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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO AMAZONAS Gabinete do Desembargador JOMAR RICARDO SAUNDERS FERNANDES CÂMARAS REUNIDAS

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CÂMARAS REUNIDAS

MANDADO DE SEGURANÇA Nº 4001756-95.2017.8.04.0000

IMPETRANTE: Sindicato dos Servidores Públicos do Município de Autazes - Sinserpa

IMPETRADO: Prefeito do Municipio de Autazes/AM

RELATOR: Desembargador Jomar Ricardo Saunders Fernandes

_____________________________________________________________________

EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. LEGITIMIDADE DA ENTIDADE SINDICAL. SUSPENSÃO DOS ATOS DE NOMEAÇÃO E POSSE JÁ REALIZADOS. AUSÊNCIA DE PRÉVIA DOTAÇÃO ORÇAMENTÁRIA. INEXISTÊNCIA DE COMPROVAÇÃO À ÉPOCA DO EDITAL. VIOLAÇÃO AO DEVIDO PROCESSO LEGAL. SEGURANÇA CONCEDIDA.

I – Direito à nomeação e posse de todos os candidatos convocados pela 5ª Chamada (fls. 108/114) do Concurso Público nº 01/2016 do Município de Autazes consolidado no Agravo de Instrumento nº 0006347-52.2009.8.04.0000;

II - Legitimidade ativa da impetrante em favor da parcela dos servidores envolvidos, conforme Súmula nº 630 do STF;

III – A análise da prévia dotação orçamentária deve ser realizada antes da divulgação do edital do certame público;

IV – Uma vez constituídas as relações jurídicas, a Administração deve dar direito à manifestação dos interessados;

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Mandado de Segurança nº 4001756-95.2017.8.04.0000

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos do presente

Mandado de Segurança, em que são partes as acima indicadas,

ACORDAM,

os

Excelentíssimos

Senhores

Desembargadores

que

compõem o Tribunal Pleno do Egrégio Tribunal de Justiça do

Estado do Amazonas, em CONCEDER A SEGURANÇA REQUERIDA, por

unanimidade de votos, em consonância com o parecer do Graduado

Órgão Ministerial, nos termos do voto do relator

.

Presidente

Desembargador JOMAR RICARDO SAUNDERS FERNANDES

Relator

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RELATÓRIO

Cuidam os autos de Mandado de Segurança, impetrado pelo SINDICATO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO MUNICÍPIO DE AUTAZES, contra ato praticado pelo Prefeito Municipal de Autazes, com o objetivo de anular o Decreto Municipal nº 001/2017-PMA-GP, publicado no DOM de 04.01.2017, que suspendeu decretos de nomeação até ulterior deliberação, a ser emitida posteriormente à consulta ao Tribunal de Contas do Estado do Amazonas e eventual medida judicial.

Aduz a impetrante que no ano de 2006 o Município de Autazes realizou o concurso público nº 01/2006 e, após o encerramento de suas fases, o Gestor Municipal à época convocou por meio de 5ª chamada os aprovados para entrega da documentação e admissão, tendo os mesmos comparecido e tomado posse. Ao final do mês de janeiro de 2008 foi anulado pelo novel gestor a referida chamada, contratando a seguir diversas pessoas por meio de contratos temporários para ocupar o lugar dos servidores concursados.

Ajuizada Ação Civil Pública pelo Ministério Público, foi determinado através do Agravo de Instrumento nº 0006347-52.2009.89.04.0000 que o Município de Autazes realizasse a nomeação e desse posse a todos os candidatos convocados pelo 5º chamamento. Assim, os candidatos afetados foram admitidos e/ou reintegrados, com o exercício regular de suas funções.

Alega a impetrante que o atual o gestor do Município de Autazes, sem respeitar o devido processo legal, suspendeu todos os decretos em 02.01.2017.

Assim, considera a ausência de motivação suficiente para suspender a nomeação e posse dos servidores, a ausência de

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Mandado de Segurança nº 4001756-95.2017.8.04.0000 fundamentação e do devido processo legal.

Ao final requer:

a) A concessão de liminar para cassação do Decreto Municipal nº 01/2017;

b) O pagamento da remuneração aos servidores dos meses a contar de janeiro;

c) O julgamento pela procedência da ação;

d) A notificação da autoridade coatora e seu órgão de presentação judicial;

e) Intimação do representante do Ministério Público.

Despacho de fl. 222 postergou a análise da liminar e determinou a notificação da autoridade coatora para prestar informações, a ciência do órgão de representação judicial e vistas ao Graduado Órgão Ministerial.

A Autoridade Coatora apresentou suas informações às fls. 229/235, alegando, preliminarmente, a ilegitimidade ativa da Entidade Sindical, posto que os aprovados não possuem os requisitos para serem denominados servidores públicos.

No mérito, aponta que fundou seu ato de Suspensão dos Decretos, com o auxílio de sua Assessoria Jurídica, sem afirmar que deixaria de convocar os concursos ou afirmar que as vagas estariam perdidas. Ainda, que foi cogitada a existência de prescrição individual da pretensão nos termos do art. 20.910/32, já que nenhum dos concursados ou o impetrante reclamou perante a Prefeitura Municipal há mais de cinco anos.

Argumenta ainda:

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obtido provimento, posse, investidura e exercício como servidores municipais;

b) O impeditivo da Lei de Responsabilidade fiscal de produção de despesas nos 180 (cento e oitenta) dias anteriores ao final do mandato;

c) A existência de Processo Administrativo sobre o tema, com acesso pelo impetrante, no qual foi emitido parecer fundamentado e motivado pela Assessoria da Prefeitura de Autazes, publicado no Diário Oficial dos Municípios e nos murais da Prefeitura e da Câmara Municipal e Autazes;

O Graduado Órgão Ministerial exarou parecer às fls. 238/242, em que se manifesta pela concessão da segurança.

Na essência, eis o relatório.

VOTO

Em análise dos autos se extrai que se trata de mandado de segurança coletivo apresentado pela Entidade de Classe dos Servidores Públicos do Município de Autazes – SINSERPA.

Os atos constitutivos da Entidade Sindical às fls. 26/50, comprovam sua existência há mais de um ano, nos termos do art. 21, caput, da Lei nº 12.016/09.

Sobre a preliminar apresentada de ilegitimidade ativa da entidade sindical para representação de candidatos aprovados em concurso público é cediço o entendimento do Superior Tribunal de Justiça:

PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO INTERNO NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO INTERPOSTO POR SINDICATO DE

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Mandado de Segurança nº 4001756-95.2017.8.04.0000

SERVIDORES. DEFESA DE INTERESSES DE CANDIDATOS APROVADOS EM CONCURSO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE LEGITIMIDADE ATIVA. PRECEDENTES. SÚMULA Nº 630/STF. INAPLICABILIDADE AO CASO. 1. Os sindicatos de servidores não têm legitimidade ativa para impetrar mandado de segurança em defesa de interesse de candidatos aprovados em concurso público destinado ao provimento de cargos na Administração Pública. Precedente: RMS 16.753/PA, Rel. Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, DJU 03/04/2006. 2. O enunciado da Súmula n.º 630/STF tão somente autoriza a impetração do mandado de segurança por entidade de classe em defesa de interesse de "parte da respectiva categoria". Não se aplica, por isso, às hipóteses nas quais a segurança é buscada em favor de candidatos aprovados em concurso público para formação de cadastro de reserva, pois, enquanto não investidos em cargos públicos, estes não ostentam a condição de servidores. 3. Agravo interno a que se nega provimento.

(AIRMS 201502568293, SÉRGIO KUKINA, STJ - PRIMEIRA TURMA, DJE DATA:25/08/2017 ..DTPB:.) (destaques não contidos no original)

Todavia, tal decisão deve ser analisada conforme seus próprios fundamentos, ou seja, não cabe discussão pela entidade de classe, de direitos de candidatos apenas aprovados em concurso público, situação diversa da ocorrida nos autos, onde já haviam sido editados os correspondes atos de chamamento para habilitação e posse (fls. 130/132), publicado no Diário Oficial dos Municípios em 27.12.2016.

Ademais, a questão preliminar suscitada não pertine aos autos, na qual se discute o direito líquido e certo não apenas de candidatos do concurso, mas sim dos servidores nomeados, envolvidos e indevidamente afetados.

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O direito dos candidatos se consolidou com base no Agravo de Instrumento nº 0006347-52.2009.8.04.0000, que determinou ao Município de Autazes a nomeação e posse de todos os candidatos convocados pela 5ª Chamada (fls. 108/114).

Assim, entendo cabível a aplicação da Súmula nº 630 do STF2, considerando a legitimidade da impetrante em favor da parcela dos servidores envolvidos pelo Decreto Municipal nº 001/2017-PMA-GP, publicado no DOM de 04.01.2017.

No mérito, se extrai que o combatido Decreto (fls. 134/136) leva em consideração que as nomeações foram realizadas a destempo e contrariamente às determinações legais, que a nova administração municipal não pode comportar despesas que não estejam prescritas na Lei de Diretrizes Orçamentárias e na Lei Orçamentária Anual, bem como que há mais de 05 (cinco) anos não houve iniciativa de chamar/nomear eventuais aprovados no certame.

Inobstante o alegado sobre a previsão de orçamentária, dispõe a LRF:

Art. 16. A criação, expansão ou aperfeiçoamento de ação governamental que acarrete aumento da despesa será acompanhado de:

I - estimativa do impacto orçamentário-financeiro no exercício em que deva entrar em vigor e nos dois subseqüentes;

II - declaração do ordenador da despesa de que o aumento tem adequação orçamentária e financeira com a lei orçamentária anual e compatibilidade com o plano

2 Súmula 630. A entidade de classe tem legitimação para o mandado de segurança ainda

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Mandado de Segurança nº 4001756-95.2017.8.04.0000

plurianual e com a lei de diretrizes orçamentárias. § 1o Para os fins desta Lei Complementar, considera-se: I - adequada com a lei orçamentária anual, a despesa objeto de dotação específica e suficiente, ou que esteja abrangida por crédito genérico, de forma que somadas todas as despesas da mesma espécie, realizadas e a realizar, previstas no programa de trabalho, não sejam ultrapassados os limites estabelecidos para o exercício; II - compatível com o plano plurianual e a lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que se conforme com as diretrizes, objetivos, prioridades e metas previstos nesses instrumentos e não infrinja qualquer de suas disposições.

§ 2o A estimativa de que trata o inciso I do caput será acompanhada das premissas e metodologia de cálculo utilizadas.

§ 3o Ressalva-se do disposto neste artigo a despesa considerada irrelevante, nos termos em que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.

§ 4o As normas do caput constituem condição prévia para: I - empenho e licitação de serviços, fornecimento de bens ou execução de obras;

II - desapropriação de imóveis urbanos a que se refere o

§ 3o do art. 182 da Constituição.

………..

Art. 17. Considera-se obrigatória de caráter continuado a despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato administrativo normativo que fixem para o ente a obrigação legal de sua execução por um período superior a dois exercícios.

§ 1o Os atos que criarem ou aumentarem despesa de que trata o caput deverão ser instruídos com a estimativa prevista no inciso I do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos para seu custeio.

§ 2o Para efeito do atendimento do § 1o, o ato será acompanhado de comprovação de que a despesa criada ou

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aumentada não afetará as metas de resultados fiscais previstas no anexo referido no § 1o do art. 4o, devendo seus efeitos financeiros, nos períodos seguintes, ser compensados pelo aumento permanente de receita ou pela redução permanente de despesa.

§ 3o Para efeito do § 2o, considera-se aumento permanente de receita o proveniente da elevação de alíquotas, ampliação da base de cálculo, majoração ou criação de tributo ou contribuição.

§ 4o A comprovação referida no § 2o, apresentada pelo proponente, conterá as premissas e metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo do exame de compatibilidade da despesa com as demais normas do plano plurianual e da lei de diretrizes orçamentárias.

§ 5o A despesa de que trata este artigo não será executada antes da implementação das medidas referidas no § 2o, as quais integrarão o instrumento que a criar ou aumentar.

§ 6o O disposto no § 1o não se aplica às despesas destinadas ao serviço da dívida nem ao reajustamento de remuneração de pessoal de que trata o inciso X do art. 37 da Constituição.

§ 7o Considera-se aumento de despesa a prorrogação daquela criada por prazo determinado.

………..

Art. 21. É nulo de pleno direito o ato que provoque aumento da despesa com pessoal e não atenda:

I - as exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Complementar, e o disposto no inciso XIII do art. 37 e no

§ 1o do art. 169 da Constituição;

………..

Sobre o momento para análise da prévia dotação orçamentária este Tribunal já decidiu a respeito âmbito do MS nº

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Mandado de Segurança nº 4001756-95.2017.8.04.0000 2009.001164-63, conforme bem salientado pelo parquet que, não havendo

comprovação da carência de prévia dotação orçamentária antes da divulgação do edital do certame público, inexiste óbice para a nomeação, o que se torna ainda mais evidente quando esta foi determinada pela via judicial, caso dos presentes autos.

Ainda, uma vez constituídas as relações jurídicas, a Administração deve dar direito à manifestação dos interessados, matéria que já foi debatida no âmbito da Suprema Corte:

COMPETÊNCIA – MANDADO DE SEGURANÇA – DEFINIÇÃO. Define-se a competência para o julgamento do mandado de segurança a partir da autoridade ou órgão apontado como coator. DECADÊNCIA – TERMO INICIAL – MANDADO DE SEGURANÇA. O termo inicial do prazo decadencial relativo a mandado de segurança coincide com a data da ciência do ato atacado. PROCESSO ADMINISTRATIVO SITUAÇÃO CONSTITUÍDA INTERESSADO AUDIÇÃO. Uma vez existente situação jurídica constituída, cumpre ouvir o respectivo beneficiário.(MS 25399, Relator(a): Min. MARCO AURÉLIO, Tribunal Pleno, julgado em 15/10/2014, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-229 DIVULG 20-11-2014 PUBLIC 21-11-2014) (destaques não contidos no original)

Assim, não havendo a comprovação da notificação dos servidores afetados, agiu o impetrado não só de forma a violar as demais situações individuais constituídas, mas a verdadeiro corolário

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ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. NOMEAÇÃO. INVALIDAÇÃO. DEVIDO PROCESSO LEGAL. INOBSERVÂNCIA. 1. O ato de nomeação gera direitos para o candidato aprovado em concurso público, não podendo, pois, ser invalidado sem o devido processo legal, onde seja garantido ao interessado o contraditório e a ampla defesa. 2. Não havendo comprovação da inexistência de prévia dotação

orçamentária antes da divulgação do edital do certame público, inexiste óbice para a nomeação do candidato aprovado. (TJAM - MS nº 2009.001164-6, de Autazes, Relator: DES. ARNALDO CAMPELLO

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da limitação da atuação estatal, tal seja, o devido processo legal.

Ante ao exposto, CONCEDO A SEGURANÇA requerida, nos termos da fundamentação exposta e em consonância com o parecer do Graduado Órgão Ministerial.

É como voto.

Desembargador JOMAR RICARDO SAUNDERS FERNANDES Relator

Referências

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