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Boletim 844/2015 – Ano VII – 1º/10/2015
Atividade industrial em SP recua 2,5% em agosto e mantém
viés de baixa
O Indicador do Nível de Atividade, apurado pela Fiesp, mostra queda na produção da indústria na passagem de julho para agosto. Projeção para o ano indica produção 5,8% menor frente a 2014
Fabricação de móveis registrou a maior queda, com produção 14,9% menor na comparação com julho São Paulo - A atividade da indústria paulista manteve a tendência de queda no mês de agosto com produção 2,5% contra o mês anterior. O destaque negativo veio do setor de móveis, cuja atividade caiu 14,9% na passagem de julho para agosto.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a retração na atividade é ainda mais intensa. A produção industrial em São Paulo caiu 9,5%, enquanto a produção de móveis recuou 21,0%, segundo dados do Indicador do Nível de Atividade (INA), divulgado ontem pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
"Quando o setor de móveis cai dessa maneira é porque a sociedade está empobrecendo. É um setor muito importante para a família média, que é consumidora", ressaltou o diretor do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos (Depecon) da Fiesp, Paulo
Francini, em nota enviada à imprensa.
Na avaliação do economista da Fundação Instituto de Administração (FIA), Rodolfo Olivo, outro fator que ajuda a explicar a piora no desempenho da indústria moveleira é a
desaceleração do mercado de construção civil no País. "Como o setor de imóveis leva um tempo maior para refletir a crise, a indústria de móveis também leva um tempo maior para apresentar recuo", explica ele.
Outros destaques negativos do INA em agosto vieram dos setores de veículos
automotores, com queda de 3,6% de julho para agosto, e químico com perda de 0,9% na comparação mensal. O comportamento de queda na atividade, destacou a Fiesp, está disseminado na maior parte da indústria, com apenas três dos 20 setores avaliados registrando avanço no INA em agosto.
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período de 2014. Segundo a Fiesp, o setor deve encerrar 2015 com atividade 5,8% menor frente a 2014, com destaque para o viés de baixa do indicador.
Se a retração se confirmar, este será o segundo ano de queda consecutiva do indicador de atividade da Fiesp, desde o início da série histórica em 2002. Para o próximo ano, Francini disse que ainda não é possível avaliar como será o desempenho do setor.
Capacidade instalada
O Nível de Utilização da Capacidade Instalada (Nuci), apurado pela Fiesp, corrobora o cenário de enfraquecimento da atividade no estado. Na passagem de julho para agosto, o indicador recuou 77,1% para 75,7%, na série com ajuste sazonal. Em agosto de 2014, o Nuci estava em 79,8%.
"Agora é o período em que a indústria deveria estar mais ativamente trabalhando, por conta do fim do ano, e ela não está. Então, 2015 já é um jogo jogado", afirmou Francini. Na indústria de móveis, a utilização da capacidade instalada caiu 18,0% em agosto ante julho. Na mesma comparação, os setores de produtos químicos (-0,2%) e veículos automotores (-2,9%) também apresentaram retração no Nuci.
De acordo com o levantamento, os setores da indústria paulista com os melhores níveis de utilização da capacidade instalada em agosto foram coque, refino de petróleo,
combustíveis nucleares e produção de álcool (93,4%), celulose, papel e produtos de papel (89,7%) e outros equipamentos e transporte (89,4%).
Já a indústria de bebidas (67,8%), móveis (68,5%) e máquinas e equipamentos (69,9%) registram os níveis de utilização mais baixos no mês.
Percepção
A percepção dos empresários do setor produtivo sobre a economia também vem se deteriorando. De acordo com o Sensor, da Fiesp, o indicador de confiança dos
empresários caiu 4,6 pontos na passagem de agosto para setembro chegando a 43,8 pontos, na série do Sensor com ajuste.
Entre as categorias que compõem o indicador geral, mercado (-9,1 pontos), estoque (-4,5), emprego (-5,8) e investimento (-2,4) apresentaram retração com perspectiva de piora. A única categoria que indica neutralidade é vendas, cuja pontuação avançou 0,5 ponto. Todas as categorias, entretanto, registraram níveis abaixo dos 50 pontos.
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"A piora da confiança dos empresários é influenciada por dois fatores interligados: o cenário econômico e a demanda fraca", observa Olivo, da FIA. Ele destaca que a crise política também impacta fortemente o setor industrial, já que não deixa perspectiva clara sobre o que vai acontecer no futuro.
Jéssica Kruckenfellner
Grande São Paulo registra recorde na taxa de desemprego
São Paulo - A taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo ficou
praticamente estável em agosto, ao passar de 13,7% em julho, para 13,9%, segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada ontem pela Fundação Seade e pelo Dieese.
Contudo, o resultado do oitavo mês do ano foi o pior para o período desde 2009, quando o registro foi de 14,2%.
Em comparação com registrado um ano antes (11,3%), a taxa do mês passado obteve uma alta mais expressiva.
A taxa de desemprego aberto cresceu de 11,4% para 11,5%, e o desemprego oculto subiu de 2,3% para 2,4%.
O total de desempregados foi estimado em 1,537 milhão de pessoas, 23 mil a mais do que em julho. Para o Dieese, o resultado decorreu da relativa estabilidade no nível de
ocupação que, no mês passado, eliminou um número menor de postos de trabalho (18 mil em agosto, ante 47 mil em julho). A População Economicamente Ativa (PEA) também contribuiu para o resultado, tendo em vista que aumentou em cinco mil pessoas em agosto, enquanto em julho, tinha expandido 62 mil.
Indústria
O aumento do desemprego na região foi estimulado pelo corte de postos de trabalho na indústria de transformação, em torno de 41 mil, cerca de 2,7% a menos. O segundo setor que mais eliminou vagas foi de serviços, com a extinção de 30 mil empregos, redução de 0,5% sobre o número de ocupados. O setor de construção também registrou queda de 1,6%.
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Em sentido oposto, o setor de comércio ampliou o número de ocupados em 4,3% na comparação entre agosto e julho com 73 mil vagas a mais.
Ainda segundo a pesquisa o contingente de desempregados dos últimos 12 meses aumentou em 292 mil pessoas devido ao corte de 256 mil postos de trabalho (-2,6%). Sobre os salários, em julho, o rendimento real dos ocupados retraiu 2,4%, para R$ 1.899. Dos assalariados, caiu 1,6%, para R$ 1.939. Com relação ao mesmo período ne 2014, o rendimento dos ocupados registrou decréscimo de 7,7% e dos assalariados, 7,4%. "Se pegarmos a média de 2000, o rendimento médio real de julho está 20% menor do que os valores registrados naquele ano" destacou o coordenador da pesquisa, Alexandre Loloian. Para ele, do inicio do século para atualmente, não houve um avanço considerável na quantidade de empregos que pagam bons salários. O que ocorreu foi uma expansão no número de postos de trabalho da "base de estrutura salarial e da estrutura de ocupação".
Diária integra salário, diz TST
- A quarta turma do Tribunal Superior do Trabalho (TST) declarou a natureza salarial de diárias de viagem pagas mensalmente pelas editoras Scipione e Abril a um vendedor. Com isso, as verbas, que superavam 50% do salário-base do funcionário, passaram a repercutir no cálculo de férias, décimo terceiro e de outras parcelas. O trabalhador
divulgava e vendia livros da Scipione (incorporada pelo Grupo Abril) em diversas cidades de Sergipe. Como residia em Salvador (BA), recebia diárias de viagem que somavam de R$ 1,2 mil a R$ 1,6 mil por mês. Somando também as comissões de rendas, o salário base dele passava de R$ 697 a uma média de R$ 3,5 mil,
O juízo de primeiro grau julgou improcedente a ação para recalcular os benefícios. No tribunal regional, o argumento da Scipione foi confirmado. Mas no TST, a relatora do caso, a desembargadora convocada Cilene Ferreira Santos, votou pelo seu provimento do recurso do vendedor. Após análise de precedentes, ela concluiu que o salário básico, sem o acréscimo de comissões, é a referência para o cálculo do percentual citado no artigo 457 da Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT). "Considerando que o trabalhador era
comissionista misto, o salário-base no caso corresponde ao montante fixo assegurado pelas editoras", afirmou a magistrada. /Agências
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Mercado de trabalho ganha força, apesar da indústria
- As companhias norte-americanas contrataram trabalhadores em um ritmo sólido em setembro, mas dados mostraram que a atividade industrial no meio-oeste dos EUA
encolheu, turvando o quadro econômico para o Federal Reserve (Fed), o banco central do país, decidir se deve elevar a taxa de juros este ano.
O setor privado norte-americano criou 200 mil postos de trabalho em setembro, mostrou relatório da processadora de folhas de pagamentos ADP nesta quarta-feira. A leitura é a mais forte desde junho, batendo a previsão de alta de 194 mil postos dos economistas consultados pela Reuters.
O número de vagas criadas em agosto pelo setor privado foi revisado para baixo para 186 mil, ante aumento de 190 mil divulgado anteriormente. O Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), que define as políticas do banco central, decidiu por não encerrar sua política de taxa de juros próxima a zero em setembro, citando
preocupações com riscos globais e com a turbulência do mercado devido à China.
Nos últimos dias muitas autoridades do Fed, incluindo a chair, Janet Yellen, disseram que o banco norte-americano deve elevar os juros mais tarde neste ano se a economia mostrar futuras melhoras.
Os últimos dados da ADP sustentam as expectativas de ganhos na criação de empregos públicos e privados, a serem divulgados no relatório do Departamento do Trabalho dos EUA na sexta-feira.
Economistas consultados pela Reuters esperam que o relatório mostre que os
empregadores contrataram 203 mil trabalhadores em setembro, acima do aumento de 173 mil em agosto que foi o menor em cinco meses. A taxa de desemprego tem previsão de permanecer estável em 5,1%, próxima da mínima de 7 anos.
Fed
O Federal Reserve vai se esforçar para ter o menor impacto possível no funcionamento dos mercados financeiros quando iniciar a redução de seu balanço patrimonial de 4,5 trilhões de dólares, disse nesta quarta-feira o presidente do Fed de Nova York, William Dudley. Segundo ele, o banco vai reduzir o portfólio para que não tenha "consequências" no mercado. /Reuters