taxa de câmbio de um país, resultante da abundância de recursos naturais baratos que são capazes de garantir rendas ricardianas5 aos países que os possuem e exportam commodities produzidas a partir deles. Ainda de acordo com o autor, a descoberta de petróleo em um país origina a doença holandesa, pois ao gerar uma grande riqueza para o país subdesenvolvido que, não contando com os valores e instituições correspondentes a esse nível de prosperidade, de forma ligeira mergulha na corrupção.

Devido a esse fato, muitos economistas fazem uma diferenciação entre a maldição de recursos naturais e a doença holandesa. Por um lado a doença holandesa seria uma falha de mercado, já a maldição dos recursos naturais derivaria de instituições que facilitariam a corrupção em busca de rendas. Os recursos naturais acabam por se tornar um enorme obstáculo ao crescimento do país, e um obstáculo muito difícil de ser superado, levando em consideração os problemas políticos e econômicos. (BRESSER-PEREIRA, MARCONI E OREIRO, 2008)

Recentemente, foram descobertas grandes reservas de petróleo na camada do pré-sal localizada no litoral brasileiro entre os estados do Espírito Santo até Santa Catarina. No entanto esta noticia tem sido levada apenas pelo lado positivo,

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Rendas Ricardianas: “É a parcela do produto da terra que é paga ao proprietário pelo uso das forças originais e indestrutíveis do solo.” (Ricardo, 1982, p. 65).

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tanto pelo governo, como pela impressa e também pela população, mas não há indícios de que ocorra uma “doença holandesa” no país. A doença holandesa pode causar um efeito bastante negativo na economia de um país, conforme já explicado anteriormente. (STRACK E AZEVEDO, 2012)

O Brasil está entre países que possuem uma das maiores reservas de petróleo no mundo. Segundo Juliani e Guerra (2015), a descoberta de petróleo na camada de pré-sal brasileira pode colocar o Brasil no cenário internacional e nacional como grande produtor e exportador de petróleo.

Sendo assim, é possível criar grandes expectativas em relação a renda que pode ser gerada com a produção, exploração e exportação do produto (o petróleo). Ainda de acordo com as autoras Juliani e Guerra (2015), se a exploração do petróleo for feita de maneira plena e bem regulamentada, a economia nacional será fortificada, por meio da expansão do parque industrial, da criação de novos empregos, da agregação de valor na cadeia produtiva, entre outros. Além do mais, a renda advinda da produção e exploração do petróleo, tem grandes chances de ampliar os recursos nas áreas da educação, moradia, saúde, ciência e tecnologia, e etc.

No entanto, os ideais citados acima correm o risco de não serem alcançados com a renda gerada pela exploração de petróleo na camada do pré-sal, pois tendo como base as experiências internacionais, como o caso da Holanda e Nigéria, alcançar altos níveis de crescimento e desenvolvimento será uma difícil tarefa a ser realizada pelas autoridades brasileiras. Há algumas variáveis econômicas que são capazes de gerar impactos decisivos na economia e sociedade e que vem de encontro com a teoria da “doença holandesa”, são essas variáveis: nível de poupança, nível de investimento, taxa de crescimento, exportações, capital humano e taxa de câmbio. (JULIANI E GUERRA, 2015)

Os recursos esperados provenientes da exportação dos excedentes, previstos para os próximos anos, geram boas expectativas para a economia brasileira que é marcada pela grande dependência (importação) do petróleo estrangeiro. Mas, o volume excedente que será produzido, provoca entusiasmo e preocupação, tendo em vista que um grande volume de divisas internacionais entrando na economia brasileira poderá alterar a taxa de câmbio. É possível concluir então, que as receitas provenientes da exportação do petróleo são animadoras, mas

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em termos financeiros são bem preocupantes levando em consideração seus possíveis desdobramentos econômicos. (WEIRICH, 2014).

Na visão de Bresser-Pereira (2008) um crescimento na indústria de petróleo pode influenciar de forma nada positiva a estabilidade da taxa de câmbio, que para ele é crucial para o desenvolvimento do Brasil.

Há um grande debate no Brasil acerca da existência ou não da doença holandesa. Alguns economistas como Bresser-Pereira (2008) e Marconi (2008), acreditam que o Brasil já estaria sendo alvo da chamada doença holandesa e com a descoberta de petróleo na camada de pré-sal, as preocupações tendem a aumentar. A grande expectativa de elevação do nível de exportação e a valorização do real frente ao dólar já estariam ocasionando problemas de competitividade para a indústria brasileira. (STRACK E AZEVEDO, 2012)

Para Weirich (2014) as expectativas de receitas para os próximos anos, eventualmente causarão impacto no dinamismo da economia brasileira, tendo em vista que o Brasil corre grande risco de passar a ser exportador liquido do petróleo, item no qual ainda é importador. Sendo assim, o volume de divisas internacionais que possivelmente serão inseridas na economia nacional, poderão exercer grande pressão sobre a taxa de câmbio brasileira.

A descoberta de petróleo na camada de Pré-sal pode significar duas coisas: Um bem para a economia brasileira, ou a devastação da mesma. Para Juliani e Guerra (2015) ao explorar o petróleo é preciso ter em mente que ele não existirá mais no futuro e que isso poderá comprometer as seguintes gerações. No entanto, fazer melhor uso de rendas geradas no presente é o mesmo que garantir uma economia fortificada e capaz de enfrentar diversos obstáculos futuros.

3.2 A maldição dos recursos naturais na Nigéria.

A Nigéria, oficialmente República Federal da Nigéria, é o País mais populoso do continente Africano. Trata-se de uma antiga colônia inglesa que se tornou independente em 1960. O país é muito conhecido como “o gigante da África” pelo fato de possuir uma grande economia e população. Mas também é conhecido como um dos países em que a maldição dos recursos naturais é mais evidente. A Nigéria é um país abundante em petróleo, sendo então, um dos grandes produtores

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do óleo a nível mundial. Em contrapartida, é um país muito pobre, castigado pela maldição de seus próprios recursos naturais.

Para Bastos e Ferreira (2008) em um país populoso como a Nigéria, a taxa anual de crescimento do PIB per capita demonstra uma tendência fortemente negativa. É um País que sofre a mais de 50 anos com uma terrível e assustadora crise política-economica-social-ambiental em virtude das grandes reservas petrolíferas. De acordo com Pereira (2008) desde quando o ouro negro (petróleo) foi descoberto, o país vive num grande dilema: prosperidade e realidade desanimadora. Com o descobrimento do petróleo em solos Africanos, tudo poderia cooperar para que houvesse um desenvolvimento.

A descoberta de petróleo na Nigéria, logo após sua independência, é detectada como uma das causas determinantes para o quadro de deterioração econômica e social que o país já viveu desde então. A grande dependência da Nigéria das receitas petrolíferas provenientes das exportações parece ter sido crucial para uma evolução nada positiva. No entanto fica evidente que a Nigéria não pode apoiar-se somente na indústria de petróleo se tiver a intenção de reverter o precário cenário econômico em que vive. (MYERS, 2005)

A aparente fonte de riqueza na Nigéria, devido ao descobrimento do ouro negro, acabou ficando concentrada em poucas “mãos”, - apenas o governo e multinacionais são detentores dessa riqueza -, o que evidencia ainda mais a riqueza da população. O petróleo é o responsável por 95 % das exportações e 80% das receitas arrecadadas pelo Estado. É um país rico em petróleo, mas como não possui capacidade para refiná-lo, precisa então importar quase todo o combustível que consome. (PEREIRA, 2008).

A Nigéria é um exemplo de país em que a abundância de recursos naturais sempre esteve associada à corrupção e a um quadro institucional bem fraco. Devido às interruptas ditaduras militares que visavam à extração de receitas provenientes da exploração de petróleo e incontáveis histórias de transferências de renda para o exterior, remetem elevados níveis de corrupção no país (BASTOS E FERREIRA, 2008).

A corrupção na Nigéria é algo realmente assustador. A exploração e produção de petróleo rendem por ano bilhões de dólares para os cofres públicos e grandes multinacionais. O dinheiro proveniente da exploração do petróleo que deveria financiar escolas, hospitais, clínicas e moradia, nunca chegou para a

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população. Além do mais, há vazamentos do óleo, poluindo os lençóis freáticos e destroem áreas agrícolas. Mas quando as empresas são interrogadas pelo motivo do vazamento, elas alegam que a própria população do local pratica a sabotagem. Sendo que na realidade, as verdadeiras causas desses vazamentos consistem no uso de equipamentos arcaicos e sem manutenção adequada (PEREIRA, 2008).

Segundo Pereira (2008) a crise da Nigéria é uma crise bastante distinta. Ela não tem implicações em maiores proporções, pelo fato de não afetar o preço do barril do petróleo no mercado internacional. Porém, trata-se de uma catástrofe humanitária, onde o grande vilão dessa situação é o petróleo, e como já dito anteriormente trata-se de uma crise política-econômica-social-ambiental. Ainda de acordo com a autora, muitas florestas já foram destruídas para que novas empresas petrolíferas se instalassem, os principais rios do país estão impregnados de oleodutos, que matam peixes e poluem toda a região.

A exploração de petróleo na Nigéria ocasionou uma miséria ainda maior a sua população. E durante esses mais de 50 anos de exploração, o abismo social presente na Nigéria entre os ricos e pobres está cada vez mais acentuado.

3.3 Os recursos naturais e suas perspectivas positivas na Noruega.

De acordo com Siqueira e Cancella (2016) Até os anos 60, a Noruega ainda era um país que se situava entre os países mais pobres do continente Europeu. Sua economia estava alicerçada nas exportações de peixes enlatados e de minérios baratos. Ainda segundo os autores, a descoberta do petróleo no Mar do Norte no ano de 1969, possibilitou com que a Noruega desse uma alavancada em sua economia, e, além disso, soube utilizar essa riqueza para gerar desenvolvimento e progresso para sua população.

O sucesso da Noruega coincidiu de forma sublime com dois grandes acontecimentos: a produção de petróleo bruto do Mar do Norte e os preços do Petróleo. Chamar a Noruega de uma “nova Arábia Saudita” era uma ofensa, visto que a produção de petróleo na Noruega excedia a da Arábia Saudita (HOVEN, 2013). De acordo com Pompermayer (2011), a Noruega é reconhecida como bem sucedida no desenvolvimento de sua indústria de petróleo, que quando os primeiros campos foram descobertos no Mar do Norte, ela era praticamente inexistente.

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A exploração e produção de petróleo na Noruega tornou o país um dos maiores exportadores de petróleo do mundo. No entanto, a economia norueguesa, diferente da Nigeriana, passa a apresentar um forte crescimento, e ao que tudo indica, o grande sucesso e desenvolvimento da economia Norueguesa estão diretamente ligados ao descobrimento do petróleo e a produção e exploração do mesmo (ROSA, 2014).

Para Rosa (2014), o início da exploração e produção de petróleo traz consigo uma reorganização da economia. Segundo Siqueira e Cancella (2016), o petróleo ainda é a locomotiva do progresso do país, mesmo com a economia norueguesa se destacando em outras áreas, o que contribui com a maior parte das exportações feitas pela Noruega e participa com mais de 30% da receita tributária.

A Noruega evidencia o título de um dos países mais desenvolvidos do mundo. O seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) vem figurando, por anos consecutivos, entre os mais altos do mundo. Além do mais, possui a segunda maior renda per capita do mundo. A Noruega foi capaz de administrar de forma adequada uma reserva de cerca de 20 bilhões de barris, hoje ainda lhe restam aproximadamente 8 bilhões, e graças a uma boa administração, o país conseguiu melhorar a qualidade de vida de sua população. Ainda houve a criação de um Fundo Soberano que recebe os recursos provenientes da exploração e produção de petróleo e os investe de modo a garantir o futuro de seu povo quando o petróleo se extinguir (SIQUEIRA E CANCELLA, 2016).

3.4 A pobreza e suas definições

Para Barros, Henriques e Mendonça (2000), a pobreza não pode ser definida de forma única e universal, visto que, não existe uma única definição de pobreza. Porém, é possível afirmar que se refere a situações de carência, no qual as pessoas não conseguem manter um padrão mínimo de vida correspondente com os parâmetros socialmente estabelecidos. Ainda de acordo com os autores, uma linha de pobreza pretende ser o parâmetro que concede a sociedade identificar como pobres todos aqueles indivíduos que estão situados abaixo da linha de pobreza.

Há duas óticas para se analisar a pobreza, sendo essas: a pobreza relativa e pobreza absoluta. A pobreza absoluta está ligada às questões de sobrevivência física, já a pobreza relativa define as necessidades a serem satisfeitas

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em função do estilo de vida de acordo com a sociedade em que a pessoa está inserida. Utilizar a renda como critério de pobreza, trata-se de estabelecer um valor monetário ligado ao gasto do atendimento das necessidades médias de um indivíduo de certa população, quando se trata de necessidades nutricionais, esse valor é nomeado de linha de indigência, e ao se referir a um padrão mais amplo de necessidades, trata-se da linha de pobreza (ROCHA, 2006).

A magnitude da pobreza está ligada de forma direta ao número de pessoas vivendo em famílias com renda per capita abaixo da linha de pobreza e à distância entre a renda per capita de cada família pobre e a linha de pobreza. Sendo assim, a pobreza responde a dois determinantes: A escassez de recursos e a má distribuição dos recursos existentes (BARROS, HENRIQUES E MENDONÇA, 2000).

A abordagem unidimensional da pobreza, fundamentada exclusivamente na privação de renda (aspecto monetário), deixa em aberto algumas lacunas no que tange à definição de pobreza, onde se encontra no enfoque multidimensional um debate mais amplo, capaz de permitir um melhor direcionamento para eventuais políticas públicas e novas estratégias para o combate à pobreza. Sabe-se que as necessidades individuais não são atendidas apenas por um conjunto de commodities (Rowntree, teoria das necessidades humanas), mas também pelo acesso à liberdade, sistemas democráticos, uma vida criativa e um padrão de vida decente (SEN, 2000).

Segundo Salama e Destremau (1999), quando se restringe a pobreza a um indicador monetário, pode acontecer de superestimar ou subestimar a pobreza. Pode-se dizer então que a pobreza é mais complexa do que se imagina. Ao discutir o enfoque multidimensional para a pobreza, duas abordagens se destacam: Necessidades Humanas e Capacitações (SILVA, LACERDA, LOPES E SILVA, 2012).

A ideia de necessidades humanas parte da hipótese de que o desenvolvimento é uma questão de bem-estar humano, que possui certas necessidades básicas. Necessidades não são preferências e desejos, sendo assim, não se manifestam apenas pela renda. As necessidades básicas são aquelas necessidades mínimas para a sobrevivência, como: alimentação, moradia, vestuário, água potável, esgoto, entre outros. Mesmo as necessidades humanas sendo comum a todos os indivíduos, a sua satisfação não é necessariamente igual, sendo

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então, relativa. Pobreza aqui pode ser definida como a não satisfação das necessidades humanas (SILVA, LACERDA, LOPES E SILVA, 2012).

Pobreza significa que as oportunidades mais básicas para o desenvolvimento dos indivíduos como cidadãos lhes são negadas. A perspectiva das capacitações nos leva a um enfoque empírico bem diferenciado daquele conduzido pela literatura tradicional da abordagem da pobreza. A liberdade é um elemento substantivo básico para o desenvolvimento e o desenvolvimento é capaz de melhorar a vida das pessoas e a liberdade desfrutadas pelas mesmas. Sendo assim, entende-se por capacitações a capacidade do ser humano em alcançar o seu bem-estar (SEN, 2000).

Olhando pela perspectiva das capacitações, para Sen (2000) a pobreza consiste na ausência de certas capacitações básicas. Nesse caso, o indivíduo é carente de oportunidades que o permite a atingir níveis mínimos aceitáveis de alguns funcionamentos. Trata-se de uma perspectiva distinta daquela escolhida pela abordagem monetária da pobreza. Na mensuração de pobreza multidimensional de acordo com Sen (2000), é preciso levar em consideração não somente a insuficiência de renda, mas também outras carências, como habitação, educação, saneamento básico, alimento e etc.

De acordo com o que foi estudado até aqui, é possível concluir que um país, cidade ou estado não é rico apenas por possuir rendas altas provenientes da exploração de seus recursos naturais, ou por possuir um alto PIB (abordagem unidimensional da pobreza). Um local só é considerado rico, quando além de possuir rendas altas, seus cidadãos são bem servidos em relação a saúde, educação, moradia, oportunidades, empregos (abordagem multidimensional da pobreza) e por último e não menos importante, a renda.

4. METODOLOGIA

O presente trabalho fará uso de um método descritivo de pesquisa. Serão utilizados os índices de mensuração de pobreza unidimensional e multidimensional, para verificar os impactos nos índices de pobreza no estado do Rio de Janeiro depois do descobrimento, produção e exploração de petróleo na camada de pré-sal. Para isso serão analisados os anos de 2004 e 2014.

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4.1 Índice de Pobreza Unidimensional

Para estimar o índice de pobreza unidimensional será utilizado o índice de Foster, Greer e Thorbecke, FGT.

O índice de Foster, Greer e Thorbecke (FGT) é uma medida de pobreza presente na economia que possui três passos: a primeira etapa é aquela em que é determinado o valor monetário das linhas de pobreza (z). Na segunda etapa será feita uma divisão dos indivíduos entre pobres e não pobres a partir da linha de pobreza. Os índices absolutos de pobreza de Foster, Greer e Thorbecke (FGT) podem ser calculados utilizando o grau de aversão à pobreza igual a 0, 1 e 2, respectivamente.

De acordo com Neder (2004), os índices de pobreza unidimensional: o PovertyHeadcount (proporção de pobres – P0), o Poverty Gap (Gap de Pobreza –

P1) e o SquaredPoverty Gap (Gap de Pobreza elevado ao quadrado – P2) fazem

parte da classe de índices FGT (Foster, Greer e Thorbecke, 1984). Estes índices são calculados com base nas seguintes expressões:

0 1 1 2 2 1

1

1

q i i q i i

q

P

n

z

y

P

n

z

z

y

P

n

z

 

onde:

q é o número de pobres (pessoas cuja renda per capita domiciliar é menor que a linha de pobreza).

n é o tamanho da população z é a linha de pobreza

yi é a renda per capita domiciliar da i-ésima pessoa

(1)

(2)

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O primeiro índice (Poverty Headcount) ou o FGT(0) mede a proporção de pessoas pobres, isto é, a proporção de pessoas que têm renda per capita domiciliar menor que a linha de pobreza. O segundo índice (“poverty gap”) ou o FGT(1) mede a intensidade de pobreza para o conjunto da população pobre através do cálculo do desvio médio entre a renda dos pobres e o valor da linha de pobreza e pode ser interpretado como um indicador do déficit de pobreza. O terceiro índice (Squared Poverty Gap) ou o FGT(2) é geralmente descrito como um indicador de severidade da pobreza. Na construção deste índice utiliza-se um peso maior para as pessoas mais pobres e leva-se em conta a desigualdade de renda entre os pobres. (NEDER, 2004).

O ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) estabeleceu em 70 reais per capita a linha de extrema pobreza e o dobro desse valor (140 reais) a linha de pobreza. No entanto, a linha de pobreza determinada pelo MDS não é atualizada de ano a ano e também não é indexada a qualquer variável, como a taxa de inflação ou salário mínimo, é aplicada sem qualquer modificação entre zonas rurais e urbanas, não levando em consideração as diferenças na pobreza que existe nessas duas áreas.

No entanto, dois métodos de determinar a linha de pobreza serão utilizados. O primeiro será determinado de acordo com a linha de pobreza da Sônia Rocha, que para o presente estudo será o mais adequado, e o segundo será determinado fazendo uso de um quarto do salário mínimo como linha de pobreza, feito apenas para comparar. Porém apenas uma das duas tende a ser a mais adequada, neste caso é a metodologia desenvolvida por Sonia Rocha, visto que leva em conta a inflação e as diferenças regionais e de áreas urbanas e rurais nas linhas de pobreza e de extrema pobreza, sendo assim, é considerada mais eficiente.

4.2 Índice de Pobreza Multidimensional

A metodologia usada para construir o índice de pobreza multidimensional Foster e Alkire (2007) pode ser explicada em 12 passos necessários.

1° Passo: Consiste na escolha da unidade de análise. Esta unidade de análise pode ser uma família, um indivíduo ou até mesmo uma comunidade. Neste trabalho optou-se por usar domicílios como unidade de análise, devido os ganhos de escala ao analisar-se um conjunto de indivíduos por meio da sua renda per capta.

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2° Passo: Deve ser feita a escolha das dimensões. A escolha das dimensões é muito importante. Foram três as dimensões escolhidas nesse trabalho: Saúde; Padrão de vida (moradia) e Educação. A escolha destas se deu devido a uma maior abrangência das necessidades humanas básicas diárias.

3° Passo: Escolha dos indicadores. Os indicadores são escolhidos em cada dimensão a partir dos princípios da precisão e parcimônia. Os indicadores foram escolhidos seguindo uma estratégia pragmática e empírica levando em consideração a disponibilidade e confiabilidade das informações que foram trabalhadas: a PNAD. Portanto, foram utilizados os seguintes indicadores: Destino do lixo domiciliar; Terreno onde está localizado o domicílio é próprio; Tem água canalizada em pelo menos um cômodo do domicílio; Sabe ler e escrever e Anteriormente frequentou escola ou creche. Cada indicador foi agregado dentro de sua respectiva dimensão como demonstrado na figura 1.

4º Passo: Definição de Linhas de Pobreza. A linha de pobreza deve ser determinada para cada dimensão.

5º Passo: Aplicação das linhas de pobreza. Neste passo o status do domicílio é classificado de acordo com cada indicador. Por exemplo, na dimensão padrão de vida se houver ausência de água canalizada em pelo menos um cômodo do domicílio e houver privação, será assinalado aquele indicador como privado (P). Caso não haja privação, será assinalado o indicador como não-privado (NP). Para cada indicador deve-se assinalar a existência ou não de privação.

6º Passo: Contagem do número de privação para cada domicílio/ pessoas. É feito um cálculo com o número de privações acumuladas de cada unidade de análise (figura 1)

7º Passo: Definição do segundo corte. Assumindo pesos iguais, pode-se definir o corte que determina o número de privações que um domicílio deve dispor para ser considerado pobre de uma forma multidimensional. Como exemplo, foi definido o corte da pobreza como sendo o valor de 3 (três) privações (figura 1).

8º Passo: Aplicação do corte para obter a lista de domicílios pobres e separar dos dados dos não-pobres. Deve-se focar agora no perfil da pobreza e nas dimensões que estes pobres se encontram mais privados. As informações dos não-pobres são substituídas por zero, bem como as não-privações. Os valores de privações são substituídos por 1. (figura 2).

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Figura 1: Exemplo da aplicação de linhas de pobreza, parte 1.

Saúde Padrão de vida Educação

Domicílio Destino do lixo domiciliar Terreno onde está localizado o domicilio é próprio Tem água canalizada em pelo menos um cômodo do domicílio Anteriormente freqüentou escola ou creche Sabe ler e escrever Total A P NP P P P 4 B NP NP P P NP 2 C NP P P NP P 3 D P P P P P 5

Fonte: Foster e Alkire (2007). Adaptada pela autora.

Figura 2: Exemplo da aplicação de linhas de pobreza, parte 2.

Saúde Padrão de vida Educação

Domicílio Destino do lixo domiciliar Terreno onde está localizado o domicilio é próprio Tem água canalizada em pelo menos um cômodo do domicílio Anteriormente freqüentou escola ou creche Sabe ler e escrever Total A 1 0 1 1 1 4 B 0 0 1 1 0 2 C 0 1 1 0 1 3 D 1 1 1 1 1 5

Fonte: Foster e Alkire (2007). Adaptada pela autora.

9º Passo: Cálculo do Percentual de Pobres (H). Nesse passo o número de pobres é dividido pelo número total da população. Por exemplo, três domicílios foram identificados como pobres. Levando em conta uma população de 4 domicílios, o resultado de H é 75% (H = 3/4 = 75%).

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é o número médio de privações que um domicílio pobre sofre. A forma de calcular o hiato da pobreza é somando a proporção das privações de todos os domicílios considerados pobres e dividindo pelo número total de pobres. Por exemplo, há um domicílio que sofre 3 privações, outro que sofre 4, e um que sofre 5 privações, de um total possível de 5 privações. Logo, devemos somar a proporção de privações de A (4/5) com a proporção de privações de C (3/5) mais a proporção de privações de D (5/5) e dividir pelo total de pobres (3). O resultado é: A = (4/5 + 3/5 + 5/5)/3 = 4/5.

11º Passo: Cálculo da Pobreza Multidimensional (Mo). A pobreza multidimensional é calculada quando se multiplica o valor de H pelo valor de A. Por exemplo: M0 = H x A; M0 = 3/4 x 4/5 ;M0 = 3/5

12º Passo: Decomposição por Grupo e por Dimensão. A pobreza multidimensional pode ser decomposta por grupos populacionais (exemplo: rural/urbano). Após construir M0 para cada subgrupo da amostra, nós podemos

decompor M0 para estudar a contribuição de cada dimensão para a pobreza em

geral. Para decompor um grupo por dimensão, considere Aj como referência da

contribuição da dimensão j para a média do hiato da pobreza A. Aj pode ser

interpretada como o valor da privação média compartilhada entre os pobres na dimensão j. A contribuição ajustada da privação na dimensão j para a pobreza geral, a qual podemos chamar M0j, é então obtida multiplicando-se H por Aj para cada

dimensão.

4.3 Fonte de dados

Para a realização deste trabalho, foram utilizados os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), referentes ao ano de 2004 e 2014. A PNAD é caracterizada por ser uma amostra complexa, com características singulares, com informações anuais sobre características socioeconômicas da população, como sexo, idade, trabalho, educação, rendimento, entre outros.

Os dados relacionados a Royalties foram coletados no site da Agência Nacional do Petróleo (ANP) (http://www.anp.gov.br/wwwanp/royalties-e-outras-participacoes), a participação do setor petrolífero no PIB foi retirado do site (http://www.brasil.gov.br/economia-e-emprego) e por fim, foi utilizado como ferramenta o software Stata.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Nesta seção serão apresentados os resultados obtidos e as discussões sobre royalties de petróleo, renda, pobreza unidimensional e pobreza multidimensional.

5.1 Análise Descritiva

Nesta subseção será apresentada uma análise descritiva das variáveis escolhidas para realização desse trabalho.

As variáveis escolhidas para serem analisadas possuem relação com as áreas em que os recursos provenientes da exploração de petróleo (os royalties) são destinados. No ano de 2012 foi aprovada uma nova lei de distribuição dos royalties para os estados produtores de petróleo, essa nova distribuição geraria grandes impactos na economia. Parte dos royalties recebidos pelos estados teria então que ser destinado para as áreas de educação, infra-estrutura, moradia, segurança, programas sociais, cultura, saúde, ciência e tecnologia e etc.

A descoberta do petróleo na camada de pré-sal gerou grandes expectativas no que tange aos royalties. Para Albuquerque (2013), os recursos provenientes de royalties de petróleo consistem numa fonte, que se for bem aproveitada, poderá ser como uma solução para a sociedade, proporcionando melhoria na educação, moradia, saúde, renda e outras áreas.

5.2 Análise dos royalties no estado do Rio de Janeiro para os anos de 2004 e 2014.

De acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), o royalty nada mais é do que uma compensação financeira devida pelas concessionárias produtoras de petróleo e gás natural, isto é, consiste numa remuneração à sociedade pelo fato de explorar recursos naturais finitos. A apuração dos royalties é feita mensalmente pela ANP através de pagamentos efetuados a Secretaria do Tesouro Nacional (STN), e a própria STN é responsável por fazer o repasse dos

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importante ressaltar que a alíquota dos royalties do campo produtor, pode variar de 5% a 10%.

Já as participações especiais são um tipo de pagamento extraordinário devido pelas empresas produtoras e exploradoras de petróleo e gás natural quando a produção é volumosa ou quando há uma enorme rentabilidade.

Verifica-se que em 2004, a soma dos royalties mais as participações especiais recebidas pelo estado do Rio de Janeiro geraram um incremento em seus cofres públicos de R$3.226.270.755,10, sendo R$1.041.661.371,24 de royalties e R$2.184.609.383,86 de participações especiais, conforme tabela 1 e 2.

Os valores dos royalties relativos aos meses de janeiro a dezembro do ano de 2004 são apresentados na tabela a seguir.

Tabela 1: Royalties arrecadados em 2004. BENEFICIÁRIO (RIO DE JANEIRO) VALOR(R$) Royalties Até 5% Royalties excedentes a 5% Total Acumulado em 2004 JANEIRO 40.469.183,16 29.937.354,87 70.406.538,03 70.406.538,03 FEVEREIRO 42.447.836,07 31.334.867,20 73.782.703,27 144.189.241,30 MARÇO 43.262.783,18 31.920.853,00 75.183.636,18 219.372.877,48 ABRIL 39.511.052,41 29.205.278,75 68.716.331,16 288.089.208,64 MAIO 47.913.472,04 35.276.188,58 83.189.660,62 371.278.869,26 JUNHO 43.760.746,93 32.189.370,35 75.950.117,28 447.228.986,54 JULHO 51.864.211,86 38.152.253,34 90.016.465,20 537.245.451,74 AGOSTO 49.865.969,12 36.687.970,31 86.553.939,43 623.799.391,17 SETEMBRO 53.378.884,98 39.275.738,17 92.654.623,15 716.454.014,32 OUTUBRO 57.884.155,49 42.542.396,98 100.426.552,47 816.880.566,79 NOVEMBRO 62.105.372,23 45.760.785,95 107.866.158,18 924.746.724,97 DEZEMBRO 67.350.696,07 49.563.950,20 116.914.646,27 1.041.661.371,24 TOTAL 599.814.363,54 441.847.007,70 1.041.661.371,24

Fonte: Agência Nacional do Petróleo (ANP). Adaptada pela autora.

Já os valores referentes aos royalties mais as participações especiais arrecadadas durante todo o ano de 2004 são apresentadas na tabela 2, a seguir.

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Tabela 2: Royalties e Participações especiais arrecadadas em 2004. ESTADO (Rio de Janeiro) ROYALTIES PARTICIPAÇÃO ESPECIAL TOTAL 1° Trimestre 219.372.877,48 443.867.057,08 663.239.934,56 2° Trimestre 227.856.109,06 492.513.290,14 720.369.399,20 3° Trimestre 269.225.027,78 644.686.158,54 913.911.186,32 4° Trimestre 325.207.356,92 603.542.878,10 928.750.235,02 Total 1.041.661.371,24 2.184.609.383,86 3.226.270.755,10

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

O valor dos royalties e participações especiais recebidos pelos estados da federação no ano de 2004 totaliza um montante de R$3.877.605.349,88 e só o estado do Rio de Janeiro recebeu um total de 3.226.270.755,10 como visto na tabela 2, ou seja, foram distribuídos ao estado do Rio de Janeiro cerca de 80%.

A predominância da participação do Estado do Rio de Janeiro no total do valor de royalties distribuídos aos estados da federação, no período de janeiro a dezembro de 2004 pode ser visto na figura 3.

Figura 3: Percentual da distribuição dos Royalties para cada estado no ano de 2004.

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

De modo semelhante, os municípios fluminenses receberam um total de R$1.138.916.694,80, isto é, 67% do valor total dos royalties pagos aos municípios brasileiros distribuídos no mesmo período, de janeiro a dezembro de 2004, como pode ser visto na tabela 3.

ALAGOAS 1,8% AMAZONAS 7% BAHIA 8% CEARÁ 0,85% ESPIRITO SANTO 3,20% PARANÁ 0,47 % RIO DE JANEIRO 64,4% RIO GRANDE DO NORTE 10,1% SÃO PAULO 0,25% SERGIPE 3,93%

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Tabela 3: Distribuição dos Royalties aos municípios no ano de 2004.

BENEFICIÁRIOS ACUMULADO 2004 %

Municípios do estado do Rio de Janeiro. 1.138.916.694,80 67

Outros municípios do Brasil 1.700.445.917,95 33

Total 2.839.362.612,75 100

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

A análise dos dados no ano de 2014 demonstra que a soma dos royalties com as participações especiais repassadas ao estado do Rio de Janeiro geraram um incremento em seus cofres públicos no valor de R$8.194.066.097,20, sendo R$3.213.771.453,88 de royalties e R$4.980.294.643,32 de participações especiais, conforme tabela 4 e 5.

Tabela 4: Royalties arrecadados em 2014. BENEFICIÁRIO (RIO DE JANEIRO) VALOR(R$) Royalties Até 5% Royalties excedentes a 5% Total Acumulado em 2014 JANEIRO 153.272.642,25 110.993.625,70 264.266.267,95 264.266.267,95 FEVEREIRO 166.899.055,53 121.061.673,45 287.960.728,98 552.226.996,93 MARÇO 161.532.786,74 117.324.737,55 278.857.524,29 831.084.521,22 ABRIL 150.441.147,69 109.458.096,10 259.899.243,79 1.090.983.765,01 MAIO 157.630.727,20 114.508.519,49 272.139.246,69 1.363.123.011,70 JUNHO 143.856.710,29 104.703.461,14 248.560.171,43 1.611.683.183,13 JULHO 152.815.406,50 111.043.629,91 263.859.036,41 1.875.542.219,54 AGOSTO 156.507.099,53 113.613.858,34 270.120.957,87 2.145.663.177,41 SETEMBRO 160.409.749,70 116.394.285,65 276.804.035,35 2.422.467.212,76 OUTUBRO 157.945.077,34 114.609.363,87 272.554.441,21 2.695.021.653,97 NOVEMBRO 152.966.614,86 110.897.654,24 263.864.269,10 2.958.885.923,07 DEZEMBRO 147.853.317,92 107.032.212,89 254.885.530,81 3.213.771.453,88 TOTAL 1.862.130.335,55 1.351.641.118,33 3.213.771.453,88

Fonte: Agência Nacional do Petróleo (ANP). Adaptada pela autora.

Os valores dos royalties relativos aos meses de janeiro a dezembro do ano de 2014 são apresentados na tabela 4. Já os valores referentes à soma dos

royalties com as participações especiais arrecadadas durante o mesmo período são

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Tabela 5: Royalties e Participações especiais arrecadadas em 2014. ESTADO (Rio de Janeiro) ROYALTIES PARTICIPAÇÃO ESPECIAL TOTAL 1° Trimestre 831.084.521,22 1.397.540.566,89 2.228.625.088,11 2° Trimestre 780.598.661,91 1.272.368.880,84 2.052.967.542,75 3° Trimestre 810.784.029,63 1.369.781.581,78 2.180.565.611,41 4° Trimestre 791.304.241,12 940.603.613,81 1.731.907.854,93 Total 3.213.771.453,88 4.980.294.643,32 8.194.066.097,20

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

O valor dos royalties e participações especiais repassados aos estados da federação totaliza um montante de R$11.725.577.976,44, e só o estado do Rio de Janeiro recebeu um total de R$R$8.194.066.097,20, como visto na tabela acima (Tabela 5), ou seja, foram distribuídos ao estado do Rio de Janeiro cerca de 70%.

E mais uma vez pôde-se ver a predominância da participação do Estado do Rio de Janeiro no total do valor de royalties distribuídos aos estados da federação, no período de janeiro a dezembro de 2014, como mostrado na figura 4.

Note-se que há a inclusão de mais um estado, o estado do Maranhão, que no ano de 2004 ainda não fazia parte dos estados da federação que recebiam

royalties.

Figura 4: Percentual da distribuição dos Royalties para cada estado no ano de 2014

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Há também uma predominância com os municípios do estado do Rio de Janeiro. Na tabela 6 pode-se ver que os municípios fluminenses receberam um total

ALAGOAS, 0,7% AMAZONAS, 4,2% BAHIA, 4,8% CEARÁ, 0,32% ESPIRITOSANTO 15,3% MARANHÃO 0,9 % PARANÁ 0,15% RIO DE JANEIRO 59% RIO GRANDE DO NORTE 5% SÃO PAULO 6,6% SERGIPE 3%

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de R$3.409.183.103, isto é, 54% do valor total dos royalties repassados aos municípios brasileiros no mesmo período, de janeiro a dezembro de 2014.

Tabela 6: Distribuição dos Royalties aos municípios no ano de 2014.

BENEFICIÁRIOS ACUMULADO 2014 %

Municípios do estado do Rio de Janeiro. 3.409.183.103,79 54

Outros municípios do Brasil 6.341.175.157,69 46

Total 9.750.358.261,48 100

Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Pôde-se perceber que houve uma redução no último trimestre de 2014 no que tange a recebimentos dos royalties e participações especiais. Essa redução, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo (ANP), se deve principalmente à redução do preço do barril do petróleo, que estava operando abaixo de 70 dólares. No primeiro semestre do ano de 2014, o valor do barril do petróleo estava custando cerca de 110 dólares, e essa redução pode ser explicada pelo excesso de oferta global.

Em 2014, quando o preço médio do barril do petróleo estava em torno de 110 dólares, o peso dos royalties em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) era de 0,69%. Em 2004 essa relação era de 0,53%, porém ainda não era retirado o petróleo da camada do pré-sal, como em 2014. No entanto em 2008, essa relação PIB x

Royalties era de 0,75%, o que podemos concluir é que antes da exploração e

produção do petróleo na camada de pré-sal, a exploração de óleo e gás crescia num ritmo mais acelerado.

O estado do Rio de Janeiro sofreu uma perda bastante significativa na arrecadação de royalties e participação especial no último trimestre de 2014, o que agravou ainda mais a situação do estado, pois o governo realizou no passado empréstimos com receitas futuras dos royalties, fazendo então com que a entrada de recursos nos cofres públicos seja ainda menor.

Os recursos de royalties e participações especiais são de suma importância para os 3 (três) municípios que mais recebem essas receitas. São esses municípios: Campos dos Goytacazes, Macaé e Rio das Ostras, como mostram as tabelas a seguir (tabelas 7 e 8), para os respectivos anos de 2004 e 2014.

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Tabela 7: Arrecadação de royalties e participações especiais nos municípios fluminenses no ano de 2004. MUNICÍPIOS PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS (PE) ROYALTIES TOTAL (PE+ROYALTIES) Campos dos Goytacazes R$285.306.258,85 R$257.505.841,63 542.812.100,48 Macaé R$75.708.586,31 R$215.440.811,13 291.149.397,44 Rio das Ostras R$121.017.138,30 R$97.047.645,60 218.064.783,90 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

Tabela 8: Arrecadação de royalties e participações especiais nos municípios fluminenses no ano de 2014. MUNICÍPIOS PARTICIPAÇÕES ESPECIAIS (PE) ROYALTIES TOTAL (PE+ROYALTIES) Campos dos Goytacazes R$575.445.205,33 R$632.820.616,41 R$1.208.265.821,74 Macaé R$51.130.181,00 R$491.526.473,38 R$542.656.654,38 Rio das Ostras R$121.018.157,80 R$189.794.271,44 R$310.812.429,24 Fonte: Elaboração própria com base nos dados da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

O motivo de escolher esses três municípios consiste no fato de terem sido de janeiro a dezembro de 2004 e 2014, em ordem decrescente, os maiores beneficiários de royalties e participações especiais do estado do Rio de Janeiro.

É perceptível que Campos dos Goytacazes é o município mais beneficiado pelas receitas dos royalties e participações especiais, seguido por Macaé e Rio das Ostras. Campos possui maior arrecadação tanto em participações especiais quanto nos royalties, já o município de Macaé possui a segunda maior arrecadação de royalties, porém as receitas de participações especiais estão por último (numa análise apenas dos 3 municípios em questão), e por fim, o município de Rio das Ostras tem a terceira maior receita de royalties e a segunda maior arrecadação no que diz respeito a participações especiais.

O município de Campos dos Goytacazes sempre exerceu o papel de polo regional ancorado nas atividades ligadas a cana de açúcar e ao álcool, mas após a chegada do petróleo, a cidade acabou por se tornar um prestador de serviços qualificados para os demais municípios, principalmente no setor da educação, pois

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